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Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Critérios de Divisibilidade e Bases Numéricas

Jhone Marcelo Zini

Cascavel - PR
2008
Jhone Marcelo Zini

Critérios de Divisibilidade e Bases Numéricas

Trabalho de monografia apresentado à dis-


ciplina de Prática de Ensino III, do Curso
de Matemática da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Clezio Aparecido


Braga

Cascavel - PR
2008
Jhone Marcelo Zini

Critérios de Divisibilidade e Bases Numéricas

Monografia aprovada como requisito da dis-


ciplina de Prática de Ensino III, no Curso
de Matemática da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná pela comissão formada pe-
los professores:

Prof. Dr. Clezio Aparecido Braga


Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Prof. M.Sc. Paulo Domingos Conejo


Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Prof. Dr.(M.Sc.) Sandro Marcos Guzzo


Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Cascavel, 2 de novembro de 2008.


Dedicatória

Especialmente à minha Querida Mãe, por sempre ter


acreditado e incentivado os seus filhos a estudar.

ii
Agradecimentos

A todos os professores que me deram aula no curso, e


em especial ao Professor Dr. Clezio Aparecido Braga,
que no decorrer deste trabalho nao mediu esforços, se
tornando essencial.

iii
Sumário

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . v

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vi

1 HISTÓRIA DAS BASES NUMÉRICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1.1 Significado Matemático de Base Numérica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2 TEORIA DE ANÉIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2.1 Operações sobre Z . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2.1.1 Números Primos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

2.1.2 Ideais de Z . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

2.1.3 Relações de Congruências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2.2 Anéis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

2.3 Os Anéis Zn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

3 CRITÉRIOS DE DIVISIBILIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

3.1 Divisibilidade em uma base genérica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

3.2 Critérios de Divisibilidade na base decimal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

3.3 Outras demonstrações para os critérios na base 10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

3.4 Critérios de divisibilidade na base binária (base 2) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

3.5 Critérios para a base octal (base 8) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

3.6 Critérios para a base Hexadecimal (base 16) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

3.7 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

iv
Resumo

Este trabalho apresenta de uma forma teórica critérios de divisibilidade em uma base
numérica genérica, e aplica esses critérios para as bases binária, octal, decimal e hexa-
decimal, observando diferenças e semelhanças nos critérios quando mudamos de base.

Palavras-chave: Critérios de divisibilidade; Bases numéricas.

v
Introdução

Desde o inı́cio dos tempos, quando o primeiro homem sentiu a necessidade de


guardar informações acerca de quantidades, fazer correspondências entre objetos, surgiu
a necessidade de contar, corresponder, representar quantias. Essa necessidade fez com
que, no decorrer do tempo surgissem os números naturais e com a evolução os sistemas
de numeração.

Sistemas de registro de quantidades e valores são antigos, a aproximadamente


3500 a.C. os sumérios, que habitavam a região da mesopotâmia, já usavam um sistema
de numeração sexagesimal. Como as invasões de território no passado eram constantes,
as tentativas de fazer representação de números foi sendo difundida e complementada
por várias culturas diferentes, cada uma delas com sua contribuição, seja por utilizar
um sistema já existente ou apenas agregar informações a ele. Os sistemas de numeração
foram evoluindo ao longo do tempo até chegarmos aos sistema de numeração posicional,
invenção que devemos ao povo hindu. Atualmente o sistema de numeração utilizado nas
relações humanas é o sistema numérico decimal, que se sobressaiu durante muito tempo
devido a contagem feita através do dedos das mãos. Hoje, com sistemas informatizados,
as representações binária e hexadecimal são essenciais.

Dentre os resultados de teoria de números, estabelecer critérios de divisibilidade,


é um problema, em geral, não trivial e a definição de tais critérios depende essencialmente
da representação do número nessa ou naquela base. Os critérios devem mudar dependendo
da base escolhida. Por exemplo, o critério de divisibilidade por 3 na representação decimal
não será o mesmo que o critério de divisibilidade por 3 na base binária. Entretanto, alguma
semelhança esses critérios tem.

O objetivo desse trabalho é fazer um estudo sobre como se comportam critérios


de divisibilidade em bases numéricas genéricas.

O trabalho está organizado da seguinte forma: no primeiro capı́tulo fazemos uma


apanhado histórico e apresentamos as idéias que definem um sistema de numeração. No
segundo capı́tulo apresentamos uma revisão bibliográfica do ferramental teórico necessário
ao desenvolvimento e análise de critérios que permitam afirmar com segurança quando
um número divide outro. No terceiro capı́tulo, apresentamos os critérios de divisibilidade
de uma forma teórica e finalmente aplicamos os resultados para as bases 10, 2, 8 e 16.

vi
1

1 HISTÓRIA DAS BASES NUMÉRICAS

Na Antiguidade, o centro cultural da humanidade ficava numa região do Oriente


Médio conhecida como Mesopotâmia, (BERGAMINI, 1964) situada entre os rios Tigre e
Eufrates. Suas terras eram muito férteis, o que garantia boas safras e a subsistência dos
seus habitantes. Nessa época já surgiram problemas de acompanhar os dias e as estações
do ano, para saber quando plantar, quanto alimento armazenar, pagar tributos. Todas as
necessidades da civilização exigiam a atribuição de nomes aos números. E possivelmente
esse foi o inı́cio dos sistemas de numeração. Os sumérios viviam nesta região desde
antes de 3.500 a.C. (ALDEIA NUMA BOA, 2008) Construı́ram cidades, tinham um sistema
Legal evoluı́do, uma administração eficiente que contava inclusive com um serviço postal e
criaram sistemas de irrigação artificial. Desenvolveram um sistema de escrita e um sistema
numérico sexagesimal (base 60). Por volta de 2.300 a.C., os acadianos, de civilização bem
menos evoluı́da, invadiram a região. Azar dos sumérios e sorte dos acadianos que, em
pouco tempo, absorveram muito da cultura sumeriana. Os acadianos inventaram o ábaco
(uma ferramenta bem mais eficaz do que os dedos para fazer contagens) e desenvolveram
métodos meio desajeitados para realizar somas, subtrações, multiplicações e divisões.

A soberania dos acadianos durou cerca de 200 anos quando, ao redor de 2.100 a.C.,
os sumérios se revoltaram e assumiram novamente o controle da região. Mas esta soberania
não durou muito tempo. Apenas 100 anos mais tarde, em 2.000 a.C., os babilônios
derrotaram os sumérios, tomaram conta da Mesopotâmia e, em 1.900 a.C., transformaram
a cidade de Babilônia, situada na margem direita do rio Eufrates, em sua capital.

Os babilônios adotaram o estilo da escrita dos sumérios, conhecida como escrita


cuneiforme. Como nesta época não existia papel, faziam-se marcas em forma de cunha em
tabletes de argila úmida usando estiletes. Depois disso, os tabletes eram secados ao sol.
Muitos deles se mantiveram praticamente intactos até os dias de hoje e são a prova de que
os babilônios eram, além de exı́mios contadores de quantidades, muito bons nos cálculos.
Além da escrita cuneiforme, os babilônios também adotaram o sistema numérico de base
60. Foram eles que dividiram o dia em 24 horas, a hora em 60 minutos e o minuto em 60
2

segundos. Os 60 minutos e os 60 segundos são uma prova viva da eficiência do sistema


sexagesimal e uma herança dos sumérios e babilônios que persiste até os dias de hoje.
Apesar do sistema numérico decimal ser o mais difundido na atualidade, ainda anotamos
as horas como 3 : 15 : 20 (ou 3 horas, 15 minutos e 20 segundos) e dificilmente alguém se
15 20
lembra de que, usando algarismos arábicos, estamos querendo dizer 3 + + . Se no
60 3600
sistema decimal existem 10 algarismos diferentes, de 0 a 9, então no sistema sexagesimal
deveriam existir 60 algarismos diferentes, de 0 a 59, no entanto, esse foi possivelmente
o problema central da base sexagesimal. Os babilônios usavam apenas dois algarismos
diferentes, um deles para representar o número 1 e outro para representar o número 10, e
com eles faziam composições para representar todos os números, e com isso, quanto maior
fosse o número, maior seria sua representação, o que de fato foi uma questão que causou
problemas. Outros povos usavam os dedos das mãos e dos pés como referência, inventando
os números de 1 a 20, o que lembramos até hoje nas palavras francesas para 80 e 90 -
“quatre-vingt”e “quatre-vingt-dix”, o que significam “quatro-vinte”e “quatro-vinte-dez”e
também da libra inglesa com 20 xelins. (BERGAMINI, 1964)

Fosse qual fosse o sistema de contagem, os mercadores das antigas civilizações


empilhavam pedrinhas no chão para indicar os números contados. Provavelmente, tal uso
deu origem ao dispositivo de cálculo denominado ábaco e ao próprio nome “Cálculo”.

