Вы находитесь на странице: 1из 22

ACESSO À FONOAUDIOLOGIA EM HOSPITAIS DO ESTADO DO RIO GRANDE

DO SUL

ACCESS TO SPEECH THERAPY IN HOSPITALS OF THE STATE OF RIO


GRANDE DO SUL

THAÍS DUTRA DA SILVA (1), VIVIANE FELLER MARTHA(2)

(1) Fonoaudióloga, Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica Ltda, CEFAC,


Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, Especialização em Motricidade Orofacial.

(2) Otorrinolaringologista,Especialista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia


e Cirurgia Cérvico-facial, Mestre em Medicina pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Doutora em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do
Sul.

Área: Fonoaudiologia Geral


Tipo de manuscrito: Artigo Original
Fonte de auxílio: Inexistente
Conflito de interesse: Inexistente
Título Resumido: Acesso à Fonoaudiologia nos hospitais do RS
2

RESUMO

Objetivo: Averiguar a presença de fonoaudiólogos nas unidades de terapia intensiva


neonatal, pediátrica e adulto dos hospitais do estado do Rio Grande do Sul.
Métodos: Estudo descritivo observacional, de caráter quantitativo, baseado na
análise de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do
Brasil (Datasus), assim como dados da Secretaria da Saúde do Estado do Rio
Grande do Sul. Pesquisou-se, através de contato telefônico junto aos hospitais,
públicos e privados, os quais possuem unidade terapia intensiva, se há a presença
de um fonoaudiólogo no quadro de profissionais contratados. Resultados: Em 2013
observou-se que das 497 cidades do estado, divididas em sete macrorregiões, 294
municípios possuem hospital, 94 destes com unidade de terapia intensiva, dentre
elas neonatal, pediátrica e adulto. Concluiu-se que destas unidades, em 39 hospitais
a fonoaudiologia está presente, através do exame de EOA. Em 29 hospitais, a
fonoaudiologia está presente nas Unidades de Terapia Intensiva. Conclusão: A
presença da Fonoaudiologia nos hospitais e nas Unidades de Terapia Intensiva é
insuficiente para atender a demanda de pacientes das 497 cidades do Estado do Rio
Grande do Sul.

Descritores: Fonoaudiologia, Unidade de Terapia Intensiva, Neonatal, Pediátrica,


Adulto.

ABSTRACT

Purpose: To evidence the speech therapist presence in adult, pediatric and neonatal
intensive care unit of the hospitals of the state of Rio Grande do Sul. Methods: A
descriptive observational study, of quantitative character, based on data analysis of
the Department of Computer of the Unified Health System of Brazil (Datasus), as well
as data of the Ministry of Health of the state of Rio Grande Sul. It was researched,
through phone contact close to publics and private hospitals, which possess
intensive care unit, if there is the presence of a speech therapist professional hired.
Results: In 2013 it was observed that of the 497 cities of the state, divided in seven
macro regions, 294 municipal districts possess hospital, 94 of them with intensive
care unit, among them neonatal, pediatric and adult ones. It was ended that of these
units, in 39 hospitals the speech therapy is present, through the EOA exam. In 29
hospitals, the speech therapy is present in the Intensive Care Unit.
Conclusion: The presence of Speech Therapy in the hospitals and in the Intensive
Care Unit it is insufficient to assist the patients’ of the 497 cities of the state of Rio
Grande do Sul demand.

Keywords: American Speech-Language-Hearing Association; Intensive Care Units;


