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IRDR - Cv Nº 1.0000.16.

049047-0/001

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EMENTA: INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS – PROMOÇÃO POR
ESCOLARIDADE ADICIONAL – LEI ESTADUAL Nº 15.464/2005 – RESERVA DE MARGEM DE
DISCRICIONARIEDADE – AUTOAPLICABILIDADE – NÃO CONFIGURADA – DECRETO Nº 44.769/08
– ABUSO DO PODER REGULAMENTAR – CONFIGURAÇÃO – CRITÉRIOS TEMPORAIS NÃO
PREVISTOS NO TEXTO LEGAL – EXCLUSÃO – FORMAÇÃO COMPLEMENTAR – AUSÊNCIA DE
REGULAMENTAÇÃO – INEFICÁCIA DO TEXTO LEGAL – REQUISITOS A SEREM OBSERVADOS –
ARTIGO 4º DO DECRETO LEI 44.769/08 –– TESE FIRMADA.1. A norma prevista no artigo 19 da Lei
15.464/2005 não é autoaplicável, eis que o legislador reservou, de forma expressa, margem de
discricionariedade para que o Poder Executivo explicite a formação adicional relacionada com a
complexidade da carreira, e para que regulamente sobre a redução ou supressão do interstício
necessário e do quantitativo de avaliações periódicas de desempenho individual. 2. O Decreto nº
44.769/08 ao estabelecer limitações temporais, não elencadas no artigo 19 da Lei Estadual
nº 15.464/05, para concessão da promoção por escolaridade adicional extrapolou os limites do
poder regulamentador, ferindo os princípios constitucionais da legalidade e isonomia. 3. Ausente
regulamentação do artigo 19 da Lei 15.454/2005 no que tange à definição de “formação
complementar” tem-se por configurada a ineficácia do texto legal quanto à referida modalidade de
promoção por escolaridade adicional. 4.A promoção por escolaridade adicional, por formação
complementar ou superior àquela exigida pelo nível em que o servidor estiver posicionado,
relacionada com a natureza e a complexidade da respectiva carreira, depende do atendimento dos
requisitos delineados no artigo 4º do Decreto nº 44.769/08, excluindo-se, contudo, as limitações
temporais mencionadas no caput do artigo 2º; nas alíneas “a” e “b” do inciso V, do artigo 4º e,
ainda, no artigo 6º, caput, incisos I, e II, do referido ato normativo.
IRDR - CV Nº 1.0000.16.049047-0/001 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - SUSCITANTE: DESEMBARGADOR(ES) DA 7ª CÂMARA CÍVEL DE
BELO HORIZONTE - SUSCITADO(A): 1ª SEÇÃO CÍVEL DO TJMG - INTERESSADO(A)S: NEIDE MARIA FERREIRA, SINDICATO DOS FISCAIS
AGROPECUÁRIOS ESTADUAIS E FISCAIS ASSISTENTES AGROPECUÁRIOS ESTADUAIS DE MINAS GERAIS; SINDAFA/MG, DIRETOR DA
DIRETORIA DE ADMINISTRAÇÃO PESSOAL / SRH DA SECRETARIA DE ESTADO DA FAZENDA, SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA - SEF,
ESTADO DE MINAS GERAIS - AMICUS CURIAE: SINFFAZFISCO - SINDICATO DOS SERVIDORES DA TRIBUTAÇÃO FISCALIZAÇÃO E
ARRECADAÇÃO DO ESTADO DE MINAS GERIAS, SINDIFISCO MG, SINDSEMA - SINDICATO DOS SERVIDORES ESTADUAIS DO MEIO
AMBIENTE, SIND. DOS SERVIDORES DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE MINAS GERAIS - SINDIPOL/MG, SINDICATO DOS TRABALHADORES
NO SERVIÇO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 1ª Seção Cível do Tribunal de Justiça do Estado de


Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em ACOLHER O INCIDENTE DE
RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS PARA FIXAR TESE PERTINENTE À
PROMOÇÃO POR ESCOLARIDADE ADICIONAL PREVISTA NO ARTIGO 19 DA LEI
15.464/2005.
DES. AFRÂNIO VILELA
RELATOR.

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DES. AFRÂNIO VILELA (RELATOR)

VOTO

Cuida-se de incidente de resolução de demandas repetitivas – IRDR, cujo objeto


é a uniformização de julgamentos neste Tribunal pertinente à Lei Estadual nº
15.464/2005 “no que tange aos critérios estabelecidos para fins de concessão da
promoção funcional por escolaridade adicional aos servidores públicos estaduais ou se é
cabível sua regulamentação conforme está disposto no Decreto Estadual nº
44.769/2008”.
Publicado o acórdão de admissibilidade desse incidente (doc. de ordem nº 19),
foram apresentadas petições pelos seguintes sindicatos: SINFFAZFISCO – Sindicato
dos Servidores da Tributação Fiscalização e Arrecadação do Estado de Minas Gerais
(doc. ordem 22); SINDIFISCO - Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual,
Fiscais e Agentes Fiscais de Tributos (doc. ordem 42); SINDSEMA – Sindicato dos
Servidores Públicos do Meio Ambiente no Estado de Minas Gerais (doc. ordem 57);
SINDPOL/MG - Sindicato dos Servidores da Policia Civil do Estado de Minas Gerais
(doc. ordem 74); SINDPÚBLICOS – Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do
Estado de Minas Gerais (doc. ordem 84) e SINDAFA/MG – Sindicato dos Fiscais
Agropecuários Estaduais e Fiscais Assistentes Agropecuários Estaduais de Minas
Gerais (doc. ordem 113), vindicando pela habilitação como “amicus curiae”, o que restou
deferido.
O ESTADO DE MINAS GERAIS manifestou-se conforme petições acostadas sob
docs. de ordem nº 103 e 104.
Intimada, a Procuradoria Geral de Justiça ratificou o teor do parecer trazido sob
nº de ordem 16 (doc. ordem 110).
É o relatório.

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Nos termos do artigo 976 e seguintes do Código de Processo Civil, foi admitido o
incidente de resolução de demanda repetitivas, suscitado pelo eminente Desembargador
Oliveira Firmo nos autos do mandado de segurança de nº 1.0000.16.049047-0/000.
Conforme definido em sede de admissibilidade do presente incidente, o seu
objeto está delimitado a aferir se a Lei estadual nº 15.464/2005 é autoaplicável, ou se a
promoção por escolaridade adicional a que menciona está condicionada ao cumprimento
dos requisitos estabelecidos no Decreto estadual nº 44.769/2008, voltados à
regulamentação do referido texto legal.
Regularmente processado e discutido, o IRDR está em fase final de solução, no
escopo de fixação da tese jurídica vinculante, e, por consequência, de julgamento do
recurso correlato, pendente de exame e resultado, cuja resultante firmará o
entendimento definitivo, de cumprimento obrigatório para os membros do Poder
Judiciário de Minas Gerais.
Pois bem.
O direito à promoção e à promoção por escolaridade adicional é previsto,
respectivamente, nos artigos 16 e 19 da Lei Estadual nº 15.464/05, verbis:
“Art. 16 - Promoção é a passagem do servidor do nível em que se
encontra para o nível subsequente, na carreira a que pertence.
§ 1º - Fará jus à promoção o servidor que preencher os seguintes
requisitos:
I - encontrar-se em efetivo exercício;
II - ter cumprido o interstício de cinco anos de efetivo exercício no
mesmo nível;
III - ter recebido cinco avaliações periódicas de desempenho
individual satisfatórias desde a sua promoção anterior, nos termos
das normas legais pertinentes;
IV - comprovar a escolaridade mínima exigida para o nível ao qual
pretende ser promovido;
§ 2º - O posicionamento do servidor no nível para o qual for promovido
dar-se-á no primeiro grau cujo vencimento básico seja superior ao
percebido pelo servidor no momento da promoção.
§ 3º A progressão e a promoção de que tratam esta lei não se
acumulam quando os requisitos de tempo e avaliação de desempenho
forem completados simultaneamente para ambas, prevalecendo neste
caso, a promoção.” – destaquei.

“Art. 19 - Poderá haver progressão ou promoção por escolaridade


adicional, nos termos de decreto, aplicando-se o fator de redução ou

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supressão do interstício necessário e do quantitativo de avaliações


periódicas de desempenho individual satisfatórias para fins de
progressão ou promoção, na hipótese de formação complementar ou
superior àquela exigida pelo nível em que o servidor estiver
posicionado, relacionada com a natureza e a complexidade da
respectiva carreira.
Parágrafo único - Os títulos apresentados para aplicação do disposto
no "”caput” deste artigo poderão ser utilizados uma única vez, sendo
vedado seu aproveitamento para fins de concessão de qualquer
vantagem pecuniária, salvo para a concessão do Adicional de
Desempenho - ADE - para os servidores das carreiras de Técnico
Fazendário de Administração e Finanças e de Analista Fazendário de
Administração e Finanças.” (grifei).

