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ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA E OPERACIONAL DE UM SISTEMA DE

COLHEITA UTILIZANDO PROGRAMAÇÃO LINEAR: estudo de caso em uma


empresa florestal

Diego Freitas Regis dos Santos (PPGEP/UFRGS) tsdiego@terra.com.br

Resumo: Este trabalho apresenta o desenvolvimento e aplicação de uma análise econômico-


financeira e operacional de uma estrutura de colheita mecanizada utilizando a Pesquisa
Operacional em uma empresa que atua no setor florestal. A metodologia proposta contempla
a coleta de dados (pesquisa no mercado fornecedor e dados históricos de produção e
entradas financeiras de caixa), análise e consolidação dos dados, comparação com a atual
matriz produtiva (terceirizada e semi-mecanizada), cálculos para a determinação da
quantidade de equipamentos necessários às operações e para determinação do melhor
investimento. Como conclusão o artigo apresenta os resultados encontrados, demonstrando a
viabilidade de uma estrutura mecanizada de colheita, porém com algumas ressalvas quanto a
sua composição.
Palavras-chave: Programação linear, Colheita florestal mecanizada, Dimensionamento da
estrutura ideal, Viabilidade econômico-financeira.

1. Introdução
A mudança de paradigma por parte das empresas quanto à melhoria no atendimento ao cliente
tem feito com que as mesmas busquem melhor se adequar para suprir a necessidade dos
clientes, novos mercados e a manutenção daqueles já existentes. As empresas necessitam cada
vez mais de processos produtivos eficazes e da redução constante de custos e de desperdícios.
Para isso, os materiais devem estar à disposição do sistema produtivo na quantidade e no
tempo necessário, evitando ao máximo a interrupção da produção (MARTINS e LAUGENI,
2005).
Neste sentido, as empresas buscam minimizar as perturbações causadas pela falta de
confiabilidade, que vão além de tempo e custo. Se tudo em uma operação for perfeitamente
confiável e permanecer estável por algum tempo haverá um nível de confiança entre as
diferentes partes da operação (SLACK, 1999). Na colheita florestal, objeto de análise do
presente artigo, além da preocupação com a qualidade dos serviços que serão executados, há
de se levar em conta a necessidade das operações de colheita estarem integradas ao sistema de
manejo, para, dessa forma, existir a sustentabilidade ambiental e econômica (MACHADO,
2008).
A indústria de base florestal, apesar de sua importância econômica e social (relevante na pauta
de exportações, base econômica de muitos pequenos municípios e com alta absorção de mão-
de-obra) ainda apresenta muitos problemas, como obsolescência dos equipamentos,
dificuldade no acesso a novas tecnologias, plantas industriais inadequadas, baixo poder de
negociação junto a fornecedores e clientes, baixa qualidade nos recursos humanos (mão-de-
obra operacional e gerencial), baixo rendimento, falta/insuficiência de matérias-primas e de
controles e informações, entre outros (BRONOSKI, 2007).
Apesar da representatividade das áreas florestais existentes no Brasil (5,744 milhões de ha),
entre nativas e plantadas, estas não serão suficientes para suprir a demanda da indústria
florestal até 2020, especialmente as referentes às florestas plantadas. Estima-se que, naquele
ano, mantendo os níveis de produção atuais, serão necessários 222 milhões de m³ de pinus e
eucalipto, correspondendo a 9,5 milhões de ha, ou seja, 76% a mais do que a área atual. Em
relação à madeira nativa, pressupondo um ciclo de rotação de 30 anos, será necessária uma
área de manejo sustentado de aproximadamente 50 milhões de ha (TOMASELLI e
SIQUEIRA, 2004-2005).
Com a modernização dos sistemas de colheita ocorrido nas últimas décadas as empresas
obtêm, além da redução de custos até então admitido como a maior vantagem da
mecanização, uma vantagem competitiva frente aos concorrentes, pois há atualmente uma
diminuição da mão-de-obra disponível e um aumento nos custos sociais, fatores que
comprometem a rentabilidade das atividades (MENDONÇA FILHO, 1987). Assim, antes de
qualquer projeto de investimento, é necessária uma análise aprofundada das variáveis de
decisão por meio de técnicas avançadas, utilizando estatística, matemática financeira e
informática, com vistas a obter uma solução eficiente para uma decisão compensadora
(MOTTA e CALÔBA, 2006).
Atualmente, a empresa alvo deste estudo vem enfrentando problemas referentes à qualidade
dos serviços prestados pelas atuais equipes de colheita (terceirizadas), que ocasionam
desperdícios, retrabalhos, descontinuidades no fornecimento, além de problemas de
organização interna que colocam em risco a manutenção da certificação florestal. Com base
neste contexto, este estudo apresenta uma avaliação econômico-financeira e operacional de
colheita florestal mecanizada própria através da Programação Linear, buscando reduzir as
incertezas inerentes ao processo, principalmente de fornecimento, aumentando os níveis de
qualidade dos serviços prestados e facilitando (ou melhorando) o controle interno.
Na próxima seção será apresentado o referencial teórico, contendo os principais assuntos
abordados no artigo: a colheita florestal mecanizada, a programação linear e a análise de
investimentos. Nas seções posteriores serão apresentadas a descrição da empresa e o problema
de pesquisa analisado, a metodologia empregada e as conclusões do estudo.