O uso de dispositivos para cálculos talvez tenha retardado o aperfeiçoamento dos


números escritos, a partir dos quais se desenvolveram as idéias modernas de aritmética e
álgebra. Preservamos até hoje nos algarismos romanos, um dos métodos mais primitivos
de escrever números: I, II, III, IV , V , constituı́dos segundo a técnica de traduzir cada
número como soma ou subtrações de poucos sı́mbolos básicos. No entanto, ainda usamos o
sistema romano para escrever números pequenos, pois a grande problemática dos números
romanos é essa: a dificuldade de representar números grandes.

Acredita-se que os algarismos atuais - 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 - foram


desenvolvidos pelos hindus para o sistema de numeração de base 10 ou “decimal”, método
de contagem originado do latim décima (décimo ou dı́zimo). Parece-nos simples a idéia
de juntar algarismos para formar números, mas ele é o engenhoso resultado de séculos do
desenvolvimento do que os matemáticos denominam ”sistema de numeração posicional”:
a posição de cada algarismo indica o seu valor.

Nosso sistema de numeração atual é o sistema de numeração posicional na base


10, no entanto, por mais da metade da história da civilização os cientistas do ocidente
usaram o sistema posicional de base 60, denominado sexagesimal, que foi desenvolvido
3

pelos mesopotâmicos.

Embora 60 seja altı́ssimo para base de sistema de numeração, ainda o empregamos


na divisão da hora em 60 minutos e do minuto em 60 segundos ou do cı́rculo em 6
partes de 60 graus. O grande motivo para dizermos que 60 é altı́ssimo para base de
sistema de numeração está no fato de que para representar todos os algarismos de 1 a 59,
seriam necessários 59 sı́mbolos diferentes. Nem mesmo os sumerianos e os babilônicos, que
habitaram a mesopotâmia sucessivamente, e eram muito amigos dos números, gostaram
dessa idéia, e para contornar esse problema usavam apenas 2 dı́gitos. Contudo a base
sexagesimal possui muitas vantagens. Tem maior número de divisores que a base 10, o que
significa que em problemas de divisão dariam mais resultados exatos na base 60, entretanto
o triunfo da base 10 se deve ao fato de ter sido adotado por mercadores europeus. É
provável que os contadores árabes e hindus das grandes firmas de exportação de Gênova
e Hamburg demonstrassem mais rapidez nos cálculos que os europeus utilizadores do
sistema romano. A atitude dos mercadores não foi aceita inicialmente pelos cientistas por
um motivo ponderável, que estava no fato de que o sistema decimal não dispunha de um
sistema fácil para indicar frações, e para esse aspecto se recorria ao sistema de base 60.

O método atual de traduzir frações decimais, é devido a alguns pensadores da Ásia


e Europa. Um deles foi Al-Kashi, no século XV , diretor do observatório de Samarkand.
No século XV I Christoff Rudolff avançou mais um pouco nesse terreno. Finalmente,
o belga Simon Stevin apresentou o primeiro tratamento sistemático das novas frações
decimais, numa obra que marcou época: La Disme.

Mesmo nos dias atuais, com todo nosso conhecimento, seria imprudente dizer que
chegamos a um estágio definitivo no sistema de numeração. Não que tribos de bárbaros
possam invadir a terra e nos dominar. Mas há outros seres não carnais: robôs, com-
putadores e máquinas de calcular que operam com interruptores elétricos, nas situações
de ligado e desligado, que nos torna, nesse momento, dependentes da base binária, ou
ainda, identificadores de objetos eletrônicos como placas de computadores e de aparelhos
celulares que utilizam codificações na base 16, a chamada base hexadecimal.

1.1 Significado Matemático de Base Numérica

Sistemas numéricos posicionais possuem algumas caracterı́sticas importantes. Para


ilustrar duas delas usaremos como exemplo o valor 12345 no sistema decimal (com o qual
estamos mais familiarizados). O número deve ser lido da esquerda para a direita, ou
4

seja, começamos pelo 1. Parece meio ilógico, mas, quando lemos apenas o primeiro dı́gito
do número, não podemos prever o valor que iremos encontrar. É preciso ler todos os
dı́gitos para descobrir qual é a potência de 10 associada a este dı́gito. O número 12345,
na verdade, representa (1 × 104 ) + (2 × 103 ) + (3 × 102 ) + (4 × 101 ) + (5 × 100 ), ou seja,
10.000+2.000+300+40+5. O valor de cada casa decimal é multiplicado pela base numérica
elevada a uma potência que corresponde à sua posição. Se mudarmos a base do sistema
numérico, o valor representado por 12345 também muda. Por exemplo, se a base for 6, o
número 12345 representa (1 × 64 ) + (2 × 63 ) + (3 × 62 ) + (4 × 61 ) + (5 × 60 ), que corresponde
a (1 × 1296) + (2 × 216) + (3 × 36) + (4 × 6) + (5 × 1) = 1296 + 432 + 108 + 24 + 5 = 1865.

Observe que a mesma quantidade tem duas representações diferentes, que depen-
dem da base escolhida. Uma pergunta que surge nesse momento é: se podemos escolher
a base para representar o número, por que a base decimal prevaleceu? Claro que fica a
vontade de responder, mas nesse trabalho estamos enfatizando a questão matemática e
falando um pouco da questão histórica, e uma questão como essa, com certeza precisa
de muitas páginas para ser explicada. A seguir acompanhe alguns exemplos de mudança
de base. O método mais simples para transformar valores decimais em sexagesimais (ou
em valores de qualquer outra base) é o das divisões sucessivas. Tomemos como exemplo
o valor decimal 53429. Os algarismos sexagesimais podem ser determinados da seguinte
maneira:

53429 ÷ 60 = 890 e resta 29

890 ÷ 60 = 14 e resta 50

14 ÷ 60 = 0 e resta 14

Os números sexagesimais são obtidos não ordem inversa, ou seja:

14, 50, 29. Para conferir o resultado, é só fazer a conversão inversa que já
conhecemos: (14 × 602 ) + (50 × 601 ) + (29 × 600 ) = (14 × 3600) + (50 × 60) + (29 × 1) =
50400 + 3000 + 29 = 53429.

Nos exemplos abaixo, foi usado o mesmo método:

1. Qual é o valor decimal de (12345)8 ? E se a base for 4? É possı́vel encontrar o valor


decimal de 12345 escrito num sistema numérico de base 4?
Transformando o valor 12345 na base 8 para seu valor decimal:
(1 × 84 ) + (2 × 83 ) + (3 × 82 ) + (4 × 81 ) + (5 × 80 ) =
(1 × 4096) + (2 × 512) + (3 × 64) + (4 × 8) + (5 × 1) =
5

4096 + 1024 + 192 + 32 + 5 = 5349

Solução: 12345 na base 8 é igual a 5349 na base 10.

