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UMA DISCIPLINA NA
CONFLUÊNCIA DA
ARQUEOLOGIA PÚBLICA E DA
AVALIAÇÃO AMBIENTAL*
ARTIGO
SOLANGE BEZERA CALDARELLI**
T ermo ainda empregado, como outros mencionados no presente artigo, mas superado
por uma terminologia mais adequada aos princípios que norteiam a atual Arqueologia
Preventiva.
Não confundir o instrumento “Avaliação de Impactos Ambientais” com a
“Avaliação de Impactos” feita como parte do Estudo Prévio de Impacto Ambiental de
Figura 1: Distribuição quantitativa das categorias de sítios do Acre pelas áreas arqueológicas definidas
pelo PRONAPABA
Figura 2: Superposição das áreas arqueológicas do Acre sobre o mapa etno-histórico de Nimuendajú
(1944)
Figura 3: Distribuição das estruturas habitacionais e das vasilhas cerâmicas recuperadas e reconstituídas
pela superfície do Sítio Rio Branco 1, AC
12
Goiânia, v. 13, n.1, p. 5-30, jan./jun. 2015.
Figura 4: Superposição da aldeia arqueologicamente reconstituída à aldeia Kashinawa atual, registrada
pela FUNAI no Norte do Acre em 2009
A hipótese esboçada para o fato verificado foi de que as tribos indígenas his-
toricamente registradas no Mapa de Nimuendaju levaram à retirada dos Kashinawa
(ou de seus antepassados) da região em tempos anteriores à colonização européia desse
território, o que poderá ser um ponto de partida para outras pesquisas arqueológicas
que se façam na região7. A localização das etnias indígenas atualmente encontradas no
Acre pode ser vista na figura 5 demonstra a distância dos Ashaninka atuais em relação
à área pesquisada (uma linha entre Rio Branco e Porto Velho).
Aliás, nenhuma etnia indígena se encontra próxima ao traçado da Linha de
Transmissão que ensejou a pesquisa relatada.
Figura 5: Localização da Linha de Transmissão, em relação às etnias indígenas hoje presentes no Acre
13 Fonte: http://www.albedimare.org/atlas/map/indios_Br_aC.jpg.
b) Projeto de Prospecção Arqueológica nas áreas de intervenção da Linha de Transmissão 500
kV Interligação Norte-Sul III – Trecho 2 - Goiás e Tocantins
bovinos. O solo no local, de onde se avistava o lago da UHE Cana Brava (rio Mara-
nhão), situado a pouco mais de 1 km, apresentava cascalho aflorado, sendo a vegetação
composta por gramíneas, arbustos e algumas árvores de cerrado (figura 6)8.
Figuras 7 e 8: Base e borda de vasilhas cerâmicas recuperadas no Sítio Minaçu 14, sobre solo de cascalho
Figuras 9 e 10: Localização (Fonte: Google Earth) e implantação topográfica do sítio arqueológico Topo
do Guararema, nas proximidades do Rio Paraíba do Sul e da sede do Município de Guararema, SP 16
Em alguns pontos, durante a prospecção, foram identificados conjuntos de
fragmentos cerâmicos passíveis de reconstituição, indicando, deste modo, a ocorrência
de áreas relativamente preservadas do ponto de vista do potencial informativo, tendo o
sítio sido considerado de alta relevância científica, ameaçado pela implantação da Torre
42/2 da LT (não passível de deslocamento) e a necessidade de seu resgate apresentada
ao Iphan.
As escavações demonstraram que o sítio ocupava uma área de aproximada-
mente 5.700 m², com uma extensão de 100 m no eixo N-S por 68 m no eixo E-W
(Figura 11), em posição privilegiada para visão dos arredores.
Figura 12: Formas reconstituídas de vasilhas cerâmicas recuperadas no Sítio Topo do Guararema
eram andarilhos, vagando pelas montanhas, vivendo de frutas silvestres que o mato dá, de caça
e peixe. Alguns já haviam se sedentarizado, possuindo aldeias e comercializado com os franceses
e portugueses. Plantavam algumas roças de milho, com o qual fabricavam o cauim, bebida fer-
mentada que muito apreciavam e com a qual se embebedavam. Usavam o tabaco, que fumavam
sempre, seja em companhia de outros, seja na própria casa, utilizando-o também para curar feri-
mentos. (...) Construíam casas simples, compridas e cobertas de folhas de palmeira ou de casca de
árvores. Dormiam em redes feitas de casca de árvore presas com algodão, fiadas pelas mulheres.
