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Dr. Rivaldo
Conceito:
Presença de secreção purulenta na incisão cirúrgica;
Pode estar associada a edema, eritema, calor, rubor, deiscência ou formação de abscesso;
Até 30 dias da cirurgia ou até 1 ano se próteses.
Sítio cirúrgico: de onde entrou até chegar ao órgão.
Classificação:
Superficial – pele e TCSC
o Não ultrapassam a aponeurose, dificilmente teremos deiscência, o tto é drenagem.
o São as mais frequentes, não precisa de exame de imagem para diagnosticar.
Profunda – fáscia e músculo
o São mais raras, mais graves que a superficial. Provável deiscência, formando uma hérnia incisional.
É mais difícil de ser diagnosticada, pois não vão ter sinais flogísticos visíveis, o paciente vai queixar-se
de dor. Precisamos de exame de imagem para chegar ao dx.
Órgão ou cavidade (1/3)
o Maior mortalidade
o Exames de imagem para dx.
Critérios Diagnósticos:
ISC Incisional Superficial
o Diagnóstico de infecção
o Dor ou sensibilidade, vermelhidão ou calor
o Drenagem purulenta na incisão
o Isolamento de organismos em cultura
ISC Incisional Profunda
o Drenagem purulenta da incisão profunda, mas não de órgão ou cavidade
o Deiscência espontânea da incisão, associada a febre dor local ou sensibilidade
o Abcesso envolvendo a incisão profunda (exame direto, re-operação ou exame radiológico.
Patogênese da ISC:
o Grande maioria adquirida no ato operatório
o Fonte mais comum – inoculação direta da flora endógena durante a incisão cirúrgica ou outra
manipulação
o OBS: pode ocorrer por contaminação dos instrumentos ou da equipe cirúrgica, mas a grande maioria
acontece por bactérias próprias do paciente (flora endógena).
o Patógenos relacionados dependentes do tipo de procedimento cirúrgico que está sendo realizado.
Classificam-se em:
Procedimentos limpos:
Boca e esôfago
o Gram + e anaeróbios
Estomago
o Quando normal é asséptico, por conta da hipercloridria; (Mas o estomago doente ou paciente em uso de IBP,
deve-se considerar como possível órgão contaminado).
Intestino Delgado
o Gram + e gram –
No intestino delgado começam a surgir os primeiros gram –
Na região proximal do int. delgado há mais gram +, ao passo que na região mais distasl (próxima ao íleo)
há predominância de gram –
OBS: pra fixar -> a medida que eu vou descendo o TGI, da boca em direção ao int. grosso vou perdendo a
predominância de gram + e aumentando a de gram -
Intestino grosso
o Gram – e anaeróbios
Aqui, praticamente não existem mais gram +
Volta a população de anaeróbios, e a medida que vou descendo pelo TGI, aumenta a população de
anaeróbios e diminui a de gram – (no sigmoide e reto praticamnete só existem anaeróbios).
Trato GU
o Gram – (Ex: E. coli)
Trato Respiratório
o Gram + e alguns Gram – (pneumococo e haemophilus – bactérias que colonizam o trato respiratório)
Mais gram + que gram -
Microbiologia da ISC:
S. aureus – principal agente
o Aumento da incidência de patógenos multirresistentes -> ocorre quando há o uso amplo de antibioticoterapia
S. aureus oxacilina resistentes
S. epidermidis oxacilina resistentes
Enterococo resistente a vancomicina
o Amplo uso de atb
o Pacientes com doenças graves
o Cirurgias em imunocomprometidos
Fatores de risco ISC:
Relacionados ao Paciente
o Idades (extremos – crianças e idosos tem maiores chances de infecções mais graves)
o Hiperglicemia e Diabetes (dificuldade na cicatrização)
Sobretudo trans e pos op imediato
o Desnutrição
Redução imunidade
Retardo na cicatrização
o Obesidade
Baixo fluxo sanguíneo tecido adiposo
o Tabagismo
Dificulta cicatrização, complicações pulmonares.
