Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
O jovem trabalhador que resolve estudar, busca coragem para realizar o seu sonho e
tornar-se cidadão independente, autônomo e capaz de resolver problemas cotidianos, mesmo
que às vezes, sinta receio de tentar e fracassar.
Diante desta realidade, nós educadores devemos ter uma proposta pedagógica que vá
ao encontro das necessidades dos nossos educandos jovens e adultos, mediando o processo de
aprendizagem, levando-os a quebrarem barreiras como o medo, timidez e a inibição.
Para tanto, o governo federal traçou diretrizes educacionais para o país, delegando
responsabilidades aos Estados e Municípios. Nestas ensejavam-se, esforços relativos à
educação elementar de adultos, visto que grande parte era analfabeta. E o novo cenário
econômico na década de 40 exigia um homem mais preparado.
Com o fim da ditadura Vargas em 1945, o país viveu a exigência política do processo
de democratização, contribuindo para que a Educação de Jovens e Adultos tivesse destaque
dentre outros problemas da época.
Com o término da Segunda Guerra, era necessário preparar o povo, “a massa” para o
novo modelo econômico – político que se delineava. Emerge então uma identidade para a
Educação de Jovens e Adultos com a Campanha da Educação de Adultos em 1947.
Na época o adulto analfabeto era uma causa e não um efeito. Ele era tratado como
incapaz e marginal, comparado a uma criança, por isso ser conduzido pelas elites.
No final da mesma década vozes se fizeram ouvir. O adulto, ainda que analfabeto
passou a ser visto como ser humano capaz, dotado de potencialidade e de raciocínio para
resolver situações – problema, contribuição das modernas teorias da psicologia e da
aprendizagem.
O Pensamento pedagógico ou “Método Paulo Freire” tinha uma nova proposta para o
Adulto. Ele próprio podia conduzir sua alfabetização, não só das letras, mas com
possibilidades de uma leitura crítica do mundo que o cercava, o que lhe possibilitava o
caminho do “aprender a aprender”, tornando- o independente, consciente, cidadão. Essa
prática foi incorporada no inicio da década de 60.
Segundo a proposta de Paulo Freire (apud Gadotti, 1979, p. 72) a Educação de Jovens
e Adultos deveria partir sempre da realidade dos educandos, da identificação das origens de
seus problemas e das possibilidades de superá-los.
Década de 80, o sistema militar mostrou sinais de fraqueza e esse foi o momento
propício para que as experiências populares se ampliassem construindo canais de troca de
experiências, reflexões e articulações.
De acordo com a Lei Nº 9394/96, a EJA é vista como uma modalidade de ensino que
vai além da Educação Formal, deve incorporar as práticas e os saberes construídos no
cotidiano, assumindo a educação não formal, quase sempre desenvolvida nos movimentos
populares e organizações sociais.
A Educação de Jovens e Adultos deve ser sempre uma educação multicultural, uma
educação que desenvolva o conhecimento e a integração na diversidade cultural, como afirma
Gadotti. (1979 p.74).
A LDB determina em seu art. 37 que cursos, exames são meios pelos quais o poder
público deve viabilizar o acesso do jovem e adulto à escola, possibilitando o prosseguimento
aos estudos em caráter regular, tendo como referência os componentes curriculares da base
nacional comum.
Essa concepção de educação de jovens e adultos é garantida através de espaços de
formação permanente e continuada dos sujeitos envolvidos, educadores(as) e comunidades
para que eles(as) próprios construam, num processo de relações horizontais, uma concepção
de educação continuada ao longo da vida, com interação e dialogicidade.
3- Planejamento
A LDB no art. 61, ”alterada pela Lei Federal 12.014 específica as categorias de
trabalhadores para educação básica,
Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela
estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos,
são:
I – professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na
educação infantil e nos ensinos fundamental e médio;
II – trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com
habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e
orientação educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas
mesmas áreas;
III – trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou
superior em área pedagógica ou afim.
Pode-se dizer que a formação de um educador voltado para a EJA, deve incluir, além
das exigências formativas para todo e qualquer professor, aquelas relativas à complexidade
diferencial desta modalidade de ensino. Assim esse profissional deve estar preparado para
interagir enfaticamente com os educandos e estabelecer o exercício do diálogo.
Em relação à sala de aula, planejar precisa também ter a função de se criar um registro
antecipado das nossas ações que contribuam não só para a prática, mas para a possibilidade de
troca de diálogo com outras experiências.
Na educação de jovens e adultos, o que importa é trabalhar com a realidade através das
palavras geradoras e/ou temas geradores, tornando-se um conteúdo de reflexão como ponto de
partida para o diálogo, para o ensinar e aprender.
Aos educadores cabe articular o aprendizado dos saberes com leitura crítica do mundo.