Fabricavam cordas com as quais amarravam os prisioneiros e cestos para levar utensílios e flechas.
o litoral e o interior, onde a Serra do Mar funciona como um limite natural importante.
Em trabalho apresentado no Encontro da SAB Sudeste (não publicado), em
2011, aventamos uma hipótese das rotas migratórias de grupos filiados ao tronco lin-
guístico Macro-Jê em duração ao Vale do Paraíba Paulista, utilizando os dados também
referentes à comprovada presença da Tradição Aratu nesta região (figura 10).
Figura 13: Hipóteses de rotas migratórias de grupos filiados ao tronco linguístico Macro-Jê em direção
ao Vale do Paraíba Paulista (CALDARELLI, 2011)
Fonte: Caldarelli (2011). 20
AS POSSIBILIDADES INEXPLORADAS OU POUCO EXPLORADAS
DA ARQUEOLOGIA PREVENTIVA EM CURSO NO BRASIL
São os Planos propostos na escala mais alta do governo que definem as diretrizes
para “ações programáticas”, de onde saem os programas governamentais para alcançar os
objetivos do Plano, dando origem aos diversos projetos que, no final do processo, passarão
pela necessidade de Licenciamento Ambiental: EIA/RIMA, para obtenção de Licença
Prévia; PBA (Plano Básico Ambiental), para aplicação das medidas propostas no EIA e
as demandadas pelos órgãos que se pronunciam sobre a LP aos empreendimentos (dentre
eles, o Iphan). Divulgados na Internet, tais planos constam abertamente dos sites man-
21 tidos, entre outros, pelos Ministérios do Planejamento, de Minas e Energia (que chega a
apresentar planos num horizonte até 2030, no que concerne à Mineração, por exemplo) e
dos Transportes (até 2023), conforme as figuras 15 a 17, a seguir.
Goiânia, v. 13, n.1, p. 5-30, jan./jun. 2015.
Figura 15: Localização dos empreendimentos de Geração de Energia Elétrica em território brasileiro
previstos nos PACs 1 e 2 Fonte: MME.
Figura 15: Localização dos empreendimentos ferroviários em território brasileiro previstos nos PACs 1 e 2
23 Fonte: Ministério dos Transportes.
Os programas propostos em alguns casos constam de instrumentos de Avalia-
ção de Impacto Ambiental aplicáveis ao estágio de Programas Governamentais, tanto a
nível federal quanto estadual. É nesse nível que a participação da arqueologia tem mo-
destamente participado, através dos instrumentos da Avaliação Ambiental Estratégica e
da Avaliação Ambiental de Bacias Hidrográficas.
Segundo Sánchez (1995), o processo de AIA não se encerra com a finalização
do projeto em estudo, mas prossegue por tempo indeterminado, até mesmo, no caso
de alguns empreendimentos, acompanhando-os do “berço” ao “túmulo”. É ainda o
mesmo autor (2008) quem esclarece que
gurar a integração efetiva dos aspectos biofísicos, econômicos, sociais e políticos, o mais cedo
possível nos processos públicos de planejamento e tomada de decisão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Abstract: Archaeological Resources Management that arose in the second half of the 20th
25 Century from worries with growing social and environmental changes due to the expansion
of infrastructure developments in an increasing population density world, geometrically
expanding over earth’s surface, is the branch of Public Archaeology that has mobilized
the most important amount of human and material resources, particularly from the last
quarter of the 20th Century on. This paper consists on critical reflections on how Archaeo-
logical Resources Management, at the crossroads of Public Archaeology and Environmental
Assessment, has performed worldwide, with important consequences in Brazilian practice,
advancing concrete examples of that practice whenever possible.
Notas
1 Termo ainda empregado, como outros mencionados no presente artigo, mas superado por uma
terminologia mais adequada aos princípios que norteiam a atual Arqueologia Preventiva.
2 Não confundir o instrumento “Avaliação de Impactos Ambientais” com a “Avaliação de Impactos”
feita como parte do Estudo Prévio de Impacto Ambiental de um projeto em etapa de licenciamento
ambiental, no Brasil, conforme definido pela Resolução CONAMA 001/1986.
3 A respeito do amplo campo da Arqueologia Pública, ver, entre outros, os artigos e estudos de caso
publicados desde 2000 no periódico Public Archaeology e desde 2010 no On Line Public Archaeology
(http://www.arqueologiapublica.es/; FUNARI, OLIVEIRA, TAMANINI, 2008; CARVALHO,
Goiânia, v. 13, n.1, p. 5-30, jan./jun. 2015.
Referências
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