Em princípio, necessário analisar o plano de eficácia no qual se situa o


dispositivo legal supra, alusivo à promoção por escolaridade adicional.
I – PROMOÇÃO POR ESCOLARIDADE ADICIONAL – REGULAMENTAÇÃO -
NECESSIDADE

A teor do disposto no artigo 59 da Constituição da República, o processo legislativo


compreende a elaboração de: emendas à Constituição (I); leis complementares (II); leis
ordinárias (III); leis delegadas (IV); medidas provisórias (V); decretos legislativos (VI) e
resoluções (VII).
Como sabido, inexiste hierarquia entre as mencionadas espécies normativas que, a
exceção das emendas à constituição, se situam no mesmo plano, sendo a distinção
afeta aos aspectos de elaboração e aos respectivos campos de atuação.
Para os fins do presente incidente importa anotar que as Leis Ordinárias são
definidas como normas gerais e abstratas resultantes da atividade típica e regular do
Poder Legislativo, enquanto os decretos consistem em atos da competência exclusiva
do Chefe do Executivo, voltados a prover situações gerais ou individuais, abstratamente
previstas, de modo expresso ou implícito, na lei.
Contudo, as Leis editadas nem sempre são passíveis de execução imediata, sendo
necessária a complementação de modo a viabilizar a efetiva aplicabilidade, atuação esta
que consiste a base do poder regulamentar.
Nesse mote, quanto ao plano de eficácia das normas, tem-se que uma lei
autoaplicável é aquela que não depende de regulamentação por outras, são aquelas de

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imediata aplicação. A lei regulamentável é aquela que depende de expedição de decreto


tendente a viabilizar sua aplicação.
Logo, é de se concluir, que a norma prevista no artigo 19 da Lei 15.464/2005 não é
autoaplicável, eis que o legislador reservou, de forma expressa, margem de
discricionariedade para que o Executivo explicitasse o que deveria ser entendido por
formação adicional relacionada com a complexidade da carreira, bem como para
regulamentar sobre a redução ou supressão do interstício necessário e acerca do
quantitativo de avaliações periódicas de desempenho individual. A lei é regulamentável,
neste caso.
Nesse compasso, advém o segundo ponto da dissidência, concernente às
exigências delineadas para a efetivação do direito à promoção a que menciona o texto
legal supra, objeto de regulamentação pelo Decreto estadual nº 44.769/2008.

II – LIMITAÇÃO DO PODER REGULAMENTAR


Da lição de José dos Santos Carvalho Filho, colhe-se que o Poder regulamentar
“é a prerrogativa conferida à Administração Pública de editar atos gerais para
complementar as leis e permitir a sua efetiva aplicação” (In Manual de Direito
Administrativo – Ed. Lumen Juris – Rio de Janeiro: 18ª ed. - p. 47).
Assim, o exercício do poder regulamentar pressupõe a existência da lei, à qual é
subordinado, sendo vedada a atuação do Executivo no sentido de inovar ou contrariá-lo,
pena de incorrer em abuso do poder, o que, de fato, restou configurado na espécie.
Vejamos:
Para o fim de regulamentar a promoção por escolaridade adicional dos Grupos de
atividades das carreiras do Poder Executivo, especificadas em seu artigo 1º, o Decreto
Estadual de nº 44.769/08, assim estabeleceu:
“Art. 2º Terá direito à promoção por escolaridade adicional o servidor
ocupante de cargo de provimento efetivo das carreiras de que trata o
art. 1º que, até 31 de dezembro de 2007, houver concluído curso que
constitua formação superior àquela exigida para o nível em que estiver
posicionado na respectiva carreira, observados os demais requisitos
estabelecidos neste regulamento.

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§ 1º Para fins de promoção por escolaridade adicional, será exigida a


conclusão de cursos de nível fundamental, médio e educação superior
em instituições devidamente credenciadas e reconhecidas, observados
os requisitos de escolaridade exigidos para promoção, nos termos das
leis a que se refere o art. 1º, devendo ser comprovada:
I - conclusão do ensino fundamental, que atenda ao disposto no art. 32
da Lei Federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e alterações
posteriores;
II - conclusão do ensino médio, que atenda ao disposto nos arts. 35 e
36 da Lei Federal nº 9.394, de 1996, e alterações posteriores;
III - conclusão do curso superior:
a) curso de graduação, oferecido nas modalidades de bacharelado,
licenciatura ou formação profissional, na forma da Lei Federal nº 9.394,
de 1996, e alterações posteriores;
b) curso sequencial por campos de saber, definido como o conjunto de
atividades sistemáticas de formação, alternativas ou complementares
aos cursos de graduação, abertos aos candidatos que atendam aos
requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino e que sejam
portadores de certificados de nível médio, observado o disposto na
Resolução Federal do Conselho Nacional de Educação - CNE/Câmara
de Educação Superior - CES Nº 1, de 3 de abril de 2001, e alterações
posteriores;
IV - conclusão de pós-graduação lato sensu, com duração mínima de
360 (trezentos e sessenta) horas, que atenda ao disposto na
Resolução Federal do Conselho Nacional de Educação - CNE/Câmara
de Educação Superior - CES Nº 1, 8 de junho de 2007, e alterações
posteriores;
V - conclusão de pós-graduação stricto sensu, compreendendo
programas de mestrado e doutorado, que atendam ao disposto na
Resolução Federal do Conselho Nacional de Educação - CNE/Câmara
de Educação Superior - CES Nº 1, de 3 de abril de 2001, e alterações
posteriores.
(...)
Art. 3º A promoção por escolaridade adicional prevista no art. 2º dar-se-
á nos seguintes termos:
I - a primeira promoção do servidor na respectiva carreira fica
antecipada para o dia 1º de janeiro de 2008 e dar-se-á com o seu
posicionamento no nível subsequente àquele em que estiver
posicionado;
II - caso o servidor apresente, para fins do disposto no inciso I, título
que comprove escolaridade superior à exigida para o nível da carreira
em que for posicionado em virtude da primeira promoção, serão
concedidas novas promoções a cada dois anos de efetivo exercício no
mesmo nível, até que o servidor seja promovido ao nível da carreira
cujo requisito de escolaridade seja equivalente ao do referido título.
§1º Serão exigidas duas avaliações de desempenho satisfatórias,
concluídas até 31 de dezembro de 2007, para a primeira promoção de

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que trata o inciso I do caput e duas avaliações de desempenho


satisfatórias para cada promoção decorrente da aplicação do inciso II
do caput, nos termos da legislação vigente e observado o disposto no §
3º.
§ 2º Para os fins do disposto neste Decreto, considera-se avaliação de
desempenho satisfatória:
I - a Avaliação Individual de Desempenho que tiver como resultado nota
igual ou superior a 70 (setenta); e
II - a Avaliação Especial de Desempenho que tiver como resultado,
registrado no Parecer Conclusivo, média somatório das notas iguais ou
superiores a 70 (setenta).
§ 3º Para os fins do disposto neste Decreto, serão considerados os
resultados obtidos pelo servidor nas últimas avaliações de desempenho
concluídas até a data prevista para a promoção por escolaridade
adicional.
§ 4º O posicionamento do servidor no nível para o qual for promovido
dar-se-á no primeiro grau cujo vencimento básico seja superior ao
percebido pelo servidor no momento da promoção.
Art. 4º A promoção por escolaridade adicional de que trata o art. 2º fica
condicionada aos seguintes requisitos:
I - conclusão do estágio probatório, com comprovação da aptidão do
servidor para o desempenho do cargo;
II - efetivo exercício do cargo;
III - avaliação de desempenho satisfatória, nos termos dos §§1º a 3º do
art. 3º e no § 2º do art. 6º;
IV - publicação de resolução conjunta do dirigente de órgão ou entidade
pertencente aos Grupos de Atividades de que trata o art. 1º com o
Secretário de Estado de Planejamento e Gestão, até 60 (sessenta) dias
após a data de publicação deste Decreto, definindo:
a) critérios e procedimentos para comprovação da escolaridade e
análise da documentação de que trata o inciso III; e
b) modalidades de cursos, bem como áreas de conhecimento e de
formação aceitas para fins de promoção por escolaridade adicional em
cada carreira, tendo em vista o disposto no art. 2º e no § 1º deste
artigo;
V - requerimento, preenchido pelo servidor, da promoção junto à
unidade de recursos humanos do órgão ou entidade de lotação do
servidor até 60 (sessenta) dias após a data de publicação da resolução
conjunta de que trata o inciso IV, mediante apresentação de
documentos que comprovem:
a) conclusão do curso até o dia 31 de dezembro de 2007, para fazer jus
à promoção por escolaridade adicional com vigência a partir de 1º de
janeiro de 2008; e
b) matrícula no curso até o dia 31 de dezembro de 2007, para fazer jus
à promoção por escolaridade adicional com vigência a partir de 30 de
junho de 2009 ou 30 de junho de 2010, nos termos do art. 6º;

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VI - encaminhamento, pelo dirigente de órgão ou entidade pertencente


aos Grupos de Atividades de que trata o art. 1º, de relatório para a
Câmara de Coordenação Geral, Planejamento, Gestão e Finanças,
contendo as seguintes informações:
a) impacto financeiro decorrente da promoção por escolaridade
adicional dos servidores lotados no respectivo órgão ou entidade; e
b) relação nominal de servidores aptos para obtenção da promoção por
escolaridade adicional no respectivo órgão ou entidade, com a
identificação, para cada servidor, do nível de escolaridade
correspondente ao título apresentado;
VII - aprovação da Câmara de Coordenação Geral, Planejamento,
Gestão e Finanças; e
VIII - formalização da promoção por escolaridade adicional, após a
aprovação da Câmara de Coordenação Geral, Planejamento, Gestão e
Finanças, por meio de ato do dirigente de órgão ou entidade
pertencente aos Grupos de Atividades de que trata o art. 1º.
§ 1º Os títulos apresentados para fins de promoção por escolaridade
adicional deverão estar relacionados com a natureza e a complexidade
das atribuições da respectiva carreira.
§ 2º O diploma ou certificado de conclusão do curso poderá ser
substituído, provisoriamente, por declaração emitida pela instituição de
ensino responsável pelo curso, constando que o candidato cumpriu
todos os requisitos para a conclusão do curso e, se for o caso, para
outorga do grau.
§ 3º Na hipótese de aplicação do disposto no § 2º, o diploma ou
certificado deverá ser apresentado à unidade setorial de recursos
humanos do órgão ou entidade de lotação do servidor no prazo máximo
de um ano após a data de apresentação da declaração da instituição
de ensino.
§ 4º Os efeitos financeiros dos atos a que se refere o inciso VIII,
decorrentes da aplicação do disposto no inciso I do caput do art. 3º,
ocorrerão a partir de 1º de janeiro de 2008.
Art. 5º A progressão e a promoção em carreira do Poder Executivo não
se acumulam quando os requisitos legais para ambas forem
completados simultaneamente, prevalecendo, neste caso, a promoção,
conforme disposto no art. 79 da Lei nº 16.192, de 23 de junho de 2006.
Art. 6º O servidor ocupante de cargo de provimento efetivo das
carreiras dos Grupos de Atividades de que trata o art. 1º que, em 31 de
dezembro de 2007, estava regularmente matriculado ou frequentando
curso que constitua formação superior àquela exigida para o nível em
que estiver posicionado na respectiva carreira, terá promoção por
escolaridade adicional após a conclusão do referido curso, nos
seguintes termos:
I - fica antecipada para 30 de junho de 2009 a primeira promoção do
servidor que comprovar, até essa data, a conclusão do curso; e
II - fica antecipada para 30 de junho de 2010 a primeira promoção do
servidor que comprovar, até essa data, a conclusão do curso.

