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DADOS DA OBRA

Título da obra: Concurso Prefeitura Municipal de Itaquaquecetuba

Cargo: Professor de Educação Infantil e Ensino Fundamental

(Edital de Abertura de Concurso Público Nº 01/2017)

Conhecimentos Gerais em Educação/Legislação

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Conhecimentos Gerais

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Introdução
aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF. 1997. Primeiro e Segundo ciclos do Ensino Fundamental..
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos temas transversais. MEC/SEF.
1997. Primeiro e Segundo ciclos do Ensino Fundamental. ......................................................................................................................
Lei Federal nº 9.394, de 20/12/96 – Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. ...........................................
Lei Federal nº 8.069, de 13/07/90 – Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente..............................................
Decreto nº 6.571/2008 – Educação Inclusiva e as Políticas Públicas. ....................................................................................
Decreto 7611/2011 – Dispõe sobre a Educação Especial, o AEE e dá outras providências. ...............................................
Resolução nº 4/2010 - CNE/CEB – Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. ........................
Decreto n° 7.083, de 27 de janeiro de 2010, Dispõe sobre o Programa Mais Educação. .................................................
Lei Federal nº 11.494, de 20/06/07 que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica
e de Valorização dos Profissionais da Educação-FUNDEB. MEC. .........................................................................................
Dispõe sobre o Estatuto e o Plano de carreira e Remuneração do Magistério Público do Município de Itaquaquecetuba.
Lei 280 de 11 de dezembro de 2015. Dispõe sobre a aprovação do plano decenal de Educação, para o decênio 2016-
2025. ............................................................................................................................................................................................
Lei 3210, de 24 de Junho de 2015............................................................................................................................................
Proposta Curricular do Município de Itaquaquecetuba: Diretrizes, Parâmetros e Propostas Didáticas. 2012. ..............

Conhecimentos Específico

Conteúdo básico: O desenvolvimento e a aprendizagem da criança de 3 anos e meio a 5 anos; ....................................


A linguagem simbólica; ...............................................................................................................................................................
O jogo, o brinquedo e a brincadeira; ........................................................................................................................................
Os três tipos de conhecimento: físico, social e lógico-matemático; ......................................................................................
As concepções, orientações didáticas e áreas de abrangência do currículo Municipal de Educação Infantil; .................
A avaliação na educação infantil; ...............................................................................................................................................
A ética na educação infantil; .......................................................................................................................................................
O planejamento do trabalho pedagógico; ...............................................................................................................................
Avaliação, Observação e Registro; Projetos para a educação infantil. ..................................................................................
Reflexões sobre a prática pedagógica: a organização do espaço e do tempo; o ambiente alfabetizador. Cuidar e educar. As
relações da escola com a comunidade; .....................................................................................................................................

Referência bibliográfica:
BARBOSA, M. C. S. As pedagogias das rotinas. In: . Por amor e por força: rotinas na educação infantil. Porto Alegre:
Artmed, 2006. cap. 5. . A rotina como categoria pedagógica. In: . Por amor e por força: rotinas na educação
infantil. Porto Alegre: Artmed, 2006. cap. 6. . A organização do ambiente In: . Por amor e por força: rotinas na
educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2006. cap. 7. . Os usos do tempo. In: . Por amor e por força: rotinas
na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2006. cap. 8. ......................................................................................................

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BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil. Brasília:
MEC, SEB, 2010. ............................................................................................................................................................................
BRASIL. Ministério da Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC,
1998. ..............................................................................................................................................................................................
BRASIL, Ministério da educação. Secretaria da Educação Básica. Brinquedos e brincadeiras nas creches: Manual de
orientação Pedagógica. Brasília: MEC/SEB,2012.......................................................................................................................
BARBOSA, M. C. S.; HORN, M. G. S. Projetos Pedagógicos na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2008................
BRASIL. Lei n 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providên-
cias. ................................................................................................................................................................................................

CAMPOS, M. M.; ROSEMBERG, F. Critérios para um Atendimento em Creches que Respeite os Direitos Fundamentais
das Crianças. 6. ed. Brasília: MEC, SEB, 2009. ..........................................................................................................................
DEVRIES, R. et al. O currículo construtivista na educação infantil: práticas e atividades. Porto Alegre: Artmed, 2004. 260 p 127
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários a Prática Educativa. São Paulo: Paz e Terra,1996. .......
HOFFMANN, J. Avaliação na pré-escola: um olhar sensível e reflexivo sobre a criança. Porto Alegre: Mediação, 2005. p.
47-80. ...........................................................................................................................................................................................
KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org.) Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. São Paulo:Cortez,2008. ......................
MACHADO, P. B. Comportamento infantil. Porto Alegre: Mediação, 2002.........................................................................
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento um processo sócio-histórico. 3. ed. São Paulo:
Scipione, 1995.............................................................................................................................................................................
RAMOZZI-CHIAROTTINO, Zélia. Psicologia e epistemologia genética de Jean Piaget. São Paulo: EPU. 1988...............
SOARES, Magda. Alfabetização e Letramento. São Paulo: Contexto, 2006.........................................................................
VINHA, T. P. O educador e a Moralidade Infantil: Uma visão construtivista. São Paulo: Mercado das Letras, 2001. p. 37-
126. ..............................................................................................................................................................................................

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Breve histórico

BRASIL. MINISTÉRIO DA Até dezembro de 1996 o ensino fundamental esteve es-


EDUCAÇÃO. truturado nos termos previstos pela Lei Federal n. 5.692,
de 11 de agosto de 1971. Essa lei, ao definir as diretrizes e
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL.
bases da educação nacional, estabeleceu como objetivo ge-
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. ral, tanto para o ensino fundamental (primeiro grau, com
INTRODUÇÃO AOS PARÂMETROS oito anos de escolaridade obrigatória) quanto para o ensi-
CURRICULARES NACIONAIS. BRASÍLIA: MEC/ no médio (segundo grau, não obrigatório), proporcionar
SEF. 1997. PRIMEIRO E SEGUNDO CICLOS DO aos educandos a formação necessária ao desenvolvimento
ENSINO FUNDAMENTAL. de suas potencialidades como elemento de auto realização,
preparação para o trabalho e para o exercício consciente da
cidadania.
VOLUME 01 Também generalizou as disposições básicas sobre o currí-
culo, estabelecendo o núcleo comum obrigatório em âmbi-
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES to nacional para o ensino fundamental e médio. Manteve,
O que são os Parâmetros porém, uma parte diversificada a fim de contemplar as
Curriculares Nacionais peculiaridades locais, a especificidade dos planos dos es-
Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem um refe- tabelecimentos de ensino e as diferenças individuais dos alu-
rencial de qualidade para a educação no Ensino Fundamen- nos. Coube aos Estados a formulação de propostas curricu-
tal em todo o País. Sua função é orientar e garantir a coerência lares que serviriam de base às escolas estaduais, municipais
dos investi mentos no sistema educacional, socializando dis- e particulares situadas em seu território, compondo, assim,
cussões, pesquisas e recomendações, subsidiando a partici- seus respectivos sistemas de ensino. Essas propostas foram,
pação de técnicos e professores brasileiros, principalmente na sua maioria, reformuladas durante os anos 80, segundo as
daqueles que se encontram mais isolados, com menor con- tendências educacionais que se
tato com a produção pedagógica atual. generalizaram nesse período.
Por sua natureza aberta, configuram uma proposta flexí- Em 1990 o Brasil participou da Conferência Mundial
vel, a ser concretizada nas decisões regionais e locais sobre de Educação para Todos, em Jomtien, na Tailândia, convo-
currículos e sobre programas de transformação da realidade cada pela Unesco, Unicef, PNUD e Banco Mundial. Dessa
educacional empreendidos pelas autoridades governamen- conferência, assim como da Declaração de Nova Delhi —
tais, pelas escolas e pelos professores. Não configuram, por- assinada pelos nove países em desenvolvimento de maior
tanto, um modelo curricular homogêneo e impositivo, que contingente populacional do mundo —, resultaram posições
se sobreporia à competência políticoexecutiva dos Estados e consensuais na luta pela satisfação das necessidades básicas
Municípios, à diversidade sociocultural das diferentes regiões de aprendizagem para todos, capazes de tornar universal
do País ou à autonomia de professores e equipes pedagógi- a educação fundamental e de ampliar as oportunidades de
cas. aprendizagem para crianças, jovens e adultos.
O conjunto das proposições aqui expressas responde à Tendo em vista o quadro atual da educação no Bra-
necessidade de referenciais a partir dos quais o sistema educa- sil e os compromissos assumidos internacionalmente, o
cional do País se organize, a fim de garantir que, respeitadas as Ministério da Educação e do Desporto coordenou a elabo-
diversidades culturais, regionais, étnicas, religiosas e políticas ração do Plano Decenal de Educação para Todos (19932003),
que atravessam uma sociedade múltipla, estratificada e com- concebido como um conjunto de diretrizes políticas em
plexa, a educação possa atuar, decisivamente, no processo de contínuo processo de negociação, voltado para a recuperação
construção da cidadania, tendo como meta o ideal de uma da escola fundamental, a partir do compromisso com a equi-
crescente igualdade de direitos entre os cidadãos, baseado nos dade e com o incremento da qualidade, como também
princípios democráticos. Essa igualdade implica necessaria- com a constante avaliação dos sistemas escolares, visando ao
mente o acesso à totalidade dos bens públicos, entre os seu contínuo aprimoramento.
quais o conjunto dos conhecimentos socialmente relevan- O Plano Decenal de Educação, em consonância com o
tes. que estabelece a Constituição de 1988, afirma a necessidade
Entretanto, se estes Parâmetros Curriculares Nacionais e a obrigação de o Estado elaborar parâmetros claros no campo
podem funcionar como elemento catalisador de ações na curricular capazes de orientar as ações educativas do ensino
busca de uma melhoria da qualidade da educação brasileira, obrigatório, de forma a adequálo aos ideais democráticos
de modo algum pretendem resolver todososproblemas que e à busca da melhoria da qualidade do ensino nas escolas
afetam a qualidade do ensino e da aprendizagem no País. A brasileiras.
busca da qualidade impõe a necessidade de investimentos Nesse sentido, a leitura atenta do texto constitu-
em diferentes frentes, como a formação inicial e continuada cional vigente mostra a ampliação das responsabilidades do
de professores, uma política de salários dignos, um plano de poder público para com a educação de todos, ao mesmo tem-
carreira, a qualidade do livro didático, de recursos televisivos e po que a Emenda Constitucional n. 14, de 12 de setembro
de multimídia, a disponibilidade de materiais didáticos. Mas de 1996, priorizou o ensino fundamental, disciplinando a
esta qualificação almejada implica colocar também, no centro participação de Estados e Municípios no tocante ao financia-
do debate, as atividades escolares de ensino e aprendizagem mento desse nível de ensino.
e a questão curricular como de inegável importância para a
política educacional da nação brasileira.

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A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional O processo de elaboração dos Parâmetros Curri-
(Lei Federal n. 9.394), aprovada em 20 de dezembro de 1996, culares Nacionais
consolida e amplia o dever do poder público para com a O processo de elaboração dos Parâmetros Curriculares Na-
educação em geral e em particular para com o ensino funda- cionais teve início a partir do estudo de propostas curricula-
mental. Assim, vêse no art. 22 dessa lei que a educação básica, res de Estados e Municípios brasileiros, da análise realizada
da qual o ensino fundamental é parte integrante, deve assegu- pela Fundação Carlos Chagas sobre os currículos oficiais e do
rar a todos “a formação comum indispensável para o exercício contato com informações relativas a experiências de outros
da cidadania e fornecerlhes meiospara progredir no trabalho países. Foram analisados subsídios oriundos do Plano Dece-
e em estudos posteriores”, fato que confere ao ensino fun-
nal de Educação, de pesquisas nacionais e internacionais, da-
damental, ao mesmo tempo, um caráter de terminalidade
dos estatísticos sobre desempenho de alunos do ensino fun-
e de continuidade.
damental, bem como experiências de sala de auladifundidas
Essa LDB reforça a necessidade de se propiciar a todos
a formação básica comum, o que pressupõe a formulação de em encontros, seminários e publicações.
um conjunto de diretrizes capaz de nortear os currículos e seus Formulouse, então, uma proposta inicial que, apresentada em
conteúdos mínimos, incumbência que, nos termos do art. 9º, versão preliminar, passou por um processo de discussão em âmbito
inciso IV, é remetida para a União. Para dar conta desse amplo nacional, em 1995 e 1996, do qual participaram docentes de uni-
objetivo, a LDB consolida a organização curricular de modo versidades públicas e particulares, técnicos de secretarias estaduais
a conferir uma maior flexibilidade no trato dos componen- e municipais de educação, de instituições representativas de dife-
tes curriculares, reafirmando desse modo o princípio da base rentes áreas de conhecimento, especialistas e educadores. Desses
nacional comum (Parâmetros Curriculares Nacionais), a interlocutores foram recebidos aproximadamente setecentos
ser complementada por uma parte diversificada em cada pareceres sobre a proposta inicial, que serviram de referência
sistema de ensino e escola na prática, repetindo o art. 210 para a sua reelaboração.
da Constituição Federal. A discussão da proposta foi estendida em inúmeros
Em linha de síntese, podese afirmar que o currículo, tan- encontros regionais, organizados pelas delegacias do MEC
to para o ensino fundamental quanto para o ensino médio, nos Estados da federação, que contaram com a participação
deve obrigatoriamente propiciar oportunidades para o de professores do ensino fundamental, técnicos de secre-
estudo da língua portuguesa, da matemática, do mundo tarias municipais e estaduais de educação, membros de
físico e natural e da realidade social e política, enfatizando conselhos estaduais de educação, representantes de sindicatos
se o conhecimento do Brasil. Também são áreas curriculares
e entidades ligadas ao magistério. Os resultados apurados
obrigatórias o ensino da Arte e da Educação Física, necessa-
nesses encontros também contribuíram para a reelaboração
riamente integradas à proposta pedagógica. O ensino de pelo
menos uma língua estrangeira moderna passa a se constituir do documento.
um componente curricular obrigatório, a partir da quinta Os pareceres recebidos, além das análises críticas e su-
série do ensino fundamental (art. 26, § 5o). Quanto ao ensino gestões em relação ao conteúdo dos documentos, em sua
religioso, sem onerar as despesas públicas, a LDB manteve a quase totalidade, apontaram a necessidade de uma política
orientação já adotada pela política educacional brasileira, ou seja, de implementação da proposta educacional inicialmente
constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas, explicitada. Além disso, sugeriram diversas possibilidades de
mas é de matrícula facultativa, respeitadas as preferências ma- atuação das universidades e das faculdades de educação para a
nifestadas pelos alunos ou por seus responsáveis (art. 33). melhoria do ensino nas séries iniciais, as quais estão sendo in-
O ensino proposto pela LDB está em função do objetivo corporadas na elaboração de novos programas de formação
maior do ensino fundamental, que é o de propiciar a todos de professores, vinculados à implementação dos Parâmetros
formação básica para a cidadania, a partir da criação na escola Curriculares Nacionais.
de condições de aprendizagem para:
“I o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo A PROPOSTA DOS PARÂMETROS CURRICULARES NA-
como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e CIONAIS EM
do cálculo; FACE DA SITUAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL
II a compreensão do ambiente natural e social, do sistema
político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fun-
Durante as décadas de 70 e 80 a tônica da política
damenta a sociedade;
educacional brasileira recaiu sobre a expansão das oportuni-
III o desenvolvimento da capacidade de aprendiza-
dades de escolarização, havendo um aumento expressivo no
gem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habili-
dades e a formação de atitudes e valores; acesso à escola básica. Todavia, os altos índices de repetên-
IV o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de cia e evasão apontam problemas que evidenciam a grande
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assen- insatisfação com o trabalho realizado pela escola.
ta a vida social” (art. 32). Indicadores fornecidos pela Secretaria de Desenvolvimento
Verificase, pois, como os atuais dispositivos relativos à e Avaliação Educacional (Sediae), do Ministério da Educação e
organização curricular da educação escolar caminham no sen- do Desporto, reafirmam a necessidade de revisão do projeto edu-
tido de conferir ao aluno, dentro da estrutura federativa, cacional do País, de modo a concentrar a atenção na qualidade do
efetivação dos objetivos da educação democrática. ensino e da aprendizagem.

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Número de alunos e de estabelecimentos provocando a existência de um número excessivo de
turnos e a criação de escolas unidocentes ou mul-
A oferta de vagas está praticamente tisseriadas.
universalizada no País. O maior contingente de Em 1994, os 31,2 milhões de alunos do ensino
crianças fora da escola encontra-se na região fundamental concentravam-se predominantemente nas
Nordeste. Nas regiões Sul e Sudeste há regiões Sudeste (39%) e Nor- deste (31%), seguidas das
desequilíbrios na localização das escolas e, no caso regiões Sul (14%), Norte (9%) e Centro-Oeste (7%),
das grandes cidades, insuficiência de vagas, conforme indicado no gráfico 1.

No que se refere ao número de estabelecimentos de


A maioria absoluta dos alunos frequentava ensino, ao todo 194.487, mais de 70% das escolas são rurais,
escolas públicas (88,4%) localizadas em áreas apesar de responde- rem por apenas 17,5% da demanda
urbanas (82,5%), como re- sultado do processo de de ensino fundamental. Na verdade, as escolas rurais
urbanização do País nas últimas décadas, e da concentram-se sobretudo na região Nordeste (50%), não
crescente participação do setor público na oferta de só em função de suas características socioeconômicas, mas
matrículas. O setor privado responde apenas por também devido à ausência de planejamento do processo de
11,6% da oferta, em consequência de sua expan- são da rede física (gráfico 2).
participação declinante desde o início dos anos 70.

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A situação mostrasse grave ao se observar a a urgência das tarefas e o esforço que o estado e a
evolução da distribuição da população por nível de sociedade civil deverão assumir para superar a médio
escolaridade. Se é verdade que houve considerável prazo o quadro existente.
avanço na escolaridade correspondente à primeira fase
do ensino fundamental (primeira a quarta séries), é Além das imensas diferenças regionais no que
também verdade que em relação aos demais níveis de concerne ao número médio de anos de estudo, que
ensino a escolaridade ainda é muito insuficiente: em apontam a região Nor- deste bem abaixo da média
1990, apenas 19% da população do País possuía o nacional, cabe destacar a grande oscilação deste
primeiro grau completo; 13%, o nível médio; e 8% indicador em relação à variável cor, mas relativo
possuía o nível superior. Considerando a importância equilíbrio do ponto de vista de gênero, como
do ensino fundamental e médio para assegurar a mostram os dados da tabela 1.
formação de cidadãos aptos a participar
democraticamente da vida social, esta situação indica

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Com efeito, mais do que refletir as desigualdades a repetência constitui um dos problemas do quadro
regionais e as diferenças de gênero e cor, o quadro de educacional do País, uma vez que os alunos passam, em
média, 5 anos na escola antes de se evadi rem ou levam
escolarização desigual do
cerca de 11,2 anos para concluir as oito séries de
País revela os resultados do processo de extrema
escolaridade obrigatória. No entanto, a grande maioria da
concentração de renda e níveis elevados de pobreza. população estudantil acaba desistindo da escola,
desestimulada em razão das altas taxas de repetência e
Promoção, repetência e evasão pressionada por fatores socioeconômicos que obrigam
boa parte dos alunos ao trabalho precoce.
Em relação às taxas de transição1, houve substancial
Apesar da melhoria observada nos índices de
melhoria dos índices de promoção, repetência e evasão do
evasão, o comportamento das taxas de promoção e
ensino fundamental. Verifica-se, no período de 198192,
repetência na primeira série do ensino fundamental
tendência ascendente das taxas de pro moção — sobem de
está ainda longe do desejável: apenas 51% do total de
55% em 1984, para 62% em 1992 — acompa- nhada de
alunos são promovidos, enquanto 44% repetem,
queda razoável das taxas médias de repetência e evasão,
reproduzindo assim o ciclo de retenção que acaba
que atingem, respectivamente, 33% e 5% em 1992.
expulsando os alunos da escola (gráficos 3, 4 e 5).
Essa tendência é muito significativa. Estudos indicam que

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Do ponto de vista regional, com exceção do Norte e do Nordeste, as demais regiões apresentam tendência à eleva-
ção das taxas médias de promoção e à queda dos índices de repetência (gráficos 6 e 7), indicando relativo processo de melhoria
da eficiência do sistema. Ressalta-se, contudo, tendência à queda das taxas de evasão nas regiões Norte e Nordeste que,
em 1992, chegam muito próximas da média nacional (gráfico 8).

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42% e de 54%;
• as regiões Norte e Nordeste situam-se bem acima da
média nacional

(respectivamente, 78% e 80%).

Para reverter esse quadro, alguns Estados e Municípios


começam a implementar programas de aceleração do fluxo
escolar, com o objetivo de promover, a médio prazo, a
melhoria dos indicadores de rendimento escolar. São ini-
ciativas extremamente importantes, uma vez que a pesqui-
sa realizada pelo MEC, em 1995, por meio do Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) mostra
que quanto maior a distorção idade/série, pior o rendimento
dos alunos em Língua Portuguesa e Matemática, tanto no
ensino fundamental como no médio. A repetência, por-
tanto, parece não acrescentar nada ao processo de ensino e
aprendizagem.

O perfil da educação brasileira apresentou significativas


mudanças nas duas últimas décadas.

Houve substancial queda da taxa de analfabetismo, au-


mento expressivo do número de matrículas em todos os ní-
veis de ensino e crescimento sistemático das taxas de escolarida-
de média da população.
As taxas de repetência evidenciam a baixa qualidade do
ensino e a incapacidade dos sistemas educacionais e das escolas A progressiva queda da taxa de analfabetismo, que pas-
de garantir a permanência do aluno, penalizando principalmente sa de 39,5% para 20,1% nas quatro últimas décadas, foi para-
os alunos de níveis de renda mais baixos. lela ao processo de universalização do atendimento escolar na
O “represamento” no sistema causado pelo número faixa etária obrigatória (sete a quatorze anos), tendência que
excessivo de reprovações nas séries iniciais contribui de se acentua de meados dos anos 70 para cá, sobretudo como
forma significativa para o aumento dos gastos públicos, resultado do esforço do setor público na promoção das polí-
ainda acrescidos pela subutilização de recursos humanos e
ticas educacionais. Esse movimento não ocorreu de forma
materiais nas séries finais, devido ao número reduzido de
homogênea. Ele acompanhou as características de desenvolvi-
alunos.
Uma das consequências mais nefastas das elevadas ta- mento socioeconômico do País e reflete suas desigualdades.
xas de repetência manifesta-se nitidamente nas acentua- Por outro lado, resultados obtidos em pesquisa realiza-
das taxas de distorção série/idade, em todas as séries do ensino da pelo SAEB/95, baseados em uma amostra nacional que
fundamental (gráfico 9). Apesar da ligeira queda observada abrangeu 90.499 alunos de 2.793 escolas públicas e privadas,
em todas as séries, no período 198494, a situação é dramática: reafirmam a baixa qualidade atingida no desempenho dos
• mais de 63% dos alunos do ensino fundamental têm alunos no ensino fundamental em relação à leitura e princi-
idade superior à faixa etária correspondente a cada série; palmente em habilidade matemática.
• as regiões Sul e Sudeste, embora situem-se abaixo da
média nacional, ainda apresentam índices bastante elevados,
respectivamente, cerca de

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Pelo exame da tabela 2, os estudantes parecem lidar melhor com o reconhecimento de significados do que com
extensões ou aspectos críticos, já que os índices de acerto são sempre maiores nesse tipo de habilidade.

Os resultados de desempenho em matemática vezes o que aprenderam não facilita sua inserção e atuação
mostram um rendimento geral insatisfatório, na sociedade. Dentre outras deficiências do processo de
pois os percentuais em sua maioria situam-se ensino e aprendizagem, são relevantes o desinteresse geral
abaixo de 50%. Ao indicarem um rendimento melhor pelo trabalho escolar, a motivação dos alunos centrada
nas questões classifica- das como de compreensão de apenas na nota e na promoção, o esquecimento precoce
conceitos do que nas de conhecimento de dos assuntos estudados e os problemas de disciplina.
procedimentos e resolução de problemas, os dados Desde os anos 80, experiências concretas no âmbito
parecem confirmar o que vem sendo amplamente dos Estados e Municípios vêm sendo tentadas para a
debatido, ou seja, que o ensino da matemática ainda é transformação desse qua- dro educacional mas, ainda que
feito sem levar em conta os aspectos que a vinculam tenham obtido sucesso, são experiências circunscritas a
com a prática cotidiana, tornando a desprovida de realidades específicas.
significado para o aluno. Outro fato que chama a
Professores
atenção é que o pior índice refere-se ao campo da
geometria. O desempenho dos alunos remete-nos diretamente à
necessidade de se considerarem aspectos relativos à
Os dados apresentados pela pesquisa confirmam a
formação do professor. Pelo Censo Educacional de 1994
necessidade de investimentos substanciais para a melhoria
da qualidade do ensino e da aprendizagem no ensino foi feito um levantamento da quantidade de professores
que atuam no ensino fundamental, bem como grau
fundamental.
Mesmo os alunos que conseguem completar os oito
anos do ensino fundamental acabam dispondo de menos
conhecimento do que se espera de quem concluiu a
escolaridade obrigatória. Aprenderam pouco, e muitas
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de escolaridade. Do total de funções docentes do ensino fundamental (cerca de 1,3 milhão), 86,3% encontram-se na rede pública; mais de
79% relacionam-se às escolas da área urbana e apenas 20,4% à zona rural (tabela 4).

A tabela 4 mostra a existência de 10% de funções realidade brasileira, a profunda estratificação social e a
docentes sendo desempenhadas sem o nível de injusta distribuição de renda têm funcionado como um
formação mínimo exigi- do. Ainda 5% de funções entrave para que uma parte considerável da
preenchidas por pessoas com escolaridade de nível população possa fazer valer os seus direitos e
médio ou superior, mas sem função específica para o interesses fundamentais. Cabe ao governo o papel de
magistério. Finalmente, a ausência de formação assegurar que o processo democrático se desenvolva
mínima concentra-se na área rural, onde chega a de modo a que esses entraves diminuam cada vez
atingir 40%. mais. É papel do Estado democrático investir na
A exigência legal de formação inicial para atuação escola, para que ela prepare e instrumen- talize
no ensino fundamental nem sempre pode ser crianças e jovens para o processo democrático,
cumprida, em função das deficiências do sistema forçando o acesso à educação de qualidade para todos
educacional. No entanto, a má qualidade do ensino e às possibilidades de participação social.
não se deve simplesmente à não formação inicial de Para isso faz-se necessária uma proposta
parte dos professores, resultando também da má educacional que tenha em vista a qualidade da
qualidade da formação que tem sido ministrada. Este formação a ser oferecida a todos os estudantes. O
levantamento mostra a urgência de se atuar na ensino de qualidade que a sociedade demanda
formação inicial dos professores. atualmente expressa-se aqui como a possibilidade de o
Além de uma formação inicial consistente, é preciso sistema educacional vir a propor uma prática educativa
considerar um investimento educativo contínuo e adequada às necessidades sociais, políticas,
sistemático para que o pro- fessor se desenvolva como econômicas e culturais da realida- de brasileira, que
profissional de educação. O conteúdo e a metodologia para considere os interesses e as motivações dos alunos e
essa formação precisam ser revistos para que haja garanta as aprendizagens essenciais para a formação
possibilidade de melhoria do ensino. A formação não pode de cidadãos autônomos, críticos e participativos,
ser tratada como um acúmulo de cursos e técnicas, mas sim capazes de atuar com competência, dignidade e
como um processo reflexivo e crítico sobre a prática responsabilidade na sociedade em que vivem.
educativa. Investir no desenvolvimento profissional dos O exercício da cidadania exige o acesso de todos à
professores é também intervir em suas reais condições totalidade dos recursos culturais relevantes para a
de trabalho. intervenção e a partici- pação responsável na vida
social. O domínio da língua falada e escrita, os
PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS DOS PARÂMETROS princípios da reflexão matemática, as coordenadas
CURRICULARES NACIONAIS espaciais e temporais que organizam a percepção do
Na sociedade democrática, ao contrário do que mundo, os princípios da explicação científica, as
ocorre nos regimes autoritários, o processo condições de fruição da arte e das mensagens
educacional não pode ser instrumento para a estéticas, domínios de saber tradicionalmente
imposição, por parte do governo, de um projeto de presentes nas diferentes concepções do papel da
sociedade e de nação. Tal projeto deve resultar do educação no mundo democrático, até outras tantas
próprio processo democrático, nas suas dimensões mais exigências que se impõem no mundo
amplas, envolvendo a contraposição de diferentes contemporâneo.
interesses e a nego- ciação política necessária para Essas exigências apontam a relevância de
encontrar soluções para os conflitos sociais. discussões sobre a dignidade do ser humano, a
Não se pode deixar de levar em conta que, na atual igualdade de direitos, a recusa categórica de formas
de discriminação, a importância da solidariedade e do
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respeito. Cabe ao campo educacional propiciar aos assumir-se como espaço social de construção dos
alunos as capacidades de vivenciar as diferentes formas significados éticos necessários e constitutivos de toda
de inserção sociopolítica e cultural. Apresenta-se para a e qualquer ação de cidadania.
escola, hoje mais do que nunca, a necessidade de

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No contexto atual, a inserção no mundo do trabalho e aprendizagem, existe também aquilo que é comum a todos, que
do consumo, o cuidado com o próprio corpo e com a saú- um aluno de qualquer lugar do Brasil, do interior ou do lito-
de, passando pela educação sexual, e a preservação do meio ral, de uma grande cidade ou da zona rural, deve ter o direito de
ambiente são temas que ganham um novo estatuto, num aprender e esse direito deve ser garantido pelo Estado.
universo em que os referenciais tradicionais, a partir dos quais Mas, na medida em que o princípio da equidade reco-
eram vistos como questões locais ou individuais, já não nhece a diferença e a necessidade de haver condições dife-
dão conta da dimensão nacional e até mesmo internacional renciadas para o processo educacional, tendo em vista a
que tais temas assumem, justificando, portanto, sua considera- garantia de uma formação de qualidade para todos, o que se
ção. Nesse sentido, é papel preponderante da escola pro- apresenta é a necessidade de um referencial comum para a
piciar o domínio dos recursos capazes de levar à discussão formação escolar no Brasil, capaz de indicar aquilo que deve
dessas formas e sua utilização crítica na perspectiva da partici- ser garantido a todos, numa realidade com características tão
pação social e política. diferenciadas, sem promover uma uniformização que desca-
Desde a construção dos primeiros computadores, na racterize e desvalorize peculiaridades culturais e regionais.
É nesse sentido que o estabelecimento de uma referência
metade deste século, novas relações entre conhecimento e
curricular comum para todo o País, ao mesmo tempo que
trabalho começaram a ser delineadas. Um de seus efeitos é a
fortalece a unidade nacional e a responsabilidade do Governo
exigência de um reequacionamento do papel da educação no
Federal com a educação, busca garantir, também, o respeito à
mundo contemporâneo, que coloca para a escola
diversidade que é marca cultural do País, mediante a possibi-
um horizonte mais amplo e diversificado do que aquele lidade de adaptações que integrem as diferentes dimensões
que, até poucas décadas atrás, orientava a concepção e cons- da prática educacional.
trução dos projetos educacionais. Não basta visar à capacita- Para compreender a natureza dos Parâmetros Curriculares
ção dos estudantes para futuras habilitações em termos das Nacionais, é necessário situá-los em relação a quatro níveis
especializações tradicionais, mas antes trata-se de ter em vista de concretização curricular considerando a estrutura do
a formação dos estudantes em termos de sua capacitação para sistema educacional brasileiro. Tais níveis não representam
a aquisição e o desenvolvimento de novas competências, em etapas sequenciais, mas sim amplitudes distintas da elabora-
função de novos saberes que se produzem e demandam um ção de propostas curriculares, com responsabilidades diferen-
novo tipo de profissional, preparado para poder lidar com tes, que devem buscar uma
novas tecnologias e linguagens, capaz de responder a novos integração e, ao mesmo tempo, autonomia.
ritmos e processos. Essas novas relações entre conhecimento e Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem o pri-
trabalho exigem capacidade de iniciativa e inovação e, mais meiro nível de concretização curricular.
do que nunca, “aprender a aprender”. Isso coloca novas de- São uma referência nacional para o ensino fundamen-
mandas para a escola. A educação básica tem assim a função de tal; estabelecem uma meta educacional para a qual devem
garantir condições para que o aluno construa instrumentos convergir as ações políticas do Ministério da Educação e do
que o capacitem para um processo de educação permanente. Desporto, tais como os projetos ligados à sua competência
Para tanto, é necessário que, no processo de ensino e aprendiza- na formação inicial e continuada de professores, à análise e
gem, sejam exploradas: a aprendizagem de metodologias capazes compra de livros e outros materiais didáticos e à avaliação
de priorizar a construção de estratégias de verificação e comprova- nacional. Têm comofunção subsidiar a elaboração ou a revisão
ção de hipóteses na construção do conhecimento, a construção curricular dos Estados e Municípios, dialogando com as
de argumentação capaz de controlar os resultados desse processo, propostas e experiências já existentes, incentivando a discus-
o desenvolvimento do espírito crítico capaz de favorecer a criativi- são pedagógica interna das escolas e a elaboração de projetos
dade, a compreensão dos limites e alcances lógicos das explicações educativos, assim como servir de material de reflexão para a
propostas. Além disso, é necessário ter em conta uma dinâmica de prática de professores.
Todos os documentos aqui apresentados configuram
ensino que favoreça não só o descobrimento das potencialidades
uma referência nacional em que são apontados conteúdos
do trabalho individual, mas também, e sobretudo, do trabalho
e objetivos articulados, critérios de eleição dos primeiros,
coletivo.Isso implicao estímulo à autonomiado sujeito,desenvol-
questões de ensino e aprendizagem das áreas, que permeiam a
vendo osentimento de segurança em relação às suas próprias capa-
prática educativa de forma explícita ou implícita, propostas so-
cidades, interagindo de modo orgânico e integrado num trabalho bre a avaliação em cada momento da escolaridade e em cada
de equipe e, portanto, sendo capaz de atuar em níveis de interlo- área, envolvendo questões relativas a o que e como avaliar. As-
cução mais complexos e diferenciados. sim, além de conter uma exposição sobre seus fundamentos,
contém os diferentes elementos curriculares — tais como
Natureza e função dos Parâmetros Curriculares Caracterização das Áreas, Objetivos, Organização dos Con-
Nacionais teúdos, Critérios de Avaliação e Orientações Didáticas
Cadacriança ou jovem brasileiro, mesmo de locais com —, efetivando uma proposta articuladora dos propósitos
pouca infraestrutura e condições socioeconômicas desfavo- mais gerais de formação de cidadania, com sua operaciona-
ráveis, deve ter acesso ao conjunto de conhecimentos socialmen- lização no processo de aprendizagem.
te elaborados e reconhecidos como necessários para o exercício da Apesar de apresentar uma estrutura curricular completa,
cidadania para deles poder usufruir. Se existem diferenças socio- os Parâmetros Curriculares Nacionais são abertos e flexíveis,
culturais marcantes, que determinam diferentes necessidades de uma vez que, por sua natureza, exigem adaptações para a

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construção do currículo de uma Secretaria ou mesmo de Fundamentos dos Parâmetros
uma escola. Também pela sua natureza, eles não se im- Curriculares Nacionais
põem como uma diretriz obrigatória: o que se pretende é
que ocorram adaptações, por meio do diálogo, entre estes A TRADIÇÃO PEDAGÓGICA BRASILEIRA
documentos e as práticas já existentes, desde as definições dos A prática de todo professor, mesmo de forma inconscien-
objetivos até as orientações didáticas para a manutenção de um te, sempre pressupõe uma concepção de ensino e aprendizagem
todo coerente. que determina sua compreensão dos papéis de professor e aluno,
Os Parâmetros Curriculares Nacionais estão situados da metodologia, da função social da escola e dos conteúdos a se-
historicamente — não são princípios atemporais. Sua valida- rem trabalhados. A discussão dessas questões é importante para
de depende de estarem em consonância com a realidade social, que se explicitem os pressupostos pedagógicos que subjazem à ativi-
necessitando, portanto, de um processo periódico de ava- dade de ensino,na busca de coerência entre o que se pensa estar
liação e revisão, a ser coordenado pelo MEC. fazendo e o que realmente se faz. Tais práticas se constituem a
O segundo nível de concretização diz respeito às propostas
partir das concepções educativas e metodologias de ensino que
curriculares dos Estados e Municípios. Os Parâmetros Curriculares
permearam a formação educacional e o percurso profissional do
Nacionais poderão ser utilizados como recurso para adaptações
professor, aí incluídas suas próprias experiências escolares, suas
ou elaborações curriculares realizadas pelas Secretarias de Educa-
experiências de vida, a ideologia compartilhada com seu grupo
ção, em um processo definido pelos responsáveis em cada local.
O terceiro nível de concretização refere-se à elaboração social e as tendências pedagógicas que lhe são contemporâneas.
da proposta curricular de cada instituição escolar, contex-
tualizada na discussão de seu projeto educativo. Entende-se As tendências pedagógicas que se firmam nas escolas
por projeto educativo a expressão da identidade de cada es- brasileiras, públicas e privadas, na maioria dos casos não
cola em um processo dinâmico de discussão, reflexão e elabo- aparecem em forma pura, mas com características particula-
ração contínua. Esse processo deve contar com a participação res, muitas vezes mesclando aspectos de mais de uma linha
de toda equipe pedagógica, buscando um comprometi- pedagógica.
mento de todos com o trabalho realizado, com os propósitos
discutidos e com a adequação de tal projeto às características A análise das tendências pedagógicas no Brasil deixa
sociais e culturais da realidade em que a escola está inserida. evidente a influência dos grandes movimentos educa-
É no âmbito do projeto educativoque professores e equipe cionais internacionais, da mesma forma que expressam as
pedagógica discutem e organizam os objetivos, conteúdos e especificidades de nossa história política, social e cultural, a
critérios de avaliação para cada ciclo. cada período em que são consideradas. Pode-se identificar,
Os Parâmetros Curriculares Nacionais e as propostas das na tradição pedagógica brasileira, a presença de quatro gran-
Secretarias devem ser vistos como materiais que subsidiarão des tendências: a tradicional, a renovada, a tecnicista e aquelas
a escola na constituição de sua proposta educacional mais marcadas centralmente por preocupações sociais e políticas.
geral, num processo de interlocução em que se comparti- Tais tendências serão sintetizadas em grandes traços que ten-
lham e explicitam os valores e propósitos que orientam o tam recuperar os pontos mais significativos de cada uma das
trabalho educacional que se quer desenvolver e o estabele- propostas. Este documento não ignora o risco de uma certa
cimento do currículo capaz de atender às reais necessidades redução das concepções, tendo em vista a própria síntese e
dos alunos. os limites desta apresentação.
O quarto nível de concretização curricular é o momen- A “pedagogia tradicional” é uma proposta de educação
to da realização da programação das atividades de ensino e centrada no professor, cuja função se define como a de vigiar
aprendizagem na sala de aula. É quando o professor, segun-
e aconselhar os alunos, corrigir e ensinar a matéria.
do as metas estabelecidas na fase de concretização anterior,
A metodologia decorrente de tal concepção baseia-se na
faz sua programação, adequando-a àquele grupo específico
exposição oral dos conteúdos, numa sequência predetermi-
de alunos. A programação deve garantir uma distribuição pla-
nejada de aulas, distribuição dos conteúdos segundo um cro- nada e fixa, independentemente do contexto escolar; enfati-
nograma referencial, definição das orientações didáticas prio- za-se a necessidade de exercícios repetidos para garantir a
ritárias, seleção do material a ser utilizado, planejamento memorização dos conteúdos. A função primordial da escola,
de projetos e sua execução. Apesar de a responsabilidade nesse modelo, é transmitir conhecimentos disciplinares para
ser essencialmente de cada professor, é fundamental que esta a formação geral do aluno, formação esta que o levará, ao
seja compartilhada com a equipe da escola por meio da co inserir-se futuramente na sociedade, a optar por uma profis-
-responsabilidade estabelecida no projeto educativo. são valorizada. Os conteúdos do ensino correspondem aos
Tal proposta, no entanto, exige uma política educacio- conhecimentos e valores sociais acumulados pelas gerações
nal que contemple a formação inicial e continuada dos pro- passadas como verdades acabadas, e, embora a escola vise à
fessores, uma decisiva revisão das condições salariais, além preparação para a vida, não busca estabelecer relação entre
da organização de uma estrutura de apoio que favoreça o os conteúdos que se ensinam e os interesses dos alunos, tam-
desenvolvimento do trabalho (acervo de livros e obras de pouco entre esses e os problemas reais que afetam a sociedade.
referência, equipe técnica para supervisão, materiais didáticos, Na maioria das escolas essa prática pedagógica
instalações adequadas para a realização de trabalho de qua- se caracteriza por sobrecarga de informações que são vei-
lidade), aspectos que, sem dúvida, implicam a valorização da culadas aos alunos, o que torna o processo de aquisição de
atividade do professor. conhecimento, para os alunos, muitas vezes burocratizado e

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destituído de significação. No ensino dos conteúdos, o que vista a superação das desigualdades existentes no interior da
orienta é a organização lógica das disciplinas, o aprendizado sociedade. Ao lado das denominadas teorias crítico reprodutivistas,
moral, disciplinado e esforçado. firma-se no meio educacional a presença da “pedagogia liberta-
Nesse modelo, a escola se caracteriza pela postura conserva- dora” e da “pedagogia crítico-social dos conteúdos”, assumida
dora. O professor é visto como a autoridade máxima, um organi- por educadores de orientação marxista.
zador dos conteúdos e estratégias de ensino e, portanto, o guia
exclusivo do processo educativo. A “pedagogia libertadora” tem suas origens nos movimentos
A “pedagogia renovada” é uma concepção que inclui vá- de educação popular que ocorreram no final dos anos 50 e início
rias correntes que, de uma forma ou de outra, estão ligadas dos anos 60, quando foram interrompidos pelo golpe mili-
ao movimento da Escola Nova ou Escola Ativa. Tais cor- tar de 1964; teve seu desenvolvimento retomado no final dos
rentes, embora admitam divergências, assumem um mesmo anos 70 e início dos anos 80. Nessa proposta, a atividade
princípio norteador de valorização do indivíduo como ser escolar pauta-se em discussões de temas sociais e polí-
livre, ativo e social. O centro da atividade escolar não é o profes- ticos e em ações sobre a realidade social imediata; analisam-
sor nem os conteúdos disciplinares, mas sim o aluno, como se os problemas, seus fatores determinantes e organiza-se uma
ser ativo e curioso. O mais importante não é o ensino, mas o forma de atuação para que se possa transformar a realidade
processo de aprendizagem. Em oposição à Escola Tradicio- social e política. O professor é um coordenador de ativi-
nal, a Escola Nova destaca o princípio da aprendizagem dades que organiza e atua conjuntamente com os alunos.
por descoberta e estabelece que a atitude de aprendizagem A “pedagogia crítico-social dos conteúdos” que surge no final
parte do interesse dos alunos, que, por sua vez, aprendem dos anos 70 e início dos 80 se põe como uma reação de alguns
fundamentalmente pela experiência, pelo que descobrem educadores que não aceitam a pouca relevância que a “pedago-
por si mesmos. gia libertadora” dá ao aprendizado do chamado “saber ela-
O professor é visto, então, como facilitador no processo de borado”, historicamente acumulado, que constitui parte do
busca de conhecimento que deve partir do aluno. Cabe ao profes- acervo cultural da humanidade.
sor organizar e coordenar as situações de aprendizagem, adap- A “pedagogia crítico social dos conteúdos” assegura a fun-
tando suas ações às características individuais dos alunos, para de- ção social e política da escola mediante o trabalho com conheci-
senvolver suas capacidades e habilidades intelectuais. mentos sistematizados, a fim de colocar as classes populares em
A ideia de um ensino guiado pelo interesse dos alunos aca- condições de uma efetiva participação nas lutas sociais. Entende
bou, em muitos casos, por desconsiderar a necessidade de um tra- que não basta ter como conteúdo escolar as questões sociais atuais,
balho planejado, perdendo-se de vista o que deve ser ensinado mas que é necessário que se tenha domínio de conhecimentos, ha-
e aprendido. Essa tendência, que teve grande penetração no Brasil bilidades e capacidades mais amplas para que os alunos possam in-
na década de 30, no âmbito do ensino pré-escolar (jardim de infân- terpretar suas experiências de vida e defender seus interesses de
cia), até hoje influencia muitas práticas pedagógicas. classe.
Nos anos 70 proliferou o que se chamou de “tecnicismo edu- As tendências pedagógicas que marcam a tradição educa-
cacional”, inspirado nas teorias behavioristas da aprendizagem e da cional brasileira e aqui foram expostas sinteticamente trazem,
abordagem sistêmica do ensino, que definiu uma prática pedagógi- de maneira diferente, contribuições para uma proposta atual que
ca altamente controlada e dirigida pelo professor, com atividades busque recuperar aspectos positivos das práticas anteriores em
mecânicas inseridas numa proposta educacional rígida e passível relação ao desenvolvimento e à aprendizagem, realizando uma re-
de ser totalmente programada em detalhes. A supervalorização leitura dessas práticas à luz dos avanços ocorridos nas produções
da tecnologia programada de ensino trouxe consequências: a teóricas, nas investigações e em fatos que se tornaram observáveis
escola se revestiu de uma grande autossuficiência, reconheci- nas experiências educativas mais recentes realizadas em diferentes
da por ela e por toda a comunidade atingida, criando assim a Estados e Municípios do Brasil.
falsa ideia de que aprender não é algo natural do ser humano, mas No final dos anos 70, pode-se dizer que havia no Brasil, entre
que depende exclusivamente de especialistas e de técnicas.O que as tendências didáticas de vanguarda, aquelas que tinham um
é valorizado nessa perspectiva não é o professor, mas a tecnologia; viés mais psicológico e outras cujo viés era mais sociológico e
o professor passa a ser um mero especialista na aplicação de ma- político; a partir dos anos 80 surge com maior evidência um mo-
nuais e sua criatividade fica restrita aos limites possíveis e estreitos vimento que pretende a integração entre essas abordagens. Se por
da técnica utilizada. A função do aluno é reduzida a um indivíduo um lado não é mais possível deixar de se ter preocupações com o
que reage aos estímulos de forma a corresponder às respostas domínio de conhecimentos formais para a participação crítica na
esperadas pela escola, para ter êxito e avançar. Seus interesses sociedade, considera-se também que é necessária uma adequação
e seu processo particular não são considerados e a atenção que pedagógica às características de um aluno que pensa, de um pro-
recebe é para ajustar seu ritmo de aprendizagem ao programa que fessor que sabe e aos conteúdos de valor social e formativo. Esse
o professor deve implementar. Essa orientação foi dada para as es- momento se caracteriza pelo enfoque centrado no caráter social do
colas pelos organismos oficiais durante os anos 60, e até hoje está processo de ensino e aprendizagem e é marcado pela influência da
presente em muitos materiais didáticos com caráter estritamente psicologia genética.
técnico e instrumental.
No final dos anos 70 e início dos 80, a abertura política decor- O enfoque social dado aos processos de ensino e aprendiza-
rente do final do regime militar coincidiu com a intensa mobili- gem traz para a discussão pedagógica aspectos de extrema re-
zação dos educadores para buscar uma educação crítica a serviço levância, em particular no que se refere à maneira como se devem
das transformações sociais, econômicas e políticas, tendo em entender as relações entre desenvolvimento e aprendizagem, à

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importância da relação interpessoal nesse processo, à relação en- sujeito de sua própria formação, em um complexo processo
tre cultura e educação e ao papel da ação educativa ajustada às interativo em que também o professor se veja como sujeito
situações de aprendizagem e às características da atividade mental de conhecimento.
construtiva do aluno em cada momento de sua escolaridade.
A psicologia genética propiciou aprofundar a compreensão ESCOLA E CONSTITUIÇÃO DA CIDADANIA
sobre o processo de desenvolvimento na construção do conhe-
cimento. Compreender os mecanismos pelos quais as crianças cons- A importância dada aos conteúdos revela um compromisso
troem representações internas de conhecimentos construídos da instituição escolar em garantir o acesso aos saberes elaborados
socialmente, em uma perspectiva psicogenética, traz uma contribui- socialmente, pois estes se constituem como instrumentos para o
ção para além das descrições dos grandes estágios de desenvolvi- desenvolvimento, a socialização, o exercício da cidadania de-
mento. mocrática e a atuação no sentido de refutar ou reformular
A pesquisa sobre a psicogênese da língua escrita chegou ao as deformações dos conhecimentos, as imposições de crenças
Brasil em meados dos anos 80 e causou grande impacto, revolu- dogmáticas e a petrificação de valores. Os conteúdos escolares
cionando o ensino da língua nas séries iniciais e, ao mesmo tempo, que são ensinados devem, portanto, estar em consonância com as
provocando uma revisão do tratamento dado ao ensino e à apren- questões sociais que marcam cada momento histórico.
dizagem em outras áreas do conhecimento. Essa investigação Isso requer que a escola seja um espaço de formação e in-
evidencia a atividade construtiva do aluno sobre a língua escrita, formação, em que a aprendizagem de conteúdos deve neces-
objeto de conhecimento reconhecidamente escolar, mostrando sariamente favorecer a inserção do aluno no diaadia das questões
a presença importante dos sobre a es- crita que a criança já tem, sociais marcantes e em um universo cultural maior. A formação es-
os quais, embora não coincidam com os dos adultos, têm sentido colar deve propiciar o desenvolvimento de capacidades, de modo
para ela. a favorecer a compreensão e a intervenção nos fenômenos sociais e
A metodologia utilizada nessas pesquisas foi muitas vezes inter- culturais, assim como possibilitar aos alunos usufruir das mani-
pretada como uma proposta de pedagogia construtivista para festações culturais nacionais e universais.
alfabetização, o que expressa um duplo equívoco: redução No contexto da proposta dos Parâmetros Curriculares Na-
do construtivismo a uma teoria psicogenética de aquisição cionais se concebe a educação escolar como uma prática que
de língua escrita e transformação de uma investigação tem a possibilidade de criar condições para que todos os alunos
acadêmica em método de ensino. Com esses equívocos, di- desenvolvam suas capacidades e aprendam os conteúdos necessá-
fundiram-se, sob o rótulo de pedagogia construtivista, as rios para construir instrumentos de compreensão da realidade e de
ideias de que não se devem corrigir os erros e de que as participação em relações sociais, políticas e culturais diversificadas
crianças aprendem fazendo “do seu jeito”. Essa pedagogia, e cada vez mais amplas, condições estas fundamentais para o
dita construtivista, trouxe sérios problemas ao processo de exercício da cidadania na construção de uma sociedade demo-
ensino e aprendizagem, pois desconsidera a função primordial crática e não excludente.
da escola que é ensinar, intervindo para que os alunos apren- A prática escolar distingue-se de outras práticas educativas,
dam o que, sozinhos, não têm condições de aprender. como as que acontecem na família, no trabalho, na mídia, no
A orientação proposta nos Parâmetros Curriculares lazer e nas demais formas de convívio social, por constituir-
Nacionais reconhece a importância da participação cons- se uma ação intencional, sistemática, planejada e continuada
trutiva do aluno e, ao mesmo tempo, da intervenção para crianças e jovens durante um período contínuo e extenso
do professor para a aprendizagem de conteúdos específicos de tempo. A escola, ao tomar para si o objetivo de formar
que favoreçam o desenvolvimento das capacidades necessá- cidadãos capazes de atuar com competência e dignidade na
rias à formação do indivíduo. Ao contrário de uma concepção sociedade, buscará eleger, como objeto de ensino, conteú-
de ensino e aprendizagem como um processo que se desen- dos que estejam em consonância com as questões sociais
volve por etapas, em que a cada uma delas o conhecimento é que marcam cada momento histórico, cuja aprendizagem
“acabado”, o que se propõe é uma visão da complexidade e e assimilação são as consideradas essenciais para que os alunos
da provisoriedade do conhecimento. De um lado, porque o possam exercer seus direitos e deveres. Para tanto ainda é
objeto de conhecimento é “complexo” de fato e reduzi-lo necessário que a instituição escolar garanta um conjunto de
seria falsifica-lo; de outro, porque o processo cognitivo práticas planejadas com o propósito de contribuir para que os
não acontece por justaposição, senão por reorganização alunos se apropriem dos conteúdos de maneira crítica e cons-
do conhecimento. É também “provisório”, uma vez que não trutiva. A escola, por ser uma instituição social com propósito
é possível chegar de imediato ao conhecimento correto, mas explicitamente educativo, tem o compromisso de intervir
somente por aproximações sucessivas que permitem sua re- efetivamente para promover o desenvolvimento e a socia-
construção. lização de seus alunos.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, tanto nos objetivos Essa função socializadora remete a dois aspectos: o desen-
educacionais que propõem quanto na conceitualização do sig- volvimento individual e o contexto social e cultural. É nes-
nificado das áreas de ensino e dos temas da vida social contempo- sa dupla determinação que os indivíduos se constroem como
rânea que devem permeá-las, adotam como eixo o desenvolvi- pessoas iguais, mas, ao mesmo tempo, diferentes de todas
mento de capacidades do aluno, processo em que os conteúdos as outras. Iguais por compartilhar com outras pessoas um
curriculares atuam não como fins em si mesmos, mas como conjunto de saberes e formas de conhecimento que, por sua
meios para a aquisição e desenvolvimento dessas capacidades. vez, só é possível graças ao que individualmente se puder
Nesse sentido, o que se tem em vista é que o aluno possa ser incorporar. Não há desenvolvimento individual possível à

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margem da sociedade, da cultura. Os processos de diferencia- maioria dos professores, um desânimo para se engajar nos
ção na construção de uma identidade pessoal e os processos projetos de trabalho propostos, mesmo que lhes pareçam
de socialização que conduzem a padrões de identidade co- interessantes, pois eles dificilmente terão continuidade.
letiva constituem, na verdade, as duas faces de um mesmo Em síntese, as escolas brasileiras, para exercerem a função
processo. social aqui proposta, precisam possibilitar o cultivo dos
A escola, na perspectiva de construção de cidadania, precisa bens culturais e sociais, considerando as expectativas e as ne-
assumir a valorização da cultura de sua própria comunidade e, ao cessidades dos alunos, dos pais, dos membros da comuni-
mesmo tempo, buscar ultrapassar seus limites, propiciando às crian- dade, dos professores, enfim, dos envolvidos direta mente
ças pertencentes aos diferentes grupos sociais o acesso ao saber, no processo educativo. É nesse universo que o aluno viven-
tanto no que diz respeito aos conhecimentos socialmente rele- cia situações diversificadas que favorecem o aprendizado,
vantes da cultura brasileira no âmbito nacional e regional como no para dialogar de maneira competente com a comunidade,
que faz parte do patrimônio universal da humanidade. aprender a respeitar e a ser respeitado, a ouvir e a ser ouvido,
O desenvolvimento de capacidades, como as de relação in- a reivindicar direitos e a cumprir obrigações, a participar ati-
terpessoal, as cognitivas, as afetivas, as motoras, as éticas, as esté- vamente da vida científica, cultural, social e política do País
ticas de inserção social, tornase possível mediante o processo de e do mundo.
construção e reconstrução de conhecimentos. Essa aprendiza-
gem é exercida com o aporte pessoal de cada um, o que ex- ESCOLA: UMA CONSTRUÇÃO COLETIVA E
plica por que, a partir dos mesmos saberes, há semprelugar PERMANENTE
para a construção de uma infinidade de significados, e não Nessa perspectiva, é essencial a vinculação da escola com
a uniformidade destes. Os conhecimentos que se transmitem as questões sociais e com os valores democráticos, não só
e se recriam na escola ganham sentido quando são produ- do ponto de vista da seleção e tratamento dos conteúdos,
tos de uma construção dinâmica que se opera na interação como também da própria organização escolar. As normas de
constante entre o saber escolar e os demais saberes, entre o funcionamento e os valores, implícitos e explícitos, que re-
que o aluno aprende na escola e o que ele traz para a escola, gem a atuação das pessoas na escola são determinantes da qua-
num processo contínuo e permanente de aquisição, no qual lidade do ensino, interferindo de maneira significativa sobre
interferem fatores políticos, sociais, culturais e psicológicos. a formação dos alunos.
As questões relativas à globalização, as transformações cien- Com a degradação do sistema educacional brasileiro, pode-se
tíficas e tecnológicas e a necessária discussão ético-valorativa dizer que a maioria das escolas tende a ser apenas um local de traba-
da sociedade apresentam para a escola a imensa tarefa de ins- lho individualizado e não uma organização com objetivos próprios,
trumentalizar os jovens para participar da cultura, das relações elaborados e manifestados pela ação coordenada de seus diversos
sociais e políticas. A escola, ao posicionar-se dessa maneira, abre profissionais.
a oportunidade para que os alunos aprendam sobre temas normal- Para ser uma organização eficaz no cumprimento de pro-
mente excluídos e atua propositalmente na formação de valores e pósitos estabelecidos em conjunto por professores, coordena-
atitudes do sujeito em relação ao outro, à política, à economia, ao dores e diretor, e garantir a formação coerente de seus alunos ao
sexo, à droga, à saúde, ao meio ambiente, à tecnologia, etc. longo da escolaridade obrigatória, é imprescindível que cada es-
Um ensino de qualidade, que busca formar cidadãos cola discuta e construa seu projeto educativo.
capazes de interferir criticamente na realidade para trans- Esse projeto deve ser entendido como um processo que inclui
formá-la, deve também contemplar o desenvolvimento de a formulação de metas e meios, segundo a particularidade de cada
capacidades que possibilitem adaptações às complexas condi- escola, por meio da criação e da valorização de rotinas de trabalho
ções e alternativas de trabalho que temos hoje e a lidar com a pedagógico em grupo e da corresponsabilidade de todos os mem-
rapidez na produção e na circulação de novos conhecimentos bros da comunidade escolar, para além do planejamento de início
e informações, que têm sido avassaladores e crescentes. A de ano ou dos períodos de “reciclagem”.
formação escolar deve possibilitar aos alunos condições A experiência acumulada por seus profissionais é na-
para desenvolver competência e consciência profissional, mas turalmente a base para a reflexão e a elaboração do proje-
não restringir-se ao ensino de habilidades imediatamente de- to educativo de uma escola. Além desse repertório, outras
mandadas pelo mercado de trabalho. fontes importantes para a definição de um projeto edu-
A discussão sobre a função da escola não pode igno- cativo são os currículos locais, a bibliografia especializada, o
rar as reais condições em que esta se encontra. A situação contato com outrasexperiências educacionais, assim como os
de precariedade vivida pelos educadores, expressa nos baixos Parâmetros Curriculares Nacionais, que formulam questões
salários, na falta de condições de trabalho, de metas a serem essenciais sobre o que, como e quando ensinar, constituindo
alcançadas, de prestígio social, na inércia de grande parte dos um referencial significativo e atualizado sobre a função da
órgãos responsáveis por alterar esse quadro, provoca, na maioria escola, a importância dos conteúdos e o tratamentoa serdado
das pessoas, um descrédito na transformação da situação. Essa a eles.
desvalorização objetiva do magistério acaba por ser interiori- Ao elaborar seu projeto educativo, a escola discute e
zada, bloqueando as motivações. Outro fator de desmotivação explicita de forma clara os valores coletivos assumidos.
dos profissionais da rede pública é a mudança de rumo da Delimita suas prioridades, define os resultados desejados e
educação diante da orientação política de cada governante. Às incorpora a auto avaliação ao trabalho do professor. Assim,
vezes as transformações propostas reafirmamcertas posições, organiza-se o planejamento, reúne-se a equipe de trabalho,
às vezes outras. Esse movimento de vai e volta gera, para a provoca-se o estudo e a reflexão contínuos, dando sentido

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às ações cotidianas, reduzindo a improvisação e as condutas trói independentemente da realidade exterior, dos demais
estereotipadas e rotineiras que, muitas vezes, são contraditórias indivíduos e de suas próprias capacidades pessoais. É, antes
com os objetivos educacionais compartilhados. de mais nada, uma construção histórica e social, na qual
A contínua realização do projeto educativo possibilita interferem fatores de ordem cultural e psicológica.
o conhecimento das ações desenvolvidas pelos diferentes A atividade construtiva, física ou mental, permite
professores, sendo base de diálogo e reflexão para toda a interpretar a realidade e construir significados, ao mesmo
equipe escolar. Nesse processo evidencia-se a necessidade da tempo que permite construir novas possibilidades de ação e de
participação da comunidade, em especial dos pais, tomando conhecimento.
conhecimento e interferindo nas propostas da escola e em Nesse processo de interação com o objeto a ser conheci-
suas estratégias. O resultado que se espera é a possibilidade do, o sujeito constrói representações, que funcionam como
de os alunos terem uma experiência escolar coerente e bem- verdadeiras explicações e se orientam por uma lógicainterna
sucedida. que, por mais que possa parecer incoerente aos olhos de
Deve ser ressaltado que uma prática de reflexão co- um outro, faz sentido para o sujeito. As ideias “equi-
letiva não é algo que se atinge de uma hora para outra e a vocadas”, ou seja, construídas e transformadas ao longo
escola é uma realidade complexa, não sendo possível tratar as do desenvolvimento, fruto de aproximações sucessivas, são
questões como se fossem simples de serem resolvidas. Cada expressão de uma construção inteligente por parte do su-
escola encontra uma realidade, uma trama, um conjunto de jeito e, portanto, interpretadas como erros construtivos.
circunstâncias e de pessoas. É preciso que haja incentivo do A tradição escolar — que não faz diferença entre erros inte-
poder público local, pois o desenvolvimento do projeto re- grantes do processo de aprendizagem e simples enganos ou
quer tempo para análise, discussão e reelaboração contínua, o desconhecimentos — trabalha com a ideia de que a ausên-
que só é possível em um clima institucional favorável e com cia de erros na tarefa escolar é a manifestação da aprendiza-
condições objetivas de realização. gem. Hoje, graças ao avanço da investigação científica na área
da aprendizagem, tornou-se possível interpretar o erro como
Aprender e ensinar, construir e interagir algo inerente ao processo de aprendizagem e ajustar a in-
tervenção pedagógica para ajudar a superá-lo. A superação do
Por muito tempo a pedagogia focou o processo de ensi- erro é resultado do processo de incorporação de novas ideias
no no professor, supondo que, como decorrência, estaria va- e de transformação das anteriores, de maneira a dar conta das
contradições que se apresentarem ao sujeito para, assim, alcan-
lorizando o conhecimento. O ensino, então, ganhou autono-
çar níveis superiores de conhecimento.
mia em relação à aprendizagem, criou seus próprios métodos
O que o aluno pode aprender em determinado mo-
e o processo de aprendizagem ficou relegado a segundo pla-
mento da escolaridade depende das possibilidades de-
no. Hoje sabese que é necessário ressignificar a unidade entre
lineadas pelas formas de pensamento de que dispõe
aprendizagem e ensino, uma vez que, em última instância,
naquela fase de desenvolvimento, dos conhecimentos que
sem aprendizagem o ensino não se realiza.
já construiu anteriormente e do ensino que recebe. Isto é, a
A busca de um marco explicativo que permita essa res-
intervenção pedagógica deve-se ajustar ao que os alunos con-
significação, além da criação de novos instrumentos de aná-
seguem realizar em cada momento de sua aprendizagem, para
lise, planejamento e condução da ação educativa na escola, se constituir verdadeira ajuda educativa. O conhecimento
tem se situado, atualmente, para muitos dos teóricos da edu- é resultado de um complexo e intrincado processo de mo-
cação, dentro da perspectiva construtivista. dificação, reorganização e construção, utilizado pelos alunos
A perspectiva construtivista na educação é configurada por para assimilar e interpretar os conteúdos escolares.
uma série de princípios explicativos do desenvolvimento e da Por mais que o professor, os companheiros de classe e os
aprendizagem humana que se complementam, integrando materiais didáticos possam, e devam, contribuir para que a
um conjunto orientado a analisar, compreender e explicar os aprendizagem se realize, nada pode substituir a atuação do pró-
processos escolares de ensino e aprendizagem. prio aluno na tarefa de construir significados sobre os conteúdos
A configuração do marco explicativo construtivista da aprendizagem. É ele quem modifica, enriquece e, portanto,
para os processos de educação escolar deu-se, entre outras constrói novos e mais potentes instrumentos de ação e interpre-
influências, a partir da psicologia genética, da teoria so- tação.
ciointeracionista e das explicações da atividade significa- Mas o desencadeamento da atividade mental construtiva
tiva. Vários autores partiram dessas ideias para desenvolver não é suficiente para que a educação escolar alcance os objeti-
e conceitualizar as várias dimensões envolvidas na educação vosa que se propõe: que as aprendizagens estejam compatíveis
escolar, trazendo inegáveis contribuições à teoria e à prática com o que significam socialmente.
educativa. O processo de atribuição de sentido aos conteúdos es-
O núcleo central da integração de todas essas contri- colares é, portanto, individual; porém, é também cultural
buições refere-se ao reconhecimento da importância da ati- na medida em que os significados construídos remetem a
vidade mental construtiva nos processos de aquisição de formas e saberes socialmente estruturados.
conhecimento. Daí o termo construtivismo, denominando Conceber o processo de aprendizagem como propriedade
essa convergência. Assim, o conhecimento não é visto como do sujeito não implica desvalorizar o papel determinante da
algo situado fora do indivíduo, a ser adquirido por meio de interação com o meio social e, particularmente, com a escola.
cópia do real, tampouco como algo que o indivíduo cons- Ao contrário, situações escolares de ensino e aprendizagem

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são situações comunicativas, nas quais os alunos e professores ninguém. O nível de desenvolvimento potencial é determinado
atuam como corresponsáveis, ambos com uma influência pelo que o aluno pode fazer ou aprender mediante a interação
decisiva para o êxito do processo. com outras pessoas, conforme as observa, imitando, trocando
A abordagem construtivista integra, num único esque- ideias com elas, ouvindo suas explicações, sendo desafiado por
ma explicativo, questões relativas ao desenvolvimento indi- elas ou contrapondo-se a elas, sejam essas pessoas o professor ou
vidual e à pertinência cultural, à construção de conhecimentos e seus colegas. Existe uma zona de desenvolvimento próximo, dada
à interação social. Considera o desenvolvimento pessoal como o pela diferença existente entre o queum aluno pode fazer sozinho
processo mediante o qual o ser humano assume a cultura do gru- e o que pode fazer ou aprender com a ajuda dos outros. De acordo
po social a que pertence. Processo no qual o desenvolvi- com essa concepção, falar dos mecanismos de intervenção edu-
mento pessoal e a aprendizagem da cativa equivale a falar dos mecanismos interativos pelos quais
experiência humana culturalmente organizada, ou seja, professores e colegas conseguem ajustar sua ajuda aos processos de
socialmente produzida e historicamente acumulada, não se construção de significados realizados pelos alunos no decorrer das
excluem nem se confundem, mas interagem. Daí a importân- atividades escolares de ensino e aprendizagem.
cia das interações entre crianças e destas com parceiros ex- Existem ainda, dentro do contexto escolar, outros mecanismos
perientes, dentre os quais destacam-se professores e outros de influência educativa, cuja natureza e funcionamento em gran-
agentes educativos. de medida são desconhecidos, mas que têm incidência considerável
O conceito de aprendizagem significativa, central na sobre a aprendizagem dos alunos. Dentre eles destacam-se a or-
perspectiva construtivista, implica, necessariamente, o tra- ganização e o funcionamento da instituição escolar e os valores
balho simbólico de “significar” a parcela da realidade que se implícitos e explícitos que permeiam as relações entre os
conhece. As aprendizagens que os alunos realizam na escola membros da escola; são fatores determinantes da qualidade
serão significativas à medida que conseguirem estabele- de ensino e podem chegar a influir de maneira significativa
cer relações substantivas e não arbitrárias entre os conteúdos sobre o que e como os alunos aprendem.
escolares e os conhecimentos previamente construídos por Os alunos não contam exclusivamente com o contexto escolar
eles, num processo de articulação de novos significados. para a construção de conhecimento sobre conteúdos considera-
Cabe ao educador, por meio da intervenção pedagógica, pro- dos escolares. A mídia, a família, a igreja, os amigos, são também
mover a realização de aprendizagens com o maior grau de signi- fontes de influência educativa que incidem sobre o processo de
ficado possível, uma vez que esta nunca é absoluta — sempre é construção de significado desses conteúdos. Essas influências so-
possível estabelecer alguma relação entre o que se pretende co- ciais normalmente somam-se ao processo de aprendizagem escolar,
nhecer e as possibilidades de observação, reflexão e informação contribuindo para consolidá lo; por isso é importante que a
que o sujeito já possui. escola as considere e as integre ao trabalho. Porém, algumas
A aprendizagem significativa implica sempre alguma ousadia: vezes, essa mesma influência pode apresentar obstáculos à
diante do problema posto, o aluno precisa elaborar hipóteses e aprendizagem escolar, ao indicar uma direção diferente, ou
experimentá-las. Fatores e processos afetivos, motivacionais e mesmo oposta, daquela presente no encaminhamento esco-
relacionais são importantes nesse momento. Os conhecimentos lar. É necessário que a escola considere tais direções e forneça
gerados na história pessoal e educativa têm um papel determinante uma interpretação dessas diferenças, para que a intervenção
na expectativa que o aluno tem da escola, do professor e pedagógica favoreça a ultrapassagem desses obstáculos num
de si mesmo, nas suas motivações e interesses, em seu au- processo articulado de interação e integração.
toconceito e em sua autoestima. Assim como os significados Se o projeto educacional exige ressignificar o processo de
construídos pelo aluno estão destinados a ser substituídos por ensino e aprendizagem, este precisa se preocupar em preser-
outros no transcurso das atividades, as representações que o var o desejo de conhecer e de saber com que todas as crianças
aluno tem de si e de seu processo de aprendizagem também. chegam à escola. Precisa manter a boa qualidade do vínculo com
É fundamental, portanto, que a intervenção educativa escolar o conhecimento e não destruí-lo pelo fracasso reiterado. Mas ga-
propicie um desenvolvimento em direção à disponibilidade rantir experiências de sucesso não significa omitir ou disfarçar o
exigida pela aprendizagem significativa. fracasso; ao contrário, significa conseguir realizar a tarefa a que se
Se a aprendizagem for uma experiência de sucesso, o aluno propôs. Relaciona-se, portanto, com propostas e intervenções
constrói uma representação de si mesmo como alguém capaz. pedagógicas adequadas.
Se, ao contrário, for uma experiência de fracasso, o ato de O professor deve ter propostas claras sobre o que, quan-
aprender tenderá a se transformar em ameaça, e a ousadia ne- do e como ensinar e avaliar, a fim de possibilitar o plane-
cessária se transformará em medo, para o qual a defesa pos- jamento de atividades de ensino para a aprendizagem de
sível é a manifestação de desinteresse. maneira adequada e coerente com seus objetivos. É a partir
A aprendizagem é condicionada, de um lado, pelas possibi- dessas determinações que o professor elabora a programação
lidades do aluno, que englobam tanto os níveis de organização diária de sala de aula e organiza sua intervenção de maneira a
do pensamento como os conhecimentos e experiências prévias, e, de propor situações de aprendizagem ajustadas às capacidades
outro, pela interação com os outros agentes. cognitivas dos alunos.
Para a estruturação da intervenção educativa é fundamental
distinguir o nível de desenvolvimento real do potencial. O nível Em síntese, não é a aprendizagem que deve se ajustar ao
de desenvolvimento real se determina como aquilo que o aluno ensino, mas sim o ensino que deve potencializar a aprendi-
pode fazer sozinho em uma situação determinada, sem ajuda de zagem.

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ORGANIZAÇÃO DOS PARÂMETROS CURRICULARES tanto, cabe à escola o propósito de possibilitar aos alunos o
NACIONAIS domínio de instrumentos que os capacitem a relacionar co-
nhecimentos de modo significativo, bem como a utili-
A análise das propostas curriculares oficiais para o en- zar esses conhecimentos na transformação e construção de
sino fundamental, elaborada pela Fundação Carlos Chagas, novas relações sociais.
aponta dados relevantes que auxiliam a reflexão sobre a
organização curricular e a forma como seus componentes Os Parâmetros Curriculares Nacionais apresentam os
são abordados. conteúdos de tal forma que se possa determinar, no mo-
Segundo essa análise, as propostas, de forma geral, apon- mento de sua adequação às particularidades de Estados e Mu-
tamcomo grandes diretrizes uma perspectiva democrática e nicípios, o grau de profundidade apropriado e a sua me-
participativa, e que o ensino fundamental deve se compro- lhor forma de distribuição no decorrer da escolaridade, de
meter com a educação necessária para a formação de cidadãos modo a constituir um corpo de conteúdos consistentes e
críticos, autônomos e atuantes. No entanto, a maioria delas coerentes com os objetivos.
apresenta um descompasso entre os objetivos anunciados A avaliação é considerada como elemento favorece-
e o que é proposto para alcança-los, entre os pressupostos dor da melhoria de qualidade da aprendizagem, deixando
teóricos e a definição de conteúdos e aspectos metodoló- de funcionar como arma contra o aluno. É assumida como par-
gicos. te integrante e instrumento de autoregulação do processo
A estrutura dos Parâmetros Curriculares Nacionais bus- de ensino e aprendizagem, para que os objetivos propostos
cou contribuir para a superação dessa contradição. A integra- sejam atingidos. A avaliação diz respeito não só ao aluno, mas
ção curricular assume as especificidades de cada componen- também ao professor e ao próprio sistema escolar.
te e delineia a operacionalização do processo educativo desde A opção de organização da escolaridade em ciclos, tendência
os objetivos gerais do ensino fundamental, passando por sua predominante nas propostas mais atuais, é referendada pelos Pa-
especificação nos objetivos gerais de cada área e de cada tema râmetros Curriculares Nacionais. A organização em ciclos é uma
transversal, deduzindo desses objetivos os conteúdos apro- tentativa de superar a segmentação excessiva produzida pelo
priados para configurar as reais intenções educativas. Assim, os regime seriado e de buscar princípios de ordenação que possi-
objetivos, que definem capacidades, e os conteúdos, que bilitem maior integração do conhecimento.
estarão a serviço do desenvolvimento dessas capacidades, for- Os componentes curriculares foram formulados a partir
mam uma unidade orientadora da proposta curricular. da análise da experiência educacional acumulada em todo
Para que se possa discutir uma prática escolar que o território nacional. Pautaram-se, também, pela análise das
realmente atinja seus objetivos, os Parâmetros Curricu- tendências mais atuais de investigação científica, a fim de po-
lares Nacionais apontam questões de tratamento didático derem expressar um avanço na discussão em torno da busca
por área e por ciclo, procurando garantir coerência entre os de qualidade de ensino e aprendizagem.
pressupostos teóricos, os objetivos e os conteúdos, mediante
sua operacionalização em orientações didáticas e critérios de A organização da escolaridade em ciclos
avaliação. Em outras palavras, apontam o que e como se pode
trabalhar, desde as séries iniciais, para que se alcancem os obje- Na década de 80, vários Estados e Municípios reestrutu-
tivos pretendidos. raram o ensino fundamental a partir das séries iniciais. Esse
As propostas curriculares oficiais dos Estados estão organiza- processo de reorganização, que tinha como objetivo político
das em disciplinas e/ou áreas. Apenas alguns Municípios optam minimizar o problema da repetência e da evasão escolar,
por princípios norteadores, eixos ou temas, que visam tratar os adotou como princípio norteador a flexibilização da seria-
conteúdos de modo interdisciplinar, buscando integrar o cotidia- ção, o que abriria a possibilidade de o currículo ser traba-
no social com o saber escolar. lhado ao longo de um período de tempo maior e permitiria
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, optou-se por respeitar os diferentes ritmos de aprendizagem que os alunos
um tratamento específico das áreas, em função da im- apresentam.
portância instrumental de cada uma, mas contemplou-se Desse modo, a seriação inicial deu lugar ao ciclo básico
também a integração entre elas. Quanto às questões sociais com a duração de dois anos, tendo como objetivo propiciar
relevantes, reafirma-se a necessidade de sua problematização e maiores oportunidades de escolarização voltada para a alfabeti-
análise, incorporando-as como temas transversais. As questões zação efetiva das crianças. As experiências, ainda que tenham
sociais abordadas são: ética, saúde, meio ambiente, orientação apresentado problemas estruturais e necessidades de ajustes
sexual e pluralidade cultural. da prática, acabaram por mostrar que a organização por ci-
Quanto ao modo de incorporação desses temas no clos contribui efetivamente para a superação dos problemas
currículo, propõe-se um tratamento transversal, tendên- do desenvolvimento escolar. Tanto isso é verdade que,
cia que se manifesta em algumas experiências nacionais e onde foram implantados, os ciclos se mantiveram, mesmo
internacionais, em que as questões sociais se integram na com mudanças de governantes.
própria concepção teórica das áreas e de seus componentes Os Parâmetros Curriculares Nacionais adotam a pro-
curriculares. posta de estruturação por ciclos, pelo reconhecimento de
De acordo com os princípios já apontados, os conteúdos que tal proposta permite compensar a pressão do tempo que
são considerados como um meio para o desenvolvimento é inerente à instituição escolar, tornando possível distribuir
amplo do aluno e para a sua formação como cidadão. Por- os conteúdos de forma mais adequada à natureza do processo

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de aprendizagem. Além disso, favorece uma apresentação menos dições de aprendizagem pode apenas adiar o problema e
parcelada do conhecimento e possibilita as aproximações sucessi- perpetuar o sentimento negativo de autoestima do aluno,
vas necessárias para que os alunos se apropriem dos complexos sabe- consagrando, da mesma forma, o fracasso da escola.
resqueseintenciona transmitir. A lógica da opção por ciclos consiste em evitar que o pro-
Sabe-se que, fora da escola, osalunos nãotêm as mesmas cesso de aprendizagem tenha obstáculos inúteis, desnecessários
oportunidades de acesso a certos objetos de conhecimento e nocivos. Portanto, é preciso que a equipe pedagógica das escolas se
que fazem parte do repertório escolar. Sabe-se também que responsabilize com o processo de ensino e aprendizagem de seus
isso influencia o modo e o processo como atribuirão significa- alunos. Para a concretização dos ciclos como modalidade organi-
dos aos objetos de conhecimento na situação escolar: alguns zativa, é necessário que se criem condições institucionais que
alunos poderão estar mais avançados na reconstrução de sig- permitam destinar espaço e tempo à realização de reuniões de
nificados do que outros. professores, para discutir os diferentes aspectos do processo edu-
Ao se falar em ritmos diferentes de aprendizagem, é cacional.
preciso cuidado para não incorrer em mal entendidos peri- Ao se considerar que doisou três anos de escolaridade per-
gosos. Uma vez que não há uma definição precisa e clara de tencem a um único ciclo de ensino e aprendizagem, podem-
quais seriam esses ritmos, os educadores podem ser levados a se definir objetivos e práticas educativas que permitam aos
rotular alguns alunos como mais lentos que outros, estig- alunos avançar continuadamente na concretização das metas do
matizando aqueles que estão se iniciando na interação com os ciclo. A organização por ciclos tende a evitar as frequentes rupturas
objetos de conhecimento escolar. e a excessiva fragmentação do percurso escolar, assegurando a con-
No caso da aprendizagem da língua escrita, por exem- tinuidade do processo educativo, dentro do ciclo e na passagem
plo, se um aluno ingressa na primeira série sabendo escrever de um ciclo ao outro, ao permitir que os professores realizem
alfabeticamente, isso se explica porque seu ritmo é mais rá- adaptações sucessivas da ação pedagógica às diferentes necessi-
pido ou porque teve múltiplas oportunidades de atuar como dades dos alunos, sem que deixem de orientar sua prática pelas
leitor e escritor? Se outros ingressam sem saber sequer como expectativas de aprendizagem referentes ao período em questão.
se pega um livro, é porque são lentos ou porque estão intera- Os Parâmetros Curriculares Nacionais estão organizados
tuando pela primeira vez com os objetos com que os outros em ciclos de dois anos, mais pela limitação conjuntural em
interatuam desde que nasceram? E, no caso desta última hi- que estão inseridos do que por justificativas pedagógicas. Da
pótese, por mais rápidos que possam ser, será que poderão forma como estão aqui organizados, os ciclos não trazem
em alguns dias percorrer o caminho que outros realizaram incompatibilidade com a atual estrutura do ensino fun-
em anos? damental. Assim, o primeiro ciclo se refere às primeira e
Outras vezes, o que se interpreta como “lentidão” é a segunda séries; o segundo ciclo, à terceira e à quarta séries; e
expressão de dificuldades relacionadas a um sentimento de assim subsequentemente para as outras quatro séries.
incapacidade para a aprendizagem que chega a causar bloqueios Essa estruturação não contempla os principais pro-
nesse processo. É fundamentalque se considerem esses aspec- blemas da escolaridade no ensino fundamental: não une as
tos e é necessário que o professor possa intervir para alterar quarta e quinta séries para eliminar a ruptura desastrosa que aí
as situações desfavoráveis ao aluno. se dá e tem causado muita repetência e evasão, como tam-
Em suma, o que acontece é que cada aluno tem, habitual- bém não define uma etapa maior para o início da esco-
mente, desempenhos muito diferentes na relação com obje- laridade, que deveria (a exemplo da imensa maioria dos
tos de conhecimento diferentes e a prática escolar tem busca- países) incorporar à escolaridade obrigatória as crianças des-
do incorporar essa diversidade de modo a garantir respeito de os seis anos. Portanto, o critério de dois anos para a orga-
aos alunos e a criar condições para que possam progredir nas nização dos ciclos, nos Parâmetros Curriculares Nacionais, não
suas aprendizagens. deve ser considerado como decorrência de seus princípios e
A adoção de ciclos, pela flexibilidade que permite, possi- fundamentações, nem como a única estratégia de interven-
bilita trabalhar melhor com as diferenças e está plenamente ção no contexto atual da problemática educacional.
coerente com os fundamentos psicopedagógicos, com a A organização do conhecimento escolar: Áreas
concepção de conhecimento e da função da escola que estão e Temas Transversais
explicitados no item Fundamentos dos Parâmetros Curricu- As diferentes áreas, os conteúdos selecionados em cada uma
lares Nacionais. delas e o tratamento transversal de questões sociais constituem
Os conhecimentos adquiridos na escola passam por um uma representação ampla e plural dos campos de conhecimento e
processo de construção e reconstrução contínua e não por de cultura de nosso tempo, cuja aquisição contribui para o desen-
etapas fixadas e definidas no tempo. As aprendizagens não se volvimento das capacidades expressas nos objetivos gerais.
processam como a subida de degraus regulares, mas como O tratamento da área e de seus conteúdos integra uma série de
avanços de diferentes magnitudes. conhecimentos de diferentes disciplinas, que contribuem para a
Embora a organização da escola seja estruturada em anos construção de instrumentos de compreensão e intervenção na
letivos, é importante uma perspectiva pedagógica em que a realidade em que vivem os alunos. A concepção da área evidencia
vida escolar e o currículo possam ser assumidos e trabalhados a natureza dos conteúdos tratados, definindo claramente o cor-
em dimensões de tempo mais flexíveis. Vale ressaltar que para po de conhecimentos e o objeto de aprendizagem, favorecendo
o processo de ensino e aprendizagem se desenvolver com su- aos alunos a construção de representações sobre o que estudam.
cesso não basta flexibilizar o tempo: dispor de mais tempo Essa caracterização da área é importante também para que os
sem uma intervenção efetiva para garantir melhores con- professores possam se situar dentro de um conjunto definido e

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conceitualizado de conhecimentos que pretendam que seus alu- nos temas, a fim de que haja uma coerência entre os valores
nos aprendam, condição necessária para proceder a encaminhamen- experimentados na vivência que a escola propicia aos alunos
tos que auxiliemas aprendizagens com sucesso. e o contato intelectual com tais valores.
Se é importante definir os contornos das áreas, é também es- As aprendizagens relativas a esses temas se explicitam
sencial que estes se fundamentem em uma concepção que os in- na organização dos conteúdos das áreas, mas a discussão da
tegre conceitualmente, e essa integração seja efetivada na prática conceitualização e da forma de tratamento que devem rece-
didática. Por exemplo, ao trabalhar conteúdos de Ciências Natu- ber no todo da ação educativa escolar está especificada em
rais, os alunos buscam informações em suas pesquisas, registram textos de fundamentação por tema.
observações, anotam e quantificam dados. Portanto, utilizam-se O conjunto de documentos dos Temas Transversais comporta
de conhecimentos relacionados à área de Língua Portuguesa, à de uma primeira parte em que se discute a sua necessidade para que a
Matemática, além de outras, dependendo do estudo em questão. O escola possa cumprir sua função social, os valores mais gerais e uni-
professor, considerando a multiplicidade de conhecimentos em ficadores que definem todo o posicionamento relativo às
jogo nas diferentes situações, pode tomar decisões a respeito de questões que são tratadas nos temas, a justificativa e a concei-
suas intervenções e da maneira como tratará os temas, de forma tualização do tratamento transversal para os temas sociais
a propiciar aos alunos uma abordagem mais significativa e con- e um documento específico para cada tema: Ética, Saúde,
textualizada. Meio Ambiente, Pluralidade Cultural e Orientação Sexual,
Para que estes parâmetros não se limitassem a uma orien- eleitos por envolverem problemáticas sociais atuais e urgen-
tação técnica da prática pedagógica, foi considerada a funda- tes, consideradas de abrangência nacional e até mesmo de
mentação das opções teóricas e metodológicas da área para que, caráter universal.
a partir destas, seja possível instaurar reflexões sobre a proposta A grande abrangência dos temas não significa que devam ser
educacional indicada. Na apresentação de cada área são abordados tratados igualmente; ao contrário, exigem adaptações para que
os seguintes aspectos: descrição da problemática específica da possam corresponder às reais necessidades de cada região ou
área por meio de um breve histórico no contexto educacional mesmo de cada escola. As características das questões am-
brasileiro; justificativa de sua presença no ensino fundamental; bientais, por exemplo, ganham especificidades diferentes nos
campos de seringa no interior da Amazônia e na periferia de
fundamentação epistemológica da área; sua relevância na socie-
uma grande cidade.
dade atual; fundamentação psicopedagógica da proposta de ensi-
Além das adaptações dos temas apresentados, é impor-
no e aprendizagem da área; critérios para organização e seleção de
tante que sejam eleitos temas locais para integrar o compo-
conteúdos e objetivos gerais da área para o ensino fundamental.
nente Temas Transversais; por exemplo, muitas cidades têm
elevadíssimos índices de acidentes com vítimas no trânsito,
A partir da Concepção de Área assim fundamentada, se-
o que faz com que suas escolas necessitem incorporar a
gue-se o detalhamento da estrutura dos Parâmetros Curricula-
educação para o trânsito em seu currículo. Além deste, ou-
res para cada ciclo (primeiro e segundo), especificando Objetivos tros temas relativos, por exemplo, à paz ou ao uso de drogas
e Conteúdos, bem como Critérios de Avaliação, Orientações para podem constituir subtemas dos temas gerais; outras vezes,
Avaliação e Orientações Didáticas. no entanto, podem exigir um tratamento específico e inten-
so, dependendo da realidade de cada contexto social, político,
Se a escola pretende estar em consonância com as deman- econômico e cultural. Nesse caso, devem ser incluídos como
das atuais da sociedade, é necessário que trate de questões temas básicos.
que interferem na vida dos alunos e com as quais se veem OBJETIVOS
confrontados no seu dia a dia. As temáticas sociais, por essa Os objetivos propostos nos Parâmetros Curriculares
importância inegável que têm na formação dos alunos, já há Nacionais concretizam as intenções educativas em termos
muito têm sido discutidas e frequentemente incorporadas de capacidades que devem ser desenvolvidas pelos alunos ao
aos currículos das áreas ligadas às Ciências Naturais e Sociais, longo da escolaridade. A decisão de definir os objetivos
chegando até mesmo, em algumas propostas, a constituir no- educacionais em termos de capacidades é crucial nesta pro-
vas áreas. posta, pois as capacidades, uma vez desenvolvidas, podem
Mais recentemente, algumas propostas indicaram a necessida- se expressar numa variedade de comportamentos. O pro-
de do tratamento transversal de temáticas sociais na escola, como fessor, consciente de que condutas diversas podem estar
forma de contemplá-las na sua complexidade, sem restringi-las vinculadas ao desenvolvimento de uma mesma capacidade,
à abordagem de uma única área. tem diante de si maiores possibilidades de atender à diversi-
Adotando essa perspectiva, as problemáticas sociais são dade de seus alunos.
integradas na proposta educacional dos Parâmetros Curricu- Assim, os objetivos se definem em termos de capacidades
lares Nacionais como Temas Transversais. Não constituem de ordem cognitiva, física, afetiva, de relação interpessoal e
novas áreas, mas antes um conjunto de temas que apare- inserção social, ética e estética, tendo em vista uma formação
cem transversalizados nas áreas definidas, isto é, permean- ampla.
do a concepção, os objetivos, os conteúdos e as orientações A capacidade cognitiva tem grande influência na postura
didáticas de cada área, no decorrer de toda a escolaridade do indivíduo em relação às metas que quer atingir nas mais
obrigatória. A transversalidade pressupõe um tratamento in- diversas situações da vida, vinculando-se diretamente ao uso
tegrado das áreas e um compromisso das relações interpes- de formas de representação e de comunicação, envolvendo
soais e sociais escolares com as questões que estão envolvidas a resolução de problemas, de maneira consciente ou não. A

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aquisição progressiva de códigos de representação e a possi- sentido para ele e sejam funcionais. O papel do professor
bilidade de operar com eles interfere diretamente na apren- nesse processo é, portanto, crucial, pois a ele cabe apresentar
dizagem da língua, da matemática, da representação espacial, os conteúdos e atividades de aprendizagem de forma que
temporal e gráfica e na leitura de imagens. A capacidade física os alunos compreendam o porquê e o para que do que
engloba o autoconhecimento e o uso do corpo na expressão aprendem, e assim desenvolvam expectativas positivas em
de emoções, na superação de estereotipias de movimentos, nos relação à aprendizagem e sintam-se motivados para o traba-
jogos, no deslocamento com segurança. A afetiva refere-se lho escolar. Para tanto, é preciso considerar que nem todas
às motivações, à autoestima, à sensibilidade e à adequação de as pessoas têm os mesmos interesses ou habilidades, nem
atitudes no convívio social, estando vinculada à valorização aprendem da mesma maneira, o que muitas vezes exige uma
do resultado dos trabalhos produzidos e das atividades reali- atenção especial por parte do professor a um ou outro aluno,
zadas. Esses fatores levam o aluno a compreender a si mesmo para que todos possam se integrar no processo de aprender.
e aos outros. A capacidade afetiva está estreitamente ligada A partir do reconhecimento das diferenças existentes entre
à capacidade de relação interpessoal, que envolve compreen- pessoas, fruto do processo de socialização e do desenvolvi-
der, conviver e produzir com os outros, percebendo distinções mento individual, será possível conduzir um ensino pautado
entre as pessoas, contrastes de temperamento, de intenções e em aprendizados que sirvam a novos aprendizados.
de estados de ânimo. O desenvolvimento da interrelação per- A escola preocupada em fazer com que os alunos desenvol-
mite ao aluno se colocar do ponto de vista do outro e a vam capacidades ajusta sua maneira de ensinar e seleciona os
refletir sobre seus próprios pensamentos. No trabalho es- conteúdos de modo a auxiliá-los a se adequarem às várias vivên-
colar o desenvolvimento dessa capacidade é propiciado pela cias a que são expostos em seu universo cultural; considera as
realização de trabalhos em grupo, por práticas de cooperação capacidades que os alunos já têm e as potencializa; preocupa-se
que incorporam formas participativas e possibilitam a toma- com aqueles alunos que encontram dificuldade no desenvol-
da de posição em conjunto com os outros. A capacida- vimento das capacidades básicas.
de estética permite produzir arte e apreciar as diferentes Embora os indivíduos tendam, em função de sua na-
produções artísticas produzidas em diferentes culturas e tureza, a desenvolver capacidades de maneira heterogênea, é
em diferentes momentos históricos. A capacidade ética é a importante salientar que a escola tem como função
possibilidade de reger as próprias ações e tomadas de decisão potencializar o desenvolvimento de todas as capacidades, de
por um sistema de princípios segundo o qual se analisam, nas modo a tornar o ensino mais humano, mais ético.
diferentes situações da vida, os valores e opções que envol- Os Parâmetros Curriculares Nacionais, na explicita-
vem. A construção interna, pessoal, de princípios considera- ção das mencionadas capacidades, apresentam inicial-
dos válidos para si e para os demais implica considerar-se mente os Objetivos Gerais do ensino fundamental, que
um sujeito em meio a outros sujeitos. O desenvolvimento são as grandes metas educacionais que orientam a estruturação
dessa capacidade permite considerar e buscar compreender curricular. A partir deles são definidos os Objetivos Gerais de
razões, nuanças, condicionantes, consequências e intenções, Área, os dos Temas Transversais, bem como o desdobra-
isto é, permite a superação da rigidez moral, no julgamento e mento que estes devem receber no primeiro e no segundo
na atuação pessoal, na relação interpessoal e na compreensão ciclos, como forma de conduzir às conquistas intermediárias
das relações sociais. A ação pedagógica contribui com tal de- necessárias ao alcance dos objetivos gerais. Um exemplo de
senvolvimento, entre outras formas afirmando claramen- desdobramento dos objetivos é o que se apresenta a seguir.
te seus princípios éticos, incentivando a reflexão e a análise •Objetivo Geral do Ensino Fundamental: utilizar diferen-
crítica de valores, atitudes e tomadas de decisão e possibili- tes linguagens — verbal, matemática, gráfica, plástica, corpo-
tando o conhecimento de que a formulação de tais sistemas é ral — como meio para expressar e comunicar suas ideias, inter-
fruto de relações humanas, historicamente situadas. Quanto pretar e usufruir das produções da cultura.
à capacidade de inserção social, refere-se à possibilidade de • Objetivo Geral do Ensino de Matemática: analisar
o aluno perceber-se como parte de uma comunidade, de informações relevantes do ponto de vista do conhecimen-
uma classe, de um ou vários grupos sociais e de comprome- to e estabelecer o maior número de relações entre elas,
ter se pessoalmente com questões que considere relevantes fazendo uso do conhecimento matemático para interpretá
para a vida coletiva. Essa capacidade é nuclear ao exercício -las e avalia-las criticamente.
da cidadania, pois seu desenvolvimento é necessário para que • Objetivo do Ensino de Matemática para o Primeiro Ciclo:
se possa superar o individualismo e atuar (no cotidiano ou identificar, em situações práticas, que muitas informações são
na vida política) levando em conta a dimensão coletiva. O organizadas em tabelas e gráficos para facilitar a leitura e a
aprendizado de diferentes formas e possibilidades de interpretação, e construir formas pessoais de registro para co-
participação social é essencial ao desenvolvimento dessa municar informações coletadas.
capacidade. Os objetivos constituem o ponto de partida para se re-
Para garantir o desenvolvimento dessas capacidades é fletir sobre qual é a formação que se pretende que os alunos
preciso uma disponibilidade para a aprendizagem de modo obtenham, que a escola deseja proporcionar e tem possibilida-
geral. Esta, por sua vez, depende em boa parte da histó- des de realizar, sendo, nesse sentido, pontos de referência
ria de êxitos ou fracassos escolares que o aluno traz e vão que devem orientar a atuação educativa em todas as áreas,
determinar o grau de motivação que apresentará em rela- ao longo da escolaridade obrigatória. Devem, portanto,
ção às aprendizagens atualmente propostas. Mas depende orientar a seleção de conteúdos a serem aprendidos como meio
também de que os conteúdos de aprendizagem tenham para o desenvolvimento das capacidades e indicar os encami-

27
nhamentos didáticos apropriados para que os conteúdos es- Conteúdos conceituais referem-se à construção ativa das
tudados façam sentido para os alunos. Finalmente, devem capacidades intelectuais para operar com símbolos, ideias,
constituir-se uma referência indireta da avaliação da atuação imagens e representações que permitem organizar a realidade.
pedagógica da escola. A aprendizagem de conceitos se dá por aproximações sucessi-
As capacidades expressas nos Objetivos dos Parâmetros vas. Para aprender sobre digestão, subtração ou qualquer outro
Curriculares Nacionais são propostas como referenciais gerais objeto de conhecimento, o aluno precisa adquirir infor-
e demandam adequações a serem realizadas nos níveis de mações, vivenciar situações em que esses conceitos estejam
concretização curricular das secretarias estaduais e municipais, em jogo, para poder construir generalizações parciais que,
bem como das escolas, a fim de atender às demandas específi- ao longo de suas experiências, possibilitarão atingir concei-
cas de cada localidade. Essa adequação pode ser feita mediante tualizações cada vez mais abrangentes; estas o levarão à com-
a redefinição de graduações e o reequacionamento de priori- preensão de princípios, ou seja, conceitos de maior nível de
dades, desenvolvendo alguns aspectos e acrescentando outros abstração, como o princípio da igualdade na matemática, o
que não estejam explícitos. princípio da conservação nas ciências, etc. A aprendizagem
de conceitos permite organizar a realidade, mas só é possível
CONTEÚDOS a partir da aprendizagem de conteúdos referentes a fatos
Os Parâmetros Curriculares Nacionais propõem uma (nomes, imagens, representações), que ocorre, num pri-
mudança de enfoque em relação aos conteúdos curriculares: meiro momento, de maneira eminentemente mnemôni-
ao invés de um ensino em que o conteúdo seja visto como ca. A memorização não deve ser entendida como processo
fim em si mesmo, o que se propõe é um ensino em que mecânico, mas antes como recurso que torna o aluno capaz
o conteúdo seja visto como meio para que os alunos de representar informações de maneira genérica — memó-
desenvolvam as capacidades que lhes permitam produzir e ria significativa — para poder relacioná-las com outros con-
usufruir dos bens culturais, sociais e econômicos. teúdos.
A tendência predominante na abordagem de conteú- Dependendo da diversidade presente nas atividades rea-
dos na educação escolar se assenta no binômio transmissão lizadas, os alunos buscam informações (fatos), notam regu-
incorporação, considerando a incorporação de conteúdos pelo laridades, realizam produtos e generalizações que, mesmo
aluno como a finalidade essencial do ensino. Existem, no en- sendo sínteses ou análises parciais, permitem verificar se o
tanto, outros posicionamentos: há quem defenda a posição conceito está sendo aprendido. Exemplo 1: para
de indiferença em relação aos conteúdos por considera-los compreender o que vem a ser um texto jornalístico é
somente como suporte ao desenvolvimento cognitivo dos necessário que o aluno tenha contato com esse texto, use-o
alunos e há ainda quem acuse a determinação prévia de con- para obter informações, conheça seu vocabulário, conheça
teúdos como uma afronta às questões sociais e políticas vi- suaestrutura e sua função social. Exemplo 2: a solidariedade
venciadas pelos diversos grupos. só pode ser compreendida quando o aluno passa por situa-
No entanto, qualquer que seja a linha pedagógica, pro- ções em que atitudes que a suscitem estejam em jogo,
fessores e alunos trabalham, necessariamente, com conteú- de modo que, ao longo de suas experiências, adquira
dos. O que diferencia radicalmente as propostas é a função informações que contribuam para a construção de tal con-
que se atribui aos conteúdos no contextoescolar e, em decor- ceito. Aprender conceitos permite atribuir significados aos
rência disso, as diferentes concepções quantoà maneira como conteúdos aprendidos e relacioná-los a outros.
devem ser selecionados e tratados. Tal aprendizado está diretamente relacionado à se-
Nesta proposta, os conteúdos e o tratamento que a eles gunda categoria de conteúdos: a procedimental. Os proce-
deve ser dado assumem papel central, uma vez que é por dimentos expressam um saber fazer, que envolve tomar de-
meio deles que os propósitos da escola são operacio- cisões e realizar uma série de ações, de forma ordenada e não
nalizados, ou seja, manifestados em ações pedagógicas. No aleatória, para atingir uma meta. Assim, os conteúdos proce-
entanto, não se trata de compreendê-los da forma como dimentais sempre estão presentes nos projetos de ensino, pois
são comumente aceitos pela tradição escolar. O projeto uma pesquisa, um experimento, um resumo, uma maquete,
educacional expresso nos Parâmetros Curriculares Nacionais são proposições de ações presentes nas salas de aula.
demanda uma reflexão sobre a seleção de conteúdos, como No entanto, conteúdos procedimentais são abordados
também exige uma ressignificação, em que a noção de con- muitas vezes de maneira equivocada, não sendo tratados
teúdo escolar se amplia para além de fatos e conceitos, pas- como objeto de ensino, que necessitam de intervenção di-
sando a incluir procedimentos, valores, normas e atitudes. Ao reta do professor para serem de fato aprendidos. O apren-
tomar como objeto de aprendizagem escolar conteúdos de dizado de procedimentos é, por vezes, considerado como
diferentes naturezas, reafirma-se a responsabilidade da escola algo espontâneo, dependente das habilidades individuais.
com a formação ampla do aluno e a necessidade de interven- Ensinam-se procedimentos acreditando estar se ensinando
ções conscientes e planejadas nessa direção. conceitos; a realização de um procedimento adequado passa,
então, a ser interpretada como o aprendizado do conceito.
Neste documento, os conteúdos são abordados em três O exemplo mais evidente dessa abordagem ocorre no ensino
grandes categorias: conteúdos conceituais, que envolvem fatos das operações: o fato de uma criança saber resolver contas de
e princípios; conteúdos procedimentais e conteúdos atitudinais, que adição não necessariamente corresponde à compreensão do
envolvem a abordagem de valores, normas e atitudes. conceito de adição.

