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UNIDADE 1
Direito
Constitucional
Tributário
O conceito de tributo e a
norma tributária
2018
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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Sumário
O conceito de tributo e a
norma tributária
Convite ao estudo
Prezado(a) Aluno(a),
Pesquise mais
Para que você compreenda melhor o Princípio da Supremacia do
Interesse que é um princípio basilar da tributação, leia esse artigo
disponibilizado pela Revista do Tribunal de Contas do Estado de
Minas Gerais de autoria de Isabelle de Baptista. Disponível em: <http://
revista1.tce.mg.gov.br/Content/Upload/Materia/1768.pdf> Acesso em:
16 mar. 2018.
Reflita
Você aprendeu a respeito da natureza das taxas e quais os requisitos
para sua instituição. Você sabe quais são as taxas que mais comumente
incidem sobre as atividades empresariais? Qual dos entes federados
mais onera as atividades empresariais com taxas para o exercício
dessas atividades?
Exemplificando
Vamos analisar uma situação concreta respondendo a cada uma das
perguntas que aprendemos?
Descrição da situação-problema
Tício possui um imóvel situado no Município Beta. Esse imóvel
está vazio, não produzindo nenhuma quantidade de lixo que tenha
que ser recolhido pelo serviço municipal de coleta domiciliar. Ocorre
que, a despeito de não produzir lixo a ser coletado, o Município
Beta tem cobrado dos proprietários de imóveis uma taxa de limpeza
cujo fato gerador é, exclusivamente, o serviço público de coleta,
remoção e tratamento de lixo domiciliar de imóveis no município.
Tício o procura em seu escritório para que você lhe esclareça sobre
os seguintes questionamentos: o fato gerador da taxa determinado
pela lei municipal violou a Constituição da República? Não se estaria
diante de um serviço público uti universi, impossibilitando assim a
cobrança mediante taxa?
Resolução da situação-problema
De acordo com a súmula vinculante n°19 do Supremo Tribunal
Federal, “a taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços
públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo
ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o art.145, II da
Constituição Federal”. Sendo assim, a taxa instituída pelo Município
Beta para remunerar o serviço de coleta, remoção e tratamento
ou destinação de lixo, posto à disposição dos munícipes, não há
violação a Constituição Federal. Isso porque, trata-se de um serviço
público uti singuli, ou seja, específico e divisível, no qual se é possível
identificar como usuários os proprietários de imóveis situados no
território municipal; sendo indiferente o fato de Tício produzir lixo
ou não em seu imóvel.
• A Constituição
A Constituição é “o instrumento primeiro e soberano, que se
sobrepõe aos demais veículos introdutórios de normas” (CARVALHO,
2007, p. 58). Ela é a lei das leis e é nela que estão definidas as
competências tributárias, ou seja, ela é quem permite que a União,
Estados, DF e Municípios instituam tributos, além de ser ela também
• Medidas Provisórias
É possível a utilização das medidas provisórias para dispor
sobre matéria tributária, com as devidas ressalvas. E nesse sentido
se manifestou o STF entendendo ser o uso da medida provisória
plenamente possível quando se trata de matéria tributária, desde
que observados os requisitos constitucionais para a edição de
medidas provisórias, quais sejam, relevância e urgência, isso porque,
conforme a própria Constituição, a medida provisória tem força de
lei, produzindo efeitos até o momento em que seja convertida em
Lei – em sentido estrito – pelo Poder Legislativo. Nesse sentido é o
voto do Ministro Carlos Velloso no RE 138.284 CE (STF), vejamos:
• Leis Delegadas
A Lei Delegada é uma espécie legislativa em que, mediante
requisição do Presidente da República, o Poder Legislativo delega
a ele - Presidente da República -, por meio de Resolução, a
competência para editar lei, ficando ele vinculado ao instrumento de
delegação, caso em que, se extrapolar os limites dessa delegação, o
Poder Legislativo poderá retomar a competência que lhe pertence.
Nada impede que as Leis Delegadas sejam editadas para tratar de
matéria tributária no ordenamento jurídico brasileiro.
Pesquise mais
Para que você compreenda melhor o processo de aprovação dos
Tratados Internacionais e a integração destes ao ordenamento
jurídico brasileiro, leia essa apresentação disponível no sítio da
Câmara dos Deputados:
Exemplificando
Vamos tomar aqui como exemplo um Tratado bastante conhecido
e que dispõe sobre matéria tributária, o Acordo Geral sobre Tarifas e
Comércio – GATT. A respeito desse tratado, inclusive, já foram editadas
súmulas do Superior Tribunal de Justiça – STJ, as súmulas 20 e 71 –
esta última aplicável somente às importações que se realizassem até
30 de abril do ano de 1999.
Assimile
Vamos lembrar um conceito importante?
Reflita
A restrição relativa à conversão da medida provisória em lei como
requisito de eficácia só se aplica aos IMPOSTOS ou poderia ser
estendida as demais espécies tributárias?
