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COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

Correlações empíricas entre resultados do ensaio de compressão


diametral e outros ensaios de resistência de um solo compactado
Daniel de Araújo Carneiro
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil, danielcarnei@hotmail.com

Lúcio Flávio de Souza Villar


Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da UFMG, lucio.villar@etg.ufmg.br

William de Faria Silva


Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil, engwill@yahoo.com.br

Tácio Mauro Pereira de Campos


Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio, tacio@puc-rio.br

Roberto Francisco Azevedo


Departamento de Engenharia Civil da UFV, razevedo@ufv.br

RESUMO: Este trabalho apresenta resultados de ensaios de compressão diametral, cisalhamento


direto e compressão simples com amostras saturadas e não saturadas de um solo compactado. O
objetivo do trabalho foi verificar a existência de possíveis correlações empíricas entre os valores de
resistência à tração σt obtidos do ensaio de compressão diametral, resistência ao cisalhamento não
drenado Su obtidos do ensaio de compressão simples e os parâmetros de resistência c’ e φ’ obtidos
pelo ensaio de cisalhamento direto para o solo estudado. Da análise dos resultados dos ensaios
realizados, chegou-se a três correlações principais: c’ versus resistência à tração σt; φ’ versus
resistência à tração σt e resistência ao cisalhamento não drenado Su versus resistência à tração σt.
Por meio delas, os resultados dos ensaios de resistência típicos realizados em laboratório podem ser
inferidos a partir do ensaio de compressão diametral, que é relativamente mais fácil, mais rápido de
ser realizado e necessita de uma menor quantidade de solo do que os ensaios do tipo compressão
simples e cisalhamento direto. Ou ainda, mesmo que qualquer um destes ensaios de resistência seja
realizado, por estas correlações podem ser obtidos novos parâmetros e/ou informações sobre o solo,
maximizando os resultados obtidos, além de permitir que tanto o comportamento saturado como o
não saturado seja ao menos qualitativamente avaliado.

PALAVRAS-CHAVE: Ensaios Geotécnicos, Compressão Diametral, Cisalhamento Direto,


Compressão Simples, Parâmetros de Resistência, Correlações Empíricas.

1 INTRODUÇÃO longo período de tempo, já que só a fase de


cisalhamento, dependendo do tipo de solo,
Os ensaios mais comuns para determinação de poderá precisar de várias horas. O ensaio de
resistência de solos realizados nos laboratórios compressão simples, por ser um ensaio não
de Geotecnia são os ensaios triaxiais, confinado, é feito somente para solos coesivos,
cisalhamento direto e compressão simples. Para sendo restrita sua aplicação. Estes ensaios
a realização dos ensaios triaxiais, necessita-se foram desenvolvidos para fornecer parâmetros
de equipamentos de alto custo e de técnicos de resistência especialmente para o solo na sua
mais especializados. O ensaio de cisalhamento condição saturada.
direto, caso o equipamento não seja Em regiões tropicais, como boa parte do
automatizado, ocupará um técnico durante um Brasil, é importante que se tenha informações