Observe que, como no sistema de base 8 só existem 8 algarismos para representar os
valores, para expressar o valor 5349 foi preciso usar 5 algarismos. Como o sistema
decimal oferece 10 sı́mbolos diferentes, o valor 5349 só precisou de 4 algarismos.

2. É possı́vel encontrar o valor decimal de 12345 escrito num sistema numérico de base
4?

A base dos sistemas numéricos indicam quantos sı́mbolos estão disponı́veis para
representar valores. Assim, o sistema decimal possui 10 sı́mbolos (de 0 a 9), o
sistema octal oferece 8 valores (de 0 a 7).

Solução: 12345 não pode estar representando nenhum valor na base 4 porque possui
5 sı́mbolos diferentes (sem considerar o zero que não aparece neste número).

3. Calcule o valor decimal de (10, 12, 5; 1, 52, 30.)60

De acordo com a convenção adotada para Numerais babilônicos, a vı́rgula é usada


para separar os algarismos e o ponto e vı́rgula é usado para separar a porção inteira
da parte decimal. Neste caso, a parte inteira será

(10 × 602 ) + (12 × 601 ) + (5 × 600 ) =

(10 × 3600) + (12 × 60) + (5 × 1) =

36000 + 720 + 5 = 36725

e a parte fracionária será


1 52 30
1
+ 2+ 3 =
60 60 60
2
(1 × 60 ) (52 × 601 ) 30
1 2
+ 2 1
+ 3 =
(60 × 60 ) 60 × 60 ) 60
602 (52 × 60) 30
3
+ 3
+ 3 =
60 60 60
(3600 + 3120 + 30)
=
216000
6750 (2 × 33 × 53)
= =
216000 (2 × 25 × 33 × 53)
1
= 0, 03125
32
1
Solução: o valor decimal de 10, 12, 5; 1, 52, 30 é 36725 + ou 36725, 03125.
32
6

A base 60 apresentava portanto sério problema de representação, e deve-se aos


povos Árabe e Hindu, mas principalmente ao Hindu, o grande mérito de ter conseguido
mesclar um sistema posicional e decimal, que alguns historiadores da matemática conside-
ram a maior invenção do homem. O sistema ganhou o nome de Indo-arábico, justamente
por que foram os árabes os responsáveis pela vinda do sistema ao ocidente.
7

2 TEORIA DE ANÉIS

Estamos interessados na análise dos critérios de divisibilidade, assim iniciaremos


com a teoria de anéis, números inteiros e aritmética modular, para podermos compreender
melhor o processo de determinação de um critério de divisibilidade do ponto de vista
teórico. Maiores detalhes sobre teoria de anéis, números inteiros e aritmética modular
podem ser encontrados em (GONÇALVES, 2003), (DOMINGUES; IEZZI, 1972) e (MONTEIRO,
1978).

2.1 Operações sobre Z

No conjunto dos números inteiros estão definidas as operações de soma e pro-


+: Z×Z→Z · : Z × Z → Z.
duto e onde valem as seguintes
(x, y) x+y (x, y) x · y,
propriedades: ∀ x, y, z ∈ Z,

1. (x + y) + z = x + (y + z)

2. ∃ 0 ∈ Z tal que x + 0 = 0 + x = x

3. ∃ − x ∈ Z tal que x + (−x) = (−x) + x = 0.

4. x + y = y + x

5. (x · y) · z = x · (y · z)

6. ∃ 1 ∈ Z tal que x · 1 = 1 · x = x

7. x · y = y · x

8. x · (y + z) = x · y + x · z

9. x · y = 0 ⇒ x = 0 ou y = 0

Nessas condições Z é denominado um anel de integridade.


8

2.1.1 Números Primos

Sejam d e n elementos de Z. Dizemos que d é um divisor de n em Z, e escrevemos


d | n, se ∃b ∈ Z tal que n = d · b. Dizemos que um inteiro p é número primo de Z se
p 6= ±1 e os únicos divisores de p são ±1 e ±p.

Corolário 2.1.1. Se um número primo p não é um divisor de um número inteiro n,


então ∃ r, s ∈ Z tais que rp + sn = 1.

Proposição 2.1.2. Todo número primo que divide um produto divide pelo menos um dos
fatores.

Demonstração. Suponhamos que p | a · b e que p - a provaremos que p | b. De fato, como


p é primo e p - a, segue pelo corolário 2.1.1 que existem r, s ∈ Z tais que, p · r + a · s = 1
multiplicando ambos os membros da igualdade por b, temos que, p · (r · b) + (a · b) · s = b.

Observe que p · (r · b) e a · b são divisı́veis por p. Logo p | b

Teorema 2.1.3. Todo número inteiro não nulo n 6= {−1, 1} pode ser escrito na forma,
n = up1 · ... · pk , onde u ∈ {−1, 1} e p1 ≤ p2 ≤ ... ≤ pk são números primos positivos (não
necessariamente distintos). Mais do que isso, essa expressão é única.

Demonstração. Claramente é suficiente provarmos o teorema para n ∈ N−{0} = {1, 2, 3..., m, ...}
e nesse caso u = 1 e a expressão se reduz a n = p1 ...pk , p1 ≤ p2 ≤ ... ≤ pk primos mai-
ores do que zero. Vamos primeiramente provar que n pode ser escrito como acima, e a
demonstração será por indução sobre n. Se n = 1 temos que n = up1 ...pk , u = 1 e k = 0.
Vamos agora supor que todo número m, com 1 < m < n possa ser escrito como produto
de primos. Iremos provar que n também pode ser escrito como produto de primos. Supo-
nhamos por absurdo que n não possa ser escrito como produto de primos. Então n não
é um número primo, e assim existem divisores d e d0 de n tais que: n = d · d0 , 1 < d,
d0 < n pela hipótese de indução segue que, d = q1 · q2 · ... · qr , com q1 ≤ q2 ≤ ... ≤ qr e
d0 = q10 · q20 · ... · qs0 com q10 ≤ q20 ≤ ... ≤ qs0 . daı́ segue n = d · d0 = (q1 · ... · qr ) · (q10 · ... · qs0 ) e
rearranjando os números primos q1 , q2 ...qr , q1 , q20 , ..., qs0 podemos escrever, n = p1 · p2 · ... · pk
onde k = r + s e p1 ≤ ... ≤ pk . Como querı́amos demonstrar.

2.1.2 Ideais de Z

Seja J ⊂ Z um conjunto. Dizemos que J é um ideal de Z se as seguintes condições


são satisfeitas:
9

1. 0 ∈ J;

2. x, y ∈ J ⇒ x + y ∈ J;

3. x ∈ J ⇒ −x ∈ J;

4. r ∈ Z, x ∈ J ⇒ r · x ∈ J.

Observe que as condições 1, 2 e 3 acima podem ser substituı́das por:

a) J 6= φ;

b) x, y ∈ J ⇒ x − y ∈ J;

c) r ∈ Z, x ∈ J ⇒ r · x ∈ J.

De fato, usando os itens a e b: x ∈ J 6= φ então 0 = x − x ∈ J pelo item b. Agora se


x ∈ J então −x = 0 − x ∈ J, e finalmente se x, y ∈ J temos que x − y ∈ J e daı́ segue
x + y = x − (−y) ∈ J como querı́amos mostrar.

Por outro lado, se usarmos os itens 1, 2 e 3: 0 ∈ J, então é evidente que J 6= φ e


ainda, x ∈ J ⇒ −x ∈ J, temos que x − x ∈ J, pois x − y ∈ J ⇒ x + y ∈ J.