Indica-se parar de fumar 4 semanas antes da cirurgia, para diminuir o risco de complicações pulmonares.
o Duração da internação pré-op
Favorece a colonização pré-op -> quanto maior o tempo de internação, maiores as chances de ISC.
o Imunossupressão
Patológica ou iatrogênica
Não há consenso em relação aos corticoides.
o Infecção de Sítio remoto
Aumento significativo de ISC. Classifica-se como cirurgia suja, só operamos em caso de urgência ou
emergência.
o Portador nasal ou colonizado com S. aureus
Não há consenso quanto ao uso de mupirocina nasal para a prevenção de ISC.
o Gravidade da doença no pré-op
Relacionaos ao intra-operatório
o Hemostasia rigorosa -> o sangue é um meio de cultura, então cirurgias muito sangrantes possuem maiores
chances de infecção.
o Minimizar número de nós e eletrocautério -> para minimizar o número de células mortas
o Manter as feridas úmidas
o Minimizar ligaduras e suturas
o Remover tecidos desvitalizados
o Uso criterioso de drenos – preferir sistema fechado ao aberto
o Minimizar tempo cirúrgico
o Trocar luvas e instrumental no fechamento da parede (potencialmente contaminadas e contaminadas) -> para
não levar bactérias do colo ou qualquer outro órgão para o tecido subcutâneo.
o Cicatrização por 3ª intenção se ferida grosseiramente contaminada
o Uso criterioso da hemotransfusão
o Verificação dos indicadores biológicos de esterilização (mostram se houve realmente esterilização daquele
material)
o Diminuir REMT (cirurgias minimamente invasivas)
o Preparo mecânico do cólon (eliminar fezes...)
ANTIBIOÓTICOPROFILAXIA
Conceito: uso de atb em pacientes submetidos a cirurgia, sem evidência de infecção no momento da mesma -> se
já existir infecção está indicada a antibioticoterapia.
Objetivo:
Reduzir densidade bacteriana no local da cirurgia e evitar o crescimento de cepas contaminantes,
prevenindo a isc.
Assegurar concentração sérica e tecidual do atb maior que a CIM (concentração inibitória mínima)
para organismos mais prováveis
o Fazer atb antes de incisar a pele -> Para ter CIM antes da incisão, não adianta fazer depois.
Princípios básicos
Seleção do agente
o Deve ter uma boa concentração tecidual no sítio a ser operado
o Cobertura contra patógenos relacionados ao sítio operatório (espectro de ação reduzido)
o Deve- se conhecer o padrão local de resistência aos atbs
o Ser bactericida (obrigatoriamente)
o Administrar pelo menos 1 hora antes da incisão cirúrgica ou na indução anestésica
o Vancomicina – 2 horas antes, pois demora mais para atingir a CIM.
Via de aministração, dose e repique
o Intravenosa (de preferência), tópica ou oral
IV: porque eu preciso atingir uma CIM no momento da incisão.
o Preferir dose máxima nos pacientes >70kg
o Repique (fazer novamente) de acordo com meia vida do atb
Faze-lo se perda sanguínea > 1500ml, pois junto com perda sanguínea perde-se também o ATB.
Após 4 horas de tempo cirúrgico é necessário o repique, pois a CIM cai depois desse período na maioria, como
é o caso da cefazolina, que é a principal utilizada.
o Duração:
Para a maioria das cirurgias, dose única
Cirurgias com prótese, ou de grande porte, 24h é adequado; cardíaca aberta – 48h
Nunca além disso! Nunca mesmo!! (no máximo manter por 48h, mas o ideal é fazer em dose única) Se fizer
mais que isso já é atbterapia.