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qualitativas sobre o comportamento do solo em Das et al., 1995; Favaretti, 1995). Este ensaio
condições não saturadas. Como já afirmavam consiste em comprimir amostras de solo que se
Kakehi et al (2005), as técnicas para rompem ao longo do seu diâmetro, conforme
determinações experimentais com solos não Figura 01. Na Figura 02 está mostrado como
saturados são complexas e demandam tempos seria a distribuição de tensões atuantes no
razoavelmente longos para sua implementação, material quando submetido ao ensaio de
sendo comum a busca de alternativas para compressão diametral.
estimar propriedades a partir de certas
características do solo de mais fácil obtenção,
como, por exemplo, utilizar a curva de retenção
de umidade para prever a condutividade
hidráulica (Van Genutchen, 1980) ou a
resistência ao cisalhamento de solos não
h
saturados (Oberg & Salfors, 1997; Vanapalli et
al., 1996). Estes mesmos autores propuseram
uma relação para estimar a resistência de solos
não saturados a partir dos ensaios de
compressão simples e da medida da sucção do
solo em cada condição de ensaio.
Segundo Villar et al (2007), pouca atenção
tem sido dada ao estudo do comportamento de Figura 1. Ilustração do ensaio de compressão diametral.
um solo em relação a esforços de tração por ser Fonte: Cai & Kaiser (2004).
usualmente admitido que o solo não resista à
tração ou que este valor de resistência é muito
baixo se comparado com a resistência à
compressão ou ao cisalhamento. Porém, com o
crescimento do estudo do comportamento dos
solos não saturados, tem sido reconhecido que
para o completo entendimento de todo o
processo de secagem de um solo, que culmina
invariavelmente no seu trincamento, seria
necessário estudar a sua resistência à tração e
sua relação com os teores de umidade e grau de
saturação, bem como com a sucção.
De uma maneira geral, os ensaios de Figura 2. Tensões atuantes no material quando submetido
ao ensaio de compressão diametral. Fonte: Rocco,
laboratório para determinação da resistência a Guinea et al (1999).
tração em solos se dividem em dois tipos: os
diretos e os indiretos. Os diretos são aqueles A avaliação da resistência à tração pode ser
que efetivamente submetem o solo à tração, feita de uma maneira simples pela fórmula (1)
medindo diretamente o valor durante o ensaio. (Das et al., 1995; Krishnayya & Eisenstein,
Os métodos indiretos usam da aplicação de 1974):
outros tipos de esforços que não os de tração,
obtendo indiretamente o valor desejado. Neste 2P
grupo está o ensaio de compressão diametral ou σt = (1)
πdh
o ensaio brasileiro. Ele foi desenvolvido
inicialmente para avaliar a resistência à tração sendo: σt a resistência à tração no centro da
de concreto (Carneiro & Barcellos, 1953) e só amostra, em kPa; “P” é a força máxima no
mais tarde o mesmo aparato foi usado em momento da ruptura no centro do corpo de
rochas e solos cimentados ou compactos prova; “D” é o diâmetro da amostra; “h” é a
(Krishnayya & Eisenstein, 1974; Maciel, 1991; altura da amostra. Maiores detalhes sobre a

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forma de execução e de cálculo deste ensaio tempo, as amostras foram submetidas à


podem ser obtidos em Villar et al (2007). secagem até a umidade higroscópica. Em
Pouca importância tem sido dada a este seguida, foi adicionado água em algumas das
ensaio no meio geotécnico atual. Entretanto, amostras para que atingissem graus de
devido a sua facilidade de moldagem, baixo saturação variando de 2 a 100%, quando, então,
consumo de solo e resultados rápidos, talvez o eram novamente embaladas com papel filme e
ensaio brasileiro possa ser utilizado como um submetidas a um novo período de equalização
ensaio laboratorial expedito para a previsão de na câmara úmida durante mais um dia.
parâmetros de resistência não só na condição Antes do início de cada ensaio, a massa e
saturada, mas também na condição não volume total da amostra eram medidos e os
saturada. Por isso, este artigo teve como índices físicos, calculados. Ao fim do ensaio, o
proposta correlacionar os resultados do ensaio teor de umidade final era medido e comparado
de compressão diametral com resultados com o calculado.
obtidos de ensaios típicos para determinação da
resistência ao cisalhamento de solos, podendo 2.2 Ensaios Realizados
antecipar resultados e comportamento
geotécnico do solo, pelo menos para uso em 2.2.1 Ensaio de Compressão Diametral
anteprojetos.
Para este ensaio, foram moldados na umidade
ótima e ρd máx, 23 corpos de prova de diâmetro
2 MATERIAIS E MÉTODOS igual a 71,2 cm e altura igual a 22 cm. Foi
utilizado óleo de silicone para lubrificação das
2.1 Solo Utilizado e Preparação das Amostras placas rígidas de contato com o solo. Os ensaios
foram realizados seguindo a mesma
O material utilizado foi o solo residual de um metodologia apresentada por Villar et al (2007).
filito do bairro Taquaril em Belo A velocidade utilizada foi de 2 mm/min,
Horizonte/MG. A classificação do solo segundo conforme proposto por estes autores, levando a
ABNT é silte com areia. Possui ρd máx = 1,58 ensaios não drenados. Uma câmera digital foi
g/cm³ e wótimo = 17,4 % no ensaio Proctor utilizada para filmagem do ensaio para permitir
normal, LP = 25% e IP = 11%, caracterizando que o modo de ruptura pudesse ser verificado
um solo medianamente plástico. Possui com mais cuidado.
coeficiente de permeabilidade k = 4,9 x 10-4
cm/s quando compactado, conforme Villar 2.2.2 Ensaio de Compressão Simples
(2007). Foi realizado um ensaio de
adensamento convencional em uma amostra Para este ensaio foram moldados na umidade
compactada, do qual pode-se verificar que a ótima e ρd máx, 20 corpos de prova cilíndricos de
tensão de pré adensamento desta amostra é de diâmetro igual a 3,55 cm e altura igual a 10 cm
108 kPa. O ensaio foi realizado com deformação
Todas as amostras utilizadas nos ensaios controlada sendo utilizada a velocidade de 0,5
para determinação de resistência foram mm/min, o que proporcionou carregamentos
preparadas por compactação estática, na mesma não drenados. Foi utilizado óleo de silicone
umidade ótima e densidade seca máxima, para lubrificação das placas rígidas de contato
obtidas do ensaio de Proctor Normal, só com o solo.
variando a sua forma e dimensões.
Após esta fase de moldagem, todas as 2.2.3 Ensaio de Cisalhamento Direto
amostras utilizadas nos ensaios de compressão
diametral, cisalhamento direto e compressão Para este ensaio foram moldados 12 corpos de
simples, foram embaladas com papel filme e prova prismáticos de dimensões de 10 cm de
guardadas na câmara úmida durante um dia para cada lado por 2,3 cm de altura na umidade
equalização da umidade. Após este intervalo de ótima e ρd máx. Os graus de saturação das

