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3.1.
Dado
valor semântico básico que possui, portanto, pouca significação quando tomada de
forma isolada. Porém, quando um dado é combinado a outros dados seus valores
interagem e dão origem a significações mais complexas. As características
fundamentais dos dados seriam, então, a transportabilidade e a capacidade de
agrupamento de seus valores semânticos elementares. Sendo concebidos como
unidades agregáveis, os dados comporiam a estrutura primeira da cadeia que
resulta no conhecimento, conforme o contínuo do “entendimento” apresentado por
SHEDROFF (1999, p. 271) e ilustrado na figura 1, disposta na próxima página.
Quando se pensa nos valores elementares que os dados transportam logo se
pensa em números. De fato, os algarismos - sobretudo os indo-arábicos – possuem
um enorme poder de representação, como será discutido mais adiante. Porém, os
valores que os dados expressam não precisam ser necessariamente numéricos ou
quantitativos. Eles podem também expressar qualidades ou características.
Conforme HOUAISS et al. (2001, p. 903), dado pode ser entendido como “aquilo
que caracteriza ou é típico de alguma coisa”, fato que os autores exemplifica
dizendo que “o dado da velhice é ter cabelos brancos” (HOUAISS, 2001, p. 903).
Tendo em vista o que foi discutido neste tópico, para fins de aplicação na
presente pesquisa, a definição mais apropriada para o conceito de dado restringe o
termo a registros ou indícios relacionáveis a algum objeto e que lhe atribuem um
valor semântico elementar, que pode ser tanto quantitativo quanto qualitativo.
Dados, Informação e Conhecimento 41
3.2.
Informação
sentido, os sinais que carregam a informação podem ter um significado que não é
o mesmo da informação transmitida, restando às pessoas interpretar o significado
da informação a partir daquilo que já conhecem. Esta questão é aprofundada mais
adiante, no capítulo 5 que fala sobre o processo de comunicação da informação.
Por fim, o autor resume a questão dizendo que a informação transportada por um
sinal é tudo aquilo capaz de contar algo sobre alguma coisa, definindo, deste
modo, informação como “o bem capaz de produzir conhecimento” (DRETSKE,
1982, p. 44).
Apesar de desconsiderar os aspectos semânticos da informação, a teoria da
informação - desenvolvida pelos engenheiros de comunicação Claude E. Shannon
e Warren Weaver - teve utilidade inegável para o estudo geral da comunicação.
Esta disciplina absorveu os modelos conceituais do processo de comunicação
elaborados através da teoria da informação, mas abandonou as bases matemáticas.
Por este motivo, pode-se afirmar que a comunicação se preocupou mais com o
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3.3.
Conhecimento
qualifica-se como conhecimento se, e apenas se, esta crença é causada (ou
causalmente sustentada) pela informação que X é Y. Daí resulta a idéia defendida
por DRETSKE (ibidem, p. 92) de que o “conhecimento é uma crença produzida
por uma informação”. O mais interessante desta definição é o modo como ela
relaciona informação com conhecimento, mostrando que este é resultado daquela.
As opiniões aqui vistas levam a crer que o conhecimento está associado ao
processamento da informação. Tal fato fica ainda mais evidente na afirmação de
SENRA (2005, p. 57): “para conhecer-se é preciso informar-se”. O conhecimento
seria, portanto derivado das informações percebidas, decodificadas, interpretadas
e armazenadas através dos processos cognitivos. Em outras palavras, ele seria
formado pelas informações que conseguiram ser captadas, entendidas e guardadas
na memória. Deste modo, da mesma forma que as informações são constituídas de
dados, o conhecimento é constituído de informações. Fica subentendido por esta
definição que o conhecimento está estreitamente condicionado às capacidades
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3.4.
Dados e Informação de Natureza Estatística
3.4.1.
A Estatística e os Números
aplicada para outras finalidades, e não somente como ferramenta auxiliar para se
governar. Sua natureza matemática se destaca como a mais importante e passa a
caracterizá-la. Tal fato pode ser comprovado na definição de HOUAISS et al.
(2001, p. 1248) para o termo estatística: “ramo da matemática que trata da coleta,
da análise, da interpretação e da apresentação de massas de dados numéricos”.