O legado de Freire, (1997) foi construído a partir de uma visão especifica de ser
humano e de mundo, e é nessa trama-homem-mulher-mundo, que se dão os processos de
humanização, pois “ao perceber o ontem, o hoje e o amanhã”, o ser humano percebe a
consequência da sua ação sobre o mundo, nas diferentes épocas históricas, enfim, torna-se
sujeito da sua história e responsável por ela.
Freire diz que a natureza da educação é política, e que o conhecedor pode ser um ato
de domesticar ou libertar.
Hoje a escola é para todos, pois é através da cultura que podemos vislumbrar um
futuro com uma sociedade mais igualitária, sendo que ainda vivemos em condições de
pessoas opressoras e oprimidas.
Freire, (1982) não concordava em dar textos aos seus alunos só para serem lidos e
memorizados, e sim para serem absorvidos de maneira espontânea e crítica. Ele passou a
alfabetizar adultos porque acreditava que este era um ato político e de conhecimento.
Freire não acreditava na leitura escrita pelo simples fato de fazê-la; queria sempre que
seus educandos tivessem um conhecimento completo e o mais amplo possível dentro das
condições objetivas e subjetivas de cada um; não bastava recitar “Eva viu a uva” sem ter a
explicação completa de cada uma das palavras; perguntar sempre: quem foi Eva? O que
significa ver? E quem planta a uva?. Desta forma, o aluno tinha, em uma simples frase, uma
compreensão inteira do que estava aprendendo.
Com base nesses aspectos, o método Paulo Freire (1997), indica caminhos para
desenvolver um trabalho diversificado, isto é, levar em consideração as experiências que os
alunos trazem. É preciso valorizar este conhecimento e estabelecer uma relação de amizade e
confiança que cresce a cada dia entre educadores e educandos, dando estímulo e enriquecendo
a aprendizagem e a permanência dos alunos nos cursos de alfabetização de jovens e adultos.
A aprendizagem dos adultos não pode ficar apenas em transmissão dos conhecimentos
científicos, mas em valorizar os conhecimentos adquiridos ao longo da vida e no trabalho,
promovendo a articulação destes conhecimentos em benefício do aluno educando. Para
assegurar aprendizagem na EJA, o educador deve partir dos conhecimentos que seus
educandos trazem da escola da vida e do trabalho, priorizando a troca dos saberes.
- Uma educação feita com diálogo.
Freire (1997) relata em um dos seus livros que a educação ocorre em cooperação
entre homens e mulheres. O educador e o educando são sujeitos do processo educativo
e,neste, o educador aprende a ensinar e o educando ensina a aprender. Isto requer uma
autêntica relação dialógica, que se constrói a partir de um profundo respeito ao ser, saber e
pensar do outro.
Freire (1992), afirma que a partir dos saberes dos educandos não é fixar-se neles, mas
sim, passando por eles e superando todos eles. Para ele, ensinar não é só transmissão de
conhecimentos, mas sim, prover meios e possibilidades para a produção e a construção do
mesmo (Freire, 1997).
5- Considerações Finais
A transformação do mundo vai ocorrer através de uma educação, feita a partir da sua
realidade cultural, isto é, da história do sujeito, que muitas vezes, esperou mais da metade de
sua vida para ir de encontro com a educação formal.
Trabalhar com EJA é uma escolha, que exige compromisso com as mudanças, através
da ação-reflexão-ação sob o contexto em que o educador está inserido, a partir de um
profundo respeito aos saberes, a sua cultura, o modo de interpretá-la, expressá-la e de nela
intervir no sentido de sua transformação.
Por traz deste processo há sempre ideologias que fundamentam seus fins constituindo-
as não apenas como uma ação pedagógica, mas também, como ato político.
É preciso buscar mais qualidade na educação lutando pelos direitos, baseando-se nas
leis, com o objetivo de ajudar jovens e adultos a realizar o sonho de ter uma formação humana
e profissional, incentivando-os a terem coragem para construir e buscar novos conhecimentos.
A escolha por uma metodologia para o EJA, deve se levar em consideração as características
do grupo e suas necessidades e o contexto em que vivem.
O ponto que se busca é alcançar a compreensão crítica desta realidade a uma prática
social e transformadora.
Diante de tudo isso, queremos dizer que é na troca dos saberes entre educandos e
educadores, na reflexão e ação sobre a realidade em que vivem que o conhecimento é a todo
instante construído.
Referências Bibliográficas:
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 24ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 2000.
FREIRE, Paulo. O mundo hoje. Vol.21. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987
FRIGOTTO, Galdêncio. Cidadania, Tecnologia Educacional: desafios de uma escola
renovada. V.21. julho/agosto, 1992.
OLIVEIRA, ADRIANA DE. Eterno Aprendiz EJA – 1ª ed. São Paulo: Claranto
Ltda, 2001.