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§ 1º Aplica-se ao servidor de que trata o caput:


I - o disposto nos §§1º a 4º do art. 2º;
II - o disposto no inciso II do caput do art. 3º, bem como nos §§ 2º a 4º
do referido artigo; e
III - o disposto no art. 4º, com exceção do § 4º.
§ 2º Será exigido o seguinte quantitativo de avaliações de desempenho
satisfatórias para as promoções de que trata o caput, nos termos da
legislação vigente:
I - três avaliações de desempenho satisfatórias, até 30 de junho de
2009, para a promoção de que trata o inciso I do caput;
II - quatro avaliações de desempenho satisfatórias, até 30 de junho de
2010, para a promoção de que trata o inciso II do caput.
§ 3 O servidor que obtiver a promoção por escolaridade adicional com
vigência a partir de 1º de janeiro de 2008, nos termos dos arts. 2º e 3º,
não terá direito à promoção de que trata o caput deste artigo.”

A Resolução Conjunta a que menciona o inciso IV do artigo 4º do Decreto supra,


refere-se ao ato normativo editado pela SEPLAG/SEF, sob o nº 6582/2008, que em seu
artigo 2º e 3º assim estabelece:
"Art. 2º Para concessão da promoção por escolaridade adicional em 1º
de janeiro de 2008, o servidor deverá atender o disposto nos arts. 1º e
5º deste regulamento, bem como preencher os seguintes requisitos:
I - ter concluído, até 31 de dezembro de 2007, curso que configure
formação superior à exigida para o nível de posicionamento na carreira;
II - possuir 2 (duas) avaliações de desempenho satisfatórias,
observando que as três etapas de avaliação especial de desempenho
realizadas durante o estágio probatório contam como uma única
avaliação.
Art. 3º Para concessão da promoção por escolaridade adicional em 30
de junho de 2009, o servidor deverá atender ao disposto nos arts. 1º e
5º deste regulamento, bem como preencher os seguintes requisitos:
I - ter se matriculado no curso de formação superior à exigida para o
nível de posicionamento na carreira até 31 de dezembro de 2007 e
concluí-lo no período entre 1º de janeiro de 2008 e 30 de junho de
2009;
II - possuir 3 (três) avaliações de desempenho satisfatórias, observando
que as três etapas de avaliação especial de desempenho realizadas
durante o estágio probatório contam como uma única avaliação.
Art. 4º Para concessão da promoção por escolaridade adicional em 30
de junho de 2010, o servidor deverá atender ao disposto nos arts. 1º e
5º deste regulamento, bem como preencher os seguintes requisitos:
I - ter se matriculado no curso de formação superior à exigida para o
nível de posicionamento na carreira até 31 de dezembro de 2007 e
concluí-lo no período entre 1º de julho de 2009 e 30 de junho de 2010;

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II - possuir 04 (quatro) avaliações de desempenho satisfatórias,


observando que as três etapas de avaliação especial de desempenho
realizadas durante o estágio probatório contam como uma única
avaliação.”

Ocorre que, ao invés de apenas regulamentar o que fora determinado pela Lei
15.464/2005, o Chefe do Executivo Estadual, estabeleceu novos critérios, extrapolando
os limites da discricionariedade que lhe fora reservada pelo legislador.
O decreto estabeleceu limitações temporais para a concessão da promoção por
formação superior, como para apresentação do requerimento administrativo, para
matrícula e conclusão no curso que configura escolaridade adicional e, ainda, para
conclusão das avaliações de desempenho, de acordo com as datas fixadas.
A alegação trazida na nota técnica acostada pelo ESTADO DE MINAS GERAIS
de que “a promoção por escolaridade adicional foi instituída com o objetivo de
reconhecer a escolaridade adquirida pelos servidores que já se encontravam nas
carreiras do Poder Executivo e foram posicionados em novas carreiras a partir do ano
de 2005” (doc. de ordem 104 – f. 10), não merece acolhida, eis que se a intenção do
legislador fosse essa, deveria ter feito constar do aludido texto legal ou relegar o tema à
discricionariedade da Administração, o que, como dito, não traduz o caso em tela.
Com efeito, a limitação temporal imposta mostra-se na contramão da intenção do
legislador que foi de facilitar o alcance da promoção pelo servidor que buscasse uma
melhor qualificação para o desempenho da atividade inerente ao cargo ocupado, seja
em razão da obtenção de formação complementar ou superior à exigida para o nível da
carreira em que estivesse posicionado, sem qualquer alusão ao aventado caráter
transitório e muito menos que ela teria por destinatários específicos aqueles que
ingressaram nas carreiras antigas.
III – EXTRAPOLAÇÃO DO PODER REGULAMENTAR - LIMITAÇÕES
TEMPORAIS
Conforme discorrido, a norma do artigo 19 da Lei Estadual 15.464/05 relegou ao
Administrador a edição de decreto com o espoco de assegurar a obtenção da promoção

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por escolaridade adicional, autorizando a redução ou mesmo a supressão dos requisitos


previstos para a promoção pela regra geral contida no artigo 16 do referido texto legal.
No entanto, na contramão da orientação ditada pelo legislador, repita-se, no
sentido de facilitar a obtenção do benefício, o Executivo estabeleceu critérios
temporários de modo a dificultar e até mesmo inviabilizar a concretização do referido
direito, trazendo delimitação desarrazoada, extrapolando, por conseguinte, os limites do
poder regulamentar.
Do texto legal acima transcrito não se verifica menção a termo para conclusão do
curso que constitua formação superior à exigida para o nível em que o servidor se
encontre posicionado na carreira, o que retrata a ilegalidade na fixação da data de
31/12/2007 para este fim, conforme caput do artigo 2º do Decreto regulamentador.
O mesmo se diga com relação ao prazo limite para matrícula nos cursos,
conforme disposto nas alíneas “a” e “b” do inciso V, do artigo 4º e no artigo 6º, I, e II, do
Decreto em debate.
A inclusão desse critério temporal, além de vulnerar o princípio da legalidade,
importa ofensa aos princípios da isonomia e igualdade, vez que cria distinções entre os
servidores estaduais, reconhecendo para uns a possibilidade de obtenção da promoção,
enquanto os demais são alijados do recebimento do benefício laboral.
Importante ainda registrar a falta de razoabilidade quanto ao prazo de apenas 60
dias contados da publicação da resolução, para apresentação do requerimento na via
administrativa, sob pena de indeferimento.
IV – OMISSÃO NO EXERCÍCIO DO PODER REGULAMENTAR
A leitura do artigo 19 da Lei Estadual nº 15.464/05 não deixa margem de dúvida
que o legislador previu duas modalidades distintas de promoção por escolaridade
adicional, a saber: uma para o caso de formação complementar e outra para o caso de
formação superior à exigida para o nível em que o servidor estiver posicionado.
Aludidas modalidades de promoção, fora da regra geral ditada pelo artigo 16 da
Lei mencionada, foram criadas com a finalidade de incentivar os servidores a buscarem
a melhoria de sua qualificação técnica voltada para o desempenho das funções

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relacionadas a esse cargo, em beneficio direto do ente público em virtude da efetivação


do princípio constitucional da eficiência.
Contudo, a Administração não explicitou o que deveria ser entendido por curso de
formação complementar, regulando tão somente o direito à promoção em virtude da
conclusão de curso superior ao exigido para o nível em que o servidor estiver
posicionado (artigo 2º, caput e artigo 6º, “caput”).
Há, portanto, dissenso no âmbito desse Sodalício envolvendo a referida omissão
no exercício do poder regulamentar, diante da qual alguns julgados deste Tribunal têm
considerado para este fim a conclusão de outro curso de graduação pelo servidor, na
área de sua atuação.
Não me parece razoável reconhecer a conclusão de nova graduação para fins de
complementação da formação superior já exigida para o ingresso na carreira.
Entretanto, sendo o termo “formação complementar” demasiadamente aberto,
obviamente que não seria inviável que ele se reportasse à conclusão de novo curso de
graduação, relacionado à área de atividade do servidor, se assim a Administração
Pública, segundo sua conveniência, tivesse regulamentado.
No entanto, como dito, isso não ocorreu, de modo que, não cabe ao Poder
Judiciário se imiscuir nessa função, sob pena de invadir seara de atuação exclusiva do
Executivo, vulnerando, por conseguinte, o princípio da separação dos Poderes,
consagrado pelo artigo 2º da CR/88:
“Art. 2º: São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.”

Não é ocioso anotar que a jurisprudência desta Casa tem trilhado o entendimento
de que a omissão do Poder Público em promover a regulamentação do direito, no prazo
legal, autoriza aos destinatários da lei a invocação dos seus preceitos para auferirem os
direitos dela decorrentes, desde que a concessão desses direitos possa ocorrer sem a
edição do Decreto regulamentar, o que, como dito, não traduz o caso em análise, haja
vista não ter havido a necessária definição do que corresponderia a formação
complementar para fins de autorizar a promoção por escolaridade adicional.

