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049047-0/001
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EMENTA: INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS – PROMOÇÃO POR
ESCOLARIDADE ADICIONAL – LEI ESTADUAL Nº 15.464/2005 – RESERVA DE MARGEM DE
DISCRICIONARIEDADE – AUTOAPLICABILIDADE – NÃO CONFIGURADA – DECRETO Nº 44.769/08
– ABUSO DO PODER REGULAMENTAR – CONFIGURAÇÃO – CRITÉRIOS TEMPORAIS NÃO
PREVISTOS NO TEXTO LEGAL – EXCLUSÃO – FORMAÇÃO COMPLEMENTAR – AUSÊNCIA DE
REGULAMENTAÇÃO – INEFICÁCIA DO TEXTO LEGAL – REQUISITOS A SEREM OBSERVADOS –
ARTIGO 4º DO DECRETO LEI 44.769/08 –– TESE FIRMADA.1. A norma prevista no artigo 19 da Lei
15.464/2005 não é autoaplicável, eis que o legislador reservou, de forma expressa, margem de
discricionariedade para que o Poder Executivo explicite a formação adicional relacionada com a
complexidade da carreira, e para que regulamente sobre a redução ou supressão do interstício
necessário e do quantitativo de avaliações periódicas de desempenho individual. 2. O Decreto nº
44.769/08 ao estabelecer limitações temporais, não elencadas no artigo 19 da Lei Estadual
nº 15.464/05, para concessão da promoção por escolaridade adicional extrapolou os limites do
poder regulamentador, ferindo os princípios constitucionais da legalidade e isonomia. 3. Ausente
regulamentação do artigo 19 da Lei 15.454/2005 no que tange à definição de “formação
complementar” tem-se por configurada a ineficácia do texto legal quanto à referida modalidade de
promoção por escolaridade adicional. 4.A promoção por escolaridade adicional, por formação
complementar ou superior àquela exigida pelo nível em que o servidor estiver posicionado,
relacionada com a natureza e a complexidade da respectiva carreira, depende do atendimento dos
requisitos delineados no artigo 4º do Decreto nº 44.769/08, excluindo-se, contudo, as limitações
temporais mencionadas no caput do artigo 2º; nas alíneas “a” e “b” do inciso V, do artigo 4º e,
ainda, no artigo 6º, caput, incisos I, e II, do referido ato normativo.
IRDR - CV Nº 1.0000.16.049047-0/001 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - SUSCITANTE: DESEMBARGADOR(ES) DA 7ª CÂMARA CÍVEL DE
BELO HORIZONTE - SUSCITADO(A): 1ª SEÇÃO CÍVEL DO TJMG - INTERESSADO(A)S: NEIDE MARIA FERREIRA, SINDICATO DOS FISCAIS
AGROPECUÁRIOS ESTADUAIS E FISCAIS ASSISTENTES AGROPECUÁRIOS ESTADUAIS DE MINAS GERAIS; SINDAFA/MG, DIRETOR DA
DIRETORIA DE ADMINISTRAÇÃO PESSOAL / SRH DA SECRETARIA DE ESTADO DA FAZENDA, SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA - SEF,
ESTADO DE MINAS GERAIS - AMICUS CURIAE: SINFFAZFISCO - SINDICATO DOS SERVIDORES DA TRIBUTAÇÃO FISCALIZAÇÃO E
ARRECADAÇÃO DO ESTADO DE MINAS GERIAS, SINDIFISCO MG, SINDSEMA - SINDICATO DOS SERVIDORES ESTADUAIS DO MEIO
AMBIENTE, SIND. DOS SERVIDORES DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE MINAS GERAIS - SINDIPOL/MG, SINDICATO DOS TRABALHADORES
NO SERVIÇO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
ACÓRDÃO
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VOTO
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Nos termos do artigo 976 e seguintes do Código de Processo Civil, foi admitido o
incidente de resolução de demanda repetitivas, suscitado pelo eminente Desembargador
Oliveira Firmo nos autos do mandado de segurança de nº 1.0000.16.049047-0/000.
