Вы находитесь на странице: 1из 6

Homo Ludens

Homo Ludens é um livro que centra o jogo como atividade originária de


inúmeros contextos da realidade humana. Encontramos na obra de Johan
Huizinga, lançada em 1939 na língua alemã em Amsterdam, que do jogo nasce
a cultura, sob a forma de ritual, linguagem e poesia, permanecendo subjacente
em todas as artes de expressão e competição.
Um ponto importante antes de se analisar o estudo de Joham Huizinga,
é tornar claro sua intenção de situar o jogo como um elemento na cultura, e
não da cultura. Ao ter a concepção do jogo sendo da cultura, temos que ele
nasce de um processo cultural humano, porém, o autor exemplifica que os
animais também jogam, e que em relação as elementos básicos que compõem
o que é jogo, o homem pouco, ou quase nada, contribuiu para que essa
atividade se tornasse diferente do jogo animal.
Um outro ponto importante de salientamos para compreensão de jogo
em Huizinga, é ter o jogo como atividade. Porém o que venha a ser uma
atividade não é definida pelo autor, deixando o termo a livre entendimento.
Uma questão observada em relação ao jogo ser atividade é a presença do
outro. Em nenhum momento de seu estudo, Huizinga exemplifica um jogador
não interagindo com outro jogador1.
A observação com um ponto crítico a essa lacuna no estudo em
questão, é algo presente em todo o momento. O próprio autor no prefácio do
livro salienta que:
O leitor destas páginas não deve ter esperança de encontrar uma
justificação de todas as palavras usadas. No exame dos problemas
gerais da cultura, somo constantemente obrigados a efetuar
incursões predatórias em regiões que o atacante não explorou
suficientemente. Estava fora de questão, para mim, preencher
previamente todas as lacunas de meus conhecimentos. ( HUIZINGA,
2008. p. VI)

Huizinga não buscar definir o lugar do jogo no meio de tantas outras


manifestações culturais, mas sim, determinar até que o ponto a cultura possui
um caráter lúdico. Assim, de maneira interdisciplinar, objetivou integrar o
conceito de jogo ao de cultura.