Exemplo 1

Se n é um número inteiro qualquer, então o conjunto de todos os múltiplos inteiros


de n é um ideal de Z. Seja J = {nk : k ∈ Z} o conjunto dos múltiplos inteiros de n.
Então segue que:

1. 0 = n · 0 ⇒ J 6= φ;

2. x = nk, y = nr ∈ J ⇒ x − y = n(k − r) ∈ J, e ainda

3. r ∈ Z, x = nk ∈ J ⇒ rx = xr = n(kr) ∈ J. (GONÇALVES, 2003)

Observe que se no exemplo 1, n = 0 temos que J = {0} é um ideal de Z, e se n = 1,


J = 1 · Z = Z é também ideal de Z. Esses dois ideais são chamados de ideais triviais de
Z.

Definição 2.1.4. Sejam n1 , n2 , ..., nk , números inteiros, define-se ideal gerado por n1 , n2 , ..., nk
o conjunto de todos os números inteiros da forma n1 r1 + n2 r2 + ... + nk rk , onde r1 , ..., rk
são números inteiros. É usual a notação n1 Z + ... + nk Z para o ideal gerado.
10

Definição 2.1.5. Um ideal da forma nZ dos múltiplos inteiros de n é também chamado


de ideal principal.

Teorema 2.1.6 (Algoritmo de Euclides). Sejam n, d ∈ Z e d > 0. Então existem únicos


q, r ∈ Z, tais que n = qd + r e 0 ≤ r < d

Demonstração. Aqui são duas coisas a serem provadas: existência e a unicidade. Para
fazer a demonstração, nos limitaremos a provar para o conjunto dos inteiros positivos, e
depois basta estender o resultado para todo o conjunto dos números inteiros.

Para a existência, usaremos indução sobre n. Se d > n > 0 existem q = 0, r = n


de modo que n = qd + r , assim podemos assumir n ≥ d > 0. Então temos 0 ≤ n − d < n
e pela hipótese de indução segue que ∃q1 , r ∈ N tais que n − d = q1 d + r onde 0 ≤ r < d
e daı́ segue que n = (q1 + 1)d + r com 0 ≤ r < d. Logo existem q = q1 + 1 e r ∈ N.

Suponhamos agora que existam q1 , r1 , q2 , r2 ∈ N tais que n = q1 d + r1 = q2 d + r2


com 0 ≤ r1 < d e 0 ≤ r2 < d. Como d > 0 é suficiente mostrar que r1 = r2 pois nesse caso
terı́amos q1 d = q2 d ou seja q1 = q2 . Suponhamos por absurdo que r1 6= r2 , por exemplo
r1 > r2 . Nesse caso terı́amos

0 < r1 − r2 = (q2 − q1 )d

mas também r1 − r2 < d pois r1 < d e r2 < d e daı́ segue que:

0 < r1 − r2 = (q2 − q1 )d < d o que é absurdo. Isso prova a unicidade.

Teorema 2.1.7. Todo ideal de Z é principal.

Demonstração. Seja J um ideal de Z. Se J = 0, então J é um ideal principal gerado por


0. Suponhamos que J 6= 0. Assim existe 0 6= x ∈ J e pela propriedade 3 de ideais temos
que −x ∈ J e portanto |x|∈ J, |x|> 0, ou seja, o conjunto S dos inteiros > 0 pertencentes
à J é não vazio. Pelo princı́pio da boa ordenação ∃d ∈ J, tal que d é o menor inteiro
positivo > 0 em J. Vamos provar que d · Z = J. Claramente d · Z ⊂ J, pois se d ∈ J
e n ∈ Z, então dn = nd ∈ J pela propriedade 4 de ideais. Assim resta provarmos que
J ⊂ d · Z. Seja x ∈ J. Pela propriedade 3 temos que |x|∈ J e pelo algoritmo da divisão
temos que ∃q, r ∈ Z tais que:

|x|= qd + r onde 0 ≤ r < d.

daı́ segue que 0 ≤ r = |x|−qd < d. Como |x| e qd ∈ J temos que r ∈ J e 0 ≤ r < d.
Pela minimalidade de d segue que r = 0 e portanto |x|= qd ∈ d · Z e novamente por (iii)
11

teremos que x ∈ d · Z, como querı́amos demonstrar.

Teorema 2.1.8 (Existência de mdc em Z). Sejam n1 , n2 , ..., nk inteiros não-nulos e J =


n1 Z + n2 Z + ... + nk Z o ideal gerado por n1 , n2 , ..., nk . Se d ∈ Z é tal que J = d · Z Então
são válidas as seguintes afirmações:

1. ∃r1 , ..., rk ∈ Z tais que d = n1 r1 + ... + nk rk

2. d é divisor comum de n1 , ..., nk

3. Se d1 é um divisor comum qualquer de n1 , ..., nk então d1 então d divide d1 .

Demonstração. 1. Segue imediatamente da igualdade d · Z = n1 Z + ... + nk Z e do fato


d ∈ d · Z.

2. Seja i ∈ {1, ..., k} e d.Z = n1 Z + ... + nk Z, então é claro que:

ni ∈ ni Z ⊂ n1 Z + ... + ni Z + ... + nk Z = d · Z

e portanto ∃ ri pertencente a Z tal que ni = dri , isto é, d é um divisor de cada


ni , i = 1, ..., k.

3. Seja d1 um divisor comum qualquer de n1 , ..., nk . Assim ∃ri , i = 1, 2, ..., k tal


que ni = d1 · ri , ou seja; ni Z ⊆ d1 Z ∀i ∈ {1, 2, ..., k} é daı́ segue imediatamente que:
n1 Z + ... + nk Z = dZ ⊆ d1 Z e portanto: d ∈ d1 Z, isto é, ∃r ∈ Z tal que d = d1 r e isto
demonstra o item c) do teorema.

Um elemento d que satisfaz o Teorema 2.1.8 é chamado mdc.

Se mdc(n1 , ..., nk ) = 1, dizemos que n1 , ..., nk são relativamente primos em Z e


pelo teorema anterior ∃r1 , ..., rk tais que: n1 r1 + ... + nk rk = 1.

2.1.3 Relações de Congruências

Suponhamos que em um conjunto A esteja definida uma relação entre pares or-
denados de elementos de A. Se x, y ∈ A escreveremos xRy, se x estiver relacionado com
y e xR\y, se x não estiver relacionado com y. Por exemplo, se A é o conjunto de retas do
plano, ortogonalidade define uma relação R entre pares de elementos de A. Analogamente,
paralelismo define uma relação no mesmo conjunto A.

Vamos agora definir o que vem a ser uma relação de equivalência em um conjunto
A.
12

Definição 2.1.9. Seja A um conjunto e seja R uma relação entre pares de elementos de
A. Essa relação será chamada Relação de equivalência em A, se as seguintes propriedades
são verificadas quaisquer que sejam x, y e z ∈ A.

1. xRx.

2. Se xRy, então yRx.

3. Se xRy e yRz então xRz.

As propriedades acima são chamadas respectivamente de reflexiva, simétrica e transitiva.

Observe que perpendicularismo não define uma relação de equivalência, pois não
é reflexiva e nem transitiva. Se considerarmos duas retas coincidentes como paralelas
então paralelismo define uma relação de equivalência no conjunto das retas do plano.