Neonatal; Pediatric Assistants; Adult.
3

INTRODUÇÃO

Fonoaudiologia é a ciência que estuda a comunicação em suas diferentes


manifestações. O profissional fonoaudiólogo pode atuar no diagnóstico, reabilitação,
prevenção e pesquisa nas áreas de linguagem oral e escrita, audição, voz e
motricidade orofacial(1).
A história da Fonoaudiologia no Brasil surgiu no final dos anos 50 e até
meados de 70, mas já na época do império pensava-se em reabilitação no Brasil,
onde em 1855 foi fundado o Colégio Nacional, destinado ao ensino de pessoas
surdas(2).
A Fonoaudiologia como ciência busca o bem-estar do individuo e da sua
comunidade. Para atingir-se esta meta é fundamental o conhecimento dos caminhos
percorridos até o momento para que se possa entender o presente e planejar o
futuro melhor(3).
A Fonoaudiologia cresce a cada dia no âmbito hospitalar, sendo a atuação
deste profissional relativamente recente, principalmente em unidades de terapia
semi-intensiva e intensiva. No hospital, o fonoaudiólogo ingressa na equipe atuando
de forma multi e interdisciplinar(4). A atuação do fonoaudiólogo em Unidades de
Terapia Intensiva (UTIS) tem como principais objetivos: a identificação, avaliação,
orientação e reabilitação da deglutição e comunicação. A fonoaudiologia na UTI está
inserida em diversas áreas de atuação, dentre elas UTI neonatal, pediátrica,
coronariana, queimados, trauma e oncológica(5). Atuam na reabilitação de pacientes
nas áreas da linguagem oral, voz e motricidade orofacial, assim como na realização
de exames auditivos e de imagem (videodeglutograma) e no desenvolvimento de
atividades em ambulatórios, clínicas, maternidade e Unidade de Terapia Intensiva de
neonatos e adultos(6).
A atuação da Fonoaudiologia na UTI é um trabalho tanto no sentido de
manutenção de vida, porque previne as complicações, quanto de qualidade de vida.
Permite que o paciente volte a se alimentar pela boca, mantendo um suporte
nutricional adequado e proporciona ajustes necessários para as alterações da
comunicação(4).
Dentro das equipes multiprofissionais, a Fonoaudiologia vem conquistando
seu espaço, atuando em diversas áreas dentro das unidades hospitalares, inclusive
nos serviços de urgência e emergência(7). A literatura é vasta quando o assunto trata
de unidades de urgência e emergência, sendo mais encontradas pesquisas de
outras especialidades, como médicos, enfermeiros e psicólogos (8). A Fonoaudiologia
também está inserida nos hospitais através do Teste da Orelhinha. É primordial que
a perda auditiva seja percebida nos primeiros meses de vida, e que medidas
essenciais sejam tomadas(9). Para que isso aconteça, é necessário o empenho de
profissionais qualificados na identificação da perda, no seu diagnóstico e na
intervenção educacional, possibilitando que esse indivíduo desenvolva-se de forma
qualitativa, desenvolvendo-se mais próximo de um padrão considerado normal(10).
4

Este estudo tem como objetivo analisar a presença da Fonoaudiologia nos


hospitais do Rio Grande do Sul, se a mesma está inserida nas UTIS dos hospitais
gaúchos, como é a distribuição do serviço entre as 497 cidades do estado, e de que
maneira a Fonoaudiologia atua.
Nas últimas décadas, pudemos observar o crescimento e a diversificação da
atuação fonoaudiológica em nosso país, ampliando a inserção social dessa área (11).
No entanto, no Rio Grande do Sul não existem pesquisas desenvolvidas para
caracterizar a atuação da fonoaudiologia nos hospitais com unidades de terapia
intensiva neonatal, pediátrica e adulto. Desta forma, encontramo-nos desprovidos de
elementos para analisar como a fonoaudiologia vem desempenhando seu papel
inicial, bem como para avaliar até que ponto vem atendendo às necessidades
sociais, o que justifica este trabalho.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo, observacional, de natureza quantitativa.


Para o levantamento dos dados foi utilizada a base de dados publicada pelo
Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (Datasus) do
Ministério da Saúde, assim como dados de hospitais, publicados pela Secretaria da
Saúde do Estado do Rio Grande do Sul.
Primeiramente, foi feito um levantamento do número de cidades que
compõem o estado do Rio Grande do Sul. Em seguida, foi realizado um
levantamento de cidades que possuem hospital e que possuem apenas Unidades
Básicas de Saúde. Das cidades que possuem hospital, foi contabilizado um hospital
por cidade, levando em consideração se há disponibilidade do serviço para a
população, e não quantificando o número de hospitais por município. Como critério
de exclusão, foram excluídas da pesquisa cidades de possuem apenas Unidades
Básicas de Saúde.
Por fim, foi realizado um levantamento dentre os hospitais pesquisados, quais
possuem Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, Pediátrica ou Adulto e destes,
quais possuem o serviço da Fonoaudiologia inserido. Tal levantamento foi feito
através de contato telefônico, diretamente com as UTIS, questionando a presença
do fonoaudiólogo na equipe de profissionais da área da saúde, contratada pelo
hospital.
Desse modo, foram analisados os profissionais de fonoaudiologia que atuam
nos hospitais com UTIS e de que maneira atuam. O cálculo dos resultados foi
efetuado mediante a construção de planilha eletrônica de cálculo, utilizando-se o
programa Excel.
Este estudo foi aprovado pelo CEP (Comitê de Ética em Pesquisa), sob
número interno 037/13, número de CAAE 1692.9413.1.0000.5538, e Parecer
Consubstanciado 342.091, conforme a Resolução 196/96 da Comissão Nacional de
Ética e Pesquisa (CONEP).
5