2. Referencial Teórico
 Colheita Florestal Mecanizada
A colheita florestal pode ser definida como um conjunto de atividades, integradas entre si, que
permitem o fluxo constante de madeira. Esses sistemas podem variar de acordo com alguns
fatores, tais como topografia do terreno, rendimento (volume do povoamento), tipo de
floresta, finalidade da madeira, máquinas, equipamentos e recursos disponíveis (MACHADO,
2008).
Conforme MACHADO (2008), na colheita mecanizada, as principais máquinas utilizadas são:
(i) Feller-buncher (trator florestal derrubador-acumulador); (ii) Harvester (trator florestal
colhedor); (iii) Tree-puller (arrancador de árvores); (iv) Delimber-buncher (desgalhador-
acumulador); (v) Feller-skidder (derrubador-arrastador); (vi) Traçador mecânico; (vii)
Bushcombine (processador combinado); e (viii) Delimber (desgalhador). Os principais modais
de transporte em sistemas de colheita mecanizada são Motosserra + mini Skidder, Motosserra
+ autocarregável, Motosserra + guincho, Harvester + Forwarder, Feller-buncher + Skidder +
processador e Feller-buncher + Skidder + grade desgalhadora.
De acordo com MACHADO (1985), os sistemas de colheita podem ser classificados da
seguinte forma (somente os sistemas mais usuais são listados):
(i) Sistemas de toras curtas (Cut-to-length): a árvore é cortada e processada no local de corte,
sendo transportada já em pedaços menores para a estrada. Não é indicado para regiões com
topografia acentuada. Pode ser mecanizado ou não e tem baixo impacto ao meio ambiente no
que diz respeito ao solo, mesmo utilizando o Harvester e o Forwarder (que são tratores
autocarregáveis).
(ii) Sistema de toras compridas (Tree-length): somente parte do processo é realizado no local
de corte (desgalhamento e destopamento); o restante da atividade é realizado na estrada. É um
sistema muito utilizado em terrenos planos, tem uma boa eficiência mecânica e um menor
custo por tonelada. Geralmente utiliza o modal Feller-buncher + Skidder ou mini-Skidder
(trator florestal que utiliza uma garra ou cabo para o arraste de toras).
(iii) Sistema de árvores inteiras (Full-tree): a árvore somente é derrubada, sendo todo o
processamento realizado em outro local. É um sistema que vem sendo substituído pelos de
Harvester e Forwarder. Ele necessita de um elevado nível de mecanização e pode ser
utilizado tanto em terrenos planos como ondulados.
 Programação Linear
A programação linear é uma ferramenta que tem por objetivo otimizar problemas onde
existem diversas opções de escolha e algumas restrições (PRADO, 2007). É uma técnica de
resolução de equações lineares, tendo como forma de resolução a inversão sucessiva de
matrizes (CAIXETA-FILHO, 2001).
Os estudos de programação linear permitem, de acordo com Andrade (2000), resolver
problemas tais como: organização de transportes, determinação de políticas de estoques,
estudos de fluxos de caixa e investimentos (foco da aplicação reportada neste artigo), estudos
de sistemas de informações, além dos tradicionais problemas de produção e de mistura de
componentes. Tais problemas organizacionais dizem respeito à otimização de recursos
escassos. Andrade (2000) salienta ainda que a programação linear procura, nesse ambiente,
encontrar a melhor distribuição possível dos recursos, entre as diversas tarefas ou atividades,
de forma a atingir um valor ótimo do objetivo estabelecido.
De acordo com Wagner (1986), até a conclusão de um problema em pesquisa operacional, ou
seja, até o momento em que é encontrada uma solução que otimize uma função objetivo
proposta, deve-se percorrer alguns passos que facilitam a elaboração do problema de pesquisa
e, conseqüentemente, a encontrar a solução mais adequada. Esta fase inicial de diagnósticos
procura identificar quais parecem ser os fatores críticos, podendo ser resumida nos seguintes
estágios:
 Formulação do problema: a partir de um diagnóstico identificam-se os elementos do
problema, que incluem as variáveis controláveis ou de decisão, as não controláveis, as
restrições sobre as variáveis e os objetivos para se alcançar uma situação melhor.
 Construção do modelo: são identificados os dados de entrada e o que se espera nas
saídas de informações. Os detalhes da formulação são decididos nesta fase, bem como
a identificação de elementos estáticos e dinâmicos, as fórmulas matemáticas, as
restrições e um horizonte de análise.
 Execução das análises: a partir do modelo inicial, os dados e os parâmetros
especificados, é calculada a solução matemática que otimize o problema. Nesta fase é
importante analisar a sensibilidade da solução às especificações do modelo.
 Implementação dos resultados e atualização do modelo: o modelo otimizado deve ser
constantemente revisto e atualizado para que não perca sua funcionalidade.
De acordo com Lachtermacher (2007), um problema de programação linear é um problema de
programação matemática em que a função-objetivo e as restrições são lineares, seguindo o
seguinte formato genérico:
Otimizar Z  f  x1 , x 2 ........x n 
Sujeito a:

 g 1  x1 , x 2 ........x n     b1 
 g  x , x ........x    b 
 2 1 2 n   2
   
   
    
 g m  x1 , x 2 ........x n    bm 

onde:

f (x1, x2, ..... ,xn) = c1x1 + c2x2 ... + cn xn


gi (x1, x2, ..... ,xn) = ai1x1 + ai2x2 + ai3x3 ... + ainxn,
para i = 1, ..., m
 n é o número de variáveis
 m é o número de restrições do problema
 i é o índice de uma determinada restrição (i = 1,2..., m)
 j é o índice de uma determinada variável (j = 1,2..., n)
 ci é o coeficiente (constante) da variável xi da função-objetivo
 aij é o coeficiente (constante) da variável xi da j-ésima restrição

 Análise de Investimentos
Como investimentos de longo prazo representam desembolsos consideráveis de fundos que
obrigam a empresa a seguir um determinado curso de ação, são necessários certos
procedimentos para analisá-los e selecioná-los (GITMAN, 1997). Projetos de investimento
incluem toda a aplicação de capital em algum empreendimento com a finalidade elementar de
gerar receitas. Assim, a avaliação econômica do projeto se baseia em seu fluxo de caixa, que é
a demonstração de seus custos e receitas distribuídas ao logo da vida útil do empreendimento
(SILVA; JACOVINE e VALVERDE, 2005).
Três critérios de avaliação e seleção de projetos são freqüentemente citados na literatura: o
payback, o valor presente líquido e a taxa interna de retorno.
O payback, também conhecido como “tempo de recuperação de investimentos”, é utilizado
como referência para julgar a atratividade relativa das opções de investimento. Pode ser
calculado simplesmente pela razão entre investimentos e receitas (MOTTA e CALÔBA,
2006). Nesse cálculo, o período do payback é o período exato de tempo necessário para a
empresa recuperar seu investimento inicial em um projeto, a partir das entradas de caixa
(GITMAN, 1997).
O Valor Presente Líquido, ou VPL, é considerado uma técnica sofisticada de análise de
orçamentos de capital. O VPL pode ser definido como a soma algébrica de todos os fluxos de
caixa calculados para o instante presente (t = 0), a uma determinada taxa de juros i (MOTTA e
CALÔBA, 2006). A taxa de juros é freqüentemente chamada de taxa de desconto, custo de
oportunidade ou custo de capital, referindo-se ao retorno mínimo que deve ser obtido por um
projeto (GITMAN, 1997). O critério para aceitação do VPL é simples: projetos apresentando
VPL maior que zero são considerados economicamente viáveis (SILVA; JACOVINE e
VALVERDE, 2005).
A Taxa Interna de Retorno, ou TIR, é a taxa de desconto que iguala o valor presente das
receitas, ou seja, iguala o VPL a zero (SILVA; JACOVINE e VALVERDE, 2005). É um índice
relativo que mede a rentabilidade do investimento por unidade de tempo, necessitando para
isso, que haja receitas envolvidas, assim como investimentos.