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É preciso analisar os conteúdos referentes a procedimen- ciente. Para a aprendizagem de atitudes é necessária uma prática
tos não do ponto de vista de uma aprendizagem mecânica, constante, coerente e sistemática, em que valores e atitudes
mas a partir do propósito fundamental da educação, que é almejados sejam expressos no relacionamento entre as pes-
fazer com que os alunos construam instrumentos para ana- soas e na escolha dos assuntos a serem tratados. Além das
lisar, por si mesmos, os resultados que obtêm e os proces- questões de ordem emocional, tem relevância no aprendiza-
sos que colocam em ação para atingir as metas a que se pro- do dos conteúdos atitudinais o fato de cada aluno pertencer a
põem. Por exemplo: para realizar uma pesquisa, o aluno pode um grupo social, com seus próprios valores e atitudes.
copiar um trecho da enciclopédia, embora esse não seja o pro- Embora esteja sempre presente nos conteúdos especí-
cedimento mais adequado. É preciso auxiliá-lo, ensinando ficos que são ensinados, os conteúdos atitudinais não têm
os procedimentos apropriados, para que possa responder sido formalmente reconhecidos como tal. A análise dos con-
com êxito à tarefa que lhe foi proposta. É preciso que o alu- teúdos, à luz dessa dimensão, exige uma tomada de decisão
no aprenda a pesquisar em mais de uma fonte, registrar o que consciente e eticamente comprometida, interferindo dire-
for relevante, relacionar as informações obtidas para produzir tamente no esclarecimento do papel da escola na formação do
um texto de pesquisa. Dependendo do assunto a ser pes- cidadão. Ao enfocar os conteúdos escolares sob essa dimen-
quisado, é possível orientá-lo para fazer entrevistas e or- são, questões de convívio social assumem um outro status
ganizar os dados obtidos, procurar referências em diferen- no rol dos conteúdos a serem abordados.
tes jornais, em filmes, comparar as informações obtidas para Considerar conteúdos procedimentais e atitudinais
apresenta-las num seminário, produzir um texto. Ao exercer como conteúdos do mesmo nível que os conceituais não
um determinado procedimento, é possível ao aluno, com implica aumento na quantidade de conteúdos a serem traba-
ajuda ou não do professor, analisar cada etapa realizada para lhados, porque eles já estão presentes no dia a dia da sala de
adequá-la ou corrigi-la, a fim de atingir a meta proposta. aula; o que acontece é que, na maioria das vezes, não estão
A consideração dos conteúdos procedimentais no processo explicitados nem são tratados de maneira consciente. A dife-
de ensino é de fundamental importância, pois permite incluir rente natureza dos conteúdos escolares deve ser contempla-
conhecimentos que têm sido tradicionalmente excluídos do da de maneira integrada no processo de ensino e aprendi-
ensino, como a revisão do texto escrito, a argumentação cons- zagem e não em atividades específicas.
truída, a comparação dos dados, a verificação, a documentação e Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, os conteúdos refe-
a organização, entre outros. rentes a conceitos, procedimentos, valores, normas e atitu-
Ao ensinar procedimentos também se ensina um des estão presentes nos documentostanto de áreas quanto
certo modo de pensar e produzir conhecimento. Exem- de Temas Transversais, por contribuírem para a aquisição das
plo: uma das questões centrais do trabalho em matemática refe- capacidades definidas nos Objetivos Gerais do Ensino Funda-
re-se à validação. Trata-se de o aluno saber por seus próprios mental. A consciência da importância desses conteúdos é es-
meios se o resultado que obteve é razoável ou absurdo, se o sencial para garantir-lhes tratamento apropriado, em que se
procedimento utilizado é correto ou não, se o argumento vise um desenvolvimento amplo, harmônico e equilibrado
de seu colega é consistente ou contraditório. dos alunos, tendo em vista sua vinculação à função social da
Já os conteúdos atitudinais permeiam todo o conheci- escola. Eles são apresentados nos blocos de conteúdos e/ou
mento escolar. A escola é um contexto socializador, gerador organizações temáticas.
de atitudes relativas ao conhecimento, ao professor, aos colegas, Os blocos de conteúdos e/ou organizações temáticas
às disciplinas, às tarefas e à sociedade. A não compreensão de são agrupamentos que representam recortes internos à área e
atitudes, valores e normas como conteúdos escolares faz com visam explicitar objetos de estudo essenciais à aprendizagem.
estes sejam comunicados sobretudo de forma inadvertida — Distinguem as especificidades dos conteúdos, para que haja
acabam por ser aprendidos sem que haja uma deliberação clareza sobre qual é o objeto do trabalho, tanto para o
clara sobre esse ensinamento. Por isso, é imprescindível adotar aluno como para o professor — é importante ter consciência
uma posição crítica em relação aos valores que a escola trans- do que se está ensinando e do que se está aprendendo. Os
mite explícita e implicitamente mediante atitudes cotidia- conteúdos são organizados em função da necessidade de re-
nas. A consideração positiva de certos fatos ou personagens ceberem um tratamento didático que propicie um avanço
históricos em detrimento de outros é um posicionamento de contínuo na ampliação de conhecimentos, tanto em exten-
valor, o que contradiz a pretensa neutralidade que caracteriza a são quanto em profundidade, pois o processo de aprendi-
apresentação escolar do saber científico. zagem dos alunos requer que os mesmos conteúdos sejam
Ensinar e aprender atitudes requer um posicionamen- tratados de diferentes maneiras e em diferentes momentos da
to claro e consciente sobre o que e como se ensina na escolaridade, de forma a serem “revisitados”, em função das
escola. Esse posicionamento só pode ocorrer a partir do possibilidades de compreensão que se alteram pela contínua
estabelecimento das intenções do projeto educativo da construção de conhecimentos e em função da complexidade
escola, para que se possam adequar e selecionar conteúdos conceitual de determinados
básicos, necessários e recorrentes. conteúdos. Por exemplo, ao apresentar problemas refe-
É sabido que a aprendizagem de valores e atitudes é de rentes às operações de adição e subtração. Exemplo 1: Pedro
natureza complexa e pouco explorada do ponto de vista pe- tinha 8 bolinhas de gude, jogou uma partida e perdeu 3.
dagógico. Muitas pesquisas apontam para a importância da Com quantas bolinhas ficou? (8 3 = 5 ou 3 + ? = 8). Exemplo
informação como fator de transformação de valores e ati- 2: Pedro jogou uma partida de bolinha de gude. Na segunda
tudes; sem dúvida, a informação é necessária, mas não é sufi- partida, perdeu 3 bolinhas, ficando com 5 no final. Quantas

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bolinhas Pedro ganhou na primeira partida? (? 3 = 5 ou 8 3 escolaridade, em função da intervenção pedagógica realiza-
= 5 ou 3 + ? = 8). O problema 1 é resolvido pela maioria das da. Portanto, a avaliação das aprendizagens só pode acontecer
crianças no início da escolaridade obrigatória em função do se forem relacionadas com as oportunidades oferecidas, isto
conhecimento matemático que já têm; no entanto, o pro- é, analisando a adequação das situações didáticas propostas
blema 2 para ser resolvido necessita que o aluno tenha tido aos conhecimentos prévios dos alunos e aos desafios que es-
diferentes oportunidades para operar com os conceitos en- tão em condições de enfrentar.
volvidos, caso contrário não o resolverá. O mesmo conteúdo A avaliação subsidia o professor com elementos para uma
— adição e subtração — para ser compreendido requer reflexão contínua sobre a sua prática, sobre a criação de novos
uma abordagem mais ampla dos conceitos que o envol- instrumentos de trabalho e a retomada de aspectos que devem
vem. Com esses exemplos buscou-se apontar também que ser revistos, ajustados ou reconhecidos como adequados para
situações aparentemente fáceis e simples são complexas tan- o processo de aprendizagem individual ou de todo grupo.
to do ponto de vista do objeto como da aprendizagem. No Para o aluno, é o instrumento de tomada de consciência de
problema 2 a variação no local da incógnita solicita um tipo de suas conquistas, dificuldades e possibilidades para reorganiza-
raciocínio diferente doproblema 1. A complexidade dos pró- ção de seu investimento na tarefa de aprender. Para a escola,
priosconteúdos e as necessidades das aprendizagens compõem possibilita definir prioridades e localizar quais aspectos das
um todo dinâmico, sendo impossível esgotar a aprendizagem ações educacionais demandam maior apoio.
em um curto espaço de tempo. O conhecimento não é um Tomar a avaliação nessa perspectiva e em todas essas dimensões
bem passível de acumulação, como uma espécie de doação requer que esta ocorra sistematica mente durante todo o proces-
da fonte de informações para o aprendiz. so de ensino e aprendizagem e não somente após o fechamento
Para o tratamento didático dos conteúdos é preciso con- de etapas do trabalho, como é o habitual. Isso possibilita ajustes
siderar também o estabelecimento de relações internas ao constantes, num mecanismo de regulação do processo de ensino e
bloco e entre blocos. Exemplificando: os blocos de con- aprendizagem, que contribui efetivamente para que a tarefa edu-
teúdos de Língua Portuguesa são língua oral, língua escrita, cativa tenha sucesso.
O acompanhamento e a reorganização do processo de en-
análise e reflexão sobre a língua; é possível aprender sobre
sino e aprendizagem na escola inclui, necessariamente, uma
a língua escrita sem necessariamente estabelecer uma relação
avaliação inicial, para o planejamento do professor, e uma
direta com a língua oral; por outro lado, não é possível apren-
avaliação ao final de uma etapa de trabalho.
der a analisar e a refletir sobre a língua sem o apoio da língua
A avaliação investigativa inicial instrumentalizará o pro-
oral, ou da escrita. Dessa forma, a interrelação dos elementos
fessor para que possa pôr em prática seu planejamento de
de um bloco, ou entre blocos, é determinada pelo objeto da
forma adequada às características de seus alunos. Esse é o mo-
aprendizagem, configurado pela proposta didática realizada mento em que o professor vai se informar sobre o que o
pelo professor. aluno já sabe sobre determinado conteúdo para, a partir daí,
estruturar sua programação, definindo os conteúdos e o nível
Dada a diversidade existente no País, é natural e desejável de profundidade em que devem ser abordados. A avaliação
que ocorram alterações no quadro proposto. A definição inicial serve para o professor obter informações necessárias
dos conteúdos a serem tratados deve considerar o desen- para propor atividades e gerar novos conhecimentos, assim
volvimento de capacidades adequadas às características sociais, como para o aluno tomar consciência do que já sabe e do
culturais e econômicas particulares de cada localidade. As- que pode ainda aprender sobre um determinado conjunto
sim, a definição de conteúdos nos Parâmetros Curriculares de conteúdos. É importante que ocorra uma avaliação no
Nacionais é uma referência suficientemente aberta para início do ano; o fato de o aluno estar iniciando uma série não
técnicos e professores analisarem, refletirem e tomarem é informação suficiente para que o professor saiba sobre
decisões, resultando em ampliações ou reduções de cer- suas necessidades de aprendizagem. Mesmo que o professor
tos aspectos, em função das necessidades de aprendiza- acompanhe a classe de um ano para o outro, e tenha re-
gem de seus alunos. gistros detalhados sobre o desempenho dos alunos no ano
anterior, não se exclui essa investigação inicial, pois os alunos
AVALIAÇÃO não deixam de aprender durante as férias e muita coisa
A concepção de avaliação dos Parâmetros Curriculares Na- pode ser alterada no intervalo dos períodos letivos. Mas
cionais vai além da visão tradicional, que focaliza o controle essas avaliações não devem ser aplicadas exclusivamente nos
externo do aluno mediante notas ou conceitos, para ser inícios de ano ou de semestre; são pertinentes sempre que
compreendida como parte integrante e intrínseca ao pro- o professor propuser novos conteúdos ou novas sequências
cesso educacional. de situações didáticas.
É importante ter claro que a avaliação inicial não implica
A avaliação, ao não se restringir ao julgamento sobre su- a instauração de um longo período de diagnóstico, que acabe
cessos ou fracassos do aluno, é compreendida como um con- por se destacar do processo de aprendizagem que está em
junto de atuações que tem a função de alimentar, sustentar curso, no qual o professor não avança em suas propostas,
e orientar a intervenção pedagógica. Acontece contínua e perdendo o escasso e precioso tempo escolar de que dispõe.
sistematicamente por meio da interpretação qualitativa do Ela pode se realizar no interior mesmo de um processo de en-
conhecimento construído pelo aluno. Possibilita conhecer o sino e aprendizagem, já que os alunos põem inevitavelmente
quanto ele se aproxima ou não da expectativa de aprendiza- em jogo seus conhecimentos prévios ao enfrentar qualquer
gem que o professor tem em determinados momentos da situação didática.

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O processo também contempla a observação dos avan- Orientações para avaliação
ços e da qualidade da aprendizagem alcançada pelos alunos
ao final de um período de trabalho, seja este determinado Como avaliar se define a partir da concepção de ensino e
pelo fim de um bimestre, ou de um ano, seja pelo encerra- aprendizagem, da função da avaliação no processo educati-
mento de um projeto ou sequência didática. Na verdade, a vo e das orientações didáticas postas em prática. Embora
avaliação contínua do processo acaba por subsidiar a avaliação a avaliação, na perspectiva aqui apontada, aconteça sistema-
final, isto é, se o professor acompanha o aluno sistematica- ticamente durante as atividades de ensino e aprendizagem, é
mente ao longo do processo pode saber, em determinados preciso que a perspectiva de cada momento da avaliação seja
momentos, o que o aluno já aprendeu sobre os conteúdos definida claramente, para que sepossa alcançar o máximo de
trabalhados. Esses momentos, por outro lado, são importantes objetividade possível.
por se constituírem boas situações para que alunos e profes- Para obter informações em relação aos processos de
sores formalizem o que foi e o que não foi aprendido. Esta aprendizagem, é necessário considerar a importância de uma
avaliação, que intenciona averiguar a relação entre a cons- diversidade de instrumentos e situações, para possibilitar, por
trução do conheci mento por parte dos alunos e os objetivos um lado, avaliar as diferentes capacidades e conteúdos curri-
a que o professor se propôs, é indispensável para se saber se culares em jogo e, por outro lado, contrastar os dados obti-
todos os alunos estão aprendendo e quais condições estão dos e observar a transferência das aprendizagens em contextos
sendo ou não favoráveis para isso, o que diz respeito às res- diferentes.
ponsabilidades do sistema educacional. É fundamental a utilização de diferentes códigos, como
Um sistema educacional comprometido com o desen- o verbal, o oral, o escrito, o gráfico, o numérico, o pictórico,
volvimento das capacidades dos alunos, que se expressam de forma a se considerar as diferentes aptidões dos alunos.
pela qualidade das relações que estabelecem e pela pro- Por exemplo, muitas vezes o aluno não domina a escrita su-
fundidade dos saberes constituídos, encontra, na avaliação, ficientemente para expor um raciocínio mais complexo so-
uma referência à análise de seus propósitos, que lhe permite bre como compreende um fato histórico, mas pode fazê-lo
redimensionar investimentos, a fim de que os alunos apren- perfeitamente bem em uma situação de intercâmbio oral,
dam cada vez mais e melhor e atinjam os objetivos propos- como em diálogos, entrevistas ou debates. Considerando es-
tos. sas preocupações, o professor pode realizar a avaliação por
Esse uso da avaliação, numa perspectiva democrática, só meio de:
poderá acontecer se forem superados o caráter de termina- • observação sistemática: acompanhamento do processo
lidade e de medição de conteúdos aprendidos — tão ar- de aprendizagem dos alunos, utilizando alguns instrumen-
raigados nas práticas escolares — a fim de que os resultados tos, como registro em tabelas, listas de controle, diário de
da avaliação possam ser concebidos como indicadores para a classe e outros;
reorientação da prática educacional e nunca como um meio • análise das produções dos alunos: considerar a varie-
de estigmatizar os alunos. dade de produções realizadas pelos alunos, para que se
Utilizar a avaliação como instrumento para o desenvolvi- possa ter um quadro real das aprendizagens conquistadas.
mento das atividades didáticas requer que ela não seja in- Por exemplo: se a avaliação se dá sobre a competência dos
terpretada como um momento estático, mas antes como alunos na produção de textos, deve-se considerar a totalida-
um momento de observação de um processo dinâmico e de dessa produção, que envolve desde os primeiros registros
não linear de construção de conhecimento. escritos, no caderno de lição, até os registros das atividades de
Em suma, a avaliação contemplada nos Parâmetros Cur- outras áreas e das atividades realizadas especificamente para
riculares Nacionais é compreendida como: elemento inte- esse aprendizado, além do texto produzido pelo aluno para
grador entre a aprendizagem e o ensino; conjunto de ações os fins específicos desta avaliação;
cujo objetivo é o ajuste e a orientação da intervenção pedagó- • atividades específicas para a avaliação: nestas, os alunos de-
gica para que o aluno aprenda da melhor forma; conjunto de vem ter objetividade ao expor sobre um tema, ao responder um
ações que busca obter informações sobre o que foi apren- questionário. Para isso é importante, em primeiro lugar, garantir
dido e como; elemento de reflexão contínua para o profes- que sejam semelhantes às situações de aprendizagem comumente
sor sobre sua prática educativa; instrumento que possibilita estruturadas em sala de aula, isto é, que não se diferenciem, em
ao aluno tomar consciência de seus avanços, dificuldades e sua estrutura, das atividades que já foram realizadas; em segundo
possibilidades; ação que ocorre durante todo o processo de lugar, deixar claro para os alunos o que se pretende avaliar, pois,
ensino e aprendizagem e não apenas em momentos específi- inevitavelmente, os alunos estarão mais atentos a esses aspectos.
cos caracterizados como fechamento de grandes etapas de Quanto mais os alunos tenham clareza dos conteúdos e do
trabalho. Uma concepção desse tipo pressupõe considerar grau de expectativa da aprendizagem que se espera, mais te-
tanto o processo que o aluno desenvolve ao aprender como rão condições de desenvolver, com a ajuda do professor, es-
o produto alcançado. Pressupõe também que a avaliação tratégias pessoais e recursos para vencer dificuldades.
se aplique não apenas ao aluno, considerando as expectati- A avaliação, apesar de ser responsabilidade do professor,
vas de aprendizagem, mas às condições oferecidas para que não deve ser considerada função exclusiva dele. Delegá-la aos
isso ocorra. Avaliar a aprendizagem, portanto, implica avaliar alunos, em determinados momentos, é uma condição didática
o ensino oferecido — se, por exemplo, não há a aprendiza- necessária para que construam instrumentos de autoregu-
gem esperada significa que o ensino não cumpriu com sua lação para as diferentes aprendizagens. A auto avaliação é
finalidade: a de fazer aprender. uma situação de aprendizagem em que o aluno desenvolve

31
estratégias de análise e interpretação de suas produções e ção e, portanto, contribuírem para efetivar a concretização das
dos diferentes procedimentos para se avaliar. Além des- intenções educativas no decorrer do trabalho nos ciclos. Os
se aprendizado ser, em si, importante, porque é central para critérios de avaliação devem permitir concretizações diversas
a construção da autonomia dos alunos, cumpre o papel de por meio de diferentes indicadores; assim, além do enuncia-
contribuir com a objetividade desejada na avaliação, uma vez do que os define, deverá haver um breve comentário expli-
que esta só poderá ser construída com a coordenação dos di- cativo que contribua para a identificação de indicadores nas
ferentes pontos de vista tanto do aluno quanto do professor. produções a serem avaliadas, facilitando a interpretação e a
flexibilização desses critérios, em função das características
Critérios de avaliação do aluno e dos objetivos e conteúdos definidos.
Avaliarsignifica emitir um juízo de valor sobre a realidade Exemplo de um critério de avaliação de Língua Portu-
que se questiona, seja a propósito das exigências de uma ação guesa para o primeiro ciclo: “Escrever utilizando tanto o
que se projetou realizar sobre ela, seja a propósito das suas con- conhecimento sobre a correspondência fonográfica como
sequências. Portanto, a atividade de avaliação exige critérios sobre a segmentação do texto em palavras e frases.
claros que orientem a leitura dos aspectos a serem avaliados. Com este critério espera-se que o aluno escreva textos
No caso da avaliação escolar, é necessário que se estabe- alfabeticamente. Isso significa utilizar corretamente a letra (o
leçam expectativas de aprendizagem dos alunos em conse- grafema) que corresponda ao som (o fonema), ainda que a con-
quência do ensino, que devem se expressar nos objetivos, venção ortográfica não esteja sendo respeitada. Espera-se, tam-
nos critérios de avaliação propostos e na definição do que bém, que o aluno utilize seu conhecimento sobre a segmentação
será considerado como testemunho das aprendizagens. Do das palavras e de frases, ainda que a convenção não esteja sendo
contraste entre os critérios de avaliação e os indicadores respeitada (no caso da palavra, podem tanto ocorrer uma escrita
expressos na produção dos alunos surgirá o juízo de valor, sem segmentação, como em ‘de repente’, como uma segmentação
que se constitui a essência da avaliação. indevida, como em ‘de pois’; no caso da frase, o aluno pode separar
Os critérios de avaliação têm um papel importan- frases sem utilizar o sistema de pontuação, fazendo uso de recur-
te, pois explicitam as expectativas de aprendizagem, con- sos como ‘e’, ‘aí’, ‘daí’, por exemplo)”.
siderando objetivos e conteúdos propostos para a área e para A definição dos critérios de avaliação deve considerar as-
o ciclo, a organização lógica e interna dos conteúdos, as pectos estruturais de cada realidade; por exemplo, muitas
particularidades de cada momento da escolaridade e as vezes, seja por conta das repetências ou de um ingresso tar-
possibilidades de aprendizagem decorrentes de cada etapa dio na escola, a faixa etária dos alunos de primeiro ciclo não
do desenvolvimento cognitivo, afetivo e social em uma der- corresponde aos sete ou oito anos. Sabe-se, também, que as
minada situação, na qual os alunos tenham boas condições de condições de escolaridade em uma escola rural e multisseriada
desenvolvimento do ponto de vista pessoal e social. Os cri- são bastante singulares, o que determinará expectativas de
térios de avaliação apontam as experiências educativas a que os aprendizagem e, portanto, de critérios de avaliação bas-
alunos devem ter acesso e são consideradas essenciais para o tante diferenciados.
seu desenvolvimento e socialização. Nesse sentido, os critérios A adequação dos critérios estabelecidos nestes parâme-
de avaliação devem refletir de forma equilibrada os diferentes tros e dos indicadores especificados ao trabalho que cada
tipos de capacidades e as três dimensões de conteúdos, e ser- escola se propõe a realizar não deve perder de vista a busca de
vir para encaminhar a programação e as atividades de ensino uma meta de qualidade de ensino e aprendizagem explicita-
e aprendizagem. da na presente proposta.
É importante assinalar que os critérios de ava-
liação representam as aprendizagens imprescindíveis ao Decisões associadas aos resultados da avaliação
final do ciclo e possíveis à maioria dos alunos submetidos Tão importante quanto o que e como avaliar são as
às condições de aprendizagem propostas; não podem, no en- decisões pedagógicas decorrentes dos resultados da avaliação,
tanto, ser tomados como objetivos, pois isso significaria um que não devem se restringir à reorganização da prática educati-
injustificável rebaixamento da oferta de ensino e, conse- va encaminhada pelo professor no dia a dia; devem se
quentemente, o impedimento a priori da possibilidade de referir, também, a uma série de medidas didáticas com-
realização de aprendizagens consideradas essenciais. plementares que necessitem de apoio institucional, como o
Os critérios não expressam todos os conteúdos que fo- acompanhamento individualizado feito pelo professor fora
ram trabalhados no ciclo, mas apenas aqueles que são funda- da classe, o grupo de apoio, as lições extras e outras que cada
mentais para que se possa considerar que um aluno adquiriu escola pode criar, ou até mesmo a solicitação de profissio-
as capacidades previstas de modo a poder continuar apren- nais externos à escola para debate sobre questões emer-
dendo no ciclo seguinte, sem que seu aproveitamento seja gentes ao trabalho. A dificuldade de contar com o
comprometido. apoio institucional para esses encaminhamentos é uma
Os Critérios de Avaliação por Área e por Ciclo, defi- realidade que precisa ser alterada gradativamente, para que
nidos nestes Parâmetros Curriculares Nacionais, ainda que se possam oferecer condições de desenvolvimento para os
indiquem o tipo e o grau de aprendizagem que se espera que alunos com necessidades diferentes de aprendizagem.
os alunos tenham realizado a respeito dos diferentes conteú-
dos, apresentam formulação suficientemente ampla para ser A aprovação ou a reprovação é uma decisão pedagógica que
referência para as adaptações necessárias em cada escola, de visa garantir as melhores condições de aprendizagem para os
modo a poderem se constituir critérios reais para a avalia- alunos. Para tal, requer-se uma análise dos professores a res-

32
peito das diferentes capacidades do aluno, que permitirão É importante ressaltar a diferença que existe entre a comu-
o aproveitamento do ensino na próxima série ou ciclo. Se a nicação da avaliação e a qualificação. Uma coisa é a necessi-
avaliação está a serviço do processo de ensino e aprendizagem, dade de comunicar o que se observou na avaliação, isto é, o
a decisão de aprovar ou reprovar não deve ser a expressão retorno que o professor dá aos alunos e aos pais do que pôde
de um “castigo” nem ser unicamente pautada no quanto observar sobre o processo de aprendizagem, incluindo tam-
se aprendeu ou se deixou de aprender dos conteúdos propos- bém o diálogo entre a sua avaliação e a auto avaliação reali-
tos. Para tal decisão é importante considerar, simultaneamente zada pelo aluno. Outra coisa é a qualificação que se extrai
aos critérios de avaliação, os aspectos de sociabilidade e de dela, e se expressa em notas ou conceitos, histórico escolar,
ordem emocional, para que a decisão seja a melhor possí- boletins, diplomas, e cumprem uma função social. Se a comu-
vel, tendo em vista a continuidade da escolaridade sem nicação da avaliação estiver pautada apenas em qualificações,
fracassos. No caso de reprovação, a discussão nos conselhos de pouco poderá contribuir para o avanço significativo das
classe, assim como a consideração das questões trazidas pe- aprendizagens; mas, se as notas não forem o único canal que
los pais nesse processo decisório, podem subsidiar o professor o professor oferece de comunicação sobre a avaliação, po-
para a tomada de decisão amadurecida e compartilhada pela dem constituir-se uma referência importante, uma vez que
equipe da escola. já se instituem como representação social do aproveitamento
Os altos índices de repetência em nosso país têm sido escolar.
objeto de muita discussão, uma vez que explicitam o fra-
casso do sistema público de ensino, incomodando demais ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
tanto educadores como políticos. No entanto, muitas vezes A conquista dos objetivos propostos para o ensino
se cria uma falsa questão, em que a repetência é vista como fundamental depende de uma prática educativa que te-
um problema em si e não como um sintoma da má qualida- nha como eixo a formação de um cidadão autônomo e partici-
de do ensino e, consequentemente, da aprendizagem, que, pativo. Nessa medida, os Parâmetros Curriculares Nacionais
de forma geral, o sistema educacional não tem conseguido incluem orientações didáticas, que são subsídios à reflexão
resolver. Como resultado, ao reprovar os alunos que não sobre como ensinar.
realizam as aprendizagens esperadas, cristaliza-se uma situação Na visão aqui assumida, os alunos constroem significados
em que o problema é do aluno e não do sistema educacio-
a partir de múltiplas e complexas interações. Cada aluno é
nal.
sujeito de seu processo de aprendizagem, enquanto o profes-
A repetência deve ser um recurso extremo; deve ser es-
sor é o mediador na interação dos alunos com os objetos de
tudada caso a caso, no momento que mais se adequar a cada
conhecimento; o processo de aprendizagem compreende
aluno, para que esteja de fato a serviço da escolaridade com
também a interação dos alunos entre si, essencial à socialização.
sucesso.
Assim sendo, as orientações didáticas apresentadas enfocam
A permanência em um ano ou mais no ciclo deve ser com-
fundamentalmente a intervenção do professor na criação de
preendida como uma medida educativa para que o aluno te-
nha oportunidade e expectativa de sucesso e motivação, para situações de aprendizagem coerentes com essa concepção.
garantir a melhoria de condições para a aprendizagem. Quer Para cada tema e área de conhecimento corresponde um
a decisão seja de reprovar ou aprovar um aluno com dificul- conjunto de orientações didáticas de caráter mais abran-
dades, esta deve sempre ser acompanhada de encaminhamen- gente — orientações didáticas gerais — que indicam como
tos de apoio e ajuda para garantir a qualidade das aprendiza- a concepção de ensino proposta se estabelece no tratamento
gens e o desenvolvimento das capacidades esperadas. da área. Para cada bloco de conteúdocorrespondem orienta-
ções didáticas específicas, que expressam como determinados
As avaliações oficiais: boletins e diplomas conteúdos podem ser tratados. Assim, as orientações didáticas
permeiam as explicitações sobre o ensinar e o aprender, bem
Um outro lado na questão da avaliação é o aspecto nor- como as explicações dos blocos de conteúdos ou temas, uma
mativo do sistema de ensino que diz respeito ao controle vez que a opção de recorte de conteúdos para uma situação
social. À escola é socialmente delegada a tarefa de pro- de ensino e aprendizagem é também determinada pelo enfo-
mover o ensino e a aprendizagem de determinados con- que didático da área.
teúdos e contribuir de maneira efetiva na formação de No entanto, há determinadas considerações a fazer a res-
seus cidadãos; por isso, a escola deve responder à sociedade por peito do trabalho em sala de aula, que extravasam as fron-
essa responsabilidade. Para tal, estabelece uma série de instru- teiras de um tema ou área de conhecimento. Estas conside-
mentos para registro e documentação da avaliação e cria os rações evidenciam que o ensino não pode estar limitado ao
atestados oficiais de aproveitamento. Assim, as notas, con- estabelecimento de um padrão de intervenção homogêneo
ceitos, boletins, recuperações, aprovações, reprovações, e idêntico para todos os alunos. A prática educativa é bas-
diplomas, etc., fazem parte das decisões que o professor deve tante complexa, pois o contexto de sala de aula traz questões
tomar em seu dia a dia para responder à necessidade de um de ordem afetiva, emocional, cognitiva, física e de relação
testemunho oficial e social do aproveitamento do aluno. pessoal. A dinâmica dos acontecimentos em uma sala de aula
O professor pode aproveitar os momentos de avaliação bi- é tal que mesmo uma aula planejada, detalhada e consisten-
mestral ou semestral, quando precisa dar notas ou conceitos, te dificilmente ocorre conforme o imaginado: olhares, tons
para sistematizar os procedimentos que selecionou para o de voz, manifestações de afeto ou desafeto e diversas outras
processo de avaliação, em função das necessidades psico variáveis interferem diretamente na dinâmica prevista. No
pedagógicas. texto que se segue, são apontados alguns tópicos sobre di-

33
dática considerados essenciais pela maioria dos profissionais autônomos. Por isso é importante que desde as séries iniciais
em educação: autonomia; diversidade; interação e cooperação; as propostas didáticas busquem, em aproximações sucessivas,
disponibilidade para a aprendizagem; organização do tem- cada vez mais essa meta.
po; organização do espaço; e seleção de material. O desenvolvimento da autonomia depende de suportes
materiais, intelectuais e emocionais. No início da escolari-
Autonomia dade, a intervenção do professor é mais intensa na definição
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais a autonomia é desses suportes: tempo e forma de realização das atividades,
tomada ao mesmo tempo como capacidade a ser desenvol- organização dos grupos, materiais a serem utilizados, resolu-
vida pelos alunos e como princípio didático geral, orientador ção de conflitos, cuidados físicos, estabelecimentos de etapas
das práticas pedagógicas. para a realização das atividades. Também é preciso considerar
A realização dos objetivos propostos implica neces- tanto o trabalho individual como o coletivo cooperativo. O
sariamente que sejam desde sempre praticados, pois não individual é potencializado pelas exigências feitas aos alunos
se desenvolve uma capacidade sem exercê-la. Por isso didática para se responsabilizarem por suas ações, suas ideias, suas ta-
é um instrumento de fundamental importância, na medi- refas, pela organização pessoal e coletiva, pelo envolvimento
da em que possibilita e conforma as relações que alunos e com o objeto de estudo. O trabalho em grupo, ao valorizar
educadores estabelecem entre si, com o conhecimento que a interação como instrumento de desenvolvimento pessoal,
constroem, com a tarefa que realizam e com a instituição exige que os alunos considerem diferenças individuais,
escolar. Por exemplo, para que possa refletir, participar tragam contribuições, respeitem as regras estabelecidas,
e assumir responsabilidades, o aluno necessita estar inse- proponham outras, atitudes que propiciam o desenvolvi-
rido em um processo educativo que valorize tais ações. mento da autonomia na dimensão grupal.
Este é o sentido da autonomia como princípio didático ge- É importante salientar que a autonomia não é um es-
ral proposto nos Parâmetros Curriculares Nacionais: uma opção tado psicológico geral que, uma vez atingido, esteja garan-
metodológica que considera a atuação do aluno na construção tido para qualquer situação. Por um lado, por envolver
de seus próprios conhecimentos, valoriza suas experiências, a necessidade de conhecimentos e condições específicas, uma
seus conhecimentos prévios e a interação professor-aluno e pessoa pode ter autonomia para atuar em determinados cam-
aluno-aluno, buscando essencialmente a passagem progressiva pos e não em outros; por outro, por implicar o estabele-
de situações em que o aluno é dirigido por outrem a situa- cimento de relações democráticas de poder e autoridade é
ções dirigidas pelo próprio aluno. possível que alguém exerça a capacidade de agir com auto-
nomia em algumas situações e não noutras, nas quais não
A autonomia refere-se à capacidade de posicionar-se, ela-
pode interferir. É portanto necessário que a escola busque
borar projetos pessoais e participar enunciativa e coopera-
sua extensão aos diferentes campos de atuação. Para tanto, é
tivamente de projetos coletivos, ter discernimento, organi-
necessário que as decisões assumidas pelo professor auxi-
zar-se em função de metas eleitas, governar-se, participar
liem os alunos a desenvolver essas atitudes e a aprender os
da gestão de ações coletivas, estabelecer critérios e eleger
procedimentos adequados a uma postura autônoma, que só
princípios éticos, etc. Isto é, a autonomia fala de uma relação
será efetivamente alcançada mediante investimentos siste-
emancipada, íntegra com as diferentes dimensões da vida, o
máticos ao longo de toda a escolaridade.
que envolve aspectos intelectuais, morais, afetivos e socio-
políticos2 . Ainda que na escola se destaque a autonomia Diversidade
na relação com o conhecimento — saber o que se quer As adaptações curriculares previstas nos níveis de concre-
saber, como fazer para buscar informações e possibilidades de tização apontam a necessidade de adequar objetivos, conteú-
desenvolvimento de tal conhecimento, manter uma postu- dos e critérios de avaliação, de forma a atender a diversidade
ra crítica comparando diferentes visões e reservando para si o existente no País. Essas adaptações, porém, não dão conta da
direito de conclusão, por exemplo —, ela não ocorre sem diversidade no plano dos indivíduos em uma sala de aula.
o desenvolvimento da autonomia moral (capacidade ética) Para corresponder aos propósitos explicitados nestes parâ-
e emocional que envolvem autorespeito, respeito mútuo, metros, a educação escolar deve considerar a diversidade dos
segurança, sensibilidade, etc. alunos como elemento essencial a ser tratado para a me-
Como no desenvolvimento de outras capacidades, a lhoria da qualidade de ensino e aprendizagem.
aprendizagem de determinados procedimentos e atitudes Atender necessidades singulares de determinados alu-
— tais como planejar a realização de uma tarefa, identificar nos é estar atento à diversidade: é atribuição do professor
formas de resolver um problema, formular boas perguntas e considerar a especificidade do indivíduo, analisar suas pos-
boas respostas, levantar hipóteses e buscar meios de verifica- sibilidades de aprendizagem e avaliar a eficácia das medidas
-las, validar raciocínios, resolver conflitos, cuidar da própria adotadas.
saúde e da de outros, colocar se no lugar do outro para
melhor refletir sobre uma determinada situação, considerar A atenção à diversidade deve se concretizar em medi-
as regras estabelecidas — é o instrumento para a construção das que levem em conta não só as capacidades intelectuais
da autonomia. Procedimentos e atitudes dessa natureza são e os conhecimentos de que o aluno dispõe, mas também seus
objeto de aprendizagem escolar, ou seja, a escola pode interesses e motivações. Esse conjunto constitui a capaci-
ensiná-los planejada e sistematicamente criando situações dade geral do aluno para aprendizagem em um determi-
que auxiliem os alunos a se tornarem progressivamente mais nado momento.

34
Desta forma, a atuação do professor em sala de aula Em síntese, a disponibilidade cognitiva e emocional dos
deve levar em conta fatores sociais, culturais e a histó- alunos para a aprendizagem é fator essencial para que haja
ria educativa de cada aluno, como também características uma interação cooperativa, sem depreciação do colega por
pessoais de déficit sensorial, motor ou psíquico, ou de suaeventual falta de informação ou incompreensão. Aprender
superdotação intelectual. Deve-se dar especial atenção ao a conviver em grupo supõe um domínio progressivo de pro-
aluno que demonstrar a necessidade de resgatar a autoestima. cedimentos, valores, normas e atitudes.
Trata-se de garantir condições de aprendizagem a todos os A organização dos alunos em grupos de trabalho
alunos, seja por meio de incrementos na intervenção pe- influencia o processo de ensino e aprendizagem, e pode
dagógica ou de medidas extras que atendam às necessidades ser otimizada quando o professor interfere na organização dos
individuais. grupos. Organizar por ordem alfabética ou por idade não é
A escola, ao considerar a diversidade, tem como valor má- a mesma coisa que organizar por gênero ou por capacidades
ximo o respeito às diferenças — não o elogio à desigualdade. específicas; por isso é importante que o professor discuta e
decida os critérios de agrupamento dos alunos. Por exemplo:
As diferenças não são obstáculos para o cumprimento da ação
desempenho diferenciado ou próximo, equilíbrio entre me-
educativa; podem e devem, portanto, ser fator de enrique-
ninos e meninas, afinidades para o trabalho e afetividade,
cimento.
possibilidade de cooperação, ritmo de trabalho, etc.
Concluindo, a atenção à diversidade é um princípio com- Não existe critério melhor ou pior de organização de gru-
prometido com a equidade, ou seja, com o direito de todos os pos para uma atividade. É necessário que o professor decida
alunos realizarem as aprendizagens fundamentais para seu de- a forma de organização social em cada tipo de atividade, em
senvolvimento e socialização. cada momento do processo de ensino e aprendizagem, em
função daqueles alunosespecíficos. Agrupamentos adequa-
Interação e cooperação dos, que levem em conta a diversidade dos alunos, tornam-se
eficazes na individualização do ensino.
Um dos objetivos da educação escolar é que os alunos Nas escolas multisseriadas, as decisões sobre agrupamentos
aprendam a assumir a palavra enunciada e a conviver em gru- adquirem especial relevância. É possível reunir grupos que
po de maneira produtiva e cooperativa. Dessa forma, são não sejam estruturados por série e sim por objetivos, em
fundamentais as situações em que possam aprender a dialogar, que a diferenciação se dê pela exigência adequada ao
a ouvir o outro e ajuda-lo, a pedir ajuda, aproveitar críticas, desempenho de cada um.
explicar um ponto de vista, coordenar ações para obter su- O convívio escolar pretendido depende do esta-
cesso em uma tarefa conjunta, etc. É essencial aprender belecimento de regras e normas de funcionamento e
procedimentos dessa natureza e valorizá-los como forma de de comportamento que sejam coerentes com os objetivos
convívio escolar e social. Trabalhar em grupo de maneira definidos no projeto educativo. A comunicação clara dessas
cooperativa é sempre uma tarefa difícil, mesmo para adul- normas possibilita a compreensão pelos alunos das atitudes
tos convencidos de sua necessidade. de disciplina demonstradas pelos professores dentro e fora
A criação de um clima favorável a esse aprendizado de- da classe.
pende do compromisso do professor em aceitar contribui-
ções dos alunos (respeitando-as, mesmo quando apresentadas Disponibilidade para a aprendizagem
de forma confusa ou incorreta) e em favorecer o respeito,
por parte do grupo, assegurando a participação de todos os Para que uma aprendizagem significativa possa acon-
alunos. tecer, é necessária a disponibilidade para o envolvimento do
aluno na aprendizagem, o empenho em estabelecer relações
Assim, a organização de atividades que favoreçam a fala e a es-
entre o que já sabe e o que está aprendendo, em usar os
crita como meios de reorganização e reconstrução dasexperiên-
instrumentos adequados que conhece e dispõe para alcan-
cias compartilhadas pelos alunos ocupa papel de destaque
çar a maior compreensão possível. Essa aprendizagem exige
no trabalho em sala de aula. A comunicação propiciada nas
uma ousadia para se colocar problemas, buscar soluções e
atividades em grupo levará os alunos a perceberem experimentar novos caminhos, de maneira totalmente di-
a necessidade de dialogar, resolver mal-entendidos, ressal- ferente da aprendizagem mecânica, na qual o aluno limita
tar diferenças e semelhanças, explicar e exemplificar, apro- seu esforço apenas em memorizar ou estabelecer relações
priando-se de conhecimentos. diretas e superficiais.
O estabelecimento de condições adequadas para a intera-
ção não podeestar pautado somente em questões cognitivas. A aprendizagem significativa depende de uma motiva-
Os aspectos emocionais e afetivos são tão relevantes quantoos ção intrínseca, isto é, o aluno precisa tomar para si a necessi-
cognitivos, principalmente para os alunos prejudicados por dade e a vontade de aprender. Aquele que estuda apenas para
fracassos escolares ou que não estejam interessados no que passar de ano, ou para tirar notas, não terá motivos suficientes
a escola pode oferecer. A afetividade, o grau de aceitação ou para empenhar-se em profundidade na aprendizagem.
rejeição, a competitividade e o ritmo de produção estabeleci- A disposição para a aprendizagem não depende exclusi-
dos em um grupo interferem diretamente na produção do vamente do aluno, demanda que a prática didática garanta
trabalho. A participação de um aluno muitas vezes varia em condições para que essa atitude favorável se manifeste e pre-
função do grupo em que está inserido. valeça. Primeiramente, a expectativa que o professor tem do

35
tipo de aprendizagem de seus alunos fica definida no con- O aluno com um autoconceito negativo, que se con-
trato didático estabelecido. Se o professor espera uma ati- sidera fracassado na escola, ou admite que a culpa é sua e se
tude curiosa e investigativa, deve propor prioritariamente convence de que é um incapaz, ou vai buscar ao seu redor
atividades que exijam essa postura, e não a passividade. Deve outros culpados:
valorizar o processo e a qualidade, e não apenas a rapidez na o professor é chato, as lições não servem para nada.
realização. Deve esperar estratégias criativas e originais e não Acaba por desenvolver comportamentos problemáticos e
a mesma resposta de todos. de indisciplina.
A intervenção do professor precisa, então, garantir que o Aprender é uma tarefa árdua, na qual se convive o
aluno conheça o objetivo da atividade, situe-se em relação tempo inteiro com o que ainda não é conhecido. Para o
à tarefa, reconheça os problemas que a situação apresen- sucesso da empreitada, é fundamental que exista uma rela-
ta, e seja capaz de resolvê-los. Para tal, é necessário que o ção de confiança e respeito mútuo entre professor e aluno,
professor proponha situações didáticas com objetivos e de maneira que a situação escolar possa dar conta de todas as
determinações claros, para que os alunos possam tomar deci- questões de ordem afetiva. Mas isso não fica garantido apenas
sões pensadas sobre o encaminhamento de seu trabalho, e exclusivamente pelas ações do professor, embora sejam fun-
além de selecionar e tratar ajustadamente os conteúdos. damentais dada a autoridade que ele representa, mas também
A complexidade da atividade também interfere no envol- deve ser conseguido nas relações entre os alunos. O trabalho
vimento do aluno. Um nível de complexidade muito eleva- educacional inclui as intervenções para que os alunos apren-
do, ou muito baixo, não contribui para a reflexão e o debate, dam a respeitar diferenças, a estabelecer vínculos de confiança e
situação que indica a participação ativa e compromissada do uma prática cooperativa e solidária.
aluno no processo de aprendizagem. As atividades propostas Em geral, os alunos buscam corresponder às expectativas
precisam garantir organização e ajuste às reais possibilidades de aprendizagem significativa, desde que haja um clima
dos alunos, de forma que cada uma não seja nem muito di- favorável de trabalho, no qual a avaliação e a observação do
fícil nem demasiado fácil. Os alunos devem poder realiza-la caminho por eles percorrido seja, de fato, instrumento de
numa situação desafiadora. autoregulação do processo de ensino e aprendiza gem.
Nesse enfoque de abordagem profunda da aprendiza- Quando não se instaura na classe um clima favorável
gem, o tempo reservado para a atuação dos alunos é deter- de confiança, compromisso e responsabilidade, os encami-
minante. Se a exigência é de rapidez, a saída mais comum é nhamentos do professor ficam comprometidos.
estudar de forma superficial. O professor precisa buscar um
equilíbrio entre as necessidades da aprendizagem e o exíguo Organização do tempo
tempo escolar, coordenando-o para cada proposta que en-
caminha. A consideração do tempo como variável que interfere
Outro fator que interfere na disponibilidade do aluno para na construção da autonomia permite ao professor criar si-
a aprendizagem é a unidade entre escola, sociedade e cultura, o tuações em que o aluno possa progressivamente controlar a
que exige trabalho com objetos socioculturais do cotidiano ex- realização de suas atividades. Por meio de erros e acertos, o
traescolar, como, por exemplo, jornais, revistas, filmes, instrumen- aluno toma consciência de suas possibilidades e constrói me-
tos de medida, etc., sem esvaziá-los de significado, ou seja, sem canismos de autoregulação que possibilitam decidir como
que percam sua função social real, contribuindo, assim, para impri- alocar seu tempo.
mir sentido às atividades escolares. Por essa razão, são importantes as atividades em que o pro-
Mas isso tudo não basta. Mesmo garantindo todas es- fessor seja somente um orientador do trabalho, cabendo aos
sas condições, pode acontecer que a ansiedade presente na alunos o planejamento e a execução, o que os levará a decidir e a
situação de aprendizagem se torne muito intensa e impe- vivenciar o resultado de suas decisões sobre o uso do tempo.
ça uma atitude favorável. A ansiedade pode estar ligada ao Delegar esse controle não quer dizer, de modo algum,
medo de fracasso, desencadeado pelo sentimento de inca- que os alunos devam arbitrar livremente a respeito de como e
pacidade para realização da tarefa ou de insegurança em quando atuar na escola. A vivência do controle do tempo
relação à ajuda que pode ou não receber de seu professor, pelos alunos se insere dentro de limites criteriosamen-
ou de seus colegas, e consolidar um bloqueio para aprender. te estabelecidos pelo professor, que se tornarão menos
Quando o sujeito está aprendendo, se envolve inteira- restritivos à medida que o grupo desenvolva sua autonomia.
mente. O processo, assim como seu resultado, repercutem Assim, é preciso que o professor defina claramente as
de forma global. Assim, o aluno, ao desenvolver as ativida- atividades, estabeleça a organização em grupos, disponi-
des escolares, aprende não só sobre o conteúdo em ques- bilize recursos materiais adequados e defina o período de
tão mas também sobre o modo como aprende, construindo execução previsto, dentro do qual os alunos serão livres para
uma imagem de si como estudante. Essa autoimagem tomar suas decisões. Caso contrário, a prática de sala de aula
é também influenciada pelas representações que o pro- torna-se insustentável pela indisciplina que gera.
fessor e seus colegas fazem dele e, de uma forma ou outra, são Outra questão relevante é o horário escolar, que deve obe-
explicitadas nas relações interpessoais do convívio escolar. decer ao tempo mínimo estabelecido pela legislação vigente
Falta de respeito e forte competitividade, se estabeleci- para cada uma das áreas de aprendizagem do currículo. A partir
das na classe, podem reforçar os sentimentos de incom- desse critério, e em função das opções do projeto educativo
petência de certos alunos e contribuir de forma efetiva da escola, é que se poderá fazer a distribuição horária mais
para consolidar o seu fracasso. adequada.

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No terceiro e no quarto ciclos, nos quais as aulas se Materiais de usosocial frequente são ótimos recursos de
organizam por áreas com professores específicos e tempo trabalho, pois os alunos aprendem sobre algo que tem fun-
previamente estabelecido, é interessante pensar que uma ção social real e se mantêm atualizados sobre o que aconte-
das maneiras de otimizar o tempo escolar é organizar aulas ce no mundo, estabelecendo o vínculo necessário entre o
duplas, pois assim o professor tem condições de propor ati- que é aprendido na escola e o conhecimento extra escolar.
vidades em grupo que demandam maior tempo (aulas curtas A utilização de materiais diversificados como jornais, re-
tendem a ser expositivas). vistas, folhetos, propagandas, computadores, calculadoras,
filmes, faz o aluno sentir-se inserido no mundo à sua volta.
Organização do espaço É indiscutível a necessidade crescente do uso de computa-
Uma sala de aula com carteiras fixas dificulta o trabalho dores pelos alunos como instrumento de aprendizagem escolar,
em grupo, o diálogo e a cooperação; armários trancados não para que possam estar atualizados em relação às novas tecnologias
ajudam a desenvolver a autonomia do aluno, como também da informação e se instrumentalizarem para as demandas sociais
não favorecem o aprendizado da preservação do bem co- presentes e futuras.
letivo. A organização do espaço reflete a concepção meto- A menção ao uso de computadores, dentro de um am-
dológica adotada pelo professor e pela escola. plo leque de materiais, pode parecer descabida perante as
reais condições das escolas, pois muitas não têm sequer giz
Em um espaço que expresse o trabalho proposto nos
para trabalhar. Sem dúvida essa é uma preocupação que
Parâmetros Curriculares Nacionais é preciso que as carteiras
exige posicionamento e investimento em alternativas cria-
sejam móveis, que as crianças tenham acesso aos materiais de
tivas para que as metas sejam atingidas.
uso frequente, as paredes sejam utilizadas para exposição de
trabalhos individuais ou coletivos, desenhos, murais. Nessa Considerações finais
organização é preciso considerar a possibilidade de os alunos
assumirem a responsabilidade pela decoração, ordem e lim- A qualidade da atuação da escola não pode depender
peza da classe. Quando o espaço é tratado dessa maneira, pas- somente da vontade de um ou outro professor. É preciso a
sa a ser objeto de aprendizagem e respeito, o que somente participação conjunta dos profissionais (orientadores, supervi-
ocorrerá por meio de investimentos sistemáticos ao longo sores, professores polivalentes e especialistas) para tomada
da escolaridade. de decisões sobre aspectos da prática didática, bem como sua
É importante salientar que o espaço de aprendizagem execução. Essas decisões serão necessariamente diferenciadas
não se restringe à escola, sendo necessário propor ativida- de escola para escola, pois dependem do ambiente local e
des que ocorram fora dela. A programação deve contar da formação dos professores.
com passeios, excursões, teatro, cinema, visitas a fábricas, As metas propostas não se efetivarão a curto prazo. É ne-
marcenarias, padarias, enfim, com as possibilidades existen- cessário que os profissionais estejam comprometidos, dispo-
tes em cada local e as necessidades de realização do trabalho nham de tempo e de recursos. Mesmo em condições ótimas de
escolar. recursos, dificuldades e limitações sempre estarão presentes,
No dia a dia devem-se aproveitar os espaços externos para pois na escola se manifestam os conflitos existentes na so-
realizar atividades cotidianas, como ler, contar histórias, fazer de- ciedade.
senho de observação, buscar materiais para coleções. Dada a pouca
infraestrutura de muitas escolas, é preciso contar com a im- As considerações feitas pretendem auxiliar os professo-
provisação de espaços para o desenvolvimento de atividades res na reflexão sobre suas práticas e na elaboração do projeto
específicas de laboratório, teatro, artes plásticas, música, es- educativo de sua escola. Não são regras a respeito do que
portes, etc. devem ou não fazer. No entanto, é necessário estabelecer
Concluindo, a utilização e a organização do espaço e acordos nas escolas em relação às estratégias didáticas mais
do tempo refletem a concepção pedagógica e interferem adequadas. A qualidade da intervenção do professor sobre
o aluno ou grupo de alunos, os materiais didáticos, horários,
diretamente na construção da autonomia.
espaço, organização e estrutura das classes, a seleção de con-
teúdos e a proposição de atividades concorrem para que o
Seleção de material
caminho seja percorrido com sucesso.
OBJETIVOS GERAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Todo material é fonte de informação, mas nenhum deve Os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam como ob-
ser utilizado com exclusividade. É importante haver diversi- jetivos do ensino fundamental que os alunos sejam capazes
dade de materiais para que os conteúdos possam ser tratados de:
da maneira mais ampla possível. • compreender a cidadania como participação social e
O livro didático é um material de forte influência na prá- política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis
tica de ensino brasileira. É preciso que os professores estejam e sociais, adotando, no dia a dia, atitudes de solidariedade, coope-
atentos à qualidade, à coerência e a eventuais restrições que ração e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si
apresentem em relação aos objetivos educacionais propostos. o mesmo respeito;
Além disso, é importante considerar que o livro didático não deve • posicionar-se de maneira crítica, responsável e cons-
ser o único material a ser utilizado, pois a variedade de fontes de trutiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo
informação é que contribuirá para o aluno ter uma visão ampla do como forma de mediar conflitos e de tomar decisões cole-
conhecimento. tivas;

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• conhecer características fundamentais do Brasil nas Os Objetivos Gerais de Área, da mesma forma que
dimensões sociais, materiais e culturais como meio para cons- os Objetivos Gerais do Ensino Fundamental, expressam
truir progressivamente a noção de identidade nacional e pes- capacidades que os alunos devem adquirir ao final da
soal e o sentimento de pertinência ao País; escolaridade obrigatória, mas diferenciam-se destes últimos
• conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio so- por explicitar a contribuição específica dos diferentes âmbi-
ciocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais tos do saber presentes na cultura; trata-se, portanto, de
de outros povos e nações,posicionando-se contra qual- objetivos vinculados ao corpo de conhecimentos de cada
quer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe área. Os Objetivos Gerais do Ensino Fundamental e os Ob-
social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características jetivos Gerais de Área para o Ensino Fundamental foram
individuais e sociais; formulados de modo a respeitar a diversidade social e cultural
• perceber-se integrante, dependente e agente transfor- e são suficientemente amplos e abrangentes para que pos-
mador do ambiente, identificando seus elementos e as inte- sam conter as especificidades locais.
rações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria O ensinar e o aprender em cada ciclo enfoca as necessi-
do meio ambiente; dades e possibilidades de trabalho da área no ciclo e indica
os Objetivos de Ciclo por Área, estabelecendo as conquistas
• desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo
intermediárias que os alunos deverão atingir para que pro-
e o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva,
gressivamente cumpram com as intenções educativas gerais.
física, cognitiva, ética, estética, de interrelação pessoal e de
Segue-se a apresentação dos Blocos de Conteúdos e/ou Or-
inserção social, para agir com perseverança na busca de co-
ganizações Temáticas de Área por Ciclo. Esses conteúdos es-
nhecimento e no exercício da cidadania;
tão detalhados em um texto explicativo dos conteúdos que
• conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando
abrangem e das principais orientações didáticas que envolvem.
e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos
Nesta primeira fase de definição dos Parâmetros Curriculares
da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em
Nacionais, segundo prioridade dada pelo Ministério da Edu-
relação à sua saúde e à saúde coletiva;
• utilizar as diferentes linguagens — verbal, matemática, grá- cação e do Desporto, há especificação dos Blocos de Conteú-
fica, plástica e corporal dos apenas para primeiro e segundo ciclos.
— como meio para produzir, expressar e comunicar suas A eleição de objetivos e conteúdos de área por ciclo está di-
ideias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contex- retamente relacionada com os Objetivos Gerais do Ensino Fun-
tos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situa- damental e com os Objetivos Gerais de Área, da mesma forma que
ções de comunicação; também expressa a concepção de área adotada.
• saber utilizar diferentes fontes de informação e recur- Os Critérios de Avaliação explicitam as aprendizagens funda-
sos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos; mentais a serem realizadas em cada ciclo e se constituem em indi-
• questionar a realidade formulando-se problemas e tra- cadores para a reorganização do processo de ensino e aprendiza-
tando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a gem. Vale reforçar que tais critérios não devem ser confundidos
criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionan- com critérios de aprovação e reprovação de alunos.
do procedimentos e verificando sua adequação. O último item são as Orientações Didáticas, que discutem
questões sobre a aprendizagem de determinados conteúdos e
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DOS PARÂMETROS sobre como ensiná-los de maneira coerente com a fundamenta-
CURRICULARES NACIONAIS ção explicitada anteriormente.

Todas as definições conceituais, bem como a estrutu-


ra organizacional dos Parâmetros Curriculares Nacionais,
foram pautadas nos Objetivos Gerais do Ensino Funda-
mental, que estabelecem as capacidades relativas aos aspec-
tos cognitivo, afetivo, físico, ético, estético, de atuação e
de inserção social, de forma a expressar a formação básica ne-
cessária para o exercício da cidadania. Essas capacidades, que
os alunos devem ter adquirido ao término da escolari-
dade obrigatória, devem receber uma abordagem integrada
em todas as áreas constituintes do ensino fundamental. A
seleção adequada dos elementos da cultura — conteúdos — é
que contribuirá para o desenvolvimento de tais capacidades
arroladas como Objetivos Gerais do Ensino Fundamental.
Os documentos das áreas têm uma estrutura comum: ini-
ciam com a exposição da Concepção de Área para todo o
ensino fundamental, na qual aparece definida a fundamen-
tação teórica do tratamento da área nos Parâmetros Curricu-
lares Nacionais.

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INTRODUÇÃO
BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO.
PARÂMETROS CURRICULARES A Constituição da República Federativa do Brasil pro-
NACIONAIS: APRESENTAÇÃO DOS mulgada em 1988, pela primeira vez na história, inicia a ex-
TEMAS TRANSVERSAIS. MEC/SEF. 1997. plicitação dos fundamentos do Estado brasileiro elencando os
direitos civis, políticos e sociais dos cidadãos. Também coloca
PRIMEIRO E SEGUNDO CICLOS DO ENSINO
claramente que os três poderes constituídos, o Poder Execu-
FUNDAMENTAL.
tivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário, são meios — e
não fins — que existem para garantir os direitos sociais e in-
dividuais.
OBJETIVOS DO ENSINO FUNDAMENTAL Os fundamentos do Estado Democrático de Direito são: a
soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valo-
Os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam como objeti- res sociais do trabalho e da livre iniciativa, o pluralismo político
vos do ensino fundamental que os alunos sejam capazes de: (artigo 1º da Constituição Federal).
• compreender a cidadania como participação social e Constituem objetivos fundamentais da República: cons-
política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, truir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvi-
civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solida- mento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir
riedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos,
outro e exigindo para si o mesmo respeito; sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
• posicionar-se de maneira crítica, responsável e construti- outras formas de discriminação (artigo 3º da Constituição Fe-
va nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como deral).
forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas; Esses são os fundamentos e os princípios: longe de serem
• conhecer características fundamentais do Brasil nas di- expressão de realidades vigentes, correspondem muito mais a
mensões sociais, materiais e culturais como meio para metas, a grandes objetivos a serem alcançados. Sabe- se da dis-
construir progressivamente a noção de identidade nacional e tância entre as formulações legais e sua aplicação, e da distância
pessoal e o sentimento de pertinência ao país; entre aquelas e a consciência e a prática dos direitos por parte
• conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio socio- dos cidadãos. O fundamento da sociedade democrática é a
cultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros constituição e o reconhecimento de sujeitos de direito. Porém,
povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação a definição de quem é ou deve ser reconhecido como sujeito
baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de de direito (quem tem direito a ter direitos) é social e histórica e
sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais; recebeu diferentes respostas no tempo e nas diferentes socie-
• perceber-se integrante, dependente e agente transfor- dades. Por histórico não se entenda progressivo, linear, mas
mador do ambiente, identificando seus elementos e as intera- processos que envolveram lutas, rupturas, descontinuida-
ções entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria des, avanços e recuos. A ampliação do rol dos direitos a se-
do meio ambiente; rem garantidos constitui o núcleo da história da modernidade.
• desenvolver o conhecimento ajustado de si mes- Dos direitos civis à ampliação da extensão dos direitos políti-
mo e o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, cos para todos, até a conquista dos direitos sociais e culturais:
física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de in- este foi (e é) um longo e árduo processo.
serção social, para agir com perseverança na busca de conheci- Tradicionalmente considerava-se que direitos humanos e
mento e no exercício da cidadania; liberdades fundamentais eram direitos individuais, próprios
• conhecer o próprio corpo e dele cuidar, valorizando e de cada ser humano, mas não das coletividades. Atual-
adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da mente cresce o consenso de que alguns direitos humanos são
qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à direitos essencialmente coletivos, como o direito a paz e a um
sua saúde e à saúde coletiva; ambiente saudável. Muitos dos direitos que reclamam os povos
• utilizar as diferentes linguagens — verbal, musical, mate- indígenas, por exemplo, são tanto individuais quanto coleti-
mática, gráfica, plástica e corporal — como meio para vos, como o direito à terra e a seus recursos, o de não ser ví-
produzir, expressar e comunicar suas ideias, interpretar e timas de políticas etnocidas e o de manter suas identidades
usufruir das produções culturais, em contextos públicos e suas culturas.
e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de Assim a cidadania deve ser compreendida como pro-
comunicação; duto de histórias sociais protagonizadas pelos grupos sociais,
• saber utilizar diferentes fontes de informação e re- sendo, nesse processo, constituída por diferentes tipos de direi-
cursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos; tos e instituições. O debate sobre a questão da cidadania
• questionar a realidade formulando-se problemas e tra- é hoje diretamente
tando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento relacionado com a discussão sobre o significado e o con-
lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise teúdo da democracia, sobre as
crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequa- perspectivas e possibilidades de construção de uma socie-
ção. dade democrática.

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A democracia pode ser entendida em um sentido restrito • Dignidade da pessoa humana
como um regime político. Nessa concepção restrita, a noção reger a vida social e política. No âmbito educativo, são fun-
de cidadania tem um significado preciso: é entendida como damentos que permitem orientar,
abrangendo exclusivamente os direitos civis (liberdade de ir analisar, julgar, criticar as ações pessoais, coletivas e políti-
e vir, de pensamento e expressão, direito à integridade física, cas na direção da democracia.
liberdade de associação) e os direitos políticos (eleger e ser elei- Os Parâmetros Curriculares Nacionais, ao propor uma edu-
to), sendo que seu exercício se expressa no ato de votar. cação comprometida com a cidadania, elegeram, baseados no
Entendida em sentido mais amplo, a democracia é uma texto constitucional, princípios segundo os quais orientar a edu-
forma de sociabilidade que penetra em todos os espaços so- cação escolar:
ciais. Nessa concepção, a noção de cidadania ganha novas di- • Dignidade da pessoa humana
mensões. Implica em respeito aos direitos humanos, repúdio à dis-
A conquista de significativos direitos sociais nas relações criminação de qualquer tipo, acesso a condições de vida digna,
de trabalho, previdência social, saúde, educação e moradia, am- respeito mútuo nas relações interpessoais, públicas e privadas.
plia a concepção restrita de cidadania. Os movimentos sociais
revelam as tensões que expressam a desigualdade social e a • Igualdade de direitos
luta pela crescente equidade na participação ou ampliação dos Refere-se à necessidade de garantir a todos a mesma dig-
direitos, assim como da relação entre os direitos individuais e os nidade e possibilidade de exercício de cidadania. Para tanto há
coletivos e da relação entre os direitos civis, políticos, sociais e que se considerar o princípio da equidade, isto é, que existem
econômicos com os Direitos Humanos. diferenças (étnicas, culturais, regionais, de gênero, etárias,
A sociedade brasileira carrega uma marca autoritária: religiosas etc.) e desigualdades (socioeconômicas) que necessi-
já foi uma sociedade escravocrata, além de ter uma larga tradi- tam ser levadas em conta para que a igualdade seja efetivamente
ção de relações políticas paternalistas e clientelistas, com longos alcançada.
períodos de governos não democráticos. Até hoje é uma so-
ciedade marcada por relações sociais hierarquizadas e por pri- • Participação
vilégios que reproduzem um altíssimo nível de desigualdade,
Como princípio democrático, traz a noção de ci-
injustiça e exclusão social. Na medida em que boa parte da
dadania ativa, isto é, da complementaridade entre a re-
população brasileira não tem acesso a condições de vida
presentação política tradicional e a participação popular no
digna, encontra-se excluída da plena participação nas de-
espaço público, compreendendo que não se trata de uma
cisões que determinam os rumos da vida social (suas regras,
sociedade homogênea e sim marcada por diferenças de clas-
seus benefícios e suas prioridades). É nesse sentido que se
se, étnicas, religiosas etc. É, nesse sentido, responsabilidade de
fala de ausência de cidadania, cidadania excludente ou regu-
lada, caracterizando a discussão sobre a cidadania no Brasil. todos a construção e a ampliação da democracia no Brasil.
Novos atores, novos direitos, novas mediações e novas
instituições redefinem o espaço das práticas cidadãs, propon- • Co-responsabilidade pela vida social
do o desafio da superação da marcante desigualdade social
e econômica da sociedade brasileira, com sua consequência Implica em partilhar com os poderes públicos e di-
de exclusão de grande parte da população na participação ferentes grupos sociais,
dos direitos e deveres. Trata-se de uma noção de cidadania organizados ou não, a responsabilidade pelos destinos da
ativa, que tem como ponto de partida a compreensão do cida- vida coletiva.
dão como portador de direitos e deveres, além de considerá-lo Implica em respeito aos direitos humanos, repúdio à dis-
criador de direitos, condições que lhe possibilita participar da criminação de qualquer tipo, acesso a condições de vida digna,
gestão pública. respeito mútuo nas relações interpessoais, públicas e privadas.
Assim, tanto os princípios constitucionais quanto a legis-
lação daí decorrente (como o Estatuto da Criança e do Ado- • Igualdade de direitos
lescente) tomam o caráter de instrumentos que orientam e
legitimam a busca de transformações na realidade. Portanto, Refere-se à necessidade de garantir a todos a mesma dig-
discutir a cidadania do Brasil de hoje significa apontar a neces- nidade e possibilidade de exercício de cidadania. Para tanto há
sidade de transformação das relações sociais nas dimensões eco- que se considerar o princípio da equidade, isto é, que existem
nômica, política e cultural, para garantir a todos a efetivação diferenças (étnicas, culturais, regionais, de gênero, etárias,
do direito de ser cidadão. religiosas etc.) e desigualdades (socioeconômicas) que necessi-
Essa tarefa demanda a afirmação de um conjunto de prin- tam ser levadas em conta para que a igualdade seja efetivamente
cípios democráticos para alcançada.
reger a vida social e política. No âmbito educativo, são fun- • Participação
damentos que permitem orientar, Como princípio democrático, traz a noção de ci-
analisar, julgar, criticar as ações pessoais, coletivas e políti- dadania ativa, isto é, da complementaridade entre a re-
cas na direção da democracia. presentação política tradicional e a participação popular no
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, ao propor uma edu- espaço público, compreendendo que não se trata de uma
cação comprometida com a cidadania, elegeram, baseados no sociedade homogênea e sim marcada por diferenças de clas-
texto constitucional, princípios segundo os quais orientar a edu- se, étnicas, religiosas etc. É, nesse sentido, responsabilidade de
cação escolar: todos a construção e a ampliação da democracia no Brasil.

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• Co-responsabilidade pela vida social espaço que conformam a experiência educativa, ensinam valo-
res, atitudes, conceitos e práticas sociais. Por meio deles pode-
Implica em partilhar com os poderes públicos e di- se favorecer em maior ou menor medida o desenvolvimento
ferentes grupos sociais, da autonomia e o aprendizado da cooperação e da participa-
organizados ou não, a responsabilidade pelos destinos da ção social, fundamentais para que os alunos se percebam como
vida coletiva. cidadãos. Entretanto, é preciso observar que a contradição é
JUSTIFICATIVA intrínseca a qualquer instituição social e que, ainda que se con-
Eleger a cidadania como eixo vertebrador da educação siderem todas essas questões, não se pode pretender eliminar
escolar implica colocar-se explicitamente contra valores e a presença de práticas e valores contraditórios na atuação da
práticas sociais que desrespeitem aqueles princípios, com- escola e dos educadores. Esse não é um processo simples: não
existem receitas ou modelos prefixados. Trata-se de um fazer
prometendo-se com as perspectivas e decisões que os favo-
conjunto, um fazer-se na cumplicidade entre aprender e en-
reçam. Isso refere-se a valores, mas também a conhecimen-
sinar, orientado por um desejo de superação e transformação.
tos que permitam desenvolver as capacidades necessárias O resultado desse processo não é controlável nem pela escola,
para a participação social efetiva1 . nem por nenhuma outra instituição: será forjado no processo
Ao se admitir que a realidade social, por ser constituída de histórico-social.
diferentes classes e grupos sociais, é contraditória, plural, po- A contribuição da escola, portanto, é a de desenvolver
lissêmica, e que isso implica na presença de diferentes pontos um projeto de educação comprometida com o desenvolvi-
de vista e projetos políticos, será então possível compreender mento de capacidades que permitam intervir na realidade para
que seus valores e seus limites são também contraditórios. transformá-la. Um projeto pedagógico com esse objetivo po-
Por outro lado, a visão de que a constituição da sociedade derá ser orientado por três grandes diretrizes:
é um processo histórico permanente, permite compreender • posicionar-se em relação às questões sociais e interpretar a
que esses limites são potencialmente transformáveis pela ação tarefa educativa como uma intervenção na realidade no mo-
social. E aqui é possível pensar sobre a ação política dos educa- mento presente;
dores. A escola não muda a sociedade, mas pode, partilhando
esse projeto com segmentos sociais que assumem os princí- • não tratar os valores apenas como conceitos ideais;
pios democráticos, articulando-se a eles, constituir-se não • incluir essa perspectiva no ensino dos conteúdos das
apenas como espaço de reprodução mas também como áreas de conhecimento escolar.
espaço de transformação.
Essa possibilidade não é dada, nem é automaticamente OS TEMAS TRANSVERSAIS
decorrente da vontade. É antes um projeto de atuação político A educação para a cidadania requer que questões sociais
-pedagógica que implica em avaliar práticas e buscar, explícita sejam apresentadas para a aprendizagem e a reflexão dos alu-
e sistematicamente, caminhar nessa direção. nos, buscando um tratamento didático que contemple sua
A concretização desse projeto passa pela compreensão de complexidade e sua dinâmica, dando-lhes a mesma importância
que as práticas pedagógicas são sociais e políticas e de que não das áreas convencionais. Com isso o currículo ganha em flexi-
bilidade e abertura, uma vez que os temas podem ser prioriza-
se trata de educar para a democracia — para o futuro. Na ação
dos e contextualizados de acordo com as diferentes realidades
mesma da educação, educadores e educandos estabelecem
locais e regionais e que novos temas sempre podem ser in-
uma determinada relação com o trabalho que fazem (ensinar
cluídos. O conjunto de temas aqui proposto — Ética, Meio
e aprender) e a natureza dessa relação pode conter (em maior
Ambiente, Pluralidade Cultural, Saúde, Orientação Sexual,
ou menor medida) os princípios democráticos. Trabalho e Consumo — recebeu o título geral de Temas
A relação educativa é uma relação política, por isso a Transversais, indicando a metodologia proposta para sua in-
questão da democracia se apresentaparaaescolaassimcomo clusão no currículo e seu tratamento didático.
se apresenta para a sociedade. Essa relação se define na vivên- Esse trabalho requer uma reflexão ética como eixo
cia da escolaridade em sua forma mais ampla, desde a estrutura norteador, por envolver posicionamentos e concepções a res-
escolar, em como a escola se insere e se relaciona com a comu- peito de suas causas e efeitos, de sua dimensão histórica e polí-
nidade, nas relações entre os trabalhadores da escola, na dis- tica.
tribuição de responsabilidades e poder decisório, nas relações A ética é um dos temas mais trabalhados do pensamento
entre professor e aluno, no reconhecimento dos alunos como filosófico contemporâneo, mas é também um tema que esca-
cidadãos, na relação com o conhecimento. pa aos debates acadêmicos, que invade o cotidiano de cada
A eleição de conteúdos, por exemplo, ao incluir ques- um, que faz parte do vocabulário conhecido por quase todos.
tões que possibilitem a compreensão e a crítica da realidade, A reflexão ética traz à luz a discussão sobre a liberdade de
ao invés de tratá-los como dados abstratos a serem escolha. A ética interroga sobre a legitimidade de práticas e va-
aprendidos apenas para “passar de ano”, oferece aos alunos a lores consagrados pela tradição e pelo costume. Abrange tanto a
oportunidade de se apropriarem crítica das relações entre os grupos, dos grupos nas instituições
deles como instrumentos para refletir e mudar sua e ante elas, quanto à dimensão das ações pessoais. Trata-se
própria vida. Por outro lado, o modo como se dá o ensino e portanto de discutir o sentido ético da convivência humana nas
a aprendizagem, isto é, as opções didáticas, os métodos, a orga- suas relações com várias dimensões da vida social: o ambien-
nização e o âmbito das atividades, a organização do tempo e do te, a cultura, o trabalho, o consumo, a sexualidade, a saúde.

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Critérios adotados para a eleição dos Temas Trans- questões urgentes que interrogam sobre a vida humana, so-
versais bre a realidade que está sendo construída e que demandam
Muitas questões sociais poderiam ser eleitas como temas transformações macrossociais e também de atitudes pessoais,
transversais para o trabalho escolar, uma vez queoque os norteia, exigindo, portanto, ensino e aprendizagem de conteúdos rela-
a construção da cidadania e a democracia, são questões que en- tivos a essas duas dimensões.
volvem múltiplos aspectos e diferentes dimensões da vida Nas várias áreas do currículo escolar existem, im-
social. Foram então estabelecidos os seguintes critérios para plícita ou explicitamente, ensinamentos a respeito dos temas
defini-los e escolhê-los: transversais, isto é, todas educam em relação a questões sociais
por meio de suas concepções e dos valores que veiculam nos
• Urgência social conteúdos, no que elegem como critério de avaliação, na me-
todologia de trabalho que adotam, nas situações didáticas que
Esse critério indica a preocupação de eleger como Temas propõem aos alunos. Por outro lado, sua complexidade faz com
Transversais questões graves, que se apresentam como obstá- que nenhuma das áreas, isoladamente, seja suficiente para ex-
plicá-los; ao contrário, a problemática dos temas transversais
culos para a concretização da plenitude da cidadania,
atravessa os diferentes campos do conhecimento.
afrontando a dignidade das pessoas e deteriorando sua
Por exemplo, ainda que a programação desenvolvida
qualidade de vida.
não se refira diretamente à
questão ambiental e que a escola não tenha nenhum tra-
• Abrangência nacional
balho nesse sentido, a Literatura, a Geografia, a História e as
Por ser um parâmetro nacional, a eleição dos temas bus- Ciências Naturais sempre veiculam alguma concepção de
cou contemplar questões que, em maior ou menor medida e ambiente, valorizam ou desvalorizam determinadas idéias
mesmo de formas diversas, fossem pertinentes a todo o país. e ações, explicitam ou não determinadas questões, tratam
Isso não exclui a possibilidade e a necessidade de que as redes de determinados conteúdos; e, nesse sentido, efetivam uma
estaduais e municipais, e mesmo as escolas, acrescentem outros “certa” educação ambiental. A questão ambiental não é com-
temas relevantes à sua realidade. preensível apenas a partir das contribuições da Geografia.
Necessita de conhecimentos históricos, das Ciências Natu-
• Possibilidade de ensino e aprendizagem no ensino rais, da Sociologia, da Demografia, da Economia, entre outros.
fundamental Considerando esses fatos, experiências pedagógicas bra-
sileiras e internacionais de trabalho com direitos humanos,
Esse critério norteou a escolha de temas ao alcance da educação ambiental, orientação sexual e saúde têm apontado a
aprendizagem nessa etapa da escolaridade. A experiência pe- necessidade de que tais questões sejam trabalhadas de for-
dagógica brasileira, ainda que de modo não uniforme, indica ma contínua, sistemática, abrangente e integrada e não como
essa possibilidade, em especial no que se refere à Educação áreas ou disciplinas.
para a Saúde, Educação Ambiental e Orientação Sexual, já de- Diante disso optou-se por integrá-las no currículo por
senvolvidas em muitas escolas. meio do que se chama de transversalidade: pretende-se que
esses temas integrem as áreas convencionais de forma a esta-
• Favorecer a compreensão da realidade e a partici- rem presentes em todas elas, relacionando-as às questões da
pação social atualidade e que sejam orientadores também do convívio es-
colar.
A finalidade última dos Temas Transversais se expressa nes- As áreas convencionais devem acolher as questões dos Te-
te critério: que os alunos possam desenvolver a capacidade de mas Transversais de forma que seus conteúdos as explicitem e
posicionar-se diante das questões que interferem na vida cole- que seus objetivos sejam contemplados. Por exemplo, a área de
Ciências Naturais inclui a comparação entre os principais ór-
tiva, superar a indiferença e intervir de forma responsável. As-
gãos e funções do aparelho reprodutor masculino e feminino,
sim os temas eleitos, em seu conjunto, devem possibilitar uma
relacionando seu amadurecimento às mudanças no corpo e no
visão ampla e consistente da realidade brasileira e sua inserção
comportamento de meninos e meninas durante a puberdade
no mundo, além de desenvolver um trabalho educativo que e respeitando as diferenças individuais. Dessa forma, o es-
possibilite uma participação social dos alunos. tudo do corpo humano não se restringe à dimensão bioló-
gica, mas coloca esse conhecimento a serviço da compreensão
A transversalidade da diferença de gênero (conteúdo de Orientação Sexual ) e do
respeito à diferença (conteúdo de Ética). Assim, não se trata de
Por serem questões sociais, os Temas Transversais têm na- que os professores das diferentes áreas devam “parar” sua progra-
tureza diferente das áreas convencionais. Tratam de processos mação para trabalhar os temas, mas sim de que explicitem as
que estão sendo intensamente vividos pela sociedade, pelas relações entre ambos e as incluam como conteúdos de sua
comunidades, pelas famílias, pelos alunos e educadores em área, articulando a finalidade do estudo escolar com as ques-
seu cotidiano. São debatidos em diferentes espaços so- tões sociais, possibilitando aos alunos o uso dos conhecimen-
ciais, em busca de soluções e de alternativas, confrontan- tos escolares em sua vida extra- escolar. Não se trata, portanto,
do posicionamentos diversos tanto em relação à intervenção de trabalhá-los paralelamente, mas de trazer para os conteúdos e
no âmbito social mais amplo quanto à atuação pessoal. São para a metodologia da área a perspectiva dos temas.

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É importante salientar que os temas formam um conjun- • a proposta de transversalidade traz a necessidade de
to articulado, o que faz com que haja objetivos e conteúdos a escola refletir e atuar conscientemente na educação de
coincidentes ou muito próximos entre eles. Por exemplo, a dis- valores e atitudes em todas as áreas, garantindo que a
cussão sobre o consumo traz objetivos e conteúdos funda- perspectiva político-social se expresse no direcionamento
mentais para a questão ambiental, para a saúde, para a ética. do trabalho pedagógico; influencia a definição de objetivos
Os valores e princípios que os orientam são os mesmos (os da educacionais e orienta eticamente as questões epistemológicas
cidadania e da ética democrática) e as atitudes a serem desen- mais gerais das áreas, seus conteúdos e, mesmo, as orientações
volvidas nos diferentes momentos e espaços escolares, ainda que didáticas;
possam ser concretizadas em atividades diferentes, são também • a perspectiva transversal aponta uma transformação da
fundamentalmente as mesmas, fazendo com que o trabalho prática pedagógica, pois rompe o confinamento da atua-
dos diferentes educadores seja complementar. ção dos professores às atividades pedagogicamente forma-
A integração, a extensão e a profundidade do trabalho lizadas e amplia a responsabilidade com a formação dos
podem se dar em diferentes níveis, segundo o domínio do alunos. Os Temas Transversais permeiam necessariamente toda
tema e/ou a prioridade que se eleja nas diferentes realidades a prática educativa que abarca relações entre os alunos, entre pro-
locais. Isso se efetiva através da organização didática eleita pela fessores e alunos e entre diferentes membros da comunidade
escola. escolar;
É possível e desejável que conhecimentos apreendidos • a inclusão dos temas implica a necessidade de um
em vários momentos sejam articulados em torno de um tema trabalho sistemático e contínuo no decorrer de toda a esco-
em questão de modo a explicitá-lo e dar-lhe relevância . Para laridade, o que possibilitará um tratamento cada vez mais
se entender o que é saúde e como preservá-la, é preciso ter aprofundado das questões eleitas. Por exemplo, se é desejável
alguns conhecimentos sobre o corpo humano, matéria da que os alunos desenvolvam uma postura de respeito às
área de Ciências Naturais. É também preciso ter conhe- diferenças, é fundamental que isso seja tratado desde o início
cimentos sobre Meio Ambiente, uma vez que a saúde das da escolaridade e que continue sendo tratado cada vez
pessoas depende da qualidade do meio em que vivem. Co- com maiores possibilidades de reflexão, compreensão e au-
nhecimentos de Língua Portuguesa e Matemática também tonomia. Muitas vezes essas questões são vistas como sendo
comparecem: questões de saúde são temas de debates na im- da “natureza” dos alunos (eles são ou não são respeitosos), ou
prensa, informações importantes são veiculadas em folhetos; atribuídas ao fato de terem tido ou não essa educação em casa.
a leitura e a compreensão de tabelas e dados estatísticos são Outras vezes são vistas como aprendizados possíveis somente
essenciais na percepção da situação da saúde pública. Portan- quando jovens (maiores) ou quando adultos. Sabe-se, entre-
to, o tema Saúde tem como especificidade o fato de, além tanto, que é um processo de aprendizagem que precisa de aten-
de conhecimentos inerentes a ele, nele convergirem conheci- ção durante toda a escolaridade e que a contribuição da edu-
mentos de áreas distintas. cação escolar é de natureza complementar à familiar: não se
Caberá aos professores mobilizar tais conteúdos em torno excluem nem se dispensam mutuamente.
de temáticas escolhidas, de forma que as diversas áreas não re-
presentem continentes isolados, mas digam respeito aos diver-
TRANSVERSALIDADE E INTERDISCIPLINARI-
sos aspectos que compõem o exercício da cidadania.
DADE
Ao invés de se isolar ou de compartimentar o ensino e
a aprendizagem, a relação entre os Temas Transversais e as
A proposta de transversalidade pode acarretar algumas
áreas deve se dar de forma que:
discussões do ponto de vista conceitual como, por exemplo, a
• as diferentes áreas contemplem os objetivos e os con-
da sua relação com a concepção de interdisciplinaridade, bas-
teúdos (fatos, conceitos e princípios; procedimentos e valores;
tante difundida no campo da pedagogia. Essa discussão é
normas e atitudes) que os temas da convivência social pro-
põem; pertinente e cabe analisar como estão sendo consideradas nos
• haja momentos em que as questões relativas aos temas Parâmetros Curriculares Nacionais as diferenças entre os dois
sejam explicitamente trabalhadas e conteúdos de campos e conceitos, bem como suas implicações mútuas.
origens diferentes sejam colocados na perspectiva de respon- Ambas — transversalidade e interdisciplinaridade — se
dê-las. fundamentam na crítica de uma concepção de conhecimento
Além disso o trabalho com questões sociais exige que que toma a realidade como um conjunto de dados estáveis,
os educadores estejam preparados para lidar com as ocor- sujeitos a um ato de conhecer isento e distanciado. Am-
rências inesperadas do cotidiano. Existem situações escola- bas apontam a complexidade do
res não programáveis, emergentes, às quais devem responder, e, real e a necessidade de se considerar a teia de re-
para tanto, necessitam ter clareza e articular sua ação pontual lações entre os seus diferentes e contraditórios aspectos.
ao que é sistematicamente desenvolvido com os alunos de Mas diferem uma da outra, uma vez que a interdisciplinarida-
modo coerente. de refere-se a uma abordagem epistemológica dos objetos
Indo além do que se refere à organização dos conteúdos, de conhecimento, enquanto a transversalidade diz respeito
o trabalho com a proposta da transversalidade se define em principalmente à dimensão da didática.
torno de quatro pontos: A interdisciplinaridade questiona a segmen-
• os temas não constituem novas áreas, pressupondo tação entre os diferentes campos de conhecimento
um tratamento integrado nas diferentes áreas; produzida por uma abordagem que não leva em conta a

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inter-relação e a influência entre eles — questiona a visão escolar no processo de definição das propostas e das priorida-
compartimentada (disciplinar) da realidade sobre a qual a des a serem eleitas para o seu desenvolvimento. O fundamental
escola, tal como é conhecida, historicamente se constituiu. é que todos possam refletir sobre os objetivos a serem alcança-
A transversalidade diz respeito à possibilidade de se esta- dos, de forma a que se definam princípios comuns em torno do
belecer, na prática educativa, uma relação entre aprender co- trabalho a ser desenvolvido. Cada um — alunos, professores,
nhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a funcionários e pais — terá sua função nesse trabalho. Para isso,
realidade) e as questões da vida real e de sua transformação é importante que as instâncias responsáveis pelas escolas criem
(aprender na realidade e da realidade). E a uma forma de condições, que a direção da escola facilite o trabalho em equi-
sistematizar esse trabalho e incluí-lo explícita e estrutu- pe dos professores e promova situações favoráveis à comunica-
ralmente na organização curricular, garantindo sua continuida- ção, ao debate e à reflexão entre os membros da comunidade
de e aprofundamento ao longo da escolaridade. escolar.
Na prática pedagógica, interdisciplinaridade e trans- Para os professores polivalentes de primeiro e segundo ci-
versalidade alimentam-se mutuamente, pois o tratamento clos, essas situações serão especialmente valiosas para que
das questões trazidas pelos Temas Transversais expõe as in- possam definir a forma de trabalhar com os Temas Trans-
ter-relações entre os objetos de conhecimento, de forma versais a partir da realidade de cada um e dentro das possibilida-
que não é possível fazer um trabalho pautado na transver- des da escola. Para os professores das diversas áreas, de terceiro e
salidade tomando-se uma perspectiva disciplinar rígida. A quarto ciclos, essas situações serão fundamentais para que pos-
transversalidade promove uma compreensão abrangente sam coordenar a ação de cada um e de todos em torno do tra-
dos diferentes objetos de conhecimento, bem como a per- balho conjunto com os Temas Transversais.
O educador como cidadão
cepção da implicação do sujeito de conhecimento na sua pro-
Propor que a escola trate questões sociais na
dução, superando a dicotomia entre ambos. Por essa mesma via,
perspectiva da cidadania coloca imediatamente a questão
a transversalidade abre espaço para a inclusão de saberes extra
da formação dos educadores e de sua condição de cidadãos. Para
-escolares, possibilitando a referência a sistemas de significado
desenvolver sua prática os professores precisam também
construídos na realidade dos alunos.
desenvolver-se como profissionais e como sujeitos críticos
Os Temas Transversais, portanto, dão sentido social a pro-
na realidade em que estão, isto é, precisam podersituar-se
cedimentos e conceitos próprios das áreas convencionais, su-
como educadores e como cidadãos, e, como tais, participantes
perando assim o aprender apenas pela necessidade escolar de
do processo de construção da cidadania, de reconhecimento
“passar de ano”.
de seus direitos e deveres, de valorização
profissional.
Os Temas Transversais no projeto educativo da es- Tradicionalmente a formação dos educadores brasilei-
cola ros não contemplou essa dimensão. As escolas de formação
O convívio escolar inicial não incluem matérias voltadas para a formação política
O convívio escolar refere-se a todas as relações e situações nem para o tratamento de questões sociais. Ao contrário, de acor-
vividas na escola, dentro e fora da sala de aula, em que estão do com as tendências predominantes em cada época, essa for-
envolvidos direta ou indiretamente todos os sujeitos da comu- mação voltou-se para a concepção de neutralidade do conhe-
nidade escolar. cimento e do trabalho educativo.
A busca de coerência entre o que se pretende ensinar aos Porém, o desafio aqui proposto é o de não esperar por
alunos e o que se faz na professores que só depois de “prontos” ou “formados” pode-
escola (e o que se oferece a eles) é também fundamental. rão trabalhar com os alunos. Sem desconhecer a necessidade de
Não se terá sucesso no ensino de autocuidado e higiene numa investir na formação inicial e de criar programas de forma-
escola suja e abandonada. Nem se poderá esperar uma mudan- ção continuada, é possível afirmar-se que o debate sobre as
ça de atitudes em relação ao desperdício (importante questão questões sociais e a eleição conjunta e refletida dos prin-
ambiental) se não se realizarem na escola práticas que se pau- cípios e valores, assim como a formulação e implementação
tem por esse valor. Trata-se, portanto, de oferecer aos alunos a do projeto educativo já iniciam um processo de formação e
perspectiva de que tais atitudes são viáveis, exequíveis, e, mudança. A discussão sobre ética necessita ser constante-
ao mesmo tempo, criar possibilidades concretas de experien- mente contemplada e acompanhar de perto o trabalho que se
ciá-las. faz com os alunos, uma vez que se trata de uma proposta
É certo que muitas medidas estão fora do alcance dos nova, como processo sistemático e explícito, necessitando
educadores, mas há muitas delas que são possíveis e, quando aprofundamento, leituras e discussões, levantando situa-
for o caso, a reivindicação junto aos responsáveis em torno da ções a serem experenciadas com os alunos etc.
solução de problemas é um importante ensinamento das atitu- Para o professor, a escola não é apenas lugar de reprodu-
des de auto-estima, co-responsabilidade e participação. ção de relações de trabalho alienadas e alienantes. É, também,
O trabalho com os temas sociais se concretizará nas diver- lugar de possibilidade de construção de relações de autono-
sas decisões tomadas pela comunidade escolar, o que aponta mia, de criação e recriação de seu próprio trabalho, de reco-
a necessidade de envolvimento de todos no processo de defi- nhecimento de si, que possibilita redefinir sua relação com a
nição do trabalho e das prioridades a serem eleitas. Assim, a instituição, com o Estado, com os alunos, suas famílias e comu-
opção por esse trabalho precisa mobilizar toda a comunidade nidades.

45
A interação entre escola, comunidade e outras Lembrando que a dimensão ética da democracia con-
instituições siste na afirmação daqueles valores que garantem a todos o
No que se refere às problemáticas sociais, além do que direito a ter direitos, é preciso fazer uma distinção entre afir-
está continuamente sendo produzido no âmbito da Ciência, mação e imposição de valores.
existem outros saberes produzidos em diversas instituições so- A imposição, por si própria, contraria o princípio demo-
ciais. crático da liberdade e, com isso, o máximo que se consegue é
que as pessoas tenham “comportamentos adequados” quan-
O contato e a parceria para trabalhos conjuntos com as do sob controle externo, o que é essencialmente diferente da
instituições e organizações compromissadas com as ques- perspectiva da autonomia na construção de valores e atitudes.
tões apresentadas pelos Temas Transversais e que desen- O comportamento pessoal se articula com inúmeros ou-
volvem atividades de interesse para o trabalho educativo (tais tros fatores sociais seja na manutenção, seja na transformação
como postos de saúde, bibliotecas, organizações não-governa- desses valores e das relações que os sustentam. Portanto,
mentais, grupos culturais etc.), é uma rica contribuição, principal- o desenvolvimento de atitudes pressupõe conhecer di-
mente pelo vínculo que estabelece com a realidade da qual se ferentes valores, poder apreciá-los, experimentá-los, analisá
está tratando. Por outro lado, representa uma forma de inte- -los criticamente e eleger livremente um sistema de valo-
ração com o repertório sociocultural, permitindo o resgate, no res para si.
interior do trabalho escolar, da dimensão de produção coletiva Concretizar essa intenção exigirá que os valores eleitos e
do conhecimento e da realidade. Para isso é preciso buscar for- a intenção de ensiná-los sejam explicitados para todos, prin-
mas de a escola estar mais presente no dia-a- dia da comunida- cipalmente para os alunos, e que o trabalho pedagógico in-
de e também o inverso, isto é, a presença da comunidade no clua a possibilidade de discussão e questionamento e a não
cotidiano da escola (pais, pessoas ligadas a associações e institui- ocultação de contradições, conflitos e confrontos. Pressupõe
ções, profissionais que possam demonstrar compreender que conflitos são inerentes aos processos de-
o trabalho que realizam etc), de modo que a escola, os estu- mocráticos, são o que os fazem avançar e, portanto, não são
dantes e os professores possam se envolver em atividades vol- algo negativo a ser evitado. O fato de os alunos serem crianças
tadas para o bem-estar da sua comunidade, desenvolvendo e adolescentes não significa que sejam passivos e recebam sem
projetos que repercutam dentro e fora da escola. resistência ou contestação tudo o que implícita ou explici-
A INSERÇÃO DOS TEMAS TRANSVERSAIS NOS PARÂME- tamente se lhes quer transmitir.
TROS CURRICULARES NACIONAIS Isso significa valorizar positivamente a capacidade de
Os objetivos dos Temas Transversais questionar e propor mudanças, buscando construir situações
Ao lado do conhecimento de fatos e situações marcantes didáticas que potencializem tal capacidade e possibilitem o
da realidade brasileira, de informações e práticas que lhe aprendizado de modo a utilizá-lo de forma consequente,
possibilitem participar ativa e construtivamente dessa so- responsável e eficaz. Como exemplos têm-se experiências
ciedade, os objetivos do ensino fundamental apontam a neces- educativas de construção coletiva de regras de convívio es-
sidade de que os alunos se tornem capazes de eleger critérios colar, de discussão coletiva de situações-problema na classe
de ação pautados na justiça, detectando e rejeitando a injus- e na escola, de projetos de intervenção no espaço escolar e
tiça quando ela se fizer presente, assim como criar formas extra-escolar que podem ser adaptadas aos níveis de esco-
não violentas de atuação nas diferentes situações da vida. laridade de acordo com a possibilidade dos alunos. Mesmo nas
Tomando essa idéia central como meta, cada um dos temas séries iniciais é possível oferecer informações, vivências e refle-
traz objetivos específicos que os norteiam. xão sobre as causas e as nuanças dos valores que orientam os
O tratamento dos conteúdos dos Temas Transver- comportamentos e tratá-los como produtos de relações sociais,
sais que podem ser transformados.
A inclusão dos Temas Transversais exige, portanto, uma
tomada de posição diante de problemas fundamentais e ur- Outra questão fundamental para o contexto escolar é a da
gentes da vida social, o que requer uma reflexão sobre o ensi- relação entre autonomia e autoridade: permitir que valores e
no e a aprendizagem de seus conteúdos: valores, procedimen- normas sejam discutidos, avaliados e reformulados não signi-
tos e concepções a eles relacionados. fica abolir, negar ou qualificar negativamente a autoridade
dos educadores. Pelo contrário, reconhecê-la é fundamental
A PERSPECTIVA DA AUTONOMIA NO ENSINO DE uma vez que é nela que se apoia a garantia de direitos e deve-
VALORES res no contexto escolar. Estabelecer relações de autonomia,
necessárias à postura crítica, participativa e livre pressupõe um
A autonomia refere-se, por um lado, a um nível de de- longo processo de aprendizagem até que os alunos sejam ca-
senvolvimento psicológico (conforme explicitado no docu- pazes de atuar segundo seus próprios juízos. Esse processo
mento de Ética), e, por outro lado, à uma dimensão social. A não dispensa a participação da autoridade dos adultos na sua
autonomia pressupõe uma relação na qual os outros se fazem orientação. O que se coloca é a necessidade dessa autoridade
necessariamente presentes como alteridade. Nesse sentido, ser construída por meio da assunção plena da responsabilidade
trata-se da perspectiva da construção de relações de auto- de educar, de intervir com discernimento e justiça nas
nomia. Não existe a autonomia pura, como se fosse uma ca- situações de conflito, de se pautar, coerentemente, pe-
pacidade absoluta de um sujeito isolado. Por isso, só é possível los mesmos valores colocados como objetivo da educação dos
realizá-la como processo coletivo e que implica relações de poder alunos e de reconhecer que a autoridade dos educadores na
não autoritárias. escola se referenda numa sociedade que se quer democrática.

46
Os materiais usados nas situações didáticas O ensino e a aprendizagem da participação têm como
suporte básico a realidade escolar. Assim, devem ser eleitos
Os materiais que se usa como recurso didático expressam métodos e atividades nos quais os alunos possam opinar, assu-
valores e concepções a respeito de seu objeto. A análise crítica mir responsabilidades, colocar-se, resolver problemas e con-
desse material pode representar uma oportunidade flitos e refletir sobre as consequências de seus atos. Situações
para se desenvolver os valores e as atitudes com os quais que envolvam atividades como seminários, exposição de traba-
se pretende trabalhar. lhos, organização de campanhas, monitoria de grupos de
estudos, eleição e desenvolvimento de projetos etc., favore-
Discutir sobre o que veiculam jornais, revistas, livros, fotos, cem essa aprendizagem. No mesmo sentido se apresenta a
propagandas ou programas de TV trará à tona suas mensagens possibilidade de conhecer instituições públicas e privadas
— implícitas ou explícitas — sobre valores e papéis sociais. existentes na comunidade para pedir e oferecer apoio ao
Várias análises já mostraram, por exemplo, que na maio- desenvolvimento de projetos conjuntos em Saúde, Meio
ria dos livros didáticos, a mulher é representada apenas como
Ambiente, Orientação Sexual, Pluralidade Cultural, Ética e
dona de casa e mãe, enquanto o homem participa do mundo
Trabalho e Consumo.
do trabalho extradoméstico e nunca aparece em situações de
É importante levar em consideração que a participação
relação afetiva com os filhos ou ocupado nos cuidados da casa.
Nesse exemplo, fica subentendida a concepção a respeito do deve ser dimensionada a partir dos limites de possibilidade
papel que é e deve ser desempenhado pelos diferentes se- dos alunos e da complexidade das situações. Crianças peque-
xos. É interessante contrapô-la com essa e outras concepções nas têm, em geral, maiores possibilidades de participar produ-
presentes em outros materiais produzidos pela imprensa, por tivamente em situações simples nas quais possam perceber
organizações não-governamentais, na literatura etc., de modo com clareza as consequências de sua intervenção. À medida
a não se ficar restrito apenas ao livro didático. A discussão dessa que sua autonomia e sua capacidade de abstração e reflexão
concepção esclarecerá sobre mensagens contraditórias com os aumentam e que seu pensamento, capacidade de ação e so-
valores e as atitudes que se escolheu trabalhar. ciabilidade se ampliam, podem tomar como desafio situações
Portanto, a análise crítica dos diferentes materiais usados mais complexas e de maior abrangência. A existência de grêmio
em situações didáticas, discutindo-os em classe, contrapon- estudantil ou de grupos de atividade extraclasse (como os de
do-os a outras possibilidades e contextualizando-os históri- teatro, por exemplo) incentiva e fortalece a participação dos
ca, cultural e socialmente, favorecerá evidenciar os valores que alunos e amplia os limites da vida escolar.
expressam, mostrando as formas como o fazem. Para garantir que as possibilidades de participação se
Isso é mais interessante do que simplesmente rejeitá-los desenvolvam, é necessária uma intervenção sistemática dos
quando negativos, porque favorece o desenvolvimento da professores, de forma planejada e que vá se transformando de
capacidade de analisá-los criticamente de tal forma que os acordo com o desenvolvimento da autonomia dos alunos.
alunos, na medida de suas possibilidades e cada vez mais, os
compreendam, percebam sua presença na sociedade e façam O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE CONCEITOS,
escolhas pessoais e conscientes a respeito dos valores que ele- COMO INSTRUMENTO DE COMPREENSÃO E
gem parasi. PROBLEMATIZAÇÃO DA REALIDADE
OS PROCEDIMENTOS E A PERSPECTIVA DA No tratamento de questões sociais, da perspectiva aqui
PARTICIPAÇÃO SOCIAL adotada, aprender a formular questões a respeito da reali-
dade e das relações que a compõem apresenta-se como
Embora menos complexo que o trabalho com valores
fundamental. Essa é também uma meta de longo prazo, e seu
e atitudes, o ensino e a aprendizagem de procedimentos refe-
ensino demanda um trabalho sobre conceitos, ainda que essa
rentes ao trabalho com questões sociais merece atenção e defini-
abordagem não seja acadêmica. A compreensão das questões so-
ção de diretrizes por parte dos educadores.
ciais, o pensar sobre elas, analisá-las, fazer proposições e ava-
No caso das temáticas sociais trata-se de contemplar
aprendizagens que permitam efetivar o princípio de parti- liar alternativas exigem a capacidade de aprender informações
cipação e o exercício das atitudes e dos conhecimentos e relacioná-las. Assim as temáticas sociais, além de atitudes e
adquiridos. Nas temáticas relativas à Pluralidade Cultural, procedimentos, propõem também conteúdos de natureza
por exemplo, a consulta a documentos jurídicos é neces- conceitual.
sária ao aprendizado das formas de atuação contra dis-
criminações. A AVALIAÇÃO DO ENSINO DE VALORES
A formação da cidadania se faz, antes de mais nada, pelo
seu exercício: aprende-se a participar, participando. E a escola Todos os Temas Transversais trazem conteúdos que, de
será um lugar possível para essa aprendizagem se promo- acordo com a proposta de transversalidade, fazem parte do en-
ver a convivência democrática no seu cotidiano. No entanto, sino das áreas. Portanto, sua avaliação não é outra além da que é
se a escola negar aos alunos a possibilidade de exercerem feita nos seus contextos.
essa capacidade, estará, ao contrário, ensinando a passivida- Entretanto, é preciso atentar para o fato de que a avalia-
de, a indiferença e a obediência cega. É aqui que a importância ção de valores, atitudes e procedimentos, que têm presença
do convívio escolar ganha amplitude, a fim de tomar a escola marcante entre os conteúdos dos Temas Transversais, é bas-
como espaço de atuação pública dos alunos. tante difícil.

47
Ao colocar a possibilidade da avaliação de atitudes não se Para isso é importante que os professores planejem
pode deixar de salientar os limites da atuação da escola nessa uma série de atividades organizadas e direcionadas para a
formação. Vale lembrar que a educação não pode controlar to- meta preestabelecida, de forma que, ao realizá-las, os alunos
dos os fatores que interagem na formação do aluno e tomem, coletivamente, decisões sobre o desenvolvimento do
que não se trata de impor determinados valores, mas de ser trabalho (no caso de um jornal, por exemplo, os assuntos que
coerente com os valores assumidos, de possibilitar aos alunos deverá conter, como se organizarão para produzir as matérias,
uma discussão sobre eles e a construção de critérios para a es- o que cada matéria deverá abordar etc.), assim como conhe-
colha pessoal. çam e discutam a produção uns dos outros.
Embora se possa saber como, quando e onde intervir e que Ao final do projeto, é interessante que seu resultado seja
essa intervenção produz mudanças, sabe-se também que tais exposto publicamente, na forma de alguma atividade de atua-
mudançasnãodependemapenasdasaçõespedagógicas. Asatitu- ção no meio, isto é, de uso no âmbito coletivo (seja no interior
des das crianças não dependem unicamente da ação da escola, da classe, no âmbito da escola ou da comunidade) daquilo
mas têm intrincadas implicações de natureza tanto psicoló- que foi produzido. Existem múltiplas possibilidades de pro-
gica quanto social, nas relações de vida familiar e comuni- jetos que visem resultados voltados para a vida comunitária,
tária. Pode-se, entretanto, intencionalmente direcionar e tais como os que envolvem a questão do lixo, o desperdício, a
redirecionar a ação pedagógica em função dos objetivos e con- necessidade de reciclagem e reaproveitamento de materiais, a
cepções definidas. Um papel essencial da avaliação será respon- qualidade ambiental da comunidade, o que fazer em casa, na
der: “O que está sendo produzido com essa intervenção? Em escola, no bairro, e que podem ter resultados significativos na
que medida as situações de ensino construídas favoreceram a mudança de atitudes e práticas de todos os envolvidos, sen-
aprendizagem das atitudes desejadas?”. do o principal deles o fato de que os alunos se vejam como
Deve-se ter presente que a finalidade principal das avalia- verdadeiros cidadãos.
ções é ajudar os educadores a planejar a continuidade de seu Assim os alunos sabem claramente o que, por que e para
trabalho, ajustando-o ao processo de seus alunos, buscando ofe- que estão fazendo, aprendem também a formular questões e a
recer-lhes condições de superar obstáculos e desenvolver o transformar os conhecimentos em instrumento de ação. Para
autoconhecimento e a autonomia — e nunca de qualificar os conduzir esse processo é necessário que os professores tenham
alunos. clareza dos objetivos que querem alcançar e formulem tam-
Capacidades como dialogar, participar e cooperar são con- bém claramente as etapas do trabalho.
quistas feitas paulatinamente em processos nem sempre li- A organização das etapas do projeto deverá ser previa-
neares e que necessitam ser reafirmados e retomados mente planejada de forma a comportar as atividades que se
constantemente. A qualificação, ou rotulação dos alunos, seja pretende realizar dentro do tempo e do espaço que se dis-
negativa ou positiva, tende a estigmatizá-los, a gerar compor- põe. Além disso, devem ser incluídas no planejamento, saídas
tamentos estereotipados e obstaculizar o desenvolvimento, da escola para trabalho prático, para contato com instituições e
além de ser uma atitude autoritária e desrespeitosa. organizações. Deve-se ter em conta que essa forma de organi-
zação dos conteúdos não representa um aumento de carga horá-
PROJETOS ria ou uma atividade extra.
Os projetos são uma das formas de organizar o trabalho
didático, que pode integrar diferentes modos de organização
curricular. Pode ser utilizado, por exemplo, em momentos es-
pecíficos do desenvolvimento curricular de modo a envol-
ver mais de um professor e uma turma, articular o trabalho de
LEI FEDERAL Nº 9.394, DE
20/12/96 –
várias áreas, ou realizar-se no interior de uma única área.
ESTABELECE AS DIRETRIZES E BASES DA
EDUCAÇÃO NACIONAL.
A organização dos conteúdos em torno de projetos,
como forma de desenvolver atividades de ensino e aprendiza-
gem, favorece a compreensão da multiplicidade de aspectos que LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996.
compõem a realidade, uma vez que permite a articulação de
contribuições de diversos campos de conhecimento. Esse tipo Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
de organização permite que se dê relevância às questões dos Te-
mas Transversais, pois os projetos podem se desenvolver em O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
torno deles e serem direcionados para metas objetivas, com a gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
produção de algo que sirva como instrumento de intervenção
nas situações reais (como um jornal, por exemplo). Profes- TÍTULO I
sores e alunos compartilham os objetivos do trabalho e os Da Educação
conteúdos são organizados em torno de uma ou mais ques-
tões. Uma vez definido o aspecto específico de um tema, Art. 1º A educação abrange os processos formativos
os alunos têm a possibilidade de usar o que já sabem sobre o que se desenvolvem na vida familiar, na convivência huma-
assunto; buscar novas informações e utilizar os conhecimentos na, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos
e os recursos oferecidos pelas diversas áreas para dar um senti- movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
do amplo à questão. manifestações culturais.