RESULTADOS

O estado do Rio Grande do Sul é composto por 497 cidades, estando elas,
conforme a Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul, divididas em sete
macrorregiões, as quais são: Região Norte, Centro-Oeste, Sul, Vales, Serra,
Missões e Metropolitana, na qual encontra-se a capital Porto Alegre.
Conforme o último Censo realizado pelo IBGE, no ano de 2010, o estado do
Rio Grande do Sul é composto por uma população de 10.693.929 habitantes. Em
março de 2013, conforme o Conselho Federal de Fonoaudiologia, 2050
fonoaudiólogos compõem o estado do Rio Grande do Sul, estando eles atuando em
diversas áreas.
A distribuição do número de municípios nas sete regiões e distribuição de
hospitais e Unidades Básicas de Saúde pode ser visualizada na Tabela 1.
Conforme a Tabela 2, podemos ver a distribuição do número de cidades que
possuem hospitais, destes, quantos possuem UTI e o número de cidades que
possuem o serviço de UTI. Nas sete macrorregiões, temos um total de 294
municípios com hospitais, sendo que destes, 94 possuem o serviço de unidade de
terapia intensiva, estando estes distribuídos em 48 municípios.
Na Tabela 3, observa-se a distribuição da Fonoaudiologia nos hospitais com
Unidades de Terapia Intensiva. Como citado anteriormente, dos 94 (100%) hospitais
com UTI, 39 (41,49%) destes hospitais, possuem a Fonoaudiologia inserida na
equipe multidisciplinar. Destes, 39 (100%) estão inseridos nos hospitais através do
exame EOA (Exame de Otoemissões Acústicas) ou Teste da Orelhinha, e 29
(30,85%) estão inseridos nas UTIS.
Quanto à distribuição de fonoaudiólogos nos 94 (100%) hospitais com
Unidade de Terapia Intensiva por região, podemos ver que na região Norte, de 7
(7,45%) hospitais com UTI, estão presentes 2 (28,57%), representando 2 (5,13%)
dos profissionais na região. Na região Centro-Oeste, dos 10 (10,64%) dos hospitais,
4 (40%) possuem fonoaudiólogo, representando 4 (10,26%) de profissionais na
região. Na região Sul, dos 11 (11,70%) hospitais, 2(18,18%) possuem
fonoaudiólogo, representando 2 (5,13%) de profissionais na região. Nas regiões
Serra e Missões, são 10 (10,64%) hospitais também, no entanto a região Serra
apresenta 4 (40%) fonoaudiólogos inseridos, representando 4 (10,26%) profissionais
na região, e na região missioneira, observa-se 1 (10%) profissional inserido nos 10
hospitais, sendo 1 (2,56%) fonoaudiólogo na região. Na região Vales, encontra-se 6
(6,38%) hospitais. Nestes, atuam 4 (66,67%) fonoaudiólogos, representando 4
(10,26%) fonoaudiólogos na região. Por fim, na região Metropolitana, em 40
(42,55%) hospitais com UTI, a fonoaudiologia está presente em 22 (55%) hospitais,
representando 22 (56,41%) dos profissionais atuando nesta região, como podemos
visualizar na Tabela 4.
Na Tabela 5, conforme a distribuição de profissionais nas sete macrorregiões
do estado, e levando em consideração a população de 10.693.929 habitantes, a
região Norte, a qual possui uma população de 1.171.090 (19,95%), podemos
contabilizar uma média de 167.299 habitantes por profissional da fonoaudiologia. Na
6