Riscos e desvantagens:
o Profilaxia indiscriminada -> pode selecionar agentes muito patogênicos
o Pode gerar resistencia
o Modificação na microbiota normal
o Efeitos colaterais (algumas podem gerar síndrome de Steve Johnson)
o Custo
Benefícios e vantagens:
o Redução: mortalidade, morbidade, tempo de internação, complicações, não infecciosa
o Menos seleção de estirpes bacterianas resistentes
Quando:
o Benefícios maiores que desvantagens.
o Profilaxia x infecção no pós-operatório.
o Esquema e dose adequada.
o Uso no pré-op imediato e no máximo até 24h.
o O atb precisa ser ativo contra os microrganismos desenvolvidos na região a ser operada.
o Avaliar o risco de infecção
Profilaxia é para infecção de sítio cirúrgico e não para infecções gerais no hospital.
Indicações:
o Nas situações em que ela efetivamente reduz a incidência de infecções
Cirurgias Limpas
o Não há indicação, pois o risco de infecção com ou sem atbprofilaxia não muda
o Exceções: grandes dissecções do TSCS – mastectomia radical, abdominoplastia; uso de próteses e telas –
cirurgia de hérnia, ortopédica ou cardíacas que utilizem esses materiais; cirurgias limpas de grande porte em que
infecção seria catastrófica (neurocirurgias; cirurgias cardíacas – apesar de serem limpas, se utiliza atbprofilaxia,
pois uma infecção nesses sítios seria catastrófica); imunossupressão – pacientes com doença
imunocomprometedora (ex. câncer) ou em uso de corticoides; hérnias incisionais; esplenectomias com
hipertensão portal; urgências - TODAS.
Potencialmente Contaminadas
o Há indicação de atbprofilaxia
o Exceções:
Gastroduodenais – estômago asséptico
o Paciente de alto risco (hemorragias, neoplasias, estenose pilórica, uso IBP ou bloqueadores H2, obesidade
mórbida, gastrostomia endoscópica)
Colecistectomia, sem abertura do colédoco em pacientes < 60 anos e imunocompetentes (pois quanto mais
velho, havendo abertura de colédoco ou em imunocomprometidos -> maiores as chances de infecção -> fazer
atbprofilaxia nesses casos)
Cirurgias proctológicas orificiais e bucais não complexas
Apendicectomia – sem apendicite. (depende muito da fase em que está, ela pode ser contaminada,
potencialmente contaminada ou suja )
Contaminadas
o Há indicação – exceto cirurgias orificiais.
o O prof acha que deve ser atb terapia ao invés de atbprofilaxia, pois já está contaminada.
Sujas
o Antibioticoterapia! Não faz sentido fazer a profilaxia, pois a infecção já está instalada.
OBS: cirurgia de hérnia inguinal em paciente com LES -> cirurgia limpa em imunocomprometido -> está indicada
atbprofilaxia com espectro para gram + (cefalosporina de 1 geração ou de 2 geração, amoxicilina-clavulanato,
penicilina, clindamicina)
OBS 2: hemicolectomia direita com anastomose do íleo com o colo transverso com preparo do colo -> cirurgia
potencialmente contaminada -> está indicada atbprofilaxia com espectro para gram – e anaeróbios
(metronidazol + amicacina ou metronidazol + ceftriaxona ou metronidazol + gentamicina ou metronidazol +
ciprofloxacino)
OBS3: Lobectomia pulmonar -> potencialmente contaminada -> indicado ATB que pegue gram + -> cefalosporina
de 1 geração (cefalotina e cefazolina)
Antibióticos: muda em cada hospital, devemos seguir o protocolo de cada um, pois depende do perfil e
sensibilidade local.
Considerações finais:
o Os atbs não são inócuos e seu uso inspira cautela
o Os atbs não substituem nenhum dos demais cuidados preventivos da ISC, incluindo a boa técnica cirúrgica
o As condutas de antibioticoprofilaxia podem variar entre hospitais e serviços, mas estes princípios gerais
devem ser seguidos sempre