O número torna-se, então, o aspecto primordial da estatística, o que, por sua
vez, se deve à implantação de “um paradigma científico pautado nas ciências
naturais”, conforme afirma SENRA (2005, p. 33). Segundo o autor, “entende-se
que o conhecer, o verdadeiro conhecer, implica a presença dos números”
(ibidem). Isto porque, seguindo o modelo delineado pelo pensamento racional, os
números seriam a própria medida da objetividade, ou seja, da distância desejada
entre observador e objeto, de modo a eliminar a interferência da subjetividade
daquele sobre este. SENRA (ibidem) destaca esta consagração do número na era
da razão que o estabeleceu como “pressuposto fundamental do saber acerca das
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coisas”.
Como conseqüência tornou-se consenso, na idade moderna, que a verdade
estaria inexoravelmente inculcada nos números, independentemente de quem os
proferisse. De acordo com esta ideologia, quaisquer conflitos de opinião seriam
sanados pela evidência inquestionável veiculada pelos algarismos. A estatística
ganha grande destaque com isso, uma vez que se assenta em números e herda
destes, a veracidade. Tal fato está ilustrado na afirmação de SENRA (2005, p. 96):
“as estatísticas são muitíssimo valorizadas nas argumentações, especialmente nas
argumentações políticas, pela força de verdade presente nos números”. O que
leva, segundo o autor, ao “extremo exagero de se sugerir que são elas, as
estatísticas, que decidem, não os decisores” (ibidem). Torna-se notório com isso o
forte poder de convencimento detido pelos números.
MCLUHAN (1979, p. 126) é outro autor que destaca o poder dos números
na sociedade contemporânea. Para o autor, o número é “a extensão e a separação
de nossa atividade mais íntima e relacional, o sentido do tato” (ibidem, p. 127).
Segundo este pensamento, é através dos números que a humanidade pode “tocar”
realidades fora de seu alcance momentâneo. Tal fato vai de encontro com SENRA
(2005) quando este afirma que as estatísticas “contribuem para tornar conhecidas
as realidades distantes e/ou ausentes” e que “nesse sentido, as estatísticas
configuram tecnologias de distância” (ibidem).
Dados, Informação e Conhecimento 51
interpretação dos números obtidos. Isso porque não se deve ler os algarismos e
fazer inferências sobre as individualidades, já que “as estatísticas não voltam às
unidades que as formaram” e, portanto, “só têm valor para quem queira agir no e
sobre aquele coletivo” (ibidem), conforme SENRA (2005, p. 101).
A quarta e última etapa tem por finalidade a avaliação da qualidade desta
expressão da coletividade gerada pelos registros individuais. Neste ponto, retorna-
se aos fatos que originaram a investigação para, a partir deles, validar as
estatísticas produzidas. É a etapa onde se discute se o aporte teórico-conceitual e
teórico-processual conduziram a uma satisfatória, em termos de credibilidade,
representação numérica do coletivo investigado. Para tanto, além da participação
dos entrevistadores, pesquisadores idealizadores e outros membros que tomaram
parte na equipe técnica, conta-se também com a colaboração dos usuários dos
dados.
Em resumo, ao fim da execução destas quatro etapas, os dados empíricos
tomados a partir da observação direta e sistemática da realidade terão sido
traduzidos em números. Tais números são a matéria-prima com a qual são erigidas
as representações da coletividade investigada, representações estas cujo propósito
é, como visto, serem extremamente objetivas e, portanto, livres das influências
subjetivas das pessoas envolvidas na elaboração e execução do levantamento
estatístico.
Dados, Informação e Conhecimento 53
Para finalizar, este tópico teve como objetivo discutir a noção de estatística
de uma maneira ampla, considerando alguns de seus aspectos primordiais, tais
como: sua origem; sua estreita relação com os números e a matemática; sua
instrumentalização voltada para o planejamento, sumarização e interpretação de
observações da realidade; e seu propósito de gerar representações das
coletividades observáveis. Cumpridos estes objetivos, é possível discernir
algumas características que o termo estatística atribui aos termos dado e
informação quando os adjetiva. Basicamente, o que se verifica é que o dado
estatístico é a expressão de categorias, qualidades e quantidades observadas dentro
um coletivo investigado. Já a informação estatística é aquela que pode de ser
derivada, discernida ou elaborada a partir da organização e análise destes dados
estatísticos e das relações perceptíveis entre estes. É importante notar que a
informação estatística terá geralmente um propósito de descrever e explicar uma
coletividade, relacionar fatos ou eventos que ocorrem dentro desta e estabelecer
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3.4.2.