região Centro-Oeste, que possui uma população de 1.086.796, temos uma média de
108.680 habitantes por fonoaudiólogo. Na região Sul, são 1.027.714, observa-se
uma média de 93.429 habitantes por profissional. Na região Vales, a população é de
891.386, totalizando uma média de 148.564 habitantes por fonoaudiólogo. Na região
Serra, há uma média de 107.608 habitantes por fonoaudiólogo, de um total de
1.076.801 pessoas. Nas Missões, a população é de 807.511 habitantes, sendo
80.751 pessoas por fonoaudiólogo. Por fim, 4.632.631 habitantes compõe a região
Metropolitana, onde 22 profissionais atuam, sendo uma média de 115.816
habitantes por fonoaudiólogo nos hospitais com UTI.
Na Tabela 6, podemos ver a distribuição de hospitais com Unidade de
Terapia Intensiva Neonatal, distribuição da população por região e o número de
leitos correspondente por tipo de unidade. Observa-se que a UTI Neonatal do Tipo I,
só não está presente nas regiões Vales e Missões. As unidades do Tipo II
encontram-se presentes em todas as regiões, predominando na região
Metropolitana e as unidades do Tipo III encontram-se apenas na região
Metropolitana.
Na Tabela 7, visualizamos a distribuição de hospitais com UTI Pediátrica,
distribuição da população por região e o número de leitos. Observa-se que a UTI
Pediátrica não está presente em todas as regiões, sendo do TIPO I presente em
todas as regiões, exceto na região Vales e Missões. A UTI do TIPO II é encontrada
em todas as regiões e a do TIPO III está presente apenas na região Metropolitana,
onde há maior concentração populacional.
Quanto à distribuição de leitos de Unidade de Terapia Intensiva Adulto nos
hospitais nas sete macrorregiões, observa-se que a UTI Adulto do TIPO I só não
está presente na região Vales. A UTI Adulto do TIPO II está presente em todas as
regiões. Por fim, a UTI Adulto do TIPO III está presente apenas nas regiões Centro-
Oeste e Metropolitana, conforme a Tabela 8.
Na Figura 1 é possível observar a distribuição de fonoaudiólogos nas
Unidades de Terapia Intensiva dos hospitais distribuídos nas sete macrorregiões do
estado. Na região Metropolitana está o maior número, sendo 22 (56,41%)
fonoaudiólogos presentes nos hospitais com UTI. Nas regiões Centro-Oeste, Vales e
Serra encontramos 4 (10,26%) profissionais em cada região. As regiões Norte e Sul,
são 2 (5,13%) fonoaudiólogos atuando nas unidades e por fim, a região Missões
possui 1 (2,56%) profissional em UTI.
Na Figura 2 podemos observar a distribuição municípios com hospitais,
número de hospitais com UTI nas sete macrorregiões do estado, número de
fonoaudiólogos atuantes nestes hospitais e como atuam, se apenas com o Teste da
Orelhinha ou se está inserido na UTI também. Conforme a figura, a região Norte
possui mais números de hospitais, no entanto o menor número de UTIS, perdendo
em profissionais da Fonoaudiologia apenas para a região Missioneira. A Região
Metropolitana é onde se encontra a melhor distribuição de serviços.
Nesta análise, sabendo que no Rio Grande do Sul existem 2050
fonoaudiólogos, podemos dizer que destes, 39 (1,90%) atuam nas UTIS do estado.
7