48
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se de- V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes-
senvolve, predominantemente, por meio do ensino, em quisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada
instituições próprias. um;
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
do trabalho e à prática social. condições do educando;
VII - oferta de educação escolar regular para jovens e
TÍTULO II adultos, com características e modalidades adequadas às
Dos Princípios e Fins da Educação Nacional suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos
que forem trabalhadores as condições de acesso e perma-
Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspi- nência na escola;
rada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidarie- VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas
dade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento da educação básica, por meio de programas suplementa-
do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e res de material didático-escolar, transporte, alimentação e
sua qualificação para o trabalho. assistência à saúde; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguin- 2013)
tes princípios: IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, defini-
I - igualdade de condições para o acesso e permanên- dos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de
cia na escola; insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar de ensino-aprendizagem.
a cultura, o pensamento, a arte e o saber; X – vaga na escola pública de educação infantil ou de
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; ensino fundamental mais próxima de sua residência a toda
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; criança a partir do dia em que completar 4 (quatro) anos de
V - coexistência de instituições públicas e privadas de idade. (Incluído pela Lei nº 11.700, de 2008).
ensino;
Art. 5o O acesso à educação básica obrigatória é direi-
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimen-
to público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de
tos oficiais;
cidadãos, associação comunitária, organização sindical, en-
VII - valorização do profissional da educação escolar;
tidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda,
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma
o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo.
desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
IX - garantia de padrão de qualidade;
X - valorização da experiência extra-escolar; § 1o O poder público, na esfera de sua competência
federativa, deverá: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e
2013)
as práticas sociais.
XII - consideração com a diversidade étnico-racial. (In- I - recensear anualmente as crianças e adolescentes
cluído pela Lei nº 12.796, de 2013) em idade escolar, bem como os jovens e adultos que não
concluíram a educação básica; (Redação dada pela Lei nº
TÍTULO III 12.796, de 2013)
II - fazer-lhes a chamada pública;
Do Direito à Educação e do Dever de Educar
III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequên-
Art. 4º O dever do Estado com educação escolar públi- cia à escola.
ca será efetivado mediante a garantia de: § 2º Em todas as esferas administrativas, o Poder Públi-
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (qua- co assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino obri-
tro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da se- gatório, nos termos deste artigo, contemplando em segui-
guinte forma: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) da os demais níveis e modalidades de ensino, conforme as
a) pré-escola; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) prioridades constitucionais e legais.
b) ensino fundamental; (Incluído pela Lei nº 12.796, de § 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste
2013) artigo tem legitimidade para peticionar no Poder Judiciário,
c) ensino médio; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) na hipótese do § 2º do art. 208 da Constituição Federal,
II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cin- sendo gratuita e de rito sumário a ação judicial correspon-
co) anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de dente.
2013) § 4º Comprovada a negligência da autoridade compe-
III - atendimento educacional especializado gratuito tente para garantir o oferecimento do ensino obrigatório,
aos educandos com deficiência, transtornos globais do de- poderá ela ser imputada por crime de responsabilidade.
senvolvimento e altas habilidades ou superdotação, trans- § 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade
versal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferen- de ensino, o Poder Público criará formas alternativas de
cialmente na rede regular de ensino; (Redação dada pela acesso aos diferentes níveis de ensino, independentemen-
Lei nº 12.796, de 2013) te da escolarização anterior.
IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental Art. 6o É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrí-
e médio para todos os que não os concluíram na idade cula das crianças na educação básica a partir dos 4 (quatro)
própria; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)

49
Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as § 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho Na-
seguintes condições: cional de Educação, com funções normativas e de supervi-
I - cumprimento das normas gerais da educação nacio- são e atividade permanente, criado por lei.
nal e do respectivo sistema de ensino; § 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a
II - autorização de funcionamento e avaliação de quali- IX, a União terá acesso a todos os dados e informações
dade pelo Poder Público; necessários de todos os estabelecimentos e órgãos edu-
III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o cacionais.
previsto no art. 213 da Constituição Federal. § 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão
ser delegadas aos Estados e ao Distrito Federal, desde que
TÍTULO IV mantenham instituições de educação superior.
Da Organização da Educação Nacional Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de:
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e institui-
Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- ções oficiais dos seus sistemas de ensino;
nicípios organizarão, em regime de colaboração, os respec- II - definir, com os Municípios, formas de colaboração
tivos sistemas de ensino. na oferta do ensino fundamental, as quais devem assegu-
§ 1º Caberá à União a coordenação da política nacional rar a distribuição proporcional das responsabilidades, de
de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e acordo com a população a ser atendida e os recursos finan-
exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em ceiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder
relação às demais instâncias educacionais. Público;
§ 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organi- III - elaborar e executar políticas e planos educacionais,
zação nos termos desta Lei. em consonância com as diretrizes e planos nacionais de
Art. 9º A União incumbir-se-á de: (Regulamento) educação, integrando e coordenando as suas ações e as
I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colabo- dos seus Municípios;
ração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e insti- avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de edu-
tuições oficiais do sistema federal de ensino e o dos Terri- cação superior e os estabelecimentos do seu sistema de
tórios; ensino;
III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, V - baixar normas complementares para o seu sistema
ao Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimen- de ensino;
to de seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário
VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com
à escolaridade obrigatória, exercendo sua função redistri-
prioridade, o ensino médio a todos que o demandarem,
butiva e supletiva;
respeitado o disposto no art. 38 desta Lei; (Redação dada
IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o
pela Lei nº 12.061, de 2009)
Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes
VII - assumir o transporte escolar dos alunos da rede
para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino
médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos míni- estadual. (Incluído pela Lei nº 10.709, de 31.7.2003)
mos, de modo a assegurar formação básica comum; Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as
IV-A - estabelecer, em colaboração com os Estados, o competências referentes aos Estados e aos Municípios.
Distrito Federal e os Municípios, diretrizes e procedimentos Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de:
para identificação, cadastramento e atendimento, na edu- I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e insti-
cação básica e na educação superior, de alunos com altas tuições oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os
habilidades ou superdotação; (Incluído pela Lei nº 13.234, às políticas e planos educacionais da União e dos Estados;
de 2015) II - exercer ação redistributiva em relação às suas es-
V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a colas;
educação; III - baixar normas complementares para o seu sistema
VI - assegurar processo nacional de avaliação do ren- de ensino;
dimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, IV - autorizar, credenciar e supervisionar os estabeleci-
em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando mentos do seu sistema de ensino;
a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do V - oferecer a educação infantil em creches e pré-es-
ensino; colas, e, com prioridade, o ensino fundamental, permitida
VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação a atuação em outros níveis de ensino somente quando es-
e pós-graduação; tiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área
VIII - assegurar processo nacional de avaliação das de competência e com recursos acima dos percentuais mí-
instituições de educação superior, com a cooperação dos nimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção
sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível de e desenvolvimento do ensino.
ensino; VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede
IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e municipal. (Incluído pela Lei nº 10.709, de 31.7.2003)
avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de edu- Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda,
cação superior e os estabelecimentos do seu sistema de por se integrar ao sistema estadual de ensino ou compor
ensino. (Vide Lei nº 10.870, de 2004) com ele um sistema único de educação básica.

50
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as II - as instituições de educação superior mantidas pelo
normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a in- Poder Público municipal;
cumbência de: III - as instituições de ensino fundamental e médio cria-
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; das e mantidas pela iniciativa privada;
II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e IV - os órgãos de educação estaduais e do Distrito Fe-
financeiros; deral, respectivamente.
III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de
-aula estabelecidas; educação infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada,
IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de integram seu sistema de ensino.
cada docente; Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreen-
V - prover meios para a recuperação dos alunos de me- dem:
nor rendimento; I - as instituições do ensino fundamental, médio e de
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, crian- educação infantil mantidas pelo Poder Público municipal;
do processos de integração da sociedade com a escola;
II - as instituições de educação infantil criadas e manti-
VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus
das pela iniciativa privada;
filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a fre- III – os órgãos municipais de educação.
quência e rendimento dos alunos, bem como sobre a exe-
Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis
cução da proposta pedagógica da escola; (Redação dada
pela Lei nº 12.013, de 2009) classificam-se nas seguintes categorias administrativas:
VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao (Regulamento) (Regulamento)
juiz competente da Comarca e ao respectivo representante I - públicas, assim entendidas as criadas ou incorpora-
do Ministério Público a relação dos alunos que apresen- das, mantidas e administradas pelo Poder Público;
tem quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do II - privadas, assim entendidas as mantidas e adminis-
percentual permitido em lei. (Incluído pela Lei nº 10.287, tradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado.
de 2001) Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadra-
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: rão nas seguintes categorias: (Regulamento) (Regulamen-
I - participar da elaboração da proposta pedagógica do to)
estabelecimento de ensino; I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a que são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas
proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; físicas ou jurídicas de direito privado que não apresentem
III - zelar pela aprendizagem dos alunos; as características dos incisos abaixo;
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os II - comunitárias, assim entendidas as que são insti-
alunos de menor rendimento; tuídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, pessoas jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem
além de participar integralmente dos períodos dedicados fins lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora
ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento pro- representantes da comunidade; (Redação dada pela Lei nº
fissional; 12.020, de 2009)
VI - colaborar com as atividades de articulação da es- III - confessionais, assim entendidas as que são insti-
cola com as famílias e a comunidade. tuídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional e
gestão democrática do ensino público na educação básica, ideologia específicas e ao disposto no inciso anterior;
de acordo com as suas peculiaridades e conforme os se- IV - filantrópicas, na forma da lei.
guintes princípios:
I - participação dos profissionais da educação na ela- TÍTULO V
boração do projeto pedagógico da escola; Dos Níveis e das Modalidades de
II - participação das comunidades escolar e local em Educação e Ensino
conselhos escolares ou equivalentes. CAPÍTULO I
Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unida- Da Composição dos Níveis Escolares
des escolares públicas de educação básica que os integram
progressivos graus de autonomia pedagógica e adminis- Art. 21. A educação escolar compõe-se de:
trativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais I - educação básica, formada pela educação infantil,
de direito financeiro público. ensino fundamental e ensino médio;
Art. 16. O sistema federal de ensino compreende: (Re- II - educação superior.
gulamento)
I - as instituições de ensino mantidas pela União; CAPÍTULO II
II - as instituições de educação superior criadas e man- DA EDUCAÇÃO BÁSICA
tidas pela iniciativa privada; Seção I
III - os órgãos federais de educação. Das Disposições Gerais
Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito Art. 22. A educação básica tem por finalidades desen-
Federal compreendem: volver o educando, assegurar-lhe a formação comum in-
I - as instituições de ensino mantidas, respectivamente, dispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe
pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal; meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.

51
Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em sé- VI - o controle de frequência fica a cargo da escola,
ries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular conforme o disposto no seu regimento e nas normas do
de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na respectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima
idade, na competência e em outros critérios, ou por forma de setenta e cinco por cento do total de horas letivas para
diversa de organização, sempre que o interesse do proces- aprovação;
so de aprendizagem assim o recomendar. VII - cabe a cada instituição de ensino expedir históri-
§ 1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive cos escolares, declarações de conclusão de série e diplo-
quando se tratar de transferências entre estabelecimentos mas ou certificados de conclusão de cursos, com as espe-
situados no País e no exterior, tendo como base as normas cificações cabíveis.
curriculares gerais. § 1º A carga horária mínima anual de que trata o inci-
§ 2º O calendário escolar deverá adequar-se às peculia- so I do caput deverá ser ampliada de forma progressiva,
ridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério no ensino médio, para mil e quatrocentas horas, devendo
do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o os sistemas de ensino oferecer, no prazo máximo de cin-
número de horas letivas previsto nesta Lei. co anos, pelo menos mil horas anuais de carga horária, a
Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e partir de 2 de março de 2017. (Incluído pela Lei nº 13.415,
médio, será organizada de acordo com as seguintes regras de 2017)
comuns: § 2o Os sistemas de ensino disporão sobre a oferta de
I - a carga horária mínima anual será de oitocentas educação de jovens e adultos e de ensino noturno regular,
horas para o ensino fundamental e para o ensino médio, adequado às condições do educando, conforme o inciso VI
distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo do art. 4o. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades res-
finais, quando houver; (Redação dada pela Lei nº 13.415, ponsáveis alcançar relação adequada entre o número de
de 2017) alunos e o professor, a carga horária e as condições mate-
II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a riais do estabelecimento.
primeira do ensino fundamental, pode ser feita: Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino,
a) por promoção, para alunos que cursaram, com apro- à vista das condições disponíveis e das características re-
veitamento, a série ou fase anterior, na própria escola; gionais e locais, estabelecer parâmetro para atendimento
b) por transferência, para candidatos procedentes de do disposto neste artigo.
outras escolas; Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino
c) independentemente de escolarização anterior, me- fundamental e do ensino médio devem ter base nacional
diante avaliação feita pela escola, que defina o grau de de- comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino
senvolvimento e experiência do candidato e permita sua e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diver-
inscrição na série ou etapa adequada, conforme regula- sificada, exigida pelas características regionais e locais da
mentação do respectivo sistema de ensino; sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. (Re-
III - nos estabelecimentos que adotam a progressão dação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
regular por série, o regimento escolar pode admitir formas § 1º Os currículos a que se refere o caput devem abran-
de progressão parcial, desde que preservada a sequência ger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da
matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e
do currículo, observadas as normas do respectivo sistema
da realidade social e política, especialmente do Brasil.
de ensino;
§ 3o A educação física, integrada à proposta pedagógi-
IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alu- ca da escola, é componente curricular obrigatório da edu-
nos de séries distintas, com níveis equivalentes de adian- cação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: (Reda-
tamento na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, ção dada pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
artes, ou outros componentes curriculares; I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a
V - a verificação do rendimento escolar observará os seis horas; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
seguintes critérios: II – maior de trinta anos de idade; (Incluído pela Lei nº
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do 10.793, de 1º.12.2003)
aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que,
quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre em situação similar, estiver obrigado à prática da educação
os de eventuais provas finais; física; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de ou-
com atraso escolar; tubro de 1969; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries me- V – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
diante verificação do aprendizado; VI – que tenha prole. (Incluído pela Lei nº 10.793, de
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; 1º.12.2003)
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de pre- § 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as
ferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo contribuições das diferentes culturas e etnias para a forma-
rendimento escolar, a serem disciplinados pelas institui- ção do povo brasileiro, especialmente das matrizes indíge-
ções de ensino em seus regimentos; na, africana e europeia.

52
§ 5o No currículo do ensino fundamental, a partir do rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações ne-
sexto ano, será ofertada a língua inglesa. (Redação dada cessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e
pela Lei nº 13.415, de 2017) de cada região, especialmente:
§ 6o As artes visuais, a dança, a música e o teatro são I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas
as linguagens que constituirão o componente curricular de às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural;
que trata o § 2o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº II - organização escolar própria, incluindo adequação
13.278, de 2016) do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condi-
§ 7o A integralização curricular poderá incluir, a critério ções climáticas;
dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas envolvendo III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.
os temas transversais de que trata o caput. (Redação dada Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo,
pela Lei nº 13.415, de 2017) indígenas e quilombolas será precedido de manifestação
§ 8º A exibição de filmes de produção nacional cons- do órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que
tituirá componente curricular complementar integrado à considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de
proposta pedagógica da escola, sendo a sua exibição obri- Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a
gatória por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais. (Incluído manifestação da comunidade escolar. (Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 13.006, de 2014) 12.960, de 2014)
§ 9o Conteúdos relativos aos direitos humanos e à pre-
venção de todas as formas de violência contra a criança Seção II
e o adolescente serão incluídos, como temas transversais, Da Educação Infantil
nos currículos escolares de que trata o caput deste artigo,
tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educa-
(Estatuto da Criança e do Adolescente), observada a produ- ção básica, tem como finalidade o desenvolvimento in-
ção e distribuição de material didático adequado. (Incluído tegral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos
pela Lei nº 13.010, de 2014) físico, psicológico, intelectual e social, complementando a
§ 10. A inclusão de novos componentes curriculares de ação da família e da comunidade. (Redação dada pela Lei
caráter obrigatório na Base Nacional Comum Curricular de- nº 12.796, de 2013)
penderá de aprovação do Conselho Nacional de Educação Art. 30. A educação infantil será oferecida em:
e de homologação pelo Ministro de Estado da Educação. I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) até três anos de idade;
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamen- II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cin-
tal e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obriga- co) anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de
tório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indíge- 2013)
na. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo
§ 1o O conteúdo programático a que se refere este ar- com as seguintes regras comuns: (Redação dada pela Lei
tigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que nº 12.796, de 2013)
caracterizam a formação da população brasileira, a partir I - avaliação mediante acompanhamento e registro do
desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promo-
da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos ção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental; (Incluí-
indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o do pela Lei nº 12.796, de 2013)
negro e o índio na formação da sociedade nacional, resga- II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) ho-
tando as suas contribuições nas áreas social, econômica e ras, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de
política, pertinentes à história do Brasil. (Redação dada pela trabalho educacional; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
Lei nº 11.645, de 2008). III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro)
§ 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a
-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão minis- jornada integral; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
trados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial IV - controle de frequência pela instituição de educa-
nas áreas de educação artística e de literatura e história ção pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% (ses-
brasileiras. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). senta por cento) do total de horas; (Incluído pela Lei nº
Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica 12.796, de 2013)
observarão, ainda, as seguintes diretrizes: V - expedição de documentação que permita atestar os
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse so- processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança.
cial, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
bem comum e à ordem democrática;
II - consideração das condições de escolaridade dos Seção III
alunos em cada estabelecimento; Do Ensino Fundamental
III - orientação para o trabalho;
IV - promoção do desporto educacional e apoio às prá- Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com dura-
ticas desportivas não-formais. ção de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-
Art. 28. Na oferta de educação básica para a população se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação

53
básica do cidadão, mediante: (Redação dada pela Lei nº Seção IV
11.274, de 2006) Do Ensino Médio
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, ten-
do como meios básicos o pleno domínio da leitura, da es- Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica,
crita e do cálculo; com duração mínima de três anos, terá como finalidades:
II - a compreensão do ambiente natural e social, do I - a consolidação e o aprofundamento dos conheci-
sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em mentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando
que se fundamenta a sociedade; o prosseguimento de estudos;
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendiza-
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania
gem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habi-
lidades e a formação de atitudes e valores; do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de
de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;
se assenta a vida social. III - o aprimoramento do educando como pessoa hu-
§ 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o mana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da
ensino fundamental em ciclos. autonomia intelectual e do pensamento crítico;
§ 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão re- IV - a compreensão dos fundamentos científico-tec-
gular por série podem adotar no ensino fundamental o re- nológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria
gime de progressão continuada, sem prejuízo da avaliação com a prática, no ensino de cada disciplina.
do processo de ensino-aprendizagem, observadas as nor- Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular defini-
mas do respectivo sistema de ensino. rá direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio,
§ 3º O ensino fundamental regular será ministrado em conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação,
língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas
nas seguintes áreas do conhecimento: (Incluído pela Lei nº
a utilização de suas línguas maternas e processos próprios
de aprendizagem. 13.415, de 2017)
§ 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o en- I - linguagens e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº
sino a distância utilizado como complementação da apren- 13.415, de 2017)
dizagem ou em situações emergenciais. II - matemática e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº
§ 5o O currículo do ensino fundamental incluirá, obri- 13.415, de 2017)
gatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Incluído
e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de pela Lei nº 13.415, de 2017)
13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e IV - ciências humanas e sociais aplicadas. (Incluído pela
do Adolescente, observada a produção e distribuição de Lei nº 13.415, de 2017)
material didático adequado. (Incluído pela Lei nº 11.525, § 1o A parte diversificada dos currículos de que trata
de 2007). o caput do art. 26, definida em cada sistema de ensino, de-
§ 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído verá estar harmonizada à Base Nacional Comum Curricular
como tema transversal nos currículos do ensino fundamen-
e ser articulada a partir do contexto histórico, econômico,
tal. (Incluído pela Lei nº 12.472, de 2011).
Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é social, ambiental e cultural. (Incluído pela Lei nº 13.415, de
parte integrante da formação básica do cidadão e constitui 2017)
disciplina dos horários normais das escolas públicas de en- § 2o A Base Nacional Comum Curricular referente ao
sino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cul- ensino médio incluirá obrigatoriamente estudos e práticas
tural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de pro- de educação física, arte, sociologia e filosofia. (Incluído pela
selitismo. (Redação dada pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997) Lei nº 13.415, de 2017)
§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedi- § 3o O ensino da língua portuguesa e da matemática
mentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso será obrigatório nos três anos do ensino médio, assegu-
e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão rada às comunidades indígenas, também, a utilização das
dos professores. (Incluído pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997) respectivas línguas maternas. (Incluído pela Lei nº 13.415,
§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, cons- de 2017)
tituída pelas diferentes denominações religiosas, para a § 4o Os currículos do ensino médio incluirão, obriga-
definição dos conteúdos do ensino religioso. (Incluído pela
toriamente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar
Lei nº 9.475, de 22.7.1997)
outras línguas estrangeiras, em caráter optativo, preferen-
Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental in-
cluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala cialmente o espanhol, de acordo com a disponibilidade de
de aula, sendo progressivamente ampliado o período de oferta, locais e horários definidos pelos sistemas de ensino.
permanência na escola. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das § 5o A carga horária destinada ao cumprimento da Base
formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei. Nacional Comum Curricular não poderá ser superior a mil
§ 2º O ensino fundamental será ministrado progres- e oitocentas horas do total da carga horária do ensino mé-
sivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de dio, de acordo com a definição dos sistemas de ensino. (In-
ensino. cluído pela Lei nº 13.415, de 2017)

54
§ 6o A União estabelecerá os padrões de desempenho I - a inclusão de vivências práticas de trabalho no setor
esperados para o ensino médio, que serão referência nos produtivo ou em ambientes de simulação, estabelecendo
processos nacionais de avaliação, a partir da Base Nacional parcerias e fazendo uso, quando aplicável, de instrumentos
Comum Curricular. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) estabelecidos pela legislação sobre aprendizagem profis-
§ 7o Os currículos do ensino médio deverão conside- sional; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
rar a formação integral do aluno, de maneira a adotar um II - a possibilidade de concessão de certificados inter-
trabalho voltado para a construção de seu projeto de vida mediários de qualificação para o trabalho, quando a forma-
e para sua formação nos aspectos físicos, cognitivos e so- ção for estruturada e organizada em etapas com terminali-
cioemocionais. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) dade. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 8o Os conteúdos, as metodologias e as formas de ava- § 7o A oferta de formações experimentais relacionadas
liação processual e formativa serão organizados nas redes ao inciso V do caput, em áreas que não constem do Catá-
de ensino por meio de atividades teóricas e práticas, provas logo Nacional dos Cursos Técnicos, dependerá, para sua
continuidade, do reconhecimento pelo respectivo Conse-
orais e escritas, seminários, projetos e atividades on-line,
lho Estadual de Educação, no prazo de três anos, e da inser-
de tal forma que ao final do ensino médio o educando de-
ção no Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, no prazo de
monstre: (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
cinco anos, contados da data de oferta inicial da formação.
I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
que presidem a produção moderna; (Incluído pela Lei nº § 8o A oferta de formação técnica e profissional a que
13.415, de 2017) se refere o inciso V do caput, realizada na própria insti-
II - conhecimento das formas contemporâneas de lin- tuição ou em parceria com outras instituições, deverá ser
guagem. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) aprovada previamente pelo Conselho Estadual de Educa-
Art. 36. O currículo do ensino médio será composto ção, homologada pelo Secretário Estadual de Educação e
pela Base Nacional Comum Curricular e por itinerários for- certificada pelos sistemas de ensino. (Incluído pela Lei nº
mativos, que deverão ser organizados por meio da oferta 13.415, de 2017)
de diferentes arranjos curriculares, conforme a relevância § 9o As instituições de ensino emitirão certificado com
para o contexto local e a possibilidade dos sistemas de en- validade nacional, que habilitará o concluinte do ensino
sino, a saber: (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) médio ao prosseguimento dos estudos em nível superior
I - linguagens e suas tecnologias; (Redação dada pela ou em outros cursos ou formações para os quais a conclu-
Lei nº 13.415, de 2017) são do ensino médio seja etapa obrigatória. (Incluído pela
II - matemática e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
Lei nº 13.415, de 2017) § 10. Além das formas de organização previstas no art.
III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Redação 23, o ensino médio poderá ser organizado em módulos e
dada pela Lei nº 13.415, de 2017) adotar o sistema de créditos com terminalidade específica.
IV - ciências humanas e sociais aplicadas; (Redação (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
dada pela Lei nº 13.415, de 2017) § 11. Para efeito de cumprimento das exigências cur-
V - formação técnica e profissional. (Incluído pela Lei riculares do ensino médio, os sistemas de ensino poderão
nº 13.415, de 2017) reconhecer competências e firmar convênios com institui-
§ 1o A organização das áreas de que trata o caput e das ções de educação a distância com notório reconhecimento,
respectivas competências e habilidades será feita de acor- mediante as seguintes formas de comprovação: (Incluído
do com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino. pela Lei nº 13.415, de 2017)
I - demonstração prática; (Incluído pela Lei nº 13.415,
(Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
de 2017)
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de
II - experiência de trabalho supervisionado ou outra
2017)
experiência adquirida fora do ambiente escolar; (Incluído
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de
pela Lei nº 13.415, de 2017)
2017) III - atividades de educação técnica oferecidas em ou-
§ 3o A critério dos sistemas de ensino, poderá ser com- tras instituições de ensino credenciadas; (Incluído pela Lei
posto itinerário formativo integrado, que se traduz na nº 13.415, de 2017)
composição de componentes curriculares da Base Nacio- IV - cursos oferecidos por centros ou programas ocu-
nal Comum Curricular - BNCC e dos itinerários formativos, pacionais; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
considerando os incisos I a V do caput. (Redação dada pela V - estudos realizados em instituições de ensino nacio-
Lei nº 13.415, de 2017) nais ou estrangeiras; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 5o Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade VI - cursos realizados por meio de educação a distância
de vagas na rede, possibilitarão ao aluno concluinte do en- ou educação presencial mediada por tecnologias. (Incluído
sino médio cursar mais um itinerário formativo de que trata pela Lei nº 13.415, de 2017)
o caput. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 12. As escolas deverão orientar os alunos no proces-
§ 6o A critério dos sistemas de ensino, a oferta de for- so de escolha das áreas de conhecimento ou de atuação
mação com ênfase técnica e profissional considerará: (In- profissional previstas no caput. (Incluído pela Lei nº 13.415,
cluído pela Lei nº 13.415, de 2017) de 2017)

55
Seção IV-A Art. 36-D. Os diplomas de cursos de educação profis-
Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio sional técnica de nível médio, quando registrados, terão
(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) validade nacional e habilitarão ao prosseguimento de es-
tudos na educação superior. (Incluído pela Lei nº 11.741,
Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste de 2008)
Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do Parágrafo único. Os cursos de educação profissional
educando, poderá prepará-lo para o exercício de profis- técnica de nível médio, nas formas articulada concomi-
sões técnicas. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) tante e subsequente, quando estruturados e organizados
em etapas com terminalidade, possibilitarão a obtenção
Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho
de certificados de qualificação para o trabalho após a con-
e, facultativamente, a habilitação profissional poderão ser clusão, com aproveitamento, de cada etapa que caracteri-
desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino ze uma qualificação para o trabalho. (Incluído pela Lei nº
médio ou em cooperação com instituições especializadas 11.741, de 2008)
em educação profissional. (Incluído pela Lei nº 11.741, de
2008) Seção V
Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível mé- Da Educação de Jovens e Adultos
dio será desenvolvida nas seguintes formas: (Incluído pela
Lei nº 11.741, de 2008) Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada
I - articulada com o ensino médio; (Incluído pela Lei nº àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estu-
11.741, de 2008) dos no ensino fundamental e médio na idade própria.
II - subsequente, em cursos destinados a quem já te- § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente
nha concluído o ensino médio. (Incluído pela Lei nº 11.741, aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os es-
tudos na idade regular, oportunidades educacionais apro-
de 2008)
priadas, consideradas as características do alunado, seus
Parágrafo único. A educação profissional técnica de ní-
interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cur-
vel médio deverá observar: (Incluído pela Lei nº 11.741, de sos e exames.
2008) § 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso
I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes cur- e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações
riculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional integradas e complementares entre si.
de Educação; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) § 3o A educação de jovens e adultos deverá articular-se,
II - as normas complementares dos respectivos siste- preferencialmente, com a educação profissional, na forma
mas de ensino; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) do regulamento. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
III - as exigências de cada instituição de ensino, nos Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exa-
termos de seu projeto pedagógico. (Incluído pela Lei nº mes supletivos, que compreenderão a base nacional co-
11.741, de 2008) mum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estu-
Art. 36-C. A educação profissional técnica de nível mé- dos em caráter regular.
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se
dio articulada, prevista no inciso I do caput do art. 36-B
-ão:
desta Lei, será desenvolvida de forma: (Incluído pela Lei nº
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para
11.741, de 2008) os maiores de quinze anos;
I - integrada, oferecida somente a quem já tenha con- II - no nível de conclusão do ensino médio, para os
cluído o ensino fundamental, sendo o curso planejado de maiores de dezoito anos.
modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica § 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos
de nível médio, na mesma instituição de ensino, efetuan- educandos por meios informais serão aferidos e reconhe-
do-se matrícula única para cada aluno; (Incluído pela Lei nº cidos mediante exames.
11.741, de 2008)
II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensi- CAPÍTULO III
no médio ou já o esteja cursando, efetuando-se matrículas DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
distintas para cada curso, e podendo ocorrer: (Incluído pela Da Educação Profissional e Tecnológica
Lei nº 11.741, de 2008) (Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008)
a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as
Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no cum-
oportunidades educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei
primento dos objetivos da educação nacional, integra-se
nº 11.741, de 2008) aos diferentes níveis e modalidades de educação e às di-
b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se mensões do trabalho, da ciência e da tecnologia. (Redação
as oportunidades educacionais disponíveis; (Incluído pela dada pela Lei nº 11.741, de 2008)
Lei nº 11.741, de 2008) § 1o Os cursos de educação profissional e tecnológica
c) em instituições de ensino distintas, mediante convê- poderão ser organizados por eixos tecnológicos, possibi-
nios de intercomplementaridade, visando ao planejamento litando a construção de diferentes itinerários formativos,
e ao desenvolvimento de projeto pedagógico unificado. observadas as normas do respectivo sistema e nível de en-
(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) sino. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

56
§ 2o A educação profissional e tecnológica abrangerá VII - promover a extensão, aberta à participação da
os seguintes cursos: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) população, visando à difusão das conquistas e benefícios
I – de formação inicial e continuada ou qualificação resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e
profissional; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) tecnológica geradas na instituição.
II – de educação profissional técnica de nível médio; VIII - atuar em favor da universalização e do aprimora-
(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) mento da educação básica, mediante a formação e a capa-
III – de educação profissional tecnológica de gradua- citação de profissionais, a realização de pesquisas pedagó-
ção e pós-graduação. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) gicas e o desenvolvimento de atividades de extensão que
§ 3o Os cursos de educação profissional tecnológica de aproximem os dois níveis escolares. (Incluído pela Lei nº
graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que con- 13.174, de 2015)
cerne a objetivos, características e duração, de acordo com Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes
as diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Con- cursos e programas: (Regulamento)
selho Nacional de Educação. (Incluído pela Lei nº 11.741, I - cursos sequenciais por campo de saber, de dife-
de 2008) rentes níveis de abrangência, abertos a candidatos que
Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em atendam aos requisitos estabelecidos pelas instituições de
articulação com o ensino regular ou por diferentes estra- ensino, desde que tenham concluído o ensino médio ou
tégias de educação continuada, em instituições especiali- equivalente; (Redação dada pela Lei nº 11.632, de 2007).
zadas ou no ambiente de trabalho. (Regulamento)(Regula- II - de graduação, abertos a candidatos que tenham
mento) (Regulamento) concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido
Art. 41. O conhecimento adquirido na educação pro- classificados em processo seletivo;
fissional e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser III - de pós-graduação, compreendendo programas de
objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para mestrado e doutorado, cursos de especialização, aperfei-
prosseguimento ou conclusão de estudos. (Redação dada çoamento e outros, abertos a candidatos diplomados em
pela Lei nº 11.741, de 2008) cursos de graduação e que atendam às exigências das ins-
Art. 42. As instituições de educação profissional e tec- tituições de ensino;
nológica, além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos IV - de extensão, abertos a candidatos que atendam
especiais, abertos à comunidade, condicionada a matrícula aos requisitos estabelecidos em cada caso pelas institui-
à capacidade de aproveitamento e não necessariamente ao ções de ensino.
nível de escolaridade. (Redação dada pela Lei nº 11.741, de § 1º. Os resultados do processo seletivo referido no
2008) inciso II do caput deste artigo serão tornados públicos
pelas instituições de ensino superior, sendo obrigatória a
CAPÍTULO IV divulgação da relação nominal dos classificados, a respec-
DA EDUCAÇÃO SUPERIOR tiva ordem de classificação, bem como do cronograma das
chamadas para matrícula, de acordo com os critérios para
Art. 43. A educação superior tem por finalidade: preenchimento das vagas constantes do respectivo edital.
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do (Incluído pela Lei nº 11.331, de 2006) (Renumerado do pa-
espírito científico e do pensamento reflexivo; rágrafo único para § 1º pela Lei nº 13.184, de 2015)
II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhe- § 2º No caso de empate no processo seletivo, as ins-
cimento, aptos para a inserção em setores profissionais e tituições públicas de ensino superior darão prioridade de
para a participação no desenvolvimento da sociedade bra- matrícula ao candidato que comprove ter renda familiar
sileira, e colaborar na sua formação contínua; inferior a dez salários mínimos, ou ao de menor renda fa-
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação miliar, quando mais de um candidato preencher o critério
científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tec- inicial. (Incluído pela Lei nº 13.184, de 2015)
nologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, § 3o O processo seletivo referido no inciso II conside-
desenvolver o entendimento do homem e do meio em que rará as competências e as habilidades definidas na Base
vive; Nacional Comum Curricular. (Incluído pela lei nº 13.415, de
IV - promover a divulgação de conhecimentos cultu- 2017)
rais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da Art. 45. A educação superior será ministrada em ins-
humanidade e comunicar o saber através do ensino, de pu- tituições de ensino superior, públicas ou privadas, com
blicações ou de outras formas de comunicação; variados graus de abrangência ou especialização. (Regula-
V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento mento) (Regulamento)
cultural e profissional e possibilitar a correspondente con- Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos,
cretização, integrando os conhecimentos que vão sendo bem como o credenciamento de instituições de educação
adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do superior, terão prazos limitados, sendo renovados, periodi-
conhecimento de cada geração; camente, após processo regular de avaliação. (Regulamen-
VI - estimular o conhecimento dos problemas do mun- to) (Regulamento) (Vide Lei nº 10.870, de 2004)
do presente, em particular os nacionais e regionais, prestar § 1º Após um prazo para saneamento de deficiências
serviços especializados à comunidade e estabelecer com eventualmente identificadas pela avaliação a que se refere
esta uma relação de reciprocidade; este artigo, haverá reavaliação, que poderá resultar, con-

57
forme o caso, em desativação de cursos e habilitações, em a) a lista de todos os cursos oferecidos pela instituição
intervenção na instituição, em suspensão temporária de de ensino superior; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
prerrogativas da autonomia, ou em descredenciamento. b) a lista das disciplinas que compõem a grade curricu-
(Regulamento) (Regulamento) (Vide Lei nº 10.870, de 2004) lar de cada curso e as respectivas cargas horárias; (Incluída
§ 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo pela lei nº 13.168, de 2015)
responsável por sua manutenção acompanhará o processo c) a identificação dos docentes que ministrarão as au-
de saneamento e fornecerá recursos adicionais, se neces- las em cada curso, as disciplinas que efetivamente minis-
sários, para a superação das deficiências. trará naquele curso ou cursos, sua titulação, abrangendo a
Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, in- qualificação profissional do docente e o tempo de casa do
dependente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias docente, de forma total, contínua ou intermitente. (Incluída
de trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado pela lei nº 13.168, de 2015)
aos exames finais, quando houver. § 2º Os alunos que tenham extraordinário aproveita-
§ 1o As instituições informarão aos interessados, antes mento nos estudos, demonstrado por meio de provas e
de cada período letivo, os programas dos cursos e demais outros instrumentos de avaliação específicos, aplicados
componentes curriculares, sua duração, requisitos, qualifi- por banca examinadora especial, poderão ter abreviada a
cação dos professores, recursos disponíveis e critérios de duração dos seus cursos, de acordo com as normas dos
avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas condi- sistemas de ensino.
ções, e a publicação deve ser feita, sendo as 3 (três) primei- § 3º É obrigatória a frequência de alunos e professores,
ras formas concomitantemente: (Redação dada pela lei nº salvo nos programas de educação a distância.
13.168, de 2015) § 4º As instituições de educação superior oferecerão,
I - em página específica na internet no sítio eletrônico no período noturno, cursos de graduação nos mesmos
oficial da instituição de ensino superior, obedecido o se- padrões de qualidade mantidos no período diurno, sendo
guinte: (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) obrigatória a oferta noturna nas instituições públicas, ga-
a) toda publicação a que se refere esta Lei deve ter rantida a necessária previsão orçamentária.
como título “Grade e Corpo Docente”; (Incluída pela lei nº
Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhe-
13.168, de 2015)
cidos, quando registrados, terão validade nacional como
b) a página principal da instituição de ensino superior,
prova da formação recebida por seu titular.
bem como a página da oferta de seus cursos aos ingres-
§ 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão
santes sob a forma de vestibulares, processo seletivo e ou-
por elas próprias registrados, e aqueles conferidos por ins-
tras com a mesma finalidade, deve conter a ligação desta
tituições não-universitárias serão registrados em universi-
com a página específica prevista neste inciso; (Incluída pela
dades indicadas pelo Conselho Nacional de Educação.
lei nº 13.168, de 2015)
c) caso a instituição de ensino superior não possua sí- § 2º Os diplomas de graduação expedidos por univer-
tio eletrônico, deve criar página específica para divulgação sidades estrangeiras serão revalidados por universidades
das informações de que trata esta Lei; (Incluída pela lei nº públicas que tenham curso do mesmo nível e área ou equi-
13.168, de 2015) valente, respeitando-se os acordos internacionais de reci-
d) a página específica deve conter a data completa de procidade ou equiparação.
sua última atualização; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) § 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expe-
II - em toda propaganda eletrônica da instituição de didos por universidades estrangeiras só poderão ser reco-
ensino superior, por meio de ligação para a página referida nhecidos por universidades que possuam cursos de pós-
no inciso I; (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) graduação reconhecidos e avaliados, na mesma área de
III - em local visível da instituição de ensino superior e conhecimento e em nível equivalente ou superior.
de fácil acesso ao público; (Incluído pela lei nº 13.168, de Art. 49. As instituições de educação superior aceitarão
2015) a transferência de alunos regulares, para cursos afins, na
IV - deve ser atualizada semestralmente ou anualmen- hipótese de existência de vagas, e mediante processo se-
te, de acordo com a duração das disciplinas de cada cur- letivo.
so oferecido, observando o seguinte: (Incluído pela lei nº Parágrafo único. As transferências ex officio dar-se-ão
13.168, de 2015) na forma da lei. (Regulamento)
a) caso o curso mantenha disciplinas com duração di- Art. 50. As instituições de educação superior, quando
ferenciada, a publicação deve ser semestral; (Incluída pela da ocorrência de vagas, abrirão matrícula nas disciplinas
lei nº 13.168, de 2015) de seus cursos a alunos não regulares que demonstrarem
b) a publicação deve ser feita até 1 (um) mês antes do capacidade de cursá-las com proveito, mediante processo
início das aulas; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) seletivo prévio.
c) caso haja mudança na grade do curso ou no corpo Art. 51. As instituições de educação superior creden-
docente até o início das aulas, os alunos devem ser comu- ciadas como universidades, ao deliberar sobre critérios e
nicados sobre as alterações; (Incluída pela lei nº 13.168, de normas de seleção e admissão de estudantes, levarão em
2015) conta os efeitos desses critérios sobre a orientação do en-
V - deve conter as seguintes informações: (Incluído sino médio, articulando-se com os órgãos normativos dos
pela lei nº 13.168, de 2015) sistemas de ensino.

58
Art. 52. As universidades são instituições pluridisci- § 1º No exercício da sua autonomia, além das atribui-
plinares de formação dos quadros profissionais de nível ções asseguradas pelo artigo anterior, as universidades pú-
superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo blicas poderão:
do saber humano, que se caracterizam por: (Regulamento) I - propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e
(Regulamento) administrativo, assim como um plano de cargos e salários,
I - produção intelectual institucionalizada mediante o atendidas as normas gerais pertinentes e os recursos dis-
estudo sistemático dos temas e problemas mais relevantes, poníveis;
tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto regio- II - elaborar o regulamento de seu pessoal em confor-
nal e nacional; midade com as normas gerais concernentes;
II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titu- III - aprovar e executar planos, programas e projetos de
lação acadêmica de mestrado ou doutorado; investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em
III - um terço do corpo docente em regime de tempo geral, de acordo com os recursos alocados pelo respectivo
integral. Poder mantenedor;
Parágrafo único. É facultada a criação de universidades IV - elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais;
especializadas por campo do saber. (Regulamento) (Regu- V - adotar regime financeiro e contábil que atenda às
lamento) suas peculiaridades de organização e funcionamento;
Art. 53. No exercício de sua autonomia, são assegura- VI - realizar operações de crédito ou de financiamento,
das às universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes com aprovação do Poder competente, para aquisição de
atribuições: bens imóveis, instalações e equipamentos;
I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e VII - efetuar transferências, quitações e tomar outras
programas de educação superior previstos nesta Lei, obe- providências de ordem orçamentária, financeira e patrimo-
decendo às normas gerais da União e, quando for o caso, nial necessárias ao seu bom desempenho.
do respectivo sistema de ensino; (Regulamento) § 2º Atribuições de autonomia universitária poderão
II - fixar os currículos dos seus cursos e programas, ob- ser estendidas a instituições que comprovem alta qualifica-
servadas as diretrizes gerais pertinentes; ção para o ensino ou para a pesquisa, com base em avalia-
III - estabelecer planos, programas e projetos de pes- ção realizada pelo Poder Público.
quisa científica, produção artística e atividades de extensão; Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em seu
IV - fixar o número de vagas de acordo com a capaci- Orçamento Geral, recursos suficientes para manutenção e
dade institucional e as exigências do seu meio; desenvolvimento das instituições de educação superior por
V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos ela mantidas.
em consonância com as normas gerais atinentes; Art. 56. As instituições públicas de educação superior
VI - conferir graus, diplomas e outros títulos; obedecerão ao princípio da gestão democrática, assegura-
VII - firmar contratos, acordos e convênios; da a existência de órgãos colegiados deliberativos, de que
VIII - aprovar e executar planos, programas e projetos participarão os segmentos da comunidade institucional,
de investimentos referentes a obras, serviços e aquisições local e regional.
em geral, bem como administrar rendimentos conforme Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocu-
dispositivos institucionais; parão setenta por cento dos assentos em cada órgão co-
IX - administrar os rendimentos e deles dispor na for- legiado e comissão, inclusive nos que tratarem da elabora-
ma prevista no ato de constituição, nas leis e nos respecti- ção e modificações estatutárias e regimentais, bem como
vos estatutos; da escolha de dirigentes.
X - receber subvenções, doações, heranças, legados e Art. 57. Nas instituições públicas de educação superior,
cooperação financeira resultante de convênios com entida- o professor ficará obrigado ao mínimo de oito horas sema-
des públicas e privadas. nais de aulas. (Regulamento)
Parágrafo único. Para garantir a autonomia didático-
científica das universidades, caberá aos seus colegiados de CAPÍTULO V
ensino e pesquisa decidir, dentro dos recursos orçamentá- DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
rios disponíveis, sobre:
I - criação, expansão, modificação e extinção de cursos; Art. 58. Entende-se por educação especial, para os
II - ampliação e diminuição de vagas; efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar ofe-
III - elaboração da programação dos cursos; recida preferencialmente na rede regular de ensino, para
IV - programação das pesquisas e das atividades de educandos com deficiência, transtornos globais do desen-
extensão; volvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação
V - contratação e dispensa de professores; dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
VI - planos de carreira docente. § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio es-
Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público pecializado, na escola regular, para atender às peculiarida-
gozarão, na forma da lei, de estatuto jurídico especial para des da clientela de educação especial.
atender às peculiaridades de sua estrutura, organização e § 2º O atendimento educacional será feito em classes,
financiamento pelo Poder Público, assim como dos seus escolas ou serviços especializados, sempre que, em função
planos de carreira e do regime jurídico do seu pessoal. (Re- das condições específicas dos alunos, não for possível a sua
gulamento) (Regulamento) integração nas classes comuns de ensino regular.

59
§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucio- I – professores habilitados em nível médio ou superior
nal do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, para a docência na educação infantil e nos ensinos funda-
durante a educação infantil. mental e médio; (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009)
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos edu- II – trabalhadores em educação portadores de diploma
candos com deficiência, transtornos globais do desenvolvi- de pedagogia, com habilitação em administração, planeja-
mento e altas habilidades ou superdotação: (Redação dada mento, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem
pela Lei nº 12.796, de 2013) como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e áreas; (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009)
organização específicos, para atender às suas necessida- III – trabalhadores em educação, portadores de diplo-
des; ma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou
II - terminalidade específica para aqueles que não pu- afim. (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009)
derem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos
fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos
para concluir em menor tempo o programa escolar para os de áreas afins à sua formação ou experiência profissional,
superdotados; atestados por titulação específica ou prática de ensino em
III - professores com especialização adequada em nível unidades educacionais da rede pública ou privada ou das
médio ou superior, para atendimento especializado, bem corporações privadas em que tenham atuado, exclusiva-
como professores do ensino regular capacitados para a in- mente para atender ao inciso V do caput do art. 36; (Incluí-
tegração desses educandos nas classes comuns; do pela lei nº 13.415, de 2017)
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua V - profissionais graduados que tenham feito comple-
efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condi- mentação pedagógica, conforme disposto pelo Conselho
ções adequadas para os que não revelarem capacidade Nacional de Educação. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação Parágrafo único. A formação dos profissionais da edu-
com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que cação, de modo a atender às especificidades do exercício
apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, in- de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes
telectual ou psicomotora; etapas e modalidades da educação básica, terá como fun-
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas so- damentos: (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009)
ciais suplementares disponíveis para o respectivo nível do
I – a presença de sólida formação básica, que propi-
ensino regular.
cie o conhecimento dos fundamentos científicos e sociais
Art. 59-A. O poder público deverá instituir cadastro
de suas competências de trabalho; (Incluído pela Lei nº
nacional de alunos com altas habilidades ou superdotação
matriculados na educação básica e na educação superior, a 12.014, de 2009)
fim de fomentar a execução de políticas públicas destina- II – a associação entre teorias e práticas, mediante es-
das ao desenvolvimento pleno das potencialidades desse tágios supervisionados e capacitação em serviço; (Incluído
alunado. (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015) pela Lei nº 12.014, de 2009)
Parágrafo único. A identificação precoce de alunos com III – o aproveitamento da formação e experiências an-
altas habilidades ou superdotação, os critérios e procedi- teriores, em instituições de ensino e em outras atividades.
mentos para inclusão no cadastro referido no caput deste (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009)
artigo, as entidades responsáveis pelo cadastramento, os Art. 62. A formação de docentes para atuar na educa-
mecanismos de acesso aos dados do cadastro e as políti- ção básica far-se-á em nível superior, em curso de licen-
cas de desenvolvimento das potencialidades do alunado ciatura plena, admitida, como formação mínima para o
de que trata o caput serão definidos em regulamento. exercício do magistério na educação infantil e nos cinco
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em ní-
estabelecerão critérios de caracterização das instituições vel médio, na modalidade normal. (Redação dada pela lei
privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação nº 13.415, de 2017)
exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico § 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Mu-
e financeiro pelo Poder Público. nicípios, em regime de colaboração, deverão promover a
Parágrafo único. O poder público adotará, como alter- formação inicial, a continuada e a capacitação dos profis-
nativa preferencial, a ampliação do atendimento aos edu- sionais de magistério. (Incluído pela Lei nº 12.056, de 2009).
candos com deficiência, transtornos globais do desenvolvi- § 2º A formação continuada e a capacitação dos pro-
mento e altas habilidades ou superdotação na própria rede fissionais de magistério poderão utilizar recursos e tecno-
pública regular de ensino, independentemente do apoio às logias de educação a distância. (Incluído pela Lei nº 12.056,
instituições previstas neste artigo. (Redação dada pela Lei de 2009).
nº 12.796, de 2013) § 3º A formação inicial de profissionais de magistério
dará preferência ao ensino presencial, subsidiariamente fa-
TÍTULO VI zendo uso de recursos e tecnologias de educação a distân-
Dos Profissionais da Educação cia. (Incluído pela Lei nº 12.056, de 2009).
§ 4o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Mu-
Art. 61. Consideram-se profissionais da educação esco- nicípios adotarão mecanismos facilitadores de acesso e
lar básica os que, nela estando em efetivo exercício e ten- permanência em cursos de formação de docentes em nível
do sido formados em cursos reconhecidos, são: (Redação superior para atuar na educação básica pública. (Incluído
dada pela Lei nº 12.014, de 2009) pela Lei nº 12.796, de 2013)

60
§ 5o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municí- I - ingresso exclusivamente por concurso público de
pios incentivarão a formação de profissionais do magistério provas e títulos;
para atuar na educação básica pública mediante programa II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive
institucional de bolsa de iniciação à docência a estudantes com licenciamento periódico remunerado para esse fim;
matriculados em cursos de licenciatura, de graduação ple- III - piso salarial profissional;
na, nas instituições de educação superior. (Incluído pela Lei IV - progressão funcional baseada na titulação ou habi-
nº 12.796, de 2013) litação, e na avaliação do desempenho;
§ 6o O Ministério da Educação poderá estabelecer nota V - período reservado a estudos, planejamento e ava-
mínima em exame nacional aplicado aos concluintes do liação, incluído na carga de trabalho;
ensino médio como pré-requisito para o ingresso em cur- VI - condições adequadas de trabalho.
sos de graduação para formação de docentes, ouvido o § 1o A experiência docente é pré-requisito para o exer-
Conselho Nacional de Educação - CNE. (Incluído pela Lei nº cício profissional de quaisquer outras funções de magis-
12.796, de 2013) tério, nos termos das normas de cada sistema de ensino.
§ 7o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) (Renumerado pela Lei nº 11.301, de 2006)
§ 8o Os currículos dos cursos de formação de docen- § 2o Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e
tes terão por referência a Base Nacional Comum Curricular. no § 8o do art. 201 da Constituição Federal, são conside-
(Incluído pela lei nº 13.415, de 2017) (Vide Lei nº 13.415, radas funções de magistério as exercidas por professores
de 2017) e especialistas em educação no desempenho de ativida-
Art. 62-A. A formação dos profissionais a que se refere des educativas, quando exercidas em estabelecimento de
o inciso III do art. 61 far-se-á por meio de cursos de con- educação básica em seus diversos níveis e modalidades,
teúdo técnico-pedagógico, em nível médio ou superior, incluídas, além do exercício da docência, as de direção de
incluindo habilitações tecnológicas. (Incluído pela Lei nº unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pe-
12.796, de 2013) dagógico. (Incluído pela Lei nº 11.301, de 2006)
Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada § 3o A União prestará assistência técnica aos Estados,
para os profissionais a que se refere o caput, no local de ao Distrito Federal e aos Municípios na elaboração de con-
trabalho ou em instituições de educação básica e superior, cursos públicos para provimento de cargos dos profissio-
incluindo cursos de educação profissional, cursos superio- nais da educação. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
res de graduação plena ou tecnológicos e de pós-gradua-
TÍTULO VII
ção. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
Dos Recursos financeiros
Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão:
(Regulamento)
Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação
I - cursos formadores de profissionais para a educa-
os originários de:
ção básica, inclusive o curso normal superior, destinado à I - receita de impostos próprios da União, dos Estados,
formação de docentes para a educação infantil e para as do Distrito Federal e dos Municípios;
primeiras séries do ensino fundamental; II - receita de transferências constitucionais e outras
II - programas de formação pedagógica para porta- transferências;
dores de diplomas de educação superior que queiram se III - receita do salário-educação e de outras contribui-
dedicar à educação básica; ções sociais;
III - programas de educação continuada para os profis- IV - receita de incentivos fiscais;
sionais de educação dos diversos níveis. V - outros recursos previstos em lei.
Art. 64. A formação de profissionais de educação para Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de
administração, planejamento, inspeção, supervisão e orien- dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
tação educacional para a educação básica, será feita em vinte e cinco por cento, ou o que consta nas respectivas
cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós- Constituições ou Leis Orgânicas, da receita resultante de
graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, impostos, compreendidas as transferências constitucionais,
nesta formação, a base comum nacional. na manutenção e desenvolvimento do ensino público.
Art. 65. A formação docente, exceto para a educação § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida
superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezen- pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municí-
tas horas. pios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não será
Art. 66. A preparação para o exercício do magistério considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo,
superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritaria- receita do governo que a transferir.
mente em programas de mestrado e doutorado. § 2º Serão consideradas excluídas das receitas de im-
Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por uni- postos mencionadas neste artigo as operações de crédito
versidade com curso de doutorado em área afim, poderá por antecipação de receita orçamentária de impostos.
suprir a exigência de título acadêmico. § 3º Para fixação inicial dos valores correspondentes
Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valoriza- aos mínimos estatuídos neste artigo, será considerada a re-
ção dos profissionais da educação, assegurando-lhes, in- ceita estimada na lei do orçamento anual, ajustada, quan-
clusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do for o caso, por lei que autorizar a abertura de créditos
do magistério público: adicionais, com base no eventual excesso de arrecadação.

61
§ 4º As diferenças entre a receita e a despesa previstas Art. 73. Os órgãos fiscalizadores examinarão, priorita-
e as efetivamente realizadas, que resultem no não atendi- riamente, na prestação de contas de recursos públicos, o
mento dos percentuais mínimos obrigatórios, serão apu- cumprimento do disposto no art. 212 da Constituição Fe-
radas e corrigidas a cada trimestre do exercício financeiro. deral, no art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais
§ 5º O repasse dos valores referidos neste artigo do Transitórias e na legislação concernente.
caixa da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- Art. 74. A União, em colaboração com os Estados, o
nicípios ocorrerá imediatamente ao órgão responsável pela Distrito Federal e os Municípios, estabelecerá padrão mí-
educação, observados os seguintes prazos: nimo de oportunidades educacionais para o ensino fun-
I - recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia de damental, baseado no cálculo do custo mínimo por aluno,
cada mês, até o vigésimo dia; capaz de assegurar ensino de qualidade.
II - recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigé- Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este ar-
simo dia de cada mês, até o trigésimo dia; tigo será calculado pela União ao final de cada ano, com
III - recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao
validade para o ano subsequente, considerando variações
final de cada mês, até o décimo dia do mês subsequente.
regionais no custo dos insumos e as diversas modalidades
§ 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos a cor-
de ensino.
reção monetária e à responsabilização civil e criminal das
Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da União e dos
autoridades competentes.
Estados será exercida de modo a corrigir, progressivamen-
Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e de-
senvolvimento do ensino as despesas realizadas com vistas te, as disparidades de acesso e garantir o padrão mínimo
à consecução dos objetivos básicos das instituições edu- de qualidade de ensino.
cacionais de todos os níveis, compreendendo as que se § 1º A ação a que se refere este artigo obedecerá a
destinam a: fórmula de domínio público que inclua a capacidade de
I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docen- atendimento e a medida do esforço fiscal do respectivo
te e demais profissionais da educação; Estado, do Distrito Federal ou do Município em favor da
II - aquisição, manutenção, construção e conservação manutenção e do desenvolvimento do ensino.
de instalações e equipamentos necessários ao ensino; § 2º A capacidade de atendimento de cada governo
III – uso e manutenção de bens e serviços vinculados será definida pela razão entre os recursos de uso constitu-
ao ensino; cionalmente obrigatório na manutenção e desenvolvimen-
IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas vi- to do ensino e o custo anual do aluno, relativo ao padrão
sando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e à mínimo de qualidade.
expansão do ensino; § 3º Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e
V - realização de atividades-meio necessárias ao fun- 2º, a União poderá fazer a transferência direta de recursos
cionamento dos sistemas de ensino; a cada estabelecimento de ensino, considerado o número
VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas de alunos que efetivamente frequentam a escola.
públicas e privadas; § 4º A ação supletiva e redistributiva não poderá ser
VII - amortização e custeio de operações de crédito exercida em favor do Distrito Federal, dos Estados e dos
destinadas a atender ao disposto nos incisos deste artigo; Municípios se estes oferecerem vagas, na área de ensino
VIII - aquisição de material didático-escolar e manu- de sua responsabilidade, conforme o inciso VI do art. 10
tenção de programas de transporte escolar. e o inciso V do art. 11 desta Lei, em número inferior à sua
Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e capacidade de atendimento.
desenvolvimento do ensino aquelas realizadas com: Art. 76. A ação supletiva e redistributiva prevista no ar-
I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de
tigo anterior ficará condicionada ao efetivo cumprimento
ensino, ou, quando efetivada fora dos sistemas de ensino,
pelos Estados, Distrito Federal e Municípios do disposto
que não vise, precipuamente, ao aprimoramento de sua
nesta Lei, sem prejuízo de outras prescrições legais.
qualidade ou à sua expansão;
II - subvenção a instituições públicas ou privadas de Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às esco-
caráter assistencial, desportivo ou cultural; las públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias,
III - formação de quadros especiais para a administra- confessionais ou filantrópicas que:
ção pública, sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos; I - comprovem finalidade não-lucrativa e não distri-
IV - programas suplementares de alimentação, assis- buam resultados, dividendos, bonificações, participações
tência médico-odontológica, farmacêutica e psicológica, e ou parcela de seu patrimônio sob nenhuma forma ou pre-
outras formas de assistência social; texto;
V - obras de infra-estrutura, ainda que realizadas para II - apliquem seus excedentes financeiros em educação;
beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar; III - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra
VI - pessoal docente e demais trabalhadores da educa- escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Po-
ção, quando em desvio de função ou em atividade alheia à der Público, no caso de encerramento de suas atividades;
manutenção e desenvolvimento do ensino. IV - prestem contas ao Poder Público dos recursos re-
Art. 72. As receitas e despesas com manutenção e de- cebidos.
senvolvimento do ensino serão apuradas e publicadas nos § 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser
balanços do Poder Público, assim como nos relatórios a destinados a bolsas de estudo para a educação básica, na
que se refere o § 3º do art. 165 da Constituição Federal. forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de

62
recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares § 1º A educação a distância, organizada com abertura
da rede pública de domicílio do educando, ficando o Poder e regime especiais, será oferecida por instituições especifi-
Público obrigado a investir prioritariamente na expansão camente credenciadas pela União.
da sua rede local. § 2º A União regulamentará os requisitos para a reali-
§ 2º As atividades universitárias de pesquisa e extensão zação de exames e registro de diploma relativos a cursos
poderão receber apoio financeiro do Poder Público, inclu- de educação a distância.
sive mediante bolsas de estudo. § 3º As normas para produção, controle e avaliação de
programas de educação a distância e a autorização para
TÍTULO VIII sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de
Das Disposições Gerais ensino, podendo haver cooperação e integração entre os
diferentes sistemas. (Regulamento)
Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colabo- § 4º A educação a distância gozará de tratamento dife-
ração das agências federais de fomento à cultura e de as- renciado, que incluirá:
sistência aos índios, desenvolverá programas integrados de I - custos de transmissão reduzidos em canais comer-
ensino e pesquisa, para oferta de educação escolar bilíngue ciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens e em ou-
e intercultural aos povos indígenas, com os seguintes ob- tros meios de comunicação que sejam explorados median-
jetivos: te autorização, concessão ou permissão do poder público;
I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, (Redação dada pela Lei nº 12.603, de 2012)
a recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação II - concessão de canais com finalidades exclusivamen-
de suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas te educativas;
e ciências; III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder
II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o Público, pelos concessionários de canais comerciais.
acesso às informações, conhecimentos técnicos e científi- Art. 81. É permitida a organização de cursos ou insti-
cos da sociedade nacional e demais sociedades indígenas tuições de ensino experimentais, desde que obedecidas as
e não-índias. disposições desta Lei.
Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente os Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão as nor-
sistemas de ensino no provimento da educação intercultu- mas de realização de estágio em sua jurisdição, observa-
ral às comunidades indígenas, desenvolvendo programas da a lei federal sobre a matéria. (Redação dada pela Lei nº
integrados de ensino e pesquisa. 11.788, de 2008)
§ 1º Os programas serão planejados com audiência das Art. 83. O ensino militar é regulado em lei específica,
comunidades indígenas. admitida a equivalência de estudos, de acordo com as nor-
§ 2º Os programas a que se refere este artigo, incluí- mas fixadas pelos sistemas de ensino.
dos nos Planos Nacionais de Educação, terão os seguintes Art. 84. Os discentes da educação superior poderão ser
objetivos: aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas res-
I - fortalecer as práticas sócio-culturais e a língua ma- pectivas instituições, exercendo funções de monitoria, de
terna de cada comunidade indígena; acordo com seu rendimento e seu plano de estudos.
II - manter programas de formação de pessoal espe- Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a titulação
cializado, destinado à educação escolar nas comunidades própria poderá exigir a abertura de concurso público de
indígenas; provas e títulos para cargo de docente de instituição públi-
III - desenvolver currículos e programas específicos, ca de ensino que estiver sendo ocupado por professor não
neles incluindo os conteúdos culturais correspondentes às concursado, por mais de seis anos, ressalvados os direitos
respectivas comunidades; assegurados pelos arts. 41 da Constituição Federal e 19 do
IV - elaborar e publicar sistematicamente material di- Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
dático específico e diferenciado. Art. 86. As instituições de educação superior constituí-
§ 3o No que se refere à educação superior, sem prejuízo das como universidades integrar-se-ão, também, na sua
de outras ações, o atendimento aos povos indígenas efe- condição de instituições de pesquisa, ao Sistema Nacional
tivar-se-á, nas universidades públicas e privadas, mediante de Ciência e Tecnologia, nos termos da legislação especí-
a oferta de ensino e de assistência estudantil, assim como fica.
de estímulo à pesquisa e desenvolvimento de programas
especiais. (Incluído pela Lei nº 12.416, de 2011) TÍTULO IX
Art. 79-A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.639, de Das Disposições Transitórias
9.1.2003)
Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de no- Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se
vembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’. (Incluí- um ano a partir da publicação desta Lei.
do pela Lei nº 10.639, de 9.1.2003) § 1º A União, no prazo de um ano a partir da publica-
Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimen- ção desta Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o Pla-
to e a veiculação de programas de ensino a distância, em no Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os
todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial
continuada. (Regulamento) sobre Educação para Todos.

63
a) (Revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.274, de
2006)
b) (Revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.274, de LEI FEDERAL Nº 8.069, DE
2006)
c) (Revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 13/07/90 – DISPÕE SOBRE O
2006) ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
II - prover cursos presenciais ou a distância aos jovens ADOLESCENTE.
e adultos insuficientemente escolarizados;
III - realizar programas de capacitação para todos os
professores em exercício, utilizando também, para isto, os
recursos da educação a distância; LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.
IV - integrar todos os estabelecimentos de ensino fun-
damental do seu território ao sistema nacional de avaliação Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e
do rendimento escolar. dá outras providências.
§ 5º Serão conjugados todos os esforços objetivando a
progressão das redes escolares públicas urbanas de ensino
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o
fundamental para o regime de escolas de tempo integral.
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
§ 6º A assistência financeira da União aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios, bem como a dos Estados
Título I
aos seus Municípios, ficam condicionadas ao cumprimen-
Das Disposições Preliminares
to do art. 212 da Constituição Federal e dispositivos legais
pertinentes pelos governos beneficiados.
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à
Art. 87-A. (VETADO). (Incluído pela lei nº 12.796, de
criança e ao adolescente.
2013) Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei,
Art. 88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescen-
nicípios adaptarão sua legislação educacional e de ensino te aquela entre doze e dezoito anos de idade.
às disposições desta Lei no prazo máximo de um ano, a Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se
partir da data de sua publicação. (Regulamento) (Regula- excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e
mento) vinte e um anos de idade.
§ 1º As instituições educacionais adaptarão seus esta- Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os
tutos e regimentos aos dispositivos desta Lei e às normas direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem
dos respectivos sistemas de ensino, nos prazos por estes prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, asse-
estabelecidos. gurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as
§ 2º O prazo para que as universidades cumpram o dis- oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o de-
posto nos incisos II e III do art. 52 é de oito anos. senvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em
Art. 89. As creches e pré-escolas existentes ou que ve- condições de liberdade e de dignidade.
nham a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei apli-
da publicação desta Lei, integrar-se ao respectivo sistema cam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discrimina-
de ensino. ção de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, et-
Art. 90. As questões suscitadas na transição entre o nia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal
regime anterior e o que se institui nesta Lei serão resol- de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica,
vidas pelo Conselho Nacional de Educação ou, mediante ambiente social, região e local de moradia ou outra condi-
delegação deste, pelos órgãos normativos dos sistemas de ção que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade
ensino, preservada a autonomia universitária. em que vivem. (incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- Art. 4º É dever da família, da comunidade, da socie-
cação. dade em geral e do poder público assegurar, com abso-
Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis nºs 4.024, luta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida,
de 20 de dezembro de 1961, e 5.540, de 28 de novembro à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer,
de 1968, não alteradas pelas Leis nºs 9.131, de 24 de no- à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
vembro de 1995 e 9.192, de 21 de dezembro de 1995 e, liberdade e à convivência familiar e comunitária.
ainda, as Leis nºs 5.692, de 11 de agosto de 1971 e 7.044, Parágrafo único. A garantia de prioridade compreen-
de 18 de outubro de 1982, e as demais leis e decretos-lei de:
que as modificaram e quaisquer outras disposições em a) primazia de receber proteção e socorro em quais-
contrário. quer circunstâncias;
Brasília, 20 de dezembro de 1996; 175º da Indepen- b) precedência de atendimento nos serviços públicos
dência e 108º da República. ou de relevância pública;
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO c) preferência na formulação e na execução das políti-
cas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas
áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
64
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de esti-
de qualquer forma de negligência, discriminação, explora- mular o desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela
ção, violência, crueldade e opressão, punido na forma da Lei nº 13.257, de 2016)
lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direi- § 8o A gestante tem direito a acompanhamento saudá-
tos fundamentais. vel durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso,
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em con- estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras inter-
ta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem venções cirúrgicas por motivos médicos. (Incluído pela Lei
comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a nº 13.257, de 2016)
condição peculiar da criança e do adolescente como pes- § 9o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da
soas em desenvolvimento. gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de
pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às
Título II consultas pós-parto. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Dos Direitos Fundamentais § 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e
Capítulo I à mulher com filho na primeira infância que se encontrem
sob custódia em unidade de privação de liberdade, am-
Do Direito à Vida e à Saúde
biência que atenda às normas sanitárias e assistenciais do
Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção
articulação com o sistema de ensino competente, visando
à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais ao desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela Lei
públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento nº 13.257, de 2016)
sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. Art. 9º O poder público, as instituições e os empre-
Art. 8o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos gadores propiciarão condições adequadas ao aleitamento
programas e às políticas de saúde da mulher e de plane- materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a medida
jamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, privativa de liberdade.
atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério § 1o Os profissionais das unidades primárias de saúde
e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas,
âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação dada pela Lei visando ao planejamento, à implementação e à avaliação
nº 13.257, de 2016) de ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento
§ 1o O atendimento pré-natal será realizado por pro- materno e à alimentação complementar saudável, de for-
fissionais da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº ma contínua. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
13.257, de 2016) § 2o Os serviços de unidades de terapia intensiva neo-
§ 2o Os profissionais de saúde de referência da gestante natal deverão dispor de banco de leite humano ou unidade
garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, de coleta de leite humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de
ao estabelecimento em que será realizado o parto, garan- 2016)
tido o direito de opção da mulher. (Redação dada pela Lei Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de
nº 13.257, de 2016) atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são
§ 3o Os serviços de saúde onde o parto for realizado obrigados a:
assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos I - manter registro das atividades desenvolvidas, atra-
alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção vés de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;
primária, bem como o acesso a outros serviços e a gru- II - identificar o recém-nascido mediante o registro
pos de apoio à amamentação. (Redação dada pela Lei nº de sua impressão plantar e digital e da impressão digital
da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela
13.257, de 2016)
autoridade administrativa competente;
§ 4o Incumbe ao poder público proporcionar assis-
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e tera-
tência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e
pêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nas-
pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as cido, bem como prestar orientação aos pais;
consequências do estado puerperal. (Incluído pela Lei nº IV - fornecer declaração de nascimento onde constem
12.010, de 2009) Vigência necessariamente as intercorrências do parto e do desen-
§ 5o A assistência referida no § 4o deste artigo deverá volvimento do neonato;
ser prestada também a gestantes e mães que manifestem V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao
interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como neonato a permanência junto à mãe.
a gestantes e mães que se encontrem em situação de pri- Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cui-
vação de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de dado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por
2016) intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o prin-
§ 6o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) cípio da equidade no acesso a ações e serviços para pro-
acompanhante de sua preferência durante o período do moção, proteção e recuperação da saúde. (Redação dada
pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato. pela Lei nº 13.257, de 2016)
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) § 1o A criança e o adolescente com deficiência serão
§ 7o A gestante deverá receber orientação sobre alei- atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas ne-
tamento materno, alimentação complementar saudável e cessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e
crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre reabilitação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)

65
§ 2o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, § 4o A criança com necessidade de cuidados odontoló-
àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próte- gicos especiais será atendida pelo Sistema Único de Saúde.
ses e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de
acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas neces- Capítulo II
sidades específicas. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
2016)
§ 3o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberda-
frequente de crianças na primeira infância receberão for- de, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em
mação específica e permanente para a detecção de sinais processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos
de risco para o desenvolvimento psíquico, bem como para civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas
o acompanhamento que se fizer necessário. (Incluído pela leis.
Lei nº 13.257, de 2016) Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, aspectos:
inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços
cuidados intermediários, deverão proporcionar condições comunitários, ressalvadas as restrições legais;
para a permanência em tempo integral de um dos pais ou II - opinião e expressão;
responsável, nos casos de internação de criança ou adoles- III - crença e culto religioso;
cente. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo V - participar da vida familiar e comunitária, sem dis-
físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos criminação;
VI - participar da vida política, na forma da lei;
contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente co-
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
municados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade,
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabili-
sem prejuízo de outras providências legais. (Redação dada
dade da integridade física, psíquica e moral da criança e
pela Lei nº 13.010, de 2014)
do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da
§ 1o As gestantes ou mães que manifestem interesse
identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças,
em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamen-
dos espaços e objetos pessoais.
te encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infân-
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da crian-
cia e da Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
ça e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tra-
§ 2o Os serviços de saúde em suas diferentes portas de
tamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
entrada, os serviços de assistência social em seu compo- constrangedor.
nente especializado, o Centro de Referência Especializado Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de
de Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Siste- ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de
ma de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente tratamento cruel ou degradante, como formas de corre-
deverão conferir máxima prioridade ao atendimento das ção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pe-
crianças na faixa etária da primeira infância com suspeita los pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos res-
ou confirmação de violência de qualquer natureza, formu- ponsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas
lando projeto terapêutico singular que inclua intervenção socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de
em rede e, se necessário, acompanhamento domiciliar. (In- cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. (Incluído
cluído pela Lei nº 13.257, de 2016) pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá progra- Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se:
mas de assistência médica e odontológica para a preven- (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
ção das enfermidades que ordinariamente afetam a popu- I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou puni-
lação infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, tiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou
educadores e alunos. o adolescente que resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010,
§ 1o É obrigatória a vacinação das crianças nos casos de 2014)
recomendados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de
do parágrafo único pela Lei nº 13.257, de 2016) 2014)
§ 2o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma trans- II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma
versal, integral e intersetorial com as demais linhas de cui- cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescen-
dado direcionadas à mulher e à criança. (Incluído pela Lei te que: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
nº 13.257, de 2016) a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
§ 3o A atenção odontológica à criança terá função edu- b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº 13.010,
cativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o de 2014)
bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, e, c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos de Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada,
vida, com orientações sobre saúde bucal. (Incluído pela Lei os responsáveis, os agentes públicos executores de medi-
nº 13.257, de 2016) das socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de

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cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casa-
ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento mento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e quali-
cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, ficações, proibidas quaisquer designações discriminatórias
educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem relativas à filiação.
prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade
que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispu-
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) ser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciá-
de proteção à família; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) ria competente para a solução da divergência. (Expressão
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psi- substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
quiátrico; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guar-
III - encaminhamento a cursos ou programas de orien- da e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no
tação; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento determinações judiciais.
especializado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis,
V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compar-
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo se- tilhados no cuidado e na educação da criança, devendo
rão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas
providências legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) crenças e culturas, assegurados os direitos da criança esta-
belecidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Capítulo III Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não
Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão
Seção I do poder familiar. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010,
Disposições Gerais de 2009) Vigência
§ 1o Não existindo outro motivo que por si só autorize
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado a decretação da medida, a criança ou o adolescente será
e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em mantido em sua família de origem, a qual deverá obriga-
família substituta, assegurada a convivência familiar e co- toriamente ser incluída em serviços e programas oficiais
munitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento de proteção, apoio e promoção. (Redação dada pela Lei nº
integral. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) 13.257, de 2016)
§ 1o Toda criança ou adolescente que estiver inserido § 2o A condenação criminal do pai ou da mãe não impli-
em programa de acolhimento familiar ou institucional terá cará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de
condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão,
sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses,
contra o próprio filho ou filha. (Incluído pela Lei nº 12.962,
devendo a autoridade judiciária competente, com base em
de 2014)
relatório elaborado por equipe interprofissional ou multi-
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão
disciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibi-
decretadas judicialmente, em procedimento contraditório,
lidade de reintegração familiar ou colocação em família
nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipó-
substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art.
tese de descumprimento injustificado dos deveres e obri-
28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
gações a que alude o art. 22. (Expressão substituída pela Lei
§ 2o A permanência da criança e do adolescente em
nº 12.010, de 2009) Vigência
programa de acolhimento institucional não se prolongará
por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade Seção II
que atenda ao seu superior interesse, devidamente funda- Da Família Natural
mentada pela autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade
§ 3o A manutenção ou a reintegração de criança ou formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.
adolescente à sua família terá preferência em relação a (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
qualquer outra providência, caso em que será esta incluída Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou
em serviços e programas de proteção, apoio e promoção, ampliada aquela que se estende para além da unidade
nos termos do § 1o do art. 23, dos incisos I e IV do caput do pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes
art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. próximos com os quais a criança ou adolescente convive e
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) mantém vínculos de afinidade e afetividade. (Incluído pela
§ 4o Será garantida a convivência da criança e do adoles- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
cente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão
visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipó- ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente,
teses de acolhimento institucional, pela entidade responsável, no próprio termo de nascimento, por testamento, median-
independentemente de autorização judicial. (Incluído pela Lei te escritura ou outro documento público, qualquer que
nº 12.962, de 2014) seja a origem da filiação.

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Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão
nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se dei- federal responsável pela política indigenista, no caso de
xar descendentes. crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, pe-
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é di- rante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá
reito personalíssimo, indisponível e imprescritível, poden- acompanhar o caso. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
do ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem Vigência
qualquer restrição, observado o segredo de Justiça. Art. 29. Não se deferirá colocação em família substitu-
ta a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibili-
Seção III dade com a natureza da medida ou não ofereça ambiente
Da Família Substituta familiar adequado.
Subseção I Art. 30. A colocação em família substituta não admi-
Disposições Gerais tirá transferência da criança ou adolescente a terceiros ou
a entidades governamentais ou não-governamentais, sem
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á me- autorização judicial.
diante guarda, tutela ou adoção, independentemente da Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira
situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos constitui medida excepcional, somente admissível na mo-
desta Lei. dalidade de adoção.
§ 1o Sempre que possível, a criança ou o adolescente Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável
será previamente ouvido por equipe interprofissional, res- prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o
peitado seu estágio de desenvolvimento e grau de com- encargo, mediante termo nos autos.
preensão sobre as implicações da medida, e terá sua opi-
nião devidamente considerada. (Redação dada pela Lei nº Subseção II
12.010, de 2009) Vigência Da Guarda
§ 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade,
será necessário seu consentimento, colhido em audiência. Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência material, moral e educacional à criança ou adolescente,
§ 3o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros,
grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afetivi- inclusive aos pais. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
dade, a fim de evitar ou minorar as consequências decor- § 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato,
rentes da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos pro-
Vigência cedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por
§ 4o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, estrangeiros.
tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a § 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos
comprovada existência de risco de abuso ou outra situação casos de tutela e adoção, para atender a situações pecu-
que justifique plenamente a excepcionalidade de solução liares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável,
diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompi- podendo ser deferido o direito de representação para a
mento definitivo dos vínculos fraternais. (Incluído pela Lei prática de atos determinados.
nº 12.010, de 2009) Vigência § 3º A guarda confere à criança ou adolescente a con-
§ 5o A colocação da criança ou adolescente em famí- dição de dependente, para todos os fins e efeitos de direi-
lia substituta será precedida de sua preparação gradativa e to, inclusive previdenciários.
acompanhamento posterior, realizados pela equipe inter- § 4o Salvo expressa e fundamentada determinação em
profissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando
preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis a medida for aplicada em preparação para adoção, o de-
pela execução da política municipal de garantia do direito ferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros
à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, as-
Vigência sim como o dever de prestar alimentos, que serão objeto
§ 6o Em se tratando de criança ou adolescente indíge- de regulamentação específica, a pedido do interessado ou
na ou proveniente de comunidade remanescente de qui- do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
lombo, é ainda obrigatório: (Incluído pela Lei nº 12.010, de Vigência
2009) Vigência Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assis-
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identi- tência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento,
dade social e cultural, os seus costumes e tradições, bem sob a forma de guarda, de criança ou adolescente afastado
como suas instituições, desde que não sejam incompatíveis do convívio familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
com os direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e 2009) Vigência
pela Constituição Federal; (Incluído pela Lei nº 12.010, de § 1o A inclusão da criança ou adolescente em progra-
2009) Vigência mas de acolhimento familiar terá preferência a seu acolhi-
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no mento institucional, observado, em qualquer caso, o cará-
seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma ter temporário e excepcional da medida, nos termos desta
etnia; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

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§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa ou casal § 2o É vedada a adoção por procuração. (Incluído pela
cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
receber a criança ou adolescente mediante guarda, obser- Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, de-
vado o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei. (Incluído pela zoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guar-
Lei nº 12.010, de 2009) da ou tutela dos adotantes.
§ 3o A União apoiará a implementação de serviços de Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adota-
acolhimento em família acolhedora como política pública, do, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessó-
os quais deverão dispor de equipe que organize o acolhi- rios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e paren-
mento temporário de crianças e de adolescentes em re- tes, salvo os impedimentos matrimoniais.
sidências de famílias selecionadas, capacitadas e acompa- § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho
nhadas que não estejam no cadastro de adoção. (Incluído do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adota-
pela Lei nº 13.257, de 2016) do e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos
§ 4o Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, parentes.
distritais e municipais para a manutenção dos serviços de § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado,
acolhimento em família acolhedora, facultando-se o repas- seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descen-
se de recursos para a própria família acolhedora. (Incluído dentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de
pela Lei nº 13.257, de 2016) vocação hereditária.
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tem- Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos,
po, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministé- independentemente do estado civil. (Redação dada pela
rio Público. Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos
Subseção III do adotando.
Da Tutela § 2o Para adoção conjunta, é indispensável que os ado-
tantes sejam casados civilmente ou mantenham união es-
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, tável, comprovada a estabilidade da família. (Redação dada
a pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos. (Redação pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos
mais velho do que o adotando.
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a
§ 4o Os divorciados, os judicialmente separados e os
prévia decretação da perda ou suspensão do poder fami-
ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto
liar e implica necessariamente o dever de guarda. (Expres-
que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde
são substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
que o estágio de convivência tenha sido iniciado na cons-
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer
tância do período de convivência e que seja comprovada a
documento autêntico, conforme previsto no parágrafo úni-
existência de vínculos de afinidade e afetividade com aque-
co do art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 le não detentor da guarda, que justifiquem a excepciona-
- Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a lidade da concessão. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
abertura da sucessão, ingressar com pedido destinado ao 2009) Vigência
controle judicial do ato, observando o procedimento pre- § 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde que de-
visto nos arts. 165 a 170 desta Lei. (Redação dada pela Lei monstrado efetivo benefício ao adotando, será assegurada
nº 12.010, de 2009) Vigência a guarda compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da
Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão ob- Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil. (Re-
servados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta dação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Lei, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na § 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que,
disposição de última vontade, se restar comprovado que após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no
a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe ou- curso do procedimento, antes de prolatada a sentença.(In-
tra pessoa em melhores condições de assumi-la. (Redação cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos
art. 24. legítimos.
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração
Subseção IV e saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador ado-
Da Adoção tar o pupilo ou o curatelado.
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger- ou do representante legal do adotando.
se-á segundo o disposto nesta Lei. § 1º. O consentimento será dispensado em relação
§ 1o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à à criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos
qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recur- ou tenham sido destituídos do poder familiar. (Expressão
sos de manutenção da criança ou adolescente na família substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 § 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de idade, será também necessário o seu consentimento.

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Art. 46. A adoção será precedida de estágio de con- Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem
vivência com a criança ou adolescente, pelo prazo que a biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo
autoridade judiciária fixar, observadas as peculiaridades do no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes,
caso. após completar 18 (dezoito) anos. (Redação dada pela Lei
§ 1o O estágio de convivência poderá ser dispensado nº 12.010, de 2009) Vigência
se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção po-
adotante durante tempo suficiente para que seja possível derá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoi-
avaliar a conveniência da constituição do vínculo. (Redação to) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistên-
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cia jurídica e psicológica. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
§ 2o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a 2009) Vigência
dispensa da realização do estágio de convivência. (Redação Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o po-
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência der familiar dos pais naturais. (Expressão substituída pela
§ 3o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência, cum- Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada co-
prido no território nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta) marca ou foro regional, um registro de crianças e adoles-
dias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência centes em condições de serem adotados e outro de pes-
§ 4o O estágio de convivência será acompanhado pela soas interessadas na adoção. (Vide Lei nº 12.010, de 2009)
equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e Vigência
da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia
responsáveis pela execução da política de garantia do di- consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministé-
reito à convivência familiar, que apresentarão relatório mi- rio Público.
nucioso acerca da conveniência do deferimento da medi- § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não
da. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer das
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença hipóteses previstas no art. 29.
judicial, que será inscrita no registro civil mediante manda- § 3o A inscrição de postulantes à adoção será prece-
do do qual não se fornecerá certidão. dida de um período de preparação psicossocial e jurídica,
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes orientado pela equipe técnica da Justiça da Infância e da
como pais, bem como o nome de seus ascendentes. Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos res-
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará ponsáveis pela execução da política municipal de garan-
o registro original do adotado. tia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº
§ 3o A pedido do adotante, o novo registro poderá 12.010, de 2009) Vigência
ser lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de § 4o Sempre que possível e recomendável, a prepa-
sua residência. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) ração referida no § 3o deste artigo incluirá o contato com
Vigência crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou insti-
§ 4o Nenhuma observação sobre a origem do ato po- tucional em condições de serem adotados, a ser realizado
derá constar nas certidões do registro. (Redação dada pela sob a orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio dos téc-
§ 5o A sentença conferirá ao adotado o nome do nicos responsáveis pelo programa de acolhimento e pela
adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determi- execução da política municipal de garantia do direito à
nar a modificação do prenome. (Redação dada pela Lei nº convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
12.010, de 2009) Vigência Vigência
§ 6o Caso a modificação de prenome seja requerida § 5o Serão criados e implementados cadastros esta-
pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, obser- duais e nacional de crianças e adolescentes em condições
vado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. (Redação de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados à
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 7o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito § 6o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais
em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese residentes fora do País, que somente serão consultados na
prevista no § 6o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força inexistência de postulantes nacionais habilitados nos ca-
retroativa à data do óbito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de dastros mencionados no § 5o deste artigo. (Incluído pela Lei
2009) Vigência nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 8o O processo relativo à adoção assim como outros a § 7o As autoridades estaduais e federais em matéria
ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se de adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbin-
seu armazenamento em microfilme ou por outros meios, do-lhes a troca de informações e a cooperação mútua,
garantida a sua conservação para consulta a qualquer tem- para melhoria do sistema. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
po. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 2009) Vigência
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de § 8o A autoridade judiciária providenciará, no prazo
adoção em que o adotando for criança ou adolescente de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e
com deficiência ou com doença crônica. (Incluído pela Lei adolescentes em condições de serem adotados que não
nº 12.955, de 2014) tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das

70
pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação à II - que foram esgotadas todas as possibilidades de
adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no § colocação da criança ou adolescente em família substituta
5o deste artigo, sob pena de responsabilidade. (Incluído brasileira, após consulta aos cadastros mencionados no art.
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 50 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 9o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela III - que, em se tratando de adoção de adolescente,
manutenção e correta alimentação dos cadastros, com este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio
posterior comunicação à Autoridade Central Federal Brasi- de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a
leira. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência medida, mediante parecer elaborado por equipe interpro-
§ 10. A adoção internacional somente será deferida se, fissional, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 des-
após consulta ao cadastro de pessoas ou casais habilitados ta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
à adoção, mantido pela Justiça da Infância e da Juventude § 2o Os brasileiros residentes no exterior terão prefe-
na comarca, bem como aos cadastros estadual e nacional rência aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional
referidos no § 5o deste artigo, não for encontrado interessa- de criança ou adolescente brasileiro. (Redação dada pela
do com residência permanente no Brasil. (Incluído pela Lei Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
nº 12.010, de 2009) Vigência § 3o A adoção internacional pressupõe a intervenção
§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interes- das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria
sado em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre de adoção internacional. (Redação dada pela Lei nº 12.010,
que possível e recomendável, será colocado sob guarda de de 2009) Vigência
família cadastrada em programa de acolhimento familiar. Art. 52. A adoção internacional observará o procedi-
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência mento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as se-
§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação cri- guintes adaptações: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
teriosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo 2009) Vigência
Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em ado-
Vigência tar criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pe-
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor dido de habilitação à adoção perante a Autoridade Central
de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previa- em matéria de adoção internacional no país de acolhida,
mente nos termos desta Lei quando: (Incluído pela Lei nº assim entendido aquele onde está situada sua residência
12.010, de 2009) Vigência
habitual; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído
II - se a Autoridade Central do país de acolhida con-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
siderar que os solicitantes estão habilitados e aptos para
II - for formulada por parente com o qual a criança ou
adotar, emitirá um relatório que contenha informações so-
adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade;
bre a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guar-
da legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua
desde que o lapso de tempo de convivência comprove a aptidão para assumir uma adoção internacional; (Incluído
fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja cons- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situações III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará
previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. (Incluído pela Lei o relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a
nº 12.010, de 2009) Vigência Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluído pela Lei nº
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o 12.010, de 2009) Vigência
candidato deverá comprovar, no curso do procedimento, IV - o relatório será instruído com toda a documen-
que preenche os requisitos necessários à adoção, con- tação necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado
forme previsto nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de por equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada
2009) Vigência da legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na de vigência; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domici- V - os documentos em língua estrangeira serão devida-
liado fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Con- mente autenticados pela autoridade consular, observados
venção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção os tratados e convenções internacionais, e acompanhados
das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Inter- da respectiva tradução, por tradutor público juramentado;
nacional, aprovada pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exi-
de 1999
. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência gências e solicitar complementação sobre o estudo psi-
§ 1o A adoção internacional de criança ou adolescen- cossocial do postulante estrangeiro à adoção, já realizado
te brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar no país de acolhida; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
quando restar comprovado: (Redação dada pela Lei nº Vigência
12.010, de 2009) Vigência VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade
I - que a colocação em família substituta é a solução Central Estadual, a compatibilidade da legislação estran-
adequada ao caso concreto; (Incluído pela Lei nº 12.010, de geira com a nacional, além do preenchimento por parte
2009) Vigência dos postulantes à medida dos requisitos objetivos e sub-

71
jetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira,
dispõe esta Lei como da legislação do país de acolhida, a cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas,
será expedido laudo de habilitação à adoção internacio- bem como relatório de acompanhamento das adoções in-
nal, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano; (Incluído ternacionais efetuadas no período, cuja cópia será encami-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nhada ao Departamento de Polícia Federal; (Incluído pela
VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Au-
Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encon- toridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade
tra a criança ou adolescente, conforme indicação efetua-
Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois)
da pela Autoridade Central Estadual. (Incluído pela Lei nº
anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de
12.010, de 2009) Vigência
§ 1o Se a legislação do país de acolhida assim o auto- cópia autenticada do registro civil, estabelecendo a cidada-
rizar, admite-se que os pedidos de habilitação à adoção nia do país de acolhida para o adotado; (Incluído pela Lei
internacional sejam intermediados por organismos creden- nº 12.010, de 2009) Vigência
ciados. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os
§ 2o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal Bra-
o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros sileira cópia da certidão de registro de nascimento estran-
encarregados de intermediar pedidos de habilitação à ado- geira e do certificado de nacionalidade tão logo lhes sejam
ção internacional, com posterior comunicação às Autorida- concedidos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
des Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de § 5o A não apresentação dos relatórios referidos no §
imprensa e em sítio próprio da internet. (Incluído pela Lei 4o deste artigo pelo organismo credenciado poderá acarre-
nº 12.010, de 2009) Vigência tar a suspensão de seu credenciamento. (Incluído pela Lei
§ 3o Somente será admissível o credenciamento de nº 12.010, de 2009) Vigência
organismos que: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- § 6o O credenciamento de organismo nacional ou es-
gência trangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção
I - sejam oriundos de países que ratificaram a Conven- internacional terá validade de 2 (dois) anos. (Incluído pela
ção de Haia e estejam devidamente credenciados pela Au- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
toridade Central do país onde estiverem sediados e no país
§ 7o A renovação do credenciamento poderá ser con-
de acolhida do adotando para atuar em adoção internacio-
cedida mediante requerimento protocolado na Autoridade
nal no Brasil; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
II - satisfizerem as condições de integridade moral, Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores
competência profissional, experiência e responsabilidade ao término do respectivo prazo de validade. (Incluído pela
exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Central Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Federal Brasileira; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- § 8o Antes de transitada em julgado a decisão que con-
gência cedeu a adoção internacional, não será permitida a saída
III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua do adotando do território nacional. (Incluído pela Lei nº
formação e experiência para atuar na área de adoção in- 12.010, de 2009) Vigência
ternacional; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 9o Transitada em julgado a decisão, a autoridade ju-
IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordena- diciária determinará a expedição de alvará com autoriza-
mento jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela ção de viagem, bem como para obtenção de passaporte,
Autoridade Central Federal Brasileira. (Incluído pela Lei nº constando, obrigatoriamente, as características da criança
12.10 , de 2009) Vigência ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais
§ 4o Os organismos credenciados deverão ainda: (In- sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência aposição da impressão digital do seu polegar direito, ins-
I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas con- truindo o documento com cópia autenticada da decisão
dições e dentro dos limites fixados pelas autoridades com- e certidão de trânsito em julgado. (Incluído pela Lei nº
petentes do país onde estiverem sediados, do país de aco-
12.010, de 2009) Vigência
lhida e pela Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluído
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualifi- qualquer momento, solicitar informações sobre a situação
cadas e de reconhecida idoneidade moral, com comprova- das crianças e adolescentes adotados. (Incluído pela Lei nº
da formação ou experiência para atuar na área de adoção 12.010, de 2009) Vigência
internacional, cadastradas pelo Departamento de Polícia § 11. A cobrança de valores por parte dos organismos
Federal e aprovadas pela Autoridade Central Federal Bra- credenciados, que sejam considerados abusivos pela Auto-
sileira, mediante publicação de portaria do órgão federal ridade Central Federal Brasileira e que não estejam devida-
competente; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência mente comprovados, é causa de seu descredenciamento.
III - estar submetidos à supervisão das autoridades (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
competentes do país onde estiverem sediados e no país § 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem
de acolhida, inclusive quanto à sua composição, funciona- ser representados por mais de uma entidade credenciada
mento e situação financeira; (Incluído pela Lei nº 12.010, de para atuar na cooperação em adoção internacional. (Incluí-
2009) Vigência do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

72
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou do- dar os interesses da criança ou do adolescente, comunican-
miciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) do-se as providências à Autoridade Central Estadual, que
ano, podendo ser renovada. (Incluído pela Lei nº 12.010, fará a comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira
de 2009) Vigência e à Autoridade Central do país de origem. (Incluído pela Lei
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de nº 12.010, de 2009) Vigência
organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com di- Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil
rigentes de programas de acolhimento institucional ou fa- for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida
miliar, assim como com crianças e adolescentes em condi- no país de origem porque a sua legislação a delega ao país
ções de serem adotados, sem a devida autorização judicial. de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com deci-
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência são, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que não
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá tenha aderido à Convenção referida, o processo de adoção
limitar ou suspender a concessão de novos credencia- seguirá as regras da adoção nacional. (Incluído pela Lei nº
mentos sempre que julgar necessário, mediante ato admi- 12.010, de 2009) Vigência
nistrativo fundamentado. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência Capítulo IV
Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e Do Direito à Educação, à Cultura, ao
descredenciamento, o repasse de recursos provenientes Esporte e ao Lazer
de organismos estrangeiros encarregados de intermediar
pedidos de adoção internacional a organismos nacionais Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à edu-
ou a pessoas físicas. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) cação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa,
Vigência preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o
Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão trabalho, assegurando-se-lhes:
ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Ado- I - igualdade de condições para o acesso e permanên-
lescente e estarão sujeitos às deliberações do respectivo cia na escola;
Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente. (Incluí- II - direito de ser respeitado por seus educadores;
do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo
Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior
recorrer às instâncias escolares superiores;
em país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo
IV - direito de organização e participação em entida-
de adoção tenha sido processado em conformidade com a
des estudantis;
legislação vigente no país de residência e atendido o dis-
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua
posto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção,
residência.
será automaticamente recepcionada com o reingresso no
Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter
§ 1o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea ciência do processo pedagógico, bem como participar da
“c” do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença definição das propostas educacionais.
ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. (Incluído Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência adolescente:
§ 2o O pretendente brasileiro residente no exterior I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusi-
em país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez ve para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação da II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratui-
sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça. (In- dade ao ensino médio;
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência III - atendimento educacional especializado aos por-
Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil tadores de deficiência, preferencialmente na rede regular
for o país de acolhida, a decisão da autoridade competente de ensino;
do país de origem da criança ou do adolescente será co- IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças
nhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver proces- de zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº
sado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que comu- 13.306, de 2016)
nicará o fato à Autoridade Central Federal e determinará V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes-
as providências necessárias à expedição do Certificado de quisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada
Naturalização Provisório. (Incluído pela Lei nº 12.010, de um;
2009) Vigência VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
§ 1o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério condições do adolescente trabalhador;
Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela VII - atendimento no ensino fundamental, através de
decisão se restar demonstrado que a adoção é manifesta- programas suplementares de material didático-escolar,
mente contrária à ordem pública ou não atende ao interes- transporte, alimentação e assistência à saúde.
se superior da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
nº 12.010, de 2009) Vigência público subjetivo.
§ 2o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, § 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo
prevista no § 1o deste artigo, o Ministério Público deverá poder público ou sua oferta irregular importa responsabili-
imediatamente requerer o que for de direito para resguar- dade da autoridade competente.

73
§ 3º Compete ao poder público recensear os educan- III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e
dos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
junto aos pais ou responsável, pela frequência à escola. IV - realizado em horários e locais que não permitam
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de a frequência à escola.
matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. Art. 68. O programa social que tenha por base o traba-
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino lho educativo, sob responsabilidade de entidade governa-
fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: mental ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; assegurar ao adolescente que dele participe condições de
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão esco- capacitação para o exercício de atividade regular remune-
lar, esgotados os recursos escolares; rada.
III - elevados níveis de repetência. § 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, expe- laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao de-
riências e novas propostas relativas a calendário, seriação, senvolvimento pessoal e social do educando prevalecem
currículo, metodologia, didática e avaliação, com vistas à sobre o aspecto produtivo.
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo
inserção de crianças e adolescentes excluídos do ensino
trabalho efetuado ou a participação na venda dos produtos
fundamental obrigatório.
de seu trabalho não desfigura o caráter educativo.
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização
valores culturais, artísticos e históricos próprios do contex- e à proteção no trabalho, observados os seguintes aspec-
to social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes tos, entre outros:
a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura. I - respeito à condição peculiar de pessoa em desen-
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da volvimento;
União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e II - capacitação profissional adequada ao mercado de
espaços para programações culturais, esportivas e de lazer trabalho.
voltadas para a infância e a juventude.
Título III
Capítulo V Da Prevenção
Do Direito à Profissionalização e à Capítulo I
Proteção no Trabalho Disposições Gerais

Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de
quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz. ameaça ou violação dos direitos da criança e do adoles-
(Vide Constituição Federal) cente.
Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é re- Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
gulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto Municípios deverão atuar de forma articulada na elabora-
nesta Lei. ção de políticas públicas e na execução de ações destina-
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técni- das a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento cruel
co-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da ou degradante e difundir formas não violentas de educa-
legislação de educação em vigor. ção de crianças e de adolescentes, tendo como principais
Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos ações: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
seguintes princípios: I - a promoção de campanhas educativas permanentes
I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao en- para a divulgação do direito da criança e do adolescente
de serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico
sino regular;
ou de tratamento cruel ou degradante e dos instrumen-
II - atividade compatível com o desenvolvimento do
tos de proteção aos direitos humanos; (Incluído pela Lei nº
adolescente; 13.010, de 2014)
III - horário especial para o exercício das atividades. II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário,
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é do Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Con-
assegurada bolsa de aprendizagem. selho Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze do Adolescente e com as entidades não governamentais
anos, são assegurados os direitos trabalhistas e previden- que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos
ciários. da criança e do adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010,
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é asse- de 2014)
gurado trabalho protegido. III - a formação continuada e a capacitação dos profis-
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em re- sionais de saúde, educação e assistência social e dos de-
gime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido mais agentes que atuam na promoção, proteção e defesa
em entidade governamental ou não-governamental, é ve- dos direitos da criança e do adolescente para o desenvolvi-
dado trabalho: mento das competências necessárias à prevenção, à iden-
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de tificação de evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento
um dia e as cinco horas do dia seguinte; de todas as formas de violência contra a criança e o adoles-
II - perigoso, insalubre ou penoso; cente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)

74
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pací- Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às di-
fica de conflitos que envolvam violência contra a criança e versões e espetáculos públicos classificados como adequa-
o adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) dos à sua faixa etária.
V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que Parágrafo único. As crianças menores de dez anos so-
visem a garantir os direitos da criança e do adolescente, mente poderão ingressar e permanecer nos locais de apre-
desde a atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e sentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou
responsáveis com o objetivo de promover a informação, a responsável.
reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao uso Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente
de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante no exibirão, no horário recomendado para o público infanto
processo educativo; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas,
VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para culturais e informativas.
a articulação de ações e a elaboração de planos de atua- Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresenta-
ção conjunta focados nas famílias em situação de violência, do ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de
com participação de profissionais de saúde, de assistência sua transmissão, apresentação ou exibição.
social e de educação e de órgãos de promoção, proteção
Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcio-
e defesa dos direitos da criança e do adolescente. (Incluído
nários de empresas que explorem a venda ou aluguel de
pela Lei nº 13.010, de 2014)
Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescen- fitas de programação em vídeo cuidarão para que não haja
tes com deficiência terão prioridade de atendimento nas venda ou locação em desacordo com a classificação atri-
ações e políticas públicas de prevenção e proteção. (Incluí- buída pelo órgão competente.
do pela Lei nº 13.010, de 2014) Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo de-
Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem verão exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da
nas áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem obra e a faixa etária a que se destinam.
contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas a reco- Art. 78. As revistas e publicações contendo material
nhecer e comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes deve-
de maus-tratos praticados contra crianças e adolescentes. rão ser comercializadas em embalagem lacrada, com a ad-
(Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) vertência de seu conteúdo.
Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela co- Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as ca-
municação de que trata este artigo, as pessoas encarrega- pas que contenham mensagens pornográficas ou obscenas
das, por razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão sejam protegidas com embalagem opaca.
ou ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de crian- Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público
ças e adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o in- infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias,
justificado retardamento ou omissão, culposos ou dolosos. legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, taba-
(Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) co, armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a in- e sociais da pessoa e da família.
formação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que ex-
produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar plorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por
de pessoa em desenvolvimento. casas de jogos, assim entendidas as que realizem apostas,
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem ainda que eventualmente, cuidarão para que não seja per-
da prevenção especial outras decorrentes dos princípios mitida a entrada e a permanência de crianças e adolescen-
por ela adotados. tes no local, afixando aviso para orientação do público.
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção im-
portará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, Seção II
nos termos desta Lei. Dos Produtos e Serviços
Capítulo II Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente
Da Prevenção Especial de:
Seção I I - armas, munições e explosivos;
Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, II - bebidas alcoólicas;
Diversões e Espetáculos III - produtos cujos componentes possam causar de-
pendência física ou psíquica ainda que por utilização in-
Art. 74. O poder público, através do órgão competen- devida;
te, regulará as diversões e espetáculos públicos, informan- IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles
do sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de pro-
recomendem, locais e horários em que sua apresentação vocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida;
se mostre inadequada. V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e es- VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
petáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou ado-
acesso, à entrada do local de exibição, informação destaca- lescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento con-
da sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária especifi- gênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou
cada no certificado de classificação. responsável.