3. Descrição da Empresa e Contextualização do Problema


A FLOSUL Indústria e Comércio de Madeiras Ltda., empresa do grupo Renner Herrmann
S/A, foi fundada em março de 1970 no município de Capivari do Sul/RS – Brasil, iniciando
suas operações como florestadora. Com o passar dos anos, a empresa passou a investir no
manejo da própria reserva florestal; hoje, cultiva principalmente espécies de eucalipto, com
destaque para o Eucalyptus Grandis.
O processo de diversificação de produtos se intensificou a partir da década de 1980 com as
instalações da Unidade de Desdobro de Madeiras – pioneira no Brasil em eucalipto – e da
Unidade de Preservação de Madeiras.
Em 1997, através de Pesquisa & Desenvolvimento, a FLOSUL implantou seu Complexo de
Secagem e Unidade de Manufaturados. Em 1999, conquistou a certificação FSC – Forest
Stewardship Council, ou Conselho de Manejo Florestal – organização que promove o bom
manejo das florestas naturais e plantadas - evidenciando que a empresa utiliza madeira
precedente de florestas manejadas de forma ambientalmente correta, socialmente justa e
economicamente viável.
Em mais de 30 anos de história, ampliaram sua oferta de produtos, estabelecendo tradição e
ganhando reconhecimento do mercado brasileiro e internacional. O aprimoramento técnico
garante à empresa a produção da madeira in natura à madeira desdobrada e preservada,
passando por toretes para a geração de energia e para processos industriais. Atualmente, os
produtos são comercializados no Brasil e exportados para o Sudeste da Ásia, Europa e os
EUA.
 Contextualização do problema
A colheita florestal adotada pela empresa no momento é realizada por quatro empresas
terceirizadas (prestadoras de serviço). As operações de corte são semi-mecanizadas (uso de
motosserras); as de baldeio e carregamento são mecanizadas (uso de tratores e caminhões
auto-carregáveis). A empresa conta com uma área florestal de 6.015 ha de efetivo plantio,
porém a área utilizada é de 4.163,20 ha, dividido em cinco Hortos Florestais com uma
distância média de 43 km da Sede da Empresa, com idades entre um ano e trinta e oito anos.
Nessas áreas são produzidos basicamente sete tipos distintos de produtos (toras, postes,
linhas, toretes, mourões, lenha e escoras); porém, esse sortimento é desdobrado por classes de
tamanhos, originando 42 produtos distintos.
O manejo adotado é composto por quatro intervenções (desbastes) que ocorrem aos quatro,
oito, doze e aos dezessete anos. Em todas as intervenções são produzidas lenha. A partir do
segundo desbaste são produzidos toretes e, a partir do terceiro, postes. As toras destinadas à
Serraria são produzidas somente no corte final, aos 17 anos, e as linhas, na segunda e terceira
intervenções. São produzidas também toras para a comercialização, que são obtidas a partir da
terceira intervenção (o diâmetro das toras fica entre 20 cm e 24 cm). As escoras são
produzidas basicamente no primeiro desbaste, porém em alguns casos são produzidas também
no segundo (florestas com problemas de crescimento).
Nas unidades internas da Empresa, Serraria e Usina de Preservação (UPM), são utilizadas as
toras acima de 25 cm para desdobro na serraria, provenientes basicamente de florestas acima
de 16 anos, e postes para a UPM, que são cortados a partir de florestas com 12 anos.
Atualmente, a empresa enfrenta problemas referentes ao aumento da incerteza na demanda e
constantes descontinuidades no fornecimento. Tais problemas estão principalmente
relacionados a quebras das máquinas que realizam a retirada das toras do local de cortes, falta
de funcionários nas prestadoras de serviços florestais e diferentes e distantes locais de corte
(entre 10 e 50 km) da unidade de desdobro (serraria), além de problemas internos (gerando
falta de pagamento aos funcionários, falta de crédito no mercado local e ações trabalhistas).
Estes problemas estão afetando a competitividade e credibilidade da empresa junto aos seus
clientes internos e externos.
Dessa forma, objetivando evitar escassez de produtos, a melhoria da qualidade dos serviços
executados e a diminuição da insatisfação dos clientes, a empresa pretende alterar sua atual
matriz produtiva, passando de terceirizada à própria. Este estudo propõe-se a avaliar, através
da Programação Linear, a viabilidade econômico-financeira e operacional de uma estrutura de
colheita mecanizada e própria, e o prazo de retorno desse investimento à empresa.