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IRDR - Cv Nº 1.0000.16.049047-0/001

Uma coisa é assegurar o direito ao administrado em virtude da inércia da


Administração quanto à implementação de um ato especificado em lei, outra, muito
diversa, é promover a interpretação de um termo aberto constante do texto legal e,
justamente por isso, a ser definido “nos termos do decreto”, situação em que o Poder
Judiciário não pode atuar em substituição ao Chefe do Executivo.
Destarte, ausente regulamentação do artigo 19 da Lei 15.454/2005 no que tange
à definição de “formação complementar”, tem-se por configurada a ineficácia do texto
legal quanto à referida modalidade de promoção por escolaridade adicional, situação em
que é vedado ao Poder Judiciário promover a interpretação, a fim de viabilizar a
concretização do direito.
V – OUTRAS QUESTÕES ADUZIDAS PELO SINFFAZFISCO “AMICUS
CURIAE”.
Não assiste razão ao SINFFAZFISCO - Sindicato dos Servidores da Tributação,
Fiscalização e Arrecadação do Estado de Minas Gerais, habilitado como “amicus curiae”
neste incidente, quando afirma, em sua petição acostada sob nº de ordem 41, que a
regulamentação estadual criou requisitos meritórios para a concessão da promoção por
escolaridade adicional, que não constavam na lei e que também incorreu em inovação
ao exigir a conclusão do estágio probatório para fins de concessão da promoção por
escolaridade adicional.
Sobre a impossibilidade de conceder a promoção ao servidor ainda em estágio
probatório, o artigo 18 da Lei 15.464/2005, é taxativo ao consignar que:
“Art. 18 – A contagem do prazo para fins da primeira promoção e da
segunda progressão terá início após a conclusão do estágio probatório,
desde que o servidor tenha sido aprovado.” – grifei.

Decerto que a interpretação do artigo 19 da Lei 15.464/2005 não pode ser feita de
forma dissociada do seu artigo 16, regra geral que, além de conceituar o referido
instituto, estabelece os requisitos inerentes à promoção, os quais foram parcialmente
relegados à regulamentação via decreto, para os casos de escolaridade adicional, muito
menos do artigo 18, acima transcrito, que condiciona à concessão da primeira promoção
do servidor à conclusão do estágio probatório.

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Diversamente do entendimento defendido, não se cogita a possibilidade de


conceder a promoção por escolaridade adicional ao servidor, ainda não estável, e que
não comprove o atendimento dos requisitos ditados pelo artigo 16 da Lei 15.464/2005,
parcialmente reduzidos, conforme autorização legislativa, no tocante ao interstício
necessário e ao quantitativo de avaliações periódicas de desempenho individual.
Segundo a regra geral (inciso I), a promoção está condicionada à permanência do
servidor no mesmo nível por cinco anos, o que, sendo, pois, inconteste a impossibilidade
de outorga àqueles que ainda se encontram em estágio probatório, cujo lapso temporal
corresponde a 03 anos contados do ingresso na carreira.
Ainda, em observância à regra geral (inciso II) há, ainda, exigência de que o
servidor, estável, tenha recebido cinco avaliações periódicas de desempenho individual
satisfatórias, desde a sua promoção anterior.
Constando do texto legal a exigência de cinco avaliações de desempenho
necessárias para a promoção na carreira e estabelecendo que referido número pode ser
suprimido ou reduzido no caso de concessão de promoção por escolaridade adicional,
não extrapola o poder regulamentar o Decreto que fixa uma quantidade inferior de
avaliações favoráveis a serem apresentadas para que o servidor possa obter a mudança
de nível na carreira.
Vale anotar que se a finalidade da promoção por escolaridade adicional é
propiciar o alcance da eficiência no serviço público, evidente que a concessão do
benefício não pode ser feita a partir da mera apresentação do certificado alusivo à
conclusão de curso superior ou de aperfeiçoamento, devendo a Administração avaliar os
resultados para a atividade desempenhada pelo servidor, pena de desvirtuar a lei.
Por derradeiro, na esteira da alegação lançada da Tribuna pelo i. Procurador do
Estado, Dr. Valmir Peixoto Costa, a promoção somente poderá ser concedida após a
verificação do impacto financeiro e aprovação pela Câmara de Coordenação Geral,
Planejamento, Gestão e Finanças (Art. 19, da Lei Estadual nº 15.464/2005 e Art. 4º,
incisos VI e VII, do Decreto nº 44.769/2008), tema este afeto ao mérito administrativo,
insuscetível, portanto, de incursão pelo Judiciário.
VI. DISPOSITIVO

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Ante o exposto, ACOLHO O INCIDENTE e, para os efeitos do art. 985 do Código


de Processo Civil e observados os limites estabelecidos na decisão de admissibilidade,
fixo, mediante tópicos, a seguinte tese jurídica:
I. A norma prevista no artigo 19 da Lei 15.464/2005 não é
autoaplicável, eis que o legislador reservou, de forma expressa,
margem de discricionariedade para que o Poder Executivo
explicite a formação adicional relacionada com a complexidade da
carreira, e para que regulamente sobre a redução ou supressão
do interstício necessário e do quantitativo de avaliações
periódicas de desempenho individual;
II. O Decreto nº 44.769/08 ao estabelecer limitações temporais, não
elencadas no artigo 19 da Lei Estadual nº 15.464/05, para
concessão da promoção por escolaridade adicional, extrapolou os
limites do poder regulamentador, ferindo os princípios
constitucionais da legalidade e isonomia;
III.Ausente regulamentação do artigo 19 da Lei 15.454/2005 no que
tange à definição de “formação complementar” é incabível ao
Poder Judiciário interpretar o referido termo, de modo a viabilizar a
implementação da referida modalidade de promoção por
escolaridade adicional;
IV.A promoção por escolaridade adicional, por formação
complementar ou superior àquela exigida pelo nível em que o
servidor estiver posicionado, relacionada com a natureza e a
complexidade da respectiva carreira, depende do atendimento dos
requisitos delineados no artigo 4º do Decreto nº 44.769/08,
excluindo-se, contudo, as limitações temporais mencionadas no
caput do artigo 2º; no inciso I e §1º do artigo 3º; nas alíneas “a” e
“b” do inciso V, do artigo 4º e, ainda, no artigo 6º, incisos I, e II, do
referido ato normativo.

DES. CARLOS LEVENHAGEN - De acordo com o(a) Relator(a).

DESA. SANDRA FONSECA

Tendo em vista que não participei do início do julgamento realizado na última


sessão, presente o quórum legal, abstenho-me de votar, nos termos do inciso I, do
parágrafo 2 º, do art. 107, do RITJMG.

DES. RENATO DRESCH

Ao instituir as carreiras do Grupo de Atividades de Tributação, Fiscalização e


Arrecadação do Poder Executivo e as carreiras de Técnico Fazendário de Administração

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e Finanças e de Analista Fazendário de Administração e Finanças, dentre outras


providências, a Lei Estadual nº 15.464/05, definiu, em seu art. 15 e 16, os institutos da
progressão e da promoção, respectivamente, além de estabelecer os requisitos para
alcançá-los.
Entretanto, quanto à promoção por escolaridade, a referida lei estadual não
estabeleceu os requisitos necessários sua concessão, ficando estabelecida a
necessidade de regulamentação por meio de Decreto, nos seguintes termos:
Art. 19 - Poderá haver progressão ou promoção por escolaridade
adicional, nos termos de decreto, aplicando-se o fator de redução ou
supressão do interstício necessário e do quantitativo de avaliações
periódicas de desempenho individual satisfatórias para fins de
progressão ou promoção, na hipótese de formação complementar ou
superior àquela exigida pelo nível em que o servidor estiver
posicionado, relacionada com a natureza e a complexidade da
respectiva carreira.

Parágrafo único - Os títulos apresentados para aplicação do disposto


no ”caput” deste artigo poderão ser utilizados uma única vez, sendo
vedado seu aproveitamento para fins de concessão de qualquer
vantagem pecuniária, salvo para a concessão do Adicional de
Desempenho - ADE - para os servidores das carreiras de Técnico
Fazendário de Administração e Finanças e de Analista Fazendário de
Administração e Finanças.

Para regulamentar a legislação estadual de regência, foi editado o Decreto


44.769/08 que, em conjunto com a Resolução SEPLAG/SEF nº 6.582/08, estabeleceu
marco temporal para a conclusão das avaliações de desempenho, para matrícula no
curso e para submissão do requerimento administrativo, de forma que o Poder Executivo
criou entrave temporal não previsto em lei.
A adoção dos critérios temporais previstos no Decreto 44.769/08 e na Resolução
Conjunta SEPLAG/SEF nº 6.582/2008 ofende aos princípios da isonomia e igualdade,
vez que tais critérios criam distinções entre os servidores estaduais ao restringirem a
determinado grupo de servidores o benefício garantido por lei.
Não é razoável exigir dos servidores estaduais que a matrícula no curso de
especialização profissional, que lhes garanta a escolaridade adicional, tenha se dado até
o dia 31/12/2007.

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Além disso, como bem salientado pelo Relator, no que tange à promoção por
escolaridade em razão de formação complementar, a Lei Estadual nº 15.464/05 e o
Decreto regulamentador são omissos quanto à sua definição, não havendo, portanto,
como conceder aos servidores públicos a discutida promoção, senão, apenas, por
formação superior àquela exigida pelo nível em que estiver posicionado.
Assim, diante de tais considerações, acompanho o Relator, para firmar a tese
jurídica de que a Lei Estadual nº 15.464/05 não é autoaplicável no que tange à
promoção por escolaridade, sendo necessário à concessão do benefício o
preenchimento dos requisitos elencados no Decreto nº 44.769/08, com exceção
das limitações temporais mencionadas no caput do artigo 2º; no inciso I e §1º do
artigo 3º; nas alíneas “a” e “b” do inciso V, do artigo 4º e, ainda, no artigo 6º, incisos I, e
II, do referido ato normativo e, ainda, afastar a possibilidade de concessão de
promoção por escolaridade em razão de formação complementar, ante a ausência
de regulamentação da referida modalidade.

É como voto.