75
Seção III VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob for-
Da Autorização para Viajar ma de guarda de crianças e adolescentes afastados do
convívio familiar e à adoção, especificamente inter-racial,
Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades
comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou res- específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de
ponsável, sem expressa autorização judicial. irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1º A autorização não será exigida quando: Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da I - municipalização do atendimento;
criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na II - criação de conselhos municipais, estaduais e na-
mesma região metropolitana; cional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos de-
b) a criança estiver acompanhada: liberativos e controladores das ações em todos os níveis,
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro assegurada a participação popular paritária por meio de
grau, comprovado documentalmente o parentesco; organizações representativas, segundo leis federal, esta-
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo duais e municipais;
pai, mãe ou responsável. III - criação e manutenção de programas específicos,
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais observada a descentralização político-administrativa;
ou responsável, conceder autorização válida por dois anos. IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e mu-
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a au- nicipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos
torização é dispensável, se a criança ou adolescente: da criança e do adolescente;
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou respon- V - integração operacional de órgãos do Judiciário,
sável; Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assis-
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado ex- tência Social, preferencialmente em um mesmo local, para
pressamente pelo outro através de documento com firma efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente a
reconhecida. quem se atribua autoria de ato infracional;
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, VI - integração operacional de órgãos do Judiciário,
nenhuma criança ou adolescente nascido em território na-
Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encar-
cional poderá sair do País em companhia de estrangeiro
regados da execução das políticas sociais básicas e de as-
residente ou domiciliado no exterior.
sistência social, para efeito de agilização do atendimento
de crianças e de adolescentes inseridos em programas de
Parte Especial
acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua rá-
Título I
pida reintegração à família de origem ou, se tal solução
Da Política de Atendimento
se mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em
Capítulo I
família substituta, em quaisquer das modalidades previstas
Disposições Gerais
no art. 28 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da crian- 2009) Vigência
ça e do adolescente far-se-á através de um conjunto articu- VII - mobilização da opinião pública para a indispen-
lado de ações governamentais e não-governamentais, da sável participação dos diversos segmentos da sociedade.
União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: VIII - especialização e formação continuada dos pro-
(Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência fissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à
I - políticas sociais básicas; primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direi-
II - serviços, programas, projetos e benefícios de assis- tos da criança e sobre desenvolvimento infantil; (Incluído
tência social de garantia de proteção social e de prevenção pela Lei nº 13.257, de 2016)
e redução de violações de direitos, seus agravamentos ou IX - formação profissional com abrangência dos di-
reincidências; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) versos direitos da criança e do adolescente que favoreça a
III - serviços especiais de prevenção e atendimento intersetorialidade no atendimento da criança e do adoles-
médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tra- cente e seu desenvolvimento integral; (Incluído pela Lei nº
tos, exploração, abuso, crueldade e opressão; 13.257, de 2016)
IV - serviço de identificação e localização de pais, res- X - realização e divulgação de pesquisas sobre desen-
ponsável, crianças e adolescentes desaparecidos; volvimento infantil e sobre prevenção da violência. (Incluí-
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa do pela Lei nº 13.257, de 2016)
dos direitos da criança e do adolescente. Art. 89. A função de membro do conselho nacional e
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da crian-
abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a ça e do adolescente é considerada de interesse público re-
garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar levante e não será remunerada.
de crianças e adolescentes; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência

76
Capítulo II Art. 91. As entidades não-governamentais somente
Das Entidades de Atendimento poderão funcionar depois de registradas no Conselho Mu-
Seção I nicipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual
Disposições Gerais comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à autoridade
judiciária da respectiva localidade.
Art. 90. As entidades de atendimento são responsá- § 1o Será negado o registro à entidade que: (Incluído
veis pela manutenção das próprias unidades, assim como pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pelo planejamento e execução de programas de proteção a) não ofereça instalações físicas em condições ade-
e socioeducativos destinados a crianças e adolescentes, em quadas de habitabilidade, higiene, salubridade e seguran-
regime de: ça;
I - orientação e apoio sócio-familiar; b) não apresente plano de trabalho compatível com os
II - apoio sócio-educativo em meio aberto; princípios desta Lei;
III - colocação familiar; c) esteja irregularmente constituída;
IV - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.
nº 12.010, de 2009) igência e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e
V - prestação de serviços à comunidade; (Redação deliberações relativas à modalidade de atendimento pres-
dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) tado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e
VI - liberdade assistida; (Redação dada pela Lei nº do Adolescente, em todos os níveis. (Incluída pela Lei nº
12.594, de 2012) (Vide) 12.010, de 2009) Vigência
VII - semiliberdade; e (Redação dada pela Lei nº 12.594, § 2o O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos,
de 2012) (Vide) cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e
VIII - internação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) do Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de
(Vide) sua renovação, observado o disposto no § 1 o deste artigo.
§ 1o As entidades governamentais e não governamen- (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tais deverão proceder à inscrição de seus programas, es- Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de
pecificando os regimes de atendimento, na forma definida acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os se-
neste artigo, no Conselho Municipal dos Direitos da Crian- guintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
ça e do Adolescente, o qual manterá registro das inscrições 2009) Vigência
e de suas alterações, do que fará comunicação ao Conse- I - preservação dos vínculos familiares e promoção da
lho Tutelar e à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº reintegração familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
12.010, de 2009) Vigência 2009) Vigência
§ 2o Os recursos destinados à implementação e ma- II - integração em família substituta, quando esgota-
nutenção dos programas relacionados neste artigo serão dos os recursos de manutenção na família natural ou ex-
previstos nas dotações orçamentárias dos órgãos públicos tensa; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
encarregados das áreas de Educação, Saúde e Assistência III - atendimento personalizado e em pequenos gru-
Social, dentre outros, observando-se o princípio da priori- pos;
dade absoluta à criança e ao adolescente preconizado pelo IV - desenvolvimento de atividades em regime de co
caput do art. 227 da Constituição Federal e pelo caput e -educação;
parágrafo único do art. 4o desta Lei. (Incluído pela Lei nº V - não desmembramento de grupos de irmãos;
12.010, de 2009) Vigência VI - evitar, sempre que possível, a transferência para
§ 3o Os programas em execução serão reavaliados pelo outras entidades de crianças e adolescentes abrigados;
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adoles- VII - participação na vida da comunidade local;
cente, no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se VIII - preparação gradativa para o desligamento;
critérios para renovação da autorização de funcionamento: IX - participação de pessoas da comunidade no pro-
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cesso educativo.
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, § 1o O dirigente de entidade que desenvolve progra-
bem como às resoluções relativas à modalidade de aten- ma de acolhimento institucional é equiparado ao guar-
dimento prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos dião, para todos os efeitos de direito. (Incluído pela Lei nº
da Criança e do Adolescente, em todos os níveis; (Incluído 12.010, de 2009) Vigência
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 2o Os dirigentes de entidades que desenvolvem pro-
II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, gramas de acolhimento familiar ou institucional remeterão
atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e à autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses,
pela Justiça da Infância e da Juventude; (Incluído pela Lei nº relatório circunstanciado acerca da situação de cada crian-
12.010, de 2009) Vigência ça ou adolescente acolhido e sua família, para fins da rea-
III - em se tratando de programas de acolhimento valiação prevista no § 1o do art. 19 desta Lei. (Incluído pela
institucional ou familiar, serão considerados os índices de Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
sucesso na reintegração familiar ou de adaptação à família § 3o Os entes federados, por intermédio dos Poderes
substituta, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 12.010, de Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a per-
2009) Vigência manente qualificação dos profissionais que atuam direta

77
ou indiretamente em programas de acolhimento institucio- VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente,
nal e destinados à colocação familiar de crianças e adoles- os casos em que se mostre inviável ou impossível o reata-
centes, incluindo membros do Poder Judiciário, Ministério mento dos vínculos familiares;
Público e Conselho Tutelar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de VII - oferecer instalações físicas em condições adequa-
2009) Vigência das de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e
§ 4o Salvo determinação em contrário da autorida- os objetos necessários à higiene pessoal;
de judiciária competente, as entidades que desenvolvem VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e
programas de acolhimento familiar ou institucional, se ne- adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos;
cessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odonto-
de assistência social, estimularão o contato da criança ou lógicos e farmacêuticos;
adolescente com seus pais e parentes, em cumprimento ao X - propiciar escolarização e profissionalização;
disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo. (Incluído XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência XII - propiciar assistência religiosa àqueles que deseja-
§ 5o As entidades que desenvolvem programas de aco- rem, de acordo com suas crenças;
lhimento familiar ou institucional somente poderão rece- XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
ber recursos públicos se comprovado o atendimento dos XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com interva-
princípios, exigências e finalidades desta Lei. (Incluído pela lo máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência autoridade competente;
§ 6o O descumprimento das disposições desta Lei XV - informar, periodicamente, o adolescente interna-
pelo dirigente de entidade que desenvolva programas de do sobre sua situação processual;
acolhimento familiar ou institucional é causa de sua desti- XVI - comunicar às autoridades competentes todos
tuição, sem prejuízo da apuração de sua responsabilidade os casos de adolescentes portadores de moléstias infecto-
administrativa, civil e criminal. (Incluído pela Lei nº 12.010, contagiosas;
de 2009) Vigência XVII - fornecer comprovante de depósito dos perten-
§ 7o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três)
ces dos adolescentes;
anos em acolhimento institucional, dar-se-á especial aten-
XVIII - manter programas destinados ao apoio e acom-
ção à atuação de educadores de referência estáveis e qua-
panhamento de egressos;
litativamente significativos, às rotinas específicas e ao aten-
XIX - providenciar os documentos necessários ao exer-
dimento das necessidades básicas, incluindo as de afeto
cício da cidadania àqueles que não os tiverem;
como prioritárias. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
XX - manter arquivo de anotações onde constem data
Art. 93. As entidades que mantenham programa de
e circunstâncias do atendimento, nome do adolescente,
acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional
e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia seus pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade,
determinação da autoridade competente, fazendo comu- acompanhamento da sua formação, relação de seus per-
nicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz tences e demais dados que possibilitem sua identificação e
da Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade. a individualização do atendimento.
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 1o Aplicam-se, no que couber, as obrigações cons-
Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autorida- tantes deste artigo às entidades que mantêm programas
de judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessário de acolhimento institucional e familiar. (Redação dada pela
com o apoio do Conselho Tutelar local, tomará as medidas Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
necessárias para promover a imediata reintegração familiar § 2º No cumprimento das obrigações a que alude este
da criança ou do adolescente ou, se por qualquer razão artigo as entidades utilizarão preferencialmente os recur-
não for isso possível ou recomendável, para seu encami- sos da comunidade.
nhamento a programa de acolhimento familiar, institucio- Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que abri-
nal ou a família substituta, observado o disposto no § 2o do guem ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda que
art. 101 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) em caráter temporário, devem ter, em seus quadros, pro-
Vigência fissionais capacitados a reconhecer e reportar ao Conselho
Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de Tutelar suspeitas ou ocorrências de maus-tratos. (Incluído
internação têm as seguintes obrigações, entre outras: pela Lei nº 13.046, de 2014)
I - observar os direitos e garantias de que são titulares
os adolescentes; Seção II
II - não restringir nenhum direito que não tenha sido Da Fiscalização das Entidades
objeto de restrição na decisão de internação;
III - oferecer atendimento personalizado, em peque- Art. 95. As entidades governamentais e não-governa-
nas unidades e grupos reduzidos; mentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judi-
IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de res- ciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares.
peito e dignidade ao adolescente; Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de con-
V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da tas serão apresentados ao estado ou ao município, confor-
preservação dos vínculos familiares; me a origem das dotações orçamentárias.

78
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendi- II - proteção integral e prioritária: a interpretação e
mento que descumprirem obrigação constante do art. 94, aplicação de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve
sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus ser voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de
dirigentes ou prepostos: (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vi- que crianças e adolescentes são titulares; (Incluído pela Lei
gência nº 12.010, de 2009) Vigência
I - às entidades governamentais: III - responsabilidade primária e solidária do poder pú-
a) advertência; blico: a plena efetivação dos direitos assegurados a crianças
b) afastamento provisório de seus dirigentes; e a adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal,
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; salvo nos casos por esta expressamente ressalvados, é de
d) fechamento de unidade ou interdição de programa. responsabilidade primária e solidária das 3 (três) esferas de
II - às entidades não-governamentais: governo, sem prejuízo da municipalização do atendimento
a) advertência; e da possibilidade da execução de programas por entida-
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas pú- des não governamentais; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
blicas; 2009) Vigência
c) interdição de unidades ou suspensão de programa;
IV - interesse superior da criança e do adolescente: a
d) cassação do registro.
intervenção deve atender prioritariamente aos interesses
§ 1o Em caso de reiteradas infrações cometidas por
e direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da
entidades de atendimento, que coloquem em risco os di-
reitos assegurados nesta Lei, deverá ser o fato comunicado consideração que for devida a outros interesses legítimos
ao Ministério Público ou representado perante autoridade no âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso
judiciária competente para as providências cabíveis, inclu- concreto; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
sive suspensão das atividades ou dissolução da entidade. V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência da criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito
§ 2o As pessoas jurídicas de direito público e as organi- pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida pri-
zações não governamentais responderão pelos danos que vada; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
seus agentes causarem às crianças e aos adolescentes, ca- VI - intervenção precoce: a intervenção das autorida-
racterizado o descumprimento dos princípios norteadores des competentes deve ser efetuada logo que a situação
das atividades de proteção específica. (Redação dada pela de perigo seja conhecida; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 2009) Vigência
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exer-
Título II cida exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja
Das Medidas de Proteção ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos e à
Capítulo I proteção da criança e do adolescente; (Incluído pela Lei nº
Disposições Gerais 12.010, de 2009) Vigência
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adoles- deve ser a necessária e adequada à situação de perigo em
cente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos que a criança ou o adolescente se encontram no momento
nesta Lei forem ameaçados ou violados: em que a decisão é tomada; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; 2009) Vigência
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou respon- IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser
sável; efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres
III - em razão de sua conduta. para com a criança e o adolescente; (Incluído pela Lei nº
Capítulo II 12.010, de 2009) Vigência
X - prevalência da família: na promoção de direitos
Das Medidas Específicas de Proteção
e na proteção da criança e do adolescente deve ser dada
Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo pode- prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem
rão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como na sua família natural ou extensa ou, se isto não for possí-
substituídas a qualquer tempo. vel, que promovam a sua integração em família substituta;
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o
que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e co- adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento
munitários. e capacidade de compreensão, seus pais ou responsável
Parágrafo único. São também princípios que regem devem ser informados dos seus direitos, dos motivos que
a aplicação das medidas: (Incluído pela Lei nº 12.010, de determinaram a intervenção e da forma como esta se pro-
2009) Vigência cessa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - condição da criança e do adolescente como su- XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o
jeitos de direitos: crianças e adolescentes são os titulares adolescente, em separado ou na companhia dos pais, de
dos direitos previstos nesta e em outras Leis, bem como na responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os
Constituição Federal; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) seus pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a
Vigência participar nos atos e na definição da medida de promoção

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dos direitos e de proteção, sendo sua opinião devidamente IV - os motivos da retirada ou da não reintegração
considerada pela autoridade judiciária competente, obser- ao convívio familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
vado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. (Incluído Vigência
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 4o Imediatamente após o acolhimento da criança ou
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas do adolescente, a entidade responsável pelo programa de
no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano
dentre outras, as seguintes medidas: individual de atendimento, visando à reintegração familiar,
I - encaminhamento aos pais ou responsável, median- ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada
te termo de responsabilidade; em contrário de autoridade judiciária competente, caso em
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; que também deverá contemplar sua colocação em família
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabeleci- substituta, observadas as regras e princípios desta Lei. (In-
mento oficial de ensino fundamental; cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou co- § 5o O plano individual será elaborado sob a respon-
munitários de proteção, apoio e promoção da família, da sabilidade da equipe técnica do respectivo programa de
criança e do adolescente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, atendimento e levará em consideração a opinião da criança
de 2016) ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do responsável.
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; § 6o Constarão do plano individual, dentre outros: (In-
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicôma- I - os resultados da avaliação interdisciplinar; (Incluído
nos; pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei II - os compromissos assumidos pelos pais ou respon-
nº 12.010, de 2009) Vigência sável; e (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas
com a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ou responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso
IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei
seja esta vedada por expressa e fundamentada determi-
nº 12.010, de 2009) Vigência
nação judicial, as providências a serem tomadas para sua
§ 1o O acolhimento institucional e o acolhimento fa-
colocação em família substituta, sob direta supervisão da
miliar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis
autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
como forma de transição para reintegração familiar ou, não
Vigência
sendo esta possível, para colocação em família substituta,
§ 7o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá
não implicando privação de liberdade. (Incluído pela Lei nº no local mais próximo à residência dos pais ou do respon-
12.010, de 2009) Vigência sável e, como parte do processo de reintegração familiar,
§ 2o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais sempre que identificada a necessidade, a família de origem
para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e será incluída em programas oficiais de orientação, de apoio
das providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afasta- e de promoção social, sendo facilitado e estimulado o con-
mento da criança ou adolescente do convívio familiar é de tato com a criança ou com o adolescente acolhido. (Incluí-
competência exclusiva da autoridade judiciária e importará do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem § 8o Verificada a possibilidade de reintegração familiar,
tenha legítimo interesse, de procedimento judicial conten- o responsável pelo programa de acolhimento familiar ou
cioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o institucional fará imediata comunicação à autoridade judi-
exercício do contraditório e da ampla defesa. (Incluído pela ciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de 5
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência (cinco) dias, decidindo em igual prazo. (Incluído pela Lei nº
§ 3o Crianças e adolescentes somente poderão ser 12.010, de 2009) Vigência
encaminhados às instituições que executam programas § 9o Em sendo constatada a impossibilidade de reinte-
de acolhimento institucional, governamentais ou não, por gração da criança ou do adolescente à família de origem,
meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autori- após seu encaminhamento a programas oficiais ou comu-
dade judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre nitários de orientação, apoio e promoção social, será envia-
outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência do relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual
I - sua identificação e a qualificação completa de seus conste a descrição pormenorizada das providências toma-
pais ou de seu responsável, se conhecidos; (Incluído pela das e a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência da entidade ou responsáveis pela execução da política mu-
II - o endereço de residência dos pais ou do responsá- nicipal de garantia do direito à convivência familiar, para a
vel, com pontos de referência; (Incluído pela Lei nº 12.010, destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou
de 2009) Vigência guarda. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados § 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá
em tê-los sob sua guarda; (Incluído pela Lei nº 12.010, de o prazo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ação de
2009) Vigência destituição do poder familiar, salvo se entender necessária

80
a realização de estudos complementares ou outras provi- Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser
dências que entender indispensáveis ao ajuizamento da considerada a idade do adolescente à data do fato.
demanda. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança cor-
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comar- responderão as medidas previstas no art. 101.
ca ou foro regional, um cadastro contendo informações
atualizadas sobre as crianças e adolescentes em regime de Capítulo II
acolhimento familiar e institucional sob sua responsabili- Dos Direitos Individuais
dade, com informações pormenorizadas sobre a situação
jurídica de cada um, bem como as providências tomadas Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua li-
para sua reintegração familiar ou colocação em família berdade senão em flagrante de ato infracional ou por or-
substituta, em qualquer das modalidades previstas no art. dem escrita e fundamentada da autoridade judiciária com-
28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência petente.
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Parágrafo único. O adolescente tem direito à identifi-
Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os cação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser
Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adoles- informado acerca de seus direitos.
cente e da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o lo-
sobre a implementação de políticas públicas que permitam cal onde se encontra recolhido serão incontinenti comu-
reduzir o número de crianças e adolescentes afastados do nicados à autoridade judiciária competente e à família do
convívio familiar e abreviar o período de permanência em apreendido ou à pessoa por ele indicada.
programa de acolhimento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena
2009) Vigência de responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.
Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser de-
Capítulo serão acompanhadas da regularização do regis- terminada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
tro civil. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e
§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o
basear-se em indícios suficientes de autoria e materialida-
assento de nascimento da criança ou adolescente será feito
de, demonstrada a necessidade imperiosa da medida.
à vista dos elementos disponíveis, mediante requisição da
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não
autoridade judiciária.
será submetido a identificação compulsória pelos órgãos
§ 2º Os registros e certidões necessários à regulariza-
policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de con-
ção de que trata este artigo são isentos de multas, custas e
frontação, havendo dúvida fundada.
emolumentos, gozando de absoluta prioridade.
§ 3o Caso ainda não definida a paternidade, será defla-
Capítulo III
grado procedimento específico destinado à sua averigua-
ção, conforme previsto pela Lei no 8.560, de 29 de dezem- Das Garantias Processuais
bro de 1992. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 4o Nas hipóteses previstas no § 3o deste artigo, é dis- Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua li-
pensável o ajuizamento de ação de investigação de pater- berdade sem o devido processo legal.
nidade pelo Ministério Público se, após o não compareci- Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre ou-
mento ou a recusa do suposto pai em assumir a paternida- tras, as seguintes garantias:
de a ele atribuída, a criança for encaminhada para adoção. I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência infracional, mediante citação ou meio equivalente;
§ 5o Os registros e certidões necessários à inclusão, a II - igualdade na relação processual, podendo con-
qualquer tempo, do nome do pai no assento de nascimen- frontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as
to são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando provas necessárias à sua defesa;
de absoluta prioridade. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, III - defesa técnica por advogado;
de 2016) IV - assistência judiciária gratuita e integral aos neces-
§ 6o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação re- sitados, na forma da lei;
querida do reconhecimento de paternidade no assento de V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autorida-
nascimento e a certidão correspondente. (Incluído dada de competente;
pela Lei nº 13.257, de 2016) VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou res-
ponsável em qualquer fase do procedimento.
Título III
Da Prática de Ato Infracional Capítulo IV
Capítulo I Das Medidas Sócio-Educativas
Disposições Gerais Seção I
Disposições Gerais
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descri-
ta como crime ou contravenção penal. Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a au-
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de toridade competente poderá aplicar ao adolescente as se-
dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. guintes medidas:

81
I - advertência; Seção V
II - obrigação de reparar o dano; Da Liberdade Assistida
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida; Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre
V - inserção em regime de semi-liberdade; que se afigurar a medida mais adequada para o fim de
VI - internação em estabelecimento educacional; acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em con- acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por
ta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gra- entidade ou programa de atendimento.
vidade da infração. § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo míni-
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será mo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorro-
admitida a prestação de trabalho forçado. gada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou defi- orientador, o Ministério Público e o defensor.
ciência mental receberão tratamento individual e especiali- Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a su-
zado, em local adequado às suas condições. pervisão da autoridade competente, a realização dos se-
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. guintes encargos, entre outros:
99 e 100. I - promover socialmente o adolescente e sua família,
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos in- fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário,
cisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência
suficientes da autoria e da materialidade da infração, res- social;
salvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127. II - supervisionar a frequência e o aproveitamento es-
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada colar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
III - diligenciar no sentido da profissionalização do
sempre que houver prova da materialidade e indícios sufi-
cientes da autoria. adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho;
IV - apresentar relatório do caso.
Seção II
Seção VI
Da Advertência
Do Regime de Semi-liberdade
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser deter-
verbal, que será reduzida a termo e assinada.
minado desde o início, ou como forma de transição para o
meio aberto, possibilitada a realização de atividades exter-
Seção III
nas, independentemente de autorização judicial.
Da Obrigação de Reparar o Dano
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionali-
zação, devendo, sempre que possível, ser utilizados os re-
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com re- cursos existentes na comunidade.
flexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se § 2º A medida não comporta prazo determinado apli-
for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o cando-se, no que couber, as disposições relativas à inter-
ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o nação.
prejuízo da vítima.
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, Seção VII
a medida poderá ser substituída por outra adequada. Da Internação

Seção IV Art. 121. A internação constitui medida privativa da


Da Prestação de Serviços à Comunidade liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepciona-
lidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desen-
Art. 117. A prestação de serviços comunitários con- volvimento.
siste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, § 1º Será permitida a realização de atividades externas,
por período não excedente a seis meses, junto a entidades a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa de-
assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos terminação judicial em contrário.
congêneres, bem como em programas comunitários ou § 2º A medida não comporta prazo determinado, de-
governamentais. vendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme fundamentada, no máximo a cada seis meses.
as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas du- § 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de inter-
rante jornada máxima de oito horas semanais, aos sába- nação excederá a três anos.
dos, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não § 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo ante-
prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de rior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regi-
trabalho. me de semi-liberdade ou de liberdade assistida.

82
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade físi-
de idade. ca e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será pre- adequadas de contenção e segurança.
cedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
§ 7o A determinação judicial mencionada no § 1o pode- Capítulo V
rá ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária. Da Remissão
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 122. A medida de internação só poderá ser apli- Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial
cada quando: para apuração de ato infracional, o representante do Mi-
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante gra- nistério Público poderá conceder a remissão, como forma
ve ameaça ou violência a pessoa; de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e
II - por reiteração no cometimento de outras infrações consequências do fato, ao contexto social, bem como à
graves; personalidade do adolescente e sua maior ou menor parti-
III - por descumprimento reiterado e injustificável da cipação no ato infracional.
medida anteriormente imposta. Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão
§ 1o O prazo de internação na hipótese do inciso III da remissão pela autoridade judiciária importará na sus-
deste artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses, de- pensão ou extinção do processo.
vendo ser decretada judicialmente após o devido processo Art. 127. A remissão não implica necessariamente o
legal. (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) reconhecimento ou comprovação da responsabilidade,
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo in-
havendo outra medida adequada. cluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entida- previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi-li-
de exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele berdade e a internação.
destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por cri- Art. 128. A medida aplicada por força da remissão po-
térios de idade, compleição física e gravidade da infração.
derá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante
Parágrafo único. Durante o período de internação, in-
pedido expresso do adolescente ou de seu representante
clusive provisória, serão obrigatórias atividades pedagógi-
legal, ou do Ministério Público.
cas.
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liber- Título IV
dade, entre outros, os seguintes:
Das Medidas Pertinentes aos Pais ou
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante
do Ministério Público; Responsável
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou respon-
IV - ser informado de sua situação processual, sempre sável:
que solicitada; I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou
V - ser tratado com respeito e dignidade; comunitários de proteção, apoio e promoção da família;
VI - permanecer internado na mesma localidade ou (Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou res- II - inclusão em programa oficial ou comunitário de
ponsável; auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicôma-
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; nos;
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psi-
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e as- quiátrico;
seio pessoal; IV - encaminhamento a cursos ou programas de orien-
X - habitar alojamento em condições adequadas de tação;
higiene e salubridade; V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acom-
XI - receber escolarização e profissionalização; panhar sua frequência e aproveitamento escolar;
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; a tratamento especializado;
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua cren- VII - advertência;
ça, e desde que assim o deseje; VIII - perda da guarda;
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor IX - destituição da tutela;
de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante X - suspensão ou destituição do poder familiar. (Ex-
daqueles porventura depositados em poder da entidade; pressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
XVI - receber, quando de sua desinternação, os docu- Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas
mentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade. nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade. nos arts. 23 e 24.
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender tem- Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opres-
porariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se são ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável,
existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialida- a autoridade judiciária poderá determinar, como medida
de aos interesses do adolescente. cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum.

83
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a II - atender e aconselhar os pais ou responsável, apli-
fixação provisória dos alimentos de que necessitem a crian- cando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
ça ou o adolescente dependentes do agressor. (Incluído III - promover a execução de suas decisões, podendo
pela Lei nº 12.415, de 2011) para tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, edu-
Título V cação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
Do Conselho Tutelar b) representar junto à autoridade judiciária nos casos
Capítulo I de descumprimento injustificado de suas deliberações.
Disposições Gerais IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato
que constitua infração administrativa ou penal contra os
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e direitos da criança ou adolescente;
autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua
de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do competência;
adolescente, definidos nesta Lei. VI - providenciar a medida estabelecida pela autorida-
Art. 132. Em cada Município e em cada Região Ad- de judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para
ministrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) o adolescente autor de ato infracional;
Conselho Tutelar como órgão integrante da administração VII - expedir notificações;
pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de
pela população local para mandato de 4 (quatro) anos, per- criança ou adolescente quando necessário;
mitida 1 (uma) recondução, mediante novo processo de es- IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração
colha. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012) da proposta orçamentária para planos e programas de
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos: X - representar, em nome da pessoa e da família, con-
I - reconhecida idoneidade moral; tra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso
II - idade superior a vinte e um anos; II, da Constituição Federal;
III - residir no município. XI - representar ao Ministério Público para efeito das
ações de perda ou suspensão do poder familiar, após es-
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local,
gotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do
dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclu-
adolescente junto à família natural. (Redação dada pela Lei
sive quanto à remuneração dos respectivos membros, aos
nº 12.010, de 2009) Vigência
quais é assegurado o direito a: (Redação dada pela Lei nº
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos gru-
12.696, de 2012)
pos profissionais, ações de divulgação e treinamento para
I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696,
o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças
de 2012)
e adolescentes. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições,
1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal; (Incluído o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do
pela Lei nº 12.696, de 2012) convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Minis-
III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, tério Público, prestando-lhe informações sobre os moti-
de 2012) vos de tal entendimento e as providências tomadas para a
IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, orientação, o apoio e a promoção social da família. (Incluí-
de 2012) do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente po-
de 2012) derão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária munici- quem tenha legítimo interesse.
pal e da do Distrito Federal previsão dos recursos neces-
sários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à remu- Capítulo III
neração e formação continuada dos conselheiros tutelares. Da Competência
(Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de
constituirá serviço público relevante e estabelecerá pre- competência constante do art. 147.
sunção de idoneidade moral. (Redação dada pela Lei nº
12.696, de 2012) Capítulo IV
Da Escolha dos Conselheiros
Capítulo II
Das Atribuições do Conselho Art. 139. O processo para a escolha dos membros
do Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização
previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de
no art. 101, I a VII; 12.10.1991)

84
§ 1o O processo de escolha dos membros do Conselho Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a
Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território na- que se refere o artigo anterior somente será deferida pela
cional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês autoridade judiciária competente, se demonstrado o inte-
de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial. resse e justificada a finalidade.
(Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
§ 2o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia Capítulo II
10 de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha. Da Justiça da Infância e da Juventude
(Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) Seção I
§ 3o No processo de escolha dos membros do Conselho Disposições Gerais
Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou
entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar
natureza, inclusive brindes de pequeno valor. (Incluído pela varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude,
Lei nº 12.696, de 2012) cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionali-
dade por número de habitantes, dotá-las de infra-estrutura
Capítulo V e dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.
Dos Impedimentos
Seção II
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conse- Do Juiz
lho marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e
genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz
sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado. da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa fun-
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do con- ção, na forma da lei de organização judiciária local.
selheiro, na forma deste artigo, em relação à autoridade Art. 147. A competência será determinada:
judiciária e ao representante do Ministério Público com I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exercício II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adoles-
na comarca, foro regional ou distrital. cente, à falta dos pais ou responsável.
§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente
Título VI a autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as
Do Acesso à Justiça regras de conexão, continência e prevenção.
Capítulo I § 2º A execução das medidas poderá ser delegada à
Disposições Gerais autoridade competente da residência dos pais ou respon-
sável, ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou ado- criança ou adolescente.
lescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao § 3º Em caso de infração cometida através de trans-
Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos. missão simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais
§ 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos de uma comarca, será competente, para aplicação da pe-
que dela necessitarem, através de defensor público ou ad- nalidade, a autoridade judiciária do local da sede estadual
vogado nomeado. da emissora ou rede, tendo a sentença eficácia para todas
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da as transmissoras ou retransmissoras do respectivo estado.
Infância e da Juventude são isentas de custas e emolumen- Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é com-
tos, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé. petente para:
Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão repre- I - conhecer de representações promovidas pelo Mi-
sentados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e nistério Público, para apuração de ato infracional atribuído
um anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na a adolescente, aplicando as medidas cabíveis;
forma da legislação civil ou processual. II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador extinção do processo;
especial à criança ou adolescente, sempre que os interes- III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
ses destes colidirem com os de seus pais ou responsável, IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses
ou quando carecer de representação ou assistência legal individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao ado-
ainda que eventual. lescente, observado o disposto no art. 209;
Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, poli- V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades
ciais e administrativos que digam respeito a crianças e ado- em entidades de atendimento, aplicando as medidas ca-
lescentes a que se atribua autoria de ato infracional. bíveis;
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de
não poderá identificar a criança ou adolescente, vedando- infrações contra norma de proteção à criança ou adoles-
se fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentes- cente;
co, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome. VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho
(Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.

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Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou ado- verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver tra-
lescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a balhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento,
Justiça da Infância e da Juventude para o fim de: prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação à
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do
b) conhecer de ações de destituição do poder fami- ponto de vista técnico.
liar, perda ou modificação da tutela ou guarda; (Expressão
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Capítulo III
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o ca- Dos Procedimentos
samento; Seção I
d) conhecer de pedidos baseados em discordância Disposições Gerais
paterna ou materna, em relação ao exercício do poder fa-
miliar; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei apli-
Vigência cam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na le-
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, gislação processual pertinente.
quando faltarem os pais; Parágrafo único. É assegurada, sob pena de respon-
f) designar curador especial em casos de apresentação sabilidade, prioridade absoluta na tramitação dos proces-
de queixa ou representação, ou de outros procedimentos sos e procedimentos previstos nesta Lei, assim como na
judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança execução dos atos e diligências judiciais a eles referentes.
ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
g) conhecer de ações de alimentos; Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não cor-
h) determinar o cancelamento, a retificação e o supri- responder a procedimento previsto nesta ou em outra lei,
mento dos registros de nascimento e óbito. a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e ordenar
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, de ofício as providências necessárias, ouvido o Ministério
Público.
através de portaria, ou autorizar, mediante alvará:
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente,
para o fim de afastamento da criança ou do adolescente de
desacompanhado dos pais ou responsável, em:
sua família de origem e em outros procedimentos neces-
a) estádio, ginásio e campo desportivo;
sariamente contenciosos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
b) bailes ou promoções dançantes;
2009) Vigência
c) boate ou congêneres;
Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
d) casa que explore comercialmente diversões eletrô-
nicas; Seção II
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e tele- Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar
visão. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
II - a participação de criança e adolescente em: Vigência
a) espetáculos públicos e seus ensaios;
b) certames de beleza. Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade do poder familiar terá início por provocação do Ministério
judiciária levará em conta, dentre outros fatores: Público ou de quem tenha legítimo interesse. (Expressão
a) os princípios desta Lei; substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
b) as peculiaridades locais; Art. 156. A petição inicial indicará:
c) a existência de instalações adequadas; I - a autoridade judiciária a que for dirigida;
d) o tipo de frequência habitual ao local; II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência
e) a adequação do ambiente a eventual participação do requerente e do requerido, dispensada a qualificação
ou frequência de crianças e adolescentes; em se tratando de pedido formulado por representante do
f) a natureza do espetáculo. Ministério Público;
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste ar- III - a exposição sumária do fato e o pedido;
tigo deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, des-
determinações de caráter geral. de logo, o rol de testemunhas e documentos.
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade
Seção III judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspen-
Dos Serviços Auxiliares são do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o
julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou ado-
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de lescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de res-
sua proposta orçamentária, prever recursos para manuten- ponsabilidade. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
ção de equipe interprofissional, destinada a assessorar a 2009) Vigência
Justiça da Infância e da Juventude. Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem
outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas
local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou e documentos.

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§ 1o A citação será pessoal, salvo se esgotados todos escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o
os meios para sua realização. (Incluído pela Lei nº 12.962, requerido e o Ministério Público, pelo tempo de vinte mi-
de 2014) nutos cada um, prorrogável por mais dez. A decisão será
§ 2o O requerido privado de liberdade deverá ser citado proferida na audiência, podendo a autoridade judiciária,
pessoalmente. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) excepcionalmente, designar data para sua leitura no prazo
Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de máximo de cinco dias.
constituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento e Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedi-
de sua família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja mento será de 120 (cento e vinte) dias. (Redação dada pela
nomeado dativo, ao qual incumbirá a apresentação de res- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
posta, contando-se o prazo a partir da intimação do des- Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou
pacho de nomeação. a suspensão do poder familiar será averbada à margem do
Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de registro de nascimento da criança ou do adolescente. (In-
liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no momen- cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
to da citação pessoal, se deseja que lhe seja nomeado de-
fensor. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) Seção III
Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária re- Da Destituição da Tutela
quisitará de qualquer repartição ou órgão público a apre-
sentação de documento que interesse à causa, de ofício ou Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o pro-
a requerimento das partes ou do Ministério Público. cedimento para a remoção de tutor previsto na lei proces-
Art. 161. Não sendo contestado o pedido, a autorida- sual civil e, no que couber, o disposto na seção anterior.
de judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por
cinco dias, salvo quando este for o requerente, decidindo Seção IV
em igual prazo. Da Colocação em Família Substituta
§ 1o A autoridade judiciária, de ofício ou a requeri-
mento das partes ou do Ministério Público, determinará a Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos
realização de estudo social ou perícia por equipe interpro- de colocação em família substituta:
fissional ou multidisciplinar, bem como a oitiva de teste- I - qualificação completa do requerente e de seu even-
munhas que comprovem a presença de uma das causas de tual cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência des-
suspensão ou destituição do poder familiar previstas nos te;
arts. 1.637 e 1.638 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de II - indicação de eventual parentesco do requerente e
2002 - Código Civil, ou no art. 24 desta Lei. (Redação dada de seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adoles-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cente, especificando se tem ou não parente vivo;
§ 2o Em sendo os pais oriundos de comunidades in- III - qualificação completa da criança ou adolescente e
dígenas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe de seus pais, se conhecidos;
profissional ou multidisciplinar referida no § 1o deste artigo, IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento,
de representantes do órgão federal responsável pela políti- anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão;
ca indigenista, observado o disposto no § 6o do art. 28 des- V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou
ta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência rendimentos relativos à criança ou ao adolescente.
§ 3o Se o pedido importar em modificação de guarda, Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-
será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da se-ão também os requisitos específicos.
criança ou adolescente, respeitado seu estágio de desen- Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido des-
volvimento e grau de compreensão sobre as implicações tituídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem
da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência aderido expressamente ao pedido de colocação em famí-
§ 4o É obrigatória a oitiva dos pais sempre que esses lia substituta, este poderá ser formulado diretamente em
forem identificados e estiverem em local conhecido. (In- cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes,
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dispensada a assistência de advogado. (Redação dada pela
§ 5o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
a autoridade judicial requisitará sua apresentação para a § 1o Na hipótese de concordância dos pais, esses serão
oitiva. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) ouvidos pela autoridade judiciária e pelo representante do
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judi- Ministério Público, tomando-se por termo as declarações.
ciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
dias, salvo quando este for o requerente, designando, des- § 2o O consentimento dos titulares do poder familiar
de logo, audiência de instrução e julgamento. será precedido de orientações e esclarecimentos prestados
§ 1º A requerimento de qualquer das partes, do Minis- pela equipe interprofissional da Justiça da Infância e da Ju-
tério Público, ou de ofício, a autoridade judiciária poderá ventude, em especial, no caso de adoção, sobre a irrevoga-
determinar a realização de estudo social ou, se possível, de bilidade da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
perícia por equipe interprofissional. Vigência
§ 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério § 3o O consentimento dos titulares do poder familiar
Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oral- será colhido pela autoridade judiciária competente em
mente o parecer técnico, salvo quando apresentado por audiência, presente o Ministério Público, garantida a livre

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manifestação de vontade e esgotados os esforços para ma- Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de
nutenção da criança ou do adolescente na família natural ato infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade
ou extensa. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência policial competente.
§ 4o O consentimento prestado por escrito não terá Parágrafo único. Havendo repartição policial especiali-
validade se não for ratificado na audiência a que se refere zada para atendimento de adolescente e em se tratando de
o § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) ato infracional praticado em co-autoria com maior, preva-
Vigência lecerá a atribuição da repartição especializada, que, após as
§ 5o O consentimento é retratável até a data da publi- providências necessárias e conforme o caso, encaminhará
cação da sentença constitutiva da adoção. (Incluído pela o adulto à repartição policial própria.
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional co-
§ 6o O consentimento somente terá valor se for dado metido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a
após o nascimento da criança. (Incluído pela Lei nº 12.010, autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106,
de 2009) Vigência parágrafo único, e 107, deverá:
§ 7o A família substituta receberá a devida orientação I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas
por intermédio de equipe técnica interprofissional a serviço e o adolescente;
do Poder Judiciário, preferencialmente com apoio dos téc- II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
nicos responsáveis pela execução da política municipal de III - requisitar os exames ou perícias necessários à
garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei comprovação da materialidade e autoria da infração.
nº 12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante,
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a reque- a lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de
rimento das partes ou do Ministério Público, determinará ocorrência circunstanciada.
a realização de estudo social ou, se possível, perícia por Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou respon-
equipe interprofissional, decidindo sobre a concessão de sável, o adolescente será prontamente liberado pela auto-
guarda provisória, bem como, no caso de adoção, sobre o ridade policial, sob termo de compromisso e responsabili-
estágio de convivência. dade de sua apresentação ao representante do Ministério
Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda pro-
Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro
visória ou do estágio de convivência, a criança ou o ado-
dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade do ato
lescente será entregue ao interessado, mediante termo de
infracional e sua repercussão social, deva o adolescente
responsabilidade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
permanecer sob internação para garantia de sua segurança
gência
pessoal ou manutenção da ordem pública.
Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pe-
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade poli-
ricial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adoles-
cente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério Público, pelo cial encaminhará, desde logo, o adolescente ao represen-
prazo de cinco dias, decidindo a autoridade judiciária em tante do Ministério Público, juntamente com cópia do auto
igual prazo. de apreensão ou boletim de ocorrência.
Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, § 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a au-
a perda ou a suspensão do poder familiar constituir pressu- toridade policial encaminhará o adolescente à entidade de
posto lógico da medida principal de colocação em família atendimento, que fará a apresentação ao representante do
substituta, será observado o procedimento contraditório Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas.
previsto nas Seções II e III deste Capítulo. (Expressão subs- § 2º Nas localidades onde não houver entidade de
tituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade po-
Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda licial. À falta de repartição policial especializada, o adoles-
poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento, cente aguardará a apresentação em dependência separada
observado o disposto no art. 35. da destinada a maiores, não podendo, em qualquer hipó-
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar- tese, exceder o prazo referido no parágrafo anterior.
se-á o disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade
no art. 47. policial encaminhará imediatamente ao representante do
Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescen- Ministério Público cópia do auto de apreensão ou boletim
te sob a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhi- de ocorrência.
mento familiar será comunicada pela autoridade judiciária Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver
à entidade por este responsável no prazo máximo de 5 indícios de participação de adolescente na prática de ato
(cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência infracional, a autoridade policial encaminhará ao represen-
tante do Ministério Público relatório das investigações e
Seção V demais documentos.
Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adoles- Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de
cente ato infracional não poderá ser conduzido ou transportado
em compartimento fechado de veículo policial, em condi-
Art. 171. O adolescente apreendido por força de or- ções atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco
dem judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade à sua integridade física ou mental, sob pena de responsa-
judiciária. bilidade.

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Art. 179. Apresentado o adolescente, o representan- § 4º Estando o adolescente internado, será requisitada
te do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto a sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais
de apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial, ou responsável.
devidamente autuados pelo cartório judicial e com infor- Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela au-
mação sobre os antecedentes do adolescente, procederá toridade judiciária, não poderá ser cumprida em estabele-
imediata e informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, cimento prisional.
de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas. § 1º Inexistindo na comarca entidade com as carac-
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o re- terísticas definidas no art. 123, o adolescente deverá ser
presentante do Ministério Público notificará os pais ou imediatamente transferido para a localidade mais próxima.
responsável para apresentação do adolescente, podendo § 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adoles-
requisitar o concurso das polícias civil e militar. cente aguardará sua remoção em repartição policial, desde
Art. 180. Adotadas as providências a que alude o arti- que em seção isolada dos adultos e com instalações apro-
go anterior, o representante do Ministério Público poderá: priadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco
I - promover o arquivamento dos autos; dias, sob pena de responsabilidade.
II - conceder a remissão; Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou
III - representar à autoridade judiciária para aplicação responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos
de medida sócio-educativa. mesmos, podendo solicitar opinião de profissional qualifi-
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou con- cado.
cedida a remissão pelo representante do Ministério Públi- § 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a
co, mediante termo fundamentado, que conterá o resumo remissão, ouvirá o representante do Ministério Público,
dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade judiciária proferindo decisão.
para homologação.
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medi-
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a
da de internação ou colocação em regime de semi-liberda-
autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o cum-
de, a autoridade judiciária, verificando que o adolescente
primento da medida.
não possui advogado constituído, nomeará defensor, de-
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa
signando, desde logo, audiência em continuação, podendo
dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante des-
determinar a realização de diligências e estudo do caso.
pacho fundamentado, e este oferecerá representação, de-
signará outro membro do Ministério Público para apresen- § 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado,
tá-la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão, que só no prazo de três dias contado da audiência de apresenta-
então estará a autoridade judiciária obrigada a homologar. ção, oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas.
Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do § 4º Na audiência em continuação, ouvidas as tes-
Ministério Público não promover o arquivamento ou con- temunhas arroladas na representação e na defesa prévia,
ceder a remissão, oferecerá representação à autoridade cumpridas as diligências e juntado o relatório da equipe
judiciária, propondo a instauração de procedimento para interprofissional, será dada a palavra ao representante do
aplicação da medida sócio-educativa que se afigurar a mais Ministério Público e ao defensor, sucessivamente, pelo
adequada. tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por
§ 1º A representação será oferecida por petição, que mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em segui-
conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato da proferirá decisão.
infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas, po- Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado,
dendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada não comparecer, injustificadamente à audiência de apre-
pela autoridade judiciária. sentação, a autoridade judiciária designará nova data, de-
§ 2º A representação independe de prova pré-consti- terminando sua condução coercitiva.
tuída da autoria e materialidade. Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou sus-
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a con- pensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase
clusão do procedimento, estando o adolescente internado do procedimento, antes da sentença.
provisoriamente, será de quarenta e cinco dias. Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer
Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judi- medida, desde que reconheça na sentença:
ciária designará audiência de apresentação do adolescente, I - estar provada a inexistência do fato;
decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção II - não haver prova da existência do fato;
da internação, observado o disposto no art. 108 e pará- III - não constituir o fato ato infracional;
grafo. IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão para o ato infracional.
cientificados do teor da representação, e notificados a Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o
comparecer à audiência, acompanhados de advogado. adolescente internado, será imediatamente colocado em
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a liberdade.
autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente. Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade de internação ou regime de semi-liberdade será feita:
judiciária expedirá mandado de busca e apreensão, deter- I - ao adolescente e ao seu defensor;
minando o sobrestamento do feito, até a efetiva apresen- II - quando não for encontrado o adolescente, a seus
tação. pais ou responsável, sem prejuízo do defensor.

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§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far- I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for
se-á unicamente na pessoa do defensor. lavrado na presença do requerido;
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente ha-
deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da sen- bilitado, que entregará cópia do auto ou da representação
tença. ao requerido, ou a seu representante legal, lavrando certi-
dão;
Seção VI III - por via postal, com aviso de recebimento, se não
Da Apuração de Irregularidades em Entidade de for encontrado o requerido ou seu representante legal;
Atendimento IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou
não sabido o paradeiro do requerido ou de seu represen-
Art. 191. O procedimento de apuração de irregulari- tante legal.
dades em entidade governamental e não-governamental Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo
terá início mediante portaria da autoridade judiciária ou re- legal, a autoridade judiciária dará vista dos autos do Mi-
presentação do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, nistério Público, por cinco dias, decidindo em igual prazo.
onde conste, necessariamente, resumo dos fatos. Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária
Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a au- procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo
toridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar necessário, designará audiência de instrução e julgamento.
liminarmente o afastamento provisório do dirigente da en- (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tidade, mediante decisão fundamentada. Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se
Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no -ão sucessivamente o Ministério Público e o procurador
prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo jun- do requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada um,
tar documentos e indicar as provas a produzir. prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciá-
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo ne- ria, que em seguida proferirá sentença.
cessário, a autoridade judiciária designará audiência de ins-
Seção VIII
trução e julgamento, intimando as partes.
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Ministério Público terão cinco dias para oferecer alegações Da Habilitação de Pretendentes à Adoção
finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou de-
Brasil, apresentarão petição inicial na qual conste: (Incluído
finitivo de dirigente de entidade governamental, a auto-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ridade judiciária oficiará à autoridade administrativa ime-
I - qualificação completa; (Incluído pela Lei nº 12.010,
diatamente superior ao afastado, marcando prazo para a
de 2009) Vigência
substituição.
II - dados familiares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autori- 2009) Vigência
dade judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irre- III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou
gularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o proces- casamento, ou declaração relativa ao período de união es-
so será extinto, sem julgamento de mérito. tável; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao diri- IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Ca-
gente da entidade ou programa de atendimento. dastro de Pessoas Físicas; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência
Seção VII V - comprovante de renda e domicílio; (Incluído pela
Da Apuração de Infração Administrativa às Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Normas de Proteção à Criança e ao Adolescente VI - atestados de sanidade física e mental; (Incluído
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 194. O procedimento para imposição de penali- VII - certidão de antecedentes criminais; (Incluído pela
dade administrativa por infração às normas de proteção Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
à criança e ao adolescente terá início por representação VIII - certidão negativa de distribuição cível. (Incluído
do Ministério Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
infração elaborado por servidor efetivo ou voluntário cre- Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48
denciado, e assinado por duas testemunhas, se possível. (quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá: (Incluído
poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
natureza e as circunstâncias da infração. I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equi-
§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração pe interprofissional encarregada de elaborar o estudo téc-
seguir-se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso nico a que se refere o art. 197-C desta Lei; (Incluído pela Lei
contrário, dos motivos do retardamento. nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apre- II - requerer a designação de audiência para oitiva dos
sentação de defesa, contado da data da intimação, que postulantes em juízo e testemunhas; (Incluído pela Lei nº
será feita: 12.010, de 2009) Vigência

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III - requerer a juntada de documentos complementa- Capítulo IV
res e a realização de outras diligências que entender neces- Dos Recursos
sárias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infân-
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juven- cia e da Juventude, inclusive os relativos à execução das
tude, que deverá elaborar estudo psicossocial, que conterá medidas socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal
subsídios que permitam aferir a capacidade e o preparo da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Pro-
dos postulantes para o exercício de uma paternidade ou cesso Civil), com as seguintes adaptações: (Redação dada
maternidade responsável, à luz dos requisitos e princípios pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
I - os recursos serão interpostos independentemente
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de preparo;
§ 1o É obrigatória a participação dos postulantes em
II - em todos os recursos, salvo nos embargos de de-
programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventu- claração, o prazo para o Ministério Público e para a defesa
de preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis será sempre de 10 (dez) dias; (Redação dada pela Lei nº
pela execução da política municipal de garantia do direito 12.594, de 2012) (Vide)
à convivência familiar, que inclua preparação psicológica,
III - os recursos terão preferência de julgamento e
orientação e estímulo à adoção inter-racial, de crianças
maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas dispensarão revisor;
de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos. (In- IV - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência V - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 2o Sempre que possível e recomendável, a etapa VI - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
obrigatória da preparação referida no § 1o deste artigo in- VII - antes de determinar a remessa dos autos à supe-
cluirá o contato com crianças e adolescentes em regime rior instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no
de acolhimento familiar ou institucional em condições de caso de agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho
serem adotados, a ser realizado sob a orientação, super- fundamentado, mantendo ou reformando a decisão, no
visão e avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância prazo de cinco dias;
e da Juventude, com o apoio dos técnicos responsáveis VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escri-
pelo programa de acolhimento familiar ou institucional e vão remeterá os autos ou o instrumento à superior instân-
cia dentro de vinte e quatro horas, independentemente de
pela execução da política municipal de garantia do direito
novo pedido do recorrente; se a reformar, a remessa dos
à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) autos dependerá de pedido expresso da parte interessada
Vigência ou do Ministério Público, no prazo de cinco dias, contados
Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da parti- da intimação.
cipação no programa referido no art. 197-C desta Lei, a au- Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art.
toridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, 149 caberá recurso de apelação.
decidirá acerca das diligências requeridas pelo Ministério Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz
Público e determinará a juntada do estudo psicossocial, efeito desde logo, embora sujeita a apelação, que será re-
designando, conforme o caso, audiência de instrução e jul- cebida exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tra-
gamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência tar de adoção internacional ou se houver perigo de dano
Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligên- irreparável ou de difícil reparação ao adotando. (Incluído
cias, ou sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
determinará a juntada do estudo psicossocial, abrindo a Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer
dos genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que
seguir vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco)
deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo. (Incluído
dias, decidindo em igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de 2009) Vigência Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção
Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será ins- e de destituição de poder familiar, em face da relevância
crito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a das questões, serão processados com prioridade absoluta,
sua convocação para a adoção feita de acordo com ordem devendo ser imediatamente distribuídos, ficando vedado
cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade que aguardem, em qualquer situação, oportuna distribui-
de crianças ou adolescentes adotáveis. (Incluído pela Lei nº ção, e serão colocados em mesa para julgamento sem revi-
12.010, de 2009) Vigência são e com parecer urgente do Ministério Público. (Incluído
§ 1o A ordem cronológica das habilitações somente pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
poderá deixar de ser observada pela autoridade judiciária Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em
nas hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quan- mesa para julgamento no prazo máximo de 60 (sessen-
do comprovado ser essa a melhor solução no interesse do ta) dias, contado da sua conclusão. (Incluído pela Lei nº
adotando. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência
§ 2o A recusa sistemática na adoção das crianças ou Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da
adolescentes indicados importará na reavaliação da ha- data do julgamento e poderá na sessão, se entender neces-
bilitação concedida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) sário, apresentar oralmente seu parecer. (Incluído pela Lei
Vigência nº 12.010, de 2009) Vigência

91
Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a ins- XI - inspecionar as entidades públicas e particulares
tauração de procedimento para apuração de responsabili- de atendimento e os programas de que trata esta Lei, ado-
dades se constatar o descumprimento das providências e tando de pronto as medidas administrativas ou judiciais
do prazo previstos nos artigos anteriores. (Incluído pela Lei necessárias à remoção de irregularidades porventura ve-
nº 12.010, de 2009) Vigência rificadas;
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração
Capítulo V dos serviços médicos, hospitalares, educacionais e de as-
Do Ministério Público sistência social, públicos ou privados, para o desempenho
de suas atribuições.
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas § 1º A legitimação do Ministério Público para as ações
nesta Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei or- cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas
gânica. mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e
Art. 201. Compete ao Ministério Público: esta Lei.
I - conceder a remissão como forma de exclusão do § 2º As atribuições constantes deste artigo não ex-
processo; cluem outras, desde que compatíveis com a finalidade do
II - promover e acompanhar os procedimentos relati- Ministério Público.
vos às infrações atribuídas a adolescentes; § 3º O representante do Ministério Público, no exercí-
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e cio de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se
os procedimentos de suspensão e destituição do poder fa- encontre criança ou adolescente.
miliar, nomeação e remoção de tutores, curadores e guar- § 4º O representante do Ministério Público será res-
diães, bem como oficiar em todos os demais procedimen- ponsável pelo uso indevido das informações e documentos
tos da competência da Justiça da Infância e da Juventude; que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo.
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inci-
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos inte- so VIII deste artigo, poderá o representante do Ministério
ressados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e Público:
a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer a) reduzir a termo as declarações do reclamante, ins-
administradores de bens de crianças e adolescentes nas hi- taurando o competente procedimento, sob sua presidên-
póteses do art. 98;
cia;
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública b) entender-se diretamente com a pessoa ou autori-
para a proteção dos interesses individuais, difusos ou cole-
dade reclamada, em dia, local e horário previamente noti-
tivos relativos à infância e à adolescência, inclusive os de-
ficados ou acertados;
finidos no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal;
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos ser-
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para
viços públicos e de relevância pública afetos à criança e
instruí-los:
ao adolescente, fixando prazo razoável para sua perfeita
a) expedir notificações para colher depoimentos ou
adequação.
esclarecimentos e, em caso de não comparecimento injus-
Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não
tificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela polí-
cia civil ou militar; for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na
b) requisitar informações, exames, perícias e docu- defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hi-
mentos de autoridades municipais, estaduais e federais, da pótese em que terá vista dos autos depois das partes, po-
administração direta ou indireta, bem como promover ins- dendo juntar documentos e requerer diligências, usando
peções e diligências investigatórias; os recursos cabíveis.
c) requisitar informações e documentos a particulares Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qual-
e instituições privadas; quer caso, será feita pessoalmente.
VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências inves- Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público
tigatórias e determinar a instauração de inquérito policial, acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício
para apuração de ilícitos ou infrações às normas de prote- pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.
ção à infância e à juventude; Art. 205. As manifestações processuais do represen-
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias tante do Ministério Público deverão ser fundamentadas.
legais assegurados às crianças e adolescentes, promoven-
do as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis; Capítulo VI
IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e Do Advogado
habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal,
na defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou res-
afetos à criança e ao adolescente; ponsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse
X - representar ao juízo visando à aplicação de pena- na solução da lide poderão intervir nos procedimentos de
lidade por infrações cometidas contra as normas de prote- que trata esta Lei, através de advogado, o qual será inti-
ção à infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da mado para todos os atos, pessoalmente ou por publicação
responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível; oficial, respeitado o segredo de justiça.

92
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária in- o fato aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e compa-
tegral e gratuita àqueles que dela necessitarem. nhias de transporte interestaduais e internacionais, forne-
Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a cendo-lhes todos os dados necessários à identificação do
prática de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, desaparecido. (Incluído pela Lei nº 11.259, de 2005)
será processado sem defensor. Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão pro-
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á postas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a
nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, ação ou omissão, cujo juízo terá competência absoluta para
constituir outro de sua preferência. processar a causa, ressalvadas a competência da Justiça Fe-
§ 2º A ausência do defensor não determinará o adia- deral e a competência originária dos tribunais superiores.
mento de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses
substituto, ainda que provisoriamente, ou para o só efeito coletivos ou difusos, consideram-se legitimados concor-
do ato. rentemente:
§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando I - o Ministério Público;
se tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Fede-
sido indicado por ocasião de ato formal com a presença da ral e os territórios;
autoridade judiciária. III - as associações legalmente constituídas há pelo
menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais
Capítulo VII a defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei,
Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais, Difu- dispensada a autorização da assembléia, se houver prévia
sos e Coletivos autorização estatutária.
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Mi-
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações nistérios Públicos da União e dos estados na defesa dos
de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à interesses e direitos de que cuida esta Lei.
criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento § 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por
ou oferta irregular: (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência associação legitimada, o Ministério Público ou outro legiti-
I - do ensino obrigatório; mado poderá assumir a titularidade ativa.
II - de atendimento educacional especializado aos
Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão to-
portadores de deficiência;
mar dos interessados compromisso de ajustamento de sua
III – de atendimento em creche e pré-escola às crian-
conduta às exigências legais, o qual terá eficácia de título
ças de zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei
executivo extrajudicial.
nº 13.306, de 2016)
Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegi-
IV - de ensino noturno regular, adequado às condições
dos por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações
do educando;
pertinentes.
V - de programas suplementares de oferta de material
§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as
didático-escolar, transporte e assistência à saúde do edu-
normas do Código de Processo Civil.
cando do ensino fundamental;
VI - de serviço de assistência social visando à proteção § 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pú-
à família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem blica ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribui-
como ao amparo às crianças e adolescentes que dele ne- ções do poder público, que lesem direito líquido e certo
cessitem; previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, que se rege-
VII - de acesso às ações e serviços de saúde; rá pelas normas da lei do mandado de segurança.
VIII - de escolarização e profissionalização dos adoles- Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimen-
centes privados de liberdade. to de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá
IX - de ações, serviços e programas de orientação, a tutela específica da obrigação ou determinará providên-
apoio e promoção social de famílias e destinados ao pleno cias que assegurem o resultado prático equivalente ao do
exercício do direito à convivência familiar por crianças e adimplemento.
adolescentes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên- § 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e ha-
cia vendo justificado receio de ineficácia do provimento final,
X - de programas de atendimento para a execução das é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após jus-
medidas socioeducativas e aplicação de medidas de prote- tificação prévia, citando o réu.
ção. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) § 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior
§ 1o As hipóteses previstas neste artigo não excluem da ou na sentença, impor multa diária ao réu, independente-
proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou mente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível
coletivos, próprios da infância e da adolescência, protegi- com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumpri-
dos pela Constituição e pela Lei. (Renumerado do Parágra- mento do preceito.
fo único pela Lei nº 11.259, de 2005) § 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em
§ 2o A investigação do desaparecimento de crianças julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida
ou adolescentes será realizada imediatamente após noti- desde o dia em que se houver configurado o descumpri-
ficação aos órgãos competentes, que deverão comunicar mento.

93
Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo § 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promo-
gerido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adoles- ção de arquivamento, em sessão do Conselho Superior
cente do respectivo município. do Ministério público, poderão as associações legitima-
§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o das apresentar razões escritas ou documentos, que serão
trânsito em julgado da decisão serão exigidas através de juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de
execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos informação.
autos, facultada igual iniciativa aos demais legitimados. § 4º A promoção de arquivamento será submetida a
§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o di- exame e deliberação do Conselho Superior do Ministério
nheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de cré- Público, conforme dispuser o seu regimento.
dito, em conta com correção monetária. § 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro
recursos, para evitar dano irreparável à parte. órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.
Art. 216. Transitada em julgado a sentença que im- Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber,
puser condenação ao poder público, o juiz determinará a as disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985.
remessa de peças à autoridade competente, para apuração
da responsabilidade civil e administrativa do agente a que Título VII
se atribua a ação ou omissão. Dos Crimes e Das Infrações Administrativas
Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em jul- Capítulo I
gado da sentença condenatória sem que a associação au- Dos Crimes
tora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Seção I
Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados. Disposições Gerais
Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar
ao réu os honorários advocatícios arbitrados na conformi- Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados
dade do § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem
1973 (Código de Processo Civil), quando reconhecer que a prejuízo do disposto na legislação penal.
pretensão é manifestamente infundada. Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a as- normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao pro-
sociação autora e os diretores responsáveis pela proposi- cesso, as pertinentes ao Código de Processo Penal.
tura da ação serão solidariamente condenados ao décuplo Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação
das custas, sem prejuízo de responsabilidade por perdas e pública incondicionada
danos.
Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não Seção II
haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários Dos Crimes em Espécie
periciais e quaisquer outras despesas.
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigen-
deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, prestan- te de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
do-lhe informações sobre fatos que constituam objeto de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e
ação civil, e indicando-lhe os elementos de convicção. prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta mé-
tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam en- dica, declaração de nascimento, onde constem as intercor-
sejar a propositura de ação civil, remeterão peças ao Minis- rências do parto e do desenvolvimento do neonato:
tério Público para as providências cabíveis. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado Parágrafo único. Se o crime é culposo:
poderá requerer às autoridades competentes as certidões Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
e informações que julgar necessárias, que serão fornecidas Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
no prazo de quinze dias. estabelecimento de atenção à saúde de gestante de iden-
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob tificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião
sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer do parto, bem como deixar de proceder aos exames referi-
pessoa, organismo público ou particular, certidões, infor- dos no art. 10 desta Lei:
mações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual Pena - detenção de seis meses a dois anos.
não poderá ser inferior a dez dias úteis. Parágrafo único. Se o crime é culposo:
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
as diligências, se convencer da inexistência de fundamento Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liber-
para a propositura da ação cível, promoverá o arquivamen- dade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante
to dos autos do inquérito civil ou das peças informativas, de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autorida-
fazendo-o fundamentadamente. de judiciária competente:
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informa- Pena - detenção de seis meses a dois anos.
ção arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que
em falta grave, no prazo de três dias, ao Conselho Superior procede à apreensão sem observância das formalidades
do Ministério Público. legais.

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Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coa-
apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata co- bitação ou de hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº
municação à autoridade judiciária competente e à família 11.829, de 2008)
do apreendido ou à pessoa por ele indicada: III – prevalecendo-se de relações de parentesco con-
Pena - detenção de seis meses a dois anos. sanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua au- tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de
toridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangi- quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela,
mento: ou com seu consentimento. (Incluído pela Lei nº 11.829,
Pena - detenção de seis meses a dois anos. de 2008)
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997: Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou
causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou ado- pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Redação
lescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
apreensão: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Pena - detenção de seis meses a dois anos. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,
nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberda- distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive
de: por meio de sistema de informática ou telemático, fotogra-
Pena - detenção de seis meses a dois anos. fia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo ex-
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade plícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
do Ministério Público no exercício de função prevista nesta Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (In-
Lei: cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. § 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei
nº 11.829, de 2008)
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de
I – assegura os meios ou serviços para o armazena-
quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem
mento das fotografias, cenas ou imagens de que trata
judicial, com o fim de colocação em lar substituto:
o caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou
computadores às fotografias, cenas ou imagens de que
pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa:
trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. 2008)
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem ofe- § 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o
rece ou efetiva a paga ou recompensa. deste artigo são puníveis quando o responsável legal pela
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato des- prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de
tinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o
com inobservância das formalidades legais ou com o fito caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
de obter lucro: Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qual- quer
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que
Parágrafo único. Se há emprego de violência, gra- contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolven-
ve ameaça ou fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de do criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de
12.11.2003) 2008)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul-
pena correspondente à violência. ta. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar § 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois ter-
ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou ços) se de pequena quantidade o material a que se refere
pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: (Reda- o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
ção dada pela Lei nº 11.829, de 2008) § 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. a finalidade de comunicar às autoridades competentes a
(Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por:
recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a par- (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
ticipação de criança ou adolescente nas cenas referidas I – agente público no exercício de suas funções; (Incluí-
no caput deste artigo, ou ainda quem com esses contrace- do pela Lei nº 11.829, de 2008)
na. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) II – membro de entidade, legalmente constituída, que
§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento,
comete o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) o processamento e o encaminhamento de notícia dos cri-
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretex- mes referidos neste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829,
to de exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) de 2008)

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III – representante legal e funcionários responsáveis de Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fo-
de computadores, até o recebimento do material relativo à gos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo
notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qual-
ao Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) quer dano físico em caso de utilização indevida:
§ 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
manter sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como
Lei nº 11.829, de 2008) tais definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou ado- ou à exploração sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de
lescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por 23.6.2000)
meio de adulteração, montagem ou modificação de foto- Pena – reclusão de quatro a dez anos, e multa.
grafia, vídeo ou qualquer outra forma de representação vi- § 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o
sual: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) gerente ou o responsável pelo local em que se verifique
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (In- a submissão de criança ou adolescente às práticas referi-
cluído pela Lei nº 11.829, de 2008) das no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 9.975, de
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem ven- 23.6.2000)
de, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divul- § 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a cas-
ga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o ma- sação da licença de localização e de funcionamento do
terial produzido na forma do caput deste artigo. (Incluído estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
pela Lei nº 11.829, de 2008) Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de me-
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, nor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal
por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de ou induzindo-o a praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de
com ela praticar ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829, 2009)
de 2008) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. pela Lei nº 12.015, de 2009)
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) § 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (In- quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de
cluído pela Lei nº 11.829, de 2008) quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo
I – facilita ou induz o acesso à criança de material con- da internet. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
tendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de § 2o As penas previstas no caput deste artigo são au-
com ela praticar ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº 11.829, mentadas de um terço no caso de a infração cometida ou
de 2008) induzida estar incluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo 1990
. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
com o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográ-
fica ou sexualmente explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829, Capítulo II
de 2008) Das Infrações Administrativas
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei,
a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” com- Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável
preende qualquer situação que envolva criança ou adoles- por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fun-
cente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, damental, pré-escola ou creche, de comunicar à autorida-
ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adoles- de competente os casos de que tenha conhecimento, en-
cente para fins primordialmente sexuais (Incluído pela Lei volvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra
nº 11.829, de 2008) criança ou adolescente:
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente cando-se o dobro em caso de reincidência.
arma, munição ou explosivo: Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de en-
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação tidade de atendimento o exercício dos direitos constantes
dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou cando-se o dobro em caso de reincidência.
a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autoriza-
produtos cujos componentes possam causar dependência ção devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato
física ou psíquica: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de ou documento de procedimento policial, administrativo ou
2015) judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, ato infracional:
se o fato não constitui crime mais grave. (Redação dada Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
pela Lei nº 13.106, de 2015) cando-se o dobro em caso de reincidência.

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§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou par- Pena - multa de três a vinte salários de referência, du-
cialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido plicada em caso de reincidência, aplicável, separadamente,
em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga res- à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publi-
peito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma cidade.
a permitir sua identificação, direta ou indiretamente. Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, es-
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa petáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de
ou emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista sua classificação:
neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a Pena - multa de vinte a cem salários de referência; du-
apreensão da publicação ou a suspensão da programação plicada em caso de reincidência a autoridade judiciária po-
da emissora até por dois dias, bem como da publicação do derá determinar a suspensão da programação da emissora
periódico até por dois números. (Expressão declara incons- por até dois dias.
titucional pela ADIN 869-2). Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congê-
Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária nere classificado pelo órgão competente como inadequa-
de seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim de re- do às crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo:
gularizar a guarda, adolescente trazido de outra comarca Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na
para a prestação de serviço doméstico, mesmo que autori- reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão
zado pelos pais ou responsável: do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- até quinze dias.
cando-se o dobro em caso de reincidência, independen- Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita
temente das despesas de retorno do adolescente, se for de programação em vídeo, em desacordo com a classifica-
o caso. ção atribuída pelo órgão competente:
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os de- Pena - multa de três a vinte salários de referência; em
veres inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá deter-
ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciá- minar o fechamento do estabelecimento por até quinze
ria ou Conselho Tutelar: (Expressão substituída pela Lei nº dias.
12.010, de 2009) Vigência Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- e 79 desta Lei:
cando-se o dobro em caso de reincidência. Pena - multa de três a vinte salários de referência, du-
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacom- plicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo
panhado dos pais ou responsável, ou sem autorização es- de apreensão da revista ou publicação.
crita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento
motel ou congênere: (Redação dada pela Lei nº 12.038, de ou o empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o
2009). acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou
Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº 12.038, de sobre sua participação no espetáculo: (Vide Lei nº 12.010,
2009). de 2009) Vigência
§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de Pena - multa de três a vinte salários de referência; em
multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fecha- caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá deter-
mento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. (Incluí- minar o fechamento do estabelecimento por até quinze
do pela Lei nº 12.038, de 2009). dias.
§ 2º Se comprovada a reincidência em período inferior Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de pro-
a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente videnciar a instalação e operacionalização dos cadastros
fechado e terá sua licença cassada. (Incluído pela Lei nº previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei: (Incluído
12.038, de 2009). pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qual- Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
quer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 (três mil reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
e 85 desta Lei: gência
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autori-
cando-se o dobro em caso de reincidência. dade que deixa de efetuar o cadastramento de crianças e
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetá- de adolescentes em condições de serem adotadas, de pes-
culo público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à soas ou casais habilitados à adoção e de crianças e adoles-
entrada do local de exibição, informação destacada sobre centes em regime de acolhimento institucional ou familiar.
a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa etária espe- (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
cificada no certificado de classificação: Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigen-
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- te de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
cando-se o dobro em caso de reincidência. efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante
representações ou espetáculos, sem indicar os limites de interessada em entregar seu filho para adoção: (Incluído
idade a que não se recomendem: pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

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Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 § 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministé-
(três mil reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- rio da Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará
gência a comprovação das doações feitas aos fundos, nos termos
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário deste artigo. (Incluído pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
de programa oficial ou comunitário destinado à garantia § 4º O Ministério Público determinará em cada co-
do direito à convivência familiar que deixa de efetuar a co- marca a forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo
municação referida no caput deste artigo. (Incluído pela Lei Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos
nº 12.010, de 2009) Vigência incentivos fiscais referidos neste artigo. (Incluído pela Lei
Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no in- nº 8.242, de 12.10.1991)
ciso II do art. 81: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015) § 5o Observado o disposto no § 4o do art. 3o da Lei
Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que
(dez mil reais); (Redação dada pela Lei nº 13.106, trata o inciso I do caput: (Redação dada pela Lei nº 12.594,
de 2015) de 2012) (Vide)
Medida Administrativa - interdição do estabelecimento I - será considerada isoladamente, não se submetendo
comercial até o recolhimento da multa aplicada. (Redação a limite em conjunto com outras deduções do imposto; e
dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
II - não poderá ser computada como despesa ope-
Disposições Finais e Transitórias
racional na apuração do lucro real. (Incluído pela Lei nº
12.594, de 2012) (Vide)
Art. 259. A União, no prazo de noventa dias conta-
dos da publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calen-
dispondo sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às dário de 2009, a pessoa física poderá optar pela doação
diretrizes da política de atendimento fixadas no art. 88 e ao de que trata o inciso II do caput do art. 260 diretamente
que estabelece o Título V do Livro II. em sua Declaração de Ajuste Anual. (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único. Compete aos estados e municípios 12.594, de 2012) (Vide)
promoverem a adaptação de seus órgãos e programas às § 1o A doação de que trata o caput poderá ser deduzi-
diretrizes e princípios estabelecidos nesta Lei. da até os seguintes percentuais aplicados sobre o impos-
Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos to apurado na declaração: (Incluído pela Lei nº 12.594, de
Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, 2012) (Vide)
distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprova- I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
das, sendo essas integralmente deduzidas do imposto de (Vide)
renda, obedecidos os seguintes limites: (Redação dada pela II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) (Vide)
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012.
apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lu- (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
cro real; e (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) § 2o A dedução de que trata o caput: (Incluído pela Lei
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apu- nº 12.594, de 2012) (Vide)
rado pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do im-
observado o disposto no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de posto sobre a renda apurado na declaração de que trata o
dezembro de 1997. (Redação dada pela Lei nº 12.594, de inciso II do caput do art. 260; (Incluído pela Lei nº 12.594,
2012) (Vide) de 2012) (Vide)
§ 1º - (Revogado pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) II - não se aplica à pessoa física que: (Incluído pela Lei
§ 1o-A. Na definição das prioridades a serem atendidas nº 12.594, de 2012) (Vide)
com os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais
a) utilizar o desconto simplificado; (Incluído pela Lei nº
e municipais dos direitos da criança e do adolescente, se-
12.594, de 2012) (Vide)
rão consideradas as disposições do Plano Nacional de Pro-
b) apresentar declaração em formulário; ou (Incluído
moção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adoles-
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
centes à Convivência Familiar e Comunitária e as do Plano
Nacional pela Primeira Infância. (Redação dada dada pela c) entregar a declaração fora do prazo; (Incluído pela
Lei nº 13.257, de 2016) Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 2o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos III - só se aplica às doações em espécie; e (Incluído pela
direitos da criança e do adolescente fixarão critérios de Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções
subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente em vigor. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma de § 3o O pagamento da doação deve ser efetuado até a
guarda, de crianças e adolescentes e para programas de data de vencimento da primeira quota ou quota única do
atenção integral à primeira infância em áreas de maior ca- imposto, observadas instruções específicas da Secretaria
rência socioeconômica e em situações de calamidade. (Re- da Receita Federal do Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.594,
dação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016) de 2012) (Vide)

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§ 4o O não pagamento da doação no prazo estabe- te, informando também se houve avaliação, o nome, CPF
lecido no § 3o implica a glosa definitiva desta parcela de ou CNPJ e endereço dos avaliadores. (Incluído pela Lei nº
dedução, ficando a pessoa física obrigada ao recolhimento 12.594, de 2012) (Vide)
da diferença de imposto devido apurado na Declaração de Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador
Ajuste Anual com os acréscimos legais previstos na legisla- deverá: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
ção. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) I - comprovar a propriedade dos bens, mediante do-
§ 5o A pessoa física poderá deduzir do imposto apu- cumentação hábil; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
rado na Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no (Vide)
respectivo ano-calendário, aos fundos controlados pelos II - baixar os bens doados na declaração de bens e di-
Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente mu- reitos, quando se tratar de pessoa física, e na escrituração,
nicipais, distrital, estaduais e nacional concomitantemente no caso de pessoa jurídica; e (Incluído pela Lei nº 12.594,
com a opção de que trata o caput, respeitado o limite pre- de 2012) (Vide)
visto no inciso II do art. 260. (Incluído pela Lei nº 12.594, de III - considerar como valor dos bens doados: (Incluído
2012) (Vide) pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260 a) para as pessoas físicas, o valor constante da última
poderá ser deduzida: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) declaração do imposto de renda, desde que não exceda
(Vide) o valor de mercado; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas ju- (Vide)
rídicas que apuram o imposto trimestralmente; e (Incluído b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens.
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não
para as pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmen- será considerado na determinação do valor dos bens doa-
te. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) dos, exceto se o leilão for determinado por autoridade ju-
Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro diciária. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts.
do período a que se refere a apuração do imposto. (Incluí-
260-D e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por
do pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
um prazo de 5 (cinco) anos para fins de comprovação da
Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta
dedução perante a Receita Federal do Brasil. (Incluído pela
Lei podem ser efetuadas em espécie ou em bens. (Incluído
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração
Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie de-
das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Ado-
vem ser depositadas em conta específica, em instituição fi-
lescente nacional, estaduais, distrital e municipais devem:
nanceira pública, vinculadas aos respectivos fundos de que (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
trata o art. 260. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) I - manter conta bancária específica destinada exclusi-
Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração vamente a gerir os recursos do Fundo; (Incluído pela Lei nº
das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Ado- 12.594, de 2012) (Vide)
lescente nacional, estaduais, distrital e municipais devem II - manter controle das doações recebidas; e (Incluído
emitir recibo em favor do doador, assinado por pessoa pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
competente e pelo presidente do Conselho correspon- III - informar anualmente à Secretaria da Receita Fede-
dente, especificando: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) ral do Brasil as doações recebidas mês a mês, identifican-
(Vide) do os seguintes dados por doador: (Incluído pela Lei nº
I - número de ordem; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 12.594, de 2012) (Vide)
2012) (Vide) a) nome, CNPJ ou CPF; (Incluído pela Lei nº 12.594, de
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) 2012) (Vide)
e endereço do emitente; (Incluído pela Lei nº 12.594, de b) valor doado, especificando se a doação foi em espé-
2012) (Vide) cie ou em bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obriga- ções
do doador; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do
IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e Brasil dará conhecimento do fato ao Ministério Público.
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
V - ano-calendário a que se refere a doação. (Incluído Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais di-
§ 1o O comprovante de que trata o caput deste arti- vulgarão amplamente à comunidade: (Incluído pela Lei nº
go pode ser emitido anualmente, desde que discrimine os 12.594, de 2012) (Vide)
valores doados mês a mês. (Incluído pela Lei nº 12.594, de I - o calendário de suas reuniões; (Incluído pela Lei nº
2012) (Vide) 12.594, de 2012) (Vide)
§ 2o No caso de doação em bens, o comprovante II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de
deve conter a identificação dos bens, mediante descrição atendimento à criança e ao adolescente; (Incluído pela Lei
em campo próprio ou em relação anexa ao comprovan- nº 12.594, de 2012) (Vide)

99
III - os requisitos para a apresentação de projetos a prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
serem beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em
da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada
ou municipais; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano- de catorze anos.
calendário e o valor dos recursos previstos para implemen- 2) Art. 129 ...............................................................
tação das ações, por projeto; (Incluído pela Lei nº 12.594, § 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qual-
de 2012) (Vide) quer das hipóteses do art. 121, § 4º.
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva desti- § 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do
nação, por projeto atendido, inclusive com cadastramento art. 121.
na base de dados do Sistema de Informações sobre a In- 3) Art. 136.................................................................
fância e a Adolescência; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é pra-
2012) (Vide) ticado contra pessoa menor de catorze anos.
VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficia- 4) Art. 213 ..................................................................
dos com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze
do Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais.
anos:
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Pena - reclusão de quatro a dez anos.
Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada
5) Art. 214...................................................................
Comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos incenti-
Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze
vos fiscais referidos no art. 260 desta Lei. (Incluído pela Lei
nº 12.594, de 2012) (Vide) anos:
Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos Pena - reclusão de três a nove anos.»
arts. 260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder por Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro
ação judicial proposta pelo Ministério Público, que poderá de 1973, fica acrescido do seguinte item:
atuar de ofício, a requerimento ou representação de qual- “Art. 102 ....................................................................
quer cidadão. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. “
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presi- Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da
dência da República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria da União, da administração direta ou indireta, inclusive fun-
Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro de cada ano, dações instituídas e mantidas pelo poder público federal
arquivo eletrônico contendo a relação atualizada dos Fun- promoverão edição popular do texto integral deste Estatu-
dos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, dis- to, que será posto à disposição das escolas e das entidades
trital, estaduais e municipais, com a indicação dos respec- de atendimento e de defesa dos direitos da criança e do
tivos números de inscrição no CNPJ e das contas bancárias adolescente.
específicas mantidas em instituições financeiras públicas, Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla
destinadas exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos. divulgação dos direitos da criança e do adolescente nos
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) meios de comunicação social. (Redação dada dada pela Lei
Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil nº 13.257, de 2016)
expedirá as instruções necessárias à aplicação do disposto Parágrafo único. A divulgação a que se refere
nos arts. 260 a 260-K. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) o caput será veiculada em linguagem clara, compreensí-
(Vide) vel e adequada a crianças e adolescentes, especialmente às
Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos crianças com idade inferior a 6 (seis) anos. (Incluído dada
da criança e do adolescente, os registros, inscrições e alte- pela Lei nº 13.257, de 2016)
rações a que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua
desta Lei serão efetuados perante a autoridade judiciária
publicação.
da comarca a que pertencer a entidade.
Parágrafo único. Durante o período de vacância deve-
Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar
rão ser promovidas atividades e campanhas de divulgação
aos estados e municípios, e os estados aos municípios, os
recursos referentes aos programas e atividades previstos e esclarecimentos acerca do disposto nesta Lei.
nesta Lei, tão logo estejam criados os conselhos dos direi- Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964,
tos da criança e do adolescente nos seus respectivos níveis. e 6.697, de 10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e
Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tute- as demais disposições em contrário.
lares, as atribuições a eles conferidas serão exercidas pela Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e
autoridade judiciária. 102º da República.
Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro FERNANDO COLLOR
de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes Bernardo Cabral
alterações: Carlos Chiarelli
1) Art. 121 ............................................................ Antônio Magri
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de Margarida Procópio
um terço, se o crime resulta de inobservância de regra téc- Este texto não substitui o publicado no DOU 16.7.1990
nica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de e retificado em 27.9.1990

100
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades ou superdotação.
DECRETO Nº 6.571/2008 –
EDUCAÇÃO INCLUSIVA E AS
POLÍTICAS PÚBLICAS.

Prezado Candidato, o referido Decreto foi


inteira- mente revogado, pelo decreto abaixo
correspondente.

DECRETO Nº 7.611, DE 17 DE NOVEMBRO DE 2011.

Dispõe sobre a educação especial, o atendimento edu-


cacional especializado e dá outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das atribui-


ções que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea “a”, da
Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 208, inciso
III, da Constituição, arts. 58 a 60 da Lei n o 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, art. 9o, § 2o, da Lei no 11.494, de 20 de
junho de 2007, art. 24 da Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, apro-
vados por meio do Decreto Legislativo no 186, de 9 de julho
de 2008, com status de emenda constitucional, e promul-
gados pelo Decreto no 6.949, de 25 de agosto de 2009,
DECRETA:
Art. 1o O dever do Estado com a educação das pessoas
público-alvo da educação especial será efetivado de acor-
do com as seguintes diretrizes:
I - garantia de um sistema educacional inclusivo em to-
dos os níveis, sem discriminação e com base na igualdade
de oportunidades;
II - aprendizado ao longo de toda a vida;
III - não exclusão do sistema educacional geral sob ale-
gação de deficiência;
IV - garantia de ensino fundamental gratuito e compul-
sório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo com as
necessidades individuais;
V - oferta de apoio necessário, no âmbito do sistema
educacional geral, com vistas a facilitar sua efetiva educa-
ção;
VI - adoção de medidas de apoio individualizadas e
efetivas, em ambientes que maximizem o desenvolvimen-
to acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão
plena;
VII - oferta de educação especial preferencialmente na
rede regular de ensino; e
VIII - apoio técnico e financeiro pelo Poder Público às
instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e
com atuação exclusiva em educação especial.
§ 1o Para fins deste Decreto, considera-se público-al-
vo da educação especial as pessoas com deficiência, com
transtornos globais do desenvolvimento e com altas habi-
lidades ou superdotação.
§ 2o No caso dos estudantes surdos e com deficiência
auditiva serão observadas as diretrizes e princípios dispos-
tos no Decreto no 5.626, de 22 de dezembro de 2005.
Art. 2o A educação especial deve garantir os serviços
de apoio especializado voltado a eliminar as barreiras que
possam obstruir o processo de escolarização de estudantes
101
§ 1º Para fins deste Decreto, os serviços de que es- tudos nos demais níveis, etapas e modalidades de
trata o caput serão denominados atendimento ensino.
educacional es- pecializado, compreendido como o Art. 4o O Poder Público estimulará o acesso ao atendi-
conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e mento educacional especializado de forma complementar
pedagógicos organizados ins- titucional e ou suplementar ao ensino regular, assegurando a dupla
continuamente, prestado das seguintes formas: I - matrícula nos termos do art. 9º-A do Decreto no 6.253, de
complementar à formação dos estudantes com de- 13 de novembro de 2007.
ficiência, transtornos globais do desenvolvimento, Art. 5o A União prestará apoio técnico e financeiro
como apoio permanente e limitado no tempo e na aos sistemas públicos de ensino dos Estados, Municípios
frequência e Distrito Federal, e a instituições comunitárias, confessio-
dos estudantes às salas de recursos multifuncionais; nais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com a finalidade
ou de ampliar a oferta do atendimento educacional especia-
II - suplementar à formação de estudantes com lizado aos estudantes com deficiência, transtornos globais
altas habilidades ou superdotação. do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
§ 2o O atendimento educacional especializado deve matriculados na rede pública de ensino regular.
in- tegrar a proposta pedagógica da escola, envolver a § 1o As instituições comunitárias, confessionais ou fi-
partici- pação da família para garantir pleno acesso e lantrópicas sem fins lucrativos de que trata o caput devem
participação dos estudantes, atender às necessidades ter atuação na educação especial e serem conveniadas com
específicas das pessoas público-alvo da educação o Poder Executivo do ente federativo competente.
especial, e ser realizado em articulação com as demais § 2o O apoio técnico e financeiro de que trata
políticas públicas. o caput contemplará as seguintes ações:
Art. 3o São objetivos do atendimento educacional I - aprimoramento do atendimento educacional espe-
es- pecializado: cializado já ofertado;
I - prover condições de acesso, participação e II - implantação de salas de recursos multifuncionais;
aprendi- zagem no ensino regular e garantir serviços de III - formação continuada de professores, inclusive para
apoio espe- cializados de acordo com as necessidades o desenvolvimento da educação bilíngue para estudantes
individuais dos estudantes; surdos ou com deficiência auditiva e do ensino do Braile
II - garantir a transversalidade das ações da para estudantes cegos ou com baixa visão;
educação especial no ensino regular; IV - formação de gestores, educadores e demais profis-
III - fomentar o desenvolvimento de recursos sionais da escola para a educação na perspectiva da educa-
didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no ção inclusiva, particularmente na aprendizagem, na partici-
processo de ensino e aprendizagem; e pação e na criação de vínculos interpessoais;
IV - assegurar condições para a continuidade de

102
V - adequação arquitetônica de prédios escolares para § 2o O credenciamento perante o órgão competente
acessibilidade; do sistema de ensino, na forma do art. 10, inciso IV e pa-
VI - elaboração, produção e distribuição de recursos rágrafo único, e art. 11, inciso IV, da Lei no 9.394, de 1996,
educacionais para a acessibilidade; e depende de aprovação de projeto pedagógico.” (NR)
VII - estruturação de núcleos de acessibilidade nas ins- Art. 9o As despesas decorrentes da execução das dis-
tituições federais de educação superior. posições constantes deste Decreto correrão por conta das
§ 3o As salas de recursos multifuncionais são ambien- dotações próprias consignadas ao Ministério da Educação.
tes dotados de equipamentos, mobiliários e materiais didá- Art. 10. Este Decreto entra em vigor na data de sua
ticos e pedagógicos para a oferta do atendimento educa- publicação.
cional especializado. Art. 11. Fica revogado o Decreto no 6.571, de 17 de
§ 4o A produção e a distribuição de recursos educa- setembro de 2008.
cionais para a acessibilidade e aprendizagem incluem ma- Brasília, 17 de novembro de 2011; 190 o da Indepen-
teriais didáticos e paradidáticos em Braille, áudio e Língua dência e 123o da República.
Brasileira de Sinais - LIBRAS, laptops com sintetizador de DILMA ROUSSEFF
voz, softwares para comunicação alternativa e outras aju-
das técnicas que possibilitam o acesso ao currículo.
§ 5o Os núcleos de acessibilidade nas instituições fede-
rais de educação superior visam eliminar barreiras físicas, DECRETO 7611/2011 – DISPÕE SOBRE
de comunicação e de informação que restringem a partici- A
pação e o desenvolvimento acadêmico e social de estudan-
EDUCAÇÃO ESPECIAL, O AEE E DÁ OUTRAS
tes com deficiência.
PROVIDÊNCIAS.
Art. 6o O Ministério da Educação disciplinará os requisi-
tos, as condições de participação e os procedimentos para
apresentação de demandas para apoio técnico e financeiro
direcionado ao atendimento educacional especializado.
Art. 7o O Ministério da Educação realizará o acompa- DECRETO Nº 7.611, DE 17 DE NOVEMBRO DE 2011.
nhamento e o monitoramento do acesso à escola por par-
Dispõe sobre a educação especial, o atendimento edu-
te dos beneficiários do benefício de prestação continuada,
cacional especializado e dá outras providências
em colaboração com o Ministério da Saúde, o Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e a Secreta-
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das atribui-
ria de Direitos Humanos da Presidência da República.
ções que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea “a”, da
Art. 8o O Decreto no 6.253, de 2007, passa a vigorar
Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 208, inciso
com as seguintes alterações:
III, da Constituição, arts. 58 a 60 da Lei no 9.394, de 20 de
“Art. 9º-A. Para efeito da distribuição dos recursos do dezembro de 1996, art. 9o, § 2o, da Lei no 11.494, de 20 de
FUNDEB, será admitida a dupla matrícula dos estudantes junho de 2007, art. 24 da Convenção sobre os Direitos das
da educação regular da rede pública que recebem atendi- Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, apro-
mento educacional especializado. vados por meio do Decreto Legislativo no 186, de 9 de julho
§ 1o A dupla matrícula implica o cômputo do estudan- de 2008, com status de emenda constitucional, e promul-
te tanto na educação regular da rede pública, quanto no gados pelo Decreto no 6.949, de 25 de agosto de 2009,
atendimento educacional especializado. DECRETA:
§ 2o O atendimento educacional especializado aos Art. 1o O dever do Estado com a educação das pessoas
estudantes da rede pública de ensino regular poderá ser público-alvo da educação especial será efetivado de acor-
oferecido pelos sistemas públicos de ensino ou por ins- do com as seguintes diretrizes:
tituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem I - garantia de um sistema educacional inclusivo em to-
fins lucrativos, com atuação exclusiva na educação especial, dos os níveis, sem discriminação e com base na igualdade
conveniadas com o Poder Executivo competente, sem pre- de oportunidades;
juízo do disposto no art. 14.” (NR) II - aprendizado ao longo de toda a vida;
“Art. 14. Admitir-se-á, para efeito da distribuição dos III - não exclusão do sistema educacional geral sob ale-
recursos do FUNDEB, o cômputo das matrículas efetivadas gação de deficiência;
na educação especial oferecida por instituições comunitá- IV - garantia de ensino fundamental gratuito e compul-
rias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com sório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo com as
atuação exclusiva na educação especial, conveniadas com necessidades individuais;
o Poder Executivo competente. V - oferta de apoio necessário, no âmbito do sistema
§ 1o Serão consideradas, para a educação especial, as educacional geral, com vistas a facilitar sua efetiva educa-
matrículas na rede regular de ensino, em classes comuns ção;
ou em classes especiais de escolas regulares, e em escolas VI - adoção de medidas de apoio individualizadas e
especiais ou especializadas. efetivas, em ambientes que maximizem o desenvolvimen-
to acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão
plena;

103
104
VII - oferta de educação especial preferencialmente na § 1o As instituições comunitárias, confessionais ou fi-
rede regular de ensino; e lantrópicas sem fins lucrativos de que trata o caput devem
VIII - apoio técnico e financeiro pelo Poder Público às ter atuação na educação especial e serem conveniadas com
instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e o Poder Executivo do ente federativo competente.
com atuação exclusiva em educação especial. § 2o O apoio técnico e financeiro de que trata
§ 1o Para fins deste Decreto, considera-se público-al- o caput contemplará as seguintes ações:
vo da educação especial as pessoas com deficiência, com I - aprimoramento do atendimento educacional espe-
transtornos globais do desenvolvimento e com altas habi- cializado já ofertado;
lidades ou superdotação. II - implantação de salas de recursos multifuncionais;
§ 2o No caso dos estudantes surdos e com deficiência III - formação continuada de professores, inclusive para
auditiva serão observadas as diretrizes e princípios dispos- o desenvolvimento da educação bilíngue para estudantes
tos no Decreto no 5.626, de 22 de dezembro de 2005. surdos ou com deficiência auditiva e do ensino do Braile
Art. 2o A educação especial deve garantir os serviços para estudantes cegos ou com baixa visão;
de apoio especializado voltado a eliminar as barreiras que IV - formação de gestores, educadores e demais profis-
possam obstruir o processo de escolarização de estudantes sionais da escola para a educação na perspectiva da educa-
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e ção inclusiva, particularmente na aprendizagem, na partici-
altas habilidades ou superdotação. pação e na criação de vínculos interpessoais;
§ 1º Para fins deste Decreto, os serviços de que trata V - adequação arquitetônica de prédios escolares para
o caput serão denominados atendimento educacional es- acessibilidade;
pecializado, compreendido como o conjunto de atividades, VI - elaboração, produção e distribuição de recursos
recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados ins- educacionais para a acessibilidade; e
titucional e continuamente, prestado das seguintes formas: VII - estruturação de núcleos de acessibilidade nas ins-
I - complementar à formação dos estudantes com de- tituições federais de educação superior.
ficiência, transtornos globais do desenvolvimento, como § 3o As salas de recursos multifuncionais são ambien-
apoio permanente e limitado no tempo e na frequência tes dotados de equipamentos, mobiliários e materiais didá-
dos estudantes às salas de recursos multifuncionais; ou ticos e pedagógicos para a oferta do atendimento educa-
II - suplementar à formação de estudantes com altas cional especializado.
habilidades ou superdotação. § 4o A produção e a distribuição de recursos educa-
§ 2o O atendimento educacional especializado deve in- cionais para a acessibilidade e aprendizagem incluem ma-
tegrar a proposta pedagógica da escola, envolver a partici- teriais didáticos e paradidáticos em Braille, áudio e Língua
pação da família para garantir pleno acesso e participação Brasileira de Sinais - LIBRAS, laptops com sintetizador de
dos estudantes, atender às necessidades específicas das voz, softwares para comunicação alternativa e outras aju-
pessoas público-alvo da educação especial, e ser realizado das técnicas que possibilitam o acesso ao currículo.
em articulação com as demais políticas públicas. § 5o Os núcleos de acessibilidade nas instituições fede-
Art. 3o São objetivos do atendimento educacional es- rais de educação superior visam eliminar barreiras físicas,
pecializado: de comunicação e de informação que restringem a partici-
I - prover condições de acesso, participação e aprendi- pação e o desenvolvimento acadêmico e social de estudan-
zagem no ensino regular e garantir serviços de apoio espe- tes com deficiência.
cializados de acordo com as necessidades individuais dos Art. 6o O Ministério da Educação disciplinará os requisi-
estudantes; tos, as condições de participação e os procedimentos para
II - garantir a transversalidade das ações da educação apresentação de demandas para apoio técnico e financeiro
especial no ensino regular; direcionado ao atendimento educacional especializado.
III - fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos Art. 7o O Ministério da Educação realizará o acompa-
e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de nhamento e o monitoramento do acesso à escola por par-
ensino e aprendizagem; e te dos beneficiários do benefício de prestação continuada,
IV - assegurar condições para a continuidade de es- em colaboração com o Ministério da Saúde, o Ministério
tudos nos demais níveis, etapas e modalidades de ensino. do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e a Secreta-
Art. 4o O Poder Público estimulará o acesso ao atendi- ria de Direitos Humanos da Presidência da República.
mento educacional especializado de forma complementar Art. 8o O Decreto no 6.253, de 2007, passa a vigorar
ou suplementar ao ensino regular, assegurando a dupla com as seguintes alterações:
matrícula nos termos do art. 9º-A do Decreto no 6.253, de “Art. 9º-A. Para efeito da distribuição dos recursos do
13 de novembro de 2007. FUNDEB, será admitida a dupla matrícula dos estudantes
Art. 5o A União prestará apoio técnico e financeiro da educação regular da rede pública que recebem atendi-
aos sistemas públicos de ensino dos Estados, Municípios mento educacional especializado.
e Distrito Federal, e a instituições comunitárias, confessio- § 1o A dupla matrícula implica o cômputo do estudan-
nais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com a finalidade te tanto na educação regular da rede pública, quanto no
de ampliar a oferta do atendimento educacional especia- atendimento educacional especializado.
lizado aos estudantes com deficiência, transtornos globais § 2o O atendimento educacional especializado aos
do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, estudantes da rede pública de ensino regular poderá ser
matriculados na rede pública de ensino regular. oferecido pelos sistemas públicos de ensino ou por ins-

105
tituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem cidadania e à qualificação para o trabalho, na vivên-
fins lucrativos, com atuação exclusiva na educação especial, cia e convivência em ambiente educativo, e tendo como
conveniadas com o Poder Executivo competente, sem pre- fundamento a responsabilidade que o Estado brasileiro,
juízo do disposto no art. 14.” (NR) a família e a sociedade têm de garantir a democratização
“Art. 14. Admitir-se-á, para efeito da distribuição dos do acesso, a inclusão, a permanência e a conclusão com
recursos do FUNDEB, o cômputo das matrículas efetivadas sucesso das crianças, dos jovens e adultos na institui-
na educação especial oferecida por instituições comunitá- ção educacional, a aprendizagem para continuidade dos
rias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com estudos e a extensão da obrigatoriedade e da gratuidade
atuação exclusiva na educação especial, conveniadas com da Educação Básica.
o Poder Executivo competente.
§ 1o Serão consideradas, para a educação especial, as TÍTULO I OBJETIVOS
matrículas na rede regular de ensino, em classes comuns
ou em classes especiais de escolas regulares, e em escolas Art. 2º Estas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais
especiais ou especializadas. para a Educação Básica têm por objetivos:
§ 2o O credenciamento perante o órgão competente I - sistematizar os princípios e as diretrizes gerais
do sistema de ensino, na forma do art. 10, inciso IV e pa- da Educação Básica contidos na Constituição, na Lei de
rágrafo único, e art. 11, inciso IV, da Lei no 9.394, de 1996, Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e demais
depende de aprovação de projeto pedagógico.” (NR) dispositivos legais, traduzindo-os em orientações que
Art. 9o As despesas decorrentes da execução das dis- contribuam para assegurar a formação básica comum
posições constantes deste Decreto correrão por conta das nacional, tendo como foco os sujeitos que dão vida ao cur-
dotações próprias consignadas ao Ministério da Educação. rículo e à escola;
II - estimular a reflexão crítica e propositiva que
Art. 10. Este Decreto entra em vigor na data de sua
deve subsidiar a formulação, a execução e a avaliação do
publicação.
projeto político-pedagógico da escola de Educação Básica;
Art. 11. Fica revogado o Decreto no 6.571, de 17 de
III - orientar os cursos de formação inicial e con- tinuada
setembro de 2008.
de docentes e demais profissionais da Educação Básica, os
Brasília, 17 de novembro de 2011; 190 o da Indepen-
sistemas educativos dos diferentes entes federa- dos e as
dência e 123o da República.
escolas que os integram, indistintamente da rede
a que pertençam.
Art. 3º As Diretrizes Curriculares Nacionais específicas
para as etapas e modalidades da Educação Básica devem
RESOLUÇÃO Nº 4/2010 - CNE/CEB – evidenciar o seu papel de indicador de opções políticas,
DEFINE DIRETRIZES CURRICULARES sociais, culturais, educacionais, e a função da educação,
NACIONAIS na sua relação com um projeto de Nação, tendo como
referência os objetivos constitucionais, fundamentando-
GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA.
se na cidadania e na dignidade da pessoa, o que pressu-
põe igualdade, liberdade, pluralidade, diversidade, respei-
to, justiça social, solidariedade e sustentabilidade.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CÂMARA DE TÍTULO II
EDUCAÇÃO BÁSICA REFERÊNCIAS CONCEITUAIS
RESOLUÇÃO Nº 4, DE 13 DE JULHO DE 2010 (*) Art. 4º As bases que dão sustentação ao projeto na-
Define Diretrizes Curriculares Nacionais cional de educação responsabilizam o poder público, a
Gerais para a Educação Básica. família, a sociedade e a escola pela garantia a todos os
O Presidente da Câmara de Educação Básica do Con- educandos de um ensino ministrado de acordo com os
selho Nacional de Educação, no uso de suas atribuições princípios de:
legais, e de conformidade com o disposto na alínea “c” I - igualdade de condições para o acesso, inclusão, per-
do § 1º do artigo 9º da Lei nº 4.024/1961, com a redação manência e sucesso na escola;
dada pela Lei nº 9.131/1995, nos artigos 36, 36- A, 36-B, II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar
36-C, 36-D, 37, 39, 40, 41 e 42 da Lei nº 9.394/1996, com a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
a redação dada pela Lei nº 11.741/2008, bem como no III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
Decreto nº 5.154/2004, e com fundamento no Parecer IV - respeito à liberdade e aos direitos;
CNE/CEB nº 7/2010, homologado por Despacho do Senhor V - coexistência de instituições públicas e privadas de
Ministro de Estado da Educação, publicado no DOU de 9 ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabeleci-
de julho de 2010. mentos oficiais; VII - valorização do profissional da educa-
RESOLVE: ção escolar;
Art. 1º A presente Resolução define Diretrizes Curricu- VIII - gestão democrática do ensino público, na for-
lares Nacionais Gerais para o conjunto orgânico, sequen- ma da legislação e das normas dos respectivos sistemas
cial e articulado das etapas e modalidades da Educação de ensino;
Básica, baseando-se no direito de toda pessoa ao seu
pleno desenvolvimento, à preparação para o exercício da

106
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IX - garantia de padrão de qualidade; II - consideração sobre a inclusão, a valorização das
X - valorização da experiência extraescolar; diferenças e o atendimento à pluralidade e à diversidade
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e cultural, resgatando e respeitando as várias manifestações
as práticas sociais. de cada comunidade;
Art. 5º A Educação Básica é direito universal e alicerce III - foco no projeto político-pedagógico, no gos-
indispensável para o exercício da cidadania em plenitude, to pela aprendizagem e na avaliação das aprendizagens
da qual depende a possibilidade de conquistar todos como instrumento de contínua progressão dos estudantes;
os demais direitos, definidos na Constituição Federal, no IV - inter-relação entre organização do currículo, do
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), na legislação trabalho pedagógico e da jornada de trabalho do profes-
ordinária e nas demais disposições que consagram as prer- sor, tendo como objetivo a aprendizagem do estudante;
rogativas do cidadão. V - preparação dos profissionais da educação, ges-
Art. 6º Na Educação Básica, é necessário considerar tores, professores, especialistas, técnicos, monitores e ou-
as dimensões do educar e do cuidar, em sua inseparabi- tros;
lidade, buscando recuperar, para a função social desse VI - compatibilidade entre a proposta curricular e a
nível da educação, a sua centralidade, que é o educando, infraestrutura entendida como espaço formativo dotado
pessoa em formação na sua essência humana. de efetiva disponibilidade de tempos para a sua uti-
lização e acessibilidade;
TÍTULO III VII - integração dos profissionais da educação, dos
SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO estudantes, das famílias, dos agentes da comunidade in-
teressados na educação;
Art. 7º A concepção de educação deve orientar a VIII - valorização dos profissionais da educação,
institucionalização do regime de colaboração entre União, com programa de formação continuada, critérios de
Estados, Distrito Federal e Municípios, no contexto da acesso, permanência, remuneração compatível com a
estrutura federativa brasileira, em que convivem sistemas jornada de trabalho definida no projeto político-pedagó-
gico;
educacionais autônomos, para assegurar efetividade ao
IX - realização de parceria com órgãos, tais como
projeto da educação nacional, vencer a fragmentação das
os de assistência social e desenvolvimento humano,
políticas públicas e superar a desarticulação institucional.
cidadania, ciência e tecnologia, esporte, turismo, cultura
§ 1º Essa institucionalização é possibilitada por um Sis-
e arte, saúde, meio ambiente.
tema Nacional de Educação, no qual cada ente federativo,
Art. 10. A exigência legal de definição de padrões mí-
com suas peculiares competências, é chamado a cola-
nimos de qualidade da educação traduz a necessidade
borar para transformar a Educação Básica em um sistema de reconhecer que a sua avaliação associa-se à ação
orgânico, sequencial e articulado. planejada, coletivamente, pelos sujeitos da escola.
§ 2º O que caracteriza um sistema é a atividade § 1º O planejamento das ações coletivas exercidas
intencional e organicamente concebida, que se justifica pela escola supõe que os sujeitos tenham clareza quanto:
pela realização de atividades voltadas para as mesmas I - aos princípios e às finalidades da educação, além
finalidades ou para a concretização dos mesmos objetivos. do reconhecimento e da análise dos dados indicados pelo
§ 3º O regime de colaboração entre os entes federados Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e/ou
pressupõe o estabelecimento de regras de equivalência outros indicadores, que o complementem ou substituam;
entre as funções distributiva, supletiva, normativa, de II - à relevância de um projeto político-pe-
supervisão e avaliação da educação nacional, respeitada dagógico concebido e assumido colegiadamente pela
a autonomia dos sistemas e valorizadas as diferenças comunidade educacional, respeitadas as múltiplas diver-
regionais. sidades e a pluralidade cultural;
III - à riqueza da valorização das diferenças manifesta-
TÍTULO IV das pelos sujeitos do processo educativo, em seus diversos
ACESSO E PERMANÊNCIA PARA A CONQUISTA DA segmentos, respeitados o tempo e o contexto sociocultural;
QUALIDADE SOCIAL IV - aos padrões mínimos de qualidade (Custo Aluno-
Qualidade Inicial – CAQi);
Art. 8º A garantia de padrão de qualidade, com pleno § 2º Para que se concretize a educação escolar, exige-
acesso, inclusão e permanência dos sujeitos das aprendi- se um padrão mínimo de insumos, que tem como base
zagens na escola e seu sucesso, com redução da evasão, um investimento com valor calculado a partir das
da retenção e da distorção de idade/ano/série, resulta na despesas essenciais ao desenvolvimento dos processos
qualidade social da educação, que é uma conquista coleti- e procedimentos formativos, que levem, gradualmente,
va de todos os sujeitos do processo educativo. a uma educação integral, dotada de qualidade social:
Art. 9º A escola de qualidade social adota como I - creches e escolas que possuam condições de
centralidade o estudante e a aprendizagem, o que pres- infraestrutura e adequados equipamentos;
supõe atendimento aos seguintes requisitos: II - professores qualificados com remuneração adequa-
I - revisão das referências conceituais quanto aos da e compatível com a de outros profissionais com igual
diferentes espaços e tempos educativos, abrangendo nível de formação, em regime de trabalho de 40 (quaren-
espaços sociais na escola e fora dela; ta) horas em tempo integral em uma mesma escola;

108
III - definição de uma relação adequada entre o nú- siderando as condições de escolaridade dos estudantes
mero de alunos por turma e por professor, que assegure em cada estabelecimento, a orientação para o trabalho,
aprendizagens relevantes; a promoção de práticas educativas formais e não-formais.
IV - pessoal de apoio técnico e administrativo que § 2º Na organização da proposta curricular, deve-
responda às exigências do que se estabelece no projeto se assegurar o entendimento de currículo como expe-
político-pedagógico. riências escolares que se desdobram em torno do
conhecimento, permeadas pelas relações sociais, articu-
TÍTULO V lando vivências e saberes dos estudantes com os conhe-
ORGANIZAÇÃO CURRICULAR: CONCEITO, LIMITES, cimentos historicamente acumulados e contribuindo para
POSSIBILIDADES construir as identidades dos
educandos.
Art. 11. A escola de Educação Básica é o espaço em § 3º A organização do percurso formativo, aberto
que se ressignifica e se recria a cultura herdada, recons- e contextualizado, deve ser construída em função das
truindo-se as identidades culturais, em que se aprende a peculiaridades do meio e das características, inte-
valorizar as raízes próprias das diferentes regiões do País. resses e necessidades dos estudantes, incluindo não
Parágrafo único. Essa concepção de escola exige a su- só os componentes curriculares centrais obrigatórios,
peração do rito escolar, desde a construção do currículo previstos na legislação e nas normas educacionais, mas
até os critérios que orientam a organização do trabalho outros, também, de modo flexível e variável, conforme
escolar em sua multidimensionalidade, privilegia trocas, cada projeto escolar, e assegurando:
acolhimento e aconchego, para garantir o bem-estar de I - concepção e organização do espaço curricular e
crianças, adolescentes, jovens e adultos, no relacionamento físico que se imbriquem e alarguem, incluindo espaços,
entre todas as pessoas. ambientes e equipamentos que não apenas as salas de
Art. 12. Cabe aos sistemas educacionais, em geral, aula da escola, mas, igualmente, os espaços de outras
definir o programa de escolas de tempo parcial diurno escolas e os socioculturais e esportivo- recreativos do
(matutino ou vespertino), tempo parcial noturno, e tempo entorno, da cidade e mesmo da região;
integral (turno e contra-turno ou turno único com jorna- II - ampliação e diversificação dos tempos e espaços
da escolar de 7 horas, no mínimo, durante todo o perío-
curriculares que pressuponham profissionais da educação
do letivo), tendo em vista a amplitude do papel socioe-
dispostos a inventar e construir a escola de qualidade so-
ducativo atribuído ao conjunto orgânico da Educação
cial, com responsabilidade compartilhada com as demais
Básica, o que requer outra organização e gestão do
autoridades que respondem pela gestão dos órgãos do
trabalho pedagógico.
poder público, na busca de parcerias possíveis e necessá-
§ 1º Deve-se ampliar a jornada escolar, em único ou
rias, até porque educar é responsabilidade da família, do
diferentes espaços educativos, nos quais a permanência do
Estado e da sociedade;
estudante vincula-se tanto à quantidade e qualidade do
III - escolha da abordagem didático-peda-
tempo diário de escolarização quanto à diversidade de ati-
vidades de aprendizagens. gógica disciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar ou
§ 2º A jornada em tempo integral com quali- transdisciplinar pela escola, que oriente o projeto polí-
dade implica a necessidade da incorporação efetiva e tico-pedagógico e resulte de pacto estabelecido entre
orgânica, no currículo, de atividades e estudos peda- os profissionais da escola, conselhos escolares e co-
gogicamente planejados e acompanhados. munidade, subsidiando a organização da matriz curricular,
§ 3º Os cursos em tempo parcial noturno devem es- a definição de eixos temáticos e a constituição de redes de
tabelecer metodologia adequada às idades, à maturidade aprendizagem;
e à experiência de aprendizagens, para atenderem aos IV - compreensão da matriz curricular entendida
jovens e adultos em escolarização no tempo regular ou na como propulsora de movimento, dinamismo curricular
modalidade de Educação de Jovens e Adultos. e educacional, de tal modo que os diferentes campos do
conhecimento possam se coadunar com o conjunto de ati-
CAPÍTULO I vidades educativas;
FORMAS PARA A ORGANIZAÇÃO CURRICULAR V - organização da matriz curricular entendida
como alternativa operacional que embase a gestão do
Art. 13. O currículo, assumindo como referência os currículo escolar e represente subsídio para a gestão da
princípios educacionais garantidos à educação, assegura- escola (na organização do tempo e do espaço curricular,
dos no artigo 4º desta Resolução, configura-se como distribuição e controle do tempo dos trabalhos docen-
o conjunto de valores e práticas que proporcionam a tes), passo para uma gestão centrada na abordagem
produção, a socialização de significados no espaço so- interdisciplinar, organizada por eixos temáticos, mediante
cial e contribuem intensamente para a construção de interlocução entre os diferentes campos do conhecimento;
identidades socioculturais dos educandos. VI - entendimento de que eixos temáticos são uma forma
§ 1º O currículo deve difundir os valores fundamentais de organizar o trabalho pedagógico, limitando a
do interesse social, dos direitos e deveres dos cidadãos, dispersão do conhecimento, fornecendo o cenário no
do respeito ao bem comum e à ordem democrática, con- qual se constroem objetos de estudo, propiciando a

109
concretização da proposta pedagógica centrada na visão § 2º Tais componentes curriculares são organiza-
interdisciplinar, superando o isolamento das pessoas e dos pelos sistemas educativos, em forma de áreas de
a compartimentalização de conteúdos rígidos; conhecimento, disciplinas, eixos temáticos, preservando-se
VII - estímulo à criação de métodos didático a especificidade dos diferentes campos do conhecimen-
-pedagógicos utilizando-se recursos tecnológicos de in- to, por meio dos quais se desenvolvem as habilidades
formação e comunicação, a serem inseridos no cotidiano indispensáveis ao exercício da cidadania, em ritmo
escolar, a fim de superar a distância entre estudantes compatível com as etapas do desenvolvimento integral
que aprendem a receber informação com rapidez do cidadão.
utilizando a linguagem digital e professores que dela ainda § 3º A base nacional comum e a parte diversificada
não se apropriaram; não podem se constituir em dois blocos distintos, com
VIII - constituição de rede de aprendizagem, enten- disciplinas específicas para cada uma dessas partes, mas
dida como um conjunto de ações didático-pedagógicas, devem ser organicamente planejadas e geridas de tal
com foco na aprendizagem e no gosto de aprender, modo que as tecnologias de informação e comuni-
subsidiada pela consciência de que o processo de comuni- cação perpassem transversalmente a proposta curricular,
cação entre estudantes e professores é efetivado por meio desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, imprimindo
de práticas e recursos diversos; direção aos projetos político-pedagógicos.
IX - adoção de rede de aprendizagem, também, como Art. 15. A parte diversificada enriquece e comple-
ferramenta didático-pedagógica relevante nos programas menta a base nacional comum, prevendo o estudo das
de formação inicial e continuada de profissionais da edu- características regionais e locais da sociedade, da cultura,
cação, sendo que esta opção requer planejamento da economia e da comunidade escolar, perpassando todos
sistemático integrado estabelecido entre sistemas edu- os tempos e espaços curriculares constituintes do Ensino
cativos ou conjunto de unidades escolares; Fundamental e do Ensino Médio, independentemente do
§ 4º A transversalidade é entendida como uma forma ciclo da vida no qual os sujeitos tenham acesso à escola.
de organizar o trabalho didático- pedagógico em que te- § 1º A parte diversificada pode ser organizada em
mas e eixos temáticos são integrados às disciplinas e às temas gerais, na forma de eixos temáticos, selecionados
áreas ditas convencionais, de forma a estarem presentes colegiadamente pelos sistemas educativos ou pela unidade
em todas elas. escolar.
§ 2º A LDB inclui o estudo de, pelo menos, uma língua
§ 5º A transversalidade difere da interdisciplinarida- estrangeira moderna na parte diversificada, cabendo sua
de e ambas complementam-se, rejeitando a concepção escolha à comunidade escolar, dentro das possibilidades
de conhecimento que toma a realidade como algo está- da escola, que deve considerar o atendimento das
vel, pronto e acabado. características locais, regionais, nacionais e transnacio-
§ 6º A transversalidade refere-se à dimen- nais, tendo em vista as demandas do mundo do trabalho e
são didático-pedagógica, e a interdisciplinaridade, à da internacionalização de toda ordem de relações.
abordagem epistemológica dos objetos de conhecimento. § 3º A língua espanhola, por força da Lei nº 11.161/2005,
é obrigatoriamente ofertada no Ensino Médio, embora fa-
CAPÍTULO II cultativa para o estudante, bem como possibilitada no
FORMAÇÃO BÁSICA COMUM E PARTE Ensino Fundamental, do 6º ao 9º ano.
DIVERSIFICADA Art. 16. Leis específicas, que complementam a LDB,
determinam que sejam incluídos componentes não dis-
Art. 14. A base nacional comum na Educação Bási- ciplinares, como temas relativos ao trânsito, ao meio
ca constitui-se de conhecimentos, saberes e valores pro- ambiente e à condição e direitos do idoso.
duzidos culturalmente, expressos nas políticas públicas Art. 17. No Ensino Fundamental e no Ensino Médio,
e gerados nas instituições produtoras do conhecimento destinar-se-ão, pelo menos, 20%
científico e tecnológico; no mundo do trabalho; no de- do total da carga horária anual ao conjunto de pro-
senvolvimento das linguagens; nas atividades desportivas gramas e projetos interdisciplinares eletivos criados pela
e corporais; na produção artística; nas formas diversas de escola, previsto no projeto pedagógico, de modo que os
exercício da cidadania; e nos movimentos sociais. estudantes do Ensino Fundamental e do Médio pos-
§ 1º Integram a base nacional comum nacional: sam escolher aquele programa ou projeto com que
a) a Língua Portuguesa; se identifiquem e que lhes permitam melhor lidar com o
b) a Matemática; conhecimento e a experiência.
c) o conhecimento do mundo físico, natural, da § 1º Tais programas e projetos devem ser desenvolvi-
realidade social e política, especialmente do Brasil, in- dos de modo dinâmico, criativo e flexível, em articulação
cluindo-se o estudo da História e das Culturas Afro-Bra- com a comunidade em que a escola esteja inserida.
sileira e Indígena, § 2º A interdisciplinaridade e a contextualização de-
d) a Arte, em suas diferentes formas de expressão, in- vem assegurar a transversalidade do conhecimento de di-
cluindo-se a música; ferentes disciplinas e eixos temáticos, perpassando todo o
e) a Educação Física; currículo e propiciando a interlocução entre os saberes e os
f) o Ensino Religioso. diferentes campos do conhecimento.