1. Metodologia
Trata-se de um estudo de caso aplicado ao processo de determinação de uma estrutura ótima
de produção e da escolha do melhor investimento em equipamentos para a colheita florestal
de uma empresa atuante no setor florestal.
Para o dimensionamento da estrutura produtiva foram analisados os produtos florestais
gerados a partir da colheita mecanizada, comparando-os com a demanda do mercado e da
empresa e limitando-os de acordo com a capacidade da base florestal existente. Para a escolha
do melhor investimento em equipamentos foram utilizados os valores de aquisição (compra)
dos implementos, os custos envolvidos nas atividades e as receitas oriundas das operações de
colheita (corte e baldeio), utilizando as técnicas do VPL e TIR.
Para a viabilização deste estudo cumpriram-se as seguintes etapas:
a) Coleta de dados
 Custos e despesas envolvidos na colheita mecanizada: estes custos foram obtidos com
ajuda das empresas fornecedoras dos equipamentos (dados históricos de seus clientes)
e de empresas parceiras do Setor florestal, que possuem os mesmos equipamentos
estudados neste artigo (Harvesters, Feller-bunchers, Skidders e Forwarders);
 Valor de aquisição de equipamentos: estes valores são provenientes de cotações
comerciais (em Dólar americano) do mês de fevereiro de 2009 e podem variar de
acordo com a modalidade de pagamento que a empresa escolher;
 Análise histórica de entradas de caixa: a empresa possui em seus arquivos os
históricos de recebimentos, por produtos, de muitos anos. Será determinado um
período para análise dessas entradas e, a partir desses dados, determinar o risco da
efetivação dessas entradas e conseqüentemente a capacidade de pagamento do
investimento;
 Capacidade de fornecimento da base florestal: por ser uma empresa auto-sustentável, a
Flosul deve manter um padrão de colheita que não seja superior a sua capacidade de
renovação e incremento (com seus novos plantios). Dessa forma, foram avaliados os
volumes máximos e mínimos que podem ser retirados da floresta, com base nos
inventários florestais permanentes;
 Demanda dos produtos florestais: a demanda atual, bem como as suas tendências,
foram avaliadas com base nos históricos da Empresa (03 anos).
b) Informações operacionais e históricas dos equipamentos: estas informações foram obtidas
na literatura especializada como forma de validar as informações recebidas dos
fornecedores e empresas do Setor Florestal.
c) Análise e consolidação dos dados através de planilha de cálculo. Serão avaliadas na opção
de colheita mecanizada as produções de quatro produtos florestais, as toras, toretes, postes
e a lenha; além disso, serão observadas as quantidades de equipamentos necessários para
este suprimento e o lucro proveniente da colheita. As operações serão avaliadas em um e
dois turnos de trabalho, ambos com a jornada de trabalho de oito horas.
d) Cálculos de VPL e TIR: foram realizados com base na previsão de entradas de caixa, após
a determinação dos custos e despesas provenientes das atividades florestais. Se houver a
necessidade, serão ajustados quanto ao risco da sua não efetivação.
e) Escolha da melhor opção de investimento de acordo com a melhor estrutura operacional
através de planilha do Excel e do software What’s Best: após a análise e consolidação dos
dados, foi montado o problema de otimização, que determinou a quantidade de
equipamentos necessários à demanda/necessidade florestal e a escolha do melhor
investimento (modal) em equipamentos.