1
Essa observação se torna importante diante da forte relação que o jogo em nossa língua possui com os
termos brincar, brincadeira e brinquedo, onde muitas vezes são empregados como sinônimos.
No primeiro capitulo, do livro em estudo, intitulado Natureza e
Significado do Jogo como Fenômeno Cultural, Huizinga (2008) começa com a
seguinte afirmação: “o jogo é fato mais antigo do que a cultura” (p.3). Pois
homens e animais jogam o mesmo jogo, sendo que apresentam os mesmos
elementos básicos: o convite ao outro; o respeito as regras; o fingimento; a
experimentação do prazer e do divertimento.
Esses elementos são tidos como as características mais simples de
jogo, o que basta para o autor considerar o jogo como uma atividade que
supera os aspectos físicos e biológicos do homem. Para ele o jogo é uma
função significante e encerra um determinado sentido em si. Durante o jogo há
algo em jogo que transcende as necessidades imediatas humanas, o que
confere sentido a ação.
Ao atribuir uma função significativa para o jogo, o autor apresenta
contrapontos da qual forma concebe o jogo em relação às teorias fisiológicas e
biológicas. Para ele essas ciências conservam a hipótese do jogo ser um
instrumento, um meio para alcançar um objetivo que não é o jogo. Não
existiriam motivos para não aceitar e se bastar com concepções naturais de
jogo, desde que, elas não fossem concepções parciais para resolver os
problemas.
Além disso, o jogo em sua natureza provoca uma intensidade, um poder
de fascinação, dando elementos como a alegria, a tensão e divertimento, que
estão à cima da capacidade de analise dessas ciências. As teorias formuladas
por elas não são decisivas, se assim fossem, se eliminariam ou se englobariam
em uma só.
O jogo encerra em si também uma realidade que ultrapassa a esfera da
vida humana, o que venha a impedir sua fundamentação racional. A existência
do jogo não está ligada a uma civilização, religião ou concepção de universo,
ele possui uma realidade autônoma que não pode ser negada. Para Huizinga,
reconhecer o jogo é reconhecer o espírito, que independente de sua essência
torna o jogo imaterial.
“A própria existência do jogo é uma confirmação permanente da sua
natureza supralógica” (p.XX). A imaterialidade do jogo leva o autor a constatar
de que o jogo é algo irracional. Se o homem joga e tem consciência disso, é
pelo fato de ser mais do que simples racional. Tratar o jogo como função
cultural, é desconsiderar que ele existe nas crianças e animais, o que faria
partir do mesmo ponto das ciências naturais.
O que diferencia o seu estudo dos estudos das ciências biológicas é
objetivar o jogo como “forma especifica de atividade, como “forma significante”,
como função social” (p.6). A importância dada ao seu estudo em questão, tem
como pivô a qualidade que é característica daquilo que chamamos de jogo,
procurando considerar-lo na sua significação primaria, para chegar a uma
compreensão dessa atividade como fator cultural da vida.
Assim todo fenômeno cultural tem de pano de fundo, de forma oculta e
marcante o jogo. O mito, a linguagem, o culto, o jurídico e tantas outras formas
de atividades humanas possuem sua origem enraizada no solo fértil do jogo.
Com isso Huizinga afunila a aproximação do jogo e da cultura, não expressada
e nem observada pelas ciências até então.
A falta de interesse pelo tema é dada pela noção de oposição do jogo a
seriedade. Huizinga expressa que esse contraste analisado de perto não é
fator decisivo nem imutável, assim como o jogo não atende uma seriedade,
existem formas extremante sérias de jogo. Ao comparar outros conceitos que
se opõem a seriedade, e formas aparentemente relacionadas ao jogo, é
observada a independência que o conceito possui.
Na elaboração do conceito jogo e na não afirmação de sua relação com
a estética2, Huizinga limita-se a conceituar o jogo sendo
uma função da vida, mas não passível de definição exata, em termos
lógicos, biológicos ou estéticos. O conceito de jogo deve permanecer
distinto de todas as outras formas de pensamento através das quais
exprimimos a estrutura da vida espiritual e social (p. 10).

Portanto, nesse limite auto-imposto pelo autor, cabe descrever as principais


características que o jogo possui.
As características gerais e essenciais são:
a) O jogo é uma atividade voluntária, livre: o jogo não se dá a partir da
obrigatoriedade ou ordenada, seu impulso é voluntário. Ao afastar a
b) característica de liberdade do jogo, afasta o curso do jogo do seu natural. O
jogo não encerra em si uma necessidade de prática, pode se tornar
necessidade na medida em que o prazer provocado por ele se torna uma
necessidade. Crianças e animais jogam porque querem, não são levados

2
Essa relação ou não-relação com estética será aportada posteriormente.
por uma necessidade ou instinto – pois se assim fosse, o jogo se
caracterizado por necessário e utilitário. O jogo se dá diante do convite e da
aceitação livre. “O jogo é livre e ele próprio é liberdade” (p. XX)
c) O jogo não é vida “corrente”, nem “vida real”: ao jogar toda criança e adulto
entram em uma esfera que possui características próprias. Por mais
profundo que seja esse momento, todo o ser sabe que está nessa evasão da
vida real. O “faz de conta” ou o “só jogando” contrasta com a seriedade
fazendo com que não haja uma definição entre o jogo e seriedade. O jogo
por ser uma quebra do cotidiano, adota um papel importante para o ser
humano, reduzindo a inferioridade do jogo em relação a seriedade,
tornando-o seriedade, e fazendo que com que a seriedade ser torne jogo.
Essa quebra de cotidiano não faz com que o jogo se transforme em um
mecanismo de necessidade e desejos primários do homem, mas sim, faz
com que esse seja observado com ênfase no fato de ser desinteressado.
d) O jogo ocorre dentro de um tempo: o jogo como atividade ocorre em um
tempo determinado, dado previamente pelos seus agentes. Chega-se ao fim
do jogo a partir do alcance de um objetivo, do apito final do arbitro, de várias
formas, conforme a regra de cada jogo. Porém o jogo encerra em si uma
característica que mesmo ao fim da atividade ele permanece como criador
de espírito, um tesouro que passa a ser conservado pela memória. É esse
fato que permite o jogo ser transmitido e repetido3, não apenas como jogo
geral, mas também com sua lógica interna.
e) O jogo ocorre em um espaço delimitado: o espaço determinado para ocorrer
o jogo é mais flagrante do que o tempo. Ele pode ser um espaço delimitado
de forma abstrata ou material. Independente da forma da forma qe é
delimitado, é nesse espaço que as regras do jogo serão respeitadas pelos
seus jogadores.
f) O jogo é criador de ordem e ordem: o jogo cria ordem ao mesmo tempo que
é ordem. Essa característica introduz na imperfeição e confusão da vida,
uma perfeição temporária e limitada, por exigir ordem absoluta e suprema.
As regras – importante para discutir o conceito de jogo – ditam o vale no