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amostras para o caso deste ensaio foram de 2% continuaram a apresentar índice de vazios
(umidade higroscópica de 0,8%), 60% (teor de menor que o índice de vazios médio de
umidade de 17,4%), 80% e 100%, obtido pelo compactação, aumentando sua resistência à
método de gotejamento. Os ensaios foram tração e à compressão.
realizados na condição drenada e com amostras Particularmente para o ensaio de compressão
pré-adensadas, com tensões normais iguais a diametral, foram selecionados somente os
20, 50 e 100 kPa. O ensaio foi realizado com resultados dos corpos de prova que romperam
deformação controlada, sendo utilizada a na direção do seu diâmetro, com a ruptura
velocidade de 0,02 mm/min, o que iniciando em seu centro, para que a equação (1)
proporcionou carregamentos drenados. Os pudesse ser utilizada. esta definição foi feita
ensaios na condição não saturada foram feitos com auxílio das filmagens realizadas ao longo
sem controle de sucção. Porém, nesta dos ensaios. Portanto, todos os ensaios cujas
velocidade de cisalhamento utilizada, foi amostras apresentaram plano de ruptura que não
verificado que o teor de umidade gravimétrico iniciaram no centro foram descartados.
das amostras variou no máximo 0,5% desde o
início da fase de adensamento até o final do 3.2 Ensaio de Compressão Diametral
cisalhamento.
A Figura 03 apresenta a relação obtida entre os
valores de resistência a tração calculados pela
3 RESULTADOS OBTIDOS fórmula 01 e o grau de saturação das amostras
ensaiadas. A amostra com teor de umidade
3.1 Critérios de Aceitação das Amostras higroscópico apresentou uma resistência à
tração de aproximadamente 33 kPa, enquanto
Os resultados obtidos de todos os ensaios foram que a amostra saturada apresentou uma
analisados e verificados com base no grau de resistência à tração em torno de 3 kPa,
compactação e índice de vazios das amostras aproximadamente onze vezes menor. A equação
utilizadas. Foi observado que tanto o grau de que melhor descreve a curva obtida é:
compactação na moldagem quanto o índice de
vazios dos corpos de prova das amostras no σt = - 0,0027.[S]² - 0,0423.[S] + 32,635 (2)
início dos ensaios influenciaram diretamente
nos resultados de resistência do solo. Por isto, sendo:
após a fase de moldagem, foram consideradas σt : resistência à tração no centro do disco em
como amostras aprovadas somente aquelas que kPa;
estavam no intervalo de grau de compactação S: grau de saturação da amostra em %.
de 98 a 102%. Após a fase de mudança do grau
de saturação, durante a qual a amostra pode 40
expandir ou contrair, foram consideradas 35
aprovadas para a realização dos ensaios 30
somente aquelas amostras que tiveram índice de
σt (kPa)

25
vazios variando entre 0,75 a 0,85, o que 20
correspondeu a mais ou menos 10% de variação 15
em relação ao índice de vazios de moldagem. 10
Foi constatado que amostras abaixo desse 5
intervalo de grau de compactação selecionado, 0
quando saturadas, expandiram e tenderam a
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
apresentar índice de vazios muito maior que o
índice de vazios médio de compactação, Grau de saturação (%)
resistindo menos à tração e à compressão. Por Figura 3. Relação obtida entre a resistência à tração e
outro lado, amostras moldadas acima deste grau de saturação. R² = 0,98.
intervalo de compactação, quando saturadas,
3.3 Ensaio de Compressão Simples