DESA. ALICE BIRCHAL

Sr. Presidente, da atenta leitura do profundo voto condutor, do Desembargador


Afrânio Vilela, e dos demais elaborados votos declaratórios dos eminentes membros
desta 1ª Câmara Cível, e do processado neste IRDR, diante da controvertidas soluções
deste TJMG, sou pelo acolhimento do IRDR - Cv Nº 1.0000.16.049047-0/001 para
fixação da tese jurídica, nos moldes postos pelo douto Relator, que peço vênia para
transcrever:
V. A norma prevista no artigo 19 da Lei 15.464/2005 não é
autoaplicável, eis que o legislador reservou, de forma expressa,
margem de discricionariedade para que o Poder Executivo explicite
a formação adicional relacionada com a complexidade da carreira, e
para que regulamente sobre a redução ou supressão do interstício
necessário e do quantitativo de avaliações periódicas de
desempenho individual;

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IRDR - Cv Nº 1.0000.16.049047-0/001

VI. O Decreto nº 44.769/08 ao estabelecer limitações temporais, não


elencadas no artigo 19 da Lei Estadual nº 15.464/05, para
concessão da promoção por escolaridade adicional, extrapolou os
limites do poder regulamentador, ferindo os princípios
constitucionais da legalidade e isonomia;
VII.Ausente regulamentação do artigo 19 da Lei 15.454/2005 no que
tange à definição de “formação complementar” é incabível ao Poder
Judiciário interpretar o referido termo, de modo a viabilizar a
implementação da referida modalidade de promoção por
escolaridade adicional;
VIII.A promoção por escolaridade adicional, por formação
complementar ou superior àquela exigida pelo nível em que o
servidor estiver posicionado, relacionada com a natureza e a
complexidade da respectiva carreira, depende do atendimento dos
requisitos delineados no artigo 4º do Decreto nº 44.769/08,
excluindo-se, contudo, as limitações temporais mencionadas no
caput do artigo 2º; no inciso I e §1º do artigo 3º; nas alíneas “a” e
“b” do inciso V, do artigo 4º e, ainda, no artigo 6º, incisos I, e II, do
referido ato normativo.

É como voto.

DESA. TERESA CRISTINA DA CUNHA PEIXOTO

Passando a análise da tese a ser firmada no presente IRDR, destaco que


dispõem os artigos 16 e 19 da Lei Estadual nº. 15.464/05 (Institui as carreiras do Grupo
de Atividades de Tributação, Fiscalização e Arrecadação do Poder Executivo e as
carreiras de técnico fazendário de administração e finanças e de analista fazendário de
administração e finanças), na redação dada pela Lei Estadual nº. 16.190/2006:

Art. 16 - Promoção é a passagem do servidor do nível em que se


encontra para o nível subseqüente, na carreira a que pertence.
§ 1º - Fará jus à promoção o servidor que preencher os seguintes
requisitos:
I - encontrar-se em efetivo exercício;
II - ter cumprido o interstício de cinco anos de efetivo exercício no
mesmo nível;
III - ter recebido cinco avaliações periódicas de desempenho individual
satisfatórias desde a sua promoção anterior, nos termos das normas
legais pertinentes;

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IV - comprovar a escolaridade mínima exigida para o nível ao qual


pretende ser promovido;
V - (Revogado pelo art. 29 da Lei nº 16.190, de 22/6/2006.)

Art. 19. Haverá progressão ou promoção por escolaridade adicional,


nos termos de decreto, após aprovação da Câmara de Coordenação
Geral, Planejamento, Gestão e Finanças, aplicando-se fator de redução
ou supressão do interstício de tempo e do quantitativo de avaliações
periódicas de desempenho individual satisfatórias necessários para fins
de progressão ou promoção, na hipótese de formação complementar
ou superior àquela exigida para o nível em que o servidor estiver
posicionado, relacionada com a natureza e a complexidade da
respectiva carreira. (Caput com redação dada pelo art. 20 da Lei nº
16.190, de 22/6/2006.)
Parágrafo único - Os títulos apresentados para aplicação do disposto
no “caput” deste artigo poderão ser utilizados uma única vez, sendo
vedado seu aproveitamento para fins de concessão de qualquer
vantagem pecuniária, salvo para a concessão do Adicional de
Desempenho - ADE - para os servidores das carreiras de Técnico
Fazendário de Administração e Finanças e de Analista Fazendário de
Administração e Finanças.

Conforme se vê, o diploma legal em questão condiciona a promoção dos


servidores que elenca a comprovação do preenchimento simultâneo dos seguintes
requisitos: encontrar-se em efetivo exercício, já tendo cumprido cinco anos no mesmo
nível; recebimento de cinco avaliações periódicas de desempenho individual
satisfatórias; possuir escolaridade mínima exigida para o nível visado.

Ocorre que o referido dispositivo foi regulamentado pelo Decreto Estadual nº.
44.769/2008, cujos artigos 1º, 2º, 3º e 6º dispõem:

Art. 1º Este Decreto dispõe sobre a promoção por escolaridade adicional do


servidor ocupante de cargo de provimento efetivo das seguintes carreiras do
Poder Executivo:
V - carreiras de Técnico Fazendário de Administração e Finanças, de Analista
Fazendário de Administração e Finanças e do Grupo de Atividades de
Tributação, Fiscalização e Arrecadação, conforme previsto no art. 19 da Lei nº
15.464, de 13 de janeiro de 2005;

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Art. 2º Terá direito à promoção por escolaridade adicional o servidor ocupante


de cargo de provimento efetivo das carreiras de que trata o art. 1º que, até 31
de dezembro de 2007, houver concluído curso que constitua formação
superior àquela exigida para o nível em que estiver posicionado na respectiva
carreira, observados os demais requisitos estabelecidos neste regulamento.
§ 1º Para fins de promoção por escolaridade adicional, será exigida a
conclusão de cursos de nível fundamental, médio e educação superior em
instituições devidamente credenciadas e reconhecidas, observados os
requisitos de escolaridade exigidos para promoção, nos termos das leis a que
se refere o art. 1º, devendo ser comprovada:
(...) III - conclusão do curso superior:
a) curso de graduação, oferecido nas modalidades de bacharelado,
licenciatura ou formação profissional, na forma da Lei Federal nº 9.394, de
1996, e alterações posteriores;
(...) § 3º Poderá ser utilizado, para fins de comprovação de formação em nível
superior, diploma de graduação decorrente da conclusão de curso superior de
tecnologia, observado o disposto na alínea "a" do inciso III do § 1º.
Art. 3º A promoção por escolaridade adicional prevista no art. 2º dar-se-á nos
seguintes termos:
(...) § 1º Serão exigidas duas avaliações de desempenho satisfatórias,
concluídas até 31 de dezembro de 2007, para a primeira promoção de que
trata o inciso I do caput e quatro avaliações de desempenho satisfatórias para
cada promoção decorrente da aplicação do inciso II do caput, nos termos da
legislação vigente e observado o disposto no § 3º.
§ 2º Para os fins do disposto neste Decreto, considera-se avaliação de
desempenho satisfatória:
I - a Avaliação Individual de Desempenho que tiver como resultado nota igual
ou superior a 70 (setenta); e
II - a Avaliação Especial de Desempenho que tiver como resultado, registrado
no Parecer Conclusivo, média somatório das notas iguais ou superiores a 70
(setenta).
§ 3º Para os fins do disposto neste Decreto, serão considerados os resultados
obtidos pelo servidor nas últimas avaliações de desempenho concluídas até a
data prevista para a promoção por escolaridade adicional.
§ 4º O posicionamento do servidor no nível para o qual for promovido dar-se-á
no primeiro grau cujo vencimento básico seja superior ao percebido pelo
servidor no momento da promoção.

Art. 4º A promoção por escolaridade adicional de que trata o art. 2º fica


condicionada aos seguintes requisitos:
I - conclusão do estágio probatório, com comprovação da aptidão do servidor
para o desempenho do cargo;
II - efetivo exercício do cargo;

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III - avaliação de desempenho satisfatória, nos termos dos §§1º a 3º do art. 3º


e no § 2º do art. 6º;
IV - publicação de resolução conjunta do dirigente de órgão ou entidade
pertencente aos Grupos de Atividades de que trata o art. 1º com o Secretário
de Estado de Planejamento e Gestão, até 60 (sessenta) dias após a data de
publicação deste Decreto, definindo:
a) critérios e procedimentos para comprovação da escolaridade e análise da
documentação de que trata o inciso III; e
b) modalidades de cursos, bem como áreas de conhecimento e de formação
aceitas para fins de promoção por escolaridade adicional em cada carreira,
tendo em vista o disposto no art. 2º e no § 1º deste artigo;
V - requerimento, preenchido pelo servidor, da promoção junto à unidade de
recursos humanos do órgão ou entidade de lotação do servidor até 60
(sessenta) dias após a data de publicação da resolução conjunta de que trata
o inciso IV, mediante apresentação de documentos que comprovem:
a) conclusão do curso até o dia 31 de dezembro de 2007, para fazer jus à
promoção por escolaridade adicional com vigência a partir de 1º de janeiro de
2008; e
b) matrícula no curso até o dia 31 de dezembro de 2007, para fazer jus à
promoção por escolaridade adicional com vigência a partir de 30 de junho de
2009 ou 30 de junho de 2010, nos termos do art. 6º;
VI - encaminhamento, pelo dirigente de órgão ou entidade pertencente aos
Grupos de Atividades de que trata o art. 1º, de relatório para a Câmara de
Coordenação Geral, Planejamento, Gestão e Finanças, contendo as seguintes
informações:
a) impacto financeiro decorrente da promoção por escolaridade adicional dos
servidores lotados no respectivo órgão ou entidade; e
b) relação nominal de servidores aptos para obtenção da promoção por
escolaridade adicional no respectivo órgão ou entidade, com a identificação,
para cada servidor, do nível de escolaridade correspondente ao título
apresentado;
VII - aprovação da Câmara de Coordenação Geral, Planejamento, Gestão e
Finanças; e
VIII - formalização da promoção por escolaridade adicional, após a aprovação
da Câmara de Coordenação Geral, Planejamento, Gestão e Finanças, por
meio de ato do dirigente de órgão ou entidade pertencente aos Grupos de
Atividades de que trata o art. 1º.
§ 1º Os títulos apresentados para fins de promoção por escolaridade adicional
deverão estar relacionados com a natureza e a complexidade das atribuições
da respectiva carreira.
§ 2º O diploma ou certificado de conclusão do curso poderá ser substituído,
provisoriamente, por declaração emitida pela instituição de ensino responsável
pelo curso, constando que o candidato cumpriu todos os requisitos para a
conclusão do curso e, se for o caso, para outorga do grau.