DISCUSSÃO

Foi entre a década de 70 e 80 que os fonoaudiólogos iniciaram suas


atividades no sistema público, alguns via secretarias de educação, outros pela
secretaria de saúde(3). Os procedimentos eram voltados para estrutura de
consultório, devido ao fato da formação reabilitadora que o profissional de
Fonoaudiologia recebia. Era difícil propor e organizar serviços voltados para grandes
populações. O serviço, então, se concentrava em ambulatórios de saúde mental e
hospitais(12), mantendo a proposta reabilitadora(3).
A introdução do fonoaudiólogo no sistema de saúde pública foi marcada por
contratempos que conduziram os profissionais à opção pela intervenção clínica. Tal
opção resultou no isolamento deste profissional(13). Na década de 90 houve uma
ampliação na atuação fonoaudiológica para além da clínica terapêutica, enfatizando
as alterações da linguagem com ações dirigidas diretamente para a população (14).
Desde que o fonoaudiólogo inseriu-se no serviço público de saúde, passou a se
relacionar com os demais membros da equipe de saúde, o que fomentou discussões
e articulações entre saberes diversos, ampliando a produção e a divulgação de
trabalhos e pesquisas na área. Isto gerou, inclusive, necessidades e exigências na
formação desses profissionais(15). Desde o início da profissão, a Fonoaudiologia
esteve vinculada a padrões mais curativos do que preventivos(16).
O Ministério da Saúde conceituou hospital como sendo parte integrante de
uma organização médica e social, tendo a função básica de proporcionar à
população assistência médica-sanitária completa, tanto curativa como preventiva (8).
O conceito de Terapia Intensiva surgiu no conflito da Crimeia, quando
Florence Nightingale em Scutari (Turquia), atendeu, junto a 38 enfermeiras,
soldados britânicos seriamente feridos, agrupados e isolados em áreas como
medidas preventivas para evitar infecções e epidemias, como disenteria e tétano. A
redução da mortalidade foi marcante(17).
A estrutura de uma unidade de terapia intensiva (UTI) como hoje é conhecida,
foi desenvolvida nos anos 1950, em resposta à epidemia de poliomelite, devido
notadamente ao suporte invasivo de ventilação mecânica (pulmões de aço). O
objetivo principal de uma UTI não mudou. Continua sendo o de manter uma
estrutura capaz de fornecer suporte para pacientes graves, com potencial risco de
vida(18).
Segundo o relatório publicado pela Comissão de Saúde e Meio ambiente do
governo do Rio Grande do Sul, é fundamental a organização de um sistema que
tenha como meta educar, prevenir e promover a saúde das pessoas. Este sistema
alicerçado nas ações básicas, com foco na estratégia de saúde da família,
promoverá na comunidade uma cultura de promoção de saúde para evitar as
doenças. É fundamental a organização de um sistema que tenha como meta
diagnosticar, tratar e cuidar as doenças das pessoas. Este sistema seria de apoio às
ações básicas, e ao sistema de atendimento médico especializado (19).
O Ministério da Saúde define UTI como unidades hospitalares destinadas ao
atendimento de pacientes graves ou de risco que dispõem de assistência médica e
8

de enfermagem ininterruptas, com equipamentos específicos próprios, recursos


humanos especializados e que tenham acesso a outras tecnologias destinadas a
diagnóstico e terapêutica. Estas unidades podem atender grupos etários específicos,
como UTI Neonatal, que atende pacientes de 0 a 28 dias. UTI Pediátrica para
atendimento de pacientes de 28 dias a 14 ou 18 anos de acordo com as rotinas
hospitalares internas, e por fim, UTI Adulto, a qual atende pacientes maiores de 14
ou 18 anos de acordo com as rotinas hospitalares internas(20).
Nos últimos anos nota-se o aumento de profissionais atuantes nas unidades
de terapia intensiva. Dentro deste âmbito, o trabalho fonoaudiológico na UTI
Neonatal é fundamental na detecção de alterações do sistema sensório-motor-oral
principalmente em relação à coordenação das funções de sucção, deglutição,
respiração dos recém-nascidos(21). O fonoaudiólogo pode exercer papel decisivo no
sucesso do aleitamento materno, incluindo estratégias de incentivo e apoio, além de
envolver diretamente mãe nos cuidados à alimentação do prematuro(22). Além de
proporcionar um vínculo entre mãe e bebê ainda no âmbito hospitalar, a atuação da
Fonoaudiologia nestes quadros pode favorecer a diminuição no tempo de
internação(23).
Na criança, a perda auditiva tem peculiaridades quanto às causas, ao
diagnóstico, e ao tratamento, que variam com a faixa etária. Isto deve ser do
conhecimento dos pediatras, para que se possa suspeitar e diagnosticar o quadro o
mais rapidamente possível. A atenção destes profissionais deve estender-se desde
o nascimento, em que predomina a surdez neurossensorial profunda, até os
escolares, que apresentam déficits leves ou moderados por infecções da orelha
média(24). Qualquer tipo de perda auditiva pode comprometer a linguagem, o
aprendizado, o desenvolvimento cognitivo e a inclusão social da criança (25).
Um dos desafios da saúde pública é a obtenção desse diagnóstico o mais
precocemente possível, pois, na maioria dos casos a surdez se é percebida
tardiamente(25).
Por esse motivo deu-se a criação da Lei número 12.303, de 2 de agosto de
2010, que deixa claro a obrigatoriedade do “Teste da Orelhinha” que é um
procedimento realizado através de Emissões Otoacústicas Evocadas. Sendo assim,
é fundamental que os recintos como maternidades e hospitais disponibilizem, o
exame sem custo algum, ao paciente e à sua família, e os órgãos públicos de saúde
terão que se adaptarem para fazer valer o que está na lei(26).
O fonoaudiólogo não pode ser considerado somente um especialista, pois em
sua formação recebe conhecimentos globais, que incluem questões culturais,
emocionais, físicas, ambientais e econômicas(13).
A Fonoaudiologia, no Brasil, passa a caminhar ao lado das demais profissões
de saúde, para participar ativamente da construção, implantação e viabilização do
SUS. Isto implica assumir concepções de linguagem, de sujeito, de saúde e de
sociedade que fundamentem e orientem as práticas fonoaudiológicas pela
integralidade, interdisciplinaridade, intersetorialidade e participação social (15).
Conforme um estudo realizado em 2001 pelo Conselho Regional de
Fonoaudiologia, da 3° Região, onde ainda era composto pelos três estados do Sul
9