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melhor descreveu a relação obtida, bem como o


A Figura 04 mostra a relação obtida entre a valor do coeficiente de correlação R² obtido. A
resistência ao cisalhamento não drenado e o Tabela 01 resume os valores dos parâmetros de
grau de saturação das amostras compactadas. resistência encontrados em cada um dos
Os resultados variaram de 210 kPa, para ensaios.
amostras com teor de umidade higroscópico até 160
aproximadamente 50 kPa para amostras em

T. cisalhante (kPa)
torno de 85% de saturação. Pelo processo de 120
saturação utilizado não foi possível conseguir
amostras com grau de saturação acima deste 80
valor. Os resultados obtidos na compressão
40 y = 1.1483x + 35.797
simples foram menos precisos que os resultados
do ensaio de compressão diametral já que neste
0
último foi utilizado sistema de aquisição de
0 20 40 60 80 100 120
dados automatizado, ao passo que na
compressão simples, as leituras foram feitas T. normal (kPa)
diretamente. A função que melhor representou Figura 5. Envoltória de resistência para as amostras com
esta relação entre a resistência não drenada e o teor de umidade higroscópico. R² = 0,99.
grau de saturação foi do tipo logarítmica:
160
T. cisalhante (kPa)

Su = - 44,931.ln [S] + 242,62 (3)


120
sendo:
80
Su: resistência ao cisalhamento não drenado
(kPa); 40 y = 1.1757x + 33.443
S: grau de saturação em %.
0
240 0 20 40 60 80 100 120
200 T. normal (kPa)
160 Figura 6. Envoltória de resistência para as amostras na
Su (kPa)

120 umidade ótima (S = 60%). R² = 0,92.


80

40
160
T. cisalhante (kPa)

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 120

Grau de Saturação (%) 80


Figura 4. Relação obtida entre a resistência ao
cisalhamento não drenado e grau de saturação. R² = 0,90. 40
y = 0.9335x + 28.437
0
3.4 Ensaio de Cisalhamento Direto
0 20 40 60 80 100 120

No caso do ensaio de cisalhamento direto, as T. normal (kPa)


figuras de 05 a 08 mostram as envoltórias Figura 7. Envoltória de resistência para as amostras com
obtidas em termos das tensões de pico para grau de saturação igual a 80%. R² = 0,99.
amostras em diferentes graus de saturação
inicial. Já as figuras 09 e 10 mostram a variação A equação que melhor descreveu a relação
dos parâmetros de resistência com o grau de obtida entre o intercepto de coesão e o grau de
saturação das amostras. Em cada uma destas saturação (ver Figura 9) foi:
figuras, também é apresentada a equação que

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c’ = - 0,002.[S]² + 0,0737.[S] + 35,835 (4) S: grau de saturação da amostra em %.

sendo:
c’: intercepto de coesão efetivo em kPa; 60

S: grau de saturação da amostra em %. 50


40

φ' (º)
80 30
T. cisalhante (kPa)

20
60
10
40 0
0 20 40 60 80 100
20
y = 0.4391x + 23.352 Grau de Saturação (%)
0
Figura 10. Relação do grau de saturação com o ângulo de
0 20 40 60 80 100 120 atrito φ’ obtido das envoltórias de resistência. R² = 0,98.
T. normal (kPa)
Figura 8. Envoltória de resistência para as amostras
Os resultados das envoltórias obtidas do
saturadas. R² = 0,84. ensaio de cisalhamento direto foram
considerados satisfatórios na medida em que se
obteve coeficientes de correlação R² muito
Tabela 1. Resumo dos valores dos parâmetros próximos de 1,0. A envoltória das amostras
geotécnicos de acordo com as envoltórias obtidas.
saturadas obteve menor precisão, com
Intercepto
Grau de Ângulo de atrito coeficiente de correlação R² igual a
coesivo c’
saturação (%) φ' (º) aproximadamente 0,84. As relações das figuras
(kPa)
0 35.8 49 09 e 10 foram consideradas boas na medida em
60 33.4 49.6 que o os coeficientes de correlação R² ficou
80 28.4 43 muito próximo da unidade.
100 23.4 23.7