2. Resultados
Foram avaliadas duas opções de operações de colheita florestal, uma opção mecanizada,
composta por um Harvester e um Skidder e uma operação semi-mecanizada, o atual sistema
em utilizado, terceirizada e paga de acordo com os volumes cortados. Esse sistema é
composto por trabalhadores florestais utilizando motosserras para a operação de corte.
A geração de receita foi obtida da diferença entre o valor de venda dos produtos e os custos de
produção, não sendo consideradas eventuais despesas administrativas. A colheita é o ato do
corte das árvores propriamente dito, baldeio é a retirada da madeira já cortada do local de
corte até a estrada e o GGF são os gastos gerais na fabricação, que demonstra o custo da mão
de obra na empresa, pois o poste não é vendido diretamente na floresta.
Abaixo é demonstrada a tabela 1, que apresenta os custos na colheita.
Tabela 1 – Custos na Colheita Mecanizada e Semi-Mecanizada na formação do resultado do produto

Custos Colheita Mecanizada

R$/m³/Rec. Antes
R$/m³/Venda R$/m³/Colheita R$/m³/Baldeio R$/m³/GGF dos impostos
Tora 66,85 1,24 1,06 0,00 64,55
Torete 35,82 1,24 1,06 0,00 33,52
Poste 60,00 1,24 1,06 6,25 51,45
Lenha 35,30 1,24 1,06 0,00 33,00

Custos Colheita Semi-mecanizada

R$/m³/Rec. Antes
R$/Venda R$/Colheita R$/Baldeio GGF dos impostos
Tora 66,85 17,26 0,00 0,00 49,59
Torete 35,82 9,65 0,00 0,00 26,17
Poste 60,00 35,52 0,00 0,00 24,48
Lenha 35,30 9,54 0,00 0,00 25,76

Na Tabela 2 é demonstrado o resultado da opção mecanizada operando somente em um turno,


considerando nas variáveis a capacidade de produção do equipamento ao ano e como
restrições máximas de produção a demanda e a capacidade de suprimento florestal:

Tabela 2 – Modelo da Colheita mecanizada operando em um turno objetivando a minimização


do investimento

X1 X2
Harvester Skidder F. Objetivo
1 1 1.650.000,00

Investimento 1.000.000,00 650.000,00

L. Esq. L. Dir.
Corte - Toras (>25 cm) 54.659,02 - 54.659,02 <= 81.025,84
Corte - Toras (>25 cm) 54.659,02 - 54.659,02 =>= 54.659,02
Baldeio - Toras (>25 cm) - 50.685,12 50.685,12 <= 81.025,84
Baldeio - Toras (>25 cm) - 50.685,12 50.685,12 =>= 50.685,12
Corte. - Toretes (16-20 cm) 8.280,32 - 8.280,32 <= 17.347,95
Corte. - Toretes (16-20 cm) 8.280,32 - 8.280,32 =>= 8.280,32
Baldeio - Toretes (16-20 cm) - 8.684,93 8.684,93 <= 17.347,95
Baldeio - Toretes (16-20 cm) - 8.684,93 8.684,93 =>= 8.684,93
Corte - Postes (p. 11m) 1.794,36 - 1.794,36 <= 9.346,41
Corte - Postes (p. 11m) 1.794,36 - 1.794,36 =>= 1.794,36
Baldeio - Postes (p. 11m) - 2.990,59 2.990,59 <= 9.346,41
Baldeio - Postes (p. 11m) - 2.990,59 2.990,59 =>= 2.990,59
Corte - Lenha (08-15 cm) 7.174,08 - 7.174,08 <= 14.163,67
Corte - Lenha (08-15 cm) 7.174,08 - 7.174,08 =>= 7.174,08
Baldeio - Lenha (08-15 cm) - 7.352,64 7.352,64 <= 14.163,67
Baldeio - Lenha (08-15 cm) - 7.352,64 7.352,64 =>= 7.352,64
Pode-se observar acima que os equipamentos são utilizados em sua plenitude em um turno de
trabalho, porém não alcançando o total demandado; isso se deve ao objetivo de minimizar os
investimentos, fazendo com que o modelo busque a melhor solução produtiva adquirindo o
menor número de equipamentos.
As restrições do modelo foram determinadas a partir da demanda e da capacidade máxima dos
equipamentos em um turno de trabalho. Somente o volume das toras e da lenha utilizados foi
baseado na capacidade de fornecimento de produtos florestais (capacidade sustentável da
floresta), pois no caso das toras a demanda era muito inferior à capacidade do equipamento e
no caso da lenha, era muito superior. A lenha, diferentemente dos outros produtos, é colhida
em qualquer situação de corte (desbastes, corte raso e florestas originais), além de ser
originada em alguns casos de produtos (toras, toretes e postes) com problemas, como
rachaduras e tortuosidade, fator esse que torna o seu volume muito alto e consumido
plenamente pelo mercado consumidor.
No modelo, na Tabela 3, a função objetivo do modelo foi modificada, buscando a
maximização dos investimentos, porém, operando da mesma forma, em somente um turno:

Tabela 3 - Modelo da Colheita mecanizada operando em um turno objetivando a maximização


do investimento
X1 X2
Harvester Skidder F. Objetivo
1,482387462 1,598611979 2.521.485,25

Investimento 1.000.000,00 650.000,00

L. Esq. L. Dir.
Corte - Toras (>25 cm) 54.659,02 - 81.025,84 =<= 81.025,84
Corte - Toras (>25 cm) 54.659,02 - 81.025,84 >= 54.659,02
Baldeio - Toras (>25 cm) - 50.685,12 81.025,84 =<= 81.025,84
Baldeio - Toras (>25 cm) - 50.685,12 81.025,84 >= 50.685,12
Corte. - Toretes (16-20 cm) 8.280,32 - 12.274,64 <= 17.347,95
Corte. - Toretes (16-20 cm) 8.280,32 - 12.274,64 >= 8.280,32
Baldeio - Toretes (16-20 cm) - 8.684,93 13.883,83 <= 17.347,95
Baldeio - Toretes (16-20 cm) - 8.684,93 13.883,83 >= 8.684,93
Corte - Postes (p. 11m) 1.794,36 - 2.659,94 <= 9.346,41
Corte - Postes (p. 11m) 1.794,36 - 2.659,94 >= 1.794,36
Baldeio - Postes (p. 11m) - 2.990,59 4.780,79 <= 9.346,41
Baldeio - Postes (p. 11m) - 2.990,59 4.780,79 >= 2.990,59
Corte - Lenha (08-15 cm) 7.174,08 - 10.634,77 <= 14.163,67
Corte - Lenha (08-15 cm) 7.174,08 - 10.634,77 >= 7.174,08
Baldeio - Lenha (08-15 cm) - 7.352,64 11.754,02 <= 14.163,67
Baldeio - Lenha (08-15 cm) - 7.352,64 11.754,02 >= 7.352,64

O objetivo da maximização dos investimentos, no modelo da Tabela 3, é forçar a utilização


dos equipamentos próximos a demanda. Observa-se na referida tabela, que será necessário
adquirir mais de um modal de colheita (os valores mostram a utilização de 1,5 equipamentos).
Essa opção porém, não é viável tendo em vista a utilização dos equipamentos em somente um
turno de trabalho e de forma não plena.
O uso dos equipamentos pode ser otimizado com a utilização de mais de um turno de
trabalho, fator esse que favorece o aumento de produtividade global dos equipamentos e, em
contrapartida aumenta os custos e tem um decréscimo de produtividade nesse segundo turno.
A Tabela 4 demonstra os resultados com a utilização dos equipamentos em dois turnos:

Tabela 4 - Modelo da Colheita mecanizada operando em dois turnos objetivando a


maximização do investimento

X1 X2
Harvester Skidder F. Objetivo
0,92649212 0,555895394 1.287.824,12

Investimento 1.000.000,00 650.000,00

L. Esq. L. Dir.
Corte - Toras (>25 cm) 87.454,43 - 81.025,84 =<= 81.025,84
Baldeio - Toras (>25 cm) - 81.096,19 45.081,00 <= 81.025,84
Corte. - Toretes (16-20 cm) 13.248,51 - 12.274,64 <= 17.347,95
Baldeio - Toretes (16-20 cm) - 13.895,88 7.724,66 <= 12.274,64
Corte - Postes (p. 11m) 2.870,97 - 2.659,93 <= 9.346,41
Baldeio - Postes (p. 11m) - 4.784,95 2.659,93 =<= 2.659,93
Corte - Lenha (08-15 cm) 11.478,41 - 10.634,66 <= 14.163,67
Baldeio - Lenha (08-15 cm) - 11.764,22 6.539,68 <= 10.634,66