Descrição da situação-problema
A Dory Importadora e Distribuidora Ltda é uma empresa situada
no Estado de Santa Catarina, que tem como atividade principal a
importação de pescados variados de Portugal e faz a distribuição
para uma grande rede de supermercados brasileiros. O Estado de
Santa Catarina, por meio de Convênio no âmbito do Conselho
Nacional de Política Fazendária – CONFAZ –, concedeu isenção na
comercialização de peixes cujos criadouros estivessem situados no
território do estado. Entre esses peixes elencados na norma estava
o salmão, peixe que era importado do Chile pela Dory Importadora
e Distribuição Ltda. Inconformada com o benefício concedido
apenas aos salmões comercializados pelos criadouros catarinenses,
percebeu que seu produto se tornaria pouco competitivo no
mercado catarinense, prejudicando as vendas dessa empresa.
Então lhe é questionado: haveria na legislação tributária alguma
possibilidade de essa isenção ser estendida ao produto importado
similar ao brasileiro? E convênio é, realmente, uma norma que pode
tratar de matéria tributária, inclusive concedendo isenção?
Resolução da situação-problema
Primeiramente é importante recordarmos que a legislação
tributária vai muito além das leis em sentido estrito, compreendendo
toda e qualquer norma, com características de abstração e
generalidade, que disponha sobre tributos e as relações jurídicas a
eles pertinentes.
Pelo conceito de legislação já podemos responder que sim, um
convênio firmado pelos Estados Federados pode sim estabelecer
uma isenção do imposto sobre a circulação de mercadoria, sendo,
inclusive, esse o meio correto para que os Estados-membros
concedam isenções, conforme o disposto no §6º do art. 150 da
Constituição Federal, que faz remissão à alínea g do inciso XII do §2º
do art. 155 da própria Constituição, que assim dispõe: “XII - cabe à lei
complementar: [...] g) regular a forma como, mediante deliberação
a) Natureza da operação.
b) Forma como foram percebidos os recursos pela parte.
c) Denominação da receita percebida.
d) Localização em que o ato se considera realizado.
e) Nacionalidade das partes envolvidas.
Assimile
Competência tributária é o poder atribuído aos entes federados para
editar leis que instituam tributos. Já capacidade tributária é a parcela
administrativa da competência tributária, consistindo na arrecadação,
fiscalização e execução de leis tributárias. A competência tributária é
indelegável, mas a capacidade tributária, essa sim, pode ser delegada
por um ente a outro.
Reflita
Vamos colocar em prática esse cenário: a bitributação tem como
característica a possibilidade de um mesmo fato jurídico ser tributado
por mais de uma pessoa, independentemente da ação que originou o
fato gerador. Imagine uma empresa que, ao auferir um determinado
lucro, dá margem à exigência de Imposto sobre a Renda, como
também da contribuição social sobre o lucro - CSSL, de forma que os
dois tributos estão sob a responsabilidade da União.
Exemplificando
Tome-se como exemplo de bis in idem, no exercício da competência
da União, um imposto e uma contribuição para a seguridade social – o
Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e a Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido. O fato gerador de ambos os tributos é o fato de auferir
lucro em um determinado período. Ainda que possa parecer ilegítimo
não o é, uma vez que a Constituição não veda que as Contribuições
Sociais tenham fato gerador de tributos já existentes.
Pesquise mais
Vamos conversar um pouco mais sobre bitributação? Neste caso vamos
nos aprofundar no ISS. Leia os dois artigos a seguir. O primeiro ressalta
como a bitributação do ISS é configurada e qual é sua competência
tributária:
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Agora imagine que você é advogado em uma empresa que
atua no ramo de estruturas metálicas, a ESMET Estruturas Metálicas
Ltda. Essa empresa tem sede no município X, mas presta serviços
em diversos municípios brasileiros, como ocorreu no município Y,
onde a empresa fez as estruturas metálicas de um grande shopping
Resolução da situação-problema
Nesse caso, em que dois municípios distintos se entendem
competentes para tributar um mesmo fato gerador, que é a prestação
de serviço de instalação de estruturas metálicas pela empresa
ESMET Estruturas Metálicas Ltda., temos um caso de bitributação
ilegítima, não podendo ambos os municípios tributarem o mesmo
fato gerador.
De acordo com o art. 3º da Lei Complementar nº 116 de 2003
“o serviço considera-se prestado, e o imposto, devido, no local do
estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do
domicílio do prestador, exceto nas hipóteses previstas nos incisos I a
XXV”, quando o imposto será devido no local determinado por essa lei.
No caso em análise a prestação dos serviços de instalação de
estruturas metálicas enquadra-se na exceção prevista no inciso III
do art. 3° da LC 116/03 que assim dispõe: “III – da execução da
obra, no caso dos serviços descritos no subitem 7.02 e 7.19 da lista
anexa”. O item 7.02 da lista de serviços trata, portanto, de obras de
engenharia, e várias legislações no Brasil reconhecem como obras
de construção civil a execução de obras de montagem e construção
de estruturas em geral. Sendo assim é devido o ISSQN ao município
Y e não ao município X que é o município onde está localizado o
estabelecimento prestador.