40
4 CORRELAÇÕES EMPÍRICAS ENTRE
OS RESULTADOS DOS ENSAIOS
30
c' (kPa)

Após terem sido analisados os resultados gerais


20 dos ensaios de resistência, foram obtidas
correlações entre cada um dos parâmetros
10
fornecidos pelos diferentes ensaios. A variável
0 independente grau de saturação S foi escolhida
0 20 40 60 80 100 para ser a comum a todas as equações, sendo
utilizada para correlacionar as variáveis de
Grau de Saturação (%) resistência σt, Su e os parâmetros c’ e φ’. Ou
Figura 9. Relação do grau de saturação com o intercepto seja, os valores de σt e Su obtidos para o mesmo
de coesão c’. R² = 0,99. grau de saturação, por exemplo, formaram um
par coordenado.
A equação que melhor descreveu a relação A Figura 11 mostra a relação entre a
obtida entre o φ’ e o grau de saturação (ver resistência à tração σt e a resistência ao
Figura 10) foi: cisalhamento não drenado, Su. Para amostras
saturadas, a resistência a tração seria zero,
φ’ = - 0,007.[S]² + 0,459.[S] + 48,846 (5) enquanto haveria uma resistência ao
cisalhamento não drenado em torno de 30kPa.
sendo: À medida que o grau de saturação começa a
φ’: ângulo de atrito em graus (º); diminuir de 100 para próximo de 80 (resistência

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a tração em torno de 10kPa), a resistência ao sendo:


cisalhamento não drenado fica c’: intercepto coesivo efetivo em kPa;
aproximadamente constante, enquanto que a σt: resistência à tração em kPa.
resistência a tração cresce. Para grau de
saturação variando de 80% a 50%, as duas 40
grandezas crescem e esta taxa de crescimento
aumenta para graus de saturação abaixo de 50% 35

c' (kPa)
(resistência a tração acima de aproximadamente
30
25kPa).
A equação que melhor descreveu a relação 25
obtida entre a resistência ao cisalhamento não
drenado e a resistência á tração (ver Figura 11) 20
foi: 0 5 10 15 20 25 30 35
Resistência à tração (kPa)
Su = - (0,0008).[σt]4 - (0,0462).[σt]3 + Figura 12. Correlação obtida entre a resistência à tração e
+ (0,8521).[σt]2 - (4,4517).[σt] + (41,096) (6) intercepto de coesão c’. R² = 0,96.

sendo: 60
Su: resistência ao cisalhamento não drenado em
50
kPa;
σt: resistência à tração em kPa. 40
φ' (º)

30
150
20
125

100
10
Su (kPa)

0 5 10 15 20 25 30 35
75

50 Resistência à tração (kPa)


25 Figura 13. Correlação obtida entre a resistência à tração e
0 ângulo de atrito φ. R² = 0,99.
0 5 10 15 20 25 30 35

Resistência à tração (kPa) Uma equação que descreveu bem a relação


obtida entre o ângulo de atrito e a resistência a
Figura 11. Correlação obtida entre a resistência à tração e
resistência ao cisalhamento não drenado Su. R² = 0,99. tração foi:

A figura 12 apresenta a relação obtida entre φ' = - 0,0423.[σt]2 + 2,2646.[σt] + 21,212 (8)
resistência à tração σt e o intercepto de coesão
c’, obtido das envoltórias de resistência dos sendo:
ensaios de cisalhamento direto. Já a figura 13 φ’: ângulo de atrito em graus (º);
mostra a relação entre a resistência à tração e o σt: resistência à tração em kPa.
ângulo de inclinação φ’ destas envoltórias. Para
estes dois casos, a correlação ficou um pouco
5 CONCLUSÕES
prejudicada pelos poucos valores de c’ e φ’
obtidos.
Este artigo teve como proposta mostrar que
Uma equação que descreveu bem a relação
pode haver uma correlação entre os resultados
obtida entre resistência a tração e o intercepto
do ensaio de compressão diametral ou ensaio
de coesão (ver a Figura 12) foi:
brasileiro com resultados obtidos de ensaios
típicos para determinação da resistência ao
c’= 0,413.[σt] + 23,448 (7)
cisalhamento. Este ensaio (compressão
diametral) foi escolhido devido a sua facilidade