O Dado Estatístico
questão, pode-se dizer que o dado estatístico é tanto um valor numérico usado
para descrever a quantidade encontrada de itens ou eventos de uma determinada
categoria quanto um valor qualitativo que descreva esta mesma categoria ou a
qualifique. Vale ressaltar que tais valores são sempre obtidos através de uma
observação sistemática da realidade investigada. Exemplificando este raciocínio,
dentro de uma categoria nomeada “habitantes”, um habitante pode ser qualificado
como homem ou mulher, ou como criança ou idoso, ou como solteiro ou casado,
entre tantas outras qualificações. No caso, a quantidade de habitantes mulheres
será descrita pelo número que expressa quantas pessoas do sexo feminino foram
encontradas numa população observada. Esta conceituação final esclarece melhor
os assuntos discutidos em seqüência, como a questão da informação estatística.
3.4.3.
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A Informação Estatística
que possuem em comum. Por esta razão, em última instância, após todos os
processos e tratamentos, uma informação estatística é apenas relevante em relação
à coletividade analisada e não em relação às individualidades que a formam.
Sendo assim, é fonte de equívocos e confusão a tentativa de se obter informações
específicas sobre as unidades formadoras da coletividade a partir de conjuntos de
dados estatísticos.
Quanto à coletividade em si, é importante saber se ela é observada em sua
totalidade ou se apenas uma parte dela é considerada. Quando são observados
todos os elementos de uma população diz-se que o levantamento estatístico é um
recenseamento. Na maior parte das situações é inviável investigar todos os
componentes de um coletivo, seja por motivos de custos, seja por restrições de
operacionalização. Nestes casos, investiga-se apenas uma amostra da população,
ou seja, um subconjunto da coletividade para a qual se deseja obter informações.
No entanto, é preciso ter muito cuidado neste aspecto: a amostra deve ser bastante
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uma significação de paridade com o mundo, de verdade absoluta sobre este. Isto
porque, conforme SENRA (2005, p. 109) “toda nova significação das estatísticas
dependerá de se saber e de se poder transitar no interior de suas primitivas
significações, marcando-se, sobremodo, serem expressões numéricas de coletivos
construídos”. Por isso, acrescenta o autor, as estatísticas “são importantes por
ajudarem a revelar e a desvelar os fatos, mas não são os fatos em si mesmos;
jamais serão mais do que boas imagens do mundo, jamais serão o mundo”
(ibidem).
Portanto, toda significação que um receptor venha a atribuir à informação
estatística que tem em mãos, “dependerá da apreensão e da assimilação dos
significados que lhe são fundadores” (SENRA, 2005, p. 120). Em outras palavras,
as estatísticas devem ser interpretadas respeitando-se “os limites (estreitos) de
seus esquemas de elaboração” (ibidem). Por isso não se deve esquecer que “as
estatísticas agregam (superam) registros individuais (sobre pessoas, sobre coisas),
tomando aspectos individuais observáveis e registráveis, e, ao agregá-los, dizem
do todo (do conjunto, do coletivo) e não mais das partes (individuais)” (ibidem).
Daí resulta em grave erro se fazer inferências sobre os indivíduos quando o que se
dispõe são informações estatísticas. Os indivíduos são heterogêneos, não são
agregáveis. O que as estatísticas mostram são as agregações dos elementos onde
as individualidades estão equiparadas.
Dados, Informação e Conhecimento 60
3.5.
Conclusões deste Capítulo
é preciso saber tratar graficamente os dados para que as informações possam ser
plenamente percebidas. A clara percepção da informação é o primeiro requisito
para que ela possa ser compreendida, e a compreensão de uma informação é o
primeiro passo para que ela se torne um conhecimento.
Por este motivo, também não se deve tomar informação por conhecimento e
vice-versa. A informação é passível de se tornar conhecimento, e o conhecimento
é composto de informações. Mas deve ficar claro que as informações só se
transformam em conhecimento quando são armazenadas na memória das pessoas
para que possam ser utilizadas sempre que forem necessárias. E para que sejam
memorizadas, as informações devem trazer algum grau de novidade e devem ser
tomadas como verdadeiras por parte das pessoas.
Assim, a intenção deste capítulo foi a de diferenciar os conceitos de dado,
informação e conhecimento e estabelecer entre eles um vínculo sistêmico e
processual: dos dados são extraídas informações; das informações se constroem os
conhecimentos. O esforço de conceituação deste capítulo produziu as seguintes
definições para os três termos:
Dado: é o registro ou indício relacionável a algum objeto que lhe atribui um
valor semântico quantitativo ou qualitativo.