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§ 3º Na hipótese de aplicação do disposto no § 2º , o diploma ou certificado


deverá ser apresentado à unidade setorial de recursos humanos do órgão ou
entidade de lotação do servidor no prazo máximo de um ano após a data de
apresentação da declaração da instituição de ensino.
§ 4º Os efeitos financeiros dos atos a que se refere o inciso VIII, decorrentes
da aplicação do disposto no inciso I do caput do art. 3º, ocorrerão a partir de 1º
de janeiro de 2008.
Art. 6º O servidor ocupante de cargo de provimento efetivo das carreiras dos
Grupos de Atividades de que trata o art. 1º que, em 31 de dezembro de 2007,
estava regularmente matriculado ou frequentando curso que constitua
formação superior àquela exigida para o nível em que estiver posicionado na
respectiva carreira, terá promoção por escolaridade adicional após a
conclusão do referido curso, nos seguintes termos:
I - fica antecipada para 30 de junho de 2009 a primeira promoção do servidor
que comprovar, até essa data, a conclusão do curso; e
II - fica antecipada para 30 de junho de 2010 a primeira promoção do servidor
que comprovar, até essa data, a conclusão do curso.
§ 1º Aplica-se ao servidor de que trata o caput:
I - o disposto nos §§1º a 4º do art. 2º;
II - o disposto no inciso II do caput deste artigo e nos §§2º a 4º do art. 3º;e
III - o disposto no art. 4º, com exceção do § 4º.
§ 2º Será exigido o seguinte quantitativo de avaliações de desempenho
satisfatórias para as promoções de que trata o caput, nos termos da legislação
vigente:
I - três avaliações de desempenho satisfatórias, até 30 de junho de 2009, para
a promoção de que trata o inciso I do caput;
II - quatro avaliações de desempenho satisfatórias, até 30 de junho de 2010,
para a promoção de que trata o inciso II do caput.
§ 3 O servidor que obtiver a promoção por escolaridade adicional com
vigência a partir de 1º de janeiro de 2008, nos termos dos arts. 2º e 3º, não
terá direito à promoção de que trata o caput deste artigo.

Da leitura do texto normativo transcrito depreende-se que, nos termos do


Decreto Estadual nº. 44.769/2008, a promoção por escolaridade adicional constitui
direito do servidor efetivo pertencente à carreira determinada que, até 31/12/2007, haja
concluído, esteja regularmente matriculado ou frequentando curso superior (graduação
oferecida nas modalidades de bacharelado, licenciatura ou formação profissional) que se
relacione com a natureza e a complexidade de suas atribuições funcionais e que seja
ministrado por instituições devidamente credenciadas e reconhecidas.

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Percebe-se, ainda, que o citado decreto condicionou o deferimento do benefício


ao preenchimento de alguns outros requisitos, a saber: 1) obtenção de avaliações de
desempenho satisfatórias, assim entendidas aquelas que, de natureza individual e
especial, tiverem como resultado nota igual ou superior a 70 (setenta); 2) aprovação no
estágio probatório; 3) efetivo exercício do cargo; 4) publicação de resolução pelo órgão
competente que defina os critérios e procedimentos para comprovação da escolaridade
e análise da documentação, modalidades de curso, bem como área de conhecimento e
de formação aceitas; 5) formulação de requerimento do benefício pelo servidor junto à
unidade de recursos humanos, mediante apresentação dos documentos comprobatórios;
6) elaboração de relatório pelo órgão público competente acerca do impacto financeiro
da vantagem remuneratória, contendo a lista dos servidores contemplados; 7)
aprovação da Câmara de Coordenação Geral, Planejamento, Gestão e Finanças; e 8)
formalização da promoção por escolaridade adicional por meio de ato do dirigente do
órgão/entidade respectivo (a).

Ocorre que, ao estabelecer requisitos diversos daqueles previstos na Lei Estadual


nº. 15.464/05 para fins de obtenção do benefício em apreço, o Decreto nº. 44.769/08
acabou por exceder o simples poder regulamentar, inovando no mundo jurídico, em
clara ilegalidade.

A respeito do tema, colaciono importante lição de Kildare Carvalho:

Os decretos e os regulamentos deverão subordinar-se sempre à lei,


pois é nele que se encontram seu fundamento de validade. Não podem
ainda inovar o Direito, nem introduzir modificações na ordem jurídica
(CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional. 17.ed. Belo
Horizonte: Del Rey, 2011, p. 1.093)

Igualmente oportuna a lição de José Afonso da Silva:

Chama-se, com efeito, "regulamento" o decreto que consigna um


conjunto ordenado de normas destinadas à melhor execução da lei, ou
ao melhor exercício de uma atribuição ou faculdade consagrada
expressamente na Constituição", acrescentando mais adiante em sua

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obra que "O poder regulamentar não é poder legislativo, por


conseguinte não pode criar normatividade que inove a ordem jurídica.
(SILVA, José Afonso da. Comentário contextual à Constituição. 7.ed.
São Paulo: Malheiros, 2010, p. 490)

A propósito, já se manifestou o Órgão Especial deste eg. Tribunal de Justiça:

EMENTA: ADMINISTRATIVO - MANDADO DE SEGURANÇA -


SERVIDOR PÚBLICO - AUDITORES FISCAIS DA RECEITA
ESTADUAL - PROMOÇÃO POR ESCOLARIDADE ADICIONAL -
PREVISÃO EXPRESSA NA LEI Nº 15.464/05 - REGULAMENTAÇÃO
DO BENEFÍCIO PROMOVIDA ATRAVÉS DA EXPEDIÇÃO DO
DECRETO Nº 44.769/08 E DA RESOLUÇÃO Nº 6.582/08 - EXIGÊNCIA
DE MATRÍCULA PRÉVIA EM CURSO TÉCNICO DE
APERFEIÇOAMENTO PARA QUE O SERVIDOR FAÇA JUS AO
BENEFÍCIO SALARIAL PRETENDIDO - ADOÇÃO DE CRITÉRIOS
REGULAMENTARES QUE FEREM OS PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS DA LEGALIDADE, ISONOMIA E
RAZOABILIDADE - CONCESSÃO DA SEGURANÇA POSTULADA.
– Da exegese do art. 19 da Lei nº. 15.464/05, do Decreto nº. 44.769/08
e da Resolução nº. 6.582/08, percebe-se, claramente, que estes dois
últimos estão criando obstáculos inexistentes na lei antes mencionada
para que os servidores estaduais possam se inscrever para a obtenção
da promoção anunciada.
- De fato, a adoção do critério estipulado no artigo 4º, inciso V, alínea
"b" do discutido Decreto cria distinções entre os servidores estaduais,
uma vez que reconhece a apenas os servidores que estejam
matriculados até a data de 31/12/2007 a possibilidade de obtenção de
um benefício laboral, caso sejam cumpridos os demais requisitos então
exigidos.
- De tal forma, é de todo inconcebível que o Estado de Minas Gerais
crie imotivados e, até mesmo desarrazoados, obstáculos jurídicos que
autorizem que apenas determinado grupo de servidores obtenha a
promoção por escolaridade adicional. (TJMG, Órgão Especial, MS nº.
1.0000.08.480042-4/000, rel. Des. Edivaldo George Dos Santos, p. em
02/10/2009).

MANDADO DE SEGURANÇA - SERVIDOR PÚBLICO - PROMOÇÃO


POR ESCOLARIDADE ADICIONAL - ATOS NORMATIVOS DE
REGULAMENTAÇÃO - RESTRIÇÃO AO DIREITO -ILEGALIDADE -
VIOLAÇÃO ISONOMIA E RAZOABILIDADE - DIREITO LÍQUIDO E
CERTO - ORDEM CONCEDIDA.
- A norma regulamentadora de lei não tem o condão de alterar ou
restringir dispositivos desta; o Decreto nº 44.769/08 e a Resolução

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Conjunta SEPLAG/SEF 6.582/08 extrapolaram seus limites, ao prever


uma restrição ao direito previsto na Lei Estadual nº 15.464/05, ferindo
os princípios constitucionais da legalidade, isonomia e razoabilidade.
(TJMG, Órgão Especial, MS nº. 1.0000.09.509710-1/000, rel. Des.
Alvim Soares, j. em 26/05/2010).