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de moldagem, baixo consumo de solo e Carneiro, F. L. B & Barcellos, A. (1953). Concrete


resultados rápidos. tensile strength. Intern. Testing Res. Lab. Paris,
France, Bull No 13, pp 97 – 127.
Foi possível verificar que para o solo Carneiro, F. L. (1943) Um Novo Método para
ensaiado realmente há uma relação entre a Determinação da Resistência à Tração dos Concretos.
resistência a tração fornecida pelo ensaio Comunicação,5. Reunião Associação Brasileira de
brasileiro e aqueles obtidos de ensaios de Normas Técnicas, Publ. Inst. Nac. Tecnol., Rio de
cisalhamento direto convencional e ensaios de Janeiro.
Favaretti, M. (1995). Tensile strength of compacted
compressão simples. A partir dos dados de clays. Proc. First Int. Conf. On Unsaturated Soils,
laboratório foram propostas equações empíricas UNSAT95. Paris, p.p. 51 - 56.
correlacionando às seguintes grandezas: σt x Su; Guinea, G. V.; Elices, M. & Planas, J. (2000) –
σt x c’ e σt x φ’. Estas equações ainda são de Assessment of the tensile strength through size effect
pouco utilidade prática, mas servem para curves. Eng. Fracture Mechanics 65, pp.189 – 207.
Kakehi, S.; Reis, R. M.; Vilar, O. M. Estimativa da
mostrar que estas grandezas estão associadas. envoltória da resistência de um solo não saturado a
Ainda mais, é necessário interpretar os partir de ensaios de compressão Simples. In: 5o.
resultados obtidos junto à curva de retenção de Simpósio Brasileiro de Solos não Saturados, 2004,
umidade do solo em questão. Também é São Carlos. Anais. São Carlos : Suprema, 2004. v. 1.
necessário obter correlações para outros tipos p. 55-60.
Krishnayya, A. V. G. & Eisenstein, Z. (1974). Brazilian
de solo e compará-los com os resultados
tensile test for soils. Canadian Geotech. Journal, 11,
obtidos neste artigo. É presumível que as pp. 632 – 642.
equações de cada ensaio em separado e as Maciel, I. C. Q. (1991). Aspectos microestruturais e
correlações obtidas possuam tendências iguais propriedades geomecânicas de um perfil de solo
mas coeficientes numéricos diferentes para cada residual de gnaisse facoidal. Dissertação de mestrado,
DEC-PUC-Rio, R. J., 182 pp
tipo de solo, já que estes coeficientes devem
NBR 6457/1986: Amostras de Solo – Preparação para
depender das características físicas de cada Ensaios de Compactação e Ensaios de Caracterização.
solo. Oberg, A. and Salfors, G. (1997) Determination of shear
De todo modo, pode ser percebido que o strength parameters of unsaturated silts and sands
ensaio brasileiro ou de compressão diametral based on the water retention curve. Geotechnical
pode ser promissor como um ensaio para Testing Journal, Vol. 20, No. 1, pp. 40-48.
Vanapalli, S.K., Fredlund, D.G., Pufahl, D.E. and
determinação expedita de parâmetros de Clifton, A.W. (1996) Model for the prediction of
resistência e comportamento de solos, dando shear strength with respect to soil suction. Canadian
informações qualitativas com relação ao seu Geotechnical Journal, vol. 23, pp. 379-392.
comportamento. E que talvez ele possa ser Van Genutchen, M. Th. (1980) A closed-form equation
utilizado como um ensaio laboratorial simples e for predicting the hydraulic conductivity of
unsaturated soils. Soil Science Society of America
rápido para a previsão de parâmetros de Journal, Vol. 44, pp. 892-898.
resistência não só na condição saturada, mas Villar, L. F. S. et al (2007) Relação Entre a Resistência à
também na sua condição não saturada, Tração Obtida via Ensaio Brasileiro, a Sucção e
facilitando a tomada de decisões para Índices Físicos de um Solo. VI Simpósio Brasileiro de
anteprojetos, enquanto ensaios mais elaborados Solos não Saturados 2007, 11 pág., Rio de Janeiro.
Villar, L. F. S. (2007) Efeitos da Alternância de Épocas
ainda não puderam ser realizados. de Seca e Chuva na Estabilidade das Encostas de Belo
Horizonte: Influência de Ciclos de Secagem e
Umedecimento na Resistência Solos Residuais.
AGRADECIMENTOS Relatório técnico apresentado à FAPEMIG.

Os autores gostariam de agradecer à FAPEMIG


e ao projeto PRONEX/FAPERJ pelo auxílio
dado para a realização deste trabalho.

REFERÊNCIAS

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