Quando uma relação R em um conjunto A for de equivalência usaremos a notação


∼ em vez de R. Chamaremos classe de equivalência de um elemento x ∈ A em relação a
∼, ao conjunto x = {a ∈ A : a ∼ x}

Proposição 2.1.10. Seja ∼ uma relação de equivalência em um conjunto A e sejam


x, y ∈ A. Então

1. x = y ⇔ x ∼ y

2. x 6= y ⇒ x ∩ y = φ
[
3. x=A
x∈A

Demonstração. 1.(⇒): Sejam x, y ∈ A e x = y. Vamos provar que x ∼ y. De fato, pela


definição de classe de equivalência temos,
x = {a ∈ A : a ∼ x} = {z ∈ A : z ∼ y} = y e como x ∈ x = y vem imediatamente que
x ∼ y.
(⇐): Sejam x, y ∈ A e x ∼ y. Vamos provar que x = y e para isso temos que provar que
x ⊂ y e y ⊂ x.
Vamos primeiramente provar que x ⊂ y. Seja a um elemento arbitrário em x, vamos
provar que a ∈ y.
Se a ∈ x temos a ∼ x e como x ∼ y (por hipótese) segue pela transitividade que a ∼ y e
portanto a ∈ y como querı́amos demonstrar.
13

Agora se x ∼ y temos por simetria que y ∼ x e de modo análogo ao anterior chegamos a


inclusão y ⊂ x e daı́ segue que x = y como querı́amos demonstrar.
2. Suponhamos x, y ∈ A e x 6= y. Se existisse algum elemento a ∈ x ∩ y terı́amos a ∼ x e
a ∼ y e, usando a simetria x ∼ a e a ∼ y e pela transitividade terı́amos x ∼ y e pelo item
1 dessa proposição x = y o que contraria a hipótese, assim x ∩ y = φ como querı́amos
demonstrar.
[
3. vamos provar que x = A. de fato, temos primeiramente que ∀x ∈ A, x ⊂ A e
[ x∈A
daı́ segue que x ⊂ A. Reciprocamente temos que x ∈ x ∀x ∈ A e portanto segue que
[ x∈A
A⊂ x, e isto completa a demonstração.
x∈A

Definição 2.1.11. Seja m > 1 um número inteiro. Dados a, b ∈ Z, dizemos que a é


côngruo a b, módulo m, se, e somente se, m|(a − b). Notação: a ≡ b(modm).

Exemplo:

1. 21 ≡ 1(mod 5)

2. 100 ≡ 1(mod 9)

Abaixo estão listadas algumas propriedades válidas numa relação de equivalência.

1. ∀a, ∈ Z, a ≡ a(mod m) ∀a ∈ Z;

Fato, pois a − a = 0 é divisı́vel por m.

2. ∀a, b ∈ Z, a ≡ b(mod m) ⇒ b ≡ a(mod m);

Fato, pois m|(a − b) ⇒ m|(b − a), pois a − b = −(b − a).

3. ∀a, b, c ∈ Z, a ≡ b(mod m) e b ≡ c(mod m) ⇒ a ≡ c(mod m);

Fato, pois m|(a − b)em|(b − c) ⇒ m|[(a − b) + (b − c)] ⇒ m|(a − c) ⇒ a ≡ c(mod m).

4. ∀a, b, c, d ∈ Z, a ≡ b(mod m) e c ≡ d(mod m) ⇒ a + c ≡ b + d(mod m)

Fato, pois m|a − b e m|c − d então podemos escrever m|(a − b) + (c − d) ⇒ m|(a +


c) − (b + d) ⇒ a + c ≡ b + d(mod m).

5. ∀a, b, c ∈ Z a ≡ b(mod m) ⇒ ac ≡ bc(mod m), ∀c ∈ Z

Fato, pois se a ≡ b(mod m) então podemos escrever m|a−b e ainda m|(a−b)c ∀c ∈ Z


logo m|ac − bc ⇒ ac ≡ bc(mod m)
14

6. ∀a, b ∈ Z a ≡ b(mod m) ⇒ ar ≡ br (mod m)∀r ≥ 1

A prova nesse caso é por indução. Para r = 1 a implicação é evidente.

Suponhamos que ar ≡ br (mod m). Então ar+1 ≡ abr (mod m). Por outro lado, de
a ≡ b(mod m), segue que abr ≡ br+1 (mod m). Juntando as duas conclusões tiramos
ar+1 ≡ br+1 (mod m).

2.2 Anéis

Seja A um conjunto não vazio onde estejam definidas duas operações,

+: A×A→A · : A×A→A
e
(a, b) a+b (a, b) a·b
as quais chamaremos de soma e produto respectivamente.

O conjunto A munido dessas duas operações é um anel se as seguintes proprie-


dades são verificadas para quaisquer a, b e c ∈ A.

1. (a + b) + c = a + (b + c) (associatividade da soma).

2. ∃0 ∈ A tal que a + 0 = 0 + a = a (existência do elemento neutro da soma).

3. ∀x ∈ A existe um único y ∈ A, denotado por y = −x, tal que x + y = y + x = 0


(existência de inverso aditivo).

4. a + b = b + a (comutatividade da soma).

5. (a · b) · c = a · (b · c) (associatividade do produto).

6. a · (b + c) = a · b + a · c; (a + b) · c = a · c + b · c (distributividade à esquerda e à
direita).

Denotaremos um anel A munido da uma soma + e um produto · por (A, +, ·). Se além
dessas propriedades, o anel (A, +, ·) satisfaz:

∃1 ∈ A, tal que x · 1 = 1 · x = x ∀x ∈ A, dizemos que (A, +, ·) é um anel com


unidade 1.

Se ∀x, y ∈ A, x·y = y ·x, então (A, +, ·) é dito um anel comutativo. Observe que o
conjunto Z dos números inteiros munidos da soma e produto usual é um anel comutativo
e com unidade 1·
15

2.3 Os Anéis Zn

Se J = n · Z, é o conjunto dos múltiplos inteiros de n, vamos definir uma relação


de equivalência em Z do seguinte modo:

x, y ∈ Z, x ∼ y ⇔ x − y é um múltiplo inteiro de n, ou seja x − y ∈ J.

Claramente ∼ define uma relação de equivalência em Z. Essa relação de equi-


valência recebe o nome de congruência módulo n e é geralmente indicada por ≡ (mod n).

Por outro lado a relação ≡ (mod n) pode também ser definida por,

x, y ∈ Z, x ≡ y(mod n) ⇔ x − y ∈ J

e dessa maneira definimos o seguinte:

x ∼ y ⇔ x ≡ y(mod n)

e nesse caso usaremos a notação x = x + J = {x + kn : k ∈ Z} para classe de equivalência


de x em relação a ≡ (mod n).

O conjunto Zn é formado pelas classes de equivalências de restos na divisão por


n e representado por Zn = {0, 1, ..., n − 1}, onde x denota a classe de equivalencia de x
módulo n. Observe que pela Proposição 2.1.10 item 1, para a, b ∈ Z a ≡ b(mod n) se e
somente se a = b.

Definição 2.3.1. Seja n um número inteiro ≥ 2.

+ : Zn × Zn → Zn · : Zn × Zn → Zn
e definem duas
(x, y) x+y =x+y (x, y) x · y,
operações (denominadas soma e produto) no conjunto Zn = {0, ..., n − 1}.

Teorema 2.3.2. As operações acima definidas gozam das seguintes propriedades:

1. (x + y) + z = x + (y + z)

2. ∃ 0 ∈ Zn tal que x + 0 = 0 + x = x

3. ∃ −x ∈ Zn tal que x + (−x) = (−x) + x = 0.

4. x + y = y + x
16

5. (x · y) · z = x · (y · z)

6. ∃ 1 ∈ Zn tal que x · 1 = 1 · x = x

7. x · y = y · x

8. x · (y + z) = x · y + x · z

por isso dizemos que Zn , +, · é um anél comutativo com unidade 1.

Demonstração. Vamos provar que Zn , +, · possui as seguintes 8 propriedades:

1. Associatividade da soma.

(x + y) + z = x + (y + z)

Vamos desenvolver o primeiro membro da igualdade e então chegar no segundo


membro:

(x + y) + z = (x + y) + z = (x + y) + z e agora pela associatividade soma em Z


temos que (x + y) + z = (x + y) + z = x + (y + z) = x + (y + z).