Neste aspecto, com bem colocado pelo digno Desembargador Relator, os limites
temporais estabelecidos no Decreto extrapolaram o seu poder regulador, gerando,
ademais, a possibilidade de desigualdade nas carreiras dos servidores e, por isso, não
deve ser considerado.
Nesse sentido, é o posicionamento da 8º Câmara deste Tribunal, que represento
neste Órgão Fracionário:

EMENTA: REMESSA NECESSÁRIA - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO


ORDINÁRIA - SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL DA HEMOMINAS -
PROMOÇÃO POR ESCOLARIDADE ADICIONAL - LEI N. 15.462/05 -
DECRETO REGULAMENTADOR N. 44.308/2006 - CRIAÇÃO DE
REQUISITOS TEMPORAIS PARA PROMOÇÃO ANTECIPADA -
ILEGALIDADE - REQUISITOS DOS ARTS. 19 E 20 DA LEI N.
15.462/2005 - CUMPRIMENTO - PROCEDÊNCIA DO PEDIDO -
JULGAMENTO ESTENDIDO - PARCIAL DIVERGÊNCIA - SENTENÇA
ILÍQUIDA - HONORÁRIOS RECURSAIS - FIXAÇÃO - NECESSIDADE -
POSICIONAMENTO MAJORITÁRIO NESTA CÂMARA CONFORME
JULGAMENTO ESTENDIDO NA APELAÇÃO 1.0702.15.042853-1/001
- ART. 85,§11º, CPC - CONSECTÁRIOS LEGAIS - RE 870.947 -
ADEQUAÇÃO. Nos termos da Lei estadual n. 15.462/2005 que instituiu
as carreiras do grupo de atividades de saúde do Poder Executivo, a
promoção na carreira do servidor poderá ocorrer por escolaridade
adicional, conforme o preenchimento dos requisitos elencados na
própria Lei e no Decreto regulamentador n. 44.308/2006. Todavia, o
Decreto n. 44.308/2006 extrapolou seu poder regulamentar ao criar
critérios temporais não previstos na Lei regulamentadora, sendo, por tal
motivo, ilegal e não aplicável ao caso a progressão por escolaridade
antecipada. Para ter direito à promoção por escolaridade adicional,
deve o servidor, nos termos da Lei Estadual n. 15.462/2005, comprovar
o cumprimento do estágio probatório e o interstício do prazo de cinco
anos de efetivo exercício no mesmo nível, bem como a graduação
exigida para o nível superior e cinco avaliações periódicas de
desempenho satisfatórias. Ainda que se trate de sentença ilíquida, isso
não obsta que sejam fixados honorários recursais, eis que o trabalho do
advogado em 2ª instância deve ser recompensado. Tal posicionamento
é majoritário nesta Câmara e já foi defendido por reiteradas vezes, a
citar o julgamento estendido da Apelação Cível nº 1.0702.15.042853-

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1/001. Para fins de atualização monetária, remuneração do capital e


compensação da mora, hav erá a incidência uma única vez, até o
efetivo pagamento, do IPCA-E e juros aplicados à caderneta de
poupança, nos termos da nova redação do art. 1º-F da Lei 9.494/97
dada pela Lei 11.960/09 e do entendimento firmado no RE 870.947.

v.v.
SENTENÇA ILÍQUIDA - FIXAÇÃO DOS HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS QUANDO LIQUIDADO O JULGADO. Segundo o
parágrafo 4º do art.85, os percentuais previstos nos seus incisos I a V
do §3º devem ser aplicados desde logo, quando líquida a sentença
(§4º, I) e, no caso de não ser líquida, a definição do percentual ocorrerá
quando liquidado o julgado (§4º, II). (TJMG - Ap Cível/Rem Necessária
1.0024.14.250984-3/001, Relator(a): Des.(a) Ângela de Lourdes
Rodrigues , 8ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 06/03/2018, publicação
da súmula em 14/05/2018)

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO ADMINISTRATIVO.


SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. IMA. FISCAL AGROPECUÁRIO.
PROMOÇÃO POR ESCOLARIDADE ADICIONAL. LEI Nº 15.303/04.
DECRETO Nº 44.769/08 E RESOLUÇÃO CONJUNTA Nº 6.569/08.
EXTRAPOLAÇÃO DO PODER REGULAMENTAR. VEDAÇÃO DE
INOVAÇÃO NA ORDEM JURIDICA. REQUISITOS PREVISTOS NA LEI
NÃO COMPROVADOS. ÔNUS DOS AUTORES. IMPROCEDÊNCIA.

Na edição de atos normativos regulamentadores, é vedado ao Poder


Público extrapolar os limites das normas legais regulamentadas, sendo
incabível a criação de situações não previstas na norma, com a
finalidade de restringir direitos.

O Decreto n. 44.769/08 não pode ser tido como legal ao prever


obstáculo temporal para a concessão da promoção por escolaridade
adicional, não existente na lei, no que lhe seguiu a Resolução Conjunta
n. 6.569/08.

Verificando-se que os servidores públicos não comprovaram atender


aos demais requisitos previstos na Lei nº 15.303/04 e no Decreto nº
44.769/08, ônus que lhes competia, deve ser reformada a sentença,
julgando-se improcedentes os pedidos.

Recursos conhecidos, com provimento do primeiro, e segundo apelo


julgado prejudicado. (TJMG - Apelação Cível 1.0024.14.227872-
0/001, Relator(a): Des.(a) Gilson Soares Lemes , 8ª CÂMARA CÍVEL,
julgamento em 07/12/2017, publicação da súmula em 23/01/2018)

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EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO - NÃO CONHECIMENTO -


APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO ORDINÁRIA - SERVIDORA DO IGTEC -
GRUPO DE ATIVIDADES DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PODER
EXECUTIVO - PROMOÇÃO POR ESCOLARIDADE ADICIONAL - LEI
Nº 15.466/2005 - DECRETO Nº 44.769/2008 - EXTRAPOLAÇÃO -
REQUISITOS ATENDIDOS - PROCEDÊNCIA PARCIAL DO PEDIDO -
CORREÇÃO MONETÁRIA - REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA.
1. Sendo possível extrair do dispositivo da sentença, através de meros
cálculos aritméticos, que o valor do proveito econômico a prosperar o
pedido é bastante inferior a 500 (quinhentos) salários mínimos (artigo
496, §3º, II, do CPC/2015), não se deve conhecer do reexame
necessário da sentença. 2. Para promoção por escolaridade adicional
do servidor das carreiras do grupo de atividades de ciência e tecnologia
do Poder Executivo, a legislação de regência exige a conclusão do
estágio probatório e o interstício do prazo de cinco anos, bem como
cinco avaliações periódicas de desempenho individual satisfatórias. 3.
Ao estabelecer requisitos diversos daqueles previstos na Lei Estadual
nº 15.466/05 para fins de obtenção do benefício em apreço, o Decreto
nº 44.769/08 acabou por exceder o simples poder regulamentar,
inovando no mundo jurídico, em clara ilegalidade. 4. Em se tratando de
ação de natureza não tributária, o valor da condenação deve ser
acrescido de correção monetária e juros de mora pelos índices
previstos no artigo 1º-F da Lei nº 9.494/97, na redação dada pela Lei nº
11.960/09, a partir de sua vigência. 5. Remessa necessária não
conhecida. Recurso voluntário provido em parte. (TJMG - Ap
Cível/Rem Necessária 1.0024.14.305774-3/001, Relator(a): Des.(a)
Teresa Cristina da Cunha Peixoto , 8ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
19/10/2017, publicação da súmula em 30/10/2017)

Passando, adiante, no que se refere a expressão posta no artigo 19 da Lei


Estadual nº 15.464/05, qual seja, “formação complementar”, não resta dúvida de que a
mesma é incerta, inviabilizando a devida aplicação, porquanto dá margem a
interpretações diversas pelo Poder Judiciário, o que não deve prevalecer, conforme
dicção do artigo 2 da Carta da República de 1988.
Neste aspecto, também entendo como o douto Desembargador Relator, no
sentido de que a omissão expressa no artigo 19 da Lei 15.454/2005 no que tange à
definição do termo “formação complementar”, implica na sua ineficácia e consequente,
não aplicação, mantendo-se apenas a promoção por escolaridade adicional, quando
houver a comprovação em formação superior a exigida para o cargo.

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Com essas considerações que entendo necessárias, acompanho o


Desembargador Relator.

DES. ALBERTO VILAS BOAS

No caso em comento, com a devida venia, coloco-me de acordo com o Relator.


Com efeito, a Constituição do Estado de Minas Gerais estabelece que os planos
de carreiras para os seus servidores obedecerão às diretrizes da profissionalização e do
aperfeiçoamento do servidor público, bem como do sistema de mérito objetivamente
apurado para ingresso no serviço e desenvolvimento na carreira (art. 30, § 1º, II e IV).
Atento a esses parâmetros, editou-se a Lei Estadual n. 15.464, de 13.01.2005 –
que instituiu as carreiras do Grupo de Atividades de Tributação, Fiscalização e
Arrecadação do Poder Executivo e as carreiras de Técnico Fazendário de Administração
e Finanças e de Analista Fazendário de Administração e Finanças –, que previu formas
de progressão e promoção nas carreiras (art. 14), sendo uma delas, a a promoção por
escolaridade adicional, assim disposta, sem os destaques no original:

“Art. 19. Haverá progressão ou promoção por escolaridade


adicional, nos termos de decreto, após aprovação da Câmara de
Coordenação Geral, Planejamento, Gestão e Finanças, aplicando-se
fator de redução ou supressão do interstício de tempo e do quantitativo
de avaliações periódicas de desempenho individual satisfatórias
necessários para fins de progressão ou promoção, na hipótese de
formação complementar ou superior àquela exigida para o nível
em que o servidor estiver posicionado, relacionada com a natureza
e a complexidade da respectiva carreira.” (Caput com redação dada
pelo art. 20 da Lei nº 16.190, de 22/6/2006.)

Vê-se, portanto, que a lei ordinária apenas traçou as linhas gerais dos institutos
da progressão e da promoção por escolaridade adicional – e, naquilo que interessa ao
caso concreto, a formação complementar ou superior àquela exigida para o nível em que
estiver posicionado – e não detalhou os requisitos para a concessão desses benefícios.
Outrossim, não há dúvida que o legislador ordinário outorgou ao Chefe do Poder
Executivo Estadual, ao dizer “nos termos de decreto”, uma margem de

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discricionariedade para regulamentar a concessão dos benefícios de progressão ou


promoção por escolaridade adicional, e, por conseguinte, estabelecer os seus critérios e
requisitos com base na conveniência e oportunidade.
É necessário salientar, ainda, que não há, por si só, ilegalidade em delegar ao
Poder Executivo o poder de regulamentar em hipóteses como essas.
A regulamentação da promoção por formação adicional ocorreu por meio do
Decreto Estadual n. 44.769, de 07.04.2008, que assim previu, naquilo que interessa ao
julgamento:

Art. 2º. Terá direito à promoção por escolaridade adicional o servidor


ocupante de cargo de provimento efetivo das carreiras de que trata o
art. 1º que, até 31 de dezembro de 2007, houver concluído curso que
constitua formação superior àquela exigida para o nível em que estiver
posicionado na respectiva carreira, observados os demais requisitos
estabelecidos neste regulamento.

