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Anais do SEFiM, Porto Alegre, V.02 - n.2, 2016.

A pedagogia vocal para o canto popular na universidade:


experimentação e formação estética

The Voice Pedagogy for Popular Singing in the University:


Experiments and Aesthetic Background
Palavras-chave: Canto; Pedagogia vocal; Formação estética; Educação musical.
Keywords: Singing; Voice pedagogy; Aesthetic background; Musical education.

Luciano Simões Silva


Universidade Federal da Integração Latino-Americana
brazbaritone@gmail.com

Na grande maioria dos cursos de graduação em canto no Brasil e em boa parte dos cursos
de canto em outras instituições de música se ensinam apenas dois tipos de estilos (ou téc-
nicas) de canto: o canto lírico, na grande maioria das universidades, e o canto de MPB, em
escolas que tem curso de música popular. Dada a infinidade de repertórios, gêneros e estilos
na música que se faz no Brasil e na América Latina, esta situação é no mínimo curiosa. O
personalismo, ou a prática de se ensinar canto de acordo com ideias pessoais e experiência
do professor, incluindo sua formação estética, sempre foi muito comum na pedagogia do
canto brasileiro, tanto lírico como de MPB. No canto lírico há uma tradição que o profes-
sor tenta seguir, pelo menos em nome, do chamado bel canto, ou canto italiano antigo. Já
no canto popular há muita polêmica até sobre conceitos de canto popular, e quais estilos
ou gêneros serão contemplados no ensino do mesmo. Portanto, a pedagogia do canto no
Brasil está longe de ser uma unanimidade, apesar da pouca diversidade de estilos.
É possível que a formação estética do professor de canto seja mesmo um dos fatores
determinantes para o direcionamento vocal do aluno. Se este é realmente o caso, pode
ser muito positivo que o professor expanda seus horizontes para que o mesmo aconteça
com o aluno.O professor precisa estar aberto para gêneros e estilos que não sejam de
seu gosto pessoal e seguir uma linha que seja de interesse não para um aluno específico,
mas para a formação estética do cantor profissional, que pode sim seguir uma profissão
caracterizada pela diversidade. Seguindo a teoria desenvolvida por Garcia Canclini de
hibridismo e da história brasileira de “antropofagia”, desenvolvida primeiro por Oswald
de Andrade e depois pelo Tropicalismo de Caetano Veloso e Gilberto Gil, propomos
repensar a pedagogia do canto no Brasil para criarmos uma pedagogia que possa servir de
base para diversos gêneros e estilos, pensando na música como expressão artística plural.
Esse hibridismo não é inédito em técnicas vocais e existe, consciente ou não, em grandes
centros de canto como os Estados Unidos. Todavia, no Brasil não há definições claras de
como ensinar técnica vocal para estilos diversos, e que cuidados tomar com a saúde vocal
dos cantores e com os aspectos musicais e estilísticos das obras.
Na prática, esta pedagogia deve refletir não apenas um estilo ou gênero musical e vocal,

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mas uma série de estilos que reflitam diversas maneiras de cantar e abordagens no canto
popular. Esta reflexão sobre estilos (e, por consequência, técnicas vocais) deve ser contínua
e não estanque. Ela pode e deve ser influenciada por ritmos e formas musicais locais ou
regionais para que o aluno sinta que há uma conexão clara entre o que ele aprende na
universidade e o que ele ouve fora dela. Claro que a proposta não passa por uma tabula
rasade se jogar fora o velho, mas sim por uma discussão constante sobre o que é o canto,
a música e a arte na universidade e qual é o papel desta como canal de comunicação entre
o amador e o profissional. Os cursos de canto devem estar conectados com o mundo
exterior e precisam fornecer ao aluno muito mais do que o óbvio.
Os principais resultados conseguidos nesta pesquisa estão sendo aplicados diretamente
nas aulas de canto de minha universidade e incluem no futuro uma normatização de me-
todologia de ensino.Estilos e gêneros vocais discutidos e aplicados em aula incluem tango,
chacarera, fado, jazz, MPB, rock, soul, musical, pasillo equatoriano, guarania e cumbia. Os
resultados já mostram que os alunos apresentam umaumento da capacidade de flexibi-
lização do trato vocal, crescimento de interesse por diversos estilos vocais e aumento da
adaptação estilística, com preservação de uma boa saúde vocal.

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