110
TÍTULO VI ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Parágrafo único. Essas etapas e fases têm previsão de
idades próprias, as quais, no entanto, são diversas quan-
Art. 18. Na organização da Educação Básica, de- vem- do se atenta para sujeitos com características que fogem
se observar as Diretrizes Curriculares Nacionais co- muns à norma, como é o caso, entre outros:
a todas as suas etapas, modalidades e orientações I - de atraso na matrícula e/ou no percurso escolar;
temáticas, respeitadas as suas especificidades e as dos su- II - de retenção, repetência e retorno de quem havia
jeitos a que se destinam. abandonado os estudos; III - de portadores de deficiência
§ 1º As etapas e as modalidades do processo de esco- limitadora;
larização estruturam-se de modo orgânico, sequencial e IV - de jovens e adultos sem escolarização ou com esta
articulado, de maneira complexa, embora permane- incompleta; V - de habitantes de zonas rurais;
cendo individualizadas ao logo do percurso do estudante, VI - de indígenas e quilombolas;
apesar das mudanças por que passam: VII - de adolescentes em regime de acolhimento ou
I - a dimensão orgânica é atendida quando são internação, jovens e adultos em situação de privação de
observadas as especificidades e as diferenças de cada liberdade nos estabelecimentos penais.
sistema educativo, sem perder o que lhes é comum: as
semelhanças e as identidades que lhe são inerentes; Seção I Educação Infantil
II - a dimensão sequencial compreende os processos
educativos que acompanham as exigências de aprendiza- Art. 22. A Educação Infantil tem por objetivo o desen-
gens definidas em cada etapa do percurso formativo, volvimento integral da criança, em seus aspectos físico,
contínuo e progressivo, da Educação Básica até a Educa- afetivo, psicológico, intelectual, social, complementando a
ção Superior, constituindo-se em diferentes e insubstituí- ação da família e da comunidade.
veis momentos da vida dos educandos; § 1º As crianças provêm de diferentes e singula-
III - a articulação das dimensões orgânica e sequencial res contextos socioculturais, socioeconômicos e étnicos,
das etapas e das modalidades da Educação Básica, e por isso devem ter a oportunidade de ser acolhidas e
destas com a Educação Superior, implica ação coor- respeitadas pela escola e pelos profissionais da educação,
denada e integradora do seu conjunto. com base nos princípios da individualidade, igualdade,
§ 2º A transição entre as etapas da Educação Básica liberdade, diversidade e pluralidade.
e suas fases requer formas de articulação das dimensões § 2º Para as crianças, independentemente das diferen-
orgânica e sequencial que assegurem aos educandos, sem tes condições físicas, sensoriais, intelectuais, linguísticas,
tensões e rupturas, a continuidade de seus processos pecu- étnico-raciais, socioeconômicas, de origem, de religião, en-
liares de aprendizagem e desenvolvimento. tre outras, as relações sociais e intersubjetivas no espaço
Art. 19. Cada etapa é delimitada por sua finalidade, escolar requerem a atenção intensiva dos profissionais
seus princípios, objetivos e diretrizes educacionais, fun- da educação, durante o tempo de desenvolvimento das
damentando-se na inseparabilidade dos conceitos re- atividades que lhes são peculiares, pois este é o momen-
ferenciais: cuidar e educar, pois esta é uma concepção to em que a curiosidade deve ser estimulada, a partir
norteadora do projeto político-pedagógico elaborado e da brincadeira orientada pelos profissionais da educação.
executado pela comunidade educacional. § 3º Os vínculos de família, dos laços de solidariedade
Art. 20. O respeito aos educandos e a seus tempos humana e do respeito mútuo em que se assenta a vida
mentais, socioemocionais, culturais e identitários é um social devem iniciar-se na Educação Infantil e sua intensi-
princípio orientador de toda a ação educativa, sendo res- ficação deve ocorrer ao longo da Educação Básica.
ponsabilidade dos sistemas a criação de condições para § 4º Os sistemas educativos devem envidar esforços
que crianças, adolescentes, jovens e adultos, com sua promovendo ações a partir das quais as unidades de Edu-
diversidade, tenham a oportunidade de receber a formação cação Infantil sejam dotadas de condições para acolher as
que corresponda à idade própria de percurso escolar. crianças, em estreita relação com a família, com agen-
tes sociais e com a sociedade, prevendo programas e
CAPÍTULO I projetos em parceria, formalmente estabelecidos.
ETAPAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA § 5º A gestão da convivência e as situações em que se
torna necessária a solução de problemas individuais e co-
Art. 21. São etapas correspondentes a diferentes letivos pelas crianças devem ser previamente programa-
momentos constitutivos do desenvolvimento educacio- das, com foco nas motivações estimuladas e orientadas
nal: pelos professores e demais profissionais da educação e
I - a Educação Infantil, que compreende: a Creche, outros de áreas pertinentes, respeitados os limites e as
englobando as diferentes etapas do desenvolvimento da potencialidades de cada criança e os vínculos desta com a
criança até 3 (três) anos e 11 (onze) meses; e a Pré-Escola, família ou com o seu responsável direto.
com duração de 2 (dois) anos;
II - o Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito, Seção II Ensino Fundamental
com duração de 9 (nove) anos, éorganizado e tratado em
duas fases: a dos 5 (cinco) anos iniciais e a dos 4 (quatro) Art. 23. O Ensino Fundamental com 9 (nove) anos
anos finais; III - o Ensino Médio, com duração mínima de 3 de duração, de matrícula obrigatória para as crianças a
(três) anos. partir dos 6 (seis) anos de idade, tem duas fases sequen-

111
tes com características próprias, chamadas de anos iniciais, IV - a compreensão dos fundamentos científicos e tec-
com 5 (cinco) anos de duração, em regra para estudantes nológicos presentes na sociedade contemporânea, relacio-
de 6 (seis) a 10 (dez) anos de idade; e anos finais, com 4 nando a teoria com a prática.
(quatro) anos de duração, para os de 11 (onze) a 14 (qua- § 1º O Ensino Médio deve ter uma base unitária
torze) anos. sobre a qual podem se assentar possibilidades diversas
Parágrafo único. No Ensino Fundamental, acolher sig- como preparação geral para o trabalho ou, facultativa-
nifica também cuidar e educar, como forma de garantir mente, para profissões técnicas; na ciência e na tecno-
a aprendizagem dos conteúdos curriculares, para que o logia, como iniciação científica e tecnológica; na cultura,
estudante desenvolva interesses e sensibilidades que como ampliação da formação cultural.
lhe permitam usufruir dos bens culturais disponíveis § 2º A definição e a gestão do currículo inscrevem-se
na comunidade, na sua cidade ou na sociedade em geral, em uma lógica que se dirige aos jovens, considerando suas
e que lhe possibilitem ainda sentir-se como produtor valo- singularidades, que se situam em um tempo determinado.
rizado desses bens. § 3º Os sistemas educativos devem prever cur-
Art. 24. Os objetivos da formação básica das crian- rículos flexíveis, com diferentes alternativas, para que
ças, definidos para a Educação Infantil, prolongam-se os jovens tenham a oportunidade de escolher o percurso
durante os anos iniciais do Ensino Fundamental, espe- formativo que atenda seus interesses, necessidades e as-
cialmente no primeiro, e completam-se nos anos finais, pirações, para que se assegure a permanência dos
ampliando e intensificando, gradativamente, o processo jovens na escola, com proveito, até a conclusão da Edu-
educativo, mediante: cação Básica.
I - desenvolvimento da capacidade de aprender, ten-
do como meios básicos o pleno domínio da leitura, da CAPÍTULO II MODALIDADES DA
escrita e do cálculo; EDUCAÇÃO BÁSICA
II - foco central na alfabetização, ao longo dos 3 (três)
primeiros anos; Art. 27. A cada etapa da Educação Básica pode
III - compreensão do ambiente natural e social, do
corresponder uma ou mais das modalidades de ensino:
sistema político, da economia, da tecnologia, das artes, da
Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial,
cultura e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
Educação Profissional e Tecnológica, Educação do Campo,
IV - o desenvolvimento da capacidade de aprendiza-
Educação Escolar Indígena e Educação a Distância.
gem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habi-
lidades e a formação de atitudes e valores;
Seção I
V - fortalecimento dos vínculos de família, dos laços
Educação de Jovens e Adultos
de solidariedade humana e de respeito recíproco em que
se assenta a vida social.
Art. 25. Os sistemas estaduais e municipais devem Art. 28. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) destina-
estabelecer especial forma de colaboração visando à ofer- se aos que se situam na faixa etária superior à considera-
ta do Ensino Fundamental e à articulação sequente entre a da própria, no nível de conclusão do Ensino Fundamen-
primeira fase, no geral assumida pelo Município, e a se- tal e do Ensino Médio.
gunda, pelo Estado, para evitar obstáculos ao acesso de § 1º Cabe aos sistemas educativos viabilizar a oferta de
estudantes que se transfiram de uma rede para outra cursos gratuitos aos jovens e aos adultos, proporcionan-
para completar esta escolaridade obrigatória, garantindo do-lhes oportunidades educacionais apropriadas, con-
a organicidade e a totalidade do processo formativo do sideradas as características do alunado, seus interesses,
escolar. condições de vida e de trabalho, mediante cursos, exames,
ações integradas e complementares entre si, estruturados
Seção III Ensino Médio em um projeto pedagógico próprio.
§ 2º Os cursos de EJA, preferencialmente tendo a
Art. 26. O Ensino Médio, etapa final do processo Educação Profissional articulada com a Educação Básica,
formativo da Educação Básica, é orientado por princípios devem pautar-se pela flexibilidade, tanto de currículo
e finalidades que preveem: quanto de tempo e espaço, para que seja(m):
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhe- I - rompida a simetria com o ensino regular para
cimentos adquiridos no Ensino crianças e adolescentes, de modo a permitir percursos in-
Fundamental, possibilitando o prosseguimento de es- dividualizados e conteúdos significativos para os jovens e
tudos; adultos;
II - a preparação básica para a cidadania e o traba- II - providos o suporte e a atenção individuais às
lho, tomado este como princípio educativo, para conti- diferentes necessidades dos estudantes no processo de
nuar aprendendo, de modo a ser capaz de enfrentar novas aprendizagem, mediante atividades diversificadas;
condições de ocupação e aperfeiçoamento posteriores; III - valorizada a realização de atividades e vi-
III - o desenvolvimento do educando como pessoa hu- vências socializadoras, culturais, recreativas e esportivas,
mana, incluindo a formação ética e estética, o desenvolvi- geradoras de enriquecimento do percurso formativo dos
mento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; estudantes;

112
IV - desenvolvida a agregação de competências para o Art. 32. A Educação Profissional Técnica de nível médio
trabalho; é desenvolvida nas seguintes formas:
V - promovida a motivação e a orientação permanen- I - articulada com o Ensino Médio, sob duas formas:
te dos estudantes, visando maior participação nas aulas e a) integrada, na mesma instituição; ou
seu melhor aproveitamento e desempenho; b) concomitante, na mesma ou em distintas institui-
VI - realizada, sistematicamente, a formação continua- ções;
da, destinada, especificamente, aos educadores de jovens II - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha
e adultos. concluído o Ensino Médio.
Seção II Educação Especial § 1º Os cursos articulados com o Ensino Médio, orga-
Art. 29. A Educação Especial, como modalidade trans- nizados na forma integrada, são cursos de matrícula única,
versal a todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, que conduzem os educandos à habilitação profissional
é parte integrante da educação regular, devendo ser técnica de nível médio ao mesmo tempo em que concluem
prevista no projeto político-pedagógico da unidade esco- a última etapa da Educação Básica.
lar. § 2º Os cursos técnicos articulados com o Ensino
§ 1º Os sistemas de ensino devem matricu- Médio, ofertados na forma concomitante, com dupla
lar os estudantes com deficiência, transtornos globais matrícula e dupla certificação, podem ocorrer:
do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas I - na mesma instituição de ensino, aproveitando-se
classes comuns do ensino regular e no Atendimento as oportunidades educacionais disponíveis;
Educacional Especializado (AEE), complementar ou su- II - em instituições de ensino distintas, aproveitando-
plementar à escolarização, ofertado em salas de recursos se as oportunidades educacionais disponíveis;
multifuncionais ou em centros de AEE da rede pública ou III em instituições de ensino distintas, median-
de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas te convênios de intercomplementaridade, com plane-
sem fins lucrativos. jamento e desenvolvimento de projeto pedagógico
§ 2º Os sistemas e as escolas devem criar condições unificado.
para que o professor da classe § 3º São admitidas, nos cursos de Educação Profis-
comum possa explorar as potencialidades de todos sional Técnica de nível médio, a organização e a es-
os estudantes, adotando uma pedagogia dialógica, inte- truturação em etapas que possibilitem qualificação
rativa, interdisciplinar e inclusiva e, na interface, o pro- profissional intermediária.
fessor do AEE deve identificar habilidades e necessidades § 4º A Educação Profissional e Tecnológica pode
dos estudantes, organizar e orientar sobre os serviços e ser desenvolvida por diferentes estratégias de educação
recursos pedagógicos e de acessibilidade para a participa- continuada, em instituições especializadas ou no am-
ção e aprendizagem dos estudantes. biente de trabalho, incluindo os programas e cursos de
§ 3º Na organização desta modalidade, os sistemas aprendizagem, previstos na Consolidação das
de ensino devem observar as seguintes orientações fun- Leis do Trabalho (CLT).
damentais: Art. 33. A organização curricular da Educação Profis-
I - o pleno acesso e a efetiva participação dos estudan- sional e Tecnológica por eixo tecnológico fundamenta-se
tes no ensino regular; II - a oferta do atendimento educa- na identificação das tecnologias que se encontram na base
cional especializado; de uma dada formação profissional e dos arranjos lógicos
III - a formação de professores para o AEE e para o por elas constituídos.
desenvolvimento de práticas educacionais inclusivas; Art. 34. Os conhecimentos e as habilidades adquiridos
IV - a participação da comunidade escolar; tanto nos cursos de Educação Profissional e Tecnológica,
V - a acessibilidade arquitetônica, nas comunicações e como os adquiridos na prática laboral pelos trabalhadores,
informações, nos mobiliários e equipamentos e nos trans- podem ser objeto de avaliação, reconhecimento e certifica-
portes; ção para prosseguimento ou conclusão de estudos.
VI - a articulação das políticas públicas intersetoriais.
Seção III Seção IV
Educação Profissional e Tecnológica Educação Básica do Campo
Art. 30. A Educação Profissional e Tecnológica, no
cumprimento dos objetivos da educação nacional, inte- Art. 35. Na modalidade de Educação Básica do Campo,
gra-se aos diferentes níveis e modalidades de educação e a educação para a população rural está prevista com ade-
às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia, e quações necessárias às peculiaridades da vida no campo
articula-se com o ensino regular e com outras modali- e de cada região, definindo-se orientações para três
dades educacionais: Educação de Jovens e Adultos, Edu- aspectos essenciais à organização da ação pedagógica:
cação Especial e Educação a Distância. I - conteúdos curriculares e metodologias apro- priadas
Art. 31. Como modalidade da Educação Básica, às reais necessidades e interesses dos estudan-
a Educação Profissional e Tecnológica ocorre na oferta tes da zona rural;
de cursos de formação inicial e continuada ou qualifica- II - organização escolar própria, incluindo adequação
ção profissional e nos de Educação Profissional Técnica de do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condi-
nível médio. ções climáticas;

113
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. Art. 40. O credenciamento para a oferta de cursos e
Art. 36. A identidade da escola do campo é definida programas de Educação de Jovens e Adultos, de Educa-
pela vinculação com as questões inerentes à sua realida- ção Especial e de Educação Profissional Técnica de nível
de, com propostas pedagógicas que contemplam sua médio e Tecnológica, na modalidade a distância, compete
diversidade em todos os aspectos, tais como sociais, cul- aos sistemas estaduais de ensino, atendidas a regulamen-
turais, políticos, econômicos, de gênero, geração e etnia. tação federal e as normas complementares desses sistemas.

Parágrafo único. Formas de organização e metodolo- Seção VII


gias pertinentes à realidade do campo devem ter acolhi- Educação Escolar Quilombola
das, como a pedagogia da terra, pela qual se busca um
trabalho pedagógico fundamentado no princípio da sus- Art. 41. A Educação Escolar Quilombola é desenvol-
tentabilidade, para assegurar a preservação da vida das vida em unidades educacionais inscritas em suas terras
futuras gerações, e a pedagogia da alternância, na qual e cultura, requerendo pedagogia própria em respeito à
o estudante participa, concomitante e alternadamente, de especificidade étnico-cultural de cada comunidade e for-
dois ambientes/situações de aprendizagem: o escolar e o mação específica de seu quadro docente, observados os
laboral, supondo parceria educativa, em que ambas princípios constitucionais, a base nacional comum e os
as partes são corresponsáveis pelo aprendizado e pela princípios que orientam a Educação Básica brasileira.
formação do estudante. Parágrafo único. Na estruturação e no funcionamento
das escolas quilombolas, bem com nas demais, deve ser
Seção V reconhecida e valorizada a diversidade cultural.
Educação Escolar Indígena
TÍTULO VII
Art. 37. A Educação Escolar Indígena ocorre em uni- ELEMENTOS CONSTITUTIVOS PARA A ORGANIZAÇÃO
dades educacionais inscritas em suas terras e culturas, as DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS GERAIS
PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA
quais têm uma realidade singular, requerendo pedagogia
própria em respeito à especificidade étnico-cultural de
Art. 42. São elementos constitutivos para a opera-
cada povo ou comunidade e formação específica de seu
cionalização destas Diretrizes o projeto político-pedagó-
quadro docente, observados os princípios constitucionais,
gico e o regimento escolar; o sistema de avaliação; a
a base nacional comum e os princípios que orientam a Edu-
gestão democrática e a organização da escola; o professor
cação Básica brasileira.
e o programa de formação docente.
Parágrafo único. Na estruturação e no funcio-
namento das escolas indígenas, é reconhecida a sua CAPÍTULO I
condição de possuidores de normas e ordenamento jurí- O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E O REGIMENTO
dico próprios, com ensino intercultural e bilíngue, visando ESCOLAR
à valorização plena das culturas dos povos indígenas e à
afirmação e manutenção de sua diversidade étnica. Art. 43. O projeto político-pedagógico, inter-
Art. 38. Na organização de escola indígena, deve ser dependentemente da autonomia pedagógica, adminis-
considerada a participação da comunidade, na definição trativa e de gestão financeira da instituição educacional,
do modelo de organização e gestão, bem como: representa mais do que um documento, sendo um dos
I - suas estruturas sociais; meios de viabilizar a escola democrática para todos e de
II - suas práticas socioculturais e religiosas; qualidade social.
III - suas formas de produção de conhecimento, § 1º A autonomia da instituição educacional baseia-se
processos próprios e métodos de ensino-aprendizagem; na busca de sua identidade, que se expressa na construção
IV - suas atividades econômicas; de seu projeto pedagógico e do seu regimento escolar,
V - edificação de escolas que atendam aos interesses enquanto manifestação de seu ideal de educação e que
das comunidades indígenas; permite uma nova e democrática ordenação pedagógica
VI - uso de materiais didático-pedagógicos produ- das relações escolares.
zidos de acordo com o contexto sociocultural de cada § 2º Cabe à escola, considerada a sua identidade e
povo indígena. a de seus sujeitos, articular a
formulação do projeto político-pedagógico com os
Seção VI Educação a Distância planos de educação – nacional, estadual, municipal –, o
contexto em que a escola se situa e as necessidades locais
Art. 39. A modalidade Educação a Distância caracteri- e de seus estudantes.
za-se pela mediação didático- pedagógica nos processos § 3º A missão da unidade escolar, o papel so-
de ensino e aprendizagem que ocorre com a utilização cioeducativo, artístico, cultural, ambiental, as questões
de meios e tecnologias de informação e comunicação, de gênero, etnia e diversidade cultural que compõem
com estudantes e professores desenvolvendo atividades as ações educativas, a organização e a gestão cur-
educativas em lugares ou tempos diversos. ricular são componentes integrantes do projeto polí-

114
tico-pedagógico, devendo ser previstas as prioridades CAPÍTULO II
institucionais que a identificam, definindo o conjunto das AVALIAÇÃO
ações educativas próprias das etapas da Educação Básica
assumidas, de acordo com as especificidades que lhes Art. 46. A avaliação no ambiente educacional com-
correspondam, preservando a sua articulação sistêmica. preende 3 (três) dimensões básicas: I - avaliação da apren-
Art. 44. O projeto político-pedagógico, instância de dizagem;
construção coletiva que respeita os sujeitos das aprendiza- II - avaliação institucional interna e externa; III - avalia-
gens, entendidos como cidadãos com direitos à proteção e ção de redes de Educação Básica.
à participação social, deve contemplar:
I - o diagnóstico da realidade concreta dos Seção I
sujeitos do processo educativo, contextualizados no Avaliação da aprendizagem
espaço e no tempo;
II - a concepção sobre educação, conhecimento, Art. 47. A avaliação da aprendizagem baseia-se na con-
avaliação da aprendizagem e mobilidade escolar; cepção de educação que norteia a relação professor-es-
III - o perfil real dos sujeitos – crianças, jovens e adultos tudante-conhecimento-vida em movimento, devendo ser
– que justificam e instituem a vida da e na escola, do um ato reflexo de reconstrução da prática pedagógica
ponto de vista intelectual, cultural, emocional, afeti- avaliativa, premissa básica e fundamental para se ques-
vo, socioeconômico, como base da reflexão sobre as tionar o educar, transformando a mudança em ato, acima
relações vida-conhecimento-cultura- professor-estudante de tudo, político.
e instituição escolar; § 1º A validade da avaliação, na sua função diag-
IV - as bases norteadoras da organização do trabalho nóstica, liga-se à aprendizagem, possibilitando o apren-
pedagógico; diz a recriar, refazer o que aprendeu, criar, propor e,
V - a definição de qualidade das aprendizagens e, nesse contexto, aponta para uma avaliação global, que
por consequência, da escola, no contexto das desigualda-
vai além do aspecto quantitativo, porque identifica o de-
des que se refletem na escola;
senvolvimento da autonomia do estudante, que é
VI - os fundamentos da gestão democrática, com-
indissociavelmente ético, social, intelectual.
partilhada e participativa (órgãos colegiados e de repre-
§ 2º Em nível operacional, a avaliação da aprendiza-
sentação estudantil);
gem tem, como referência, o conjunto de conhecimen-
VII - o programa de acompanhamento de acesso, de
tos, habilidades, atitudes, valores e emoções que os
permanência dos estudantes e de superação da retenção
sujeitos do processo educativo projetam para si de modo
escolar;
VIII - o programa de formação inicial e continuada integrado e articulado com aqueles princípios definidos
dos profissionais da educação, regentes e não regentes; para a Educação Básica, redimensionados para cada uma
IX - as ações de acompanhamento sistemático dos re- de suas etapas, bem assim no projeto político-pedagógico
sultados do processo de avaliação interna e externa (Sis- da escola.
tema de Avaliação da Educação Básica – SAEB, Prova § 3º A avaliação na Educação Infantil é realiza-
Brasil, dados estatísticos, pesquisas sobre os sujeitos da da mediante acompanhamento e registro do desenvol-
Educação Básica), incluindo dados referentes ao IDEB e/ou vimento da criança, sem o objetivo de promoção, mesmo
que complementem ou substituam os desenvolvidos pelas em se tratando de acesso ao Ensino Fundamental.
unidades da federação e outros; § 4º A avaliação da aprendizagem no Ensino Funda-
X - a concepção da organização do espaço físico da mental e no Ensino Médio, de caráter formativo predomi-
instituição escolar de tal modo que este seja compatível nando sobre o quantitativo e classificatório, adota uma es-
com as características de seus sujeitos, que atenda as tratégia de progresso individual e contínuo que favorece
normas de acessibilidade, além da natureza e das finali- o crescimento do educando, preservando a qualidade
dades da educação, deliberadas e assumidas pela comuni- necessária para a sua formação escolar, sendo organi-
dade educacional. zada de acordo com regras comuns a essas duas etapas.
Art. 45. O regimento escolar, discutido e apro-
vado pela comunidade escolar e conhecido por todos, Seção II
constitui-se em um dos instrumentos de execução do Promoção, aceleração de estudos e classificação
projeto político- pedagógico, com transparência e respon-
sabilidade. Art. 48. A promoção e a classificação no Ensino Fun-
Parágrafo único. O regimento escolar trata da natu- damental e no Ensino Médio podem ser utilizadas em
reza e da finalidade da instituição, da relação da gestão qualquer ano, série, ciclo, módulo ou outra unidade de
democrática com os órgãos colegiados, das atribuições de percurso adotada, exceto na primeira do Ensino Funda-
seus órgãos e sujeitos, das suas normas pedagógicas, in- mental, alicerçando-se na orientação de que a avaliação
cluindo os critérios de acesso, promoção, mobilidade do do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
estudante, dos direitos e deveres dos seus sujeitos: es- I - avaliação contínua e cumulativa do desempenho do
tudantes, professores, técnicos e funcionários, gestores, estudante, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre
famílias, representação estudantil e função das suas os quantitativos e dos resultados ao longo do período
instâncias colegiadas. sobre os de eventuais provas finais;

115
II - possibilidade de aceleração de estudos para estu- procedimentos que viabilizam o trabalho expresso no pro-
dantes com atraso escolar; jeto político-pedagógico e em planos da escola, em que se
III - possibilidade de avanço nos cursos e nas conformam as condições de trabalho definidas pelas ins-
séries mediante verificação do aprendizado; tâncias colegiadas.
IV - aproveitamento de estudos concluídos com êxito; § 1º As instituições, respeitadas as normas legais e as
V - oferta obrigatória de apoio pedagógico desti- do seu sistema de ensino, têm incumbências complexas
nado à recuperação contínua e concomitante de apren- e abrangentes, que exigem outra concepção de or-
dizagem de estudantes com déficit de rendimento escolar, ganização do trabalho pedagógico, como distribuição da
a ser previsto no regimento escolar. carga horária, remuneração, estratégias claramente defini-
Art. 49. A aceleração de estudos destina-se a estu- das para a ação didático-pedagógica coletiva que inclua
dantes com atraso escolar, àqueles que, por algum moti- a pesquisa, a criação de novas abordagens e práticas me-
vo, encontram-se em descompasso de idade, por razões todológicas, incluindo a produção de recursos didáticos
como ingresso tardio, retenção, dificuldades no processo adequados às condições da escola e da comunidade em
de ensino-aprendizagem ou outras. que esteja ela inserida.
Art. 50. A progressão pode ser regular ou parcial, § 2º É obrigatória a gestão democrática no ensino
sendo que esta deve preservar a sequência do currículo e público e prevista, em geral, para todas as instituições
observar as normas do respectivo sistema de ensino, re- de ensino, o que implica decisões coletivas que pres-
querendo o redesenho da organização das ações peda- supõem a participação da comunidade escolar na gestão
gógicas, com previsão de horário de trabalho e espaço da escola e a observância dos princípios e finalidades
de atuação para professor e estudante, com conjunto da educação.
próprio de recursos didático- pedagógicos. § 3º No exercício da gestão democrática, a escola deve
Art. 51. As escolas que utilizam organização por sé- se empenhar para constituir-se em espaço das diferenças
rie podem adotar, no Ensino Fundamental, sem prejuízo e da pluralidade, inscrita na diversidade do proces-
da avaliação do processo ensino-aprendizagem, diversas so tornado possível por meio de relações intersubjetivas,
formas de progressão, inclusive a de progressão conti- cuja meta é a de se fundamentar em princípio educativo
nuada, jamais entendida como promoção automática, o emancipador, expresso na liberdade de aprender, ensi-
que supõe tratar o conhecimento como processo e vi- nar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte
vência que não se harmoniza com a ideia de interrupção, e o saber.
mas sim de construção, em que o estudante, enquanto Art. 55. A gestão democrática constitui-se em ins-
sujeito da ação, está em processo contínuo de formação, trumento de horizontalização das relações, de vivência
construindo significados. e convivência colegiada, superando o autoritarismo no
Seção III Avaliação institucional planejamento e na concepção e organização curricular,
Art. 52. A avaliação institucional interna deve ser educando para a conquista da cidadania plena e forta-
prevista no projeto político- pedagógico e detalhada no lecendo a ação conjunta que busca criar e recriar o trabalho
plano de gestão, realizada anualmente, levando em consi- da e na escola mediante:
deração as orientações contidas na regulamentação vigen- I - a compreensão da globalidade da pessoa, en-
te, para rever o conjunto de objetivos e metas a serem quanto ser que aprende, que sonha e ousa, em busca de
concretizados, mediante ação dos diversos segmentos da uma convivência social libertadora fundamentada na ética
comunidade educativa, o que pressupõe delimitação de cidadã;
indicadores compatíveis com a missão da escola, além de II - a superação dos processos e procedimentos
clareza quanto ao que seja qualidade social da aprendiza- burocráticos, assumindo com pertinência e relevância: os
gem e da escola. planos pedagógicos, os objetivos institucionais e educa-
cionais, e as atividades de avaliação contínua;
Seção IV III - a prática em que os sujeitos constitutivos da co-
Avaliação de redes de Educação Básica munidade educacional discutam a própria práxis pedagó-
gica impregnando-a de entusiasmo e de compromisso com
Art. 53. A avaliação de redes de Educação Básica a sua própria comunidade, valorizando-a, situando-a no
ocorre periodicamente, é realizada por órgãos externos à contexto das relações sociais e buscando soluções con-
escola e engloba os resultados da avaliação institucional, juntas;
sendo que os resultados dessa avaliação sinalizam para IV - a construção de relações interpessoais solidá-
a sociedade se a escola apresenta qualidade suficiente rias, geridas de tal modo que os professores se sintam
para continuar funcionando como está. estimulados a conhecer melhor os seus pares (colegas
de trabalho, estudantes, famílias), a expor as suas ideias,
CAPÍTULO III a traduzir as suas dificuldades e expectativas pessoais e
GESTÃO DEMOCRÁTICA E ORGANIZAÇÃO profissionais;
DA ESCOLA V - a instauração de relações entre os estudantes,
proporcionando-lhes espaços de convivência e situações
Art. 54. É pressuposto da organização do trabalho de aprendizagem, por meio dos quais aprendam a se com-
pedagógico e da gestão da escola conceber a organiza- preender e se organizar em equipes de estudos e de práti-
ção e a gestão das pessoas, do espaço, dos processos e cas esportivas, artísticas e políticas;

116
VI - a presença articuladora e mobilizadora do ges- Art. 58. A formação inicial, nos cursos de licenciatura,
tor no cotidiano da escola e nos espaços com os quais a não esgota o desenvolvimento dos conhecimentos, sabe-
escola interage, em busca da qualidade social das apren- res e habilidades referidas, razão pela qual um programa de
dizagens que lhe caiba desenvolver, com transparência e formação continuada dos profissionais da educação será
responsabilidade. contemplado no projeto político-pedagógico.
Art. 59. Os sistemas educativos devem instituir
CAPÍTULO IV orientações para que o projeto de formação dos profis-
O PROFESSOR E A FORMAÇÃO INICIAL E sionais preveja:
CONTINUADA a) a consolidação da identidade dos profissionais da
educação, nas suas relações com a escola e com o estu-
Art. 56. A tarefa de cuidar e educar, que a fun- dante;
damentação da ação docente e os programas de for- b) a criação de incentivos para o resgate da imagem
mação inicial e continuada dos profissionais da educação social do professor, assim como da autonomia docente
instauram, reflete- se na eleição de um ou outro método tanto individual como coletiva;
de aprendizagem, a partir do qual é determinado o perfil c) a definição de indicadores de qualidade social da
de docente para a Educação Básica, em atendimento às educação escolar, a fim de que as agências formadoras de
dimensões técnicas, políticas, éticas e estéticas. profissionais da educação revejam os projetos dos cursos
§ 1º Para a formação inicial e continuada, as escolas de de formação inicial e continuada de docentes, de modo
formação dos profissionais da educação, sejam gestores, que correspondam às exigências de um projeto de Nação.
professores ou especialistas, deverão incluir em seus cur-
rículos e programas: Art. 60. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua
a) o conhecimento da escola como organização publicação.
complexa que tem a função de promover a educação
para e na cidadania;
b) a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados
de investigações de interesse da área educacional; DECRETO N° 7.083, DE 27 DE
c) a participação na gestão de processos educativos e
na organização e funcionamento de sistemas e instituições JANEIRO DE 2010, DISPÕE SOBRE
de ensino; O PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO.
d) a temática da gestão democrática, dando ênfase
à construção do projeto político- pedagógico, mediante
trabalho coletivo de que todos os que compõem a comu-
nidade escolar são responsáveis. DECRETO Nº 7.083, DE 27 DE JANEIRO DE 2010.
Art. 57. Entre os princípios definidos para a educação
nacional está a valorização do Dispõe sobre o Programa Mais Educação.
profissional da educação, com a compreensão de que
valorizá-lo é valorizar a escola, com qualidade gestorial, O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso de atribuição
educativa, social, cultural, ética, estética, ambiental. que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo
§ 1º A valorização do profissional da educação escolar em vista o disposto no art. 34 da Lei no 9.394, de 20 de de-
vincula-se à obrigatoriedade da garantia de qualidade e zembro de 1996, na Lei no 10.172, de 9 de janeiro de 2001,
ambas se associam à exigência de programas de forma- e na Lei no 11.947, de 16 de junho de 2009,
ção inicial e continuada de docentes e não docentes, no DECRETA:
contexto do conjunto de múltiplas atribuições definidas Art. 1o O Programa Mais Educação tem por finalidade
para os sistemas educativos, em que se inscrevem as fun- contribuir para a melhoria da aprendizagem por meio da
ções do professor. ampliação do tempo de permanência de crianças, adoles-
§ 2º Os programas de formação inicial e continuada centes e jovens matriculados em escola pública, mediante
dos profissionais da educação, vinculados às orientações oferta de educação básica em tempo integral.
destas Diretrizes, devem prepará-los para o desempenho § 1o Para os fins deste Decreto, considera-se educação
de suas atribuições, considerando necessário: básica em tempo integral a jornada escolar com duração
a) além de um conjunto de habilidades cognitivas, sa- igual ou superior a sete horas diárias, durante todo o perío-
ber pesquisar, orientar, avaliar e elaborar propostas, isto do letivo, compreendendo o tempo total em que o aluno
é, interpretar e reconstruir o conhecimento coletivamente; permanece na escola ou em atividades escolares em outros
b) trabalhar cooperativamente em equipe; espaços educacionais.
c) compreender, interpretar e aplicar a linguagem e § 2o A jornada escolar diária será ampliada com o de-
os instrumentos produzidos ao longo da evolução tecno- senvolvimento das atividades de acompanhamento peda-
lógica, econômica e organizativa; gógico, experimentação e investigação científica, cultura e
d) desenvolver competências para integração artes, esporte e lazer, cultura digital, educação econômica,
com a comunidade e para relacionamento com as comunicação e uso de mídias, meio ambiente, direitos hu-
famílias. manos, práticas de prevenção aos agravos à saúde, pro-
moção da saúde e da alimentação saudável, entre outras
atividades.

117
§ 3o As atividades poderão ser desenvolvidas dentro § 2o Para consecução dos objetivos do Programa Mais
do espaço escolar, de acordo com a disponibilidade da es- Educação, poderão ser realizadas parcerias com outros Mi-
cola, ou fora dele sob orientação pedagógica da escola, nistérios, órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal
mediante o uso dos equipamentos públicos e do estabe- para o estabelecimento de ações conjuntas, definindo-se
lecimento de parcerias com órgãos ou instituições locais. as atribuições e os compromissos de cada partícipe em ato
Art. 2o São princípios da educação integral, no âmbito próprio.
do Programa Mais Educação: § 3o No âmbito local, a execução e a gestão do Pro-
I - a articulação das disciplinas curriculares com dife- grama Mais Educação serão coordenadas pelas Secretarias
rentes campos de conhecimento e práticas socioculturais de Educação, que conjugarão suas ações com os órgãos
citadas no § 2o do art. 1o;
públicos das áreas de esporte, cultura, ciência e tecnologia,
II - a constituição de territórios educativos para o de-
meio ambiente e de juventude, sem prejuízo de outros ór-
senvolvimento de atividades de educação integral, por
meio da integração dos espaços escolares com equipa- gãos e entidades do Poder Executivo estadual e municipal,
mentos públicos como centros comunitários, bibliotecas do Poder Legislativo e da sociedade civil.
públicas, praças, parques, museus e cinemas; Art. 5o O Ministério da Educação definirá a cada ano
III - a integração entre as políticas educacionais e so- os critérios de priorização de atendimento do Programa
ciais, em interlocução com as comunidades escolares; Mais Educação, utilizando, entre outros, dados referentes
IV - a valorização das experiências históricas das es- à realidade da escola, ao índice de desenvolvimento da
colas de tempo integral como inspiradoras da educação educação básica de que trata o Decreto no 6.094, de 24 de
integral na contemporaneidade; abril de 2007, e às situações de vulnerabilidade social dos
V - o incentivo à criação de espaços educadores susten- estudantes.
táveis com a readequação dos prédios escolares, incluindo Art. 6o Correrão à conta das dotações orçamentárias
a acessibilidade, e à gestão, à formação de professores e à consignadas ao Ministério da Educação as despesas para a
inserção das temáticas de sustentabilidade ambiental nos execução dos encargos no Programa Mais Educação.
currículos e no desenvolvimento de materiais didáticos; Parágrafo único. Na hipótese do § 2o do art. 4o, as des-
VI - a afirmação da cultura dos direitos humanos, es- pesas do Programa Mais Educação correrão à conta das
truturada na diversidade, na promoção da equidade étnico dotações orçamentárias consignadas a cada um dos Mi-
-racial, religiosa, cultural, territorial, geracional, de gênero, nistérios, órgãos ou entidades parceiros na medida dos
de orientação sexual, de opção política e de nacionalidade,
encargos assumidos, ou conforme pactuado no ato que
por meio da inserção da temática dos direitos humanos na
formalizar a parceria.
formação de professores, nos currículos e no desenvolvi-
mento de materiais didáticos; e Art. 7o O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Edu-
VII - a articulação entre sistemas de ensino, universida- cação - FNDE prestará a assistência financeira para implan-
des e escolas para assegurar a produção de conhecimento, tação dos programas de ampliação do tempo escolar das
a sustentação teórico-metodológica e a formação inicial e escolas públicas de educação básica, mediante adesão, por
continuada dos profissionais no campo da educação inte- meio do Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE e do
gral. Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE, insti-
Art. 3o São objetivos do Programa Mais Educação: tuído pela Lei no 11.947, de 16 de junho de 2009.
I - formular política nacional de educação básica em Art. 8o Este Decreto entra em vigor na data de sua
tempo integral; publicação.
II - promover diálogo entre os conteúdos escolares e Brasília, 27 de janeiro de 2010; 189o da Independência
os saberes locais; e 122o da República.
III - favorecer a convivência entre professores, alunos e
suas comunidades;
IV - disseminar as experiências das escolas que desen-
volvem atividades de educação integral; e
V - convergir políticas e programas de saúde, cultura, LEI FEDERAL Nº 11.494, DE
esporte, direitos humanos, educação ambiental, divulga- 20/06/07 QUE REGULAMENTA
ção científica, enfrentamento da violência contra crianças e
adolescentes, integração entre escola e comunidade, para O FUNDO DE
o desenvolvimento do projeto político-pedagógico de MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA
educação integral. EDUCAÇÃO BÁSICA E DE VALORIZAÇÃO DOS
Art. 4o O Programa Mais Educação terá suas finalida- PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO-FUNDEB.
des e objetivos desenvolvidos em regime de colaboração MEC.
entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
pios, mediante prestação de assistência técnica e financeira
aos programas de ampliação da jornada escolar diária nas
escolas públicas de educação básica. LEI Nº 11.494, DE 20 DE JUNHO DE 2007.
§ 1o No âmbito federal, o Programa Mais Educação
será executado e gerido pelo Ministério da Educação, que Regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvi-
editará as suas diretrizes gerais. mento da Educação Básica e de Valorização dos Profissio-
nais da Educação - FUNDEB, de que trata o art. 60 do Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias; altera a Lei
no 10.195, de 14 de fevereiro de 2001; revoga dispositivos
118
119
das Leis nos 9.424, de 24 de dezembro de 1996, 10.880, de IV - parcela do produto da arrecadação do imposto
9 de junho de 2004, e 10.845, de 5 de março de 2004; e dá que a União eventualmente instituir no exercício da com-
outras providências. petência que lhe é atribuída pelo inciso I do caput do art.
154 da Constituição Federal prevista no inciso II do caput
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- do art. 157 da Constituição Federal;
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: V - parcela do produto da arrecadação do imposto so-
bre a propriedade territorial rural, relativamente a imóveis
CAPÍTULO I situados nos Municípios, prevista no inciso II do caput do
DISPOSIÇÕES GERAIS art. 158 da Constituição Federal;
VI - parcela do produto da arrecadação do imposto so-
Art. 1o É instituído, no âmbito de cada Estado e do Dis- bre renda e proventos de qualquer natureza e do imposto
trito Federal, um Fundo de Manutenção e Desenvolvimen- sobre produtos industrializados devida ao Fundo de Parti-
to da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais cipação dos Estados e do Distrito Federal – FPE e prevista
da Educação - FUNDEB, de natureza contábil, nos termos na alínea a do inciso I do caput do art. 159 da Constituição
do art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transi- Federal e no Sistema Tributário Nacional de que trata a Lei
tórias - ADCT. no 5.172, de 25 de outubro de 1966;
Parágrafo único. A instituição dos Fundos previstos VII - parcela do produto da arrecadação do imposto
no caput deste artigo e a aplicação de seus recursos não sobre renda e proventos de qualquer natureza e do im-
isentam os Estados, o Distrito Federal e os Municípios da posto sobre produtos industrializados devida ao Fundo de
obrigatoriedade da aplicação na manutenção e no desen- Participação dos Municípios – FPM e prevista na alínea b do
volvimento do ensino, na forma prevista no art. 212 da inciso I do caput do art. 159 da Constituição Federal e no
Constituição Federal e no inciso VI do caput e parágrafo Sistema Tributário Nacional de que trata a Lei nº 5.172, de
único do art. 10 e no inciso I do caput do art. 11 da Lei nº 25 de outubro de 1966;
9.394, de 20 de dezembro de 1996, de: VIII - parcela do produto da arrecadação do imposto
I - pelo menos 5% (cinco por cento) do montante dos sobre produtos industrializados devida aos Estados e ao
impostos e transferências que compõem a cesta de recur- Distrito Federal e prevista no inciso II do caput do art. 159
sos do Fundeb, a que se referem os incisos I a IX do caput e da Constituição Federal e na Lei Complementar no 61, de 26
o § 1o do art. 3o desta Lei, de modo que os recursos previs- de dezembro de 1989; e
tos no art. 3o desta Lei somados aos referidos neste inciso IX - receitas da dívida ativa tributária relativa aos im-
postos previstos neste artigo, bem como juros e multas
garantam a aplicação do mínimo de 25% (vinte e cinco por
eventualmente incidentes.
cento) desses impostos e transferências em favor da manu-
§ 1o Inclui-se na base de cálculo dos recursos referidos
tenção e desenvolvimento do ensino;
nos incisos do caput deste artigo o montante de recursos
II - pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) dos de-
financeiros transferidos pela União aos Estados, ao Distrito
mais impostos e transferências.
Federal e aos Municípios, conforme disposto na Lei Com-
Art. 2o Os Fundos destinam-se à manutenção e ao de-
plementar nº 87, de 13 de setembro de 1996.
senvolvimento da educação básica pública e à valorização § 2o Além dos recursos mencionados nos incisos
dos trabalhadores em educação, incluindo sua condigna do caput e no § 1o deste artigo, os Fundos contarão com
remuneração, observado o disposto nesta Lei. a complementação da União, nos termos da Seção II deste
Capítulo.
CAPÍTULO II
DA COMPOSIÇÃO FINANCEIRA Seção II
Seção I Da Complementação da União
Das Fontes de Receita dos Fundos
Art. 4o A União complementará os recursos dos Fun-
Art. 3o Os Fundos, no âmbito de cada Estado e do Dis- dos sempre que, no âmbito de cada Estado e no Distrito
trito Federal, são compostos por 20% (vinte por cento) das Federal, o valor médio ponderado por aluno, calculado na
seguintes fontes de receita: forma do Anexo desta Lei, não alcançar o mínimo definido
I - imposto sobre transmissão causa mortis e doação nacionalmente, fixado de forma a que a complementação
de quaisquer bens ou direitos previsto no inciso I do caput da União não seja inferior aos valores previstos no inciso
do art. 155 da Constituição Federal; VII do caput do art. 60 do ADCT.
II - imposto sobre operações relativas à circulação de § 1o O valor anual mínimo por aluno definido nacional-
mercadorias e sobre prestações de serviços de transportes mente constitui-se em valor de referência relativo aos anos
interestadual e intermunicipal e de comunicação previsto iniciais do ensino fundamental urbano e será determinado
no inciso II do caput do art. 155 combinado com o inciso IV contabilmente em função da complementação da União.
do caput do art. 158 da Constituição Federal; § 2o O valor anual mínimo por aluno será definido
III - imposto sobre a propriedade de veículos automo- nacionalmente, considerando-se a complementação da
tores previsto no inciso III do caput do art. 155 combinado União após a dedução da parcela de que trata o art. 7o des-
com o inciso III do caput do art. 158 da Constituição Fe- ta Lei, relativa a programas direcionados para a melhoria da
deral; qualidade da educação básica.

120
Art. 5o A complementação da União destina-se exclusi- CAPÍTULO III
vamente a assegurar recursos financeiros aos Fundos, apli- DA DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS
cando-se o disposto no caput do art. 160 da Constituição Seção I
Federal. Disposições Gerais
§ 1o É vedada a utilização dos recursos oriundos da
arrecadação da contribuição social do salário-educação a Art. 8o A distribuição de recursos que compõem os
que se refere o § 5º do art. 212 da Constituição Federal na Fundos, no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal,
dar-se-á, entre o governo estadual e os de seus Municí-
complementação da União aos Fundos.
pios, na proporção do número de alunos matriculados nas
§ 2o A vinculação de recursos para manutenção e de-
respectivas redes de educação básica pública presencial, na
senvolvimento do ensino estabelecida no art. 212 da Cons- forma do Anexo desta Lei.
tituição Federal suportará, no máximo, 30% (trinta por cen- § 1o Será admitido, para efeito da distribuição dos re-
to) da complementação da União. cursos previstos no inciso II do caput do art. 60 do ADCT,
Art. 6o A complementação da União será de, no mí- em relação às instituições comunitárias, confessionais ou
nimo, 10% (dez por cento) do total dos recursos a que se filantrópicas sem fins lucrativos e conveniadas com o po-
refere o inciso II do caput do art. 60 do ADCT. der público, o cômputo das matrículas efetivadas: (Re-
§ 1o A complementação da União observará o cro- dação dada pela Lei nº 12.695, de 2012)
nograma da programação financeira do Tesouro Nacional I - na educação infantil oferecida em creches para
e contemplará pagamentos mensais de, no mínimo, 5% crianças de até 3 (três) anos; (Incluído pela Lei nº 12.695,
(cinco por cento) da complementação anual, a serem rea- de 2012)
lizados até o último dia útil de cada mês, assegurados os II - na educação do campo oferecida em instituições
repasses de, no mínimo, 45% (quarenta e cinco por cento) credenciadas que tenham como proposta pedagógica a
formação por alternância, observado o disposto em regu-
até 31 de julho, de 85% (oitenta e cinco por cento) até 31
lamento. (Incluído pela Lei nº 12.695, de 2012)
de dezembro de cada ano, e de 100% (cem por cento) até § 2o As instituições a que se refere o § 1 o deste artigo
31 de janeiro do exercício imediatamente subsequente. deverão obrigatória e cumulativamente:
§ 2o A complementação da União a maior ou a me- I - oferecer igualdade de condições para o acesso e
nor em função da diferença entre a receita utilizada para o permanência na escola e atendimento educacional gratuito
cálculo e a receita realizada do exercício de referência será a todos os seus alunos;
ajustada no 1o (primeiro) quadrimestre do exercício ime- II - comprovar finalidade não lucrativa e aplicar seus
diatamente subsequente e debitada ou creditada à conta excedentes financeiros em educação na etapa ou modali-
específica dos Fundos, conforme o caso. dade previstas nos §§ 1o, 3o e 4o deste artigo;
§ 3o O não-cumprimento do disposto no caput deste III - assegurar a destinação de seu patrimônio a ou-
artigo importará em crime de responsabilidade da autori- tra escola comunitária, filantrópica ou confessional com
dade competente. atuação na etapa ou modalidade previstas nos §§ 1 o, 3o e
Art. 7o Parcela da complementação da União, a ser 4o deste artigo ou ao poder público no caso do encerra-
mento de suas atividades;
fixada anualmente pela Comissão Intergovernamental de
IV - atender a padrões mínimos de qualidade definidos
Financiamento para a Educação Básica de Qualidade insti-
pelo órgão normativo do sistema de ensino, inclusive, obri-
tuída na forma da Seção II do Capítulo III desta Lei, limitada gatoriamente, ter aprovados seus projetos pedagógicos;
a até 10% (dez por cento) de seu valor anual, poderá ser V - ter certificado do Conselho Nacional de Assistência
distribuída para os Fundos por meio de programas direcio- Social ou órgão equivalente, na forma do regulamento.
nados para a melhoria da qualidade da educação básica, na § 3o Será admitido, até a universalização da pré-escola
forma do regulamento. prevista na Lei no 13.005, de 25 de junho de 2014, o cômpu-
Parágrafo único. Para a distribuição da parcela de re- to das matrículas das pré-escolas, comunitárias, confessio-
cursos da complementação a que se refere o caput des- nais ou filantrópicas, sem fins lucrativos, conveniadas com
te artigo aos Fundos de âmbito estadual beneficiários da o poder público e que atendam a crianças de quatro a
complementação nos termos do art. 4o desta Lei, levar-se-á cinco anos, observadas as condições previstas nos incisos
em consideração: I a V do § 2o, efetivadas, conforme o censo escolar mais
I - a apresentação de projetos em regime de colabora- atualizado, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e
ção por Estado e respectivos Municípios ou por consórcios Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP. (Redação
dada pela Lei nº 13.348, de 2016)
municipais;
§ 4o Observado o disposto no parágrafo único do art.
II - o desempenho do sistema de ensino no que se re- 60 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e no §
fere ao esforço de habilitação dos professores e aprendiza- 2o deste artigo, admitir-se-á o cômputo das matrículas
gem dos educandos e melhoria do fluxo escolar; efetivadas, conforme o censo escolar mais atualizado, na
III - o esforço fiscal dos entes federados; educação especial oferecida em instituições comunitárias,
IV - a vigência de plano estadual ou municipal de edu- confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, convenia-
cação aprovado por lei. das com o poder público, com atuação exclusiva na moda-
lidade.

121
§ 5o Eventuais diferenças do valor anual por aluno en- § 1o A ponderação entre diferentes etapas, modalida-
tre as instituições públicas da etapa e da modalidade re- des e tipos de estabelecimento de ensino adotará como
feridas neste artigo e as instituições a que se refere o § referência o fator 1 (um) para os anos iniciais do ensino
1o deste artigo serão aplicadas na criação de infra-estrutura fundamental urbano, observado o disposto no § 1o do art.
da rede escolar pública. 32 desta Lei.
§ 6o Os recursos destinados às instituições de que tra- § 2o A ponderação entre demais etapas, modalidades
tam os §§ 1o, 3o e 4o deste artigo somente poderão ser des- e tipos de estabelecimento será resultado da multiplicação
tinados às categorias de despesa previstas no art. 70 da Lei do fator de referência por um fator específico fixado entre
nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 0,70 (setenta centésimos) e 1,30 (um inteiro e trinta cen-
Art. 9o Para os fins da distribuição dos recursos de que
tésimos), observando-se, em qualquer hipótese, o limite
trata esta Lei, serão consideradas exclusivamente as ma-
trículas presenciais efetivas, conforme os dados apurados previsto no art. 11 desta Lei.
no censo escolar mais atualizado, realizado anualmente § 3o Para os fins do disposto neste artigo, o regula-
pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacio- mento disporá sobre a educação básica em tempo integral
nais Anísio Teixeira - INEP, considerando as ponderações e sobre os anos iniciais e finais do ensino fundamental.
aplicáveis. § 4o O direito à educação infantil será assegurado às
§ 1o Os recursos serão distribuídos entre o Distrito crianças até o término do ano letivo em que completarem
Federal, os Estados e seus Municípios, considerando-se 6 (seis) anos de idade.
exclusivamente as matrículas nos respectivos âmbitos de Art. 11. A apropriação dos recursos em função das ma-
atuação prioritária, conforme os §§ 2º e 3º do art. 211 da trículas na modalidade de educação de jovens e adultos,
Constituição Federal, observado o disposto no § 1o do art. nos termos da alínea c do inciso III do caput do art. 60 do
21 desta Lei. Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT,
§ 2o Serão consideradas, para a educação especial, as observará, em cada Estado e no Distrito Federal, percen-
matrículas na rede regular de ensino, em classes comuns
tual de até 15% (quinze por cento) dos recursos do Fundo
ou em classes especiais de escolas regulares, e em escolas
respectivo.
especiais ou especializadas.
§ 3o Os profissionais do magistério da educação básica
da rede pública de ensino cedidos para as instituições a Seção II
que se referem os §§ 1o, 3o e 4o do art. 8o desta Lei serão Da Comissão Intergovernamental de Financiamento
considerados como em efetivo exercício na educação bási- para a Educação Básica de Qualidade
ca pública para fins do disposto no art. 22 desta Lei.
§ 4o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po- Art. 12. Fica instituída, no âmbito do Ministério da Edu-
derão, no prazo de 30 (trinta) dias da publicação dos dados cação, a Comissão Intergovernamental de Financiamento
do censo escolar no Diário Oficial da União, apresentar re- para a Educação Básica de Qualidade, com a seguinte com-
cursos para retificação dos dados publicados. posição:
Art. 10. A distribuição proporcional de recursos dos I - 1 (um) representante do Ministério da Educação;
Fundos levará em conta as seguintes diferenças entre eta- II - 1 (um) representante dos secretários estaduais de
pas, modalidades e tipos de estabelecimento de ensino da educação de cada uma das 5 (cinco) regiões político-admi-
educação básica:
I - creche em tempo integral; nistrativas do Brasil indicado pelas seções regionais do
II - pré-escola em tempo integral; Conselho Nacional de Secretários de Estado da Educação
III - creche em tempo parcial; - CONSED;
IV - pré-escola em tempo parcial; III - 1 (um) representante dos secretários municipais de
V - anos iniciais do ensino fundamental urbano; educação de cada uma das 5 (cinco) regiões político-ad-
VI - anos iniciais do ensino fundamental no campo; ministrativas do Brasil indicado pelas seções regionais da
VII - anos finais do ensino fundamental urbano; União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação -
VIII - anos finais do ensino fundamental no campo; UNDIME.
IX- ensino fundamental em tempo integral; § 1o As deliberações da Comissão Intergovernamental
X - ensino médio urbano; de Financiamento para a Educação Básica de Qualidade se-
XI - ensino médio no campo; rão registradas em ata circunstanciada, lavrada conforme
XII - ensino médio em tempo integral; seu regimento interno.
XIII - ensino médio integrado à educação profissional;
§ 2o As deliberações relativas à especificação das pon-
XIV - educação especial;
XV - educação indígena e quilombola; derações serão baixadas em resolução publicada no Diário
XVI - educação de jovens e adultos com avaliação no Oficial da União até o dia 31 de julho de cada exercício,
processo; para vigência no exercício seguinte.
XVII - educação de jovens e adultos integrada à educa- § 3o A participação na Comissão Intergovernamental
ção profissional de nível médio, com avaliação no processo. de Financiamento para a Educação Básica de Qualidade é
XVIII - formação técnica e profissional prevista no inci- função não remunerada de relevante interesse público, e
so V do caput do art. 36 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro seus membros, quando convocados, farão jus a transporte
de 1996. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017) e diárias.

122
Art. 13. No exercício de suas atribuições, compete à ção efetiva dos impostos e das transferências de que trata
Comissão Intergovernamental de Financiamento para a o art. 3o desta Lei referentes ao exercício imediatamente
Educação Básica de Qualidade: anterior.
I - especificar anualmente as ponderações aplicáveis Art. 16. Os recursos dos Fundos serão disponibilizados
entre diferentes etapas, modalidades e tipos de estabeleci- pelas unidades transferidoras ao Banco do Brasil S.A. ou
mento de ensino da educação básica, observado o dispos- Caixa Econômica Federal, que realizará a distribuição dos
to no art. 10 desta Lei, levando em consideração a corres- valores devidos aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu-
pondência ao custo real da respectiva etapa e modalidade nicípios.
e tipo de estabelecimento de educação básica, segundo Parágrafo único. São unidades transferidoras a União,
estudos de custo realizados e publicados pelo Inep; os Estados e o Distrito Federal em relação às respectivas
II - fixar anualmente o limite proporcional de apro- parcelas do Fundo cuja arrecadação e disponibilização para
priação de recursos pelas diferentes etapas, modalidades distribuição sejam de sua responsabilidade.
e tipos de estabelecimento de ensino da educação básica, Art. 17. Os recursos dos Fundos, provenientes da
observado o disposto no art. 11 desta Lei; União, dos Estados e do Distrito Federal, serão repassa-
III - fixar anualmente a parcela da complementação da dos automaticamente para contas únicas e específicas dos
União a ser distribuída para os Fundos por meio de progra- Governos Estaduais, do Distrito Federal e dos Municípios,
mas direcionados para a melhoria da qualidade da educa- vinculadas ao respectivo Fundo, instituídas para esse fim
ção básica, bem como respectivos critérios de distribuição, e mantidas na instituição financeira de que trata o art. 16
observado o disposto no art. 7o desta Lei; desta Lei.
IV - elaborar, requisitar ou orientar a elaboração de es- § 1o Os repasses aos Fundos provenientes das parti-
tudos técnicos pertinentes, sempre que necessário; cipações a que se refere o inciso II do caput do art. 158 e
V - elaborar seu regimento interno, baixado em porta- as alíneas a e b do inciso I do caput e inciso II do caput do
ria do Ministro de Estado da Educação. art. 159 da Constituição Federal, bem como os repasses aos
VI - fixar percentual mínimo de recursos a ser repassa- Fundos à conta das compensações financeiras aos Estados,
do às instituições de que tratam os incisos I e II do § 1o e os Distrito Federal e Municípios a que se refere a Lei Com-
§§ 3o e 4o do art. 8o, de acordo com o número de matrículas plementar no 87, de 13 de setembro de 1996, constarão
efetivadas. (Incluído pela Lei nº 12.695, de 2012) dos orçamentos da União, dos Estados e do Distrito Fede-
§ 1o Serão adotados como base para a decisão da Co- ral e serão creditados pela União em favor dos Governos
missão Intergovernamental de Financiamento para a Edu- Estaduais, do Distrito Federal e dos Municípios nas contas
cação Básica de Qualidade os dados do censo escolar anual específicas a que se refere este artigo, respeitados os cri-
mais atualizado realizado pelo Inep. térios e as finalidades estabelecidas nesta Lei, observados
§ 2o A Comissão Intergovernamental de Financiamen- os mesmos prazos, procedimentos e forma de divulgação
to para a Educação Básica de Qualidade exercerá suas adotados para o repasse do restante dessas transferências
competências em observância às garantias estabelecidas constitucionais em favor desses governos.
nos incisos I, II, III e IV do caput do art. 208 da Constituição § 2o Os repasses aos Fundos provenientes dos impos-
Federal e às metas de universalização da educação básica tos previstos nos incisos I, II e III do caput do art. 155 com-
estabelecidas no plano nacional de educação. binados com os incisos III e IV do caput do art. 158 da
Art. 14. As despesas da Comissão Intergovernamen- Constituição Federal constarão dos orçamentos dos Go-
tal de Financiamento para a Educação Básica de Qualidade vernos Estaduais e do Distrito Federal e serão depositados
correrão à conta das dotações orçamentárias anualmente pelo estabelecimento oficial de crédito previsto no art.
consignadas ao Ministério da Educação. 4o da Lei Complementar no 63, de 11 de janeiro de 1990,
no momento em que a arrecadação estiver sendo realizada
CAPÍTULO IV nas contas do Fundo abertas na instituição financeira de
DA TRANSFERÊNCIA E DA GESTÃO DOS RECURSOS que trata o caput deste artigo.
§ 3o A instituição financeira de que trata o caput des-
Art. 15. O Poder Executivo federal publicará, até 31 de te artigo, no que se refere aos recursos dos impostos e
dezembro de cada exercício, para vigência no exercício participações mencionados no § 2o deste artigo, creditará
subsequente: imediatamente as parcelas devidas ao Governo Estadual,
I - a estimativa da receita total dos Fundos; ao Distrito Federal e aos Municípios nas contas específicas
II - a estimativa do valor da complementação da União; referidas neste artigo, observados os critérios e as finalida-
III - a estimativa dos valores anuais por aluno no âmbi- des estabelecidas nesta Lei, procedendo à divulgação dos
to do Distrito Federal e de cada Estado; valores creditados de forma similar e com a mesma perio-
IV - o valor anual mínimo por aluno definido nacional- dicidade utilizada pelos Estados em relação ao restante da
mente. transferência do referido imposto.
Parágrafo único. Para o ajuste da complementação da § 4o Os recursos dos Fundos provenientes da parcela
União de que trata o § 2o do art. 6o desta Lei, os Estados e do imposto sobre produtos industrializados, de que trata
o Distrito Federal deverão publicar na imprensa oficial e o inciso II do caput do art. 159 da Constituição Federal,
encaminhar à Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério serão creditados pela União em favor dos Governos Esta-
da Fazenda, até o dia 31 de janeiro, os valores da arrecada- duais e do Distrito Federal nas contas específicas, segundo

123
os critérios e respeitadas as finalidades estabelecidas nesta § 1o Os recursos poderão ser aplicados pelos Estados e
Lei, observados os mesmos prazos, procedimentos e forma Municípios indistintamente entre etapas, modalidades e ti-
de divulgação previstos na Lei Complementar nº 61, de 26 pos de estabelecimento de ensino da educação básica nos
de dezembro de 1989. seus respectivos âmbitos de atuação prioritária, conforme
§ 5o Do montante dos recursos do imposto sobre pro- estabelecido nos §§ 2º e 3º do art. 211 da Constituição Fe-
dutos industrializados de que trata o inciso II do caput do deral.
art. 159 da Constituição Federal a parcela devida aos Muni- § 2o Até 5% (cinco por cento) dos recursos recebidos à
cípios, na forma do disposto no art. 5º da Lei Complemen- conta dos Fundos, inclusive relativos à complementação da
tar nº 61, de 26 de dezembro de 1989, será repassada pelo União recebidos nos termos do § 1o do art. 6o desta Lei, po-
Governo Estadual ao respectivo Fundo e os recursos serão derão ser utilizados no 1o (primeiro) trimestre do exercício
creditados na conta específica a que se refere este artigo, imediatamente subsequente, mediante abertura de crédito
adicional.
observados os mesmos prazos, procedimentos e forma de
Art. 22. Pelo menos 60% (sessenta por cento) dos re-
divulgação do restante dessa transferência aos Municípios.
cursos anuais totais dos Fundos serão destinados ao paga-
§ 6o A instituição financeira disponibilizará, permanen-
mento da remuneração dos profissionais do magistério da
temente, aos conselhos referidos nos incisos II, III e IV do §
educação básica em efetivo exercício na rede pública.
1o do art. 24 desta Lei os extratos bancários referentes à Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput des-
conta do fundo. te artigo, considera-se:
§ 7o Os recursos depositados na conta específica a I - remuneração: o total de pagamentos devidos aos
que se refere o caput deste artigo serão depositados pela profissionais do magistério da educação, em decorrência
União, Distrito Federal, Estados e Municípios na forma pre- do efetivo exercício em cargo, emprego ou função, inte-
vista no § 5o do art. 69 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro grantes da estrutura, quadro ou tabela de servidores do
de 1996. Estado, Distrito Federal ou Município, conforme o caso, in-
Art. 18. Nos termos do § 4º do art. 211 da Constituição clusive os encargos sociais incidentes;
Federal, os Estados e os Municípios poderão celebrar con- II - profissionais do magistério da educação: docentes,
vênios para a transferência de alunos, recursos humanos, profissionais que oferecem suporte pedagógico direto ao
materiais e encargos financeiros, assim como de transporte exercício da docência: direção ou administração escolar,
escolar, acompanhados da transferência imediata de recur- planejamento, inspeção, supervisão, orientação educacio-
sos financeiros correspondentes ao número de matrículas nal e coordenação pedagógica;
assumido pelo ente federado. III - efetivo exercício: atuação efetiva no desempenho
Parágrafo único. (VETADO) das atividades de magistério previstas no inciso II deste
Art. 19. Os recursos disponibilizados aos Fundos pela parágrafo associada à sua regular vinculação contratual,
União, pelos Estados e pelo Distrito Federal deverão ser temporária ou estatutária, com o ente governamental que
registrados de forma detalhada a fim de evidenciar as res- o remunera, não sendo descaracterizado por eventuais
pectivas transferências. afastamentos temporários previstos em lei, com ônus para
Art. 20. Os eventuais saldos de recursos financeiros dis- o empregador, que não impliquem rompimento da relação
poníveis nas contas específicas dos Fundos cuja perspecti- jurídica existente.
va de utilização seja superior a 15 (quinze) dias deverão ser Art. 23. É vedada a utilização dos recursos dos Fundos:
aplicados em operações financeiras de curto prazo ou de I - no financiamento das despesas não consideradas
como de manutenção e desenvolvimento da educação bá-
mercado aberto, lastreadas em títulos da dívida pública, na
sica, conforme o art. 71 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro
instituição financeira responsável pela movimentação dos
de 1996;
recursos, de modo a preservar seu poder de compra.
II - como garantia ou contrapartida de operações de
Parágrafo único. Os ganhos financeiros auferidos em
crédito, internas ou externas, contraídas pelos Estados, pelo
decorrência das aplicações previstas no caput deste artigo Distrito Federal ou pelos Municípios que não se destinem
deverão ser utilizados na mesma finalidade e de acordo ao financiamento de projetos, ações ou programas consi-
com os mesmos critérios e condições estabelecidas para derados como ação de manutenção e desenvolvimento do
utilização do valor principal do Fundo. ensino para a educação básica.
CAPÍTULO V CAPÍTULO VI
DA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS DO ACOMPANHAMENTO, CONTROLE SOCIAL,
COMPROVAÇÃO E
Art. 21. Os recursos dos Fundos, inclusive aqueles FISCALIZAÇÃO DOS RECURSOS
oriundos de complementação da União, serão utilizados
pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, Art. 24. O acompanhamento e o controle social sobre
no exercício financeiro em que lhes forem creditados, em a distribuição, a transferência e a aplicação dos recursos
ações consideradas como de manutenção e desenvolvi- dos Fundos serão exercidos, junto aos respectivos gover-
mento do ensino para a educação básica pública, conforme nos, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e
disposto no art. 70 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de dos Municípios, por conselhos instituídos especificamente
1996. para esse fim.

124
§ 1o Os conselhos serão criados por legislação específi- f) 2 (dois) representantes dos estudantes da educação
ca, editada no pertinente âmbito governamental, observa- básica pública, um dos quais indicado pela entidade de es-
dos os seguintes critérios de composição: tudantes secundaristas.
I - em âmbito federal, por no mínimo 14 (quatorze) § 2o Integrarão ainda os conselhos municipais dos Fun-
membros, sendo: dos, quando houver, 1 (um) representante do respectivo
a) até 4 (quatro) representantes do Ministério da Edu- Conselho Municipal de Educação e 1 (um) representante
cação; do Conselho Tutelar a que se refere a Lei no 8.069, de 13 de
b) 1 (um) representante do Ministério da Fazenda; julho de 1990, indicados por seus pares.
c) 1 (um) representante do Ministério do Planejamento, § 3o Os membros dos conselhos previstos no caput des-
Orçamento e Gestão; te artigo serão indicados até 20 (vinte) dias antes do térmi-
d) 1 (um) representante do Conselho Nacional de Edu- no do mandato dos conselheiros anteriores:
cação; I - pelos dirigentes dos órgãos federais, estaduais, mu-
e) 1 (um) representante do Conselho Nacional de Se- nicipais e do Distrito Federal e das entidades de classes or-
cretários de Estado da Educação - CONSED; ganizadas, nos casos das representações dessas instâncias;
II - nos casos dos representantes dos diretores, pais de
f) 1 (um) representante da Confederação Nacional dos
alunos e estudantes, pelo conjunto dos estabelecimentos
Trabalhadores em Educação - CNTE;
ou entidades de âmbito nacional, estadual ou municipal,
g) 1 (um) representante da União Nacional dos Diri-
conforme o caso, em processo eletivo organizado para
gentes Municipais de Educação - UNDIME; esse fim, pelos respectivos pares;
h) 2 (dois) representantes dos pais de alunos da educa- III - nos casos de representantes de professores e ser-
ção básica pública; vidores, pelas entidades sindicais da respectiva categoria.
i) 2 (dois) representantes dos estudantes da educação § 4o Indicados os conselheiros, na forma dos incisos I e
básica pública, um dos quais indicado pela União Brasileira II do § 3o deste artigo, o Ministério da Educação designará
de Estudantes Secundaristas - UBES; os integrantes do conselho previsto no inciso I do § 1o des-
II - em âmbito estadual, por no mínimo 12 (doze) te artigo, e o Poder Executivo competente designará os
membros, sendo: integrantes dos conselhos previstos nos incisos II, III e IV do
a) 3 (três) representantes do Poder Executivo estadual, § 1o deste artigo.
dos quais pelo menos 1 (um) do órgão estadual responsá- § 5o São impedidos de integrar os conselhos a que se
vel pela educação básica; refere o caput deste artigo:
b) 2 (dois) representantes dos Poderes Executivos Mu- I - cônjuge e parentes consanguíneos ou afins, até
nicipais; 3o (terceiro) grau, do Presidente e do Vice-Presidente da
c) 1 (um) representante do Conselho Estadual de Edu- República, dos Ministros de Estado, do Governador e do
cação; Vice-Governador, do Prefeito e do Vice-Prefeito, e dos Se-
d) 1 (um) representante da seccional da União Nacional cretários Estaduais, Distritais ou Municipais;
dos Dirigentes Municipais de Educação - UNDIME; II - tesoureiro, contador ou funcionário de empresa de
e) 1 (um) representante da seccional da Confederação assessoria ou consultoria que prestem serviços relaciona-
Nacional dos Trabalhadores em Educação - CNTE; dos à administração ou controle interno dos recursos do
f) 2 (dois) representantes dos pais de alunos da educa- Fundo, bem como cônjuges, parentes consanguíneos ou
ção básica pública; afins, até 3o(terceiro) grau, desses profissionais;
g) 2 (dois) representantes dos estudantes da educação III - estudantes que não sejam emancipados;
básica pública, 1 (um) dos quais indicado pela entidade es- IV - pais de alunos que:
tadual de estudantes secundaristas; a) exerçam cargos ou funções públicas de livre nomea-
ção e exoneração no âmbito dos órgãos do respectivo Po-
III - no Distrito Federal, por no mínimo 9 (nove) mem-
der Executivo gestor dos recursos; ou
bros, sendo a composição determinada pelo disposto no
b) prestem serviços terceirizados, no âmbito dos Po-
inciso II deste parágrafo, excluídos os membros menciona- deres Executivos em que atuam os respectivos conselhos.
dos nas suas alíneas b e d; § 6o O presidente dos conselhos previstos no caput des-
IV - em âmbito municipal, por no mínimo 9 (nove) te artigo será eleito por seus pares em reunião do colegia-
membros, sendo: do, sendo impedido de ocupar a função o representante
a) 2 (dois) representantes do Poder Executivo Munici- do governo gestor dos recursos do Fundo no âmbito da
pal, dos quais pelo menos 1 (um) da Secretaria Municipal União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
de Educação ou órgão educacional equivalente; § 7o Os conselhos dos Fundos atuarão com autono-
b) 1 (um) representante dos professores da educação mia, sem vinculação ou subordinação institucional ao Po-
básica pública; der Executivo local e serão renovados periodicamente ao
c) 1 (um) representante dos diretores das escolas bá- final de cada mandato dos seus membros.
sicas públicas; § 8o A atuação dos membros dos conselhos dos Fun-
d) 1 (um) representante dos servidores técnico-admi- dos:
nistrativos das escolas básicas públicas; I - não será remunerada;
e) 2 (dois) representantes dos pais de alunos da educa- II - é considerada atividade de relevante interesse so-
ção básica pública; cial;

125
III - assegura isenção da obrigatoriedade de testemu- I - apresentar ao Poder Legislativo local e aos órgãos
nhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão de controle interno e externo manifestação formal acerca
do exercício de suas atividades de conselheiro e sobre as dos registros contábeis e dos demonstrativos gerenciais do
pessoas que lhes confiarem ou deles receberem informa- Fundo;
ções; II - por decisão da maioria de seus membros, convocar
IV - veda, quando os conselheiros forem representan- o Secretário de Educação competente ou servidor equiva-
tes de professores e diretores ou de servidores das escolas lente para prestar esclarecimentos acerca do fluxo de re-
públicas, no curso do mandato: cursos e a execução das despesas do Fundo, devendo a
a) exoneração ou demissão do cargo ou emprego sem autoridade convocada apresentar-se em prazo não supe-
justa causa ou transferência involuntária do estabelecimen- rior a 30 (trinta) dias;
to de ensino em que atuam; III - requisitar ao Poder Executivo cópia de documentos
b) atribuição de falta injustificada ao serviço em função
referentes a:
das atividades do conselho;
a) licitação, empenho, liquidação e pagamento de
c) afastamento involuntário e injustificado da condição
obras e serviços custeados com recursos do Fundo;
de conselheiro antes do término do mandato para o qual
b) folhas de pagamento dos profissionais da educação,
tenha sido designado;
V - veda, quando os conselheiros forem representan- as quais deverão discriminar aqueles em efetivo exercício
tes de estudantes em atividades do conselho, no curso do na educação básica e indicar o respectivo nível, modalida-
mandato, atribuição de falta injustificada nas atividades es- de ou tipo de estabelecimento a que estejam vinculados;
colares. c) documentos referentes aos convênios com as insti-
§ 9o Aos conselhos incumbe, ainda, supervisionar o tuições a que se refere o art. 8o desta Lei;
censo escolar anual e a elaboração da proposta orçamen- d) outros documentos necessários ao desempenho de
tária anual, no âmbito de suas respectivas esferas gover- suas funções;
namentais de atuação, com o objetivo de concorrer para IV - realizar visitas e inspetorias in loco para verificar:
o regular e tempestivo tratamento e encaminhamento dos a) o desenvolvimento regular de obras e serviços efe-
dados estatísticos e financeiros que alicerçam a operacio- tuados nas instituições escolares com recursos do Fundo;
nalização dos Fundos. b) a adequação do serviço de transporte escolar;
§ 10. Os conselhos dos Fundos não contarão com es- c) a utilização em benefício do sistema de ensino de
trutura administrativa própria, incumbindo à União, aos bens adquiridos com recursos do Fundo.
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios garantir in- Art. 26. A fiscalização e o controle referentes ao cum-
fra-estrutura e condições materiais adequadas à execução primento do disposto no art. 212 da Constituição Federal e
plena das competências dos conselhos e oferecer ao Minis- do disposto nesta Lei, especialmente em relação à aplica-
tério da Educação os dados cadastrais relativos à criação e ção da totalidade dos recursos dos Fundos, serão exerci-
composição dos respectivos conselhos. dos:
§ 11. Os membros dos conselhos de acompanhamento I - pelo órgão de controle interno no âmbito da União
e controle terão mandato de, no máximo, 2 (dois) anos, e pelos órgãos de controle interno no âmbito dos Estados,
permitida 1 (uma) recondução por igual período. do Distrito Federal e dos Municípios;
§ 12. Na hipótese da inexistência de estudantes eman- II - pelos Tribunais de Contas dos Estados, do Distrito
cipados, representação estudantil poderá acompanhar as Federal e dos Municípios, junto aos respectivos entes go-
reuniões do conselho com direito a voz.
vernamentais sob suas jurisdições;
§ 13. Aos conselhos incumbe, também, acompanhar
III - pelo Tribunal de Contas da União, no que tange às
a aplicação dos recursos federais transferidos à conta do
atribuições a cargo dos órgãos federais, especialmente em
Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar -
relação à complementação da União.
PNATE e do Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino
para Atendimento à Educação de Jovens e Adultos e, ain- Art. 27. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
da, receber e analisar as prestações de contas referentes a prestarão contas dos recursos dos Fundos conforme os
esses Programas, formulando pareceres conclusivos acerca procedimentos adotados pelos Tribunais de Contas com-
da aplicação desses recursos e encaminhando-os ao Fundo petentes, observada a regulamentação aplicável.
Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE. Parágrafo único. As prestações de contas serão instruí-
Art. 25. Os registros contábeis e os demonstrativos das com parecer do conselho responsável, que deverá ser
gerenciais mensais, atualizados, relativos aos recursos re- apresentado ao Poder Executivo respectivo em até 30 (trin-
passados e recebidos à conta dos Fundos assim como os ta) dias antes do vencimento do prazo para a apresentação
referentes às despesas realizadas ficarão permanentemen- da prestação de contas prevista no caput deste artigo.
te à disposição dos conselhos responsáveis, bem como dos Art. 28. O descumprimento do disposto no art. 212
órgãos federais, estaduais e municipais de controle interno da Constituição Federal e do disposto nesta Lei sujeitará
e externo, e ser-lhes-á dada ampla publicidade, inclusive os Estados e o Distrito Federal à intervenção da União,
por meio eletrônico. e os Municípios à intervenção dos respectivos Estados a
Parágrafo único. Os conselhos referidos nos incisos II, que pertencem, nos termos da alínea e do inciso VII do
III e IV do § 1o do art. 24 desta Lei poderão, sempre que caput do art. 34 e do inciso III do caput do art. 35 da Cons-
julgarem conveniente: tituição Federal.

126
Art. 29. A defesa da ordem jurídica, do regime demo- b) 18,33% (dezoito inteiros e trinta e três centésimos
crático, dos interesses sociais e individuais indisponíveis, por cento), no 2o (segundo) ano; e
relacionada ao pleno cumprimento desta Lei, compete ao c) 20% (vinte por cento), a partir do 3o (terceiro) ano,
Ministério Público dos Estados e do Distrito Federal e Terri- inclusive;
tórios e ao Ministério Público Federal, especialmente quan- II - para os impostos e transferências constantes
to às transferências de recursos federais. dos incisos I e III do caput do art. 155, inciso II do caput do
§ 1o A legitimidade do Ministério Público previs- art. 157, incisos II e III do caput do art. 158 da Constituição
ta no caput deste artigo não exclui a de terceiros para a Federal:
propositura de ações a que se referem o inciso LXXIII do a) 6,66% (seis inteiros e sessenta e seis centésimos por
caput do art. 5º e o § 1º do art. 129 da Constituição Federal, cento), no 1o (primeiro) ano;
sendo-lhes assegurado o acesso gratuito aos documentos b) 13,33% (treze inteiros e trinta e três centésimos por
mencionados nos arts. 25 e 27 desta Lei. cento), no 2o (segundo) ano; e
§ 2o Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os c) 20% (vinte por cento), a partir do 3o (terceiro) ano,
Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos inclusive.
Estados para a fiscalização da aplicação dos recursos dos § 2o As matrículas de que trata o art. 9o desta Lei serão
Fundos que receberem complementação da União. consideradas conforme a seguinte progressão:
Art. 30. O Ministério da Educação atuará: I - para o ensino fundamental regular e especial públi-
I - no apoio técnico relacionado aos procedimentos e co: a totalidade das matrículas imediatamente a partir do
critérios de aplicação dos recursos dos Fundos, junto aos 1o (primeiro) ano de vigência do Fundo;
Estados, Distrito Federal e Municípios e às instâncias res- II - para a educação infantil, o ensino médio e a educa-
ponsáveis pelo acompanhamento, fiscalização e controle ção de jovens e adultos:
interno e externo; a) 1/3 (um terço) das matrículas no 1o (primeiro) ano de
II - na capacitação dos membros dos conselhos; vigência do Fundo;
III - na divulgação de orientações sobre a operaciona- b) 2/3 (dois terços) das matrículas no 2o (segundo) ano
lização do Fundo e de dados sobre a previsão, a realização de vigência do Fundo;
e a utilização dos valores financeiros repassados, por meio c) a totalidade das matrículas a partir do 3o (terceiro)
ano de vigência do Fundo, inclusive.
de publicação e distribuição de documentos informativos e
§ 3o A complementação da União será de, no mínimo:
em meio eletrônico de livre acesso público;
I - R$ 2.000.000.000,00 (dois bilhões de reais), no
IV - na realização de estudos técnicos com vistas na
1o (primeiro) ano de vigência dos Fundos;
definição do valor referencial anual por aluno que assegure
II - R$ 3.000.000.000,00 (três bilhões de reais), no
padrão mínimo de qualidade do ensino;
2o (segundo) ano de vigência dos Fundos; e
V - no monitoramento da aplicação dos recursos dos
III - R$ 4.500.000.000,00 (quatro bilhões e quinhentos
Fundos, por meio de sistema de informações orçamen-
milhões de reais), no 3o (terceiro) ano de vigência dos Fun-
tárias e financeiras e de cooperação com os Tribunais de dos.
Contas dos Estados e Municípios e do Distrito Federal; § 4o Os valores a que se referem os incisos I, II e III do
VI - na realização de avaliações dos resultados da apli- § 3 deste artigo serão atualizados, anualmente, nos pri-
o
cação desta Lei, com vistas na adoção de medidas opera- meiros 3 (três) anos de vigência dos Fundos, de forma a
cionais e de natureza político-educacional corretivas, de- preservar em caráter permanente o valor real da comple-
vendo a primeira dessas medidas se realizar em até 2 (dois) mentação da União.
anos após a implantação do Fundo. § 5o Os valores a que se referem os incisos I, II e III do §
3o deste artigo serão corrigidos, anualmente, pela variação
CAPÍTULO VII acumulada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS – INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geo-
Seção I grafia e Estatística – IBGE, ou índice equivalente que lhe
Disposições Transitórias venha a suceder, no período compreendido entre o mês
da promulgação da Emenda Constitucional no 53, de 19 de
Art. 31. Os Fundos serão implantados progressiva- dezembro de 2006, e 1o de janeiro de cada um dos 3 (três)
mente nos primeiros 3 (três) anos de vigência, conforme o primeiros anos de vigência dos Fundos.
disposto neste artigo. § 6o Até o 3o (terceiro) ano de vigência dos Fundos,
§ 1o A porcentagem de recursos de que trata o art. o cronograma de complementação da União observará a
3 desta Lei será alcançada conforme a seguinte progres-
o
programação financeira do Tesouro Nacional e contem-
são: plará pagamentos mensais de, no mínimo, 5% (cinco por
I - para os impostos e transferências constantes do in- cento) da complementação anual, a serem realizados até o
ciso II do caput do art. 155, do inciso IV do caput do art. último dia útil de cada mês, assegurados os repasses de, no
158, das alíneas a e b do inciso I e do inciso II do caput do mínimo, 45% (quarenta e cinco por cento) até 31 de julho e
art. 159 da Constituição Federal, bem como para a receita a de 100% (cem por cento) até 31 de dezembro de cada ano.
que se refere o § 1o do art. 3o desta Lei: § 7o Até o 3o (terceiro) ano de vigência dos Fundos,
a) 16,66% (dezesseis inteiros e sessenta e seis centési- a complementação da União não sofrerá ajuste quanto a
mos por cento), no 1o (primeiro) ano; seu montante em função da diferença entre a receita uti-

127
lizada para o cálculo e a receita realizada do exercício de IX - ensino médio no campo - 1,25 (um inteiro e vinte
referência, observado o disposto no § 2o do art. 6o desta Lei e cinco centésimos);
quanto à distribuição entre os fundos instituídos no âmbito X - ensino médio em tempo integral - 1,30 (um inteiro
de cada Estado. e trinta centésimos);
Art. 32. O valor por aluno do ensino fundamental, no XI - ensino médio integrado à educação profissional -
Fundo de cada Estado e do Distrito Federal, não poderá 1,30 (um inteiro e trinta centésimos);
ser inferior ao efetivamente praticado em 2006, no âmbito XII - educação especial - 1,20 (um inteiro e vinte cen-
do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino tésimos);
Fundamental e de Valorização do Magistério - FUNDEF, XIII - educação indígena e quilombola - 1,20 (um intei-
estabelecido pela Emenda Constitucional nº 14, de 12 de ro e vinte centésimos);
setembro de 1996. XIV - educação de jovens e adultos com avaliação no
processo - 0,70 (setenta centésimos);
§ 1o Caso o valor por aluno do ensino fundamental, XV - educação de jovens e adultos integrada à educa-
no Fundo de cada Estado e do Distrito Federal, no âmbito ção profissional de nível médio, com avaliação no processo
do Fundeb, resulte inferior ao valor por aluno do ensino - 0,70 (setenta centésimos).
fundamental, no Fundo de cada Estado e do Distrito Fe- § 1o A Comissão Intergovernamental de Financiamento
deral, no âmbito do Fundef, adotar-se-á este último ex- para a Educação Básica de Qualidade fixará as pondera-
clusivamente para a distribuição dos recursos do ensino ções referentes à creche e pré-escola em tempo integral.
fundamental, mantendo-se as demais ponderações para as § 2o Na fixação dos valores a partir do 2o (segundo)
restantes etapas, modalidades e tipos de estabelecimento ano de vigência do Fundeb, as ponderações entre as matrí-
de ensino da educação básica, na forma do regulamento. culas da educação infantil seguirão, no mínimo, as seguin-
§ 2o O valor por aluno do ensino fundamental a que tes pontuações:
se refere o caput deste artigo terá como parâmetro aquele I - creche pública em tempo integral - 1,10 (um inteiro
efetivamente praticado em 2006, que será corrigido, anual- e dez centésimos);
mente, com base no Índice Nacional de Preços ao Consu- II - creche pública em tempo parcial - 0,80 (oitenta cen-
midor - INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro tésimos);
de Geografia e Estatística - IBGE ou índice equivalente que III - creche conveniada em tempo integral - 0,95 (no-
lhe venha a suceder, no período de 12 (doze) meses encer- venta e cinco centésimos);
rados em junho do ano imediatamente anterior. IV - creche conveniada em tempo parcial - 0,80 (oitenta
centésimos);
Art. 33. O valor anual mínimo por aluno definido nacio-
V - pré-escola em tempo integral - 1,15 (um inteiro e
nalmente para o ensino fundamental no âmbito do Fundeb
quinze centésimos);
não poderá ser inferior ao mínimo fixado nacionalmente VI - pré-escola em tempo parcial - 0,90 (noventa cen-
em 2006 no âmbito do Fundef. tésimos).
Art. 34. Os conselhos dos Fundos serão instituídos no
prazo de 60 (sessenta) dias contados da vigência dos Fun- Seção II
dos, inclusive mediante adaptações dos conselhos do Fun- Disposições Finais
def existentes na data de publicação desta Lei.
Art. 35. O Ministério da Educação deverá realizar, em Art. 37. Os Municípios poderão integrar, nos termos
5 (cinco) anos contados da vigência dos Fundos, fórum na- da legislação local específica e desta Lei, o Conselho do
cional com o objetivo de avaliar o financiamento da edu- Fundo ao Conselho Municipal de Educação, instituindo câ-
cação básica nacional, contando com representantes da mara específica para o acompanhamento e o controle so-
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, cial sobre a distribuição, a transferência e a aplicação dos
dos trabalhadores da educação e de pais e alunos. recursos do Fundo, observado o disposto no inciso IV do §
Art. 36. No 1o (primeiro) ano de vigência do Fundeb, 1o e nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o do art. 24 desta Lei.
as ponderações seguirão as seguintes especificações: § 1o A câmara específica de acompanhamento e con-
I - creche - 0,80 (oitenta centésimos); trole social sobre a distribuição, a transferência e a aplica-
II - pré-escola - 0,90 (noventa centésimos); ção dos recursos do Fundeb terá competência deliberativa
e terminativa.
III - anos iniciais do ensino fundamental urbano - 1,00
§ 2o Aplicar-se-ão para a constituição dos Conselhos
(um inteiro);
Municipais de Educação as regras previstas no § 5 o do art.
IV - anos iniciais do ensino fundamental no campo - 24 desta Lei.
1,05 (um inteiro e cinco centésimos); Art. 38. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
V - anos finais do ensino fundamental urbano - 1,10 nicípios deverão assegurar no financiamento da educação
(um inteiro e dez centésimos); básica, previsto no art. 212 da Constituição Federal, a me-
VI - anos finais do ensino fundamental no campo - 1,15 lhoria da qualidade do ensino, de forma a garantir padrão
(um inteiro e quinze centésimos); mínimo de qualidade definido nacionalmente.
VII - ensino fundamental em tempo integral - 1,25 (um Parágrafo único. É assegurada a participação popular
inteiro e vinte e cinco centésimos); e da comunidade educacional no processo de definição
VIII - ensino médio urbano - 1,20 (um inteiro e vinte do padrão nacional de qualidade referido no caput deste
centésimos); artigo.