do Brasil, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, foi possível observar que a
demanda de fonoaudiólogos atuantes em equipes interdisciplinares, inseridos em
hospitais era de 1,7%(11). Tal estudo se assemelha à esta pesquisa, onde no Rio
Grande do Sul apenas, 1,9% atua em hospitais com Unidades de Terapia Intensiva.
Em outro estudo, realizado no ano de 2005, dos 38 fonoaudiólogos que prestavam
serviço em pronto-socorro, 94,7% atendiam SUS(27). No mesmo estudo, em 2008, o
número de profissionais era de 57, mostrando um aumento de fonoaudiólogos
atuantes nos hospitais de pronto-socorro. Conforme a pesquisa, de 2005 a 2011, no
estado do Rio Grande do Sul, observa-se um aumento de profissionais, sendo no
ano de 2005, um profissional apenas no estado atuando em hospital de emergência.
Em 2006 e 2007, eram 4 profissionais. Em 2008, passou a ser 1 profissional, em
2009, 3 fonoaudiólogos. E em 2010 e 2011, eram 2 profissionais.
Em outro estudo(6), concluiu que de 185 hospitais com perfil de urgência e
emergência que atendem SUS, havia 69 fonoaudiólogos, sendo que destes, 60
atendiam pelo SUS, concluindo que mesmo com o aumento do número de
fonoaudiólogos, ocorrido ao longo dos últimos anos, esse número ainda é
insuficiente.
Tais resultados corroboram com nossa pesquisa, a qual mostra que mesmo
com toda a demanda populacional e número de cidades, ainda é insuficiente o
acesso da população à Fonoaudiologia nas unidades de terapia intensiva.
Também confirmam a importância da Fonoaudiologia em serviços de UTI
Neonatal, Pediátrica e Adulto, refletindo assim a necessidade de divulgação,
inserção e ampliação do fonoaudiólogo em unidades deste porte.
Considerando que o Teste da Orelhinha é obrigatório de acordo com a Lei n°
12303, de 2 de agosto de 2010, que trata da obrigatoriedade da realização do
exame (Otoemissões Acústicas Evocada), por todas as maternidades e hospitais do
país, em todos os neonatos nascidos em suas dependências e tratando de uma Lei
Federal, é preocupante que ainda existam profissionais que desconheçam sua
existência(28). Conforme tal lei, é obrigatória a presença de um fonoaudiólogo na
equipe médica contratada pelos hospitais, no mínimo para o exame, o que não foi
corrobora com nossa pesquisa.
Sendo assim, tais resultados podem oferecer uma contribuição para novas
pesquisas e estudos sobre o tema Fonoaudiologia presente nas Unidades de
Terapia Intensiva e nas equipes médicas dos hospitais do estado.