Conforme definido em sede de admissibilidade do presente incidente, o seu
objeto está delimitado a aferir se a Lei estadual nº 15.464/2005 é autoaplicável, ou se a
promoção por escolaridade adicional a que menciona está condicionada ao cumprimento
dos requisitos estabelecidos no Decreto estadual nº 44.769/2008, voltados à
regulamentação do referido texto legal.
Regularmente processado e discutido, o IRDR está em fase final de solução, no
escopo de fixação da tese jurídica vinculante, e, por consequência, de julgamento do
recurso correlato, pendente de exame e resultado, cuja resultante firmará o
entendimento definitivo, de cumprimento obrigatório para os membros do Poder
Judiciário de Minas Gerais.
Pois bem.
O direito à promoção e à promoção por escolaridade adicional é previsto,
respectivamente, nos artigos 16 e 19 da Lei Estadual nº 15.464/05, verbis:
“Art. 16 - Promoção é a passagem do servidor do nível em que se
encontra para o nível subsequente, na carreira a que pertence.
§ 1º - Fará jus à promoção o servidor que preencher os seguintes
requisitos:
I - encontrar-se em efetivo exercício;
II - ter cumprido o interstício de cinco anos de efetivo exercício no
mesmo nível;
III - ter recebido cinco avaliações periódicas de desempenho
individual satisfatórias desde a sua promoção anterior, nos termos
das normas legais pertinentes;
IV - comprovar a escolaridade mínima exigida para o nível ao qual
pretende ser promovido;
§ 2º - O posicionamento do servidor no nível para o qual for promovido
dar-se-á no primeiro grau cujo vencimento básico seja superior ao
percebido pelo servidor no momento da promoção.
§ 3º A progressão e a promoção de que tratam esta lei não se
acumulam quando os requisitos de tempo e avaliação de desempenho
forem completados simultaneamente para ambas, prevalecendo neste
caso, a promoção.” – destaquei.
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Ocorre que, ao invés de apenas regulamentar o que fora determinado pela Lei
15.464/2005, o Chefe do Executivo Estadual, estabeleceu novos critérios, extrapolando
os limites da discricionariedade que lhe fora reservada pelo legislador.
O decreto estabeleceu limitações temporais para a concessão da promoção por
formação superior, como para apresentação do requerimento administrativo, para
matrícula e conclusão no curso que configura escolaridade adicional e, ainda, para
conclusão das avaliações de desempenho, de acordo com as datas fixadas.
A alegação trazida na nota técnica acostada pelo ESTADO DE MINAS GERAIS
de que “a promoção por escolaridade adicional foi instituída com o objetivo de
reconhecer a escolaridade adquirida pelos servidores que já se encontravam nas
carreiras do Poder Executivo e foram posicionados em novas carreiras a partir do ano
de 2005” (doc. de ordem 104 – f. 10), não merece acolhida, eis que se a intenção do
legislador fosse essa, deveria ter feito constar do aludido texto legal ou relegar o tema à
discricionariedade da Administração, o que, como dito, não traduz o caso em tela.
Com efeito, a limitação temporal imposta mostra-se na contramão da intenção do
legislador que foi de facilitar o alcance da promoção pelo servidor que buscasse uma
melhor qualificação para o desempenho da atividade inerente ao cargo ocupado, seja
em razão da obtenção de formação complementar ou superior à exigida para o nível da
carreira em que estivesse posicionado, sem qualquer alusão ao aventado caráter
transitório e muito menos que ela teria por destinatários específicos aqueles que
ingressaram nas carreiras antigas.