128
Art. 39. A União desenvolverá e apoiará políticas de bro de 1996, e o art. 12 da Lei no 10.880, de 9 de junho de
estímulo às iniciativas de melhoria de qualidade do ensino, 2004, e o § 3º do art. 2º da Lei nº 10.845, de 5 de março
acesso e permanência na escola, promovidas pelas unida- de 2004.
des federadas, em especial aquelas voltadas para a inclu- Art. 47. Nos 2 (dois) primeiros anos de vigência do
são de crianças e adolescentes em situação de risco social. Fundeb, a União alocará, além dos destinados à com-
Parágrafo único. A União, os Estados e o Distrito Fede- plementação ao Fundeb, recursos orçamentários para a
ral desenvolverão, em regime de colaboração, programas promoção de programa emergencial de apoio ao ensino
de apoio ao esforço para conclusão da educação básica médio e para reforço do programa nacional de apoio ao
dos alunos regularmente matriculados no sistema público transporte escolar.
de educação: Art. 48. Os Fundos terão vigência até 31 de dezembro
I - que cumpram pena no sistema penitenciário, ainda de 2020.
que na condição de presos provisórios; Art. 49. Esta Lei entra em vigor na data da sua publi-
II - aos quais tenham sido aplicadas medidas socioe- cação.
Brasília, 20 de junho de 2007; 186o da Independência
ducativas nos termos da Lei no 8.069, de 13 de julho de
e 119o da República.
1990.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Art. 40. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
deverão implantar Planos de Carreira e remuneração dos
profissionais da educação básica, de modo a assegurar:
I - a remuneração condigna dos profissionais na edu-
cação básica da rede pública; DISPÕE SOBRE O ESTATUTO E O
II - integração entre o trabalho individual e a proposta PLANO DE CARREIRA E
pedagógica da escola; REMUNERAÇÃO DO
III - a melhoria da qualidade do ensino e da aprendi-
MAGISTÉRIO PÚBLICO DO MUNICÍPIO
zagem.
Parágrafo único. Os Planos de Carreira deverão con- DE ITAQUAQUECETUBA. LEI 280 DE 11 DE
templar capacitação profissional especialmente voltada à DEZEMBRO DE 2015. DISPÕE SOBRE A
APROVAÇÃO DO PLANO DECENAL DE
EDUCAÇÃO, PARA O DECÊNIO 2016-2025.
formação continuada com vistas na melhoria da qualidade
do ensino.
Art. 41. O poder público deverá fixar, em lei específica,
até 31 de agosto de 2007, piso salarial profissional nacio- LEI COMPLEMENTAR Nº 280, DE 11 DE DEZEMBRO
nal para os profissionais do magistério público da educa- DE 2015.
ção básica. “DISPÕE SOBRE O ESTATUTO E O PLANO DE CARREIRA
Parágrafo único. (VETADO) E REMUNERAÇÃO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO DO MUNI-
Art. 42. (VETADO) CÍPIO DE ITAQUAQUECETUBA E DÁ OUTRAS PROVIDÊN-
Art. 43. Nos meses de janeiro e fevereiro de 2007, fica CIAS.”
mantida a sistemática de repartição de recursos prevista
na Lei no 9.424, de 24 de dezembro de 1996, mediante a DR. MAMORU NAKASHIMA, PREFEITO MUNICIPAL DE
utilização dos coeficientes de participação do Distrito Fe- ITAQUAQUECETUBA, usando das atribuições que lhe são
deral, de cada Estado e dos Municípios, referentes ao exer- conferidas por Lei. FAÇO SABER QUE A CÂMARA MUNICI-
cício de 2006, sem o pagamento de complementação da PAL DECRETA E EU PROMULGO A SEGUINTE LEI COMPLE-
União. MENTAR:
Art. 44. A partir de 1o de março de 2007, a distribui- TÍTULO I
ção dos recursos dos Fundos é realizada na forma prevista DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
nesta Lei. Capítulo I
Parágrafo único. A complementação da União prevista SEÇÃO I
no inciso I do § 3o do art. 31 desta Lei, referente ao ano de DOS OBJETIVOS
2007, será integralmente distribuída entre março e dezem-
bro. Art. 1º Esta Lei Complementar reorganiza e adequa o
Art. 45. O ajuste da distribuição dos recursos referen- Estatuto e o Plano de Carreira e ºRemuneração do Magis-
tes ao primeiro trimestre de 2007 será realizado no mês de tério Público Municipal, nos termos das disposições consti-
abril de 2007, conforme a sistemática estabelecida nesta tucionais e legais vigentes.
Lei. Art. 2º A reorganização e adequação da carreira do
Parágrafo único. O ajuste referente à diferença entre magistério têm como fundamentos:
o total dos recursos da alínea a do inciso I e da alínea a do I - o atendimento à legislação educacional pátria, espe-
inciso II do § 1o do art. 31 desta Lei e os aportes referentes a cialmente o disposto nos artigos 205 a 214, da Constituição
janeiro e fevereiro de 2007, realizados na forma do dispos- Federal, na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1.996, no
to neste artigo, será pago no mês de abril de 2007. artigo 6º, da Lei nº 11.738, de 16 de julho de 2008 e em
Art. 46. Ficam revogados, a partir de 1o de janeiro de Resoluções da Câmara de Educação Básica do Conselho
2007, os arts. 1º a 8º e 13 da Lei nº 9.424, de 24 de dezem- Nacional de Educação.

129
II - a valorização do profissional do magistério público, IV - função gratificada: as funções gratificadas são des-
observados: tinadas às atividades de suporte pedagógico mediante de-
a) a oferta de programa permanente de formação con- signação, utilizando os critérios técnicos de seleção;
tinuada, acessível a todo servidor do Quadro do Magisté-
rio, com vistas ao aperfeiçoamento profissional e à pro- V - função: conjunto de atividades destinadas a servidor
gressão na carreira. do Quadro do Magistério titular de cargo de docência para
b) o estabelecimento de normas e critérios que pri- exercício de atividades de suporte pedagógico ou conjun-
vilegiem, para fins de progressão na carreira, a titulação, to de atividades concernentes a um determinado cargo e
experiência, desempenho, atualização e aperfeiçoamento exercidas em caráter temporário ou em substituição;
profissional;
c) a remuneração condigna, com vencimento inicial VI - nível: evolução pecuniária do vencimento do ser-
correspondente, no mínimo, ao piso salarial profissional vidor do Quadro do Magistério decorrente da progressão
nacional; funcional prevista nesta Lei Complementar;
d) a evolução do vencimento inicial, através de enqua-
VII - padrão: conjunto da referência e nível de enqua-
dramento em níveis de vencimento compatíveis com a pro-
dramento dos cargos;
gressão na carreira.
VIII - quadro do magistério: é a expressão da estrutura
III - a avaliação periódica de desempenho como re- organizacional, definida por cargos públicos, estabelecidos
quisito necessário para o desenvolvimento na carreira, com base nos recursos humanos necessários à obtenção
que levará em conta a análise de indicadores objetivos do dos objetivos da Administração Municipal na área da edu-
resultado do trabalho profissional, bem como a transpa- cação;
rência do processo de avaliação, visando assegurar que o
resultado possa ser analisado pelo avaliado e pelo sistema, IX - referência: posição indicativa da situação do ser-
com vistas à superação das dificuldades detectadas para o vidor do Quadro do Magistério na tabela de vencimentos;
desempenho profissional e do próprio sistema.
X - remuneração: vencimento do cargo, acrescido das
Art.3º Para efeito desta Lei Complementar, integram a vantagens pecuniárias, permanentes ou temporárias, esta-
carreira do magistério público municipal os servidores que belecidas em lei;
desempenham as atividades de docência ou as de suporte
pedagógico, supervisão, direção, vice-direção, coordena- XI - vencimento: retribuição pecuniária básica, fixada
ção pedagógica e coordenação de formação pedagógica em lei, paga mensalmente ao servidor público pelo exercí-
exercidas nas diversas etapas e modalidades da educação cio de seu cargo ou função.
básica.
TÍTULO II
DO ESTATUTO DO MAGISTÉRIO
SEÇÃO II Capítulo I
DOS CONCEITOS BÁSICOS DO QUADRO DO MAGISTÉRIO
SEÇÃO I
Art. 4º Para efeito desta Lei Complementar conside- DA CONSTITUIÇÃO
ram-se:
Art. 5º O Quadro do Magistério Público Municipal
abrange os que atuam na Educação Básica é constituído
I - atividades correlatas às do magistério: aquelas rela-
dos seguintes cargos públicos de provimento efetivo e
cionadas com a docência nas modalidades de ensino, bem de cargos públicos de provimento em comissão, median-
como as de natureza técnica, relativas ao desenvolvimen- te admissão ou nomeação e função gratificada mediante
to de estudos, planejamento, pesquisas, supervisão, coor- designação, utilizando critérios técnicos e democráticos de
denação, orientação em currículos, administração escolar, seleção nos termos dos Anexos I e II, que fazem parte inte-
orientação educacional, capacitação de docentes, apoio grante desta Lei Complementar:
técnico pedagógico, assessoramento e assistência técnica
exercidas em unidades e/ou órgãos de educação do Mu- I - Cargos de Docentes:
nicípio;
a) ;
II - cargo do magistério: o conjunto de atribuições, de- b) Professor Titular de Ensino Fundamental I;
veres e responsabilidades, cometidos ao servidor do ma- c) Professor Titular de Áreas Específicas;
gistério, criado por lei, com denominação própria, número d) Professor Titular de Educação Especial;
certo e vencimento pago pelos cofres públicos;
II - Cargos de Suporte Pedagógico:
III - carreira do magistério: conjunto de cargos da mes-
ma natureza de trabalho, escalonados segundo o nível de a) Diretor de Escola;
complexidade e o grau de responsabilidade; b) Supervisor de Ensino.

130
III - Funções de Suporte Pedagógico Capítulo II
DO PROVIMENTO DOS CARGOS
a) Vice-Diretor de Escola; SEÇÃO I
b) Coordenador Pedagógico; DAS FORMAS DE PROVIMENTO
c) Coordenador de Formação Pedagógica;
Art. 8º Os cargos do Quadro do Magistério descritos
§ 1º Além dos cargos descritos nos incisos do caput, nas alíneas ´a´ a ´d´, do inciso I e nas alíneas ´a´ e ´b´, do
inciso II, ambos do art. 5º, desta Lei Complementar, são de
o Anexo I contempla o cargo de docentes em extinção,
provimento efetivo, cujo ingresso se dá através de concur-
destinados ao Professor Adjunto de Ensino Fundamental, so público de provas e títulos.
não transformado pela Lei Complementar nº 137, de 11 de
janeiro de 2007, por estarem na situação de readaptados. Art. 9º Os cargos do quadro do magistério descritos
nas alíneas de „a. a „c. do inciso III do artigo 5º desta lei
§ 2º Os servidores a que alude o parágrafo anterior po- complementar serão de provimento efetivo de cargo do-
derão ter seus cargos transformados na medida em que cente e designado na função conforme descrito no anexo
cumprirem as exigências previstas na Lei Complementar III da presente lei.
nº 137, de 11 de janeiro de 2007, quando a quantidade
de cargos transformados será acrescida ao número de car- Parágrafo único. O provimento dos cargos obedecerá
gos respectivos, no Anexo I, situação nova, da presente Lei ao regime jurídico estatutário, nos termos da Lei Comple-
Complementar. mentar nº 64, de 26 de dezembro de 2002 e alterações.

Art. 10º A designação para as funções de suporte pe-


§ 3º O professor portador de habilitação específica a
dagógico serão feitas por ato do Chefe do Poder Executi-
que se refere o inciso III do art. 6º desta Lei Complementar vo observados os critérios de avaliação e entrevista, desde
denomina-se Professor Titular de Áreas Específicas e a esta que possuam os requisitos exigidos por esta Lei Comple-
denominação será acrescida, em cada caso, o nome da dis- mentar, a partir do Quadro do Magistério.
ciplina ou área de conhecimento.
SEÇÃO II
SEÇÃO II DO CONCURSO PÚBLICO PARA INGRESSO
DO CAMPO DE ATUAÇÃO
Art.11º A investidura nos cargos que compõem o Qua-
Art. 6º Os docentes exercerão suas atividades na se- dro do Magistério far-se-á através de aprovação prévia em
guinte conformidade: concurso público de provas e títulos, sendo que as vagas
serão oferecidas por concurso de acesso e concurso de in-
I- : com atuação nas escolas Municipais na gresso em um percentual de 50% para o concurso de aces-
so e 50% no concurso de ingresso.
educação infantil com crianças de 4 meses a 5 (cinco)
Art. 12º Os concursos públicos reger-se-ão por instru-
anos de idade; ções especiais contidas nos respectivos editais e na legis-
lação vigente.
II - Professor Titular de Ensino Fundamental: nos anos
iniciais do ensino fundamental e na educação de jovens e Art. 13. O prazo de validade do concurso público será
adultos; de até 2 (dois) anos, a contar da data de sua homologação,
podendo ser prorrogado por uma vez, por igual período.
III - Professor Titular de Áreas Específicas: na educa-
ção infantil e no ensino fundamental, quando se optar pela SEÇÃO III
presença de exigida habilitação específica em área própria DOS REQUISITOS
e na educação de jovens e adultos;
Art. 14 Os requisitos para o provimento dos cargos
IV - Professor Titular de Educação Especial: na educa- de docentes, cargos de suporte pedagógico e funções de
suporte pedagógico ficam estabelecidos em conformidade
ção especial nos diferentes níveis e modalidades da edu-
com o Anexo III, desta Lei Complementar.
cação básica; Art 15 A experiência docente mínima, pré-requisito
exigido para o exercício profissional de cargos e funções
Parágrafo único. A descrição detalhada das atribuições de suporte pedagógico, será definido nos termos do Anexo
de cada cargo de docentes consta do Anexo IV, da presen- III desta Lei Complementar.
te Lei Complementar.
SEÇÃO IV
Art. 7º Os ocupantes de cargos e de funções de su- DO ESTÁGIO PROBATÓRIO
porte pedagógico exercerão suas atividades nos diferentes
níveis e modalidades da educação básica, observado o seu Art. 17 Após o provimento do cargo, o servidor do
campo de atuação, de acordo com o estabelecido no Ane- Quadro do Magistério será submetido a estágio probató-
xo V, que faz parte integrante desta Lei Complementar. rio pelo período de 3 (três) anos, durante o qual, anual-

131
mente, serão avaliadas a sua aptidão e a capacidade para § 1º As funções de que trata este artigo serão exerci-
o desempenho do cargo, nos termos da Lei Complementar das mediante designação, de livre escolha e dispensa pelo
nº 64, de 26 de dezembro de 2002 e alterações, apuradas Chefe do Poder Executivo Municipal, obedecidos os requi-
através dos seguintes aspectos: sitos estabelecidos no Anexo III, desta Lei Complementar.

I - assiduidade; § 2º O servidor designado para exercer função de su-


porte pedagógico perceberá remuneração por 40 (quaren-
II - disciplina; ta) horas semanais de trabalho, calculada pelo seu padrão
de vencimento, acrescida da gratificação de função de su-
III - eficiência; porte pedagógico.

IV - aptidão e dedicação ao serviço; § 3º As funções com suas respectivas referências estão


estabelecidas no Anexo I desta Lei Complementar.
V - cumprimento dos deveres e obrigações funcionais.
§ 4º Os campos de atuação dos ocupantes dos cargos
SEÇÃO V e das funções do magistério e suporte pedagógico estão
DA CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE estabelecidos no Anexo IV e V desta Lei Complementar.
FUNÇÕES DOCENTES
Capítulo III
Art. 17 Para atender à necessidade temporária de ex- DAS JORNADAS DE TRABALHO
cepcional interesse público, contratar-se-á pessoal para
funções docentes, por tempo determinado, na condição de Art.23 As jornadas de trabalho dos integrantes do
professor substituto. Quadro do Magistério passam a ser as seguintes:
Art. 18 O professor contratado por prazo determina-
§ 1º Jornada Básica (JB) de 24 (vinte e quatro) horas de
do para as funções de docente, não integrará o quadro de
trabalhos semanais, aos professores: Titulares de Educação
pessoal efetivo, não comporá a carreira do magistério e
Infantil; Titulares de Ensino Fundamental, Titulares de Áreas
seu vencimento corresponderá ao número de horas-aula
Específicas (Arte e Educação Física) e Titulares de Educação
que trabalhar, sendo fixado com base no padrão inicial do
Especial:
cargo.
I - dezesseis horas em atividades com os alunos;
Parágrafo único. O vencimento previsto no caput será
reajustado na mesma época e no mesmo índice em que for II - oito horas de trabalho pedagógico, sendo:
revisto o dos servidores da carreira do magistério.
Art. 19 A contratação será efetuada dentro do período a) duas horas de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC);
letivo, pelo tempo estritamente necessário para atender as b) quatro horas de Trabalho Pedagógico Individual
hipóteses previstas nesta Lei Complementar, observado o (HTPI) na Unidade Escolar;
prazo máximo de 6 (seis) meses, prorrogável por até igual c) duas horas de Trabalho Pedagógico Livre (HTPL) em
período. local de livre escolha do professor.
Parágrafo único. O contratado não terá sede de exercí- § 2º Jornada Completa (JC) de 30 (trinta) horas de tra-
cio, ficará à disposição da rede municipal de ensino e exer- balhos semanais, aos professores: Titulares de Educação In-
cerá as atividades nas unidades escolares que a compõem, fantil; Titulares de Ensino Fundamental, Titulares de Áreas
a critério exclusivo da Secretaria Municipal de Educação, Específicas (Arte e Educação Física) e Titulares de Educação
Ciência, Tecnologia e Inovação. Especial:
Art. 20 Fica vedada, para atender necessidade tempo-
rária, a contratação de professor ocupante de cargo per- I - vinte horas em atividades com os alunos;
manente da rede municipal de ensino que esteja em gozo
de licença ou em afastamentos previstos na legislação vi- II - dez horas de trabalho pedagógico, sendo:
gente.
Art. 21 A contratação temporária será precedida de a) três horas de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC);
processo seletivo simplificado e far-se-á de acordo com a b) quatro horas de Trabalho Pedagógico Individual
lei municipal que rege a matéria ou legislação estadual ou (HTPI) na Unidade Escolar;
federal que lhe regule. c) três horas de Trabalho Pedagógico Livre (HTPL) em
local de livre escolha do professor, compreendendo 1
SEÇÃO VI (uma) hora por dia.
DAS FUNÇÕES DE SUPORTE PEDAGÓGICO
§ 3º Jornada Completa (JC) de 40 (quarenta) horas de
Art. 22 O titular de cargo do Quadro do Magistério po- trabalhos semanais, aos professores: Titulares de Educação
derá ser designado para o exercício das funções de suporte Infantil; Titulares de Ensino Fundamental, Titulares de Áreas
pedagógico, constantes do art. 5º, inciso III, desta Lei Com- Específicas (Arte e Educação Física) e Titulares de Educação
plementar. Especial:

132
I - vinte e sete horas em atividades com os alunos; § 1º As HTPCs serão desenvolvidas na unidade escolar
durante a semana ou aos sábados. Os dias serão definidos
II - treze horas de trabalho pedagógico, sendo: por eleição pelos pares, juntamente com o Coordenador
Pedagógico, o Vice-Diretor e o Diretor, anualmente, regis-
a) cinco horas de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC); trando em Ata.
b) cinco horas de Trabalho Pedagógico Individual
(HTPI) na Unidade Escolar. § 2º Caso o professor, por força de acúmulo, não con-
c) três horas de Trabalho Pedagógico Livre (HTPL) em seguir se enquadrar nos Horários de Trabalho Pedagógico
local de livre escolha do professor, compreendendo uma Coletivo em sua unidade escolar por falta de pares, deverá
hora por dia. encaminhar via protocolo à Secretaria Municipal de Educa-
ção, Ciência, Tecnologia e Inovação, a justificativa, podendo
§ 4º O atendimento à solicitação de alteração de jor- ocorrer o cumprimento da HTPC em outra unidade escolar.
nada fica condicionado a publicação de normatização da
§ 3º As HTPCs serão ministradas pelo Coordenador Pe-
Secretaria Municipal de Educação, Ciência, Tecnologia e
dagógico e na sua falta, pelo Diretor ou Vice-Diretor, na
Inovação e a existência de vagas na Rede Municipal de En-
unidade educacional do docente, em atividades coletivas,
sino de Itaquaquecetuba, na jornada pretendida.
para atender às ações pedagógicas que compreendem:
I - a alteração de jornada deverá ser solicitada antes do I - reunião de orientação técnica;
início do ano letivo, na forma como dispuser a legislação
que disciplina o processo de atribuição de classes ou aulas II - discussão de soluções educacionais;
e se efetivará no momento da atribuição de classes ou au-
las, conforme vagas disponíveis. III - elaboração de planos com participação do diretor
e outros profissionais de suporte pedagógico;
II - a solicitação de alteração de jornada também po-
derá ocorrer no momento da inscrição para remoção e, se IV - reunião de professores para preparação e avalia-
atendida, efetivar-se-á a partir do exercício da nova sede. ção do trabalho pedagógico,

III - fica condicionado a implantação e oferta das jor- V - reflexão sobre a articulação com a comunidade;
nadas a que se refere o artigo 23, parágrafos 1º, 2º e 3º,
às condições necessárias para sua execução, no município, VI - aperfeiçoamento profissional de acordo com o
no prazo de dois anos a contar da data de aprovação da Projeto Político Pedagógico;
presente lei.
VII - preenchimento de fichas, documentos, instrumen-
§ 5º Unidades escolares com até de 20 (vinte) classes, tos de diagnósticos e avaliativos da unidade escolar;
contarão com um professor por período sem atribuição de
classe para fins de auxiliar no reforço escolar e substituir as VIII - atividades educacionais organizadas pela Secreta-
faltas e reposições dos demais. ria Municipal de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação.
Art. 25 As Horas de Trabalho Pedagógico Individual (HTPI)
§ 6º Unidades escolares com mais de 15 (quinze) e até na unidade escolar, correspondem às horas que o
30 (trinta) classes, contarão com três professores por perío- professor irá realizar na unidade escolar para:
do sem atribuição para fins de auxiliar no reforço escolar e
I - planejamento de atividades e avaliações dos alunos
substituir as faltas e reposições dos demais.
de sua turma;
§ 7º Unidades Escolares com mais de 30 (trinta) e até II - avaliação do desempenho dos alunos;
40 (quarenta) classes, contarão com quatro professores por
período sem atribuição para fins de auxiliar no reforço es- III - análise e correção de avaliações ou trabalhos apli-
colar e substituir as faltas e reposições dos demais. cados aos alunos;

§ 8º Unidades Escolares com mais de 40 (quarenta) IV - seleção e preparação de materiais pedagógicos;


classes, contarão com cinco professores por período sem
atribuição para fins de auxiliar no reforço escolar e substi- V - atendimento de pais;
tuir as faltas e reposições dos demais.
Art. 24 As Horas de Trabalho Pedagógico Coletivo VI - realização de atividades relacionadas ao Projeto
(HTPC) fixadas são de cumprimento obrigatório para todos Político Pedagógico;
os docentes, devem ser cumpridas coletivamente, não po-
dendo em nenhuma hipótese serem substituídas por ativi- VII - pesquisar, selecionar referenciais teóricos e práti-
dades individuais (HTPI). cos para sua práxis pedagógica;

133
VIII - desenvolver leituras para sua formação; § 5º As horas atividades extraclasse correspondentes à
carga suplementar de trabalho serão cumpridas na mesma
IX - planejar, organizar, registrar as aulas para o pro- proporção das aulas de sua jornada normal de trabalho.
cesso de ensino e aprendizagem;
§ 6º A suplementação da jornada de trabalho do do-
X - preencher os documentos exigidos pela Secretaria
cente será deferida conforme jornada máxima estabelecida
Municipal de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação; no artigo 23, desta Lei Complementar.
XI - realizar cursos online oferecidos pela Secretaria
Municipal de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação. § 7º O professor deverá permanecer com a carga su-
Art. 26 Para ampliar a Formação Continuada, os do- plementar até o final de cada ano letivo. O professor que
centes poderão ser, excepcionalmente, convocados pela desistir da carga suplementar de trabalho no decorrer do
Secretaria Municipal de Educação, Ciência, Tecnologia e ano letivo, em desacordo com o caput, perderá o direito de
Inovação, dentro da jornada de horas mensais ou semanais ter aulas de carga horária suplementar no decorrer do ano
dos HTPCs, para participar de palestras, oficinas, minicur- letivo em curso e no seguinte.
sos, cursos entre outros.
Art. 27 As Horas de Trabalho Pedagógico Livre (HTPL) Capítulo IV
correspondem às horas que o professor irá realizar em lo- DOS DEVERES E DOS DIREITOS
cal de livre escolha, compreende: SEÇÃO I
DOS DEVERES
I - pesquisas;
Art. 29 O integrante do Quadro do Magistério tem o
II - planejamento e preparação de aulas e instrumentos
de avaliação; dever constante de considerar a relevância social de suas
atribuições, mantendo conduta moral e funcional adequa-
III - desenvolver leituras e estudos de formação; da à dignidade profissional, em razão da qual, além das
obrigações previstas em outras normas comuns aos de-
IV - planejar, organizar, registrar sequências didáticas mais servidores, deverá:
ou projetos para o processo de ensino e aprendizagem.
I - conhecer e respeitar as leis;
V - participar de cursos ou formação na modalidade
presencial e ou online. II - preservar os princípios, os ideais e fins da educação
brasileira, através de seu desempenho profissional;
SEÇÃO I
DA JORNADA DE TRABALHO SUPLEMENTAR III - empenhar-se em prol do desenvolvimento do alu-
no, utilizando processos que acompanham o progresso
Art. 28 Os profissionais do magistério público com
funções docentes sujeitos às jornadas de trabalho previstas científico da educação;
nesta Lei Complementar poderão suplementar sua jornada
de trabalho, observado o interesse público e o da Secreta- IV - participar das atividades educacionais que lhe fo-
ria Municipal de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação. rem atribuídas por força de suas funções;

§ 1º Compreende-se por suplementação da jornada de V - comparecer ao local de trabalho com assiduidade e


trabalho o número de horas prestadas pelo docente além pontualidade, executando suas tarefas com eficiência, zelo
daquelas fixadas para a jornada de trabalho a que estiver e presteza;
sujeito.
VI - eximir-se de iniciar a jornada de trabalho após o
§ 2º A suplementação da jornada de trabalho do do- horário regulamentar ou sair antes de seu término, sem au-
cente será composta de atividades com educandos e em torização prévia de seu superior imediato;
substituições eventuais.

§ 3º Os professores que desejarem suplementar sua VII - manter o espírito de cooperação e solidariedade
jornada de trabalho farão inscrição para este fim, no pe- com a equipe escolar e comunidade;
ríodo que antecede ao de atribuição de aulas, de acordo
com normatização da Secretaria Municipal de Educação, VIII - incentivar a participação, o diálogo e a coope-
Ciência, Tecnologia e Inovação. ração entre educandos, demais educadores e comunidade
em geral, visando a construção de uma sociedade demo-
§ 4º O professor poderá ter aulas de carga suplemen- crática;
tar atribuídas em qualquer das modalidades oferecidas na
Rede Municipal de Itaquaquecetuba, desde que seja habi- IX - assegurar o desenvolvimento do senso crítico e da
litado. consciência política do educando;

134
X - respeitar o aluno como sujeito do processo educa- cargo ou função que exerce, além daqueles previstos nos
tivo e comprometer-se com a eficácia do seu aprendizado; artigos 152 e 153, da Lei Complementar Municipal nº 64,
de 26 de dezembro de 2002.
XI - comunicar a autoridade imediata as irregularida-
des de que tiver conhecimento na sua área de atuação, ou Parágrafo único. A transgressão é punível, quer con-
as autoridades superiores, no caso de omissão por parte sista em ação ou omissão, independentemente de ter pro-
da primeira; duzido consequência perturbadora ou prejuízo ao serviço.
Art.31 As penalidades, bem como o procedimento dis-
XII - zelar pela defesa dos direitos profissionais e pela ciplinar a serem aplicadas ao pessoal do Quadro do Ma-
reputação da categoria profissional; gistério, obedecerão às normas constantes da Lei Comple-
mentar nº 64, de 26 de dezembro de 2002 ou outra que
XIII - fornecer elementos para a permanente atualiza- vier a substituí-la.
ção de seus registros, junto aos órgãos da Administração;
SEÇÃO III
XIV - considerar os princípios psicopedagógicos, a rea- DOS DIREITOS
lidade socioeconômica da clientela escolar e as diretrizes
da política educacional na escolha e utilização de materiais, Art.32 Além dos direitos previstos em normas comuns
procedimentos didáticos e instrumentos de avaliação do aos demais servidores, são direitos do integrante do Qua-
processo ensino-aprendizagem, assegurando o desenvol- dro do Magistério:
vimento da autonomia moral e intelectual do educando;
I - dispor no ambiente de trabalho de instalações e ma-
XV - participar do processo de planejamento, execução terial técnico-pedagógicos suficientes e adequados, para
e avaliação do projeto político-pedagógico da escola e da que possa exercer com eficiência e eficácia suas funções;
rede de ensino, bem como das reuniões pedagógicas, Con-
selhos de Escola, Associação de Pais e Mestres e cursos de II - ter liberdade de escolha e de utilização de material,
formação, quando convocado; de procedimentos didáticos e de instrumento de avaliação
do processo de ensino-aprendizagem, desde que atendi-
das as disposições do Projeto Político Pedagógico, objeti-
XVI - ministrar as horas e dias letivos previstos no ca-
vando alicerçar o respeito à pessoa humana e à construção
lendário escolar;
do bem comum;
XVII - não fumar e nem ingerir bebidas alcoólicas ou
III - receber remuneração por serviço extraordinário,
utilizar qualquer tipo de droga de uso ilícito, nas depen-
desde que devidamente convocado para tal fim;
dências da Unidade Escolar;
IV - receber, através dos serviços especializados de
XVIII - não atender telefone e/ou utilizar equipamentos educação do Município, assistência ao exercício profissio-
eletrônicos pessoais durante o período de aula, exceto em nal;
caso de emergência e/ou se a sua utilização se der para fins
pedagógicos; V - participar, como integrante dos Conselhos, dos es-
tudos e deliberações que afetam ao processo educacional;
XIX - respeitar, promover e divulgar os direitos estabe-
lecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente; VI - participar do processo de planejamento, execução
e avaliação das atividades escolares.
XX - respeitar, promover, ensinar, divulgar e conscien-
tizar sobre a preservação ambiental e o desenvolvimento VII - ter assegurado no próprio sistema ou em colabo-
sustentável; ração com os demais sistemas de ensino, a oferta de pro-
gramas permanentes e regulares de formação continuada
XXI - permitir que o aluno participe das atividades es- para aperfeiçoamento profissional, correlatas ao magisté-
colares mesmo em razão de carência material; rio.

XXII - orientar e impedir qualquer forma de discrimi- Capítulo V


nação. DAS LICENÇAS, FÉRIAS, RECESSO E
SUBSTITUIÇÕES.
SEÇÃO II SEÇÃO I
DAS PENALIDADES E DO PROCEDIMENTO DAS LICENÇAS
DISCIPLINAR
Art.33 Aos profissionais do magistério conceder-se-ão
Art.30 Considera-se infração disciplinar o ato pratica- licenças e outros afastamentos nos termos do que dispõe o
do pelo servidor do Quadro do Magistério com transgres- Estatuto dos Servidores Públicos Municipais e demais nor-
são das atribuições, deveres e proibições resultantes do mas emanadas pelo Poder Público Municipal.

135
Art.34 Os profissionais do magistério estáveis, que § 2º No recesso escolar os servidores do Quadro do
pretenderem participar de cursos de pós-graduação em Magistério poderão ser convocados para participar de cur-
nível de Mestrado e Doutorado, cujo trabalho de pesquisa sos de aperfeiçoamento, seminários, palestras, orientações
seja favorável aos interesses da administração municipal, técnicas e outras formas de formação continuada.
poderão afastar-se para frequência no curso, concedendo-
lhes licença sem remuneração pelo prazo de até três anos, SEÇÃO IV
com autorização prévia da Secretaria Municipal da Educa- DAS LICENÇAS
ção, Ciência, Tecnologia e Inovação.
Art.38 Serão concedidas ao servidor do Quadro do Ma-
§ 1º Os servidores em afastamento de que tratam os
gistério as seguintes licenças:
artigos 33 e 34, desta Lei Complementar, não poderão ex-
ceder a 2% (dois por cento) do total do quadro do pessoal
efetivo do magistério. I - licença por motivo de doença em pessoa da família;

SEÇÃO II II - licença para prestar serviço militar;


DAS FÉRIAS
III - licença para tratar de interesses particulares;
Art.35 Os docentes e os ocupantes da função de Coor-
denador Pedagógico gozarão 30 (trinta) dias de férias em IV - licença por motivo especial;
período coincidente com o do calendário escolar.
V - licença para tratamento de saúde;
§ 1º Os cargos e funções, de supervisor, diretor, vice
diretor e coordenador de formação pedagógica, terão seu VI - licença à gestante, à adotante e licença paterni-
período de férias fixado nos meses de julho e janeiro, sen-
dade;
do que o gozo do recesso escolar poderá ser antes ou de-
pois das férias.
VII - licença por acidente em serviço;
§ 2º As férias devem ser remuneradas com pelo menos
1/3 (um terço) de acréscimo, calculado sobre a remunera- VIII - licença para desempenho de mandato eletivo
ção mensal do quadro do magistério. classista;

§ 3º A acumulação de férias somente será permitida IX - licença-prêmio por assiduidade;


para os ocupantes de cargos e funções de suporte peda-
gógico, por absoluta necessidade do serviço e por período X - licença para doação de sangue;
não excedente a 02 (dois) anos, desde que averbado por
ato do Chefe do Executivo Municipal. XI - licença nojo;
§ 4º Quando ocorrer licença médica antes do início do XII - licença gala;
período de férias regulamentares e ela se estender durante
parte do período ou após ele, o componente do Quadro
XIII - serviços obrigatórios por lei.
do Magistério terá garantido o direito de gozá-las após o
encerramento da licença, mesmo que ultrapasse o período Art.39 Terminada a licença, o servidor do Quadro do
regular. Magistério reassumirá imediatamente o exercício das atri-
Art.36 As férias dos servidores pertencentes ao quadro buições do cargo.
do magistério serão suspensas quando forem coincidentes Art.40 As licenças concedidas dentro de 30 (trinta) dias
com a licença gestante ou de adoção. contados do término da anterior serão consideradas como
prorrogação.
SEÇÃO III
DO RECESSO ESCOLAR Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, somente
serão levadas em consideração as licenças da mesma na-
Art.37 Os docentes em exercício nas Unidades Escola- tureza.
res poderão ser dispensados da assinatura do ponto du- Art.41 O servidor do Quadro do Magistério não po-
rante 15 (quinze) dias úteis anuais, distribuídos nos meses
derá permanecer em licença por prazo superior a 3 (três)
de julho e dezembro, durante os períodos de recesso es-
colar. anos.
Art.42 O servidor do Quadro do Magistério em gozo de
§ 1º Os servidores dos Cargos e Funções de Suporte licença deverá manter atualizados os seus dados cadastrais
Pedagógico, farão jus ao recesso escolar, sendo 5 (cinco) para que possa ser localizado e comunicado de assuntos
dias no mês de julho e 5 (cinco) dias no mês de dezembro, pertinentes à sua vida funcional.
distribuídos de acordo com a determinação da Secretaria
Municipal de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação.

136
SUBSEÇÃO I ças Armadas, durante os estágios prescritos pelos regula-
DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM mentos militares aplicando-lhe o disposto no § 2º, deste
PESSOA DA FAMÍLIA artigo.

Art.43 O servidor do Quadro do Magistério poderá ob- SUBSEÇÃO III


ter licença por motivo de doença de ascendente, descen- DA LICENÇA PARA TRATAR DE I
dente, cônjuge, companheira ou companheiro, padrasto NTERESSES PARTICULARES
ou madrasta, enteado e colateral consanguíneo ou afim até
o segundo grau civil. Art.45 O servidor efetivo e estável do Quadro do Ma-
gistério terá, a critério da autoridade competente, direito
§ 1º A licença somente será concedida se o servidor à licença para tratar de interesses particulares, sem venci-
do Quadro do Magistério provar que sua assistência pes- mentos e por período não superior a 3 (três) anos.
soal e permanente é indispensável e não pode ser prestada
simultaneamente com o exercício do cargo ou por outra § 1º A licença será indeferida quando o afastamento
pessoa da família em igualdade de condições. do servidor do Quadro do Magistério for inconveniente ao
serviço público.
§ 2º Provar-se-á a doença mediante exame médico ofi-
cial do Município de Itaquaquecetuba. § 2º O servidor do Quadro do Magistério deverá aguar-
dar em exercício a concessão da licença.
§ 3º A licença de que trata este artigo não poderá ultra- Art.46 Não será concedida licença para tratar de inte-
passar o prazo de 24 (vinte e quatro) meses. resses particulares ao servidor do Quadro do Magistério
nomeado ou removido antes de assumir o exercício do
§ 4º A licença de que trata este artigo será concedida cargo.
com remuneração integral até 01 (um) mês e após com os Art.47 A autoridade que houver concedido a licença
seguintes descontos: poderá determinar o retorno do servidor do Quadro do
Magistério licenciado sempre que o exigir o interesse pú-
I - de 1/3 (um terço) quando exceder 1 (um) mês e
blico.
prolongar-se até 3 (três) meses;
Art.48 O servidor do Quadro do Magistério poderá a
qualquer tempo reassumir o exercício das atribuições do
II - de 2/3 (dois terços) quando exceder 3 (três) meses
cargo cessando, assim, os efeitos da licença.
e prolongar-se até 6 (seis) meses;
Art.49 O servidor do Quadro do Magistério não obterá
III - sem remuneração quando exceder do 6º (sexto) nova licença para tratar de interesses particulares antes de
decorridos 2 (dois) anos do término da anterior.
mês ao 24º (vigésimo quarto) mês.

SUBSEÇÃO II SUBSEÇÃO IV
DA LICENÇA PARA PRESTAR SERVIÇO MILITAR DA LICENÇA POR MOTIVO ESPECIAL

Art.44 Ao servidor do Quadro do Magistério convo- Art.50 O servidor do Quadro do Magistério designa-
cado para o serviço militar ou outros encargos de defesa do para missão, estudo ou competição esportiva oficial em
nacional será concedida licença com remuneração integral. outro Estado ou fora do País, terá direito à licença especial.

§ 1º A licença será concedida à vista de documento § 1º Existindo relevante interesse municipal, devida-
oficial que comprove a incorporação. mente justificado e comprovado, a licença será concedida
sem prejuízo de vencimentos e demais vantagens do cargo.
§ 2º Da remuneração será descontada a importância
que o servidor do Quadro do Magistério perceber na qua- § 2º O início da licença coincidirá com a designação e
lidade de incorporado, salvo se optar pelas vantagens do seu término com a conclusão da missão, estudo ou compe-
serviço militar. tição, até o máximo de 2 (dois) anos.

§ 3º O servidor do Quadro do Magistério desincorpo- § 3º A prorrogação da licença somente ocorrerá em


rado reassumirá o exercício das atribuições de seu cargo, casos especiais, a requerimento do servidor do Quadro do
dentro do prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da Magistério, mediante comprovada justificativa aceita, fun-
desincorporação, sendo-lhe garantido o direito de perce- damentadamente, pela autoridade concedente.
ber sua remuneração integral durante este período. Art.51 O ato de conceder a licença deverá ser deferido
pelo Secretário Municipal de Educação e deve ser prece-
§ 4º A licença de que trata este artigo será também dido de justificativa que demonstre a necessidade e ou o
concedida ao servidor do Quadro do Magistério que hou- relevante interesse da missão, estudo ou competição.
ver feito curso de formação de oficiais da reserva das For-

137
SUBSEÇÃO V § 2º Ocorrido e comprovado o parto sem que tenha
DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE sido requerida a licença, a servidora entrará, automatica-
mente, em licença, pelo prazo previsto neste artigo.
Art.52 Ao servidor do Quadro do Magistério impossi-
bilitado de exercer o cargo por motivo de saúde será con- § 3º Após o término da licença e até que a criança com-
cedida licença pelo órgão oficial competente a pedido do plete 6 (seis) meses de idade, a servidora terá direito a um
interessado ou de ofício. descanso especial de meia hora, a cada 4 (quatro) horas de
trabalho, para amamentação.
§ 1º Em ambos os casos é indispensável o exame médi-
co oficial, que poderá ser realizado, quando necessário, na § 4º No caso de aborto não provocado será concedida
residência do servidor. licença para tratamento de saúde, na forma prevista neste
Estatuto.
§ 2º Na impossibilidade do deslocamento de peritos
até a residência, o pedido de licença médica poderá ser Art. 57 Será concedida licença remunerada de 90 (no-
comprovado por documentação médica que será apresen- venta) dias a servidora do Quadro do Magistério que ado-
tada por terceiros à perícia. tar ou obtiver guarda judicial de criança de até 5 (cinco)
Art.53 O exame para concessão da licença para tra- anos de idade.
tamento de saúde será feito por médico oficial ou oficial-
mente credenciado, ou ainda, por órgão oficial do Municí- Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial
pio, e subsidiariamente, do Estado ou da União. de criança de mais de 05 (cinco) anos de idade, até 10 (dez)
anos de idade, o prazo de que trata este artigo será de 40
§ 1º O atestado ou laudo passado por médico ou junta (quarenta) dias.
médica particular só produzirá efeitos após a homologação
pelo serviço de saúde competente do Município. Art. 58 O servidor do Quadro do Magistério terá di-
reito à licença paternidade de 5 (cinco) dias, contados da
data do nascimento de seu(a) filho(a), sem prejuízo de sua
§ 2º As licenças superiores a 60 (sessenta) dias depen-
remuneração.
derão de exame do servidor do Quadro do Magistério por
junta médica.
Art. 59 Ocorrendo as situações previstas no artigo 57
Art.54 Será punido disciplinarmente, com suspensão
e, em seu parágrafo único, será concedida ao servidor do
de 30 (trinta) dias, o servidor do Quadro do Magistério que
Quadro do Magistério, licença paternidade de 5 (cinco)
recusar a se submeter a exame médico, cessando os efeitos dias.
da penalidade logo que se verifique o exame. SUBSEÇÃO VII
DA LICENÇA POR ACIDENTE EM SERVIÇO
Art. 55 Será concedida, por autoridade da Secretaria
Municipal de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação, li- Art. 60 O servidor do Quadro do Magistério acometi-
cença compulsória ou profilática ao Professor e ao Espe- do de doença profissional ou acidentado em serviço terá
cialista de Educação com suspeita de moléstia contagiosa, direito à licença para tratamento de saúde com remunera-
atestada por autoridade sanitária ou profissional da área ção integral.
de saúde, não superior a 07 (sete) dias.
§ 1º Acidente é o dano físico ou mental sofrido pelo
§ 1º Considerado apto em exame médico, o servidor servidor do Quadro do Magistério e que se relacione me-
do Quadro do Magistério reassumirá o exercício do cargo diata ou imediatamente com as atribuições de seu cargo.
imediatamente, sob pena de serem considerados como fal-
tas injustificadas os dias de ausência. § 2º Considera-se também acidente:

§ 2º No curso da licença poderá o servidor do Quadro I - o dano decorrente de agressão sofrida e não provo-
do Magistério requerer exame médico caso se julgue em cada injustamente pelo servidor do Quadro do Magistério,
condições de reassumir o exercício do cargo. no exercício de suas atribuições ou em razão delas;

SUBSEÇÃO VI II - o dano sofrido, exclusivamente, no percurso entre


DA LICENÇA À GESTANTE, ADOTANTE E LICENÇA sua residência e o local de trabalho ou deste para aquela,
PATERNIDADE. qualquer que seja o meio de locomoção.

Art. 56 Será concedida para a servidora gestante, me- SUBSEÇÃO VIII


diante exame médico, licença de 180 (cento e oitenta) dias, DA LICENÇA PARA DESEMPENHO DE
sem prejuízo de sua remuneração. MANDATO ELETIVO CLASSISTA

§ 1º Salvo prescrição médica em contrário, a licença Art. 61 Ao servidor do Quadro do Magistério será con-
poderá ser concedida a partir do 8º (oitavo) mês de ges- cedido o direito à licença para desempenho de mandato
tação. eletivo classista:

138
I - sem remuneração: em confederação, federação e § 1º Para efeito do cálculo de conversão da licença prê-
associação de classe de âmbito nacional; mio por assiduidade, a que se refere o caput deste artigo,
serão considerados os vencimentos referentes ao cargo
II - com remuneração: como diretor-presidente no sin- que o servidor do Quadro do Magistério estiver exercendo,
dicato representativo da categoria enquanto perdurar o no ato do pagamento, incluídas todas as vantagens pes-
mandato; soais.

§ 1º A licença terá duração igual à do mandato e pode § 2º O requerimento a que se refere as parcelas do
ser prorrogada em caso de reeleição; caput deverá ser realizado antes que se complete o próxi-
mo período aquisitivo.
§ 2º O servidor do Quadro do Magistério designado
em função gratificada deverá desincompatibilizar-se a ele Art. 66 Não se concederá licença prêmio por assidui-
para ser empossado no mandato eletivo de que trata este dade ao servidor do Quadro do Magistério que, no período
artigo. aquisitivo:

SUBSEÇÃO IX I - sofrer penalidade de suspensão, por qualquer tem-


DA LICENÇA-PRÊMIO POR ASSIDUIDADE po;

Art. 62 Após cada quinquênio ininterrupto de exercí- II - quando o somatório das faltas justificadas e injusti-
cio, prestados exclusivamente no Quadro do Magistério do ficadas exceder 40 (quarenta) dias;
Município de Itaquaquecetuba, o servidor efetivo do Qua-
dro do Magistério fará jus à licença de 90 (noventa) dias III - sofrer condenação a pena privativa de liberdade
corridos, a título de prêmio por assiduidade, com remune- por sentença definitiva transitada em julgado.
ração do cargo de origem.
SUBSEÇÃO X
§ 1º Para o cômputo do tempo de serviço público efe- DA LICENÇA PARA DOAÇÃO DE SANGUE
tivo, de que trata o caput deste artigo, serão considerados
todos os afastamentos obrigatórios por lei ou não em um Art. 67 Ao servidor do Quadro do Magistério será con-
limite de até 40 dias no lapso de tempo do quinquênio, cedido licença para doação de sangue, observado intervalo
exceto o período de férias e o recesso escolar. mínimo 45 (quarenta e cinco) dias entre uma doação e ou-
tra e, no máximo, 03 (três) vezes ao ano.
§ 2º Considera-se quinquênio o período de 5 (cinco)
anos ininterruptos, tendo como data inaugural o início do SUBSEÇÃO XI
efetivo exercício. DA LICENÇA NOJO

Art. 63 A pedido do servidor público efetivo do Qua- Art. 68 Ao servidor do Quadro do Magistério será con-
dro do Magistério, a licença prêmio por assiduidade pode- cedido a licença nojo, desde que devidamente comprova-
rá ser gozada em três períodos não inferiores a 30 (trinta) da e observado as seguintes hipóteses:
dias.
I - luto de 2 (dois) dias, contados da data do falecimen-
Parágrafo único. Os períodos a que se referem o caput to de tios, sobrinhos, primos, cunhados, genros e noras;
deverão ser gozados antes que se complete o próximo pe-
ríodo aquisitivo. II - luto de 8 (oito) dias, contados da data do falecimen-
to de cônjuge ou companheiro(a), ascendentes, descen-
Art. 64 O servidor público efetivo do Quadro do Ma- dentes, irmãos, sogros, padrastos e madrastas e enteados.
gistério aguardará em exercício a concessão da licença prê-
mio por assiduidade. SEÇÃO V
DAS SUBSTITUIÇÕES
Parágrafo único. Caberá a autoridade competente, no
prazo de 60 (sessenta) dias, decidir pelo período de gozo Art. 69 Observados os requisitos legais, haverá subs-
da licença prêmio por assiduidade, observada a opção do tituição durante o impedimento legal e temporário de do-
servidor do Quadro do Magistério, o qual deverá apresen- centes e de ocupantes de cargos de suporte pedagógico.
tar três opções de período desde que respeitado o interes-
se do serviço público. Parágrafo único. Considera-se também substituição a
designação temporária para ocupar cargo vago.
Art. 65 A pedido do servidor público efetivo do Qua-
dro do Magistério, a licença prêmio por assiduidade pode- Art. 70 Os cargos de docentes admitem substituição
rá ser convertida em pecúnia, integralmente, ou em parce- a partir de um dia de impedimento do titular e/ou regente
las da licença, não inferiores a 30 (trinta) dias. de classe.

139
§ 1º As substituições serão exercidas por servidor do § 2º Os docentes titulares considerados adidos em vir-
Quadro do Magistério que possua habilitação para o de- tude de extinção de classes, ingressantes em classes cria-
sempenho das atribuições inerentes ao cargo substituído e das ou em afastamentos, retorno de readaptação serão
só será permitida respeitando o limite de até 44 (quarenta atendidos de acordo com a classificação geral e deverão
compulsoriamente se inscrever para Remoção.
e quatro) horas semanais.
§ 3º Os titulares de cargo direção de escola conside-
§ 2º Não havendo substitutos nas condições do pará- rados adidos em virtude de extinção de Unidade Escolar
grafo anterior, as substituições serão exercidas por contra- serão removidos «ex-offício” para a Unidade Escolar condi-
tados temporários para função docente, nos termos do art. cionada à existência de vaga;
18, desta Lei Complementar.
§ 4º Os titulares de cargo de direção de escola ingres-
§ 3º No caso de afastamento ou impedimento dos car- santes em escolas criadas deverão compulsoriamente se
gos de suporte pedagógico, somente poderá haver substi- inscrever para a remoção;
tuição por períodos superiores a 30 (trinta) dias e a critério § 5º O servidor readaptado e afastado sem vencimen-
da Administração Municipal, que analisará a conveniência tos do Quadro de Magistério não poderá requerer remo-
e necessidade de nomeação de substituto. ção.

§ 4º O substituto, durante o período da substituição, § 6º O docente que se remover, terá o tempo na nova
terá direito a perceber o vencimento inicial do cargo subs- Unidade Escolar contado a partir do primeiro dia letivo do
tituído, sem prejuízo das vantagens pessoais a que tiver di- ano seguinte.
reito no cargo de origem, podendo optar pelo vencimento
Art. 73 A remoção será realizada no período estabe-
do cargo de que é ocupante.
lecido em normativa da Secretaria Municipal de Educação,
Ciência, Tecnologia e Inovação.
Art. 71 O substituto que voltar ao cargo de origem
não terá direito a efetivação, não terá direito também de Parágrafo único. Os pedidos de remoção deverão ser
reter qualquer vantagem do cargo ao qual ele exerceu a solicitados por escrito no prazo estabelecido em normativa
substituição. da Secretaria Municipal de Educação, Ciência, Tecnologia e
Inovação.
Capítulo VI
DA REMOÇÃO, DA ATRIBUIÇÃO DE CLASSES Art. 74 A remoção por permuta entre pares, será pro-
cessada a pedido por escrito dos interessados, endereçado
E/OU AULAS E DO TEMPO DE SERVIÇO
à Secretaria Municipal de Educação, Ciência, Tecnologia e
SEÇÃO I Inovação, anualmente até cinco dias da data que precede
DA REMOÇÃO o início das aulas.

Art. 72 A remoção é o deslocamento do servidor titu- § 1º A remoção por permuta poderá ocorrer quando
lar do Quadro do Magistério Público Municipal para outra dois integrantes do Quadro do Magistério, no exercício do
Unidade Escolar, de acordo com normatização da Secreta- mesmo cargo, requeiram mudança das respectivas lotações
ria Municipal de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação. entre si, cientes de que irão assumir a classe e o horário do
outro e que ambos estarão mudando de Unidade-Sede.
§ 1º A remoção proceder-se-á por permuta ou por § 2º A remoção por permuta não se processará quan-
concurso de tempo de serviço e títulos, condicionada à do, em relação a qualquer dos candidatos, ocorrer uma das
existência de vaga, devendo ocorrer anualmente antes da seguintes situações:
atribuição de classes/aulas.
I - encontrar-se na condição de readaptado;
I - A remoção por permuta se dará somente para os
servidores do quadro do magistério titulares de cargo; II - encontrar-se no exercício de cargo em comissão,
afastado sem vencimentos, licença gestante, licença saúde
ou prestando serviços em outro órgão da administração,
II - Os docentes descritos no inciso I do Art. 5º desta
que não a de sua lotação;
Lei Complementar, só poderão permutar entre classes que
constituem as sedes ou entre sede e classes vagas do mes- III - mandato classista ou eletivo;
mo campo de atuação.
IV - respondendo, o servidor, a processo administrativo
III - Os diretores de escola descritos no inciso II do Art. disciplinar.
5º desta Lei Complementar, só poderão permutar entre
escolas que constituem as sedes ou entre sede e escolas § 3º Não haverá permuta durante o ano letivo com re-
vagas. lação a troca de Unidades-Sede e/ou horários.

140
Art. 75 A remoção por permuta com classe vaga, será Parágrafo único. Na contagem de tempo dos docentes
processada a pedido por escrito dos interessados, endere- será valorizado o tempo prestado no magistério do Muni-
çado à Secretaria Municipal de Educação, Ciência, Tecnolo- cípio e na unidade escolar, entendido este como o tempo
gia e Inovação, de acordo com cronograma publicado em de serviço prestado na unidade onde o servidor do Quadro
normativa da Secretaria Municipal de Educação, Ciência, do Magistério exerce suas funções no momento da classi-
Tecnologia e Inovação. ficação.

Parágrafo único. A remoção por permuta com classe Art. 82 A atribuição de classes e/ou aulas será feita
vaga, não se processará quando, em relação a qualquer observando a ordem de classificação da sede de exercício.
dos candidatos, ocorrer uma das seguintes situações:
SEÇÃO III
I - encontrar-se na condição de readaptado; DO TEMPO DE SERVIÇO

II - encontrar-se no exercício de cargo em comissão, Art. 83 A apuração do tempo de serviço será feita em
afastado sem vencimentos, licença gestante, licença saúde dias.
ou prestando serviços em outro órgão da administração,
que não a de sua lotação; Parágrafo único. O número de dias será convertido em
anos considerado o ano de trezentos e sessenta e cinco
dias.
III - mandato classista ou eletivo;
Art. 84 Será considerado de efetivo exercício o perío-
IV - respondendo, o servidor, a processo administrativo
do de afastamento, constante nos termos do que dispõe o
disciplinar.
Estatuto dos Servidores Públicos Municipais e demais nor-
mas emanadas pelo Poder Público Municipal, respeitados
Art. 76 A remoção só poderá ser efetivada mediante
os limites impostos por esta Lei Complementar.
ato da autoridade competente, da Secretaria Municipal de
Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação. Capítulo VII
DA VACÂNCIA DE CARGOS E DE FUNÇÕES
Art. 77 O servidor do quadro de magistério removido
deverá assumir o exercício no local e/ou horário para onde Art. 85 A vacância de cargos e de funções do Quadro
foi deslocado, no primeiro dia letivo do ano seguinte, con- do Magistério ocorrerá nas hipóteses de exoneração, de-
forme estabelecido em normativa da Secretaria Municipal missão, aposentadoria e falecimento.
de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação.
Capítulo VIII
Art. 78 As classes criadas ou que vierem a vagar du- DA READAPTAÇÃO
rante o ano letivo só poderão ser oferecidas para ingresso
após a realização da remoção. Art. 86 O servidor do Quadro do Magistério incapa-
citado para o exercício das funções próprias de seu cargo
Art. 79 Todos os atos referentes ao Concurso de Re- será readaptado de acordo com a legislação municipal e
moção poderão ser efetuados pessoalmente ou através de normas do regime de previdência.
procuração específica com firma reconhecida em cartório.
O procurador fica obrigado à apresentação de seu docu- Art. 87 Concluído o processo, o servidor do Quadro do
mento de identidade e da procuração. Magistério será readaptado de acordo com o laudo peri-
cial, em cargo ou função compatível com a sua capacidade
SEÇÃO II funcional, em unidade escolar ou outros órgãos pertencen-
DA ATRIBUIÇÃO DE CLASSES E ÁREAS tes à Secretaria Municipal de Educação, Ciência, Tecnologia
DE EXERCÍCIO e Inovação, observados os seguintes requisitos:

Art. 80 Compete à Secretaria Municipal de Educação, I - a readaptação não acarretará aumento ou diminui-
Ciência, Tecnologia e Inovação, organizar o processo de ção de vencimentos nem redução das vantagens obtidas
atribuição de classes e/ou aulas aos docentes respeitando no cargo;
a classificação de cada servidor.
II - a carga horária de trabalho do readaptado será a
Art. 81 Para fins de atribuição, os professores serão mesma de seu cargo, sendo vedada, quando docente, a
classificados, observados a habilitação, o tempo de serviço constituição de carga suplementar;
no cargo, os títulos e outros critérios, na forma a ser regu-
lamentada pela Secretaria Municipal de Educação, Ciência, III - não fará jus à progressão funcional prevista nesta
Tecnologia e Inovação. Lei Complementar;

141
IV - havendo restabelecimento da capacidade de tra- retorno, nos termos da legislação que regulamenta o pro-
balho, assim constatado em avaliação médica, cessará a cesso de atribuição de classes/aulas, vigente no ano em
readaptação, devendo o readaptado retornar ao cargo ori- curso.
ginário;
§ 9º O docente, na ocasião da cessação da readapta-
V - ao readaptado é defeso, sob qualquer pretexto, ne- ção, deverá apresentar-se de imediato na Secretaria Mu-
gar-se a se submeter à avaliação médica periódica, a cada nicipal de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação para
12 (doze) meses, que será realizada pela Administração atendimento do disposto no parágrafo anterior.
Municipal ou pelo órgão previdenciário.
§ 10 O titular de cargo e/ou função de suporte peda-
§ 1º Enquanto perdurarem as condições que motiva- gógico, ao ter cessada sua readaptação, deverá assumir de
ram a readaptação, o readaptado deverá cumprir o rol de imediato o exercício de seu cargo.
atribuições constante na súmula de readaptação, na se-
guinte conformidade: § 11 Se o quadro clínico impedir é vedado ao servi-
dor do Quadro do Magistério, durante o período em que
I - se docente, exercer função observado sua aptidão e permanecer readaptado, participar de concurso público
de acordo com o rol de atribuições descritas na súmula de interno, ser designado para cargo ou função de suporte
readaptação, no Sistema de Ensino da Secretaria Municipal pedagógico.
de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação;
§ 12 Na impossibilidade do aproveitamento do ser-
II - se de cargo e/ou função de suporte pedagógico, vidor do Quadro do Magistério ao seu cargo de origem,
nos órgãos que compõem a estrutura da Secretaria Muni- quando a readaptação tiver sido cessada, o mesmo será
cipal de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação. declarado em disponibilidade.

§ 2º O docente readaptado poderá mudar de unidade, TÍTULO III


de acordo com os critérios da Secretaria Municipal de Edu- DO PLANO DE CARREIRA
cação, Ciência, Tecnologia e Inovação, ficando estabelecido Capítulo I
que só poderá conter até 2 (dois) readaptados por unidade DA CARREIRA DO MAGISTÉRIO
escolar e por período. SEÇÃO I
DA CARREIRA
§ 3º O docente readaptado cumprirá a jornada de tra-
balho do momento da readaptação, excluída a carga su- Art. 88 O desenvolvimento na carreira dos integrantes
plementar. do Quadro do Magistério permitirá progressão dos seus
profissionais, através do enquadramento em níveis supe-
§ 4º O docente readaptado assinará ponto, usufruirá riores, nos termos previstos na presente Lei Complementar.
férias regulamentares, em conformidade com seus pares e
recesso escolar conforme calendário escolar. SEÇÃO II
DO DESENVOLVIMENTO NA CARREIRA
§ 5º É vedado ao servidor do Quadro do Magistério,
durante o período em que permanecer readaptado, parti- Art. 89 O desenvolvimento do servidor na carreira
cipar de remoção ou permuta. do magistério dar-se-á mediante progressão, através da
passagem para níveis retribuitórios superiores do cargo,
§ 6º As classes e/ou aulas dos docentes readaptados limitada pela amplitude de níveis existentes nas tabelas de
serão liberadas, após a publicação da portaria de readapta- vencimentos, mediante avaliação de indicadores de cresci-
ção, para todos os fins e imediatamente atribuídas aos do- mento de sua capacidade profissional e se dará através das
centes classificados no processo de atribuição de classes/ seguintes modalidades:
aulas ou oferecidas em concurso de remoção, o mesmo
ocorrendo com as vagas provenientes da readaptação de I - pela via acadêmica;
cargos de suporte pedagógico.
II - pela via não acadêmica.
§ 7º O docente readaptado terá anualmente a sua
contagem de pontos na classificação geral, sendo que a SEÇÃO III
mesma não poderá ser alterada a partir do primeiro dia de DA PROGRESSÃO PELA VIA ACADÊMICA
readaptação.
Art. 90 A progressão pela via acadêmica será concre-
§ 8º Cessada a readaptação do docente no decorrer tizada através de enquadramento em níveis retribuitórios
do ano letivo, a Secretaria Municipal de Educação, Ciência, superiores, mediante requerimento do servidor da Carreira
Tecnologia e Inovação deverá providenciar o seu imediato do Magistério, acompanhado da apresentação de diploma

142
ou certificado de conclusão e com interstício de 1 ano para público municipal de Itaquaquecetuba. Entre uma evolução
cada progressão contidas neste artigo, na seguinte confor- funcional não acadêmica e outra, serão cumpridos interstí-
midade: cios mínimos de 3 (três) anos.

I - 01 (um) certificado de pós-graduação na área de Art. 92 O servidor do Quadro do Magistério, para con-
educação ou em área correlata com duração mínima de correr à progressão pela via não acadêmica, deverá preen-
360 (trezentas e sessenta) horas: o servidor do Quadro do cher, cumulativamente, durante o interstício de tempo pre-
Magistério será enquadrado na respectiva tabela de venci- visto no parágrafo único do artigo anterior, os seguintes
mentos de especialista; requisitos:

II - 01 (um) certificado de pós-graduação em nível de I - não ter sofrido qualquer das penalidades disciplina-
mestrado na área da educação ou em área correlata: o res previstas no Estatuto do Servidor Público Municipal de
servidor será enquadrado no nível da respectiva tabela de Itaquaquecetuba, Lei Complementar Municipal nº 64, de 26
vencimentos de Mestre; de dezembro de 2002 e alterações;

III - 01 (um) certificado de pós-graduação em nível de II - possuir os pontos exigidos, nos termos desta Lei
doutorado na área da educação ou em área correlata: o Complementar;
servidor do Quadro do Magistério será enquadrado no ní-
vel da respectiva tabela de vencimentos de doutor. III - não ter sido afastado ou licenciado de seu cargo,
por mais de 6 (seis) meses consecutivos em virtude de:
§ 1º As progressões poderão ser requeridas pelo servi-
dor do Quadro do Magistério a qualquer tempo, desde que a) prestação de serviços em cargos ou funções junto
atendido o interstício de 1 ano da última evolução acadê- a outros órgãos públicos ou órgãos do próprio Município
mica. Tendo a Administração o prazo de 120 (cento e vinte fora da área da Educação;
dias) dias úteis para apreciar o pedido. b) licença para tratar de interesse particular;
c) licença por motivo de doença em pessoa da família;
§ 2º Para cada nível de pós-graduação será concedida
d) licença para prestar serviço militar;
até o limite de 1 (um) certificado de conclusão ou diploma.
e) licença por motivo especial;
f) licença para tratamento de saúde;
§ 3º Para sua primeira evolução acadêmica, será con-
g) afastamento para frequentar curso de pós-gradua-
cedido aos funcionários do Quadro do Magistério efetivos
ção em nível de mestrado ou doutorado.
até à publicação desta lei, apresentarem um título de espe-
cialista, mestre e doutor com data retroativa a publicação
desta lei complementar. Art. 93 Anualmente, no mês de fevereiro, o servidor
do Quadro do Magistério deverá apresentar a comprova-
§ 4º Entende-se por área correlata qualquer especifica- ção dos títulos com menção da carga horária cumprida nos
ção que apresente relação com a educação. cursos e período, para a contagem de pontos.

SEÇÃO IV § 1º Na contagem dos fatores, a Secretaria Municipal


DA PROGRESSÃO PELA VIA NÃO ACADÊMICA de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação incluirá os
pontos relativos à assiduidade, tempo de serviço no Qua-
Art. 91 A progressão pela via não acadêmica será con- dro do Magistério do Município, avaliação de desempenho
cretizada por meio da conjunção dos seguintes fatores: e nota da avaliação da escola.

I - títulos referentes aos cursos de formação continua- § 2º A assiduidade será apurada considerando-se o
da para aperfeiçoamento profissional; ano letivo para os docentes e o ano civil para os cargos e
funções de suporte pedagógico.
II - assiduidade;
§ 3º Os fatores constantes desta Seção serão apurados
III - tempo de serviço no Quadro do Magistério do Mu- a partir do ano de vigência da presente Lei complementar.
nicípio.
§ 4º Para a primeira evolução a ser apurada sob a vi-
IV - avaliação de desempenho; gência desta Lei Complementar, os servidores poderão
utilizar os fatores ainda não apurados, a partir da última
V - nota da avaliação da escola; progressão funcional realizada.

Parágrafo único. O servidor do Quadro do Magisté- Art. 94 A contagem de pontos referentes aos fatores
rio fará jus à progressão funcional pela via não acadêmica de que trata a presente Lei Complementar, será feita na
depois de decorridos 3 (três) anos de exercício no serviço seguinte conformidade:

143
I - títulos referentes a cursos de formação continuada II - órgãos da estrutura básica do Ministério da Educa-
para aperfeiçoamento profissional: ção ou das Secretarias Estaduais da Educação;
a) 01 (um) certificado de curso de pós-graduação na
área da educação ou em área correlata, com duração míni- III - Secretarias Municipais de Educação;
ma de 360 (trezentas e sessenta) horas: 4 (quatro) pontos;
b) certificados de cursos de capacitação profissional e/ IV - instituições públicas estatais;
ou atualização, com ou sem oficinas, bem como as jorna-
das pedagógicas, palestras, conferências, congressos, vi- V - entidades particulares de cunho educacional reco-
deoconferências, encontros, fóruns, simpósios, orientações nhecidas pelo Município.
técnicas, ciclos de estudos, sendo atribuídos pontos a cada
bloco de 30 (trinta) horas, sendo permitida a soma de ho-
§ 3º Os certificados dos cursos para terem validade
ras de cursos distintos ou o desdobramento de horas de
um mesmo curso, a fim de totalizar o bloco, na seguinte devem mencionar a carga horária, o período, bem como
conformidade: devem estar corretamente preenchidos e assinados.

1. específicos do campo de atuação do cargo: 0,5 § 4º Excetuam-se do cômputo de frequência, para os


(meio) ponto, até o limite máximo de 3,0 ( três ) pontos; efeitos do inciso II, do caput, somente as ausências decor-
2. em áreas correlatas ou correspondentes ao campo rentes de doação de sangue, gala, nojo, licença gestante,
de atuação do cargo: 0,25 (vinte e cinco décimos) de ponto, paternidade, adoção e faltas abonadas, acidente de traba-
até o limite máximo de 1,0 ( um ) ponto. lho ou doença profissional e licença compulsória, dentro
do limite estabelecido por esta Lei Complementar, além de
II - assiduidade: serviços obrigatórios por lei.

a) 12 (doze) pontos quando não apresentar nenhuma § 5º Para fins da avaliação de desempenho a que se
falta no período de apuração, excetuando as faltas abona- refere o inciso IV, do caput deste artigo, que será realizada
das, até o limite traçado por esta Lei Complementar; pelo superior imediato, mediante critérios estabelecidos
b) 06 (seis) pontos quando não ultrapassar o limite de pela Comissão Paritária de Acompanhamento da Carreira
12 (doze) faltas excetuando-se as faltas abonadas, até o
e da Qualidade dos serviços Educacionais.
limite traçado por esta Lei Complementar.

III - Tempo de Serviço no Magistério Público Municipal: V - Nota da Avaliação de Desempenho da Escola Sede.
0,02 (dois centésimos) pontos a cada dia de trabalho efeti-
vo no período de apuração. § 1º Serão considerados os índices de avaliação de de-
sempenho da escola realizados por órgãos internos e ex-
IV - avaliação de desempenho: até 03 (três) pontos. ternos de avaliação, tais como Prova Saresp, IDEB e por
meio do Programa de Avaliação Educacional Próprio do
§ 1º Os cursos a que se refere o inciso I serão contados Município de Itaquaquecetuba (PAEMI).
uma única vez, vedada a sua acumulação.
§ 2º A avaliação será realizada com base no último de-
I - Para fins a que se refere alínea b, item 1, conside- sempenho da escola em médias anteriores, logo o proces-
rar-se-ão acrescidas ao campo de atuação das áreas cur- so avaliativo decorrerá dos avanços da própria escola.
riculares de Linguagens e Códigos, Ciências da Natureza
e Matemática e Ciências Humanas, com suas respectivas § 3º As escolas que atenderem as metas propostas pelo
tecnologias, as temáticas de aprofundamento e enriqueci- IDEB terão acrescidas em sua média o computo de 1.0 (Um)
mento curricular que tenham por objeto: ponto.
a) questões da vida cidadã, tratadas como temas trans-
§ 4º As escolas que ultrapassarem as metas propostas
versais;
pelo IDEB terão acrescidas em sua média o computo de 2.0
b) aspectos teórico-metodológicos que orientam a
prática dos integrantes do Quadro do Magistério. (dois) pontos.

§ 2º Para efeito deste artigo, os cursos constantes da § 5º A supervisão de Ensino terá como base a média
alínea «b», do inciso I, somente serão aceitos os cursos do Município em relação as metas propostas e metas al-
realizados dentro do período de apuração da progressão cançadas.
funcional. Os certificados somente poderão ser apresenta-
dos uma única vez e somente serão considerados se forem I - Se a média do Município for alcançada o supervisor
emitidos por: de ensino terá acrescido 1.0 (Um) ponto.

I - instituições de ensino superior devidamente reco- II - Se a média do Município for ultrapassada o supervi-
nhecidas; sor de ensino terá acrescido 2.0 (Dois) pontos.

144
Art. 95 A progressão pela via não acadêmica ao fun- Capítulo II
cionário do Quadro do Magistério, após a conjunção dos DA REMUNERAÇÃO, VENCIMENTOS E
fatores constantes no artigo 91, incisos I, II, III, IV e V, deve- VANTAGENS
rá atingir no período de 03 ( três ) anos, o mínimo de 75% SEÇÃO I
e máximo de 100%. DA REMUNERAÇÃO
Art. 96 O resultado da contagem de pontos será divul- Art. 100 A remuneração dos integrantes do Quadro
gado no mês de março de cada ano e constará do pron- do Magistério será constituída do vencimento inicial, con-
tuário dos servidores. A partir da data de divulgação do templado com progressão funcional, nos termos desta Lei
resultado da contagem de pontos, o servidor do Quadro Complementar e das demais vantagens, incluindo o citado
do Magistério terá o prazo de 15 (quinze) dias para recor-
no Art. 113, § 1º, inciso I.
rer, apresentando recurso escrito e fundamentado junto
à Secretaria Municipal de Educação, Ciência, Tecnologia e
Inovação. Art. 101 A revisão geral anual da remuneração dos in-
tegrantes do Quadro do Magistério será feita na mesma
§ 1º Os recursos serão julgados no prazo de 15 (quinze) data da revisão dos demais servidores e sem distinção de
dias, pelo Secretário Municipal de Educação, Ciência, Tec- índices, nos termos do art. 37, inciso X, da Constituição Fe-
nologia e Inovação. deral.

Art. 97 A progressão pela via não acadêmica ao fun- Parágrafo único. A atualização anual da remuneração
cionário do Quadro do Magistério, após a conjunção dos dos integrantes do Quadro do Magistério será feita nos
fatores constantes no artigo 91, incisos I, II, III, IV e V, atin- termos do art. 5º, da Lei Federal nº 11.738/2008 ou outra
gindo no período de 03 ( três ) anos, o mínimo de 75% e que venha a substituí-la, sempre que o valor da remune-
máximo de 100%, ocorrerá o enquadramento do servidor ração estiver estabelecido em patamar inferior ao mínimo.
do Quadro do Magistério no nível imediatamente superior
àquele no qual se encontrava. Seção II
Dos Vencimentos
§ 1º A cada progressão, o servidor do Quadro do Ma-
gistério evoluirá apenas 1 (um) nível. Art. 102 O integrante do Quadro do Magistério Públi-
co Municipal terá seu vencimento fixado de acordo com a
§ 2º O servidor do Quadro do Magistério que não tabela constante do Anexo II, desta Lei Complementar.
obtiver os pontos necessários para a progressão terá os
mesmos considerados na progressão seguinte, nos anos Parágrafo único. A tabela é composta de referências,
subsequentes, até sua evolução, considerando apenas para correspondendo ao enquadramento do cargo e níveis des-
contagem de pontos os últimos 03 (três) anos. tinados às progressões na carreira previstas nesta Lei Com-
plementar.
§ 3º Aplica-se também o disposto no parágrafo ante-
rior ao servidor do Quadro do Magistério que vier a ser
Art. 103 Quando houver resíduo financeiro provenien-
investido em outro cargo do mesmo Quadro.
te do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educa-
§ 4º O servidor do Quadro do Magistério designado ção Básica e da Valorização dos Profissionais da Educação
para exercer funções de suporte pedagógico evoluirá no ou de qualquer outro fundo que o venha suceder, vinculado
seu cargo de origem. à remuneração dos servidores do Quadro do Magistério, o
mesmo será repassado aos mesmos como gratificação ou
Art. 98 Ao se concretizar a progressão pela via não prêmio de valorização profissional, que será rateado tendo
acadêmica o servidor do Quadro do Magistério passará como base o percentual estabelecido de acordo com a jor-
para o nível imediatamente superior do seu cargo, obser- nada de trabalho.
vando-se que:
SEÇÃO III
I - o vencimento correspondente a seu novo enqua- DAS VANTAGENS
dramento ser-lhe-á devido a partir do primeiro dia do mês
subsequente. Art. 104 Serão vantagens dos servidores do Quadro
do Magistério:
II - sobre o valor monetário de seu padrão serão recal-
culadas todas as vantagens de ordem pecuniária, perma- I - adicional por tempo de serviço;
nentes ou temporárias, a que faça jus.
II - gratificação pelo exercício de função de suporte pe-
Art. 99 O servidor do Quadro do Magistério que for dagógico;
investido em outro cargo do mesmo Quadro fará jus a ter
consideradas no novo cargo as progressões já obtidas, III - adicional por atividade de ensino;
sendo enquadrado no mesmo nível de vencimento em que
estava enquadrado no cargo anterior. IV - adicional pelo número de classes;

145
V - adicional de local de trabalho de difícil acesso; SUBSEÇÃO III
DO ADICIONAL POR ATIVIDADE DE ENSINO
VI - gratificação pelo trabalho noturno;
Art. 107 Ao servidor do Quadro do Magistério que,
VII - sexta parte; mediante apresentação de projeto específico de formação
e capacitação, desempenhar atividade temporária de ins-
VIII - nível universitário. (Revogado pela Lei Comple- trutor, monitor ou funções congêneres em programas de
mentar nº 286/2016) formação ou capacitação profissional da Secretaria Munici-
pal de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação, será con-
SUBSEÇÃO I cedido adicional por atividade de ensino, no montante de
DO ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO 5% dos seus vencimentos, no mês subsequente ao período
em que foi ministrado o curso.
Art. 105 O adicional por tempo de serviço será devido
§ 1º Os projetos deverão conter organograma de tra-
na proporção de 5% (cinco por cento) dos vencimentos, a
balho com no mínimo 30 (trinta) e máximo 40 (quarenta)
cada 5 (cinco) anos de efetivo exercício, contínuos ou não,
horas de capacitação.
prestados ao Município, vedada a sua limitação.
§ 1º O adicional por tempo de serviço será calculado
§ 2º Os projetos serão encaminhados à autoridade
sobre o padrão de vencimento. (Redação dada pela Lei competente que selecionará o projeto e remeterá ao setor
Complementar nº 286/2016) competente da Secretaria Municipal de Educação, Ciência,
Tecnologia e Inovação.
§ 2º O adicional por tempo de serviço será incorporado
aos vencimentos para todos os efeitos legais. SUBSEÇÃO IV
DA GRATIFICAÇÃO PELO NÚMERO DE CLASSES
§ 3º Para concessão do adicional será considerado
todo o tempo de serviço prestado ao Município, em qual- Art. 108 A gratificação pelo número de classes será
quer cargo público ou função temporária. devido ao Diretor de Escola, ao Vice-Diretor de Escola e ao
Coordenador Pedagógico, sendo calculado sobre o padrão
§ 4º O servidor do Quadro do Magistério que se exone- do servidor do Quadro do Magistério, adicional de nível, na
rar do cargo para ser nomeado em outro cargo do mesmo seguinte conformidade:
quadro, em razão de aprovação em concurso público, fará
jus a todos os adicionais adquiridos no cargo anterior. I - Unidades escolares com mais de 15 (quinze) e até 30
(trinta) classes: 5% (cinco por cento);
§ 5º O disposto no parágrafo anterior não se aplica ao
servidor do Quadro do Magistério que sem exonerar-se do II - Unidades Escolares com mais de 30 (trinta) e até 40
cargo, tome posse em outro cargo, em regime de acumu- (quarenta) classes: 10% (dez por cento);
lação.
Subseção II III - Unidades Escolares com mais de 40 (quarenta)
Da Gratificação pelo Exercício de Função de classes: 15% (quinze por cento).
Suporte Pedagógico
IV - As Unidades Escolares com oferta de Período Inte-
gral independente do número de salas farão jus ao acrésci-
Art. 106 O servidor do Quadro do Magistério que de-
mo de 5% ( cinco por cento).
sempenhar as funções constantes do art. 5º, inciso III, des-
ta Lei Complementar, fará jus à função gratificada quando
SUBSEÇÃO V
ocupar função de suporte pedagógico, calculada sobre seu
DO ADICIONAL DE LOCAL DE TRABALHO DE
padrão, adicional de tempo de serviço e diferença salarial
DIFÍCIL ACESSO
decorrente da diferença de jornadas de trabalho existente
entre o cargo efetivo do servidor do Quadro do Magistério Art. 109 Fará jus ao adicional de local de trabalho, o
e a jornada efetivamente desempenhada no exercício da servidor docente e o de suporte pedagógico que exerce-
função, na seguinte conformidade: (Redação dada pela Lei rem suas atividades em unidades consideradas de difícil
Complementar nº 286/2016) acesso, analisadas e definidas de acordo com a planta ge-
nérica do município.
I - Coordenador de Formação Pedagógica § 1º O adicional será de 10% (dez por cento) do valor
calculado sobre o padrão do servidor do Quadro do Magis-
II - Vice-Diretor de Escola tério e adicional de tempo de serviço, e proporcionalmente
ao número de horas trabalhadas na unidade escolar. (Re-
III - Coordenador Pedagógico dação dada pela Lei Complementar nº 286/2016)

146
§ 2º Após a data de aprovação da presente lei comple- Capítulo IV
mentar, será publicada normativa da Secretaria Municipal DA APOSENTADORIA
de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação, estabelecen-
do as unidades escolares consideradas de difícil acesso. Art. 112 Os servidores da Carreira do Magistério, ao
passarem para a inatividade, terão seus proventos calcula-
dos na forma prevista na Constituição Federal e na legisla-
SUBSEÇÃO VI ção previdenciária vigente.
DA GRATIFICAÇÃO PELO TRABALHO NOTURNO
TÍTULO IV
Art. 110 A gratificação pelo trabalho noturno corres- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS
ponde a 25% (vinte e cinco por cento) das horas trabalha-
das, calculada sobre o padrão de vencimentos mais vanta- Art. 113 Os atuais integrantes do Quadro do Magisté-
gens, para o professor que compõe a jornada no período rio terão seus cargos redenominados e reenquadrados na
noturno. forma estabelecida no Anexo I, desta Lei Complementar.

§ 1º Para efeito de percepção da gratificação pelo tra- § 1º Os servidores do Quadro do Magistério serão en-
balho noturno será considerado o horário a partir das de- quadrados em referências alusivas aos seus cargos e em
zenove horas. níveis, de acordo com a tabela de vencimentos constante
do Anexo II, tomando-se por base a situação do servidor
§ 2º O pagamento da gratificação pelo trabalho no- na data de vigência desta Lei Complementar e o que segue:
turno será devido proporcionalmente nos descansos se-
manais, feriados, dias de ponto facultativo, férias, recesso I - em princípio, todos os servidores do quadro do ma-
escolar e demais afastamentos e licenças remuneradas. gistério serão enquadrados no nível I e, todas as evoluções
anteriores serão devidamente mantidas atendendo as dis-
posições das leis vigentes a época.
§ 3º A gratificação pelo trabalho noturno não se incor-
porará, em hipótese alguma, aos vencimentos dos compo-
II - para cada percentual de 5% de evolução funcional
nentes do quadro do magistério.
obtido pelo servidor do Quadro do Magistério ao longo
de sua vida funcional, corresponderá o enquadramento em
Capítulo III
um nível de vencimento à frente na tabela de vencimentos.
DOS PROGRAMAS DE FORMAÇÃO CONTINUADA
PARA APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL
§ 3º Sobre o valor do padrão de vencimentos será cal-
culado o adicional por tempo de serviço, destacado em fo-
Art. 111 A Secretaria Municipal de Educação, Ciência, lha de pagamento. (Redação dada pela Lei Complementar
Tecnologia e Inovação, manterá programas regulares e per- nº 286/2016)
manentes de formação continuada para aperfeiçoamento
profissional, através de cursos de capacitação e atualização § 4º O novo enquadramento para fins de evolução
em horário de trabalho, assegurando-se, no mínimo, 15 funcional somente será concedido depois de cumpridas às
(quinze) horas de cursos anuais para cada um dos cargos disposições e o lapso de tempo previsto na presente lei.
de docentes e para os cargos de suporte pedagógico.
Art. 114 Ficam extintos, com a posse de candidatos
§ 1º Os programas de que trata o caput deste artigo aprovados em concurso público de Supervisor de Ensino
poderão ser ministrados diretamente pela Secretaria Muni- e Diretor de Escola, os cargos em comissão de Assessor
cipal de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação, ou atra- de Supervisão Escolar, Diretor de Escola de Ensino Funda-
vés de parcerias, convênios ou contratos com instituições mental, Diretor de Escola de Educação Infantil, Diretor de
ou profissionais qualificados. Creche constantes do anexo II, da Lei Complementar nº 65,
de 26 de dezembro de 2002.
§ 2º A Administração poderá designar servidores do
Quadro do Magistério para, cumulativamente ou não, com Art. 115 Ficam extintos, quando da designação para
as funções de seus cargos de origem, atuarem nos progra- função de Vice-Diretor de Escola, os cargos de Chefe da
mas, atribuindo-lhes o pagamento de adicional por ativi- Secretaria de Escola de Ensino Fundamental, Chefe de Se-
dade de ensino, nos termos do art. 107, desta Lei Comple- cretaria de Escola de Educação Infantil e Chefe do Centro
mentar. de Educação Infantil constantes do anexo II, da Lei Comple-
mentar nº 65, de 26 de dezembro de 2002.
§ 3º Os Programas deverão levar em conta as priorida-
des das áreas curriculares, a situação funcional dos servi- Art. 116 Ficam extintos, quando da designação para
dores do quadro do magistério e a atualização de metodo- função de Coordenador Pedagógico, os cargos de Asses-
logias diversificadas, inclusive as que utilizam recursos de sor Coordenador Pedagógico constantes do anexo II, da Lei
educação à distância. Complementar nº 65, de 26 de dezembro de 2002.

147
Art. 117 Até que se realize concurso público para a
posse em cargos vagos de docentes, será permitida,
a critério da
administração municipal, a ampliação da jornada de
trabalho para os docentes titulares de cargos em efetivo
exercício.

Art. 118 Aplicam-se aos integrantes do Quadro


do Magistério, naquilo que com a presente Lei Prof. Titular Educação Infantil
Complementar não conflitar, as disposições da Lei
Complementar nº 64, de 26 de dezembro de 2002 valor referente a 20 horas semanais
ou qualquer outra que vier a substituí-la e,
subsidiariamente, no que couberem, as demais
disposições da legislação municipal vigente.

Art. 119 Os trabalhos de real significado


pedagógico, científico ou cultural, de autoria dos
servidores do Quadro do Magistério, poderão ser
publicados às expensas da municipalidade, após
parecer favorável do Chefe do Poder Executivo.

Art. 120 Fica o Poder Executivo Municipal


autorizado a baixar os atos necessários à execução
da presente Lei Comple- mentar.

Art. 121 As despesas decorrentes da execução Prof. Titular Ensino Fundamental


da presente Lei Complementar serão atendidas pelas
dotações orça- mentárias próprias consignadas em
valor referente a 20 horas semanais
orçamento, suplementadas, se necessário.

Art. 122 Esta Lei entrará em vigor no prazo de


90 (noventa) dias da data da sua publicação,
revogadas as disposições em contrário.

Prof. Titular Educação Especial


valor referente a 20 horas semanais

Prof. Titular Áreas Específicas


148
valor referente a 20 horas semanais
Supervisor de Ensino
valor referente a 40 horas semanais

Coordenador Pedagógico
valor referente a 40 horas semanais

Vice Diretor de Escola


valor referente a 40 horas semanais

Diretor de Escola
valor referente a 40 horas semanais

149
ANEXO III

REQUISITOS PARA PROVIMENTO DOS CARGOS DE DOCENTES E DE CARGOS E FUNÇÕES DE SUPORTE PEDGÓGICO A QUE SE REFERE O ARTIGO 13 DA PRESENTE LEI

ANEXO IV
CAMPO DE ATUAÇÃO DOS CARGOS DE DOCENTES A QUE SE REFERE O PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 6º DA PRESENTE LEI COMPLEMENTAR
DENOMINAÇÃO DA FUNÇÃO
DESCRIÇÃO SUMARÍSSIMA DAS ATIVIDADES ROL DE ATRIBUIÇÕES

150
ANEXO V

CAMPO DE ATUAÇÃO DOS CARGOS DE SUPORTE PEDAGÓGICO A QUE SE REFERE O ARTIGO 7º DA PRESENTE LEI COMPLEMENTAR

151
152
I - Coordenar a elaboração do projeto pedagógico;
Coordenador Pedagógico II - Subsidiar a equipe escolar com dados de
desempenho dos alunos;
Articular e mobilizar a equipe escolar na construção/ III - Acompanhar e controlar o desenvolvimento do
execução do projeto pedagógico da escola. projeto;

153
IV - Acompanhar e coordenar as atividades de formação continuada, para manter o processo
recuperação dos alunos, bem como sua classificação educativo;
e reclassificação; XI - Assessorar a direção da Escola, especialmente
V - Coordenar a atividade pedagógica das escolas; quanto:
VI - Coordenar as atividades realizadas pelos a) ao agrupamento de alunos;
professores nas horas-atividade; b) à organização de horário de aulas e do calendário
VII - Zelar para que os alunos cumpram a carga escolar;
horária necessária; c) à utilização dos recursos didáticos da escola.
VIII - Prestar assistência, propondo técnicas e
procedimentos, sugerindo materiais didáticos, ANEXO VI
organizando as atividades;
IX - Garantir a integração de todos os docentes no HORAS DE TRABALHO PEDAGÓGICO
desenvolvimento do projeto pedagógico; Tabela Horas de Trabalho Pedagógico
X - Zelar pelo constante aperfeiçoamento do pessoal
docente, levando-o a participar do programa de

154
LEI Nº 3210, DE 24 DE JUNHO DE 2015.

“DISPÕE SOBRE APROVAÇÃO DO PLANO


MUNICIPAL DECENAL DE EDUCAÇÃO, PARA O
DECÊNIO 2016-2025, NA FOR- MA A SEGUIR
ESPECIFICADA, E ADOTA OUTRAS PROVIDÊNCIAS”.
DR. MAMORU NAKASHIMA, PREFEITO
MUNICIPAL DE ITAQUAQUECETUBA, usando das
atribuições que lhe são confe- ridas por Lei. FAÇO
SABER QUE A CÂMARA MUNICIPAL DECRETA E EU
PROMULGO A SEGUINTE LEI:

Art. 1º Fica aprovado o Plano Municipal de


Educação, de caráter plurianual, que se apresenta na
forma do Anexo Único desta Lei e que desta é parte
integrante, com duração de dez anos, em
cumprimento a Lei Federal nº 13.005, de 25 de junho
de 2014.
Art. 2º Fica autorizada a instituição de Comissão
Permanente para acompanhamento continuo da
execução e de ava- liação periódica do Plano
Municipal de Educação.
Parágrafo Único - A cada dois anos, ou a
qualquer tempo, extraordinariamente, o Plano
Municipal de Educação será avaliado em um Fórum
com a participação de autoridades do Executivo e
Legislativo, educadores e representantes da so-
ciedade civil, cabendo ao Legislativo Municipal
aprovar as medidas legais decorrentes, com vistas à
correção de deficiências e distorções.
Art. 3º Os Planos Plurianuais do Município, nos
próximos dez anos, deverão ser elaborados de
forma a dar suporte
aos objetivos e metas constantes no Plano Municipal
de Educação, no que for de responsabilidade do
próprio Município.
Art. 4º Fica sob a responsabilidade dos Poderes
Legislativo e Executivo a tarefa de divulgação do
Plano Municipal de Educação objeto desta Lei, para
que a sociedade dele tome conhecimento e
acompanhe a sua execução.
Art. 5º As despesas decorrentes da aprovação
desta Lei correrão por conta de dotações próprias
previstas em orça- mento.
Art. 6º Esta Lei entrará em vigor na data de sua
publicação.

155
ANEXO ÚNICO - LEI Nº 3.210, DE 24 DE JUNHO DE O Plano Municipal de Educação, analisado ao crivo da
2015. Constituição Federal, da Lei de Diretrizes e Bases da Edu-
cação Nacional – LDBEN 9.394/96 e do Plano Nacional de
2. APRESENTAÇÃO Educação, Lei 10.172 de 09 de janeiro de 2001 e Lei 13.005,
A Política Nacional de Educação determinou através de 25 de junho de 2014, reflete os eixos dos marcos legais
do artigo 2º, da Lei 10.172, de 09 de janeiro de 2001, aos e as políticas atuais para o desenvolvimento da Educação,
Estados, Distrito Federal e aos Municípios, a elaborar seus assim como o PDE – Plano de Desenvolvimento da Educa-
planos decenais de educação com base no Plano Nacional ção, instituído pelo MEC, através do Compromisso Todos
de Educação. pela Educação, para o decênio 2016-2025.
A Referida Lei, aduziu que com a “instalação da Repú- Portanto, da compilação das Leis, ora analisadas, te-
blica no Brasil e o surgimento das primeiras ideias de um mos um plano conciso, democrático, coletivo, legal e com
plano que tratasse da educação nacional para todo terri- plenas condições de orientar os próximos gestores educa-
tório nacional aconteceriam simultaneamente. À medida cionais a dar sequência no trabalho implementado, onde
que o quadro social, político e econômico do início des- o aluno é o centro do processo e sua permanência com
sucesso na escola o nosso foco.
te século se desenhava, a educação começava a se impor
como condição fundamental para o desenvolvimento do
3. INTRODUÇÃO
País. Havia grande preocupação com a instrução, nos seus
A sociedade encontra-se em pleno desenvolvimento
diversos níveis e modalidades. Nas duas primeiras décadas, e cada povo tem por característica formar sua identidade
as várias reformas educacionais, ajudaram no amadureci- cultural, determinada por um conjunto vivo de relações so-
mento da percepção coletiva da educação como um pro- ciais e patrimônios simbólicos historicamente compartilha-
blema nacional”1. dos, os quais estabelecem a comunhão de determinados
Em 25 de junho de 2014, foi aprovado a Lei 13.005, o valores entre os membros de uma sociedade.
Plano Nacional de Educação, o qual estabeleceu metas e Sendo um conceito de trânsito intenso e tamanha
estratégias para a educação em âmbito Nacional, Estadual complexidade, podemos compreender a constituição de
e Municipal. uma identidade em manifestações que podem envolver
A cada um dos entes federados o artigo 8º desta Lei, um amplo número de situações que vão desde a fala até a
estabeleceu o dever de adequar ou elaborar os seus planos participação em certos eventos.
para a próxima década, buscando melhorar a qualidade da Algumas recentes teorias culturais desenvolvidas no
educação nas três esferas. campo das ciências humanas desempenharam o papel
O artigo 8º, de referida Lei, dispõe que os Estados, o inovador de questionar o próprio conceito de identidade
Distrito Federal e os Municípios deverão elaborar seus cor- cultural.
respondentes planos de educação, ou adequar os planos já De acordo com essa nova corrente, muito em voga com
aprovados em lei, em consonância com as diretrizes, metas o desenvolvimento da globalização, a identidade cultural
e estratégias previstas no Plano Nacional de Educação, no não pode ser vista como sendo um conjunto de valores
prazo de 1 (um) ano contado da publicação desta Lei. fixos e imutáveis que definem o indivíduo e a coletividade
Entendendo que a Educação é o pilar mestre de sus- da qual ele faz parte.
tentação das mudanças sociais, bem como de ser priori- Um dos mais conhecidos exemplos dessa nova ten-
dade na gestão de todas as esferas de governo, elabora- dência que pensa a questão das identidades pode ser en-
mos com a participação do Fórum Municipal de Educação, contrado na obra do pesquisador Nestor Garcia Canclini2.
este PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, o qual abrange Em vários de seus escritos, este pensador tem a recorrente
as metas definidas no Plano Nacional de Educação como preocupação de analisar diversas situações nas quais mos-
tra que a cultura e as identidades não podem ser pensadas
competência do Município, que deve configurar como um
como um patrimônio a ser preservado. Longe disso, ele
plano de Estado e não como o plano de um governo, de
assinala que o intercâmbio e a modificação são caminhos
uma Administração.
que orientam a formulação e a construção das identidades.
Foram meses de estudos, levantamentos de demandas
E, é nesse sentido, que o exercício político da cidada- nia,
e situações educacionais, as quais subsidiaram a realização intrinsecamente estão relacionados com um aspecto
do Fórum Municipal de Educação, quando debatemos a te- fundamental de nossa vida social: a educação, a qual, en-
mática “Plano Municipal de Educação”, marco histórico de contra-se em consonância e entrelaçada com a democra-
efetivação do processo democrático instituído como políti- cia, que agem em consonância com as necessidades do
ca pública educacional. mundo atual, preparando seus componentes e dotando-os
Foi um momento ímpar, que nos possibilitou ouvir os dos qualitativos essenciais à continuação da humanidade.
anseios e registrar as proposições de educadores, educan- Assim, visando construir e consolidar um projeto mo-
dos, organizações civis e governamentais para planejarmos derno e próprio, comprometido com a transformação so-
a construção da educação com qualidade social que tanto cial e educacional do nosso Município, buscou-se, com a
queremos, propondo metas e objetivos para melhorarem elaboração do Plano Municipal de Educação, mobilizar a
os serviços educacionais em todos os níveis e modalidades Rede Municipal, Rede Estadual e demais Instituições de En-
oferecidos no Município nos próximos 10 anos. sino e Associações, propiciando desencadeamento de uma

156
significativa série de debates sobre seus mais importantes Todavia, ainda segundo o historiador Renato Ignácio,
problemas educacionais, bem como as alternativas e estra- até o ano de 1761, documentos de controle de nascimento
tégias para enfrentá-los. feitos pelos padres da igreja Nossa Senhora D’Ajuda, reve-
Este debate instalado nos Fóruns Municipais indicou lam que ainda não havia acrescentado a letra “i” ao nome
que eram muitos os obstáculos e desafios a serem enfren- da aldeia.
tados na Educação do Município. Com uma investigação Tendo como origem uma sesmaria, as terras do Muni-
reflexiva e crítica a construção deste trabalho foi significati- cípio estiveram sob a tutela da Igreja Católica até o primei-
vo, assegurando oportunidades de experiências de apren- ro quartel do Século XX, fato comprovado pelos registros
dizagens que desafiem o potencial criativo, incorporem da Cúria de Mogi das Cruzes, cidade na qual, o Município
foi agregado até a emancipação política em 1953.
avanços científicos e tecnológicos e desencadeiem a pai-
Entretanto, nas décadas de 10 e 20 do século XVII, a al-
xão pela descoberta, estabelecendo a mediação necessá-
deia ficou quase deserta já que, por ordem de Fernão Dias
ria, com o mundo cultural daqueles que procuram a escola Paes, desejoso de ter um maior controle dos índios cate-
pública de qualidade. quizados, a maior parte de sua população foi transferida
Nos Fóruns Municipais as ideias formuladas retratam, para aldeia de São Miguel, mais próximo à São Paulo, onde
de forma atualizada, criativa, provocativa, corajosa e espe- havia sido erguida uma nova capela.
rançosa, questões que no dia a dia, na sala de aula e na A população recomeçaria a crescer apenas no ano de
escola, continuam a instigar o conflito e o debate entre os 1624, quando o padre João Álvares, construtor da cape-
educadores e a sociedade organizada. la da Conceição de Guarulhos e também de São Miguel,
Com a conclusão deste trabalho podemos relacionar decidiu levantar em sua propriedade, localizada bem ao
os desafios da rede de ensino, na expectativa e no desejo lado da aldeia de Itaquaquecetuba, um oratório em lou-
de uma nova escola que assegure a inclusão social, a per- vor a Nossa Senhora D’ajuda que, em seguida, tornar-se-ia
manência do educando, oferecendo um ensino de quali- capela. Este foi o marco inicial da povoação, que logo viria
dade, na vivência plena de uma gestão democrática e na a se fixar ao seu redor, com o nome de Nossa Senhora da
valorização do educador. Conceição D’ajuda, recuperando seu topônimo do antigo
O Plano Municipal de Educação de Itaquaquecetuba aldeamento, elevado a freguesia pela lei nº17, de 28 de
poderá ser protagonista de um amplo processo de partici- fevereiro de 1838.
pação na busca da melhor educação possível para O primeiro censo realizado na Aldeia de Nossa Senho-
ra D’ajuda, em 1765, apresentou os seguintes resultados:
todos na cidade de Itaquaquecetuba e apenas para
59 “iogos” que eram habitados por 109 mulheres e 117
refletir colacionamos uma nota do Professor Mario Sérgio
homens. Nesse estado o Município permaneceu por cerca
Cortella em homenagem ao então Educador Paulo Freire: 200 anos. Com a inauguração da linha Variante da EFCB –
“É fundamental valorizar a atividade docente como um Estrada de Ferro Central do Brasil em 1925, Itaquaquecetu-
ato de amorosidade. E é preciso alimentar essa amorosidade, ba começou a crescer e prosperar.
colocá-la em conjunto, debate-la, lutar por ela. Educação e A denominação Itaquaquecetuba já fixada ao nome da
atividade docente não se fazem isoladamente. A briga que aldeia desde o século XIX segundo documentos, ocorreu
vale a pena ser brigada é a briga pela dignidade coletiva, de forma oficial em meados do Século XX, quando se se-
ensinou Paulo Freire.” parou de Mogi das Cruzes, elevando-se a município com o
Mario Sergio Cortella território do respectivo distrito, pela Lei nº 2.456, de 30 de
novembro de 1953, posta em execução em 01 de janeiro
4. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO de 1954.
4.1 - HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE Um fator preponderante para a fixação dos primeiros
ITAQUAQUECETUBA moradores é o local onde a cidade está situada: uma região
A origem do Município de Itaquaquecetuba na época procurada por tropeiros e aventureiros que se dirigiam à
Taquaquecetuba remonta a uma das onze aldeias fundadas região de Minas Gerais. Era também um local de passagem
ao entorno de São Paulo de Piratininga, pelo Padre José de para pessoas oriundas, sobretudo do Vale do Paraíba e do
Anchieta responsável pelo projeto do cinturão das aldeias, litoral Paulista. A economia da época, que perdurou por
várias gerações, era a agricultura de subsistência e a ex-
em sua permanência no Brasil. Segundo o historiador Re-
tração da madeira, abundante na região. Itaquaquecetuba
nato Ignácio da Silva, a tribo de origem guarani, falavam
também foi famosa pelas suas olarias. Era conhecida ainda
o tupi-guarani. No dia 08 de setembro de 1560, foi cria- pela produção de farinha de milho.
da Itaquaquecetuba, pelo então presidente da província, Após sua autonomia administrativa, em 1953, a cidade
Bernardo José Pinto Galvão Peixoto, com o nome de Vila passou a fazer parte do “cinturão verde” que abastece os
Nossa Senhora D’ajuda, sendo estabelecida a beira do Rio grandes centros urbanos. Sua vocação rural fez com que
Tietê, para catequizar os Guaianases da aldeia de Taqua- surgissem bairros com essas características e população
quecetuba. empregada no campo.
O nome dado à nova povoação deriva da abundância Surgiram na região as granjas com trabalhadores ja-
de uma vegetação (bambus) que cobria a região e que em poneses ou de origem nipônica. Também se constituíram
tupi-guarani significa “abundância de taquaras-bambuas – várias escolas (isoladas ou emergenciais), com professores
que cortam como faca”. enviados e pagos pelo Governo Estadual.

157
Somente na década de 1960, Itaquaquecetuba teve o Já as estatísticas do Índice de Vulnerabilidade Social
primeiro grupo escolar de grande porte, em área urbana, (IPVS) do ano de 2010, dados da Fundação Sistema Esta-
“Escola Benedito Vieira de Mota”. dual de Análise de Dados – SEADE Itaquaquecetuba, possui
A partir de 1970, se iniciou um processo de urbaniza- cerca de 321.854 habitantes, e, apresenta o Índice de De-
ção com o surgimento de comércio e de indústrias. Assim, senvolvimento Humano (IDHM)9 de 0.714.10 Desta forma:
ao final da década, mais precisamente em 23/02/1979, com “[...]. A análise das condições de vida de seus habitantes
a lei n° 700, o Município passou a ser considerado períme- mostra que a renda domiciliar média era de R$1.483, sendo
tro urbano, favorecendo o adensamento demográfico. que em 28,9% dos domicílios não ultrapassava meio salário
Seu desenvolvimento inicial foi acelerado, mas desor- mínimo per capita. Em relação aos indicadores demográfi-
denado, o que ocasionou vulnerabilidade social que ainda cos, a idade média dos chefes de domicílios era de 43 anos
hoje aflige o Município, como a especulação imobiliária e a e aqueles com menos de 30 anos representavam 18,0% do
falta de infraestrutura para atender à população migrante total. Dentre as mulheres responsáveis pelo domicílio 18,6%
de outros locais para Itaquaquecetuba, em busca de opor- tinham até 30 anos, e a parcela de crianças com menos de
tunidade de emprego e de terrenos de baixo custo. seis anos equivalia a 10,0% do total da população”.11
Neste cenário, em meio a essas vicissitudes, a demanda Funcionalmente, Itaquaquecetuba caracteriza-se como
da mão de obra e o boom demográfico da Região Leste uma cidade-dormitório, com altas taxas de desemprego e
de São Paulo, o Município experimentou inúmeras trans- indicadores que expressam um quadro de pobreza e vul-
formações, conforme afirma Maria Izilda Santos de Matos: nerabilidade social, impactos causados pelo alto índice po-
“Ao longo da ferrovia, nas áreas alagadiças dos rios Tietê pulacional surgido pela migração.
e Tamanduatei, zonas desvalorizadas constituíram-se bair- Ainda, segundo dados do IBGE12, 80% da população
ros operários e industriais, áreas ausentes de planejamento e da cidade de Itaquaquecetuba é composta por pessoas
atenção das autoridades. Acompanhando as linhas de trens, que migraram da região nordeste e de seus descendentes,
surgiam e se desenvolviam os bairros da Mooca, Brás, Pari, e, sobretudo sem especialização profissional, recorrendo
Belém, Belenzinho, Tatuapé ( junto à Central do Brasil),” [...] aos meios lícitos e ilícitos para sobreviver. Logo os hábitos
Portanto, tal afirmação possui ressonância, uma vez e os costumes, bem como as características da população
que, após o último bairro de São Paulo acima citado, com de uma forma geral se transformam, disseminando uma
destino à Itaquaquecetuba surgiram os bairros da Penha, paisagem urbana e caracterizando regiões consideradas
periféricas.
Ermelino Matarazzo, São Miguel Paulista e Itaim Paulista.
Nesse contexto, ainda se acrescenta a esse quadro o
O último faz divisa com Itaquaquecetuba, não obstante a
fato de que as receitas municipais têm apresentado um
cidade de Itaquaquecetuba possui três estações de trem, a
crescimento lento e descontínuo, devido às invasões de lo-
saber: Engenheiro Manoel Feio, Central e Aracaré.
tes na cidade, portanto, o não pagamento de impostos e
Portanto, tal afirmação possui ressonância, uma vez
de taxas públicas, compromete a capacidade do município
que, após o último bairro de São Paulo acima citado, com
às demandas sociais de uma população que cresce a uma
destino à Itaquaquecetuba surgiram os bairros da Penha,
taxa correspondente ao triplo da média metropolitana.
Ermelino Matarazzo, São Miguel Paulista e Itaim Paulista. Diante disso, o índice de vulnerabilidade social – IPVS
O último faz divisa com Itaquaquecetuba, não obstante a – do Município de Itaquaquecetuba (tabela 2) é muito alto,
cidade de Itaquaquecetuba possui três estações de trem, a conforme apontado, pelo Índice Paulista de Vulnerabilida-
saber: Engenheiro Manoel Feio, Central e Aracaré. de Social do Estado de São Paulo.
Segundo dados do IBGE, a cidade de Itaquaquecetu-
ba cresceu de maneira meteórica como pode-se observar
(tabela 1):
Tabela 1: Crescimento Populacional: 1953-2010

Ainda de acordo com a Fundação Seade e o Instituto


do Legislativo Paulista da Assembleia Legislativa do Esta-
do de São Paulo, o município compõe o grupo cinco na

158
pesquisa que integra todos os 645 municípios do indicadores e utiliza como base:
Estado de São Paulo, sendo que neste grupo estão As Pesquisas de Orçamentos Familiares
incluídas localidades pobres com baixos índices de 2002/2003 e o Censo de 2000, e de acordo com o
escolaridade e longevidade. A lista é elaborada com IBGE. A pobreza é definida a partir de critérios
base nos indicadores sociais de cada município, onde técnicos, estabelecido por especialistas que analisam
no Estado de São Paulo eles estão divididos em a capacidade de consumo das pessoas, sendo
grupos, sendo que o grupo um é o mais rico e o considerada pobre aquela pessoa que não consegue
grupo seis é o mais pobre.14 É pertinente destacar ter acesso a uma cesta alimentar e de bens mínimos
que o IPVS15, está baseado em uma tipologia necessários para a sua sobrevivência.18
derivada da combinação entre duas dimensões:
socioeconômica e demográfica. - EMANCIPAÇÃO POLÍTICA E
A socioeconômica compõe-se da renda ADMINISTRATIVA
apropriada pelas famílias e do poder de geração da Quando se almejou uma emancipação política e
mesma pelos seus mem- bros, pois os baixos níveis administrativa para Itaquaquecetuba, tornando-a
de renda definem a situação de pobreza, enquanto a independente de Mogi das Cruzes, foi formada uma
escassez de fontes de rendimentos segura e regular Comissão pró-emancipação composta pelos
delimita situações concretas de risco à pobreza. Entre munícipes. Após incessante luta, o Distri- to foi
os maiores riscos, destacam-se o desemprego e a elevado a MUNICÍPIO pela Lei nº 2.456, de 30 de
inserção precária no mercado de trabalho, o dezembro de 1953, conseguindo sua autonomia
montante de renda auferido pela família foi expresso administrativa e política.
pela renda do chefe do domicílio. Já o poder de A Câmara Municipal de Itaquaquecetuba foi
geração e manutenção regular desta renda foi instalada na Praça João Álvares, nº 378, antiga
medido por meio do nível de escolaridade do chefe, Capitão José Leite nº 98, onde já estava instalada a
anos de estudo e acesso à educação básica. Prefeitura Municipal, desde primeiro de janeiro de
Já a demográfica está relacionada ao ciclo de 1955. Posteriormente, o Poder Legislativo foi
vida familiar que é expressa pela idade do instalado na Avenida Emancipação nº 125, Centro,
responsável e a presença de crianças com idade até onde funcionou em prédio próprio desde 25 de
quatro anos. Essa abordagem, além de caracterizar janeiro de 1.977, até o ano de 2.01319. Atualmente
diferentes situações de vulnerabilidade social, aponta funciona na Rua: José Barbosa de Araújo, nº 267, Vila
para a necessidade de formulação de políticas Virginia, localizada Prefeitura Municipal de
públicas voltadas para situações particulares, como Itaquaquecetuba.
as famílias com presença de crianças ou de idosos
em condição de risco. Assim o índice se divide em - PERFIL DO MUNICÍPIO DE ITAQUAQUECETUBA
seis grupos de vulnerabilidade so- cial.16 A cidade de Itaquaquecetuba é um município
Observa-se abaixo (tabela 3), os índices brasileiro do estado de São Paulo. Pertence à
apontados pelo censo de 2010, das condições de microrregião de Mogi das Cruzes, à mesoregião
vida econômicas da popula- ção de Itaquaquecetuba: metropolitana de São Paulo, está localizado na
Região Leste Metropolitana de São Paulo. A popula-
Tabela 3: Conclusão das condições de vida da ção segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
população de Itaquaquecetuba. Estatística em 2010 é de 321.770 habitantes20 e a
área é de 82,606 km².21 Está a 42,5 quilômetros de
São Paulo, capital estadual, e 1.041 km de Brasília,
capital federal.