CONCLUSÃO

Atualmente a atenção dispensada à Fonoaudiologia, voltada para uma visão


coletiva, preventiva e curativa é deficiente. A análise dos dados obtidos nesta
pesquisa nos permitiu observar que há grande diferença na distribuição de
profissionais nas sete macrorregiões do estado, inseridos nos hospitais com
Unidades de Terapia Intensiva, sendo assim insuficiente para a demanda existente
nas cidades do Rio Grande do Sul. Também observou-se que a presença da
Fonoaudiologia nos hospitais, mesmo sendo obrigatória por uma Lei Federal, não
10

vem sendo cumprida, o que gera prejuízo tanto para os profissionais como para a
população.

Por outro lado, tal carência nos indica que existe espaço a ser explorado em
ações inovadoras, programas e políticas de saúde e a inserção maior da
Fonoaudiologia no Sistema de Saúde do Brasil.
11

REFERÊNCIAS

1. Lins MLF, Andrade CRF. O campo de atuação do fonoaudiólogo. In: Kudo


AM, Marcondes E. Fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional em
pediatria. São Paulo: Sarvier; 1990; p.73-5.
2. Goulart P, Goulart AS, Issler S, Hasson M, Dantas M. Histórico da
Fonoaudiologia. J Bras Reabil 1983;4.
3. Moreira MD, Mta HB. Os caminhos da fonoaudiologia no Sistema Único de
Saúde – SUS. Rev Cefac. 2009; Jul-Set; 11(3):516-521.
4. Barros APB, Martins NMS, Carrara-De Angelis, E.; Furia, CLB; Lotfi, CJ.
Atuação fonoaudiológica em unidade de terapia intensiva. In: Barros, APB;
Arakawa, L.; Tonini, MD; Carvalho, VA. Fonoaudiologia em cancerologia.
Fundação Oncocentro de São Paulo – Comitê de Fonoaudiologia em
cancerologia, 2000.
5. Barcelos CB; Coutinho LM; Gonçalves AN; Guedes RLV; Bretas MC; Neto IP;
Carrara-de Angelis, E. Crescimento da atuação fonoaudiológica na unidade
de terapia intensiva (UTI) em um hospital oncológico. Rev. soc. bras.
fonoaudiol. v. 14 supl. 2009
6. Guimarães VC, Barbosa MA. Riscos ocupacionais em fonoaudiólogos de uma
unidade hospitalar: um estudo-piloto. Disturb Comum. 2007;19(3): 305-311.
7. Guimarães VC. Barbosa MA, Porto CC. O perfil da Fonoaudiologia em
hospitais universitários federais brasileiros. Disturb Comun. 2009; 21(2): 199-
206.
8. Vieira MC. Atuação da Psicologia Hospitalar na Medicina de Urgência e
Emergência. Rev Bras Clin Med. 2010; 8(6):513-9.
9. Pinto VS, Lewis DR. Emissões Otoacústicas: produto de distorção em
lactentes até dois meses de idade. Pró-Fono Rev de Atual Cient. São Paulo,
2007; v.19,n.2.
10. Botelho FA, Bouzada MCF, Resende LM, Silva CFX, Oliveira EA. Prevalência
de alterações auditivas em crianças de risco. Jornal Brasileiro de
Otorrinolaringologistas. São Paulo, 2010; v.76,n.6.
11. Ribas A, Teixeira SB, Luna RCM, Ristow SH, Berberian AP, Athayde-Massi G,
Caleffe LG. Perfil do Fonoaudiólogo na Região Sul do Brasil. Jornal Bras de
Fonoaudiol, ano 2, 2001; v.2n.6, jan/mar.
12. Befi D. A inserção da fonoaudiologia na atenção primária à saúde. In: Befi D,
organizador. Fonoaudiologia na atenção primária à saúde. São Paulo, Lovise;
1997; p.15-36.
13. Lipay MS, Almeida EC. A fonoaudiologia e sua inserção na saúde pública.
Rev Cienc Med. Campinas, 2007; 16(1):31-41, jan/fev.
14. Gonçalves CGO, Lacerda CBF, Perotino S, Mugnaine AMM. Demanda pelos
serviços de fonoaudiologia no município de Piracicaba: estudo comparativo
entre a clínica-escola e o atendimento na Prefeitura Municipal. Pró-Fono,
2000;12(2):61-6.
12