3
Achar um momento para falar da lógica da repetição – qualidade fundamental do jogo.
mundo criado pelo jogo, o não cumprimento delas leva a uma quadra de
magia4.
g) O jogo é integração: a associação entre os jogadores faz com que o jogo se
torne permanente mesmo depois de seus términos. Isso desperta um
sentimento de estar “separadamente junto”, em uma situação excepcional,
compartilhando algo importante, afastando-se do mundo recusando as
normas habituais, conservando a magia do jogo.
Após expor estas características, Huizinga aponta que o jogo possui funções
na vida do homem. Uma delas é a luta por alguma coisa, e a outra é a
representação de alguma coisa. Essas funções se tornam fundamentais para
traçar paralelos entre formas de manifestações sociais e suas relações com o
jogo, ou seja, a relação que existe entre jogo e cultura.
A representação para o autor possui o significado de mostrar, podendo
ser simplesmente uma exibição. Nessa representação o homem pode ser o
que deseja, ser o que habitualmente não é. Ao exemplificar uma criança
jogando, o autor coloca que há no momento da representação um
“transbordamento” de prazer, onde
superando-se a si mesmo a tal ponto que quase chega a acreditar
que realmente é esta ou aquela coisa, sem contudo perder
inteiramente o sentido da “realidade habitual”. Mais do que uma
realidade falsa, sua representação é a realização de uma aparência:
é “imaginação”, no sentido original do termo. (p.17)

Usando a representação como referencia, Huizinga realiza sua primeira


analise comparando manifestações culturais e jogo. Em questão, ele analisa a
representação sagrada dos povos primitivos, dadas a partir do rito. Sendo o
ritual para o autor um ato que representa um acontecimento cósmico. “O ritual
é um dromenon5, isto é, uma coisa que é feita, uma ação. A matéria dessa
ação é um drama, isto é, uma vez mais, um ato, uma ação representada no
palco” (p.18).
Seu objetivo foi estabelecer até que ponto os atos de cultos são
abrangidos pela categoria do jogo. No culto das civilizações antigas Hiuzinga
enxerga todas as características lúdicas – tensão, ordem, movimento,

4
Também leva a uma taxonomia dos jogadores, onde são divididos em bons jogadores – aqueles que
respeitam as regras – e os desmancha prazeres – aquele que não respeitam as regras fazendo que se
quebre a magia do jogo ou com que o jogo termine antes do fim.
5
Qual o significado essa palavra e qual a língua (N. Minha)
mudança, solenidade, ritmo e entusiasmo –, sendo também a forma mais alta e
sagrada da seriedade.
Essa questão recai na discussão do jogo e da seriedade serem antítese.
Na busca de solucionar esse problema e continuar a estabelecer similaridades
entre o culto e o jogo, o autor se apega na seriedade pela qual crianças,
jogadores, dançarinos e músicos realizam suas atividades, como também,
ambas as atividades possuem todas as características formais e essenciais6.
O culto também é apresentado pelo autor como uma forma de
celebração, o que leva a uma festividade. As festas tal como o jogo possuem
uma autonomia, ambas ignoradas pela antropologia e a religião comparada.
Huizinga se mostra incrédulo ao relatar a não percepção dos cientistas ao não
enxergarem que as festas e os cultos se realizam dentro do quadro formal do
jogo.

6
Falar quais são essas

Вам также может понравиться