A utilização dos equipamentos em dois turnos de trabalho é interessante sob alguns aspectos,
pois favorece um aumento global da capacidade sem a necessidade de novas aquisições.
Porém ela resulta em uma diminuição na produtividade individual (produtos) e global do
baldeio, além de manter o equipamento (skidder) com uma capacidade ociosa, pois a
capacidade deste equipamento está atrelada a capacidade de corte do harvester.
O modelo de colheita semi-mecanizado, utilizado atualmente, possui a vantagem de ter custos
totalmente variáveis, não afetando a empresa em eventuais reduções nas taxas de colheita.
Esse sistema apresenta, porém, custos mais elevados e riscos significativos quanto a
problemas trabalhistas (considerando a empresa contratante co-responsável por eventuais
distúrbios que venha a ocorrer).
A comparação entre os sistemas pode ser visualizada na Tabela 5.
Tabela 5 – VPL dos modelos de colheita
MODELO DE COLHEITA EM DOIS TURNOS

Investimento Ent. Caixa


-1.650.000,00 1 2 3 4

Taxa de Juros TIR 29% 22% 15% 0,06


6,40%
VP
L R$ 2.463.656,50 R$ 1.640.925,20 R$ 818.193,90 R$ (4.537,40)

MODELO DE COLHEITA EM UM TURNO

Investimento Ent. Caixa


-1.650.000,00 1 2 3 4

Taxa de Juros TIR 17% 12% 6% 0,00


6,40%
VP
L R$ 1.113.415,92 R$ 560.732,74 R$ 8.049,55 R$ (544.633,63)

MODELO DE COLHEITA EM UM TURNO (HIPÓTESE DE USO SUPERIOR A CAPACIDADE)

Investimento Ent. Caixa


-2.521.485,14 1 2 3 4

Taxa de Juros TIR 17% 12% 6% -0,01


6,40%
VPL R$ 1.574.967,94 R$ 755.677,32 R$ -63.613,29 R$ (882.903,9)1

MODELO DE COLHEITA EM UM TURNO E SEMI-MECANIZADO

Investimento Ent. Caixa


0,00
1 2 3 4
Taxa de Juros
6,40% VPL VPL VPL VPL
R$ 178.156,96 R$ 142.525,57 R$ 106.894,18 R$ 71.262,79

6. Conclusões
A programação linear é uma ferramenta de extrema importância à tomada de decisões. Neste
trabalho foi possível observar os resultados e analisar suas variações realizando pequenas
mudanças nas variáveis de decisão. Esse processo de análise facilita as conclusões e agiliza a
obtenção do resultado final.
Comparando o atual modelo, semi-mecanizado e terceirizado, e o modelo mecanizado,
Harvester e Skidder, pode-se perceber que o modelo atual, apesar de apresentar algumas
vantagens, é muito inferior ao modelo mecanizado no que se refere à geração de caixa, tendo
em vista as diferenças entre os valores pagos aos Prestadores de serviço e ao custo de
operação dos equipamentos.
O investimento no modal de colheita mecanizado poderia ser pago até um ano após a sua
aquisição, mostrando-se dessa forma viável economicamente.
Operacionalmente o equipamento também se mostra viável, porém apresenta algumas
limitações quanto a movimentações internas e intervenções no 1º e 2º desbastes, pois não é
capaz de operar nessas condições, tornando necessária a utilização de equipes semi-
mecanizadas para suporte.
Seria interessante a empresa optar por uma estrutura mecanizada (01 Harvester e 01 Skidder),
para atuar nas intervenções de 3º desbaste e corte raso e manter uma equipe semi-mecanizada
para as intervenções de 1º e 2º desbastes e para suporte em áreas de difícil acesso.
Em trabalhos posteriores, poderiam ser analisados além de equipes terceirizadas e estruturas
mecanizadas compostas por Harvesters e Skidders, estruturas próprias de colheita (semi-
mecanizadas) e estruturas mecanizadas compostas por equipamentos tipo Feller-bunchers e
Skidder, e Harvesters e forwarders.

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Referências
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na Região de Curitiba. Tese de Doutorado, Universidade Federal do Paraná - Curitiba, 2007.
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Agroindustriais. São Paulo: Atlas, 2001.
GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. 7 ed. São Paulo: HABRA, 1997
LACHTERMACHER, G. Pesquisa Operacional na Tomada de Decisões. 3 ed. São Paulo: CAMPUS, 2007
MACHADO, C. C. Colheita Florestal, 2. Ed. Viçosa, MG: UFV, 2008
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