15. Graner AR, Souza LAP. Fonoaudiologia e Serviços de Saúde no Sistema


Único de Saúde (SUS): Análise da Produção Científica (1990-2005). Rev B S
Pública Miolo. 2010; V.34,n.4,p 967-979 out/dez.
16. Stefaneli FR, Monteiro KDGM, Spinelli RL. Perfil do fonoaudiólogo na cidade
de São José dos Campos. Rev Cefac, São Paulo, 2004; v.6, n.1, 101-5, jan-
mar.
17. Fernandes HS, Pulzi Junior SA, Filho RC. Qualidade em terapia intensiva.
Rev Med Clin Med. 2010; 8:37-45.
18. Amaral AC, Rubenfeld GD. The future of critical care. Curr Opin Crit Care,
2009; 15:308-313.
19. Relatório da Subcomissão de Organização das Macrorregiões de Saúde.
Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Governo do Estado do Rio Grande do
Sul. Set. 2011
20. http://www.assobrafir.com.br/userfiles/file/PTGM-MS3432-98UTI.pdf
21. Neivas FCB, Leone CR. Evolução do ritmo de sucção e influência da
estimulação em prematuros. Pró-Fono. 2007;19(3)241-8.
22. Czechwski AE, Fuginaga CI. Seguimento ambulatorial de um grupo de
prematuros e a prevalência do aleitamento na alta hospitalar e ao sexto mês
de vida: contribuições da Fonoaudiologia. Rev Soc Bras Fonoaudiol.
2010;15(4):572-7
23. Vieira ABC, Macedo LR, Gonçalves DU. O diagnóstico da perda auditiva na
infância. Pediatria, São Paulo. 2007;29(1):43-49.
24. Mondain M, Blanchet C, Venail F, Vieu A. Classification et traitement des
surdités d l’enfant. Oto-rhinolarygologie (traite) 2005;20:190C-20C.
25. Marques TR, et al. Triagem auditiva neonatal: relação entre banho índice de
reteste. Rev Bras de Otorrinol. 2008; Paraná.
26. Coelho, TTT, Girodo CM, Tarigute CC, Zorzi, JL. Comunicar, n.46, p.3-11,
jul/set.
27. Costa KN, Guimarães VC. Fonoaudiologia nos serviços de urgência e
emergência do Brasil: série histórica de 2005 a 2011. Disturb Comum, São
Paulo, 2010; 24(1):69-75, abril 2012.
28. Barbosa AA, Araújo ME. “Teste da Orelhinha” uma vitória para a
Fonoaudiologia. In: http://www.webartigos.com/artigos/teste-da-orelhinha-
uma-vitoria-para-a-fonoaudiologia/110903/

Endereço para correspondência:


Autor responsável: Thaís Dutra da Silva
Avenida Boqueirão, n° 1384, Jardim Igara
Canoas – Rio Grande do Sul
CEP: 92.410-350
Telefone: (51) 8162-7548
Email: thaisdutras@gmail.com
13

TABELAS

Tabela 1. Distribuição de Municípios com Hospitais e Unidades Básicas de Saúde


nas sete macrorregiões do estado do Rio Grande do Sul
14

Tabela 2. Distribuição de Hospitais com Unidades de Terapia Intensiva nas cidades


das sete macrorregiões do estado do Rio Grande do Sul e o número de cidades que
possuem Unidade de Terapia Intensiva
15

Tabela 3. Distribuição do serviço da Fonoaudiologia nos hospitais com Unidade de


Terapia Intensiva
16

Tabela 4. Distribuição de Fonoaudiólogos nos hospitais com Unidade de Terapia


Intensiva por região
17

Tabela 5. Distribuição da população nos hospitais com Unidade de Terapia Intensiva


para cada Fonoaudiólogo
18

Tabela 6. Distribuição de Leitos das Unidades de Terapia Intensiva Neonatal para


cada região
19

Tabela 7. Distribuição de Leitos das Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica para


cada região
20

Tabela 8. Distribuição de Leitos das Unidades de Terapia Intensiva Adulto para cada
região
21

Figura 1. Distribuição de Fonoaudiólogos que atuam nas Unidades de Terapia


Intensiva nas sete macrorregiões

DISTRIBUIÇÃO UTIS COM FONO NO ESTADO


N CO S Vales Serra Missões Metropolitana

5%
10%

5%

10%
57%

10%
3%
22

Figura 2. Distribuição de Unidades de Terapia Intensiva e Fonoaudiólogos nas


regiões do Rio Grande do Sul

Вам также может понравиться