III – EXTRAPOLAÇÃO DO PODER REGULAMENTAR - LIMITAÇÕES
TEMPORAIS
Conforme discorrido, a norma do artigo 19 da Lei Estadual 15.464/05 relegou ao
Administrador a edição de decreto com o espoco de assegurar a obtenção da promoção
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Não é ocioso anotar que a jurisprudência desta Casa tem trilhado o entendimento
de que a omissão do Poder Público em promover a regulamentação do direito, no prazo
legal, autoriza aos destinatários da lei a invocação dos seus preceitos para auferirem os
direitos dela decorrentes, desde que a concessão desses direitos possa ocorrer sem a
edição do Decreto regulamentar, o que, como dito, não traduz o caso em análise, haja
vista não ter havido a necessária definição do que corresponderia a formação
complementar para fins de autorizar a promoção por escolaridade adicional.
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Decerto que a interpretação do artigo 19 da Lei 15.464/2005 não pode ser feita de
forma dissociada do seu artigo 16, regra geral que, além de conceituar o referido
instituto, estabelece os requisitos inerentes à promoção, os quais foram parcialmente
relegados à regulamentação via decreto, para os casos de escolaridade adicional, muito
menos do artigo 18, acima transcrito, que condiciona à concessão da primeira promoção
do servidor à conclusão do estágio probatório.
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Além disso, como bem salientado pelo Relator, no que tange à promoção por
escolaridade em razão de formação complementar, a Lei Estadual nº 15.464/05 e o
Decreto regulamentador são omissos quanto à sua definição, não havendo, portanto,
como conceder aos servidores públicos a discutida promoção, senão, apenas, por
formação superior àquela exigida pelo nível em que estiver posicionado.
Assim, diante de tais considerações, acompanho o Relator, para firmar a tese
jurídica de que a Lei Estadual nº 15.464/05 não é autoaplicável no que tange à
promoção por escolaridade, sendo necessário à concessão do benefício o
preenchimento dos requisitos elencados no Decreto nº 44.769/08, com exceção
das limitações temporais mencionadas no caput do artigo 2º; no inciso I e §1º do
artigo 3º; nas alíneas “a” e “b” do inciso V, do artigo 4º e, ainda, no artigo 6º, incisos I, e
II, do referido ato normativo e, ainda, afastar a possibilidade de concessão de
promoção por escolaridade em razão de formação complementar, ante a ausência
de regulamentação da referida modalidade.
É como voto.
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É como voto.
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Ocorre que o referido dispositivo foi regulamentado pelo Decreto Estadual nº.
44.769/2008, cujos artigos 1º, 2º, 3º e 6º dispõem:
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Neste aspecto, com bem colocado pelo digno Desembargador Relator, os limites
temporais estabelecidos no Decreto extrapolaram o seu poder regulador, gerando,
ademais, a possibilidade de desigualdade nas carreiras dos servidores e, por isso, não
deve ser considerado.
Nesse sentido, é o posicionamento da 8º Câmara deste Tribunal, que represento
neste Órgão Fracionário:
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v.v.
SENTENÇA ILÍQUIDA - FIXAÇÃO DOS HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS QUANDO LIQUIDADO O JULGADO. Segundo o
parágrafo 4º do art.85, os percentuais previstos nos seus incisos I a V
do §3º devem ser aplicados desde logo, quando líquida a sentença
(§4º, I) e, no caso de não ser líquida, a definição do percentual ocorrerá
quando liquidado o julgado (§4º, II). (TJMG - Ap Cível/Rem Necessária
1.0024.14.250984-3/001, Relator(a): Des.(a) Ângela de Lourdes
Rodrigues , 8ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 06/03/2018, publicação
da súmula em 14/05/2018)
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Vê-se, portanto, que a lei ordinária apenas traçou as linhas gerais dos institutos
da progressão e da promoção por escolaridade adicional – e, naquilo que interessa ao
caso concreto, a formação complementar ou superior àquela exigida para o nível em que
estiver posicionado – e não detalhou os requisitos para a concessão desses benefícios.
Outrossim, não há dúvida que o legislador ordinário outorgou ao Chefe do Poder
Executivo Estadual, ao dizer “nos termos de decreto”, uma margem de
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(...)
(...)
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