De acordo com o IBGE, o município de


Itaquaquecetuba é o que tem a maior incidência de
pobreza da Região do Alto Tietê e o quarto mais
pobre do Estado de São Paulo. Essa afirmação tem
como base o Mapa da Pobreza e Desigualdade 2003
divulgado pelo IBGE. O mapa traz uma série de
159
São Paulo, inicialmente designada como Região
Administrativa e, a partir de 1973, como Região
Metropolitana, que tem a denominação de sub-
Ainda de acordo com o Instituto Brasileiro de região Leste da Grande São Paulo (Lei Comple-
Geografia e Estatística (IBGE), a população estimada em mentar Estadual nº144, de 22/04/1976. Decreto
2014, era de 348.739 habitantes, o que resultava numa Estadual nº10951, de 13/12/1977). Itaquaquecetuba,
densidade demográfica média de 3.895,24 habilitantes juntamente com mais dez municípios, é integrante
por km2. da Região do Alto Tietê. A região fitogeográfica do
Entretanto, por meio de pesquisas locais, em 2014 a Alto Tietê compreende onze municípios instalados
população de Itaquaquecetuba estava estimada em ao longo do rio, desde sua nascente (Salesópolis)
aproximada- mente em 455.000 habitantes, até à divisa com São Paulo (Guarulhos).
considerando as famílias oriundas de invasões. Situados a leste da Região Metropolitana de São
Paulo, os municípios do Alto Tietê – Arujá, Biritiba
Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Guarulhos,
Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis,
Santa Isabel e Suzano – apresen- taram nos últimos
anos o maior crescimento demográfico da Grande
São Paulo. Os dados do censo realizado no período
de 1996 a 2000, mostram que, enquanto o Estado de
São Paulo apresentou um aumento populacional de
7,70%, a Região Metropolitana cresceu 6,93% e o
Alto do Tietê 11,30%.
Segundo Censo do IBGE, em 2014 o estado de
São Paulo possuía 44.035.304 habitantes e uma
densidade populacional de 177,4 hab./km². Todo
esse montante populacional representa 21,60%, da
população brasileira e 11% de toda a popu- lação
sul-americana O estado conseguiu alcançar esse
patamar populacional depois de crescer durante
muitos anos com taxas populacionais superiores à
média nacional. Na década de 1.950 o estado teve
Trata-se de um município totalmente urbano, que um crescimento populacional de 3,6% ao ano,
se limita: enquanto o Brasil manteve um crescimento de 3,2%.
- Ao Norte – com Guarulhos e Arujá No período compreendido entre os anos de 1991 e
- Ao Sul – com Poá e Ferraz de Vasconcelos 2000, São Paulo cresceu 1,8% ao ano enquanto a
- A Leste, com Suzano e Mogi das Cruzes; média nacional manteve-se em 1,6%.
O início do século XXI traz uma tendência de queda
- A Oeste, com São Paulo.
das taxas populacionais, porém São Paulo mantem
uma taxa de
4.4. - ASPECTOS FÍSICO-GEOGRÁFICOS
crescimento maior que a brasileira; 1,6% contra 1,4% ao
A latitude do distrito-sede do município de
ano.
Itaquaquecetuba é de -23, 2910º Sul e a longitude é
De acordo com o Censo de 2010, dos 41
de -46,2054º Oeste.
milhões de habitantes do estado 95,9% vive em
A altitude é de 790 m.
cidades, enquanto 4,1% da população vive no
O clima do município é subtropical, com verão campo. A composição da população paulista por
quente e chuvoso e inverno ameno e subseco. A sexo, mostra que para cada 100 mulheres residentes
média de temperatura anual está em torno de 24ºC, no estado existem 95 homens, esse pequeno
sendo o mês mais frio junho, com média de 15ºC e o desequilíbrio entre os dois sexos ocorre porque as
mais quente fevereiro, com média de 23ºC. mulheres possuem uma expectativa de vida oito
O índice pluviométrico anual gira em torno de 1300 anos mais elevada que a dos homens, além da maior
ml. participação feminina em fluxos migratórios para o
estado.
4.5. - ASPECTOS DA INSERÇÃO REGIONAL
Itaquaquecetuba integra-se à região da Grande

160
Esse crescimento acelerado é um desdobramento do de acesso a importantes vias como: Rodovia Ayrton Senna,
fato de São Paulo estar se transformando numa área de re- Marginal Tietê, Rodovia Presidente Dutra e Rodoanel.
pulsão da população, que migra à procura de uma melhor
qualidade de vida. Na busca do desenvolvimento econô-
mico e social, condição básica para proporcionar aos cida-
dãos uma vida com mais qualidade e dignidade, deparam-
se com diversos problemas.
A Região do Alto Tietê, atualmente, conta com aproxi-
madamente 1.511.078 habitantes.
A Região do Alto Tietê, é a denominação aplicada aos
municípios localizados na região da nascente do Rio Tietê,
são eles: Arujá, Biritiba-Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Gua-
rarema, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópo-
lis, Santa Isabel e Suzano, totalizando 1.511.078 habitantes.
A região recebe esse nome por causa da localização
geográfica das cidades. O Rio Tietê nasce no município de
Salesópolis e percorre parte desses municípios antes de
chegar a Capital.
O Alto Tietê possui uma produção variada e riquíssima,
que vai desde artigos manufaturados até verduras e legu-
mes, passando pelas flores e pela água que abastece mi-
lhares de pessoas na região e na Zona leste de São Paulo.
Na região há pólos industriais e estâncias turísticas.
A nossa região está coberta por intensa vegetação.
Mas da mesma forma, não por leis da natureza, mas sim
pelas leis sociais, os municípios do “HIPERVERDE”, se vêem
impedidos de aumentar seu território urbano, de instalar
fábricas, de gerar empregos e, consequentemente, de ga-
rantir condições dignas à vida humana, condenados a se-
rem cidades-dormitório da grande metrópole.
A Lei de Proteção dos Mananciais limita a instalação
de determinados tipos de indústrias na Região da Bacia do
Alto Tietê, limitação que, paradoxalmente, beneficia e pre-
judica a região. Ela aponta para a necessidade de criação
de novos espaços industriais que, conectados com a mi-
croinformática, com a mecânica de precisão etc., estarão
dando novas alternativas para os nossos municípios.
É necessário que os Municípios do Alto do Tietê “HI-
PERVERDE”, através de seus administradores, levem ao
conhecimento das circunscrições maiores (Estado e União)
suas barreiras financeiras, no sentido de preservar os bens
maiores que são a água e a dignidade humana e alerta-
mos ainda que estamos, salvo melhor juízo, nas mesmas
condições municipais que o “SEMI-ARIDO”. Espera-se con-
tar com o apoio das diferentes instâncias governamentais,
através de seus Ministérios e Secretarias do Estado, para
juntos superarmos as barreiras para o desenvolvimento lo-
cal integrado e sustentado”.
Desde então, os administradores têm enviado esforços
para o desenvolvimento responsável dos municípios, res-
peitando a lei de proteção aos mananciais.

4.6. – TRANSPORTES
Excelência Logística
O município de Itaquaquecetuba é ponto estratégico

161
Quanto a recém chegada do Rodoanel, a
municipali- dade espera se beneficiar dessa obra viária 4.7. – ECONOMIA
sob o ponto de vista econômico na medida em que, 4.7.1 - PANORAMA INDUSTRIAL
atraídas pela sua ex- celência logística, novas empresas Itaquaquecetuba possui forte vocação industrial, sen-
venham a se instalar no município, gerando riquezas, do que hoje há cerca de 800 indústrias, devidamente insta-
criando novos postos de tra- balho e, ladas, segundo o setor de cadastro da prefeitura. Há
consequentemente, maior capital de giro a ser in- um grande aumento do setor de serviços, sendo que, o
vestido na cidade. Além disso, acredita-se que o setor industrial ainda é o que mais emprega no município.
Rodoanel tenha diminuído o fluxo de caminhões que, A indústria local possui grande potencial, porém, en-
diariamente, utilizavam as nossas ruas, avenidas e frenta dificuldades comuns ao setor em todo o país no que
estradas para acessar as rodovias (a Ayrton Senna e a se refere à regulamentação de documentos que permitam
Dutra, por exemplo) – este fato, certamente contribuirá maior facilidade de acesso aos créditos e parcerias, mui-
para uma maior conservação das vias municipais. tas vezes devido à legislação tributária vigente (fazendária,
Os pontos positivos são: facilidade de escoamento trabalhista, previdenciária etc.) que se alteram constante-
dos produtos, desvio do trânsito pesado e intenso de mente.
cami- nhões em vias municipais, atrativo logístico para Um dos principais desafios a serem enfrentados pelo
implanta- ção de novas empresas. Poder Público Municipal dar-se-á pela falta da disponibi-
Finalmente, Itaquaquecetuba é servida pela Linha- lidade de grandes áreas para o recebimento de empresas
12 da CPTM (Companhia Paulista de Trens de grande porte, melhoria da infraestrutura geral, fomento
Metropolitanos), cujas estações são Aracaré, tecnológico e formação da mão-de-obra da cidade. Porém,
Engenheiro Manuel Feio e Itaquaquecetuba, pela no momento, a principal medida para a atração de novas
Rodovia SP-66, antiga Estrada São Paulo-Rio e pela empresas tem sido a desburocratização dos trâmites (den-
Rodovia Ayrton Senna. As linhas de ônibus municipais tro das limitações impostas pelas leis) e o atendimento per-
estão sob a concessão da empresa Júlio Simões. O sonalizado (um a um) dos empresários.
município também é servido pelas linhas Os principais polos industriais da cidade são os loca-
intermunicipais da EMTU-SP (Empresa Metropolitana lizados nos bairros do Corredor (que recebe o nome de
de Transportes Urba- nos), pelo Consórcio Unileste, que Parque Industrial e é fruto de uma política pública realiza-
cortam os municípios de Ferras de Vasconcelos, Arujá, da no passado, no sentido de desapropriar grandes áreas
Guararema, Guarulhos, Mogi das Cruzes, Poá, Santa para a instalação de empresas na cidade) e 5ª da Boa Vista
Isabel, São Paulo e Suzano e MRS Logística –
Transporte de Cargas.

162
(projetado para lotes industriais menores, sem uma política pública específica). Ambos existem há cerca de 40 e 25 anos,
respectivamente, e possuem empresas de pequeno e médio porte e já não há grandes espaços a serem ocupados por
novas empresas nestas localidades.

4.7.2 - VOCAÇÕES DO MUNICÍPIO


Indústrias no ramo de: metalúrgicas em aço, ferro e alumínio, plásticos, alimentos, químicas, calderarias, autopeças/
automotiva, vestuário, equipamentos hidráulicos, gráficas, minério, entre outros localizadas nos bairros: Parque Industrial,
Quinta da Boa Vista, Jardim Caiuby, Corredor, Aracaré, Marengo, Jardim Maragogipe, Rio Abaixo e Monte Belo).
E comércios no ramo de: restaurantes, pizzarias, hotéis, feira, hipermercados, vestuário/calçado, farmácias, bancos,
armarinhos, entre outros localizados nos bairros: Centro, Jardim Odete, Vila São Carlos, Jardim Caiuby, Vila Virgínia, Monte
Belo, entre outros.

4.7.3 - QUANTO À EMPREGABILIDADE

A administração pública enfrenta um grande desafio frente aos problemas decorrentes da ocupação desordenada do
município, do crescimento do desemprego e do alto grau de carência.
Com base em dados do Setor do Bolsa Família da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social de Itaquaquecetuba,
no mês de Junho de 2015, apontou 17.060 famílias com perfil do Programa Bolsa Família no município que receberam o
benefício, entretanto, com os esforços da Administração Municipal, com uma gestão pública voltada ao desenvolvimento
da população, esse quadro vem se transformando.

4.7.4 - LAZER E CULTURA


O município de Itaquaquecetuba dispõe de várias opções de lazer e cultura, entre elas o Parque Ecológico, a Igreja
Nossa Senhora D’ajuda, Museu e Festas Religiosas.
O Parque Ecológico Municipal de Itaquaquecetuba foi criado na década de 1990, pela Prefeitura Municipal de Itaqua-
quecetuba numa área de aproximadamente 200.000 m2, próximo a uns 250m de distância da estação de trens da CPTM.
O local costuma ser utilizado pelo público para caminhada, corrida e passeios de bicicleta. E, nos quiosques espalhados
no local costumam fazer pic-nic.
A Igreja Nossa Senhora D’Ajuda, construída em 1624, é tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Ar-
queológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), conforme Resolução SC-16 de 31 de março de 2014,
publicada no DOE de 1º de Abril de 2014, ponto turístico que traduz parte do início da fundação da cidade.
O Museu Municipal de Itaquaquecetuba “Ângelo Guglielmo”, localizado na Praça Padre João Alvares, é um espaço
desti- nado à inúmeras exposições de artes de gêneros distintos, além de possuir um acervo em sua reserva técnica com
peças e fotografias doadas pela população que reconstituem o passado e contam através destes fragmentos a história
de Itaqua- quecetuba.
Por outro lado, na parte da cultura imaterial a cidade dispõe da “Dança de Santa Cruz”, hoje praticamente inexistente,
mas a manifestação perdurou desde a fundação de Itaquaquecetuba, na segunda metade do século XVI, por volta da dé-
cada de 1560, proveniente de um aldeamento de índios guaianá oriundos dos então nascentes vilarejos de Carapicuíba e
Guarapiranga, estes pertencentes ao cinturão jesuítico, formado no entorno da São Paulo de Piratininga.
De origem Jesuíta portuguesa, a Dança de Santa Cruz, é comemorada na noite de 2 para 3 de maio, perpetuada no
bojo das tradições folclóricas católicas romana, a manifestação trazida nas bagagens portuguesas, consiste numa reza
e canto seguida de dança em frente ao cruzeiro a “Santa Cruz”. Elemento litúrgico por excelência o canto fundiu-se com
as danças de roda indígena daí a marcação acentuada pelos pés dos dançantes, originando, portanto, a Dança de Santa
Cruz. A manifestação tem a sua gênese fincada nas missões jesuíticas, cujo objetivo era a catequização dos bugres e
perma- neceu quase que inalterada durante quatro séculos devido ao isolamento de Itaquaquecetuba, por não haver
estradas de acesso. O ritual da Dança de Santa Cruz consistia pela realização de uma missa solene no interior da igreja na
163
manhã do dia

2 de maio, precedida pelo badalar do sino. Após esse ato, em mais de 10.000 pessoas.
o festeiro responsável pela realização da festa, este geral-
mente pessoa de posses e de notável expressão político e
social da vila, era o responsável por levantar o mastro com
a bandeira de Santa Cruz, ao som da Banda de Música e da
salva de rojões na Praça Padre João Álvares, entre o Cruzei-
ro ou Santa Cruz e a Igreja Nossa Senhora D’Ajuda.
Durante o dia, na casa da festa era oferecido café com
farinha ou biscoitos para os que vinham de longe. Ao anoi-
tecer havia reza na igreja e os moradores da Vila compa-
reciam para participarem do ritual. Após a reza, o povo se
aglomerava em torno da Santa Cruz, para realização do
Dança propriamente dita.
Também localizado na seara da cultura imaterial, Ita-
quaquecetuba mantem o ‘Encontro de Tapete de “Corpus
Christi” – Tradição e Beleza’ da cidade de Itaquaquecetuba,
desde o ano de 1991, este realizado pela Secretaria Muni-
cipal de Cultura em parceria com a Secretaria Municipal de
Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação, tem como prin-
cipal objetivo resgatar a tradição do dia de “Corpus Christi”,
esta iniciada em 1274. No Brasil, a festa passou a integrar
o calendário religioso de Brasília, em 1961, quando uma
pequena procissão saiu da igreja de madeira de santo An-
tônio e seguiu até a Igrejinha de nossa Senhora de Fátima.
A tradição de enfeitar as ruas surgiu em Ouro Preto, cidade
histórica do interior de Minas Gerais.
Em Itaquaquecetuba a meta é estimular a população
a fim de que a comemoração pudesse ser passada de ge-
ração a geração sem ficar esquecida no tempo, através
da participação de alunos das instituições de ensino de
Itaquaquecetuba na confecção dos tapetes ornamentais,
além da população em geral.
O tapete é confeccionado no entorno da Praça Padre
João Álvares e as imediações das ruas centrais da cidade
como: rua: Capitão José Leite, Praça dos Expedicionários,
Avenida Emancipação, rua: Sebastião Ferreira dos Santos,
chegando a participar de forma direta, mais de 3.000 pes-
soas, incluindo alunos das redes oficiais de ensino muni-
cipal e estadual e comunidade local. E ainda um público
rotativo que ultrapassa a margem de 10.000 pessoas, pro-
movendo o desenvolvimento do turismo e comércio local.
Ainda localizada na cultura imaterial, na esfera da cul-
tura popular a cidade realiza a Festa do Peão Boiadeiro, que
inclusive faz parte do Calendário Turístico do Estado de
São Paulo, através da Lei 7.092, de 30 de Abril de 1991. O
evento iniciado no ano de 1989, chegando a atrair mais de
120.0 pessoas por dia na festa, que geralmente é rea-
lizado no mês de setembro, por conta do aniversário da
cidade, no dia ano do mês em questão, fato que estimula o
crescimento do turismo e comércio local.
Outro evento importante é o Desfile Cívico de 7 de Se-
tembro e Aniversário da Cidade, não há precisão quanto
a data de inicio dessas comemorações, mas é bem pro-
vável que remonte a emancipação política administrativa
do município no ano de 1953. O evento também estimula
o turismo e o comercio local e atrai anualmente, mais de
1.000 participantes do evento e público rotativo estimado
164
5. EDUCAÇÃO EM ITAQUAQUECETUBA Em 1983 foi criada através da Lei Municipal nº 784 de
5.1 - HISTÓRICO DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO 10 de fevereiro, a Secretaria Municipal de Educação e Cul-
tura. Corroborando com a referida lei, o município afirma,
Em 1953 Itaquaquecetuba foi elevada à condição através da Lei Orgânica de Itaquaquecetuba promulgada
de Município e suas escolas eram ainda de caráter em 03/04/92, no seu capítulo II “da competência do Muni-
precário. No final da década de 50 e início da década cípio” no caput XXIII, que ao município cabe “manter com
de 60, a vi- gência da Lei nº 4.024, primeira Lei de a cooperação técnica e financeira da União e do Estado,
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, trouxe programas de educação pré-escolar e de Ensino Funda-
avanços na distribuição dos recursos federais, mental”. Entretanto, na história da educação do Município,
beneficiando a implantação de ginásios orientados a preocupação com a causa educativa já estava delineada
para o trabalho e o atendimento a analfabetos com pela Constituição Federal de 1988 em seu artigo 214 e, em
mais de dez anos de idade. O Município passou então a 31 de março de 1983 com o Decreto nº 2.007.
contar com as escolas construídas pelo Estado: as O decreto, acima citado, dispôs sobre as creches mu-
antigas escolas primárias ou grupos escolares que nicipais e o Poder Público, usando de suas atribuições le-
também pas- saram a ser ginasiais, sendo dessa época gais, determinou através do Decreto-Lei Complementar
a Escola Primária Benedito Vieira de Mota, sob a Estadual nº 9, de 31 de dezembro de 1986, que as Creches
jurisdição da Delegacia de Ensino de São Paulo, Municipais serão representadas pela Assistência Social do
sediada na Escola Ramos Puigari, à qual estavam Município. A Educação Infantil, sob a supervisão da Secre-
agregadas as escolas isoladas e que eram fis- calizadas taria Municipal de Promoção Social passa a ser a primeira
uma vez por mês por supervisores enviados de São experiência de municipalização de ensino, sendo pioneiras
Paulo. A principal característica da cidade nessa época nesse trabalho a Creche Nossa Senhora D’Ajuda e a Creche
é a de ser cidade-dormitório, isto é, a maior parte da Rosalina Flora de Camargo. Em 1986 a Creche Clélia Mo-
popu- lação assalariada trabalhava fora do município neia Chapina também foi agregada ao Município através
retornando ao final do dia a seus lares. do Decreto nº2.506. Mas o passo para o regime de cola-
Somente a partir da década de 70, com a crescente boração entre o Estado e o Município já tinha sido previsto
industrialização do município, começou a ganhar pela lei Municipal nº898, de 16 de Agosto de 1985. Essa
corpo à reivindicação por mais escolas e isso se dá pela lei, em seu artigo 1º, “autoriza o Poder Executivo a celebrar
crescente população que chega à cidade em busca de convênio com o Estado de São Paulo, objetivando o desen-
emprego; a maioria constituída por migrantes de baixa volvimento de convênios e visando à integração entre o
renda e com grande índice de analfabetismo. Estado e o Município”.

165
Secretária Municipal de Edu- cação para
Secretária Municipal de Educação, Ciência,
Nesse sentido, vários projetos de construção Tecnologia e Inovação – SEMECTI
de prédios foram autorizados pela Lei Municipal Hoje o município possui várias instituições
nº912, de 21 de janeiro de 1995, que prevê em educacionais como seguem tabelas abaixo:
seu artigo 1º, o convênio entre o poder
Municipal e a Companhia Estadual de
Construções Escola- res – CONESP, com a
finalidade de executar obras de construção, BENEDITO BARBOSA DE MORAES PREF ESCOLA
ampliação e reforma de prédios escolares no
município, com as despesas decorrentes pagas MUNICIPAL
pelos recursos da CONESP; outras providências
foram sendo adotadas pelo Poder Legislativo e CLELIA MONEA CHAPINA CRECHE EM
Executivo Municipal com o objetivo de dar DURVALINA TEIXEIRA ROSA CRECHE EM
amparo e sustentação legal ao processo de
regularização da Muni- cipalização do Ensino, de MAMA DORA CRECHE EM
modo que, para dar suporte e efetivar a política
socioeducativa em questão, foi criada em 1995 a NOSSA SENHORA D AJUDA CRECHE EM
Lei nº 1.534, que dispôs sobre a criação de cargos
no Quadro de Pessoal Permanente (Q.P.P.) para ROSALINA FLORA DE CAMARGO CRECHE EM
suporte pedagógico nas unidades escolares SANTA CATARINA CRECHE EM
subordinadas à Secretaria Municipal de Educação
e Cultura. BAIRRO CIDADE NOVA LOUZADA EM

A Educação Infantil até 1990 era oferecida CICERO ANTONIO DE SA RAMALHO EM


em EMEI’s e constituída por algumas classes ISABEL ALVES DO PRADO ESCOLA MUNICIPAL
isoladas, em diversos bairros da cidade. Em 1991,
a Secretaria Municipal de Educação organizou a BENEDITO BARBOSA DOS SANTOS EM
Rede Municipal, solicitando autorização de
funciona- mento junto ao Conselho Estadual de ROBERTO MARINHO JORNALISTA EM
Educação, através da DRE-5 Leste – Mogi das JOAO GERALDO DOS SANTOS EM
Cruzes – à qual as escolas do Município estavam
subordinadas. O pedido de autorização foi PARQUE NOSSA SENHORA DAS GRACAS EM
enviado à Delegacia de Ensino através do Oficio nº
019/91, protocolado pela DRE-5 Leste – Mogi das MARIA CRISTINA DINIZ DE ALMEIDA PROFESSORA EM
Cruzes – em 05/03/92 e teve como bases legais a
Deliberação CEE 26/86 e a Deliberação CEE ADENOR BONIFACIO DA SILVA EM
11/87, com alterações. O processo de ANTONIO RODRIGUES GALLEGO VER EM
autorização se deu em nome da EMEI “João
Geraldo dos Santos” como escola-sede tendo 37 ROSELI APARECIDA MENDES PROFA EM
escolas-classes a ela vinculadas. As classes
referidas foram criadas através da Lei Municipal SANTINO HAYASHI AMANO ESCOLA MUNICIPAL
nº 1.265, de 26/04/91. Em setembro de 1991, foi
promulgada a Lei nº 1.287 de 11/09/91, que SANDRO EVANGELISTA PEREIRA ESCOLA PADRE
tratou da criação de outras escolas, aumentando MUNICIPAL
assim o oferecimento de vagas à população
Itaquaquecetubense. Depois, do processo de JARDIM ITAQUA EM DO
regulamentação da Municipali- zação, seguiram
as várias leis e etapas de ratificação da Rede JARDIM PAINEIRA EM DO
Municipal de Itaquaquecetuba.
OLIVIA APARECIDA S C GUGLIELMO PROFA EM
Em relação ao Ensino Infantil, a partir de VILA ZEFERINA II EM
1995, com a Secretaria de Educação e Cultura
mais organizada, teve início no município, com o VICENTE LEPORACE CENTRO DE ATENDIMENTO EDUC
amparo da Lei nº 1.580, de 10 de novembro de
1995, dentro das atribuições legais, a ESPECIALIZADO
consolidação da educação infantil. O município JOSE DE FREITAS MENDONCA DR EM
teve a sua rede física estruturada na modalidade
infantil em prédios próprios, cedidos ou ORLANDO BENTO DA SILVA EM
alugados.
JURACI MARCHIONE VICE PREFEITO EM
Em 04, de junho de 2013, através da Lei PARQUE PIRATININGA EM
Complementar nº 215, houve a renomeação da
166
TELMA ARRIVETTI DO PRADO EM AUGUSTO DOS SANTOS VEREADOR EM
VIRGILIO MARINHO EM MARIA PIRES PARRA CRECHE EM
JARDIM NOVA ITAQUA EM JOAO MARQUES VEREADOR EM
PAULO ALEXANDRE MOSCA CINTRA CRECHE MARIA EMILIA MORAES DO NASCIMENTO PROFA EM
MUNICIPAL CLARINDA DA CONCEICAO EM
NICOLINO FAUSTINO DE SOUZA EM BENEDITO VIEIRA DA MOTA EM
PAULO NUNES PROF EM ITALO ADAMI EM
ALCEU MAGALHAES COUTINHO EM LEOLINO DOS SANTOS VEREADOR EM
CHARLES HENRY TAYLER TOWSENDO DR EM JOAQUIM PERPETUO EM
GENTIL DE MORAES PASSOS PREF EM MICHEL ALVES DE SOUZA PROF EM
MARIA EULALIA NOBRE BORGES PROFA EM CHIOZO KITAKAWA ENGENHEIRO EM
SHOZAYEMON SETOKUCHI EM JOSE MARINHO FERREIRA ESCOLA MUNICIPAL
RUI ALBERTO PESTANA HENRIQUES PROF EM NATALIO ROBERTO ANDREOTTI CRECHE MUNICIPAL
AURELINO LEAL PROF EM EMILIO ROBERTO RADIANTE ONOFRIO CRECHE
FLORO DA SILVA ESCOLA MUNICIPAL JOSE PIACENTINI ESCOLA MUNICIPAL
ALFREDO GONCALVES FERREIRA DA SILVA VICE- ARISTIDES JACOB ALVARES DR ESCOLA MUNICIPAL
PREFEITO EM AGOSTINHO PEREIRA BAHIA CRECHE MUNICIPAL
ANTONIA CICONE DONA EM VILLAGE EM
MONTEIRO LOBATO CEI ROSALIA NEIRA BARREIRA CRECHE MUNICIPAL
BAIRRO DO PINHEIRINHO EM

A rede municipal de educação oferta Transporte sobre o qual o ensino deve


Escolar: para alunos que frequentam as Salas ser ministrado.
Multidisciplinar no âmbi- to educacional A Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB n.
Atendimento Educacional Especializado - AEE e na 9394/96 estabelece como princípio para gestão
rede regular de ensino nas modalidades Educação democrática:
infan- til, Ensino Fundamental e Educação de Jovens Art.3º. – O ensino será ministrado com base nos
e Adultos – EJA, visando melhor condições para o seguintes princípios; VIII – Gestão Democrática do
desenvolvimento integral das crianças, adolescentes ensino público na forma desta Lei e da legislação dos
e jovens com deficiência intelectual e múltipla. sistemas de ensino; Art. 15º. Os sistemas de ensino
assegurarão às unidades escolares públicas de
5.2. – GESTÃO DEMOCRATICA educação básica que os integram progressivos graus
De acordo com Gadotti (2014, p.1) a gestão de autonomia pedagógica e administrativa e de
democrática não é só um princípio pedagógico. É gestão financeira, observadas as normas gerais de
também um preceito constitucional. O parágrafo direito financeiro público.
único do artigo primeiro da Constituição Federal de No entanto, cabe aos sistemas de ensino,
1988 estabelece como cláusula pétrea que “todo o definirem as normas da gestão democrática do
poder emana do povo, que o exerce por meio de ensino público na educação
representantes eleitos ou diretamente”, consagrando básica, de acordo com as suas peculiaridades e
uma nova ordem jurídica e política no país com base conforme os seguintes princípios:
em dois pilares: a democracia representativa a) participação dos profissionais da educação na
(indireta) e a democracia participa- tiva (direta), elaboração do projeto político pedagógico da
entendendo a participação social e popular como escola;
princípio inerente à democracia. b) participação da comunidade escolar e local em
A Constituição Federal em seu artigo 206 conselhos escolares ou equivalentes.
apresenta a Gestão Democrática como princípio Baseados na legislação que aponta a gestão
167
democrática como princípio para a representação e a
participação popular, a educação municipal, trabalha
em conjunto com os pares, através de diversos
conselhos, entre eles destacaremos dois que seguem:
Conselho de Acompanhamento e Controle Social do
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e Valorização dos profissionais da
Educação – FUNDEB (Lei n.º 2498/ 2007).
De acordo com o Ministério da Educação (MEC)
juntamente com Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE), o Conselho
de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb é
um colegiado que tem como função principal
acompanhar e controlar a distribuição, a
transferência e a aplicação dos recursos do Fundo, no
âmbito das esferas munici- pal, estadual e federal. O
conselho não é uma unidade administrativa do
governo. Assim, sua ação deve ser independente e,
ao mesmo tempo, harmônica com os órgãos da
administração pública local, assim, nos apresentam as
atribuições deste referido conselho:
· Acompanhar e controlar a distribuição, a
transferência e a aplicação dos recursos do Fundeb;
· Supervisionar a elaboração da proposta
orçamentária anual, no âmbito de suas respectivas
esferas governamentais de atuação;
· Supervisionar a realização do censo escolar anual;

• Instruir, com parecer, as prestações de contas a


serem apresentadas ao respectivo Tribunal de Contas.
O parecer deve ser apresentado ao Poder Executivo
respectivo em até 30 dias antes do vencimento do
prazo para apresentação da pres- tação de contas ao
Tribunal; e
· Acompanhar e controlar a execução dos
recursos federais transferidos à conta do Programa
Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar e do
Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para
Atendimento à Educação de Jovens e Adultos,
verificando os registros contábeis e os
demonstrativos gerenciais relativos aos recursos
repassados, responsabilizando-se pelo recebimento
e análise da prestação de contas desses programas,
encaminhando ao FNDE o demonstrativo sintético
anual da execução físico-financeira, acompanhado de
parecer conclusivo, e notificar o órgão executor dos
programas e o FNDE quando houver ocorrência de
eventuais irregularidades na utilização dos recursos.
E o Conselho Municipal de
Educação que de acordo com o
Art.5º da Lei nº 2891, de 07 de abril
de 2011: São atribuições do
“Conselho Municipal de Educação”:
I - fixar diretrizes para a organização do Sistema
Municipal de Educação;
II - zelar pelo cumprimento das disposições
constitucionais, legais e normativas em matéria de
educação;

168
III - exercer, por delegação do Secretário Municipal de lia. Após a constituição, deu-se início ao processo de ela-
Educação, competências próprias do Poder Público Muni- boração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
cipal, em matéria educacional; Lei nº 9394/96 (BRASIL 1996) em que a Educação Infantil
IV - assistir e orientar os Poderes Públicos na condução foi inserida na Educação Básica, juntamente com o Ensino
dos assuntos educacionais do Município; Fundamental, tornando-se uma grande conquista.
V - opinar sobre assuntos educacionais quando solici- Destaca-se como outro ganho para esta modalidade
tado pelo Poder Público; de ensino a Política Nacional da educação Infantil (BRASIL,
VI - manifestar-se sobre alterações propostas ao Esta- 2006), que agrupou itens como: acesso a educação infantil
tuto do Magistério Municipal; para crianças de zero a seis anos; participação dos profis-
VII - emitir pareceres sobre assuntos educacionais e sionais na elaboração da proposta pedagógica; formação
questões de natureza pedagógicas que lhe forem submeti- continuada; ampliação de recursos orçamentários; amplia-
das pelo Executivo ou Legislativas Municipais e por entida- ção de infraestrutura e outros.
des de âmbito Municipal; No entanto dentre todas as conquistas mencionadas
VIII - exercer outras atribuições previstas na legislação a de maior relevância foi a elaboração das Diretrizes Curri-
federal ou municipal. culares para a Educação Infantil (BRASIL, 2009). Essas dire-
Salientamos também que no Município de Itaquaque- trizes , segundo o Conselho Nacional de Educação (CNE),
cetuba, a gestão democrática da educação básica das es- orientam as instituições de educação infantil do país no
colas esta amparada pela legislação federal, como também que se refere à organização; articulação; desenvolvimento
pela Lei Complementar Municipal de n.54/2001, em seu e avaliação de suas propostas pedagógicas.
artigo 48 que diz: É fato que todos esses dispositivos legais que temos
“É princípio de gestão democrática de Escola Pú- hoje são resultados de um amplo processo de debate po-
blica no Município de Itaquaquecetuba, a gestão demo- lítico. Assim, além das leis e diretrizes, há muitas perspec-
crática do ensino, na seguinte conformidade. § 1º A gestão tivas discutindo a valorização da educação infantil e seus
democrática a que se refere o caput será exercida através profissionais, dentre os quais pode ser citado o Movimento
do Conselho de Escola. § 2º O Conselho de Escola, de na- Interfóruns de Educação Infantil, cujo objetivo principal é
tureza deliberativa, eleito anualmente durante o primeiro divulgar para a sociedade uma concepção de ensino com-
ames letivo, presidido pelo Diretor da Escola, terá um total prometida com os direitos fundamentais da criança, prin-
mínimo de 20 (vinte) e máximo de 40 (quarenta) compo- cipalmente, ao dar importância para os primeiros anos de
nentes, fixado sempre proporcionalmente ao número de desenvolvimento do ser humano.
classes do estabelecimento de ensino. § 3º A composição
Refletir sobre estas ressignificações, isto é, dar outro
a que se refere o parágrafo segundo do presente artigo
significado a educação infantil para além do assistencialis-
obedecerá à seguinte proporcionalidade: I - 40% (quarenta
mo, implicou em mudanças que resultaram em mobiliza-
por cento) de docentes; II - 5% (cinco por cento) perten-
ção de educadores em torno da preposição de um currí-
centes às Classes de Especialistas de Educação de que trata
culo construído para essa modalidade de ensino, cujas dis-
o artigo 4º, 2, alíneas “a”, “b” e “c”; III - 5% (cinco por cento)
cussões têm considerado perspectivas históricas e sociais.
dos demais funcionários; IV - 25% (vinte e cinco por cento)
Segundo Marques (2008) as transformações que ocor-
de pais de alunos V - 25% (vinte e cinco por cento) de alu-
rem nos últimos 20 anos, conduziram ao surgimento de
nos que possuam plena capacidade civil, de modo que, na
hipótese de não existem na escola alunos que atendam ao novos movimentos sociais que asseguram uma interposi-
requisito estabelecido no presente inciso ou na hipótese ção entre a subjetividade sobre a cidadania, visando o au-
em que o número de alunos que atenda seja insuficiente mento dos campos: pessoal, social e cultural, representan-
para que se atinja o percentual estabelecido no presente do diferentes grupos sociais.
inciso, o número de vagas destinado aos alunos será distri- Neste contexto, se apresenta o Plano Municipal de
buído de forma que seja mantida a razão de proporcionali- Educação de Itaquaquecetuba para a Educação Infantil,
dade entre as demais categorias. § 4º Os componentes do com vista a compreender quais são as concepções de ser
Conselho da Escola serão escolhidos entre os seus pares, criança e de currículo para essa faixa etária no município.
mediante processo eletivo que será realizado nos moldes Na perspectiva da construção de uma efetiva identida-
do regimento eleitoral a ser elaborado pelo próprio Conse- de desta modalidade de ensino no Brasil, cada Estado e/
lho, sendo sempre garantido o voto direto secreto. ou Município possuem políticas públicas e história própria,
influenciadas pelas suas vivências e concepções a respeito
5.3 - EDUCAÇÃO INFANTIL do atendimento das crianças de zero a seis anos, primeira
No que se diz respeito à Educação Infantil, existem vá- etapa da educação básica.
rios dispositivos legais que promulgaram a Educação Brasi- Ressalta-se que a reflexão sobre políticas públicas,
leira, pode-se afirmar que um dos momentos importantes bem como a elaboração de uma proposta pedagógica que
que conferiu um novo foco à infância ocorreu após a Cons- priorize as especificidades da infância parte importante da
tituição Federal de 1998 (BRASIL, 1998). formação do indivíduo, se faz necessária para que a educa-
A partir desse instante, a criança passou a ser sujeito de ção infantil não fique alicerçada somente em concepções
direito e não apenas objeto de tutela, e lhe foi garantido a assistencialistas, ou sendo propedêutica do ensino funda-
educação como direito social e dever do Estado e da Famí- mental.

169
O currículo deve contemplar e garantir como objetivo • Classificação em qualquer ano ou etapa, exceto no
a indissociabilidade entre o educar e cuidar das crianças de primeiro do ensino fundamental; pode ser feita por pro-
zero a seis anos, proporcionando a ela condições adequa- moção para alunos que cursaram, com aproveitamento, o
das para o bem estar e o desenvolvimento em seus aspec- ano ou fase anterior na própria escola; por transferência,
tos cognitivos, sócio afetivos e psicomotores mediante a para candidatos procedentes de outras escolas. Há ainda
oportunidade de experiências e estímulos vivenciados na possibilidade de reclassificação dos alunos na própria
escola e comunidade. Deve também haver integração en- escola por solicitação dos pais, proposta apresentada
tre o ensino da educação infantil e do ensino fundamental, por professor, e parecer do Conselho de Classe; devendo
estimulando a alfabetização por meio de atividades lúdicas ser realizada no primeiro bimestre ou quando transferido,
preparando os alunos para a transição. a qualquer tempo, desde que requeira.
A proposta pedagógica deve considerar o pleno de- É direito subjetivo dos pais matricularem seus filhos em
senvolvimento da criança. Não se trata de transmitir uma escola próxima da residência aos 06 (seis) anos de idade no
cultura considerada pronta, mas de oferecer condições primeiro ano.
de se apropriar de determinadas aprendizagens, propor- As instituições de ensino dos diferentes níveis classifi-
cionando o desenvolvimento de formas de agir, sentir e cam-se nas categorias de públicas e privadas:
pensar. • Públicas - quando mantidas e administradas pelo Po-
Barbosa (2006) destaca que o currículo faz parte das der Público;
propostas para o trabalho na educação infantil, e se trata • Privadas - quando mantidas e administradas por
de um projeto em crescimento e construção, mas para ser pessoas físicas ou jurídicas de direito privado e podem se
efetivamente elaborado, implantado e seguido é necessá- enquadrar nas categorias particular, comunitárias, confes-
rio estabelecer conceitos em relação ao que e como traba- sionais e filantrópicas. (artigo 20 da LDBEN).
lhar nesta primeira etapa da escolarização.
O município de Itaquaquecetuba estabelece no Regi- O ensino fundamental é obrigatório para crianças e jo-
mento comum das Escolas Municipais e na Proposta Curri- vens com idade entre 6 e 14 anos. Essa etapa da educação
cular a organização da educação Infantil e o que deverá ser básica deve desenvolver a capacidade de aprendizado do
desenvolvido em cada faixa etária. aluno, por meio do domínio da leitura, escrita e do cálculo,
Atualmente 47% das crianças na faixa etária de zero além de compreender o ambiente natural e social, o siste-
a três anos, idade da creche, são atendidas em 14 creches ma político, a tecnologia, as artes e os valores básicos da
municipais e 21 comunitárias, sendo um total de 3240 alu- sociedade e da família.
nos. Quanto as crianças de quatro a seis anos, idade pré A Lei nº 11.114 determinou, a partir de 2005, a dura-
-escolar, o atendimento atinge 100%, estas são atendidas ção de nove anos para o ensino fundamental, desta forma
em 15 unidades de educação infantil, uma creche muni- iniciando aos 06 (seis) anos de idade no 1º(primeiro) ano e
cipal e 28 unidades de ensino fundamental que possuem concluindo aos 14(quatorze) anos de idade no 9º ano.
classes de educação infantil, totalizando 8.402 alunos. Ao longo desse percurso, crianças e adolescentes de-
vem receber a formação comum indispensável para o exer-
5.4 - ENSINO FUNDAMENTAL cício da cidadania, como aponta a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional. Também é um objetivo da educação
Até a mudança na Constituição, a única fase escolar
básica fornecer os meios para que os estudantes progri-
obrigatória era o ensino fundamental (para estudantes en-
dam em estudos posteriores, sejam eles no ensino superior
tre os 06 (seis) e 14 (quatorze) anos. Também é dever do
ou em outras modalidades educativas.
Estado oferecer o ensino fundamental de forma gratuita e
Apesar da correlação existente entre a idade dos alu-
universal. A obrigatoriedade do ensino fundamental tam-
nos e o nível e as modalidades de ensino, as leis e regula-
bém implica reconhecê-lo como a formação mínima que
mentos educacionais garantem o direito de todo cidadão
deve ser garantida a todos os brasileiros, de qualquer ida-
frequentar a escola regular em qualquer idade. No entanto,
de. Em sua conclusão, o estudante deve dominar a leitura, também é uma obrigação do Estado garantir os meios para
a escrita e o cálculo. Outro objetivo desta etapa é desen- que os jovens e adultos, que não tenham frequentado a
volver a capacidade de compreender o ambiente natural e escola na idade adequada, possam acelerar seus estudos e
social, o sistema político, a tecnologia, as artes e os valores alcançar formação equivalente à educação básica.
básicos da sociedade e da família. Conforme dispõe o Art. 32 da Lei de Diretrizes e Bases
O Ensino Fundamental primeira etapa da educação bá- da Educação Nacional:
sica, traz em sua denominação um diferencial na educação “O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9
escolar, por ofertar condições para o desenvolvimento ple- (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6
no do ser humano em seu aspectos afetivo, físico, social e (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do
cognitivo. Sendo organizado de acordo com as seguintes cidadão, mediante: I - o desenvolvimento da capacidade de
regras comuns: aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da
• Carga horária mínima anual de oitocentas horas, dis- leitura, da escrita e do cálculo; II - a compreensão do am-
tribuído por um mínimo de duzentos dias de efetivo traba- biente natural e social, do sistema político, da tecnologia,
lho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
quando houver; III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,

170
tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades A PROPOSTA CURRICULAR DE EDUCAÇÃO EM TEMPO
e a formação de atitudes e valores; IV - o fortalecimento INTEGRAL por estar amparada em ideais de uma Gestão
dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana Democrática, foi de extrema importância garantir a repre-
e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. sentatividade de todos os profissionais que atuam na es-
Atualmente, 100% das crianças na faixa etária que cola, para que a Proposta Curricular de Educação em Tem-
compreende do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, são po Integral, em sua versão final, contemplasse o olhar e
atendidas nas 38 unidades escolares municipais, sendo a contribuição de cada um daqueles que compõem essa
dessas, 4 (quatro) em período integral, totalizando 25.975 complexa instituição chamada escola.
alunos matriculados. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),
determina a obrigatoriedade do ensino fundamental gra-
5.5 - EDUCAÇÃO INTEGRAL tuito e o aumento progressivo da jornada escolar para o
A primeira unidade escolar de educação em tempo regime de tempo integral (artigos 34 e 87): “A jornada es-
integral da rede municipal de Itaquaquecetuba foi criada colar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro
pela Lei Municipal nº 1893 de 03 de Setembro de 1999, horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progres-
com o nome de Escola Municipal do Parque Ecológico em
sivamente ampliado o período de permanência na escola
atendimento à Lei Federal nº 9795 de 27 de Abril de 1999,
por no mínimo sete horas por dia em 200 dias letivos. § 2º.
inicialmente criada para o desenvolvimento de Educação
O ensino fundamental será ministrado progressivamente
Ambiental.
No ano de 2007 a Escola Municipal do Parque Ecológi- em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino”; ao
co de Itaquaquecetuba passou a ser denominada de Esco- mesmo tempo que reconhece e valoriza iniciativas de insti-
la Municipal Vereador Augusto dos Santos, através da Lei tuições que desenvolvem, em conjunto com as escolas, ex-
Municipal n° 2505 de 8 de Março de 2007. Nesta ocasião periências extraescolares e também o Estatuto da Criança e
as atividades propostas na escola foram oferecidas em ofi- do Adolescente (ECA, julho de 1990) que enfatiza de forma
cinas a serem realizadas no contra turno escolar. Nos anos exemplar o direito da criança e do adolescente à proteção
que se seguiram houve um grande engajamento no intuito e desenvolvimento integral.
de expandir o número de escolas, como forma de possibi- Educação integral pressupõe um conjunto de fatores
litar diferentes situações de aprendizagens a um número que reorganizam tempo, espaços e conteúdos no intuito
cada vez maior de crianças. Nessa caminhada outras três de contribuir com o desenvolvimento dos alunos em sua
unidades escolares em tempo integral foram compondo totalidade, ou seja: total, inteiro e global. O tempo é um
a rede municipal de escolas, sendo elas: Escola Municipal dos elementos que compõem a educação integral, porém
Prefeito Benedito Barbosa de Moraes; Escola Municipal não se resume a estender a jornada do aluno na escola.
Village e Escola Municipal Vice-Prefeito Alfredo Gonçalves Educação integral vai muito além das limitações de tempo
Ferreira da Silva. e de carga horária da escola, é preciso articular aspectos
Ao longo de toda essa trajetória as escolas foram or- como: espaços diferenciados internos ou externos a escola,
ganizando suas propostas de trabalho levando em con- práticas pedagógicas inovadoras, oportunidades diversas
sideração o Projeto Político Pedagógico das unidades, as de exploração dos ambientes, entre outros fatores.
relações estabelecidas entre a gestão escolar, o corpo do- A educação em tempo integral oferece aos alunos
cente, funcionários, responsáveis pelos alunos e comunida- possibilidades e oportunidades de crescimento intelectual
de do entorno. Além disto, a percepção dos profissionais e humano, onde o conhecimento não fica limitado apenas
atuantes em cada escola de educação em tempo integral ao escolar, ele é relacionado com os aspectos da vida, tor-
foi de fundamental importância na condução da rotina de na-se assim, significativo e prevendo atividades articuladas
trabalho e nas atividades e oficinas propostas em cada uni- com os conteúdos trabalhos na Base Nacional Comum do
dade escolar. Com o amadurecimento das práticas desses
Ensino Fundamental e sua parte diversificada. Dessa ma-
profissionais, em sua maioria professores, foram surgindo
neira, evitando-se a fragmentação dos conhecimentos pro-
aspectos e considerações sobre os documentos em âmbito
postos aos educandos, proporcionando a todos uma visão
municipal, que orientassem e subsidiassem as discussões
nas escolas. de que a escola é uma só, seja ela no período do núcleo
Em diferentes momentos estas reflexões ocuparam os regular de ensino ou nas ações desenvolvidas nas oficinas
espaços de debate da Secretaria Municipal de Educação de temáticas.
Itaquaquecetuba. Com base nos apontamentos erguidos Entende-se por oficina temática as ações desenvolvi-
pelos professores e gestores das unidades escolares de pe- das em torno do tema denominado à oficina que favore-
ríodo integral, a Secretaria Municipal de Educação iniciou o çam a articulação e a integração entre todas as áreas do
processo de discussão e construção da Proposta Curricular conhecimento e a experiência educativa que acontecem a
das Escolas em Tempo Integral do Município de Itaqua- partir da escola, de maneira a favorecer o diálogo entre os
quecetuba. Esse foi um processo de constante revisão e diversos agentes e as diferentes ações voltadas à educação
adequação do documento. Houve momentos nos quais a em tempo integral, dando significado aos conhecimentos
secretaria possibilitou que diferentes atores da escola, den- que vão se produzindo nos espaços da escola, bairro, co-
tre eles professores, gestores e técnicos, pudessem colocar munidade, cidade etc, na busca de uma leitura de mundo
os aspectos que considerassem essenciais na construção de corpo inteiro, na formação integral e democrática des-
deste documento. ses cidadãos.

171
Atualmente, o município de Itaquaquecetuba, conta Assim sendo, faz-se necessário uma ampla discussão
com quatro escolas integrais que atendem 1400 (mil qua- acerca da resolução do problema do analfabetismo, este
trocentos alunos) no contra turno escolar, sendo elas: que não se esgota na oferta de cursos de educação básica
• Village, localizada no bairro Parque Residencial Villa- para adultos, de modo a articular a qualidade no processo
ge, sito a Estrada dos Índios, 2.300 com 234 alunos matricu- de ensino aprendizagem versus à quantidade.
lados, 25 docentes, 37 funcionários; No Brasil as iniciativas oficiais na área datam de 1870,
• Vereador Augusto, localizada no bairro Estação, sito a quando são implantadas as “escolas noturnas” para adul-
Rua Cabrália Paulista s/nº com 515 alunos matriculados, 49 tos. Por volta de 1930 passam a receber a designação de
“cursos populares noturnos”, sendo extintos pela ditadura
docentes, 70 funcionários;
de Vargas em 1935.
• Pref. Benedito Barbosa de Moraes , localizada no bair-
Com o processo de redemocratização do país, a partir
ro Vila São Carlos, sito a Rua Tacantins, 313 com 365 alunos de 1943 tem início um processo de mobilização em torno
matriculados, 34 docentes, 44 funcionários, e da educação de adultos (Paiva, 1973), intensificado com
• Vice-Pref. Alfredo, localizada no bairro Jardim Itapuã, o posicionamento da UNESCO em favor da “educação de
sito a Diogo Antônio Feijó, 71 com 287 alunos matriculados, massas” que, como destaca Beisiegel (1974), rompeu com
32 docentes, 36 funcionários. a orientação até então predominante que buscava consti-
Além das quatro unidades escolares integrais, acima ci- tuir uma rede oficial de ensino primário supletivo por meio
tadas, 25 (vinte e cinco) escolas regulares foram contempla- do aproveitamento de recursos materiais e humanos das
das pelo Programa Mais Educação, instituído pela Portaria redes estaduais e municipais.
Interministerial nº 17/2007 e regulamentado pelo Decreto Em 1947 o Ministério da Educação e Saúde criou o Ser-
7.083/10, que constitui-se como estratégia do Ministério da viço de Educação de Adultos que, no mesmo ano, lançou
Educação para induzir a ampliação da jornada escolar e a a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos, que
organização curricular na perspectiva da Educação Integral. previa a implantação de projetos educacionais voltados
para o desenvolvimento comunitário de núcleos urbanos
Sendo assim, o munícipio de Itaquaquecetuba oferece Edu-
no interior do país.
cação em Tempo Integral em 29 unidades escolares para Nessa mesma direção foram criadas a Campanha Na-
3.960 alunos no ano de 2015. cional de Educação Rural (criada em 1952 e extinta em
1953), a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabe-
5.6 - EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) tismo (criada em 1958 e extinta em 1963), a Mobilização
A educação básica para adultos é aquela que se destina Nacional Contra o Analfabetismo e o Programa de Emer-
àqueles que não tiveram acesso ao processo de escolari- gência (ambos criados entre 1962 e 1963 e extintos pouco
zação em idade própria ou que o tiveram de forma insufi- depois) com outros, nos quais a educação de adultos foi
ciente. utilizada como instrumento de sedimentação ou recompo-
Desde a primeira Constituição brasileira promulgada sição do poder político dos grupos dominantes, por meio
em 1823, já se estabelecia a obrigatoriedade da instrução de campanhas de duração limitada e qualidade absoluta-
primária gratuita, extensiva a todos os cidadãos. Esse direito mente duvidosa.
foi reafirmado na Declaração Universal dos Direitos Huma- Em março de 1963 foram extintas todas as campanhas.
Em contrapartida às ações patrocinadas pelo Estado, a
nos (1948), na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio-
partir da primeira metade da década de 1960, ocorreram
nal LDB Nº 9394/96, bem como garantida na Constituição alguns movimentos da sociedade civil cuja finalidade era
Federal de 1988: a de contribuir para a transformação social por meio da ati-
“Art. 208. O dever do Estado com a educação será efe- vidade educativa. Dentre eles se destacaram o Movimento
tivado mediante a garantia de: de Educação de Base (MEB), ligado a setores progressistas
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) da Igreja Católica; os Centros Populares de Cultura (CPC),
aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua que tiveram origem no Centro Popular de Cultura da União
oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso Nacional dos Estudantes e o Movimento de Cultura Popu-
na idade própria;” lar (MCP).
Historicamente, a dificuldade do acesso à escolarida- Sob a liderança de Paulo Freire, parte dos integrantes
de no sistema educacional brasileiro gerou um cenário de do MCP do Recife, ligados ao Serviço de Extensão da Uni-
exclusão às classes menos favorecidas economicamente, versidade Federal de Pernambuco, sistematizou um mé-
expressando na falta de oportunidades de acesso à escola todo de alfabetização para adultos que tinha como meta
central a conscientização dos educandos e que buscava
de grandes contingentes de crianças, e mais adiante, em
traduzir na prática educativa o compromisso político dos
elevados níveis de evasão e repetência. educadores com a transformação da sociedade brasileira.
Todavia, a massificação da educação brasileira a cida- O trabalho desenvolvido em Recife, Angicos, Mosso-
dãos já com nível de vivência, traz sérios e grandes desa- ró e João Pessoa foi considerado um sucesso e em 1963
fios a serem superados, pois esse processo de “produção” uma Comissão Nacional de Alfabetização (CNA) elaborou
do analfabetismo e do analfabetismo funcional só haverá um plano que previa a utilização das ideias de Paulo Freire
mudanças com condições sociais de igualdade e a garan- em aproximadamente 20.000 círculos de cultura em todo o
tia da educação básica de qualidade para crianças, jovens país. Entretanto, o golpe militar pôs fim em toda essa mo-
e adultos. bilização e em abril de 1964 o CNA foi extinto.

172
Em 1966 a União passou a prestar apoio financeiro buscando a realização dos ob- jetivos e metas
e político à Cruzada ABC (Ação Básica Cristã), estabelecidas no Plano Municipal de Educação de
administrada por protestantes e totalmente Itaquaquecetuba.
comprometida com a consolidação do regime. Na Para a consecução na educação do munícipio a
tentativa de anular os efeitos ideológicos dos modalidade de Educação de Jovens e Adultos, conta
movimentos anteriores, especialmente no Nordeste, as com onze unida- des escolares, estando matriculados
atividades da Cruzada eram financiadas pelo governo 526 alunos atualmente no período noturno.
militar e por entidades privadas tanto nacionais quanto Portanto, o grande desafio nessa modalidade é
estrangeiras. Gradativamente a Cruzada foi perdendo garantir a permanência dos alunos na escola, pois é
seu prestigio junto ao governo e acabou por se grande o número de jovens e adultos que iniciam os
extinguir progressivamente nos vários Estados entre estudos e abandonam no decorrer do ano letivo.
1970 e 1971. Entretanto, para reduzir a evasão a Secretaria Municipal
Em 15 de dezembro de 1967 foi criada a Fundação de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação, propõe
Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL). Para às escolas que o trabalho pedagógico deve ser
a ditadura militar o Mobral cumpria duas funções embasado na trajetória de vida do alunado,
interessantes: a preparação de mão de obra com um valorizando suas potencialidades e as transformações
mínimo de escolarização, que na época era requerida conquistadas ao longo do processo do ensino e da
pela “euforia” desenvolvimentista, e a constituição de aprendizagem.
uma organização que poderia se prestar em nível
federal, estadual e municipal aos seus objetivos de 5.7 - CRIAÇÃO DO PROGRAMA DE AVALIAÇÃO
manipulação ideológica. EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE
Com o fim da ditadura militar no país, inicia-se um ITAQUAQUECETUBA
período de conscientização perante a democracia, O Programa de Avaliação Educacional do
sendo conquis- tada com a promulgação da Município de Itaquaquecetuba – PAEMI, passa a fazer
Constituição Brasileira de 1988, na qual garante a parte da Organização do Sistema Municipal de Ensino
educação como um direito de todos e dever do Estado, de Itaquaquecetuba. Visa a articulação dos diferentes
em 1996, essa conquista é estabelecida na Lei de elementos que compõem os eixos avaliativos:
Diretrizes e Bases de Educação Nacional nº 9.394/96 aprendizagem dos alunos e formação continuada de
que prevê a educação de jovens e adultos para aqueles professores, podendo subsidiar o sistema educacional
que não tiveram acesso, ou não deram continuidade da rede Municipal, para assegurar o cumprimento da
aos estudos no Ensino Fundamental, sendo que para o melhoria na qualidade do ensino e aprendizagem
ingresso nessa modalidade a idade mínima exigida é ofertado pela Secre- taria Municipal de Educação ,
de 14 anos e meio. Ciência, Tecnologia e Inovação SEMECTI.
Na resolução CNE/CEB nº 1/2000, por sua vez, Com característica de indicador, o PAEMI partirá do
institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a princípio de uma educação democrática onde alunos,
Educação de Jovens e Adultos. Essas diretrizes são pais, pro- fessores, gestores, coordenadores e técnicos
obrigatórias tanto na oferta, quanto na estrutura dos da SEMECTI, possam apontar fragilidades e fortalecer
componentes da modalidade de edu- cação básica. aspectos positivos e negativos do Ensino Municipal,
Tais documentos embasam o município de por meio de avaliações, questionários, discussões e
Itaquaquecetuba, para estabelecer junto ao Regimento tomadas de decisões em fóruns e reu- niões de
Comum das Escolas Municipais e a Proposta Curricular conselhos, buscando um efetivo envolvimento dos
a organização do currículo da Educação de Jovens e responsáveis, como explicitado na Lei de Diretrizes e
Adultos. Bases - Lei 9394/96 | Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
Neste sentido, todo o olhar é voltado para a 1996, título II, Dos Princípios e Fins da Educação
importância em proporcionar uma educação de Nacional, art. 2º “A educação, dever da família e do
qualidade, visando o aco- lhimento desses alunos em Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos
um ambiente propício, oferecer alimentação e propor ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o
um trabalho pedagógico que contemple a necessidade pleno desenvolvimento do educando...” garantindo o
dos educandos. cumprimento de metas do Plano Nacional de
No município as classes são compostas por alunos Educação, referente ao período de alfabetização e
de idades e níveis de conhecimentos muito diferentes, progresso no Índice de Desenvolvimento da Educação
cabendo ao professor à tarefa de planejar e Básica.
desenvolver atividades estimulantes abrangendo a Os resultados obtidos nos últimos anos, pelo
todos. município de Itaquaquecetuba, principalmente em
Assim, para atender a toda a clientela que não relação ao Ideb - Ín- dice de desenvolvimento da
tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino Educação Básica, demonstram que medidas efetivas
Fundamental na idade própria, é imprescindível buscar são de extrema urgência. Uma reavalia- ção do sistema
parcerias em diferentes segmentos da comunidade, de ensino e a implantação de ações de um Programa
concebido, com processos que envolvam escolhas
173
técnicas, diagnósticos, correção de curso, instrumentalizando o acompanhamento e elevação da
investimentos de curto, médio e longo prazo, qualidade do ensino e aprendizagem ofertados pela
respaldando os Projetos Políticos Pedagógicos de cada rede, tornou-se imprescindível.
unidade escolar em consonância com as Diretrizes
Educacionais do Município e Matrizes de Referen- cia
das Avaliações ANA, Provinha Brasil e Prova Brasil,

Vejamos os dados oficiais obtidos pelo Município e suas metas para os próximos anos:

Como constatado na tabela apresentada, o Nacional 9.394/96 – Título II, art. 3º, que apresentam,
Município de Itaquaquecetuba vem realizando uma entre outros, os princípios de “I – Igualdade de
trajetória lenta, prin- cipalmente a partir do ano de condições para acesso e permanência na escola; e (...)
2009, apontando para emergência de ações IX – garantia de padrão de qualidade; educação
pedagógicas interventivas em todo o sistema escolar pública de qualidade deverá ser garantida
pelo Poder Público, mediante as ações
educacional.
governamentais dos Estados e Municípios, a fim de
Diante da problemática, o Programa de
que sejam efetivados os incisos educacionais nela
Avaliação Educacional, auxiliará no planejamento e
previstos.
utilização de estratégias focadas nas fragilidades de
O Governo do Estado apresenta sobre essa
cada unidade escolar, apontadas pelas avaliações
mesma lei, em seu capítulo II, art. 24, inciso V, que,
institucionais de larga escala em âmbito Mu- nicipal,
mediante ao fracasso escolar do aluno, haverá
formalizando uma política pública efetiva, garantindo
“possibilidade de aceleração de estudos para alunos
investimentos de forma coerente, assegurando
com atraso escolar” e “obrigatoriedade de estudos
devolutivas de bom aproveitamento e visando
de recuperação, de preferência paralelos ao período
crescimento na qualidade do ensino.
letivo, para os casos de baixo rendimento escolar”.
A disponibilização de um sistema informatizado
Deste ponto de vista, o Departamento de
para acompanhamento dos dados das avaliações em
Coordenadoria Pedagógica da SEMECTI, direcionará a
larga escala, divulgação, apropriação dos resultados
recuperação da apren- dizagem que deverá ser
assim como a análise dos mesmos, será ação
planejada de acordo com a realidade das unidades
indispensável para implantação do Paemi. A
escolares, aos alunos que apresentarem defasa- gem
utilização dos resultados das avaliações para
de aprendizagem, em contra turno e/ou oficinas de
definição de ações de intervenções pedagógicas por
aprendizagem, organizadas pelo corpo docente e
escolas e condução das decisões em rede,
equipe gestora das unidades escolares agrupando
estruturação de formação continuada de acordo com
alunos por necessidades de intervenção ou
as necessidades apontadas pelos diferentes etapas
diferentes áreas do conhecimento.
do Programa de Avaliação do Ensino Municipal,
estarão intimamente ligadas ao sistema 5.8 - EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA
informatizado, que alimentará a rede prontamente
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
com dados precisos, evitando a morosidade.
Sendo assim, faz-se necessário a reestruturação Atendendo a legislação da nova Política Nacional
do Departamento de Coordenadoria Pedagógica, de Educação Especial na perspectiva da Educação
com objetivo de atender as demandas de Formação e Inclusiva e que passa a orientar os Sistemas
Pesquisa, Avaliação e Estatística e Acompanhamento Educacionais para a organização dos serviços e
e monitoramento das atividades pedagógicas. recursos da Educação Especial de forma com-
Como parte do PAEMI, um Plano de Intervenção plementar ao Ensino Regular, como oferta
Pedagógica, reflexões, planejamentos, ações e obrigatória e de responsabilidade dos Sistemas de
materiais de apoio ela- borados por cada unidade Ensino, assim, o Município de Itaquaquecetuba se
escolar, com base nas particularidades identificadas organizou de maneira a acolher o aluno com
nas diferentes avaliações realizadas, sendo elas deficiência da melhor maneira possível e dentro dos
diagnósticas, processuais e somativas, sob parâmetros oferecidos de acordo com o decreto nº
direcionamentos realizados pelos técnicos 7.611, de 17 de novembro de 2011.
pedagógicos responsáveis da SEMECTI, possibilitará No intento de uma real transformação da escola
a recuperação da aprendizagem escolar, de acordo em um ambiente educacional inclusivo e que
com a Lei de Diretrizes e Bases para a educação respeite as diferenças dos alunos tem sido um

174
desafio para aqueles envolvidos com a educação.
Essa, por sua vez, é lenta e exigirá esforços de todos
os profissionais que nela atuam.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos
(1948) uniu os povos do mundo todo, no
reconhecimento de que “todos os seres humanos
nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.
Dotados de razão e de consciência, devem agir uns
para com os outros em espírito de fraternidade”
(Art.1).
A Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988 adotou, formalmente os mesmos princípios
postos nesta de- claração, quando assumiu o
princípio de igualdade como pilar fundamental de
uma sociedade democrática e justa, quando
estabeleceu no caput do seu art. 205, que “a
educação, direito de todos e dever do Estado e da
família, será promovida e

175
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao equipe multidisciplinar do departamento, quando os pro-
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para exer- fissionais fazem uma pré-avaliação da criança e encami-
cício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. nham para Secretaria Municipal de Saúde.
Por meio do modelo de Sociedade Inclusiva propos- É possível perceber que em nosso município há um
to pela Organização das Nações Unidas (ONU), e através constante movimento acerca do trabalho no AEE de acordo
da Declaração de Salamanca (1994) tem sido levada a área com o estabelecido pela política nacional, onde os alunos
educacional a repensar, face às diversidades e as diferenças com deficiência, transtornos globais do desenvolvimen-
em sala de aula. to e altas habilidades ou superdotação devem frequentar
Essa política resgata o sentido da Educação Especial classes comuns da educação básica, tanto na rede pública,
expresso na Constituição Federal de 1988, que interpreta quanto na rede privada de ensino.
esta modalidade não substitutiva da escolarização comum A Educação Especial se realiza em todos os níveis, eta-
e define a oferta do Atendimento Educacional Especializa- pas e modalidades de ensino, sendo o Atendimento Edu-
do – AEE em todas as etapas, níveis e modalidades, pre- cacional Especializado (AEE) como parte integrante do pro-
ferencialmente no atendimento a rede pública de ensino. cesso educacional que é realizado, prioritariamente, na sala
Nessa perspectiva, busca-se superar esse paradigma da de recursos multifuncionais da própria escola ou em outra
Educação Especial, bem como, a organização de espaços escola de ensino regular, no turno inverso da escolarização.
educacionais separados para alunos com deficiência. Algumas escolas da rede municipal já receberam al- gum
Para abordar a premissa da diversidade na escola, tipo de recurso destinado à adequação arquitetôni- ca
tem-se que recorrer às políticas públicas que subsidiam o das escolas. Este recurso chega à unidade escolar por
funcionamento do processo educacional. Estas divulgam a meio do Programa Dinheiro Direto na Escola – acessibili-
ideia de uma escola como esfera educacional que atenda a dade. Assim, quando a escola recebe uma sala de recurso
todos os alunos, independentemente das suas diferenças; multifuncional deve ser direcionado para trabalhar neste
contudo, isso é algo relativamente novo para a educação ambiente um professor com conhecimento específico para
brasileira. o exercício da função. Também, sempre que necessário ou-
De acordo com a resolução CNE/CEB 4/2009 que es- tros profissionais da educação, da equipe multidisciplinar,
tabelece Diretrizes Operacionais para o Atendimento Edu- profissionais intérpretes trabalharão diretamente com este
cacional Especializado na Educação Básica, a Secretaria aluno. Neste âmbito de atuação como apoio ao aluno, te-
Municipal de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação mos os profissionais Auxiliares de Sala Especial, que atuam
(SEMECTI) oferta o Atendimento Educacional Especializa- nas escolas de maior número e prioridade de alunos com
do (AEE) realizado por professor com formação em Edu- deficiência, atendendo principalmente às necessidades bá-
cação Especial, em salas de recursos multifuncionais no sicas de alimentação, higiene e locomoção.
contra turno à escolarização, contribuindo efetivamente Atualmente o município conta com quarenta (40) tur-
para garantir o acesso dos alunos a educação comum e mas de alunos com deficiência sendo estas distribuídas
disponibilizando os serviços e apoios que complementam em dezesseis (16) unidades escolares que possuem salas
a formação desses alunos nas classes comuns da rede re- de recursos multifuncionais, totalizando 338 crianças com
gular de ensino. Pensando numa população de 4 a 17 anos AEE. Os docentes especialistas atendem as crianças da sua
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento turma duas vezes por semana, por cinquenta minutos diá-
e altas habilidades ou superdotação, o acesso a educação rios, planejando e executando suas atividades com rela-
básica e ao atendimento educacional especializado, pre- ção à deficiência e ao desenvolvimento de cada aluno; os
ferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia mesmos respaldam suas escolas, dando suporte aos pro-
de sistema educacional especializado inclusivo, de salas de fessores das salas regulares, oferecendo também o apoio
recursos multifuncionais e serviços especializados, públicos nos Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC). Para
ou conveniados. maior interação desenvolvemos os períodos de itinerância
No município possuímos o Departamento de Educa- bimestral, onde os especialistas do AEE visitam as Unidades
ção Especial (DEE), que conta com uma equipe multidis- Escolares próximas das unidades escolares que possuem
ciplinar: três psicopedagogas, duas fonoaudiólogas, três salas de recursos multifuncionais, acompanhando os alu-
psicólogas, uma terapeuta ocupacional, uma fisioterapeu- nos com deficiência e orientando seus professores quanto
ta, um professor de educação física especializado no tra- ao desenvolvimento dos mesmos.
balho com crianças e jovens deficientes e uma instrutora Para maior viabilidade e prosseguimento no atendi-
da Linguagem de Sinais (Libras). Essa equipe se organiza mento específico às unidades escolares são realizadas pela
para atender todas as demandas solicitadas pelas escolas, equipe multidisciplinar do Departamento visitas onde cada
creches municipais e conveniadas que atendem a inclusão. profissional técnico se apropria de casos de crianças regu-
Cada profissional possui um roteiro de escolas, com foco larmente matriculadas na rede com laudo de deficiência,
nas unidades escolares que possuem as salas de recursos além de acompanhar as que possuem suspeita de deficiên-
multifuncionais, do qual é referência, facilitando a comuni- cia, que posteriormente poderão ser diagnosticadas e lau-
cação e o planejamento de intervenções necessárias. Este dadas. Ao visitar a unidade escolar os profissionais técnicos
Departamento recebe demanda de alunos com deficiên- fazem o levantamento de dados juntamente com a ges-
cia e com suspeita de deficiência nas escolas, solicitando a tão, professores e funcionários sobre possíveis situações e
atuação do Núcleo de Avaliação, sendo esta realizada pela questões necessárias de diversos aspectos que propiciem

176
as melhores condições de permanência da criança com gamento de professores e o restante no pagamento do
deficiência, além de realizar adaptações e adequações de pessoal administrativo que atua nas Unidades de Ensino e
mobiliário, fornecendo suporte técnico em relação a comu- também em investimentos para manutenção geral do en-
nicação alternativa. sino. Em função da previsão do crescimento da folha de
Em 2015, objetivando uma melhoria na qualidade da pagamento dos professores originário dos benefícios con-
oferta às crianças com deficiência na educação infantil e cedidos via Plano de Carreira, outros investimentos como,
atendendo a faixa etária dos quatro (04) meses aos cinco por exemplo, a elaboração, aprovação e implantação do
(05) anos e onze (11) meses o município firmou convênio Plano de Carreira dos Servidores Administrativos são gran-
com a APAE a fim de atender as necessidades de alunos des desafios.
que estão matriculadas nesta modalidade, incluindo as cre- O maior investimento da Secretaria Municipal de Edu-
ches comunitárias e conveniadas, com o objetivo de esti- cação, Ciência, Tecnologia e Inovação - SEMECTI está re-
mulação precoce nesta fase de desenvolvimento. lacionado à folha de pagamento, transporte e merenda
A Secretaria Municipal de Educação, Ciência, Tecnolo- escolar. O que resta é explicitamente insuficiente para os
gia e Inovação estabeleceu também parceria com institui- investimentos necessários na melhoria dos espaços físicos:
ção de ensino superior Universidade de Guarulhos (UNG), construção de laboratórios, bibliotecas, áreas de recreação
em Itaquaquecetuba, com projeto piloto intitulado Brin- e educação física, bem como, quanto a construção de no-
quedoteca que tem como objetivo estimular a linguagem vas unidades escolares.
através do lúdico, com crianças do ensino fundamental, Outro aspecto a ser considerado, na política de finan-
que possuem dificuldades de aprendizagem em sala de ciamento, diz respeito à garantia de repasse de recursos
aula, com atendimento de dois dias por semana. Este tra- financeiros às unidades escolares. Essa orientação, que se
balho é realizado por estudantes do curso de Pedagogia, respalda no que preconiza o Art. 206, inciso VI, da Cons-
com orientação de seus mestres, que possuem especializa- tituição Federal Brasileira de 1988; no Art. 14, da Lei n°
ção para direcionar as ações do projeto e articular as inter- 9.394/96 – LDB; e no Cap. 5, do Plano Nacional de Educa-
venções necessárias com nossas crianças. ção de 2001, favorece a conquista da gestão democrática
na escola, fortalecendo sua autonomia institucional.
5.9 - FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO Em conformidade com esses dispositivos legais, o MEC
O grande desafio do Plano Decenal de Educação do vem promovendo o repasse de recursos financeiros às
Município é a questão dos mecanismos de financiamen- escolas, através do Programa Dinheiro Direto na Escola –
to. Esses mecanismos expressam as políticas educacionais, PDDE e do Programa de Desenvolvimento da Escola -PDE.
permitindo verificar o comprometimento do poder público Com a implantação do PDE, que tem como foco a me-
na realização das ações propostas. lhoria do ensino- aprendizagem, as escolas se mobilizaram
Respaldado no que estabelece a Constituição Federal para a dinamização dos Conselhos Escolares e para a pre-
de 1988, o financiamento da educação provém de diversas visão da construção de sua proposta político-pedagógica.
fontes no âmbito da União, dos Estados e dos Municípios. O Conselho Municipal de Educação, cumprindo o seu
No âmbito da União, além dos recursos orçamentários papel normatizador vem estabelecendo normas, inclusive,
oriundos dos impostos federais, existem outras receitas para a Gestão Democrática e Organização das Unidades
que integram as disponibilidades para investimento em Escolares, instituindo a corresponsabilidade entre o Mu-
educação. nicípio e as Comunidades Escolares na administração das
A partir da implantação do FUNDEF (Lei nº 9.424/96), unidades de ensino de acordo com LEI Nº 2891, de 07 de
inaugurou-se importante diretriz de financiamento: a alo- abril de 2011 que dispõe sobre a regulamentação do con-
cação de recursos segundo as necessidades e compromis- selho municipal de educação e de acordo com o Art. 48 da
sos de cada sistema, expressos pelo número de matrículas. Lei complementar nº 54/2001 a gestão democrática é
Desta forma, o dinheiro da Educação é distribuído e aplica- exercida através do Conselho de Escola.
do com maior equidade, pois recebe mais quem tem maior A Secretaria Municipal de Educação, Ciência, Tecnolo-
número de alunos na rede de ensino. gia e Inovação, não tem autonomia de gestão financeira e
A Lei nº 11.494 de 20 de junho de 2007 regulamen- patrimonial. A gestão dos recursos do FUNDEB e dos de-
ta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educa- mais recursos vinculados à Educação é compartilhada en-
ção Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação tre o(a) prefeito(a) e o(a) dirigente municipal de educação,
- FUNDEB, de que trata o art. 60 do Ato das Disposições tendo toda a movimentação submetida a apreciação do
Constitucionais Transitórias, altera a Lei no 10.195, de 14 de Conselho Municipal de Acompanhamento e Fiscalização
fevereiro de 2001, revoga dispositivos das Leis nos 9.424, do FUNDEB (Lei n.º 2498/ 2007).
de 24 de dezembro de 1996, 10.880, de 9 de junho de 2004,
e 10.845, de 5 de março de 2004, vem aperfeiçoar e ga- 5.10 - PROGRAMA MUNICIPAL DE
rantir o aumento de recursos para a Educação brasileira, FORMAÇÃO CONTINUADA – PROFORMACON
beneficiando toda a Educação Básica, em muitos casos in- O Programa Municipal de Formação Continuada –
suficientes para um atendimento de excelência. Proformacon, Lei nº 2718, de 12 de agosto de 2009, tem
No município de Itaquaquecetuba, a maior vinculação como objetivo a capacitação de docentes, coordenadores
de receitas para a Educação está relacionada ao FUNDEB, pedagógicos, gestores educacionais, especialistas e fun-
onde 60% dos recursos, no mínimo, são aplicados no pa- cionários pertencentes ao quadro da Secretaria Municipal

177
de Educação, com o objetivo da qualificação e treinamento de mudança, rumo ao desenvolvimento da produção tec-
técnico e pedagógico, atendendo dispositivo da Lei de Di- nológica e científica e da cidadania do povo do Município
retrizes e Bases da Educação Nacional – LDB nº 9394/96, de Itaquaquecetuba.
art. 67. Inciso II.
A formação continuada fora do horário de trabalho, 6. - METAS E ESTRATÉGIAS
pode ser ministrado por técnicos pedagógicos da SEMEC- 6.1 - META 1 - EDUCAÇÃO INFANTIL
TI, professores da rede com especialização e parceiros que Universalizar, até 2016, a Educação Infantil na pré-es-
tenham potenciais vinculados à Programas Federais, edi- cola para as crianças de 4 a 5 anos de idade e ampliar a
toras, escritores renomados, universidades etc, por meio oferta de Educação Infantil em Creches de forma a atender,
da oferta de cursos de atualização e Pós-graduação, pelo no mínimo, 50% das crianças de até 3 anos até o final da
Programa de Formação Continuada Municipal- Proforma- vigência deste PNE.
con, com o objetivo proporcionar aperfeiçoamento e po-
tencializando práticas pedagógicas que tragam qualidade 6.1.2 - ESTRATÉGIAS E AÇÕES PARA META 1:
no ensino ofertado. 1. Expandir a oferta de vagas na etapa da Creche em
todas as idades, esgotando-se inicialmente o atendimento
5.11 - ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO de crianças com três anos de idade antes de abrir novas
O Plano Municipal de Educação de Itaquaquecetuba vagas para outras faixas etárias; e assim sucessivamente;
reflete o entendimento de que é preciso estabelecer priori- 2. Ampliar as vagas em Educação Infantil para crianças
dades e estratégias para que se alcance o objetivo maior da de 4 e 5 anos de forma a universalizar o atendimento;
educação: a qualidade do processo de ensino e da apren-
dizagem. 3. Estabelecer regime de colaboração entre União, Es-
Os objetivos e as metas desse Plano Municipal de Edu- tado e Município, programas que visem a construção, am-
cação deverão ser prioridades do Governo Municipal e, por pliação, reforma e reestruturação de escolas, bem como de
isso, assumido como um compromisso perante a socieda- aquisição de equipamentos, visando à expansão e à melho-
de e compreendido como uma proposta de Estado, inde- ria da rede física de escolas públicas de educação infantil
de forma a garantir a equidade do atendimento educacio-
pendente da corrente político-partidária que esteja à frente
nal;
da Administração Municipal nos 10 anos de vigência deste
4. Compor nas unidades escolares de educação infan-
Plano Municipal de Educação.
til quadro suficiente de profissionais da educação devida-
Através dele, as práticas educativas deverão ser cons-
mente habilitados e com formação adequada;
tantemente avaliadas, assim como as estratégias construí-
5. Fortalecer a Proposta Pedagógica da Rede Municipal
das para cada segmento da educação deverão ser perse-
de Ensino por meio da implantação de materiais didáticos
guidos incessantemente. que servirão de apoio, juntamente com os demais recursos
Para isso, é necessário um processo de acompanha- disponíveis que favoreçam a aprendizagem escolar, deste
mento e avaliação modo, alcançando a melhoria da qualidade da Educação
contínua das ações desenvolvidas no município, em Infantil.
consonância com o Plano Nacional de Educação (PNE) e o 6. Assegurar na Proposta Pedagógica da Educação In-
Plano Estadual de Educação (PEE). fantil que leve em conta o bem-estar da criança, seu grau
Visando transformar essa avaliação em um processo de desenvolvimento, a diversidade social e cultural das po-
democrático e transparente, caberá a Comissão para Aná- pulações infantis, os conhecimentos a serem universaliza-
lise e Acompanhamento do Plano Municipal de Educação dos e o regime de atendimento (tempo integral ou parcial);
da SEMECTI e ao Conselho Municipal de Educação acom- 7. Assegurar no Projeto Político Pedagógico da escola
panhar e avaliar se as metas propostas estão sendo alcan- o atendimento das crianças com necessidades educacio-
çadas, por entender que os mesmos são compostas por nais especiais.
representantes de toda a sociedade civil e da rede muni- 8. Organizar e garantir parcerias com as áreas de Saúde
cipal de educação, para a promoção de audiências públi- e Assistenciais, programas destinados a ampliar a estimula-
cas, antecedidas de reuniões de grupo-análise, conclusivas, ção precoce (integração educativa adequada) para crianças
com pareceres elaborados e publicados. com necessidades especiais, em instituições especializadas
Também deverá ser realizado um Fórum a cada dois ou regulares de Educação Infantil, especialmente em cre-
anos, para debates do processo e dos resultados obtidos ches;
em consonância com as estratégias estabelecidas no Plano. 9. Avaliar os alunos da Educação Infantil mediante
Nesses momentos, serão analisados os índices e indi- acompanhamento e registro do desenvolvimento da crian-
cadores educacionais do município, produzidos pelos es- ça, tomando como referência os objetivos estabelecidos
tudos e pesquisas nas esferas: federal, estadual e municipal para essa etapa da educação, para auxiliar o acesso ao En-
(IBGE, INEP, SAEB, Censo Escolar, entre outros) com o ob- sino Fundamental;
jetivo de encaminhar os resultados aos poderes Executivo 10. Divulgar sistematicamente, com clareza e trans-
e Legislativo e aos conselhos da área educacional, para co- parência, critérios, normas e regras, tanto para famílias ou
brar dos poderes públicos o cumprimento da Lei. responsáveis pelas crianças matriculadas, quanto para a
Sua aprovação pelo Legislativo Municipal, num contex- equipe de profissionais que atuam nas instituições de Edu-
to de participação social, o acompanhamento e avaliação cação Infantil. (Parâmetros de Qualidade para a Educação
são fatores decisivos para que a educação produza a gran- Infantil);

178
11. Articular políticas públicas de educação, saúde e VI. Garantir infraestrutura e acesso às tecnologias de
assistência social, de modo a construir mecanismos que informação e comunicação a todas as escolas de educação
possibilitem que crianças em situação de maior vulnerabi- infantil, bem como apoio técnico e ações de formação para
lidade social tenham prioridade de matrículas em Creche; os profissionais da educação.
12. Promover, em parceria com as áreas de saúde e as- VII. garantir a acessibilidade do espaço físico;
sistência social, o acompanhamento e monitoramento de VIII. Promover a reforma e manutenção periódica nos
acesso e permanência na escola identificando motivos de prédios das unidades escolares;
IX. Garantir a alimentação escolar com qualidade para
baixa frequência e rendimento escolar garantindo o aten-
todas as crianças atendidas na Educação Infantil nos esta-
dimento nas áreas envolvidas; belecimentos públicos e conveniados;
13. Fortalecer e criar mecanismos que assegurem o X. Implantar o Programa de Avaliação Educacional do
monitoramento das crianças na Educação Infantil em es- Município de Itaquaquecetuba que contemple a educação
pecial os beneficiários de programas de transferência de infantil com base em parâmetros nacionais de qualidade, a
renda, em colaboração com as famílias e com os órgãos fim de aferir a infraestrutura física, o quadro de pessoal, as
públicos de assistência social, saúde e proteção a infância; condições de gestão, os recursos pedagógicos, a situação
14. Garantir matrículas em período parcial para crian- de acessibilidade, entre outros indicadores relevantes.
ças na etapa da Creche, inicialmente, em condição progres- Considerando que na Educação Infantil já atendemos
siva de ampliação do tempo escolar, à medida que a meta 99% das crianças de 04 e 05 anos, os trabalhos se intensi-
de atendimento seja alcançada, garantindo o respeito à ficaram para os alunos na faixa etária de 0 a 3 anos. Atual-
opção da família. mente o município atende 47% das crianças na idade de
15. Promover a relação das escolas com instituições e creche e as ações buscam atingir até o segundo semestre
de 2016, 50% do atendimento.
movimentos culturais, a fim de garantir a oferta regular de
Para alcançar a meta a Secretaria Municipal de Edu-
atividades culturais para a livre fruição dos alunos dentro
cação, Ciência, Tecnologia e Inovação prevê a construção,
e fora dos espaços escolares, assegurando ainda que as no biênio 2015-2016, de oito unidades escolares, conforme
escolas se tornem polos de crianças e difusão cultural. tabelas abaixo:
16. Incentivar a participação dos pais ou responsáveis
no acompanhamento das atividades escolares dos filhos
por meio do estreitamento das relações entre as escolas
e as famílias.
17. Oferecer atividades de desenvolvimento e estímulo
a habilidades esportivas nas escolas interligadas a um pla-
no de disseminação do desporto educacional e do desen-
volvimento esportivo municipal.
18. Realizar, periodicamente, levantamento da deman-
da por creche para a população de até 3 (três) anos, como
forma de planejar a oferta e verificar o atendimento da de-
manda manifesta;
19. Estabelecer, normas, procedimentos e prazos para
definição de mecanismos de chamada pública da demanda
das famílias por creches;
20. Dar continuidade à distribuição de material escolar
para todos os alunos.
21. Garantir a articulação entre as diversas Secretarias;
22.Garantir que, dentro do prazo de vigência deste pla-
no, os estabelecimentos de Educação Infantil já existentes
e que não pertençam a Rede Municipal (estabelecimentos
privados), efetivem seus pedidos de credenciamento e au-
torização de funcionamento junto ao sistema de ensino
pertencente;
23. Instituir os programas educacionais para equipar
todas as escolas que ainda não foram contempladas com
os equipamentos discriminados abaixo:
I. atualização do acervo das bibliotecas;
II. mobiliários, equipamentos e materiais pedagógicos; Após alcançar a meta nacional, a Secretaria Municipal
III. instalação de brinquedoteca, com matérias lúdicos; de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação, continuará
IV. instalação de playground; investindo para o atendimento da demanda, visando au-
V. aquisição de materiais pedagógicos adequados a mentar o número de vagas, será ofertado inicialmente o
período parcial aos alunos na etapa da creche, e progressi-
faixa etária;
vamente ampliar o período de permanência para integral,
respeitando a opção da família.

179
Sendo assim, se faz necessário para garantir o atendimento na educação infanti
l, primeira etapa da educação básica, a projeção de construção de outras 24 unidades para os próximos oito anos, de
acordo com o quadro abaixo:

Portanto, o Município de Itaquaquecetuba tem estratégias audaciosas para garantir o atendimento da demanda na
etapa da Educação Infantil, dentre elas a construção de 32 (trinta e duas) unidades escolares para a próxima década,
sendo que temos 15 (quinze) das 32 (trinta e duas) obras citadas aprovadas pelo o FNDE, por meio de parceria com o
governo federal, ampliando para 3028 (três mil e vinte oito) vagas até o 1º semestre de 2017.
A projeção de construção foi baseada em estudos realizados em localidades com maior demanda, isto é, regiões do

180
Município que possuem maior número de crianças na idade de creche na espera pelo atendimento. Serão utilizados para
essas obras áreas municipais ou adquiridas por desapropriações, com recursos financeiros em parceria com o governo
federal, estadual, iniciativa privada e contrapartida de recursos próprios do município.

6.2. - META 2 - Ensino Fundamental 12. Fortalecer parceria com as famílias de forma a atri-
Universalizar o ensino fundamental de 9 (nove) anos buir as responsabilidades na vida escolar do aluno.
para toda a população de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos e
garantir que pelo menos 95% (noventa e cinco por cento)
dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada,
até o último ano de vigência deste PNE.

6.2.1 - ESTRATÉGIAS E AÇÕES PARA A META 2:


1. Implantar o Programa de Avaliação Educacional do
Município de Itaquaquecetuba que contemple ensino fun-
damental com base em parâmetros nacionais de qualida-
de, a fim de aferir a infraestrutura física, o quadro de pes-
soal, as condições de gestão, os recursos pedagógicos, a
situação de acessibilidade, além de criar mecanismos para
o acompanhamento individualizado dos(as) alunos(as) do
ensino fundamental entre outros indicadores relevantes.
2. Fortalecer a parceria com o Estado, para que os alu-
nos ao ingressarem na rede Estadual, tenha garantido a
continuidade do seu processo de aprendizagem em sua
nova fase escolar.
3. Garantir contratação e efetivação de profissionais da
educação devidamente habilitados;
4. Fortalecer a Proposta Pedagógica da Rede Municipal
de Ensino por meio da implantação de materiais didáticos
que servirão de apoio, juntamente com os demais recursos
disponíveis que favoreçam a aprendizagem escolar, deste
modo, alcançando a melhoria da qualidade do Ensino Fun-
damental.
5. Promover a chamada pública de crianças e adoles-
centes fora da escola;
6. Desenvolver tecnologias pedagógicas que combi-
nem, de maneira articulada, a organização do tempo e das
atividades didáticas entre a escola e o ambiente comunitá-
rio, considerando as especificidades da educação especial;
7. Incentivar e apoiar as unidades escolares que firmam
parcerias com o Governo Estadual e Federal, onde pode-
rão optar por desenvolver atividades nos macrocampos de
acompanhamento pedagógico: educação ambiental; es-
porte e lazer; direitos humanos em educação; cultura e ar-
tes; cultura digital; promoção da saúde; comunicação e uso
de mídias; investigação no campo das ciências da natureza
e educação econômica.
8. Construir novas unidades escolares em regime de
parcerias ou com recursos próprios de forma a garantir o
atendimento da demanda.
9. Incentivar a participação dos pais ou responsáveis no
acompanhamento das atividades escolares dos filhos por
meio do estreitamento das relações entre as escolas e as
famílias;
10. Promover desenvolvimento integral das crianças,
adolescentes e jovens, como fator de formação da cidada-
nia e melhoria da qualidade de vida, prioritariamente em
áreas de vulnerabilidade social, através de parcerias;
11. Revisão da Proposta Curricular Municipal a cada 4
(quatro) anos com o objetivo de nortear o trabalho peda-
gógico;

181
6.2.2. - LOCAÇÃO DE IMÓVEIS ade- quar o horário de funcionamento e/ou melhorar a
PARA ATENDIMENTO quali- dade no atendimento, a Secretaria Municipal de
EMERGENCIAL Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação projeta
Para atender a demanda de algumas unidades ampliação das se- guintes unidades escolares:
escola- res que atendem educação infantil e o ensino • EM Jornalista Roberto Marinho, localizada no Jar-
fundamental, com o objetivo de reduzir o número de dim Carolina, hoje conta com sete salas de aula e atende
crianças transpor- tadas pelo serviço terceirizado pelo 527 alunos da educação infantil e ensino fundamental em
município, a Secreta- ria Municipal de Educação, três períodos, manhã, intermediário e vespertino. Com a
Ciência, Tecnologia e Inovação prevê a locação de ampliação no espaço do terreno da escola será possível
imóvel ou parceria com a rede estadual de ensino para atender demanda se houver ou reduzir o horário de aten-
atendimento emergencial. dimento para dois períodos visando posteriormente am-
As locações deverão ocorrer nos bairros: pliar o número de horas de permanência do educando na
• Pequeno Coração: que atenderão a demanda escola, passando de quatro pra cinco horas diárias.
repre- sada de duas unidades escolares, EM Dona • EM Clarinda da Conceição, localizada no Parque Resi-
Antonia Cicone e EM Floro da Silva; dencial Marengo, hoje conta com 07 salas de aula e atende
• Jardim Miray: atenderá os alunos que são 420 alunos da educação infantil em três períodos manhã,
transporta- dos para a EM Italo Adami; intermediário e vespertino. O terreno da escola conta com
• Parque Macedo: atenderá os alunos que são um espaço privilegiado para ampliação do prédio, sendo
trans- portados para a EM Piacentini; possível a ampliação do número de atendimentos e com
• Jardim Moraes: atenderá os alunos transportados isso retirar o atendimento da educação infantil da EM Pro-
hoje para a EM Leolino dos Santos. fessor Alceu Magalhães Coutinho, visando a melhoria da
A ação de locação ou parceria com a rede estadual qualidade ensino. Também com essa ação o intuito é redu-
de ensino será realizada no biênio 2015 e 2016, pois zir o horário de atendimento para dois períodos, manhã e
depen- de da disponibilidade do imóvel adequado tarde e posteriormente o aumento da carga horária, pas-
para o funcio- namento da unidade escolar. As sando de quatro pra cinco horas.
mesmas beneficiarão os alunos do ensino fundamental • EM Telma Arrivete do Prado, localizada no Jadim
e educação infantil, que uti- lizam o transporte Caiuby, hoje conta com 05 salas de aula e atende 354 alu-
custeado pela Municipalidade. nos da educação infantil em três períodos manhã, interme-
diário e vespertino. O terreno da escola conta com um es-
6.2.3. - AMPLIAÇÃO DE UNIDADES ESCOLARES paço privilegiado para ampliação do prédio sendo possível
Para aumentar o número de crianças atendidas, a ampliação do número de atendimentos e com isso retirar

182
o atendimento da educação infantil da EM alunos da EM Prefeito Benedito e Vila São Carlos. O
Engenheiro Chiozo Kitakawa, visando a melhoria da prédio que hoje funciona em tempo integral, passará
qualidade ensino. Também com essa ação o intuito é a atender em tempo regular as crianças do bairro, as
reduzir o horário de atendimento para dois períodos, quais são transportadas para a EM Leolino dos
manhã e tarde e posteriormente o aumento da carga Santos.
horária, passando de quatro pra cinco horas. • A construção de unidade escolar nas proximidades
• EM Village, localizada no Bairro Village, atende 234 do Centro de Itaquaquecetuba, a qual atenderá os
alunos em período integral, a escola conta com espaço alunos da EM
de terreno Vereador Augusto, que hoje passa por problemas
para a ampliação, a ação tem como objetivo principal estruturais.
O desafio nesta meta e garantir que pelo menos
melhorar a qualidade do atendimento.
95% dos alunos concluam essa etapa na idade
6.2.4. - CONSTRUÇÃO DE ESCOLAS DE ENSINO recomendada, de acor- do com pesquisa realizada a
proporção de alunos com atraso escolar de 2 anos
FUNDAMENTAL
ou mais, para o Ensino Fundamental de 1º ao 5º, de
As locações de prédios particulares visando
2006 até 2013:
garantir o acesso de todos à educação, têm caráter
provisório, assim, há necessidade de construção de
treze unidades de ensino fundamental, o que
garantirá a redução da quantidade de ônibus
utilizados para transportar os alunos do município.
As obras acontecerão nos bairros relacionados
abaixo e contarão com recursos próprios do
município, assim como
parcerias com o governo federal, estadual e iniciativa
privada.