2. Existência do elemento neutro para a soma.

Temos que x + 0 = 0 + x = x e portanto 0 é o elemento neutro para a soma em Zn

3. Existência do inverso aditivo.

x + (−x) = (−x) + x = 0

4. Comutatividade da soma.

x+y =x+y =y+x=y+x

5. Associatividade do Produto.

(x · y) · z = (x · y) · z = (x · y) · z = x · (y · z) = x · (y · z)

6. Existência do elemento unidade.

Claramente x · 1 = 1 · x e portanto Zn possui unidade 1.

7. Comutatividade do produto.

x·y =x·y =y·x=y·x

8. Distributividade.

x · (y + z) = x · (y + z) = x · (y + z) = x · y + x · z = x · y + x · z = x · y + x · z.
17

Proposição 2.3.3. Se n ∈ N∗ , então Zn = {0, 1, ..., n − 1} é um conjunto contendo


exatamente n classes de equivalência.

Demonstração. Primeiramente vamos provar que se 0 ≤ x < y < n então x 6= y.


Seja 0 ≤ x < y < n. Temos que y = x ⇔ y ≡ x(modn) ⇔ 0 < y − x = kn para algum
k ∈ Z. 2.1.10
Agora como 0 ≤ x < y < n temos que y − x não pode ser múltiplo de n, ou seja,
y 6= x. Assim {0, 1, ..., n − 1} ⊂ Zn é um conjunto contendo exatamente n elementos
Para provarmos a igualdade Zn = {0, 1, ..., n − 1} é suficiente provarmos que: se x ∈
{0, 1, ..., n − 1}. Podemos escolher k inteiro positivo suficientemente grande de tal forma
que z = x + kn seja não negativo. Mas é claro que z ≡ x(modn), e daı́ segue que z = x.
Dessa maneira, é bastante provarmos que z ∈ {0, 1, ..., n − 1} com z ≥ 0. Pelo algoritmo
da divisão temos que, ∃ q, r ∈ Z tais que z = qn + r onde 0 ≤ r < n. Dessa forma,
z − r = qn ou z ≡ r(modn) e portanto x = z = r e 0 ≤ r < n. Como querı́amos
demonstrar.
18

3 CRITÉRIOS DE DIVISIBILIDADE

Quando trabalhamos na base 10, para sabermos se um número é divisı́vel por 9,


basta verificarmos se a soma dos seus algarismos é divisı́vel por 9. Nesse capı́tulo vamos
estender o raciocı́nio para uma base K qualquer. Na base 8 por exemplo, para sabermos
se um número e divisı́vel por 7, basta somarmos os algarismos e verificar se a soma e
divisı́vel por 7. O mesmo raciocı́nio que usamos para saber se um número é divisivel por
10 na base decimal será gerenaralizado para saber se um número é divisı́vel por K na
base K.

3.1 Divisibilidade em uma base genérica

Nessa seção apresentaremos os resultados que nos permitirão estabelecer os critérios


de divibilidade em uma base numérica qualquer.
q
X
Lema 3.1.1. Seja E ∈ Z escrito em numa base K na forma E = ai K i . Então E é
i=0
divisı́vel por K somente se a0 o for.

q q
X X
i
Demonstração. Como E = ai K , podemos reescrevê-lo na forma E = a0 + ai K i .
i=0 i=1
q
!
X
Colocando K em evidência, vem que E = a0 + K ai K i−1 . Sendo que K|E se, e
i=1
q
!
X
somente se E = 0 em ZK , e K ai K i−1 ≡ 0(modK), segue que a0 = 0, portanto
i=1
K|E se e somente se K|a0 .

Como em uma base K os dı́gitos representados pelos ai são sempre menores que
K, a única possibilidade de K dividir a0 é quando a0 = 0. Em particular um número
expresso em uma base K é divisı́vel por K se terminar em 0. Isso explica o critério de
divisibilidade por 10 na base decimal.
19

q
X
Lema 3.1.2. Sejam E ∈ Z escrito em uma base K na forma E = ai K i e n ∈ N ∗ .
i=0
K
Considere J = um divisor inteiro de K. Então E é divisı́vel por J somente se a0 o
n
for.

q
K X
Demonstração. Considere J = , então K = nJ e E = ai (nJ)i . Assim
n i=0

q
X
E = a0 + ai ni J i . (3.1)
i=1

Agora colocando ! J em evidência no segundo membro da equação 3.1 vemos que


q
X
E = a0 + J ai ni J i−1 . Como J|E se e somente se E = 0 em ZJ e E = a0 , então
i=1
J|E se e somente se J|a0 . Como queriamos demonstrar.

Observe que a escolha do n na proposição acima não é arbitrária, pois o J tem


que ser um número inteiro e para a escolha n = 1 temos um critério de divisibilidade por
K.
q
X
Lema 3.1.3. Sejam E ∈ Z escrito em uma base K na forma E = ai K i e n ∈ N ∗ .
i=0
q
K −1 X
Considere J = um divisor inteiro de K − 1. Então J|E se e somente se J| ai .
n i=0

q
K −1 X
Demonstração. Considere J = , então K = nJ + 1 e E = ai (nJ + 1)i . Observe
n i=0
i  
X i
que cada termo da forma (nJ + 1)i pode ser escrito como (nJ)j 1i−j por expansão
j=0
j
i
X i  
binomial e pode ser escrito como 1 + (nJ)i . Assim
j=1
j

q q i  
!
X X X i
E= ai + ai (nJ)j . (3.2)
i=0 i=1 j=1
j

Agora colocando J em evidência!!


no segundo membro da equação 3.2 vemos que
q q i  
X X X i
E= ai + J ai (nJ)j−1 . Como J|E se e somente se E = 0 em ZJ e
i=0 i=1 j=1
j
q q
X X
E= ai , então J|E se e somente se J| ai . Como queriamos demonstrar.
i=0 i=0
20

Observe que a escolha do n na proposição acima não é arbitrária, pois o J tem


que ser um número inteiro e para a escolha n = 1 temos um critério de divisibilidade por
K − 1.

Exemplos:

1. 3 divide 69, se dividir a soma 6 + 9 = 15, como 3 divide 15, três divide 69.

2. (132)9 é divisı́vel por 2, pois 1+3+2 = 6 que é divisı́vel por 2, ao mesmo tempo,(132)9
não é divisı́vel por 4. Interessante quando transformamos (132)9 para base 10,
(132)9 = 110 que de fato é divisı́vel por 2, pois é par, mas não é por 4.

q
X
Lema 3.1.4. Sejam E ∈ Z escrito em uma base K na forma E = ai K i e J = K + 1.
i=0
Então E será divisı́vel por J se a soma dos coeficientes que estão em posição impar
subtraı́da da soma dos que estão em posição par for divisı́vel por J.
q
X
Demonstração. Seja o número E = ai K i , como J = K + 1 segue que K = (−1 + J).
i=0
q
X
Assim E = ai (−1 + J)i , desenvolvendo os binômios temos
i=0
q
i   i  
!
X i X X i
(−1 + J)i = (−1)j (J)i−j então E = ai (−1)j (J)i−j
j=0
j i=0 j=0
j

Reagrupando os termos temos


q q i−1  
!
X
i
X X i
E= (−1) ai + ai (−1)j (J)i−j (3.3)
i=0 i=1 j=0
j

Observe que no segundo somatório no segundo membro da equação 3.3 podemos por J
i−1   i−1  
X i j i−j
X i
em evidência, então (−1) (J) = J (−1)j (J)i−(j+1) . Assim, em ZJ temos
j=0
j j=0
j
q
i−1   ! !
X i X
que (−1)j (J)i−j = 0. Portanto E = (−1)i ai . Logo J|E se e somente se
j=0
j i=0
q
X
J| (−1)i ai .
i=0

Exemplos:

1. 979 é divisı́vel por 11, pois 9 + 9 − 7 = 11, que é divisı́vel por 11


21

2. (1210)8 é divisı́vel por 9 (9 = (11)8 ), pois 2 + 0 − 1 − 1 = 0 que é divisı́vel por 9.


q
X
Lema 3.1.5. Seja E ∈ Z escrito numa base K na forma E = ai K i e J = 2(K + 1).
i=0
Então se mdc(K + 1, 2) = 1, E será divisı́vel por J se E for par e a soma dos coeficientes
que estão em posição impar, subtraı́dos da soma dos que estão em posição par for divisı́vel
por K + 1.