§ 1º Para fins de promoção por escolaridade adicional, será exigida a


conclusão de cursos de nível fundamental, médio e educação superior
em instituições devidamente credenciadas e reconhecidas,
observados os requisitos de escolaridade exigidos para
promoção, nos termos das leis a que se refere o art. 1º, devendo ser
comprovada:

(...)

III - conclusão do curso superior:

a) curso de graduação, oferecido nas modalidades de bacharelado,


licenciatura ou formação profissional, na forma da Lei Federal nº 9.394,
de 1996, e alterações posteriores;

(...)

Art. 3º. A promoção por escolaridade adicional prevista no art. 2º dar-


se-á nos seguintes termos:

I - a primeira promoção do servidor na respectiva carreira fica


antecipada para o dia 1º de janeiro de 2008 e dar-se-á com o seu
posicionamento no nível subsequente àquele em que estiver
posicionado;

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II - caso o servidor apresente, para fins do disposto no inciso I, título


que comprove escolaridade superior à exigida para o nível da carreira
em que for posicionado em virtude da primeira promoção, serão
concedidas novas promoções a cada 4 (quatro) anos de efetivo
exercício no mesmo nível, até que o servidor seja promovido ao nível
da carreira cujo requisito de escolaridade seja equivalente ao do
referido título.

§ 1º Serão exigidas duas avaliações de desempenho satisfatórias,


concluídas até 31 de dezembro de 2007, para a primeira promoção de
que trata o inciso I do caput e quatro avaliações de desempenho
satisfatórias para cada promoção decorrente da aplicação do inciso II
do caput, nos termos da legislação vigente e observado o disposto no §
3º.

§ 2º Para os fins do disposto neste Decreto, considera-se avaliação de


desempenho satisfatória:
I - a Avaliação Individual de Desempenho que tiver como resultado nota
igual ou superior a 70 (setenta); e

II - a Avaliação Especial de Desempenho que tiver como resultado,


registrado no Parecer Conclusivo, média somatório das notas iguais ou
superiores a 70 (setenta).

§ 3º Para os fins do disposto neste Decreto, serão considerados os


resultados obtidos pelo servidor nas últimas avaliações de desempenho
concluídas até a data prevista para a promoção por escolaridade
adicional.

§ 4º O posicionamento do servidor no nível para o qual for promovido


dar-se-á no primeiro grau cujo vencimento básico seja superior ao
percebido pelo servidor no momento da promoção.

Art. 4º A promoção por escolaridade adicional de que trata o art. 2º


fica condicionada aos seguintes requisitos:

I - conclusão do estágio probatório, com comprovação da aptidão do


servidor para o desempenho do cargo;

II - efetivo exercício do cargo;

III - avaliação de desempenho satisfatória, nos termos dos 1º a 3º do


art. 3º e no § 2º do art. 6º;

IV - publicação de resolução conjunta do dirigente de órgão ou entidade


pertencente aos Grupos de Atividades de que trata o art. 1º com o

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Secretário de Estado de Planejamento e Gestão, até 60 (sessenta) dias


após a data de publicação deste Decreto, definindo:

a) critérios e procedimentos para comprovação da escolaridade e


análise da documentação de que trata o inciso III; e

b) modalidades de cursos, bem como áreas de conhecimento e de


formação aceitas para fins de promoção por escolaridade adicional em
cada carreira, tendo em vista o disposto no art. 2º e no § 1º deste
artigo;

V - requerimento, preenchido pelo servidor, da promoção junto à


unidade de recursos humanos do órgão ou entidade de lotação do
servidor até 60 (sessenta) dias após a data de publicação da resolução
conjunta de que trata o inciso IV, mediante apresentação de
documentos que comprovem:

a) conclusão do curso até o dia 31 de dezembro de 2007, para fazer jus


à promoção por escolaridade adicional com vigência a partir de 1º de
janeiro de 2008; e
b) matrícula no curso até o dia 31 de dezembro de 2007, para fazer jus
à promoção por escolaridade adicional com vigência a partir de 30 de
junho de 2009 ou 30 de junho de 2010, nos termos do art. 6º;

VI - encaminhamento, pelo dirigente de órgão ou entidade pertencente


aos Grupos de Atividades de que trata o art. 1º, de relatório para a
Câmara de Coordenação Geral, Planejamento, Gestão e Finanças,
contendo as seguintes informações:

a) impacto financeiro decorrente da promoção por escolaridade


adicional dos servidores lotados no respectivo órgão ou entidade; e
b) relação nominal de servidores aptos para obtenção da promoção por
escolaridade adicional no respectivo órgão ou entidade, com a
identificação, para cada servidor, do nível de escolaridade
correspondente ao título apresentado;

VII - aprovação da Câmara de Coordenação Geral, Planejamento,


Gestão e Finanças; e

VIII - formalização da promoção por escolaridade adicional, após a


aprovação da Câmara de Coordenação Geral, Planejamento, Gestão e
Finanças, por meio de ato do dirigente de órgão ou entidade
pertencente aos Grupos de Atividades de que trata o art. 1º.§ 1º Os
títulos apresentados para fins de promoção por escolaridade adicional
deverão estar relacionados com a natureza e a complexidade das
atribuições da respectiva carreira.

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§ 2º O diploma ou certificado de conclusão do curso poderá ser


substituído, provisoriamente, por declaração emitida pela instituição de
ensino responsável pelo curso, constando que o candidato cumpriu
todos os requisitos para a conclusão do curso e, se for o caso, para
outorga do grau.

§ 3º Na hipótese de aplicação do disposto no § 2º, o diploma ou


certificado deverá ser apresentado à unidade setorial de recursos
humanos do órgão ou entidade de lotação do servidor no prazo máximo
de um ano após a data de apresentação da declaração da instituição
de ensino.

§ 4º Os efeitos financeiros dos atos a que se refere o inciso VIII,


decorrentes da aplicação do disposto no inciso I do caput do art. 3º,
ocorrerão a partir de 1º de janeiro de 2008.

Art. 5º. A progressão e a promoção em carreira do Poder Executivo não


se acumulam quando os requisitos legais para ambas forem
completados simultaneamente, prevalecendo, neste caso, a promoção,
conforme disposto no art. 79 da Lei nº 16.192, de 23 de junho de 2006.

Art. 6º. O servidor ocupante de cargo de provimento efetivo das


carreiras dos Grupos de Atividades de que trata o art. 1º que, em 31 de
dezembro de 2007, estava regularmente matriculado ou freqüentando
curso que constitua formação superior àquela exigida para o nível em
que estiver posicionado na respectiva carreira, terá promoção por
escolaridade adicional após a conclusão do referido curso, nos
seguintes termos:

I - fica antecipada para 30 de junho de 2009 a primeira promoção do


servidor que comprovar, até essa data, a conclusão do curso; e
II - fica antecipada para 30 de junho de 2010 a primeira promoção do
servidor que comprovar, até essa data, a conclusão do curso.

§ 1º Aplica-se ao servidor de que trata o caput:

I - o disposto nos §§1º a 4º do art. 2º;


II - o disposto no inciso II do caput deste artigo e nos §§2º a 4º do art.
3º; e
III - o disposto no art. 4º, com exceção do § 4º.

§ 2º Será exigido o seguinte quantitativo de avaliações de desempenho


satisfatórias para as promoções de que trata o caput, nos termos da
legislação vigente:

I - três avaliações de desempenho satisfatórias, até 30 de junho de


2009, para a promoção de que trata o inciso I do caput;

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II - quatro avaliações de desempenho satisfatórias, até 30 de junho de


2010, para a promoção de que trata o inciso II do caput.

§ 3º O servidor que obtiver a promoção por escolaridade adicional com


vigência a partir de 1º de janeiro de 2008, nos termos dos arts. 2º e 3º,
não terá direito à promoção de que trata o caput deste artigo.

Não obstante em outras oportunidades, tenha admitido a possibilidade de se


aceitar como “curso de formação complementar” a conclusão de novo curso de
graduação pelo servidor (v.g. Ap Civ. nº 1.0024.14.058803-9-001), revejo meu
posicionamento para acompanhar o Relator.
De fato, não considero ser tarefa afeta ao Poder Judiciário interpretar o termo
constante da legislação de modo a conferir-lhe exegese diversa daquela dada pelo
Administrador.
Como bem ressaltado pelo e. Relator o termo “formação complementar” mostra-
se demasiadamente aberto e cabe à Administração Pública a sua regulamentação, de
acordo com os critérios que considerar relevantes para a formação e aprimoramento
técnico dos profissionais que integram seus quadros.
Neste aspecto, não é possível transferir ao Poder Judiciário a atribuição de criar
situações que permitam a promoção do servidor quando, repita-se, a própria
Administração não a regulamentou.
Pensar de forma distinta poderia, inclusive, representar, ofensa ao princípio da
igualdade, na medida em que cada Juiz, diante de um caso concreto, poderia dar ao
termo “formação complementar” a interpretação que entendesse mais adequada. Em
outras palavras, casos similares poderiam ser solucionados de forma diversa de acordo
com o entendimento da autoridade judiciária responsável pelo seu julgamento.
Fundado nessas considerações, acompanho integralmente o voto do Relator.

DES. JUDIMAR BIBER - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. LEITE PRAÇA - De acordo com o(a) Relator(a).

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SÚMULA: ACOLHERAM O INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS


REPETITIVAS PARA FIXAR TESE PERTINENTE À PROMOÇÃO POR
ESCOLARIDADE ADICIONAL PREVISTA NO ARTIGO 19 DA LEI 15.464/2005.

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