6.2.5. - CONSTRUÇÃO DE ESCOLAS DE PERÍODO


INTEGRAL
A projeção é de construção de duas unidades
escolares de tempo Integral para resolver problemas
existentes atual- mente na EM Prefeito Benedito e
EM Vereador Augusto.
• A construção de uma unidade escolar de
período integral no Jardim Odete, que atenderá os

183
184
fragilidades de cada unidade escolar, apontadas pelas
avaliações institucionais de lar- ga escala em âmbito
Municipal, formalizando uma política pública efetiva,
garantindo investimentos de forma coerente, as-
segurando devolutivas de bom aproveitamento e visando
crescimento na qualidade do ensino.(Meritt e Fundação
Lemann)

6.3 - META 4 - EDUCAÇÃO


ESPECIAL/INCLUSIVA
Universalizar, para a população de 4 a 17 anos
com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas ha- bilidades ou
superdotação, o acesso à educação básica e ao
atendimento educacional especializado,
preferencialmente na rede regular de ensino, com a
garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de
recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços
especializados, públicos ou conveniados

6.3.1 - ESTRATÉGIAS E AÇÕES PARA META 4:


1. Garantir a oferta de educação inclusiva, vedada
a exclusão do ensino regular sob alegação de
deficiência e promovi- da a articulação pedagógica
entre o ensino regular e o atendimento educacional
especializado;

2. Garantir o AEE (Atendimento Educacional


Especializado) em salas de recursos multifuncionais,
nas formas comple- mentar e suplementar a todos os
estudantes com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, matriculados na rede municipal de
ensino;

3. Fortalecer a Proposta Pedagógica da Rede


Municipal de Ensino por meio da implantação de
materiais didáticos pró- prios e de recursos com
tecnologia assistiva, que servirão de apoio,
juntamente com os demais recursos disponíveis que
favoreçam a aprendizagem escolar, deste modo,
alcançando a melhoria da qualidade da Educação
Especial;
4. Ampliar, ao longo deste PME, salas de recursos
multifuncionais;
5. Fomentar a formação continuada dos
profissionais da educação para o atendimento
educacional especializado nas
escolas constante da agenda de formação docente da
Secretaria Municipal de Educação, Ciência, Tecnologia
e Inovação
-Proformacon além da oferta em outras instituições;
6. Fortalecer o acompanhamento e o
monitoramento do acesso à escola e ao atendimento
educacional especializado, bem como da
permanência e do desenvolvimento escolar dos (as)
alunos (as) com deficiência, transtornos globais do
de- senvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, juntamente com o combate às
Diante dos dados acima a SEMECTI utilizará com situações de discriminação, preconceito
Programa de Avaliação Educacional, que auxiliará no
planejamento e utilização de estratégias focadas nas

185
e violência, com vistas ao estabelecimento de condições trumentos de avaliação e monitoramento, implementando
adequadas para o sucesso educacional, em colaboração medidas pedagógicas para alfabetizar todos os alunos até
com as famílias e articulação com Entidades e demais Se- o terceiro ano do ensino fundamental;
cretarias Municipais envolvidas; 3. Fomentar o desenvolvimento de tecnologias edu-
7. Promover a articulação intersetorial entre órgãos cacionais para a alfabetização de crianças, assegurada a
e políticas públicas de saúde, assistência social e direitos diversidade de métodos e propostas pedagógicas, bem
humanos, em parceria e auxilio às famílias, com o fim de como o acompanhamento dos resultados no sistema de
desenvolver modelos de atendimento voltados à continui- ensino em que forem aplicadas;
dade do atendimento escolar, na educação básica, dos (as) 4. Promover e estimular a formação inicial e continua-
alunos (as) com deficiência, transtornos globais do desen- da de professores (as) para a alfabetização de crianças, com
volvimento e altas habilidades ou superdotação, de forma o conhecimento de novas tecnologias educacionais e prá-
a assegurar a atenção integral ao longo da vida; ticas pedagógicas inovadoras, estimulando a articulação
8. Fortalecer a parceria com o Estado, para que os alu- entre programas de pós-graduação stricto sensu de insti-
nos ao ingressarem na rede Estadual, tenham garantido tuições de ensino superior públicas e ações de formação
a continuidade do seu processo de aprendizagem, bem continuada de professores (as) para a alfabetização;
como o acesso ao Atendimento educacional Especializado 5. Garantir o profissional para atuar em projetos de re-
em sua nova fase escolar; cuperação de aprendizagem a partir do 3º (terceiro) ano;
9. Garantir a ampliação das equipes de profissionais da 6. Estabelecer parcerias com especialistas, de diversas
educação (professores no atendimento educacional espe- áreas, para investigação e atendimentos pertinentes as difi-
cializado, profissionais de apoio ou auxiliares, tradutores culdades individuais de alunos com baixo rendimento;
(as) e interpretes para surdos-cegos) para atender a de- 7. Ofertar, por meio de Programas, Parcerias e Projetos
manda do processo de escolarização dos (as) alunos (as) de Alfabetização, formações e monitoramento das práticas
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e pedagógicas dos professores alfabetizadores.
altas habilidades ou superdotação.
10. Contabilizar, para fins do repasse do Fundo de 6.5 - META 6 - EDUCAÇÃO INTEGRAL
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Oferecer Educação em tempo integral em, no mínimo,
de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, 50% das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos,
as matrículas dos (as) estudantes da educação regular da 25% dos (as) alunos(as) da Educação Básica.
rede pública que recebam atendimento educacional espe-
cializado complementar e suplementar, sem prejuízo do 6.5.1 - ESTRATÉGIAS E AÇÕES PARA META 6:
cômputo dessas matrículas na educação básica regular, e 1. Criação de um Programa de Educação em Tempo
as matrículas efetivadas, conforme o censo escolar mais Integral denominado “Escola Viva”, que terá por objetivo
atualizado, na educação especial oferecida em instituições normatizar o funcionamento das escolas municipais inte-
conveniadas com a Administração Municipal e com atua- grais, bem como promover um processo de desenvolvi-
ção exclusiva na modalidade, enquanto o atendimento na mento humano e social dos estudantes, por meio da am-
educação especial pela rede pública de ensino não esteja pliação da jornada escolar baseada na diversificação do
universalizado; universo de experiências educativas, articuladas com as
11. Garantir o ensino de Libras e Braile para pais, mães diversas áreas do conhecimento nas mais variadas formas
e familiares de pessoas surdas e cegas, bem como para os de aprendizagens.
alunos, funcionários e professores da unidade escolar; 2. Assegurar condições pedagógicas, estruturais, admi-
12. Ampliar o acesso das crianças dos quatro (04) me- nistrativas e financeiras, inclusive para o desenvolvimento
ses aos cinco (5) anos e onze (11) meses possivelmente em das atividades, na forma estabelecida pela Secretaria Muni-
salas de recursos multifuncionais ao longo deste PME; cipal de Educação, Ciência, Tecnologia e Educação.
6.4 - META 5 – ALFABETIZAÇÃO 3. Garantir no quadro de professores já existente, um
Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do professor articulador, que será responsável por coordenar
3º ano do Ensino Fundamental. as ações pedagógicas das oficinas temáticas com o núcleo
6.4.1 - ESTRATÉGIAS E AÇÕES PARA META 5: regular de ensino que terá suas funções e atribuições esta-
1. Estruturar os processos pedagógicos de alfabetiza- belecidas em Instrução Normativa expedida pelo Secretá-
ção, nos anos iniciais do ensino fundamental, articulando rio Municipal de Educação;
-os com as estratégias desenvolvidas na pré-escola, com 4. Regulamentar as atividades pedagógicas desenvol-
qualificação e valorização dos(as) professores(as) alfabeti- vidas e orientadas a partir da Proposta Curricular de Educa-
zadores e com apoio pedagógico específico, a fim de ga- ção em Tempo Integral;
rantir a alfabetização plena de todas as crianças; 5. Criar orientações sobre a elaboração de Histórico
2. Fazer uso do Programa de Avaliação Educacional do Escolar de alunos que frequentam a Educação em Tempo
Município de Itaquaquecetuba, que visa articulação dos di- Integral;
ferentes elementos que compõem os eixos avaliativos com 6. Melhorar as condições estruturais e recursos didá-
a aprendizagem dos alunos. Para aferir a alfabetização das tico-pedagógicos, bem como contemplar as condições
crianças, aplicados a cada ano, bem como estimular o sis- adequadas de infraestrutura na implantação das Escolas de
tema de ensino e as escolas a criarem os respectivos ins- Educação em Tempo Integral, conforme previsto na Meta 2

186
7. Estimular apropriação dos espaços e equipamentos cionais do Município e Matriz de Referencia das Avaliações
públicos, articulando ações entre escolas com os diferentes ANA, Provinha Brasil e Prova Brasil, instrumentalizando o
espaços educativos e equipamentos públicos, como cen- acompanhamento a elevação da qualidade do ensino e
tros comunitários, bibliotecas, parques, museus, teatros e aprendizagem ofertados pela rede;
cinemas, com o objetivo de estimular a participação na vida 8. Ofertar formação continuada aos profissionais do
pública. ensino com foco nas habilidades e competências a serem
desenvolvidas ao longo do ensino fundamental.
6.6 - META 7 - APRENDIZADO ADEQUADO
NA IDADE CERTA 6.7 - META 9 - ALFABETIZAÇÃO E ALFABETISMO
Fomentar a qualidade da educação básica em todas FUNCIONAL DE JOVENS E ADULTOS
etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da Elevar a taxa de alfabetização da população com 15
aprendizagem de modo a atingir as seguintes médias na- anos ou mais para 93,5% até 2015 e, até o final da vigência
cionais para o Ideb: 6.0 até o ano de 2021. deste plano, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir
em 50% a taxa de analfabetismo funcional.
6.6.1 -ESTRATÉGIAS E AÇÕES PARA META 7:
1. Criação de um Programa de Avaliação Municipal de- 6.8 - META 10 - EJA INTEGRADA À EDUCAÇÃO PRO-
nominado “PAEMI”, que terá por objetivo articular os resul- FISSIONAL
tados das diversas avaliações (internas, larga escala e au- Oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das
toavaliações) de forma a indicar as necessidades e priorida- matrículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos
des como instrumento para alcançar a qualidade de ensino; fundamental e médio, na forma integrada à educação pro-
2. Participar de pactuação interfederativa que estabele- fissional.
ça e implante, diretrizes pedagógicas para a educação bási-
ca e a base nacional comum dos currículos, com direitos e 6.8.1 - ESTRATÉGIAS E AÇÕES PARA AS METAS 9 E
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos(as) alu- 10:
nos(as) para cada ano do ensino fundamental, respeitada a 1. Dar continuidade aos programas de alfabetização
diversidade regional, estadual e local; e escolarização na EJA, equivalentes aos quatro primeiros
3. Formar política pública efetiva, garantindo investi- segmentos do ensino fundamental, visando atender à po-
mentos de forma coerente, assegurando devolutivas de pulação de baixa escolaridade do município;
bom aproveitamento e visando crescimento na qualidade 2. Estimular políticas de erradicação do analfabetismo
do ensino, a SEMECTI auxiliará no planejamento e utiliza- no município através de levantamento de dados anuais da
ção de estratégias focadas nas fragilidades de cada uni- população de baixa escolarização e efetivação de matricu-
dade escolar, apontadas pelas avaliações institucionais de las;
larga escala em âmbito Municipal. 3. Fortalecer parceria com a Secretaria de Desenvolvi-
4. Utilizar resultados das avaliações para definição de mento Econômico, para sempre que possível, associar ao
ações de intervenções pedagógicas por escolas e condu- ensino fundamental para jovens e adultos, a oferta de cur-
ção das decisões em rede, estruturação de formação con- sos básicos de formação profissional, oferecidos.
tinuada de acordo com as necessidades apontadas pelos 4. Buscar parceria com a iniciativa privada e instituições
diferentes etapas do Programa de Avaliação do Ensino Mu- de Ensino Superior, ONGs e Entidades Educacionais, asso-
nicipal. ciar ao ensino fundamental para jovens e adultos, a oferta
5. Direcionar com apoio técnico a criação do Plano de de cursos básicos de formação profissional, oferecidos;
Intervenção Pedagógica, reflexões, planejamentos, ações e 5. Implantar o Programa de Avaliação Educacional do
materiais de apoio elaborados por cada unidade escolar, Município de Itaquaquecetuba que contemple a EJA com
com base nas particularidades identificadas nas diferentes base em parâmetros nacionais de qualidade, a fim de aferir
avaliações realizadas, sendo elas diagnósticas processuais a infraestrutura física, o quadro de pessoal, as condições de
e somativas. gestão, os recursos pedagógicos, a situação de acessibili-
6. Apoiar e direcionar a recuperação da aprendizagem dade, além de criar mecanismos para o acompanhamento
que deverá ser planejado de acordo com a realidade das individualizado dos(as) alunos(as) do ensino fundamental
unidades escolares, aos alunos que apresentarem defasa- entre outros indicadores relevantes.
gem de aprendizagem, em contra turno e/ou oficinas de 6. Incentivar a Educação Ambiental tratada como tema
aprendizagem, organizadas pelo corpo docente e equipe transversal e desenvolvida como uma prática educativa in-
gestora das unidades escolares agrupando alunos por ne- tegrada contínua e permanente, em conformidade com a
cessidades de intervenção ou diferentes áreas do conheci- Lei Federal nº 9.795/99;
mento; 7. Incentivar as empresas a criarem programas perma-
7. Reavaliar o sistema de ensino e implantar ações do nentes de educação de jovens e adultos para os seus tra-
Programa de Avaliação Educacional concebido, com pro- balhadores;
cessos que envolvam escolhas técnicas, diagnósticos, cor- 8. Oportunizar a Formação Continuada de professores
reção de curso, investimentos de curto, médio e longo pra- e o acesso à novas tecnologias;
zo, respaldando os Projetos Políticos Pedagógicos de cada 9. Assegurar, a oferta de merenda escolar para todos
unidade escolar em consonância com as Diretrizes Educa- os alunos dos programas da EJA;

187
10. Instrumentalizar o aluno da EJA com conhecimen- mentos de dados, ofertar materiais didáticos diferenciados
tos que lhe garantam o pleno exercício da cidadania; como apoio pedagógico e inclusivo, objetivando a melho-
11. Garantir o atendimento dos alunos da EJA nas bi- ria e qualidade de ensino;
bliotecas interativas e nos laboratórios de informática, com
apoio de pessoal técnico-pedagógico; 26. Divulgar e ampliar a oferta da modalidade de ensi-
12. Garantir aos alunos e professores da EJA a plena no para a população de baixa escolaridade, visando à dimi-
utilização dos espaços escolares e seus equipamentos; nuição das taxas de analfabetismo do município.
13. Promover, sempre que possível a interação da EJA,
com outras modalidades de ensino; 6.9 - META 15 - FORMAÇÃO DE PROFESSORES
14. Promover periodicamente a Formação Continuada Garantir, em regime de colaboração entre a União, os
de gestores, educadores e coordenadores da EJA; Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no prazo de 1
15. Manter as visitas periódicas da supervisão e coor- ano de vigência deste PME, política nacional de formação
denadoria da SEMECTI garantindo o atendimento e acom- dos profissionais da educação de que tratam os incisos I, II
panhamento às turmas de EJA; e III do caput do art. 61 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro
16. Incentivar e propiciar o trabalho com o lúdico, artes de 1996, assegurado que todos os professores e as profes-
e leituras diversificadas através de parcerias com a Secreta- soras da educação básica possuam formação específica de
ria Municipal de Esporte e Lazer; nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de
17. Propiciar ao aluno da Educação de Jovens e Adul- conhecimento em que atuam.
tos, o acesso às novas tecnologias;
18. Incentivar os profissionais que atuam na EJA, a par- 6.10 - META 16 - FORMAÇÃO CONTINUADA E PÓS-
ticipar de oficinas, cursos e palestras promovidos pela Se- GRADUAÇÃO DE PROFESSORES
cretaria Municipal de Educação, Ciência, Tecnologia e Ino- Formar, em nível de pós-graduação, 50% dos professo-
vação ou outras Instituições; res da Educação Básica, até o último ano de vigência deste
19. Promover Campanhas de Saúde preventivas em PME, e garantir a todos os (as) profissionais da Educação
parceria com a Secretaria de Saúde, para melhor qualidade Básica formação continuada em sua área de atuação, con-
de vida. siderando as necessidades, demandas e contextualizações
20. Fortalecer a Proposta Pedagógica da Rede Muni- dos sistemas de ensino.
cipal de Ensino por meio da implantação de materiais di-
dáticos que servirão de apoio, juntamente com os demais 6.11 - META 17 - VALORIZAÇÃO DO PROFESSOR
recursos disponíveis que favoreçam a aprendizagem esco- Valorizar os(as) profissionais do magistério das redes
lar, deste modo, alcançando a melhoria da qualidade da públicas da Educação Básica, a fim de equiparar o rendi-
Educação de Jovens e Adultos. mento médio dos(as) demais profissionais com escolarida-
21. Articular parcerias com as secretarias de saúde, es- de equivalente, até o final do 6º ano da vigência deste PNE.
porte e lazer, para orientações, palestras, campanhas pre-
ventivas e práticas de esporte e lazer, como campeonatos 6.12 - META 18 - PLANO DE CARREIRA DOCENTE
e gincanas, utilizando os espaços externos oferecidos pelo Assegurar, no prazo de 2 anos, a existência de planos
município, visando à melhoria da qualidade de vida dos de Carreira para os(as) profissionais da Educação Básica e
educandos; Superior pública de todos os sistemas de ensino e, para o
22. Propiciar encontros culturais e artísticos com obje- plano de Carreira dos(as) profissionais da Educação Básica
tivo de que o aluno, ao longo da sua vida escolar, tenha a pública, tomar como referência o piso salarial nacional pro-
oportunidade de vivenciar o maior número de formas de fissional, definido em lei federal, nos termos do inciso VIII
arte e culturas, entretanto é necessário que cada modalida- do art. 206 da Constituição Federal.
de artística e cultural possa ser desenvolvida e aprofundada
em um espaço que ofereça suporte às suas peculiaridades, 6.12.1 -ESTRATÉGIAS E AÇÕES PARA AS METAS 15,
como: sarau, cinema, teatro, mostras culturais e visitações 16 17 e 18
em museus; 1. Investir na formação dos profissionais da Educação,
23. Oferecer subsídios, como formação para os profes- visando melhorar a formação inicial;
sores para prática de aulas diferenciadas nos laboratórios 2. Garantir condições de trabalho, proporcionando
de informática, visando o uso de tecnologias para aquisi- apoio pedagógico aos profissionais e estimulando a rela-
ção do conhecimento necessária para o mundo contempo- ção destes com a Equipe Pedagógica da SEMECTI;
râneo, de modo a perceber-se como ser atuante diante de 3. Realizar concursos públicos com vista ao ingresso e
ferramentas tecnológicas; efetivação de docentes e especialistas;
24. Promover visitação em outras modalidades de en- 4. Definir planos de carreira, tendo em vista a valoriza-
sino, para a interação, socialização, motivação para a busca ção dos profissionais;
de novos caminhos educacionais e profissionais; 5. Instituir prêmios aos profissionais do magistério, por
25. Realizar encontros entre equipe gestora e docentes, meio do plano de carreira, com base na competência com-
para formação continuada, adequação do currículo contex- provada e de acordo com critérios previamente estabele-
tualizado, elaborar instrumentos avaliativos para levanta- cidos;

188
6. Estabelecer programas de formação continuada para mente ligado ao departamento de supervisão escolar. O
os profissionais, possibilitando sua atualização constante, mesmo acompanhará e orientará as equipes escolares nos
de acordo com as novas orientações para a educação e desdobramentos dos trabalhos, garantindo a gestão de-
tecnologias da informação e comunicação; mocrática nas escolas.
7. Criar mecanismos de avaliação continuada de de- Para a implantação Programa de Avaliação Educacio-
sempenho dos profissionais da educação; nal do Município de Itaquaquecetuba – PAEMI, a Secretaria
8. Promover a continuidade do programa de atualiza- Municipal de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação no-
ção dos docentes e profissionais dos quadros técnicos e meará no 2º. Semestre de 2015, uma comissão permanente
administrativos, visando a competência para atuarem com para compor e acompanhar os trabalhos deste programa.
alunos, nos diferentes níveis e graus de ensino; A comissão será composta por servidores de setores
diretamente ligados ao cotidiano escolar como também da
6.13 - META 19 - GESTÃO DEMOCRÁTICA vida funcional dos atores da educação que farão parte des-
Assegurar condições, no prazo de 2 anos, para a efeti- te referido programa.
vação da gestão democrática da Educação, associada a cri-
térios técnicos de mérito e desempenho e à consulta públi- 7. – CONSIDERAÇÕES FINAIS
ca à comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas, A construção e a elaboração deste Plano Municipal de
prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto. Educação com a participação das autoridades municipais,
representantes dos Poderes Executivo e Legislativo e enti-
6.13.1 - ESTRATÉGIAS E AÇÔES PARA A META 19: dades locais, o Fórum Municipal de Educação de Itaqua-
1. Fortalecer através de formação técnica os Conselhos quecetuba, realizado em 15 e 16 de junho de 2015, surge
Municipais como: Conselho Municipal de Educação (CME), como marco na construção de políticas públicas educa-
Conselho do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da cionais para o Município, envolvendo a sociedade civil e
Educação Básica e Valorização do Magistério (FUNDEB), política na elaboração da essência do Plano Municipal de
Conselho de Alimentação Escolar (CAE) e o Conselho de Educação objetivando construir a educação com qualidade
Escola (CE). social em todos os níveis e modalidades de ensino.
2. Acompanhar a efetivação dos Projetos Políticos Pe- Também é a forma democrática e participativa de ga-
dagógicos nas Unidades Escolares. rantir a voz do Município nas decisões políticas locais e
3. Implantação do Programa de Avaliação Educacional também nos debates do Comitê de Ações Articuladas do
do Município de Itaquaquecetuba - PAEMI que tem como Governo do Estado e nas Conferências Estadual e Nacional.
princípio de uma educação democrática onde alunos, pais, Fazer-nos ouvir para a construção do Sistema Nacional Ar-
professores, gestores, coordenadores e técnicos da SE- ticulado de Educação a partir da base, de onde a Educação
MECTI, possam apontar fragilidades e fortalecer aspectos realmente começa: no Município, mais precisamente na
positivos do ensino Municipal, por meio de avaliações, Educação Infantil e no Ensino Fundamental.
questionários, discussões e tomadas de decisões em re- Nessa construção, deve ter como preceito a integração
uniões de conselhos, buscando um efetivo envolvimento e autonomia entre os Sistemas e estabelecimento de pa-
dos responsáveis, como explicitado na Lei de Diretrizes e drões mínimos de qualidade para garantirmos a qualidade
Bases - Lei 9394/96 | Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de social da Educação que tanto queremos.
1996, título II, Dos Princípios e Fins da Educação Nacional, Precisamos da mobilização social, do compromisso ati-
art. 2º “A educação, dever da família e do Estado, inspirada vo de todos, para que ao findar do decênio, o Município de
nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade Itaquaquecetuba seja cada vez mais destacada como cida-
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do de educadora e cada aluno matriculado na rede municipal
educando...”. de ensino colha o fruto deste trabalho: que efetivamente
O PNE apresenta-nos a gestão democrática, como aprenda.
espaço de construção coletiva e de deliberação devendo Planejar a Educação é permitir a realização de sonhos,
ser assumidos como dinâmica que favorece a melhoria da é multiplicar as esperanças de um futuro melhor, preparan-
qualidade da educação e de aprimoramento das políticas do as novas gerações para a vida, oferecendo uma escola
educacionais, como políticas de Estado, articuladas com as sem distinção e sem preconceitos.
diretrizes nacionais em todos os níveis, etapas e modalida- Para pensar na escola deste novo tempo, o educador
des da educação. deve direcionar um novo olhar para o aluno e a aprendiza-
Considerando que o município de Itaquaquecetuba gem, o desenvolvimento humano, a escola atual, o conhe-
dispõe da Constituição dos Conselhos, entende-se a ne- cimento, a sociedade e a vida. Um olhar modernizando as
cessidade de submeter seus membros a formação técnica práticas,
para o fortalecimento dos mesmos conforme dispõe o Pro- fundamentadas em teorias que possibilitem ao edu-
grama Nacional de Fortalecimento dos Conselhos. cando aprender com significados, que o leve a reconstruir
A Secretaria Municipal de Educação, Ciência, Tecnolo- um mundo onde a justiça social não seja utopia.
gia e Inovação, ofertará formação técnica para os membros “Educação é buscar oportunidades de mudanças e de
dos Conselhos. transformação”. Acreditarmos que o encantamento é ne-
O acompanhamento da efetivação dos Projetos Polí- cessário para que possamos reverter situações e trazer para
ticos Pedagógicos nas Unidades Escolares estará direta- nós a motivação e o empenho necessário para o resgate da

189
sensibilidade e da singularidade do ser humano, ao mesmo EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
tempo, respeitando a diversidade e as semelhanças.
Esperamos que nossos objetivos sejam alcançados 1. (SEPLAG/MG – PEDAGOGIA – BFC/2013) Leia atenta-
através deste trabalho concluído, trazendo benefícios a mente o texto a seguir. Os processos de ensino só podem
todos os envolvidos. Que seja contribuição para ampliar, se realizar a medida que o educando estiver maduro para
enriquecer e tornar prazeroso o espaço de nossas escolas. efetivar determinada aprendizagem; a prática escolar não
Também agradecemos aos que, direta ou indiretamente desafia, não amplia, nem instrumentiza o desenvolvimento
contribuíram para a execução deste documento. do educando, uma vez que esta se restringe naquilo que o
“É fundamental diminuir a distância entre o que, se diz o educando já conquistou; a educação pode apenas aprimo-
que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala rar um pouco aquilo que o educando é. O texto trata-se
seja a tua prática” de uma:
A) Maturação.
B) Experiência ativa.
C) Teoria inativa.
D) Comunicação humana
PROPOSTA CURRICULAR DO
MUNICÍPIO DE A teoria inativa considera que o meio ou ambiente
pouco pode fazer pelo indivíduo, quando acredita que o
ITAQUAQUECETUBA: sujeito nasce pronto, pode-se dizer que a subjetividade
DIRETRIZES, não é inata devido ao fato de que cada pessoa adquire ao
PARÂMETROS E PROPOSTAS longo do seu desenvolvimento, características próprias que
DIDÁTICAS. 2012. não seria possível nascer com elas. Segundo Torres (2003),
a respeito de como as identidades se constroem, precisa-
mos levar em conta as condições históricas, sociais e eco-
nômicas em que o indivíduo está inserido, a compreensão

Em apostila
de que a identidade não é preexistente ao homem e que
a analise do “mundo interno” exige o conhecimento do
“mundo externo” que estão em movimento contínuo de
construção e desconstrução.

anexa,devido o *Texto adaptado de Marcos P. Silva. Disponível em:


http://marcospsilva7.blogspot.com.br/2008/06/partindo-
do-ponto-de-que-teoria-inativa.html

tamanho RESPOSTA: “C”.

2. (SEPLAG/MG – PEDAGOGIA – BFC/2013) Leia,


atentamente, o texto a seguir. “Desprezar a análise de
outros aspectos da conduta humana tais como: o ra-
ciocínio, o desejo, a imaginação, os sentimentos e a
fantasia; defende a necessidade de medir, comparar,
testar, experimentar e controlar o comportamento e
desenvolvimento do educando e sua aprendizagem,
objetivando com isso, controlar o comportamento do
educando”. O texto trata da:
A) Relação homem/mundo.
B) Afetividade e cognição
C) Interatividade
D) Teoria ambientalista do desenvolvimento

A teoria ambientalista busca sua inspiração na filosofia


empirista (a experiência como fonte de conhecimento) e
positivista (objetividade e neutralidade no conhecimento
da realidade humana; o ser humano é entendido como
objeto e os fatos sociais como coisas, ou seja, objeto de
um interesse meramente prático). A teoria ambientalista,
também chamada behaviorista ou comportamentalista,
atribui exclusivamente ao ambiente a constituição das ca-
racterísticas humanas, privilegiando a experiência como
fonte de conhecimento e de formação de hábitos de com-

190
portamento; preocupa-se em explicar os comportamentos 4. (SEPLAG/MG – PEDAGOGIA – BFC/2013) A Edu-
observáveis do educando, desprezando a análise de ou- cação, neste método, é tecida em conjunto por alunos e
tros aspectos da conduta humana tais como: o raciocínio, professores, frente aos exercícios da leitura e da escrita
o desejo, a imaginação, os sentimentos e a fantasia, entre praticadas exaustivamente nas aulas. Assim, mestres
outros; defende a necessidade de medir, comparar, testar, e aprendizes atuam juntos na construção do conheci-
experimentar e controlar o comportamento e desenvolvi- mento, assessorados pela incidência da problemática
mento do educando e sua aprendizagem, objetivando com social mais atual e pelo arsenal de saberes já edifica-
isso, controlar o comportamento do educando. dos, patrimônio intransferível do ser humano. O texto
* Disponível em: http://penta2.ufrgs.br/edu/intera/ se refere a:
cap1-afet-interat-aprend.htm. A) Teoria do saber.
B) Teoria do Ler e Saber.
RESPOSTA: “D”. C) Teoria da Paradidática.
D) Teoria do Construtivismo.
3. (SEPLAG/MG – PEDAGOGIA – BFC/2013) Na teo-
ria ambientalista, atribui-se, exclusivamente, ao am- Para Piaget, a pessoa, a todo o momento interage com
biente a construção das características humanas, privi- a realidade, operando ativamente objetos e pessoas. O
legiando a experiência como fonte de conhecimento. conhecimento é construído por informações advindas da
Esta teoria preocupa-se em explicar: interação com o ambiente, na medida em que o conheci-
A) Práticas pedagógicas espontâneas. mento não é concebido apenas como sendo descoberto
B) Os comportamentos observáveis do educando. espontaneamente, nem transmitido de forma mecânica
C) A pedagogia do dom. pelo meio exterior, mas como resultado de uma interação
D) Processo de construção. na qual o sujeito é sempre um elemento ativo na busca ati-
va de compreender o mundo que o cerca (MOREIRA, 1999).
O Ambientalismo, como o próprio nome dá a en- Entende-se, então, de acordo com essa teoria, que o de-
tender, valoriza o ambiente no aprendizado humano. Ou senvolvimento cognitivo é resultado de situações e expe-
seja, a criança desenvolve suas características em função riências desconhecidas advinda da interação com o meio,
das condições do meio em que vive. Esta visão considera onde o sujeito procura compreender e resolver as interro-
as estimulações que o meio proporciona como fonte de gações. Com isso, o aluno exerce um papel ativo e constrói
aprendizado. Para os ambientalistas, o mais importante são seu conhecimento, sob orientação do professor, buscando
os fatores exógenos, aquilo que está fora do indivíduo. A informações, propondo soluções, confrontando-as com as
criança nasce sem características psicológicas, seria como de seus colegas, defendendo-as e discutindo. Essa teoria
uma massa a ser modelada, estimulada e corrigida pelo permite utilizar todo o potencial de interação da internet
meio em que vive. O papel da escola seria o de estimular a para criar um ambiente que gere conhecimento teórico
criança com novas aprendizagens. Para os ambientalistas, a e prático através da construção gradual do conhecimen-
criança não sabe, é uma folha em branco. O saber está com to por meio de participação ativa. Oferece oportunidade
o(a) professor(a) e, portanto, ele(a) precisa transmitir o co- para reflexão. A construção do conhecimento pelos alunos
nhecimento para a criança, que o recebe de forma passiva. é fruto de sua ação, o que faz com que eles se tornem cada
De acordo com essa concepção, educar alguém seria mol- vez mais autônomos intelectualmente.
dar o seu comporta- mento, seu caráter, seu conhecimen- *Referências:
to, dando à criança tudo aquilo que ela não tem. Dentro MOREIRA, Marco Antonio. Teorias de Aprendizagem.
da concepção ambientalista, a educação é centrada no(a) São Paulo: Epu, 1999.
professor(a) que, como adulto, é visto como o(a) dono(a)
da verdade, devendo ensinar e estimular as crianças. RESPOSTA: “D”.
* Referências:
LOPES, K. R; MENDES, R. P; FARIA, V. L. B. de. Educa- 5. (SEPLAG/MG – PEDAGOGIA – BFC/2013) A con-
ção de crianças: Programa de formação de professores cepção de organização curricular expressa formas de
de educação infantil. Coleção PROINFANTIL; (Unidade 1). concretização das intenções pedagógicas. Com base
Brasília: MEC. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de nesta temática é FALSO afirmar:
Educação a Distância, 2005. A) O currículo real acontece dentro da sala de aula com
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/ professores e alunos a cada dia em decorrência de um pro-
pdf/Educinf/mod_ii_vol2unid1.pdf jeto pedagógico e dos planos de ensino.
B) Currículo é o conjunto de todas as experiências de co-
RESPOSTA: “B”. nhecimento, proporcionada pela instituição aos educandos.
C) A organização é um currículo a partir da lógica seria-
da a analise do progresso dos educandos.
D) O currículo é a ligação entre a cultura e a socieda-
de exterior à escola e à educação; entre o conhecimento
e a cultura herdada e a aprendizagem dos alunos; entre a
teoria e a pratica possível, dadas determinadas condições.

191
O currículo tem que ser entendido como a cultura real 8. (SEPLAG/MG – PEDAGOGIA – BFC/2013) A respeito
que surge de uma série de processos, mais que como um da Avaliação Formativa, é INCORRETO afirmar:
objeto delimitado e estático que se pode planejar e depois A) A avaliação formativa não tem como objetivo classi-
implantar; aquilo que é, na realidade, a cultura nas salas de ficar ou selecionar.
aula, fica configurado em uma série de processos: as deci- B) Fundamenta-se nos processos de aprendizagem em
sões prévias acerca do que se vai fazer no ensino, as tarefas seus aspectos cognitivos, afetivos e relacionais.
acadêmicas reais que são desenvolvidas, a forma como a C) Uma avaliação não precisa conformar-se a nenhum
vida interna das salas de aula e os conteúdos de ensino se padrão metodológico para ser formativa.
vinculam com o mundo exterior, as relações grupais, o uso D) O sentido e a finalidade da avaliação formativa deve
e o aproveitamento de materiais, as práticas de avaliação, ser o de conhecer melhor o professor, suas competências e
etc (Sacristán, J.G., 1995). suas técnicas de trabalho.

RESPOSTA: “C”. Também chamada de avaliação para as aprendizagens,


a avaliação formativa tem seu foco no processo ensino
6. (SEPLAG/MG – PEDAGOGIA – BFC/2013) Para ser -aprendizagem. Alguns teóricos chegam a nomear essa
considerada como possuidora de certa habilidade, a crian- modalidade com o nome de avaliação formativa diagnós-
ça tem que demonstrar que pode cumprir a tarefa sem tica. A avaliação formativa não tem finalidade probatória
nenhum tipo de ajuda. Denomina- se essa capacidade de e está incorporada no ato de ensinar, integrada na ação
realizar tarefas de forma independentes: de formação. Alguns autores consideram que a avaliação
A) NDP - Nível de Desenvolvimento Potencial. formativa englobe as outras modalidades de avaliação já
B) ZDP - Zona de Desenvolvimento Proximal. que ela se dá durante o processo educacional. Seu caráter
C) PDH - Processo de Desenvolvimento de habilidade. é especificamente pedagógico.
D) NDR - Nível de Desenvolvimento Real. *Disponível em: http://www.portalavaliacao.caedufjf.
Para Vygotsky, a aprendizagem e o desenvolvimento net/pagina-exemplo/tipos-de-avaliacao/avaliacao-forma-
estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida do tiva/
indivíduo. Nível de desenvolvimento real: Referente as con-
quistas que já estão consolidadas na criança, ela já apren- RESPOSTA: “D”.
deu e domina. Indica os processos mentais da criança que
já se estabeleceram. Representa as funções já amadureci- 9.(SEPLAG/MG – PEDAGOGIA – BFC/2013) A avaliação
das. Exemplos: andar de bicicleta, cortar com tesoura, do- é realizada no início do processo en-
minar o teclado. sino-aprendizagem, com a finalidade de detectar eventuais
*Texto adaptado de Raquel D`Ely. Disponível em: https:// dificuldades de aprendizagem auxiliando o
repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/116361/ no planejamento de suas ações.
TEORIA%20SOCIO%20INTERACIONISTA.pdf?sequence=1 Assinale a alternativa que completa correta e respecti-
vamente as lacunas.
RESPOSTA: “D”. A) Diagnostica / Professor.
B) Formativa / Gestor
7. (SEPLAG/MG – PEDAGOGIA – BFC/2013) É um tipo C) Formativa / Coordenador pedagógico.
de avaliação que tem por função básica a classificação dos D) Somativa / Professor.
alunos, sendo realizada no final de um curso ou unidade de
ensino, classificando os alunos de acordo com os níveis de O conceito de avaliação diagnóstica não recebe uma
aproveitamento previamente estabelecidos. O texto acima definição uniforme de todos os especialistas. No entanto
descreve uma: pode-se, de maneira geral, entendê-la como uma ação
A) Avaliação formativa. avaliativa realizada no início de um processo de aprendi-
B) Avaliação somativa. zagem, que tem a função de obter informações sobre os
C) Avaliação diagnostica. conhecimentos, aptidões e competências dos estudantes
D) Avaliação personalizada. com vista à organização dos processos de ensino e apren-
Avaliação Somativa: É uma modalidade avaliativa pon- dizagem de acordo com as situações identificadas.
tual que ocorre ao fim de um processo educacional (ano, *Disponível em: http://www.portalavaliacao.caedufjf.
semestre, bimestre, ciclo, curso etc.). Atém-se à determina- net/pagina-exemplo/tipos-de-avaliacao/avaliacao-diag-
ção do grau de domínio de alguns objetivos pré-estabe- nostica/
lecidos propondo-se a realizar um balanço somatório de
uma ou várias sequencias de um trabalho de formação. É RESPOSTA: “A”.
também chamada de avaliação das aprendizagens.
*Disponível em: http://www.portalavaliacao.caedufjf.
net/pagina-exemplo/tipos-de-avaliacao/avaliacao-somati-
va/

RESPOSTA: “B”.

192
10. (SEPLAG/MG – PEDAGOGIA – BFC/2013) Na relação O trabalho escolar é uma ação de caráter coletivo, rea-
profesor-aluno envolve interesses e intenções, sendo esta lizado a partir da participação conjunta e integrada dos
interação o expoente das consequências, pois a educação membros de todos os segmentos da comunidade esco-
é uma das fontes mais importantes do desenvolvimento lar. Portanto, afirmar que sua gestão pressupõe a atuação
comportamental e agregação de valores nos membros da participativa representa um pleonasmo de reforço a essa
espécie humana. importante dimensão da gestão escolar. Assim, o envolvi-
Logo, a relação entre professor e aluno depende, fun- mento de todos os que fazem parte, direta ou indiretamen-
damentalmente: te, do processo educacional no estabelecimento de objeti-
I. Do clima estabelecido pelo aluno. vos, na solução de problemas, na tomada de decisões, na
II. Da relação empática com seus alunos. proposição, implementação, monitoramento e avaliação
III. Da sua capacidade de ouvir, refletir e discutir. de planos de ação, visando os melhores resultados do pro-
IV. Da criação das pontes entre seu conhecimento e os cesso educacional, é imprescindível para o sucesso da ges-
deles. tão escolar participativa (Luck, Freitas, Girling, Keith, 2002).
Assinale a alternativa correta.
A) Somente I, II e III estão corretas. RESPOSTA: “B”.
B) Somente I, II e IV estão corretas
C) Somente II, III e IV estão corretas 12. (PREFEITURA DE TERESÓPOLIS/RJ – PEDAGOGIA -
D) Somente I, III e IV estão corretas BIORIO/2011) O FUNDEB – Fundo de Manutenção e De-
senvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Becker (1997), afirma que na transferência, constituir Profissionais da Educação é formado:
uma identificação simbólica é uma forma de desenvolver A) por vínculos financeiros com a esfera Federal, Esta-
ao adolescente sua posição discursiva. Verificar-se, que o dual e Municipal de acordo com o censo demográfico;
aluno precisa admitir estar numa relação transferencial com B) com apoio do Banco do Brasil para a criação de um
o professor que não estar ali só para transferir informações, fundo de créditos em favor dos Estados e Municípios;
mais para considerar cada aluno singularmente. O sujei- C) pelos recursos do Governo Federal, Estadual e Mu-
to do qual ocupa a psicanálise é o sujeito do inconsciente nicipal para definir um orçamento exclusivamente para a
enquanto manifestação única e singular. Para o aluno ser educação;
tomado como sujeito é necessário que o educador tam- D) com recursos provenientes das três esferas do go-
bém o seja, que envolva sua prática com aquilo que lhe é verno (Federal, Estadual e Municipal), sendo um fundo con-
peculiar, o estilo. Logo a relação professor-aluno depende tábil;
fundamentalmente do clima estabelecido pelo professor,
da relação empática com seus alunos, de sua capacidade de O FUNDEB não é considerado Federal, Estadual, nem
ouvir, refletir e discutir o nível de compreensão dos alunos Municipal, por se tratar de um Fundo de natureza contá-
e da criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles. bil, formado com recursos provenientes das três esferas de
*Referências: governo (Federal, Estadual e Municipal); pelo fato da arre-
Texto adaptado de Andréia Freitas; cadação e distribuição dos recursos que o formam serem
BECKER, F. Da ação à operação: o caminho da apren- realizadas pela União e pelos Estados, com a participação
dizagem em J.piaget e Paulo Freire. Rio de Janeiro: DPIA do Banco do Brasil, como agente financeiro do Fundo e,
Editora Palmarinca, 1997 por fim, em decorrência dos créditos dos seus recursos se-
rem realizados automaticamente em favor dos Estados e
RESPOSTA: “C”. Municípios de forma igualitária, com base no nº de alunos.
Esses aspectos do FUNDEB o revestem de peculiaridades
11. (PREFEITURA DE TERESÓPOLIS/RJ – PEDAGOGIA - que transcendem sua simples caracterização como Federal,
BIORIO/2011) Por gestão participativa entende-se: Estadual ou Municipal. Assim, dependendo da ótica que se
I - envolvimento de todos que fazem parte direta ou observa, o Fundo tem seu vínculo com a esfera Federal (a
indiretamente no processo educacional; União participa da composição e distribuição dos recursos),
II - compartilhamento na solução de problemas e nas a Estadual (os Estados participam da composição, da distri-
tomadas de decisão do diretor escolar; buição, do recebimento e da aplicação final dos recursos) e
III - implementação, monitoramento e avaliação dos re- a Municipal (os Municípios participam da composição, do
sultados; recebimento e da aplicação final dos recursos).
IV - estabelecimento de objetivos claros e democráti- *Disponível em: http://www.londrina.pr.gov.br/index.
cos; php?option=com_content&view=article&id=734&Itemi-
V - visão de conjunto associada a uma posição hierár- d=373&fontstyle=f-smaller&limitstart=2
quica.
Estão corretas as afirmativas: RESPOSTA: “D”.
A) I, II e III;
B) I, III e IV;
C) II, III e V;
D) I, IV e V;

193
13. (PREFEITURA DE TERESÓPOLIS/RJ – PEDAGOGIA - Essa função socializadora remete a dois aspectos: o de-
BIORIO/2011) A interação professor-aluno é um aspecto senvolvimento individual e o contexto social e cultural. É
fundamental da organização da situação didática. Segundo nessa dupla determinação que os indivíduos se constroem
Libâneo, podem-se ressaltar dois aspectos para a realiza- como pessoas iguais, mas, ao mesmo tempo, diferentes de
ção do trabalho docente: todas as outras. Iguais por compartilhar com outras pes-
A) o aspecto social, que se refere à integração de cada soas um conjunto de saberes e formas de conhecimento
aluno ao seu meio social e o aspecto atitudinal, que se re- que, por sua vez, só é possível graças ao que individual-
fere à aquisição de conhecimentos acadêmicos a serem mente se puder incorporar. Não há desenvolvimento in-
utilizados na vida pessoal de cada aluno; dividual possível à margem da sociedade, da cultura. Os
B) o aspecto técnico e emocional, que se refere ao de- processos de diferenciação na construção de uma identi-
senvolvimento da autonomia e das qualidades morais e dade pessoa e os processos de socialização que conduzem
o aspecto intelectual, que se refere a aprendizagem com a padrões de identidade coletiva constituem, na verdade,
vistas a orientação de trabalhos independente dos alunos; as duas faces de um mesmo processo (PARÂMETROS CUR-
C) o aspecto psicopedagógico clínico, que diz respeito RICULARES NACIONAIS, 1997).
ao sujeito aprendente e ao aspecto acadêmico, que diz res-
peito aos objetivos do processo de ensino, a transmissão RESPOSTA: “D”.
de conhecimentos, hábitos e atitudes;
D) o aspecto cognoscitivo, que diz respeito a formas 15. (PREFEITURA DE TERESÓPOLIS/RJ – PEDAGOGIA -
de comunicação dos conteúdos escolares e o aspecto só- BIORIO/2011) Uma criança de cinco anos apresenta as se-
cio- emocional, que diz respeito às relações pessoais entre guintes características psicossociais, EXCETO:
professor e alunos e às normas disciplinares indispensáveis A) maior estabilidade nas aulas e na escola;
ao trabalho educativo; B) grande capacidade observadora começando a imitar
o que foi observado;
Podemos ressaltar dois aspectos da interação profes- C) interesse por experiências sensórias – motoras, em-
sor-aluno no trabalho docente: O aspecto cognoscitivo preendendo aquilo que está dentro das suas possibilida-
(que diz respeito a formas de comunicação dos conteúdos des;
escolares e às tarefas escolares indicadas pelos alunos) e o D) quando lhe dão os meios necessários, sabe traba-
aspecto sócio-emocional (que diz respeito as relações pes- lhar individualmente;
soais entre o professor e o aluno e as normas disciplinares
indispensáveis ao trabalho docente) afirma Libâneo (1998). Segundo Erikson citado por Rocha (2002), a terceira
*Referências: crise do desenvolvimento psicossocial ocorre entre 3 e os
SOUZA, Verônica Alves de M. A relação professor-alu- 6 anos. As crianças aprendem a desenvolver as suas pró-
no na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Ar- prias atividades, têm prazer quando são bem sucedidas e
lindo Ramalho nas séries iniciais do Ensino Médio Noturno tornam-se determinadas. Se não lhes é permitido desen-
no município de Solânea-PB. 2007. 60 f. Monografia (Espe- volver as suas próprias iniciativas, podem desenvolver sen-
cialização) CFT/UFPB. timentos de culpa por querer ser independentes. Montei-
ro (2005) cita também Santrok que diz: À medida que as
RESPOSTA: “D”. crianças em idade pré-escolar enfrentam um mundo social
cada vez mais alargada, aumentam os desafios e neces-
14. (PREFEITURA DE TERESÓPOLIS/RJ – PEDAGOGIA - sitam de desenvolver comportamentos mais significativos
BIORIO/2011) A escola, por ser uma instituição social com para responder a esses desafios.
propósito explicitamente educativo, tem o compromisso *Referências:
de intervir efetivamente para promover o desenvolvimento Texto adaptado de Ângela Maria Semedo Pereira Ta-
e a socialização de seus alunos. Essa função socializadora vares;
remete a dois aspectos: Rocha, Ana; Fidalgo, Zilda. Psicologia. 12º ano. Lisboa:
A) a intersocialização entre diferentes grupos e a aqui- Texto editora, 2002.
sição de conhecimentos científicos;
B) a compreensão do mundo acadêmico e integração RESPOSTA: “C”.
entre os sujeitos aprendentes;
C) a capacidade de crítica e o desenvolvimento de téc- 16. (PREFEITURA DE TERESÓPOLIS/RJ – PEDAGOGIA -
nicas; BIORIO/2011) O brincar fornece à criança a possibilidade
D) o desenvolvimento individual e o contexto social e de construir uma identidade autônoma e criativa. A criança
cultural; que brinca entra no mundo do trabalho, da cultura e do
afeto pela via da:
A) família;
B) imaturidade;
C) representação e da experimentação;
D) coerção;

194
A importância do brincar para a criança é uma cons- A avaliação mediadora propõe um modelo baseado no
trução histórica, quando brinca a criança experimenta sen- dialogo e aproximação do professor com o seu aluno de
sações antes desconhecidas, entra no mundo do adulto, forma que as práticas de ensino sejam repensadas e mo-
reproduz as relações sociais e de trabalho de forma lúdica dificadas de acordo com a realidade sociocultural de seus
e se apropria do mundo em seu processo de construção alunos, nesta perspectiva de avaliação o erro é considerado
como sujeito histórico-social. Para a pesquisadora Wajskop como parte do processo na construção do conhecimento
(2001), a criança que brinca pode adentrar o mundo do e não como algo passível de punição, na visão mediado-
trabalho pela via da representação. ra o professor é capaz de criar situações desafiadoras que
*Referências: tornem capaz a reflexão e ação tornando a aprendizagem
Texto adaptado de Aline Fernandes Guimarães; mais significativa.
WAJSKOP, G. Brincar na pré-escola. 5.ed. São Paulo: *Texto adaptado do Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos.
Cortez, 2001.
RESPOSTA: “D”.
RESPOSTA: “C”.
19. (PREFEITURA DE TERESÓPOLIS/RJ – PEDAGOGIA
17. (PREFEITURA DE TERESÓPOLIS/RJ – PEDAGOGIA - - BIORIO/2011) Considera-se que o professor adota uma
BIORIO/2011) A concepção sócio-interacionista do desen- postura de avaliação mediadora quando:
volvimento se apoia na ideia de interação indivíduo-meio e A) corrige tarefas e provas do aluno para verificar res-
vê a aquisição de conhecimento como um processo cons- postas certas e erradas e, a partir daí, tomar decisões;
truído pelo indivíduo durante toda sua vida. Essa concep- B) analisa teoricamente as várias manifestações dos
ção se diferencia da inatista porque a inatista: alunos em situações de aprendizagem para acompanhar as
A) parte do pressuposto de que os eventos que ocor- hipóteses que ele vem formulando;
rem após o nascimento não são essenciais para o desen- C) enaltece procedimentos competitivos e classificató-
volvimento, pois o indivíduo já nasce com padrões inatos rios com base em certo / errado;
de comportamento; D) faz manifestações periódicas quanto ao aproveita-
B) assemelha-se à interacionista quando considera que
mento do aluno, segundo modelo predeterminado;
os dois elementos – o biológico e o social – não podem ser
dissociados;
O processo de aprendizagem torna-se continuo atra-
C) defende a visão ambientalista da reciprocidade de
vés da avaliação mediadora, uma vez que o professor pos-
influências entre indivíduo e meio ambiente;
sui ferramentas de intervenção adequadas para que os alu-
D) assemelha-se à ambientalista porque a ambienta-
nos se apropriem de conhecimentos significativos, sem o
lista chama a atenção para a plasticidade do ser humano,
sentimento de obrigação, ou seja, o aprendizado ocorre de
embora ele seja um sujeito passivo;
maneira natural com mais facilidade de internalização do
A aplicação da concepção inatista na educação gera conteúdo aplicado em sala de aula.
imobilismo e resignação, pois se considera que as diferen- *Disponível em: http://www.trabalhosfeitos.com/en-
ças não são superadas, uma vez que o meio não interfere saios/Avalia%C3%A7%C3%A3º-Mediadora/549901.html
no desenvolvimento da criança. Considera-se também que
o resultado da aprendizagem é exclusivamente do aluno, RESPOSTA: “B”.
isentando de responsabilidade o professor e a escola. 20. (PREFEITURA DE TERESÓPOLIS/RJ – PEDAGOGIA -
*Texto adaptado de Alberto Abreu. Disponível em: BIORIO/2011) Inserida nos programas dos últimos gover-
http://albertoabreu.wordpress.com/2006/07/18/inatismo/ nos, a educação inclusiva tem sido motivo de controvérsias
e procedimentos por vezes radicais das escolas.
RESPOSTA: “A”. Em relação à inclusão, o seguinte compromisso deve
ser assumido pela escola brasileira:
18. (PREFEITURA DE TERESÓPOLIS/RJ – PEDAGOGIA - A) oferecer escola para todos, exceto nos estados que
BIORIO/2011) A avaliação mediadora exige que o profes- não têm competência para assumir o atendimento aos por-
sor observe atentamente o movimento de cada aluno no tadores de necessidades especiais;
processo de construção do conhecimento. Tal atitude NÃO B) promover somente espaços de inclusão em escolas
exige do professor: de periferia;
A) uma ação direta com o aluno a partir de muitas ta- C) formar, qualificar profissionais, conscientes de sua
refas orais e escritas; responsabilidade ética frente à inclusão;
B) interpretar, refletir e investigar teoricamente as so- D) abrir vagas em classes regulares nas escolas, mesmo
luções apresentadas pelo aluno, segundo seu estágio de que não haja profissional qualificado / especializado;
desenvolvimento do pensamento;
C) respeito à subjetividade diante das soluções apre-
sentadas, bem como em razão dos estágios evolutivos;
D) atenção às experiências de vida do aluno, no senti-
do de fazê-lo reproduzir a forma correta, repetidas vezes,
diante do erro;

195
O princípio democrático da educação para todos só se 22. (PREFEITURA DE TERESÓPOLIS/RJ – PEDAGO-
evidencia nos sistemas educacionais que se especializam GIA - BIORIO/2011) A avaliação escolar tem três tipos de
em todos os alunos, não apenas em alguns deles, os alu- função. A avaliação somativa tem como características,
nos com deficiência. A inclusão, como consequência de um EXCETO:
ensino de qualidade para todos os alunos provoca e exige A) visar a subjetividade face a complexidade das di-
da escola brasileira novos posicionamentos e é um moti- mensões em que ela se realiza;
vo a mais para que o ensino se modernize e para que os B) ser realizada ao final do ano ou curso;
professores aperfeiçoem as suas práticas. É uma inovação C) ter resultados mais gerais como objetivos;
que implica num esforço de atualização e reestruturação D) visar os resultados pré-estabelecidos;
das condições atuais da maioria de nossas escolas de nível
básico. O motivo que sustenta a luta pela inclusão como
Avaliação Somativa: Exteriorizada como avaliação fi-
uma nova perspectiva para as pessoas com deficiência é,
nal, porque acontece no fim de um processo de educa-
sem dúvida, a qualidade de ensino nas escolas públicas e
ção e aprendizagem, tem uma função classificatória, em
privadas, de modo que se tornem aptas para responder às
necessidades de cada um de seus alunos, de acordo com razão de que vão convir a uma classificação do estudante
suas especificidades, sem cair nas teias da educação espe- conforme os níveis de aplicação no fim de uma unidade,
cial e suas modalidades de exclusão. de um módulo, de uma disciplina, de um semestre, de
*Texto adaptado de Maria Teresa Eglér Mantoan. Dis- um ano, de um curso. A avaliação somativa promove a
ponível em: http://www.pro-inclusao.org.br/textos.html definição de escopos, frequentemente se baseia nos con-
teúdos e procedimentos de medida, como provas, teste
RESPOSTA: “C”. objetivo, dissertações-argumentativas. Colabora para a
avaliação somativa, tanto a avaliação diagnóstica quanto
21. (PREFEITURA DE TERESÓPOLIS/RJ – PEDAGOGIA - a avaliação formativa, que a avaliação da aprendizagem
BIORIO/2011) Para elaborar seu plano anual, a professora é um ciclo de intervenções pedagógicas de um mesmo
do 1º ano do ensino fundamental solicita todo o material processo.
que registra o desenvolvimento das crianças. Esse pedido *Texto adaptado de Marcondes de Sousa.
indica que ela entende os instrumentos de observação e
registros como fundamentais no ensino infantil e séries ini- RESPOSTA: “A”.
ciais por que:
A) contêm as formas de expressão, da capacidade de 23. (PREFEITURA DE TERESÓPOLIS/RJ – PEDAGOGIA -
concentração, do envolvimento nas atividades, de satisfa- BIORIO/2011) A professora Irene pensa que avaliar signi-
ção com a própria produção e com pequenas conquistas fica não só medir mudanças comportamentais, mas tam-
de cada criança; bém a aprendizagem. Para quantificar os resultados, ela
B) registram as dificuldades e impedimentos físicos, está apoiada na racionalidade instrumental preconizada
cognitivos e emocionais no processo de aquisição de no- pela seguinte concepção de avaliação:
vos conhecimentos como forma de rotular cada criança; A) interacionista;
C) expressam quem são as crianças com mais facilidade B) positivista;
e com mais capacidade de entendimento do mundo formal C) cognitivista;
e informal;
D) construtivista;
D) representam o cotidiano escolar do trabalho do pro-
fessor e da vida das crianças auxiliando a visão do coletivo
Na ótica da teoria Positivista, sob as lentes do em-
como forma de realimentação do planejamento, somente,
dos objetivos atitudinais; pirismo, o conhecimento surge a partir das experiências
que o sujeito acumula através dos tempos utilizando-se
Para que o professor possa propiciar situações de da observação seguindo até a obtenção das ideias siste-
aprendizagem, é necessária a observação, pois é muito máticas. O ambiente torna-se, portanto, o fator determi-
importante o professor observar sempre o seu aluno, pois nante da aprendizagem e não apenas um fator condicio-
diante dessas observações, pode proporcionar um novo nante como, no máximo, deveria ser.
aprendizado. Esse processo avaliativo destina-se ao pro- O sujeito não exerce ação sobre o objeto do conheci-
fessor ser criativo, e desempenhar papéis onde forneça o mento. Ele é considerado como uma “tabula rasa”, todas
progresso dos alunos, seja por meio de experiências edu- as informações do mundo exterior vão sendo impressas
cativas, que expressem a construção do conhecimento, e através dos sentidos. Assim, o conhecimento é o registro
avançar no seu desenvolvimento. dos fatos, a simples cópia do real. O Positivismo prima
pela objetividade e concebe a aprendizagem como mu-
*Texto adaptado de Maeli Sorato Manarin. dança de comportamento, como resultado do treino e da
Disponível em: http://www.bib.unesc.net/biblioteca/ experiência. Segundo Tyler (1949) “a avaliação é um pro-
sumario/000041/000041FD.pdf cesso destinado a verificar o grau em que mudanças com-
portamentais estão ocorrendo, a avaliação deve julgar o
RESPOSTA: “A”.

196
comportamento dos alunos, pois o que se pretende em A partir dessa análise, pode-se concluir que:
educação é justamente modificar tais comportamentos”. A) apenas a afirmativa I está correta.
Nessa perspectiva, aprender é mudar de comportamen- B) apenas a afirmativa II está correta.
to. Subtende-se então que avaliar é medir a quantidade C) apenas a afirmativa III está correta.
de mudanças do comportamento e isso se estabelece na D) todas as afirmativas estão erradas.
chamada “avaliação por objetivos”.
*Texto adaptado de Sandra Zákia Lian Souza. A criança aprende a partir das múltiplas interações que
estabelecem com o meio sócio cultural. E é participando, ati-
RESPOSTA: “B”. vamente de uma comunidade educativa, que a criança tem
oportunidade de estabelecer inúmeras trocas com as outras
24. (PREFEITURA DE TERESÓPOLIS/RJ – PEDAGOGIA crianças, com adultos e com instrumentos culturais (livros,
- BIORIO/2011) Na educação infantil, o atendimento pelos brinquedos, jogos, objetos) Podemos dizer desta forma que,
profissionais deve incorporar, de forma integrada, o educar e a criança é um sujeito sociocultural.
o cuidar, pois tem como característica geral: *Disponível em: http://www.aquarelakidsjoinville.com.
A) salientar a dualidade das intenções do ensino sistemá- br/a-escola
tico e assistemático como pressuposto de desenvolvimento
cognitivo, emocional e afetivo; RESPOSTA: “A”.
B) promover situações de interação em que o cuidar tem
uma função básica e única de alicerce para o desenvolvimen- 26. (PREFEITURA DE PATROCÍNIO/MG – PEDAGOGIA
to das capacidades infantis; – FUNDEP/2012) Segundo Piaget, o desenvolvimento da
C) entender o educar como atividade diversa do cuidar criança se processa por meio de uma sequência de está-
que envolve situações de aprendizagem com intencionalida- gios. Sobre os estágios do desenvolvimento infantil, assi-
de de espaço e tempo orientada pelos adultos; nale a afirmativa CORRETA.
D) propiciar o desenvolvimento da identidade das crian- A) A criança só é promovida de um estágio a outro
ças por meio de aprendizagens diversificadas, realizadas com depois de uma avaliação criteriosa do adulto.
elementos da cultura em situações de interação. B) Desde o primeiro estágio, a criança já é capaz de
Cuidar e educar é impregnar a ação pedagógica de cons- interiorizar suas ações diferenciando objetos de seus re-
ciência, estabelecendo uma visão integrada do desenvolvi- presentantes.
mento da criança com base em concepções que respeitem a C) Os esquemas de ações iniciais, originários dos refle-
diversidade, o momento e a realidade, peculiares à infância. xos e instintos, formam a base para outros mais complexos.
Desta forma, o educador deve estar em permanente estado D) No segundo estágio, a capacidade de representa-
de observação e vigilância para que não transforme as ações ções é ilimitada, pois a criança já entende o ponto de vista
em rotinas mecanizadas, guiadas por regras. Consciência é a da outra pessoa.
ferramenta de sua prática, que embasa teoricamente, inova
tanto a ação quanto à própria teoria. Cuidar e educar im- Progressivamente, a criança vai aperfeiçoando tais mo-
plica reconhecer que o desenvolvimento, a construção dos vimentos reflexos e adquirindo habilidades e chega ao final
saberes, a constituição do ser não ocorre em momentos e de do período sensório-motor já se concebendo dentro de
maneira compartimentada. um cosmo “com objetos, tempo, espaço, causalidade obje-
*Texto adaptado de Nilza Aparecida Forest e Sílvio Luiz tivados e solidários, entre os quais situa a si mesma como
Indrusiak Weiss. um objeto específico, agente e paciente dos eventos que
nele ocorrem” (Piaget).
RESPOSTA: “D”.
*Disponível em: fundelta.com.br/webroot/doc/
25. (PREFEITURA DE PATROCÍNIO/MG – PEDAGOGIA – d067829bf9.docx
FUNDEP/2012) A criança é um sujeito sociocultural e aprende
a partir das múltiplas interações que estabelece com o meio. RESPOSTA: “C”.
Analise as seguintes afirmativas sobre o desenvolvimen-
to infantil.
I. É a partir das relações com o outro que a criança vai
se apropriando das significações socialmente construídas e
assim pode perceber e estruturar a realidade.
II. O adulto tem papel fundamental no desenvolvimento
infantil. É ele quem determina o que a criança deve ou não
aprender, limitando seu universo social e protegendo-a in- Questões da Zambini
clusive de si mesma.
III. Estimular a criança a desenvolver a linguagem corpo-
ral, musical, plástica, dramaturgia, bem como a linguagem
escrita e falada nos primeiros anos de vida pode acarretar
excesso de estímulo e inibir a criança.

197
CONHECIMENTOS GERAIS consideração questões de ordem sócio-
econômica e cultural, tais como origens étnicas,
regionais, religiosas e de gênero;
1. A Constituição Federal em seu artigo 205 diz
b) devem ser avaliados de forma permanente e
que “ A educação, direito de todos e
sistemática, a partir de uma perspectiva
dever
...................................................., será promovida
diagnóstica e processual;
e incentivada com a colaboração da sociedade, c) devem ser informados dos resultados das
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu avaliações realizadas no decorrer do bimestre
preparo para o exercício da cidadania e sua letivo;
qualificação para o trabalho”. d) tem assegurado o direito de contestar critérios
Assinale a alternativa que completa corretamente
e respectivamente os pontilhados acima. avaliativos, podendo recorrer às instâncias
a) do Estado e da família; escolares superiores;
b) da família e do Estado; e) N.d.a.
c) da sociedade,da família e do Estado;
d) dos pais e dos Municípios brasileiros; JUSTIFICATIVA:
e) N.d.a. Resposta D
ART. 53 - A criança e o adolescente têm direito à
JUSTIFICATIVA: educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa,
preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o
Resposta A trabalho, assegurando-se-lhes:
Conforme a Constituição Federal. I - igualdade de condições para o acesso e permanência
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado na escola;
e da família, será promovida e incentivada com a II - direito de ser respeitado por seus educadores;
colaboração da sociedade, visando ao pleno III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício recorrer às instâncias escolares superiores;
da cidadania e sua qualificação para o trabalho. IV - direito de organização e participação em
entidades estudantis;
V - acesso a escola pública e gratuita próxima de sua
residência.
2. O acesso ao ensino______________ é direito
público subjetivo, podendo qualquer cidadão,
grupo de cidadãos, associação comunitária,
organização
sindical, entidades de classe ou outra legalmente 4. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os
constituída, e , ainda, o Ministério Público, acionar o
filhos menores, e os filhos maiores têm o dever
Poder Público para exigi-lo. (Lei Federal 9.394/96
artigo 5º, caput) de (Constituição Federal, artigo 229, caput):
A alternativa que completa corretamente com uma a) ajudar os pais a cuidar dos irmãos menores;
palavra o tracejado acima, é : b) ajudar e amparar os pais na velhice, carência
a) infantil; ou enfermidade;
b) profissionalizante; c) ajudar e amparar os pais na doença e na
c) fundamental; velhice;
d) médio; d) amparar os pais na velhice e em asilos;
e) N.d.a. e) N.d.a.

JUSTIFICATIVA: JUSTIFICATIVA:
Resposta C
CONFORME ARTIGO ABAIXO DA LEI 9.394/96 Resposta B
Art. 5º O acesso ao ensino fundamental é direito público Art. 229 - Os pais têm o dever de assistir, criar e educar
os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar
e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos,
associação comunitária, organização sindical, entidade
de
classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o Ministério
Público, acionar o Poder Público para exigi-lo.
3. O artigo 53 da Lei 8.069/90 (ECA) reafirma o direito

3
que a criança e o adolescente têm à educação, 5. “A formação do homem é muito fácil na primeira
objetivando ao desenvolvimento integral da infância ou melhor, só pode ser dada nessa
pessoa, ao preparo para o exercício da cidadania idade:” “De tudo o que foi dito, fica evidente que a
e a qualificação para o trabalho. Em relação ao condição do homem é semelhante à da árvore.
processo de avaliação do rendimento escolar, tal De fato, assim como uma árvore frutífera (macieira,
artigo assegura, ainda, que crianças e pereira, figueira, videira) pode crescer sozinha e por
adolescentes: virtude própria, mas uma árvore silvestre, só dá frutos
a) serão avaliados globalmente, levando-se silvestres, ao passo que para produzir frutos doces e
em maduros é preciso que um agricultor experiente a
plante, irrigue e pode, também o homem, por si só,
cresce com feições humanas (assim como o bruto
com as suas), mas não poderá tornar-se animal
racional, sábio, honesto e piedoso se antes não
forem nele enxertado os brotos ...”

4
(COMENIUS,J.A. - trad. Benedetti, Ivone Castilho - Um homem de bom aspecto mas ignorante o que
DIDÁTICA MAGNA, Ed. Martins Fontes, 3ª. Ed., 2006, é,senão um papagaio de bela plumagem?
S. Paulo, pág. 77) Ou então,como disse alguém,uma bainha de ouro
Assinale a alternativa que completa corretamente o
com um punhal de chumbo ? “.
texto acima:
a) da obediência, da sapiência, da verdade”; (COMENIUS,J.A. - trad. Benedetti,Ivone Castilho -
b) da honestidade, da obediência, da piedade e DIDÁTICA MAGNA,
da verdade”; Ed. Martins Fontes, 3ª. Ed., 2006 , S. Paulo, págs. 75/
76)
c) da sapiência, da obediência e da verdade”;
d) da sabedoria, da honestidade, da piedade “;
e) N.d.a.
7. “...Nem deve ser obstáculo que alguns pareçam
por natureza imbecis ou estúpidos: isso mostra
JUSTIFICATIVA:
ainda mais a urgência de educar o espírito de
todos. Quanto mais retardada e infeliz for a
Resposta D natureza de alguém, maior é sua necessidade de
Conforme Comenius na página citada: da sabedoria,
ajuda, para poder libertar-se, na medida do
da honestidade, da piedade “. possível, de sua estupidez e obtusidade
Capítulo VII –A formação do homem é muito fácil na animalesca.
primeira infância: Nem é possível encontrar uma inteligência tão
ou melhor, só pode ser dada nessa idade. infeliz que não tenha algum corretivo... “
(COMENIUS,J.A. - trad. Benedetti,Ivone Castilho - (COMENIUS,J.A. - trad. Benedetti,Ivone Castilho -
DIDÁTICA MAGNA, DIDÁTICA MAGNA, Ed. Martins Fontes, 3ª. Ed., 2006
Ed. Martins Fontes, 3ª. Ed., 2006 , S. Paulo, pág. 77) , S. Paulo, pág. 90)
“De tudo o que foi dito,fica evidente que a Assinale a alternativa que finaliza corretamente o
texto de Comenius:
condição a) por meio da educação”;
do homem é semelhante à da árvore. b) por meio de uma educação especial”;
De fato,assim como uma árvore frutífera c) por meio de uma metodologia específica “;
(macieira,pereira,figueira,videira) pode crescer sozinha e d) por meio de um bom corretivo disciplinar”;
por virtude própria,mas uma árvore silvestre,só dá frutos e) N.d.a.
silvestres,ao passo que para produzir frutos doces e
maduros é preciso que um agricultor experiente a JUSTIFICATIVA:
plante,irrigue e pode,também o homem,por si só, cresce
com feições humanas (assim como o bruto com as suas), Resposta A
mas não poderá tornar-se animal “...Nem deve ser obstáculo que alguns pareçam por
racional,sábio,honesto e piedoso se antes não forem natureza imbecis ou estúpidos: isso mostra ainda mais a
nele enxertado os brotos ... urgência de educar o espírito de todos . Quanto mais
retardada e infeliz for a natureza de alguém,maior é sua
necessidade de ajuda,para poder libertar-se,na medida do
possível,de sua estupidez e obtusidade animalesca.
6. “O que são os ricos sem sabedoria, senão porcos Nem é possível encontrar uma inteligência tão infeliz
engordados com farelo?
Os pobres sem o conhecimento das coisas o que que não tenha algum corretivo... “
são, senão burros de carga? (COMENIUS,J.A. - trad. Benedetti,Ivone Castilho -
Um homem de bom aspecto mas ignorante o que é, DIDÁTICA MAGNA,
senão um papagaio de bela plumagem? Ed. Martins Fontes, 3ª. Ed., 2006 , S. Paulo, pág. 90)
Ou então, como disse alguém, uma bainha de a) por meio da educação”.
ouro com um punhal de chumbo ?”. (COMENI
DIDÁTICA MAGNA, Ed. Martins Fontes, 3ª. Ed., 2006
, S. Paulo, págs. 75/76) Resposta B
Das indagações acima podemos concluir que A SABEDORIA E AO CONHECIMENTO.
Comenius tece elogios:
a) ao conhecimento; 6-” O que são os ricos sem sabedoria,senão porcos
b) a sabedoria e ao conhecimento; engordados com farelo?
b) ao seu método de ensino; Os pobres sem o conhecimento das coisas o que
c) à Didática Magna; são,senão burros de carga?
e) N.d.a.

JUSTIFICATIVA:

5
8. Os professores são um grupo
profissional particularmente sensível ao , o que levou certos pedagogos a criarem ortodoxias como def
(NÓVOA,A. org. VIDAS DE PROFESSORES,Porto
Editora, 2ª. Ed, s/d Lisboa – Portugal, pág. 17)
Assinale a alternativa que completa
corretamente a lacuna acima:
a) “fuga para a frente”;
b) saber experiencial;
c) efeito de moda;
d) efeito estufa;
e) N.d.a.

6
JUSTIFICATIVA: b) liderança inovadora.
Resposta C
Os professores são um grupo profissional
particularmente sensível ao____EFEITO DE MODA , 11. Define-se aqui a como uma reflexão
o que levou certos pedagogos a criarem ortodoxias como de caráter crítico sobre os valores presentes na
defesa contra o abastardamento dos seus métodos prática dos indivíduos em sociedade.
ou técnicas . Uma vez na É no domínio da que se problematiza o
praça pública,as técnicas e os métodos pedagógicos são que é considerado bom ou mau em uma determinada
rapidamente assimilados,perdendo-se de imediato sociedade, que se questionam os fundamentos dos
valores e que se aponta como horizonte o bem
o controle sobre a forma como são utilizados.
comum, sem dúvida histórico, mas diferente de um
(NÓVOA,A. org. VIDAS DE PROFESSORES,Porto bem determinado e, muitas vezes, insustentáveis.
Editora,2ª. Ed, s/d (RIOS,T. COMPREENDER E ENSINAR:Por uma
Lisboa – Portugal, pág. 17 ) docência da melhor qualidade, Ed. Cortez, 2ª. Ed,
c) efeito de moda S.Paulo, pág. 87)
A palavra que preenche corretamente as lacunas
acima, é:
a) moral;
9. Qualquer que seja o modo pelo qual nos b) ética;
situemos com relação à Didática, o que se adota c) escola;
é uma concepção desse setor do conhecimento d) valoração;
e) N.d.a.
pedagógico. Porém, nós não temos nenhuma
concepção original do campo da Didática a
oferecer; em primeiro, porque não somos JUSTIFICATIVA:
especialistas na área e, em segundo , porque a
leitura dos próprios especialistas nos dá a Resposta A
impressão de que a Didática ora é... Define-se aqui a _moral como uma
(AZANHA, José Mário Pires. Uma reflexão sobre reflexão de caráter crítico sobre os valores presentes na
didática. In: ————. Educação: alguns escritos. São prática dos indivíduos em sociedade.
Paulo: Nacional, 1987. p. 24-32) É no domínio da moral que se
Assinale a única afirmativa incorreta: problematiza o que é considerado bom ou mau em uma
a) uma variedade do saber sociológico; determinada sociedade,que se questionam os
b) uma variedade do saber político;
fundamentos dos valores e que se aponta como horizonte
c) uma variedade do saber pedagógico.
d) uma variedade do saber psicológico; o bem comum,sem dúvida histórico,mas diferente de um
e) N.d.a. bem determinado e,
muitas vezes, insustentáveis.
JUSTIFICATIVA: (RIOS,T. COMPREENDER E ENSINAR:Por uma
docência da melhor qualidade, Ed. Cortez, 2ª. Ed, S.Paulo,
Resposta B pág. 87)
- A ÚNICA INCORRETA - B - A palavra que preenche corretamente as lacunas
III- uma variedade do saber político. acima, é:
a) moral

10. Centrada no processo de mudança, consiste em


desenvolver projetos, dirigir certos grupos de Resposta B
tarefas, intervir ativamente no debate e nos Centrada no processo de mudança,consiste em
processos de decisão. (THURLER, M.G. INOVAR desenvolver projetos, dirigir certos grupos de tarefas,intervir
NO INTERIOR DA ESCOLA, Artmed,s/e,2001, ativamente no debate e nos processos de decisão.
Porto Alegre, RGS, pág. 151) (THURLER, M.G. INOVAR NO INTERIOR DA
A esse processo a referida autora denomina: ESCOLA, Artmed,s/e,2001, Porto Alegre,RGS, pág.151)
a) liderança cooperativa;
b) liderança inovadora; A esse processo a autora denomina:
c) liderança voltada para a formação;
d) liderança voltada para a cultura;
e) N.d.a.

JUSTIFICATIVA:

7
12. “O ingresso da criança no .......................... certamente se
dá pela aprendizagem de diversos deveres a ela
impostos pelos pais e adultos em geral: não
mentir, não pegar as coisas dos outros, não falar
palavrões, etc...”
(LA TAYLLE,Y PIAGET, VYGOTSKY e WALLON:
teorias psicogenéticas em discussão,Summus
Editorial,15ª. Ed., S. Paulo, pág. 51)
Assinale a alternativa que completa corretamente
os pontilhados acima:
a) universo moral;
b) dilema moral;
c) realismo moral;
d) heteronomia moral;
e) N.d.a.

JUSTIFICATIVA:

Resposta C
“ O ingresso da criança no ...................... certamente

8
comparar diferenças;
se dá pela aprendizagem de diversos deveres a ela
III- estabelecer padrões homogêneos de
impostos pelos pais e adultos em geral: não mentir,não sucesso/ fracasso.”
pegar as coisas dos outros,não falar palavrões,etc...” (HOFFMANN,J. AVALIAR PARA PROMOVER: As
(LA TAYLLE,Y PIAGET,VYGOTSKY e WALLON: setas do caminho, Ed. Mediação, 13ª. Ed, Porto
teorias psicogenéticas em discussão,Summus Alegre, RGS, 2010, pág. 59)
Nesse sentido a aprovação/reprovação visa:
Editorial,15ª. Ed., S.Paulo, pág.51)
Assinale a alternativa que completa corretamente os
pontilhados acima.
c) realismo moral

13. Uma das idéias centrais e mais difundidas de


Vygotsky é a idéia de que os processos mentais
superiores são processos mediados por sistemas
simbólicos, sendo o
sistema simbólico básico de todos os grupos
humanos. (LA TAYLLE,Y PIAGET,VYGOTSKY e
WALLON: teorias psicogenéticas em discussão,
Summus Editorial,15ª. Ed., S.Paulo, pág. 81)
Assinale a alternativa que completa corretamente
a lacuna acima:
a) a aritmética;
b) a leitura;
c) a fala;
d) a escrita;
e) N.d.a.

JUSTIFICATIVA:

Resposta C
SEGUNDO O AUTOR É A FALA.
Uma das idéias centrais e mais difundidas de
Vygotsky,é a idéia de que os processos mentais
superiores são processos mediados por sistemas
simbólicos, sendo _________________ o sistema
simbólico básico de todos
os grupos humanos.
((LA TAYLLE,Y PIAGET,VYGOTSKY e
WALLON:
teorias psicogenéticas em discussão,Summus
Editorial,15ª. Ed., S.Paulo, pág.81)
Assinale a alternativa que completa corretamente a
lacuna acima.
c)a fala

14. “A história nos mostra que a sociedade e a escola


prezam por demais a reprovação e que se vem
cultuando essa prática como garantia de
manutenção de ‘uma escola de qualidade’.
Assim, o professor que não reprova é tido como
bonzinho, pouco exigente, em todos os graus de
ensino.
Com a finalidade explícita de aprovar/reprovar, essa
prática passou a ser exercida no sentido de:
I- classificar entre capazes/incapazes; II-
9
a) incluir, criar processos de aprendizagem e “... Naquele tempo, a escola me dava tanto quanto
manter na escola todos os alunos; em outras épocas só me deram os livros.
b) separar, criando processos alternativos para Aquilo que eu aprendia de viva voz dos
que todos possam aprender; professores,conservava como imagem de quem dizia, e
c) excluir, obstaculizar processos de em minha memória assim ficou gravado para sempre.
aprendizagem e manter na escola apenas Mas, se havia também professores dos quais eu nada
os melhores; aprendia - mesmo assim eles deixaram sua impressão -
d) incluir apenas os excelentes alunos, pois a
escola deveria ser para aqueles que
realmente querem aprender;
e) N.d.a.

JUSTIFICATIVA:

Resposta C
SEGUNDO A AUTORA A ESCOLA FAZ:

I- classificar entre capazes/incapazes


II- comparar diferenças
III- estabelecer padrões homogêneos de
sucesso/fracasso
(HOFFMANN,J. AVALIAR PARA PROMOVER: As
setas do caminho, Ed.
Mediação,13ª. Ed, Porto Alegre, RGS,2010, pág. 59)
para poder
c) excluir,obstaculizar processos de aprendizagem e
manter na escola apenas os melhores.

15. “... Naquele tempo, a escola me dava tanto


quanto em outras épocas só me deram os
livros.
Aquilo que eu aprendia de viva voz dos professores,
conservava como imagem de quem dizia, e em minha
memória assim ficou gravado para sempre. Mas, se
havia também professores dos quais eu nada aprendia
- mesmo assim eles deixaram sua impressão - por si
próprios, por sua figura peculiar, seus movimentos,
sua maneira de falar, e , sobretudo, por sua antipatia ou
simpatia, conforme o que sentíamos.”
(CANETTI, E. A LÍNGUA ABSOLVIDA:História de
uma juventude,Cia das Letras,5ª. Ed, 2005, S. Paulo,
pág. 172)
Com base no texto acima, podemos concluir que
a obra em questão trata-se de:
a) um método de ensino para a educação de
jovens e adultos;
b) um livro de ficção;
c) um tratado psicopedagógico;
d) um livro de memórias;
e) N.d.a.

JUSTIFICATIVA:

Resposta D
Por tudo o que é exposto no texto,fica bastante
claro tratar-se de um livro de memórias.Inclusive pelo
próprio título.
10
por si próprios,por sua figura peculiar, seus c) Plano;
movimentos,sua maneira de falar, e , sobretudo, por sua d) Currículo;
e) N.d.a.
antipatia ou simpatia,conforme o que sentíamos.”
(CANETTI,E. A LÍNGUA ABSOLVIDA:História de
JUSTIFICATIVA:
uma juventude,Cia das Letras,5ª. Ed, 2005,S. Paulo, pág.
172) Resposta D
Ao descrito na questão, o documento PCN-
Com base no texto acima,podemos concluir que a
Introdução,denomina como sendo:
obra em questão trata-se de d) o currículo.
d) um livro de memórias

orientando as atividades educativas, as formas de executá-


las e definindo suas finalidades.”
16. “O respeito à autonomia do educando é um (www.mec.gov.br/introdução aos PCNs, pág. 31) Ao
imperativo ético, e não um favor. É dever do descrito acima o documento PCN-Introdução
professor respeitar a curiosidade do educando, denomina-se:
seu gosto estético, sua inquietude, sua a) Plano Gestor;
linguagem. Autoritarismo e licenciosidade são b) Projeto Político Pedagógico;
duas formas extremas de transgressão da ética
humana.”
(FREIRE, P. PEDAGOGIA DA AUTONOMIA:
Saberes necessários à prática educativa, Paz e
Terra,....ed., Rio de Janeiro, 2000, pág. 59) Segundo
Paulo Freire, com base no texto acima, ENSINAR
exige:
a) criticidade;
b) respeito à autonomia do educando;
c) anestesiamento;
d) reconhecer que a educação é ideológica;
e) N.d.a.

JUSTIFICATIVA:

Resposta B
O próprio texto caracteriza uma das máximas do
educador Paulo Freire que é o respeito.
O respeito à autonomia do educando é um
imperativo ético, e não um favor. É dever do professor
respeitar a curiosidade do educando,seu gosto
estético,sua inquietude,sua linguagem.
Autoritarismo e licenciosidade são duas formas
extremas de transgressão da ética humana.
(FREIRE,P. PEDAGOGIA DA AUTONOMIA: Saberes
necessários à prática educativa, Paz e Terra, 35ª . Ed, Paz
e Terra, Rio de Janeiro, 2000, pág. 59)
Segundo Paulo Freire,com base no texto acima,
ENSINAR EXIGE
b) respeito à autonomia do educando.

17. “Contém as experiências, bem como a sua


planificação no âmbito da escola, colocada à
disposição dos alunos visando a potencializar o
seu desenvolvimento integral, a sua
aprendizagem e a capacidade de conviver de
forma produtiva e construtiva na sociedade.
Nessa concepção é construído a partir do projeto
pedagógico da escola e viabiliza a
sua operacionalização,
11
18. “O trabalho a ser realizado em torno do tema
durante o ensino fundamental deve organizar-se
de forma a possibilitar que os alunos sejam
capazes de:
• compreender o conceito de justiça baseado
na eqüidade e sensibilizar-se pela
necessidade da construção de uma
sociedade justa;
• adotar atitudes de respeito pelas diferenças
entre as pessoas, respeito esse necessário ao
convívio numa sociedade democrática e
pluralista;
• adotar, no dia-a-dia, atitudes de
solidariedade, cooperação e repúdio às
injustiças e discriminações;
• compreender a vida escolar como participação
no espaço público, utilizando e aplicando
os conhecimentos adquiridos na construção
de uma sociedade democrática e solidária;
• valorizar e empregar o diálogo como forma
de esclarecer conflitos e tomar decisões
coletivas;
• construir uma imagem positiva de si, o
respeito próprio traduzido pela confiança
em sua capacidade de escolher e realizar seu
projeto de vida e pela legitimação das
normas morais que garantam, a todos, essa
realização;
• assumir posições segundo seu próprio juízo
de valor, considerando diferentes pontos de
vista e aspectos de cada situação.”
(www.mec.gov.br – Tema Transversal , pág. 65)
O Tema Transversal citado acima é :
a) Ética;
b) Pluralidade Cultural;
c) Meio Ambiente;
d) Saúde;
e) N.d.a.

JUSTIFICATIVA:
Resposta A
O Tema Transversal citado na questão e com várias
palavras derivadas do Tema Transversal, é :
a) Ética

19. “A solução dos problemas ambientais tem sido


considerada cada vez mais urgente para garantir o
futuro da humanidade e depende da relação que se
estabelece entre sociedade/natureza, tanto na
dimensão coletiva quanto na individual. Essa
consciência já chegou à escola e muitas iniciativas
têm sido tomadas em torno dessa questão, por
educadores de todo o país. Por essas razões, vê-
se a importância de incluir Meio Ambiente nos
currículos escolares como tema transversal,
permeando toda prática educacional. É
fundamental, na sua abordagem, considerar os
aspectos físicos e biológicos e, principalmente, os
modo de

12
interação do ser humano com a natureza, por meio .......................do qual, se bem assumido, resulta uma
..................” crescente capacidade criadora de tal modo que,
(www.mec.gov.br/Tema Transversal Meio Ambiente,
quanto mais vivemos integralmente esse movimento
pág. 169)
Assinale a alternativa que completa corretamente tanto mais nos tornamos sujeitos críticos do processo
o texto acima: de conhecer, de ensinar, de aprender, de ler, de
a) de suas relações políticas, funcionais e ambientais;
escrever, de estudar.”
b) de suas relações sociais, do trabalho, da (FREIRE,P – PROFESSORA SIM, TIA NÃO - ED. OLHO
ciência, da arte e da tecnologia; DÁGUA, S. PAULO, 1993, pág. 7)
c) das relações homem-natureza, físico e
biológico; Assinale a alternativa que completa corretamente os
d) de suas relações com a fauna e a flora pontilhados acima:
brasileiras; a) linguagem, pensamento e realidade;
e) N.d.a. b) fala, escrita e realidade;
c) escrita, pensamento e realidade;
JUSTIFICATIVA: d) fala, escrita e pensamento;
e) N.d.a.
Resposta B
Assinale a alternativa que completa corretamente o
JUSTIFICATIVA:
texto acima.
Segundo o PCN acima citado,da questão, Resposta A
o complemento é A alternativa que completa corretamente os
b) de suas relações sociais, do trabalho, da ciência, da pontilhados da questão, é :
a) linguagem, pensamento e realidade.
arte e da tecnologia.
Conforme a página citada.Texto disponível no Google.

20. “Compreender a cidadania como participação plena da cidadania. E as mutila porque, nas culturas
social e política, assim como exercício de direitos e letradas, interdita analfabetos e analfabetas de
deveres políticos, civis e sociais, adotando, no completar o ciclo das relações entre ....................,
dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação ........................ ........................., ao fechar a porta,
e repúdio às injustiças, respeitando o outro e nestas relações, ao lado necessário da linguagem
exigindo para si o mesmo respeito;” escrita. É preciso não esquecer que há um movimento
(www.mec.gov.br Apresentação) dinâmico entre ................, .......................,
Esse é o primeiro objetivo dos PCNs do (a):
a) Ensino Médio;
b) Educação Infantil;
c) Ensino Fundamental;
d) Tema Transversal Pluralidade Cultural;
e) N.d.a.

JUSTIFICATIVA:

Resposta C
(www.mec.gov.br Apresentação )
c) do ensino fundamental.

CONHECIMENTOS
ESPECÍFICOS
21. “Esta é uma das violências que o analfabetismo
realiza
– a de castrar o corpo consciente e falante de mulheres e
de homens, proibindo-os de ler e de escrever, com o
que se limitam na capacidade de, lendo o mundo,
escrever sobre sua leitura dele e, ao fazê-la, repensar a
própria leitura. Mesmo que não zere as milenar e
socialmente criadas relações entre ...................,
.......................... ...................., o analfabetismo
as mutila e se constitui num obstáculo à assunção
13
22. “Recusar a identificação da figura do professor com
a da tia não significa, de modo algum, diminuir
ou menosprezar a figura da tia, da mesma forma
como aceitar a identificação não traduz nenhuma
valoração à lei. Significa, pelo contrário, retirar algo
fundamental, o professor: sua responsabilidade
profissional de que faz parte a exigência política
por sua formação permanente. A recusa, a meu
ver, se deve sobretudo a duas razões principais.
De um lado, evitar uma compreensão distorcida
da tarefa profissional da professora, de outro,
desocultar a sombra ideológica repousando
manhosamente na intimidade da falsa
identificação. Identificar professora com tia, o que
foi e vem sendo ainda enfatizado, sobretudo na
rede privada em todo o país, quase como
proclamar que professoras, como boas tias:”
I- não devem brigar, não devem rebelar-se, não
devem fazer greve;
II- devem cuidar, dar carinho, substituir
famílias desestruturadas;
III- não devem ensinar e sim cuidar e dar mais
carinho;
IV- devem brigar, devem rebelar-se, devem fazer
greve. Assinale a alternativa correta:
(FREIRE, P – PROFESSORA SIM, TIA NÃO - ED.
OLHO DÁGUA, S. PAULO, 1993)
a) Apenas o item I está correto;
b) Apenas os itens II e III estão corretos;
c) Apenas os itens II, III e IV estão corretos;
d) Todos os itens estão corretos;
e) N.d.a.

JUSTIFICATIVA:

Resposta A
A alternativa correta é :
I- não devem brigar, não devem rebelar-se, não

14
devem fazer greve Sendo um meio de comunicação com o exterior e
a) Apenas a I está correta com a gente mesmo, deve-se aprender a linguagem
Conforme a página citada.Texto disponível no Google. corporal, que é a base da........................................”
(ZABALA, A. – COMO TRABALHAR OS
CONTEÚDOS PROCEDIMENTAIS EM AULA, Ed.
23. “O que move as crianças é o esforço para acreditar Artmed, 2ª. Ed., Porto Alegre, 199, pág. 129)
que atrás das coisas que elas tem de aprender a) da comunicação não verbal;
existe uma............ . b) expressão e da comunicação verbal;
De certa maneira, aprender é, para elas, ter de c) tomada de consciência do eu;
reconstruir suas ideias lógicas a partir do confronto d) expressão e do insight cognitivo;
com a realidade.” e) N.d.a.
(WEISZ,T. – O DIÁLOGO ENTRE O ENSINO E A
APRENDIZAGEM, Ed. Ática, 2ª. Ed,13ª. reimpressão, JUSTIFICATIVA:
S. Paulo, 2006, pág. 42)
Assinale a alternativa que completa corretamente os
Resposta B
pontilhados acima:
Segundo o autor,Antoni Zabala, A expressã
a) atitude elogiosa;
TRABALHAR OS CONTEÚDOS PROCEDIMENTAIS EM
b) alegria para aprender;
AULA,Ed. Artmed,2ª. Ed.,Porto
c) intenção pedagógica;
d) lógica; Alegre, 199, pág. 129)
e) N.d.a. b) expressão e da comunicação verbal.

JUSTIFICATIVA:
Resposta D 26. “O que implica aprender um conteúdo
O que move as crianças é o esforço para acreditar procedimental, é:”
que atrás das coisas (ZABALA, A. org. – COMO TRABALHAR OS
que elas tem de aprender existe uma............ . CONTEÚDOS PROCEDIMENTAIS EM AULA, Ed.
a) lógica Artmed, 2ª. Ed., Porto Alegre, 199, pág. 14)
Conforme destaca a autora WEISZ,T. na obra O a) “ saber ser “;
DIÁLOGO ENTRE O ENSINO E A APRENDIZAGEM, b) “ saber reconhecer “;
Ed. Ática,2ª. Ed,13ª. reimpressão,S. Paulo, 2006, pág. 42. c) “ saber fazer “;
d) “ saber ver “;
e) N.d.a.
24. “O professor que pretenda qualificar-se melhor
JUSTIFICATIVA:
para lidar com a aprendizagem dos alunos precisa
estudar e desenvolver uma...........”
Resposta C
(WEISZ,T. – O DIÁLOGO ENTRE O ENSINO E A
APRENDIZAGEM, Ed. Ática, 2ª. Ed,13ª. reimpressão, O que implica aprender um conteúdo
S. Paulo, 2006, pág. 45) procedimental,
a) aptidão para o inesperado; é:
b) relativa paciência; (ZABALA, A. org. – COMO TRABALHAR OS
c) postura investigativa; CONTEÚDOS PROCEDIMENTAIS
d) atitude compreensiva; EM AULA,Ed. Artmed,2ª. Ed.,Porto Alegre, 199, pág.
e) N.d.a. 14)
c) “ saber fazer “.
JUSTIFICATIVA:

Resposta C 27. “Os conteúdos procedimentais na área de


Segundo Telma Weizs, O professor que pretenda
qualificar-se melhor para lidar com a aprendizagem dos
alunos precisa estudar e desenvolver uma.......
(WEISZ,T. – O DIÁLOGO ENTRE O ENSINO E A , além de favorecerem
processos
APRENDIZAGEM, 45)
Ed. Ática,2ª. Ed,13ª. reimpressão,S. Paulo, 2006, pág.

15
de crescimento pessoal, objetivam dotar os alunos de para interpretar e agir sobre aspectos
habilidade que os ajudarão a ser práticos e competentes
c) postura investigativa. do ambiente, conseguindo que
os
conhecimentos informais de cada criança se
traduzam em ações funcionais e organizadas.”
(ZABALA, A. org.– COMO TRABALHAR OS
25. “A expressão corporal encontra-se implícita em CONTEÚDOS PROCEDIMENTAIS EM AULA,Ed.
toda ação desenvolvida por nosso corpo. Artmed,2ª. Ed.,Porto Alegre, 199, pág. 165).

16
Assinale a alternativa que completa correta e 29. “Quando o adulto fornece informações
respectivamente as lacunas acima: específicas sobre um texto, elas também são
a) Língua Portuguesa – gramática; processadas de acordo com o sistema de
b) Matemática - matemáticos; concepções infantis. Por exemplo, ao
c) Estudos Sociais - sociológicos; apresentarmos uma oração escrita à criança e ao
d) Educação Física - físicos; lê-la em voz alta (acompanhados de um assinalar
e) N.d.a. contínuo do texto) cremos que estamos dando
informações acerca daquilo que está escrito. Mas
JUSTIFICATIVA: para a criança, não é isto que ocorre, porque ela
faz uma distinção - que não estamos habituados a
Resposta B fazer - entre “ o que está escrito” e.............”
Segundo o autor, é a matemática/matemáticos (FERREIRO, E. – REFLEXÕES
alternativa “b”. SOBRE ALFABETIZAÇÃO, 24ª. Ed., 2009, Ed.
Cortez, S. Paulo, pág. 47)
Os Assinale a alternativa que contém a frase que
conteúdos procedimentais na área de , além de completa
favorecerem processos de
corretamente crescimento
a lacuna acima:pessoal, objetivam dot
organizadas. a) ‘ o que se pode saber ’;
(ZABALA, A. org.– COMO TRABALHAR OS b) ‘ o que se pode desenhar ’;
CONTEÚDOS PROCEDIMENTAIS c) ‘ o que se pode deduzir ’;
EM AULA,Ed. Artmed,2ª. Ed.,Porto Alegre, 199, pág. 165) d) ‘ o que se pode ler ’;
Assinale a alternativa que completa correta e e) N.d.a.
respectivamente as lacunas acima.
b) Matemática - matemáticos JUSTIFICATIVA:

Resposta D
28. “Entre os resultados mais surpreendentes Segundo Emília Ferreiro, a distinçãO QUE A
que CRIANÇA FAZ, É:
(FERREIRO,E. – REFLEXÕES
SOBRE ALFABETIZAÇÃO,24ª.
Ed.,2009,Ed. Cortez,S.Paulo,
pág.47)
d) ‘ o que se pode ler ’.
obtivemos (através de diferentes situações experime
que as crianças elaboram se não
, que situam
podemaqueles que demonstram
ser atribuídas que
à influência do asambiente.”
meio crianças
(FERREIRO, E. – REFLEXÕES elaboram , que não
SOBR podem ser atribuídas à influência do meio ambiente.
E ALFABETIZAÇÃO, 24ª. Ed., 2009, Ed. Cortez, (FERREIRO,E. – REFLEXÕES SOBRE
S.Paulo, pág. 45) ALFABETIZAÇÃO,24ª. Ed.,2009,Ed. Cortez,S.Paulo,
Assinale a alternativa que contém a frase que pág.45)
completa corretamente a lacuna acima: Assinale a alternativa que contém a frase que
a) idéias próprias a respeito dos sinais
completa corretamente a lacuna acima.
escritos;
a) idéias próprias a respeito dos sinais escritos
b) pictograma não figurativo;
c) pictograma figurativo;
d) idéias próprias a respeito dos números
escritos;
e) N.d.a.

JUSTIFICATIVA:

Resposta A
Emília Ferreiro em suas experiências,destaca a s
idéias próprias a respeito os sinais escritos.
Entre os resultados mais surpreendentes que
obtivemos(através de diferentes situações experimentais )

17
30. Leia o seguinte texto
PROCESSOS DE AQUISIÇÃO DA LÍNGUA
ESCRITA
“Estamos tão acostumados a considerar a
aprendizagem da leitura e escrita como um
processo de aprendizagem escolar que se torna
difícil reconhecermos que o desenvolvimento da
leitura e da escrita na criança começa muito antes
da escolarização. Os educadores são os que têm
maior dificuldade em aceitar isto. Não se trata
simplesmente de aceitar, mas também de não ter
medo de que seja assim.”
(FERREIRO, E. – REFLEXÕES
SOB
RE ALFABETIZAÇÃO, 24ª. Ed., 2009, Ed. Cortez,
S.Paulo, pág. 64)
Pelo exposto acima no texto, Ferreiro afirma ser
possível a criança:
a) aprender a ler com os amiguinhos;
b) aprender a ler com os avós;
c) aprender a ler com os pais;
d) aprender a ler sozinha;
e) N.d.a.

JUSTIFICATIVA:

Resposta D
Segundo a autora, a criança pode aprender a ler
sozinha.
(FERREIRO,E. – REFLEXÕES
SOBRE
ALFABETIZAÇÃO,24ª. Ed.,2009,Ed. Cortez,S.Paulo, pág.
64)

18
Pelo exposto acima no texto, Ferreiro afirma ser JUSTIFICATIVA:
possível a criança Resposta A
d) aprender a ler sozinha. A AUTORA, Délia Lerner afirma:
(LERNER, D. – LER E ESCREVER NA ESCOLA: o
real,o possível e o necessário,Artmed, s/e, 2002 Porto
31. Para Délia Lerner, o desafio é formar praticantes da Alegre, pág. 73
leitura e da escrita e não apenas sujeitos que I- Ler é entrar em outros mundos possíveis;
possam “ decifrar “ o sistema de escrita. II-É indagar a realidade para compreendê-la melhor;
É formar leitores que saberão escolher o material III- É se distanciar do texto e assumir uma postura
escrito adequado para buscar a solução de crítica;
problemas que devem enfrentar e não alunos IV-É tirar carta de cidadania no mundo da cultura
capazes apenas de oralizar um texto selecionado escrita;
por outro. É: a)Todas as afirmativas estão corretas.
I- formar seres humanos críticos; II- capaze
III- de assumir uma posição própria.
(LERNER, D. – LER E ESCREVER NA ESCOLA: 33. “Na escola a leitura é antes de mais nada um
o real, o possível e o necessário, Artmed, s/e, 2002 objeto de ensino. Para que também se transforme
num objeto de aprendizagem, é necessário que
Porto Alegre, pág. 27)
tenha................”
Assinale a alternativa correta: (LERNER, D. – LER E ESCREVER NA ESCOLA:
a) Todas as afirmativas estão corretas; o real,o possível e o necessário, Artmed, s/e, 2002
b) Apenas a afirmativa I está correta; Porto Alegre, pág. 79)
c) Apenas a afirmativa II está correta; Assinale a alternativa que finaliza corretamente o
texto acima:
d) Apenas a afirmativa III está correta; a) sentido do ponto de vista da didática;
e) N.d.a. b) sentido do ponto de vista do aluno;
c) sentido do ponto de vista da escrita;
JUSTIFICATIVA: d) sentido do ponto de vista da comunidade;
e) N.d.a.
Resposta A
Para Délia Lerner, o desafio é formar praticantes da
JUSTIFICATIVA:
leitura e da escrita e não apenas sujeitos que possam
Resposta B
“ decifrar “ o sistema de escrita.
Para a autora,para que a leitura transforme-se em
É formar leitores que saberão escolher o material escrito
um objeto de aprendizagem é necessário que tenha
adequado para buscar a solução de problemas que devem
sentido do ponto de vista do aluno. (LERNER, D. – LER
enfrentar e não alunos capazes apenas de oralizar um
E ESCREVER NA ESCOLA: o real,o possível e o
texto selecionado por outro. É
necessário,Artmed, s/e, 2002 Porto Alegre, pág. 79)
I- formar seres humanos críticos
b) sentido do ponto de vista do aluno.
II- capazes de ler entrelinhas
III- de assumir uma posição própria
(LERNER, D. – LER E ESCREVER NA ESCOLA: o
real,o possível e o necessário,Artmed, s/e, 2002 Porto
Assinale a alternativa correta:
Alegre, pág.27)
a) Todas as afirmativas estão corretas;
Assinale a alternativa correta b) Apenas a afirmativa IV está incorreta;
a) Todas as afirmativas estão corretas. c) Apenas as afirmativas I e II estão corretas;
d) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas;
e) N.d.a.

32. Délia Lerner afirma:


(LERNER, D. – LER E ESCREVER NA ESCOLA:
o real, o possível e o necessário, Artmed, s/e, 2002
Porto Alegre, pág. 73)
I- Ler é entrar em outros mundos possíveis;
II- É indagar a realidade para compreendê-la
melhor;
III- É se distanciar do texto e assumir uma postura
crítica;
IV- É tirar carta de cidadania no mundo da cultura
escrita.
19
34. Piaget estabeleceu uma distinção fundamental
entre
três tipos de conhecimento, considerando suas fontes
básicas e seu modo de estruturação.
(KAMII,K. - A CRIANÇA E O
NÚMERO,Ed.
Papirus38a. Ed, 2010, Campinas, pág. 17)
Quais são esses três tipos de conhecimentos?
a) conhecimento físico, conhecimento motor e
conhecimento cognitivo;
b) conhecimento motor, conhecimento
cognitivo e conhecimento emocional;
c) conhecimento físico, conhecimento
lógico- matemático e conhecimento social;
d) conhecimento emocional,
conhecimento intelectual e conhecimento
espiritual;
e) N.d.a.

JUSTIFICATIVA:

Resposta C
Para , J.Piaget (citado pela autora) ,os três tipos de
conhecimentos são:
(KAMII,K. - A CRIANÇA E O NÚMERO,Ed. Papirus38a.
Ed, 2010,Campinas, pág. 17)

20
c) conhecimento físico,conhecimento lógico-matemático inicial de sua escolarização;
e conhecimento social. b) o respeito às diferenças e às diversidades no
contexto do sistema nacional de educação,
presentes em um país tão diversificado e
complexo como o Brasil;
35. “As pessoas que acreditam que os conceitos c) A não aplicação de qualquer medida que
numéricos devem ser ensinados através da possa ser interpretada como retrocesso, o que
transmissão, falham por não fazerem a distinção poderia contribuir para o indesejável
fundamental entre o conhecimento social e o fracasso escolar;
lógico-matemático. No conhecimento lógico- d) Todas as alternativas acima estão corretas.
matemático, a base fundamental do e) N.d.a.
conhecimento é.......................”
(KAMII, K. - A CRIANÇA E O NÚMERO, Ed. Papirus JUSTIFICATIVA:
38a. Ed, 2010, Campinas, pág. 26)
Assinale a alternativa que finaliza corretamente o
texto acima:
Resposta D
a) o próprio meio; Sobre a equivalência entre o Ensino Fundamental
b) a própria escola; de oito e o de nove anos,
c) o próprio número; os sistemas de ensino e as escolas, nos limites de
d) a própria criança; sua autonomia,têm a possibilidade de proceder às
e) N.d.a. adequações que melhor atendam a determinados fins
e objetivos do processo educacional,tais como :
JUSTIFICATIVA: (www.mec.gov.br/SEB 2007 -Ensino Fundamental de
Resposta D 9 anos: Orientações para a inclusão da criança de 6
No conhecimento lógico-matemático, a base anos de idade )
fundamental do conhecimento é.... a)promoção da auto-estima dos alunos no período
(KAMII,K. - A CRIANÇA E O NÚMERO,Ed. Papirus38a. inicial de sua escolrazição;
Ed, 2010,Campinas, pág. 26) b) o respeito às diferenças e às diversidades no
d) a própria criança. contexto do sistema nacional de educação,presentes em
um país tão diversificado e complexo como o Brasil;
c)A não aplicação de qualquer medida que possa
ser interpretada como retrocesso, o que poderia contribuir
para o indesejável fracasso escolar;
d)Todas as afirmativas estão corretas.
36. “A finalidade da educação deve ser a de desenvolver
a autonomia da criança.” (Piaget) citado por Kamii,
K e que , segundo ele, é indissociavelmente..... e as escolas, nos limites de sua autonomia,têm
(KAMII, K. - A CRIANÇA E O NÚMERO, Ed. a possibilidade de proceder às adequações que
Papirus38a. Ed, 2010, Campinas, pág. 33)
melhor atendam a determinados fins e objetivos
a) emocional, cognitiva e moral;
do processo educacional, tais como:
b) social, moral e intelectual;
(www.mec.gov.br/SEB 2007 -Ensino Fundamental
c) cognitiva, emocional e social;
d) moral, emocional e social; de 9 anos: Orientações para a inclusão da criança
e) N.d.a. de 6 anos de idade)
a) promoção da auto-estima dos alunos no
JUSTIFICATIVA: período

Resposta B
“A finalidade da educação deve ser a de desenvolver
a autonomia da criança.” (Piaget) citado por Kamii,K e
que , segundo ele, é indissociavelmente.....
(KAMII,K. - A CRIANÇA E O NÚMERO,Ed. Papirus38a.
Ed, 2010,Campinas, pág. 33)
b) social,moral e intelectual

37. Sobre a equivalência entre o Ensino Fundamental


de oito e o de nove anos, os sistemas de ensino
21
38. A organização do novo Ensino Fundamental
com nove anos de duração e,
consequentemente da proposta pedagógica,
implica na necessidade imprescindível de um
debate aprofundado sobre essa proposta, sobre
a formação de professores, sobre as condições
de infra-estrutura e sobre os recursos didático-
pedagógicos apropriados ao atendimento e o
essencial:
(www.mec.gov.br/SEB 2007 - Ensino Fundamental de
9 anos: Orientações para a inclusão da criança de
6 anos de idade)
a) a organização dos tempos e espaços
escolares e tratamento,como prioridade , o
sucesso escolar;
b) o desejo da comunidade e a criança ter
freqüentado a pré-escola;
c) o município de Taboão da Serra ter realizado
o censo escolar e verificado a necessidade da
matrícula aos seis anos de idade;
d) a secretaria municipal de educação de
Taboão da Serra ter contratado professores
para essa nova etapa do ensino
fundamental;
e) N.d.a.

JUSTIFICATIVA:

Resposta A
Segundo o documento, o essencial é :
a) a organização dos tempos e espaços escolares e
tratamento, como prioridade ,o sucesso escolar.
(www.mec.gov.br/SEB 2007 -Ensino Fundamental de

22
9 anos: Orientações para a inclusão da criança de 6 A função do professor é ensinar o aluno a aprender.
anos de idade ) Além de resolver problemas, deve orientar o aluno no
sentido.............
(LERNER,D. – A DIDÁTICA DA MATEMÁTICA, s/e,
39. Os objetivos da ampliação do ensino
Porto Alegre,1996,pág.73 com modificações)
fundamental para nove anos de duração são:
(www.mec.gov.br/SEB 2007 - Ensino Fundamental a) de propor problemas.
de 9 anos: Orientações para a inclusão da criança Pois na resolução dos problemas o aluno já está
de 6 anos de idade) propondo soluções.
a) melhorar as condições de equidade e de
qualidade da Educação Básica;
b) estruturar um novo ensino fundamental para
que as crianças prossigam nos estudos,
alcançando maior nível de escolaridade;
c) assegurar que, ingressando mais cedo no
sistema de ensino, as crianças tenham um
tempo mais longo para as aprendizagens da
alfabetização e do letramento;
d) todas as alternativas acima estão corretas;
e) N.d.a.

JUSTIFICATIVA:

Resposta D
Os objetivos da ampliação do ensino fundamental
para nove anos de duração são:
a) melhorar as condições de equidade e de qualidade
da Educação Básica;
b) estruturar um novo ensino fundamental para que
as crianças prossigam nos estudos,alcançando maior
nível de escolaridade;
c) assegurar que,ingressando mais cedo no sistema
de ensino, as crianças tenham um tempo mais longo
para as aprendizagens da alfabetização e do letramento;
Assim, todas estão corretas.Alternativa “ d “ .
(www.mec.gov.br/SEB 2007 -Ensino Fundamental de
9 anos: Orientações para a inclusão da criança de 6
anos de idade )

23
40. “A função do professor é ensinar o aluno a
aprender. Através de uma didática utilizada no
ensino da matemática que estimule a
criatividade, onde o aluno possa perceber que é
como um edifício em construção, que
necessita constantemente de adaptações e
modificações.
Basear-se sempre na resolução de problemas,
como é o princípio da própria matemática, sem
pautar-se em definições e descrições de
propriedades.
Além de resolver problemas, deve orientar o aluno
no sentido..................”
(LERNER, D. – A DIDÁTICA DA MATEMÁTICA, s/
e, Porto Alegre,1996, pág. 73 com modificações)
Assinale a alternativa que finaliza corretamente o
texto acima:
a) de aprender tabuada;
b) de realizar as quatro operações;
c) de propor problemas;
d) de propor soluções;
e) N.d.a.

JUSTIFICATIVA:

Resposta C

24
25

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