Demonstração. Primeiro observamos que um número par é sempre divisı́vel por 2. Como
mdc(K + 1, 2) = 1, então 2 não é um divisor de K + 1. Sendo E divisı́vel por K + 1, então
E = (K + 1)b, para algum b ∈ Z. Como 2|E, pela Proposição 2.1.2, 2|b e portanto existe
c ∈ Z tal E = 2(K + 1)c. Logo 2(K + 1)|E. O resultado agora segue pela Proposição 3.1.4.

q
X
Lema 3.1.6. Seja E ∈ Z escrito em uma base K na forma E = ai K i . Agora considere
i=0
J ∈ Z, tal que J|K p , p ∈ Z, ou seja, J divide uma potência de K. Então E será divisı́vel
por J, se J divide o número formado pelos p últimos algarismos de E.
q
X
Demonstração. Seja o número E = ai K i , vamos reescrevê-lo da seguinte maneira:
i=0
p−1 q p−1
X X X
i p i
E= ai K + ap K + p
ai K , colocando K em evidência, temos que E = ai K i +
i=0 i=p+1 i=0
q
X
K p [(ap ) + ( ai K i−p ], Como J|E se e somente se E = 0 em ZJ , e por hipótese J|K p ,
i=p+1
p−1 p−1
X X
tem-se que E = i
ai K , e portanto, J|E se e somente se, J| ai K i , como querı́amos
i=0 i=0
demonstrar.
q
X
Lema 3.1.7. Sejam E ∈ Z escrito em uma base K na forma E = ai K i , n ∈ N tal
i=0
q
K −1 X
que J = ∈ Z e p primo tal que p - J.Então pJ | E se p | E e J | ai .
n i=0

q
X
Demonstração. Supomos que p | E e J | ai . Pelo lema 3.1.3, J | E então E = bJ com
i=0
b ∈ Z. Como p - J então p | b. Logo E = pb0 J e portanto pJ | E.

q q
X X
i
Exemplo: Na base 16 um número H = ai 16 é divisı́vel por A se 5 | ai e
i=0 i=0
2 | a0 .
22

3.2 Critérios de Divisibilidade na base decimal

Nessa secão, apresentaremos os já conhecidos critérios de divisibilidade na base 10


e suas demonstrações. Essas demonstrações são bem conhecidas, e encontradas facilmente
na literatura. Citamos (GONÇALVES, 2003) (DOMINGUES; IEZZI, 1972), entre outros.

Para os critérios abaixo, os números estarão escritos na base 10. Um número


qualquer N ≥ 1, sempre admite a decomposição N = a0 × 100 + a1 × 101 + ... + an × 10n ,
nessa representação que é única, a0 é o algarismo das unidades e a1 é algarismo das dezenas
e assim por diante.

1. Critério de divisibilidade por 2

Dizemos que um número é divisı́vel por 2, se, e somente se, é par.

Agora vamos efetuar a demonstração do critério.

Seja a = a0 × 100 + a1 × 101 + ... + an × 10n então

a = a0 + a1 × 101 + ... + an × 10n = a0 + 10(a1 × 100 + ... + an × 10n−1 ), observe que


número a, a parte 10(a1 × 100 + ... + an × 10n−1 ) é divisı́vel por 2.

Conclui-se então que um número será divisı́vel por 2, quando o último algarismo o
for, ou seja, quando o último algarismo for par.

2. Critério de Divisibilidade por 3

Dizemos que um número qualquer será divisı́vel por 3, se, e somente se, a soma de
todos os seus algarismos for divisı́vel por 3.

exemplo 1:

o número 198 é divisı́vel por 3, pois 1 + 9 + 8 = 18, e 18 por sua vez é divisı́vel por
3.

exemplo 2:

200 não é divisı́vel por 3, pois 2 + 0 + 0 = 2 que não é divisı́vel por 3, e ainda, na
divisão de 2 por 3, o resto é 2, que é exatamente o resto da divisão de 200 por 3.

Observe que o critério permite saber se um número é divisı́vel por 3, sem de fato
efetuar a divisão. Mais do que isso, permite saber o resto sem efetuar a divisão.

Agora vamos efetuar a demonstração do critério.

Seja o número a = a0 + a1 × 101 + a2 × 102 + ... + an × 10n


23

a0 ≡ a0 (mod 3)

a1 × 101 ≡ a1 (mod3)

a2 × 102 ≡ a2 (mod3)
..
.

an × 10n ≡ an (mod3), portanto

a ≡ a0 + a1 + ... + an (mod3), logo

3|a ⇔ a ≡ 0(mod3), pela transitividade

a0 +a1 +...+an ≡ 0(mod3), ou seja, o número a será divisı́vel por 3, se a0 +a1 +...+an
o for.

3. Critério de divisibilidade por 4

Dizemos que um número qualquer na base 10, será divisı́vel por 4, se, e somente se,
o número formado pelos dois últimos algarismos (Dezenas e Unidades) for divisı́vel
por 4.

Exemplo:

484 é divisı́vel por 4, pois o número formado pelos dois últimos algarismos 84 é
divisı́vel por 4.

Agora vamos efetuar a demonstração do critério.

Seja o número

a = a0 + a1 × 101 + a2 × 102 + ... + an × 10n

a0 ≡ a0 (mod4)

100 ≡ 0(mod4)

100an ≡ 0(mod4)

a = a0 + a1 × 101 + ... + an × 10n ≡ 0(mod4)

a ≡ 0(mod4) ⇒ a0 + a1 × 101 + ... + an × 10n ≡ 0(mod4)

mas, a − (a2 × 102 + ... + an × 10n ) ≡ a0 + a1 × 101 ≡ 0(mod4)

⇒ a0 + a1 × 10 ≡ 0(mod4) ,

Conclui-se então que um número qualquer a será divisı́vel por 4 quando o número
formado pelos dois últimos algarismos o for.
24

4. Critério de divisibilidade de por 5

Dizemos que um número qualquer na base 10, será divisı́vel por 5, se, e somente se
o algarismo das unidades for 0 ou 5.

Exemplo 1:

525 é divisı́vel por 5, pois termina em 5.

Exemplo 2:

O número 67840 é divisı́vel por 5, pois termina em 0.

Agora vamos efetuar a demonstração do critério.

Seja a = a0 + a1 × 101 + a2 × 102 + ... + an × 10n

10 ≡ 0(mod5)

an × 10n ≡ 0(mod5), n = 1, 2, ...n

veja que dizer que 5|a é equivalente a dizer que a ≡ 0(mod5), ou seja, a = 0 na
congruência módulo 5.

Por outro lado, temos que toda a parte a1 × 101 + a2 × 102 + ... + an × 10n é divisı́vel
por 5,ou seja, é congruente a zero módulo 5, e resta que a0 deve ser divisı́vel por 5,
ou seja, ou ser zero ou ser cinco.

5. Critério de divisibilidade por 7

Um número a = an an−1 ...a9 a8 ...a2 a1 a0 será divisı́vel por 7 se a0 + 3a1 + 2a2 + 6a3 +
4a4 + 5a5 + a6 + 3a7 . . . o for.

Agora vamos efetuar a demonstração do critério.

Seja a = an an−1 ...a9 a8 ...a2 a1 a0 = a0 + a1 × 10 + a2 × 100 + a3 × 1000 + ... ⇒

a = a0 + (7 + 3)a1 + (98 + 2)a2 + (994 + 6)a3 + (9996 + 4)a4 + (99995 + 5)a5 +


(999999 + 1)a6 ... ⇒

a = 7[a1 + 14a2 + 142a3 + 1428a4 + 14285a5 + 142857a6 + ...] + a0 + 3a1 + 2a2 + 6a3 +
4a4 + 5a5 + a6 + 3a7 + ...,

como o primeiro termo da expressão é múltiplo de 7, devemos ter que

7|(a0 + 3a1 + 2a2 + 6a3 + 4a4 + 5a5 + a6 + 3a7 + ...). A justificativa disso, está nas
classes de equivalências. Veja que

7|a se

a = 7[a1 + 14a2 + 142a3 + 1428a4 + 14285a5 + 142857a6 + ...] + a0 + 3a1 + 2a2 + 6a3 +
4a4 + 5a5 + a6 + 3a7 + ... ≡ 0(mod7), ou seja,
25

a = 0(mod7).

Como a parte

7[a1 + 14a2 + 142a3 + 1428a4 + 14285a5 + 142857a6 + ...] ≡ 0(mod7) (é divisı́vel por
7), resta que 7 precisa dividir (a0 + 3a1 + 2a2 + 6a3 + 4a4 + 5a5 + a6 + 3a7 + ...), pois
assim

(a0 + 3a1 + 2a2 + 6a3 + 4a4 + 5a5 + a6 + 3a7 + ...) ≡ 0(mod7).

6. Critério de divisibilidade por 8

Um número será divisı́vel por 8 , se o número formado pelos três últimos algarismos
o for.

Exemplo:

4120 é divisı́vel por 8, pois 120 é divisı́vel por 8.

Agora vamos efetuar a demonstração do critério.

Seja a = a0 + a1 × 101 + a2 × 102 + ... + an × 10n = a0 + a1 × 101 + a2 × 102 + a3 ×


103 + ... + an × 10n ⇒ a = a0 + a1 × 101 + a2 × 102 + (a3 × 103 + ... + an × 10n ) =
a0 + a1 × 101 + a2 × 102 + [1000(a3 + 10a4 + 100a5 + ...10n−3 an )] veja que a parte
entre parênteses toda é divisı́vel por 8, pois 1000 é múltiplo de 8. Assim para que o
número todo seja divisı́vel por 8, resta que a parte a0 + a1 × 101 + a2 × 102 também
seja divisı́vel por 8, ou seja, o número formado pelos três últimos algarismos seja
divisı́vel por 8.

7. Critério de divisibilidade por 9

Um número é divisı́vel por 9, quando a soma dos algarismos é divisı́vel por 9.

Exemplo:

O número 279 é divisı́vel por 9, pois 2 + 7 + 9 = 18 que é divisı́vel por 9.

Agora vamos efetuar a demonstração do critério.

Seja a = a0 + a1 × 101 + a2 × 102 + ... + an × 10n

a0 ≡ a0 (mod9)

a1 × 101 ≡ a1 (mod9)

a2 × 102 ≡ a2 (mod9)
..
.

an × 10n ≡ an (mod9)
26

Somando cada uma das congruências acima tem-se:

a0 + a1 × 101 + a2 × 102 + ... + an × 10n ≡ a0 + a1 + ... + an (mod9) ⇒

9|a − (a0 + a1 + ... + an )

usando a transitividade, temos que

9|a ⇒ 9|a0 + a1 + ... + an e usando a contra positiva, concluı́-se que um número


qualquer será divisı́vel por 9 se a soma dos algarismos o for.

3.3 Outras demonstrações para os critérios na base


10

Nessa seção serão apresentadas as demonstrações de alguns critérios na base 10,


mas dessa vez utilizando os lemas enunciados e provados na primeira seção desse capı́tulo.

1. Divisibilidade por 2.

Dizemos que um número é divisı́vel por 2, se, e somente se, é par. O resultado é
consequência imediata Lema 3.1.2, com J = 2, que divide a base 10.

2. divisibilidade por 3.

Dizemos que um número qualquer será divisı́vel por 3, se, e somente se, a soma de
todos os seus algarismos for divisı́vel por 3, com J = 3, divisor de K − 1 = 9.

O resultado é consequência imediata Lema 3.1.3.

3. Divisibilidade por 4.

Dizemos que um número qualquer na base 10, será divisı́vel por 4, se, e somente se,
o número formado pelos dois últimos algarismos (Dezenas e Unidades) for divisı́vel
por 4.

O resultado é consequência imediata Lema3.1.6, com J = 4 que divide K P = 102 .

4. Divisibilidade por 5.

Dizemos que um número qualquer na base 10, será divisı́vel por 5, se, e somente se
o algarismo das unidades for 0 ou 5.

O resultado é consequência imediata Lema 3.1.2, com J = 5 que divide K = 10.


27

5. Divisibilidade por 6.

Dizemos que um número qualquer na base 10, será divisı́vel por 6, se, e somente se,
for par e divisı́vel por três.

O resultado é consequência imediata do Lema 3.1.7, com J = 2 que divide K = 10


e p = 3 primo e não divisor de 2.

6. Divisibilidade por 8

Um número será divisı́vel por 8 , se o número formado pelos três últimos algarismos
o for.

O resultado é consequência imediata Lema 3.1.6, com p = 3 e J = 8 que divide


K p = 1000

7. Divisibilidade por 9

Um número é divisı́vel por 9, quando a soma dos algarismos é divisı́vel por 9.

O resultado é consequência imediata Lema 3.1.3,com J = K − 1 = 9.

8. Divisibilidade por 10

Um número é divisı́vel por 10, se termina em zero.

O resultado é consequência imediata do Lema 3.1.1, com J = K = 10, ou do Lema


3.1.2, com n = 1.

9. Divisibilidade por 11

Um número é divisı́vel por 11, quando a soma dos algarismos de ordem impar,
subtraı́da da soma dos algarismos de ordem par o for.

O resultado é consequência imediata Lema 3.1.4

Observe como as demonstrações ficaram bem mais simplificadas, quando usamos os


lemas que enunciamos.

3.4 Critérios de divisibilidade na base binária (base


2)

1. Divisibilidade por 2 um número na base binária será divisı́vel por 2, somente se


terminar em zero.

O resultado é consequência imediata Lema 3.1.1.


28

2. Divisibilidade por 3

Um número na base binária seja divisı́vel por 3, 3 = (11)2 , se a soma dos seus
algarismos de ordem par, subtraı́da dos algarismos de ordem ı́mpar o for. Observe
que o número 3 é representado por 11 na base binária.

O resultado é consequência imediata Lema 3.1.4

3. Divisibilidade por 6

Um número na base binária é divisı́vel por 6, se for par e a soma dos seus algarismos
de ordem par, subtraı́da dos algarismos de ordem ı́mpar o for. Observe que o número
6 é representado por 110 na base binária.

3.5 Critérios para a base octal (base 8)

1. Divisibilidade por 2

Um número na base octal será divisı́vel por 2, quando terminar em 0, 2, 4, 6.

O resultado é consequência imediata Lema 3.1.2

2. Divisibilidade por 4

Um número na base octal será divisı́vel por 4, quando terminar em 4, ou em 0.

O resultado é consequência imediata Lema 3.1.2

3. Divisibilidade por 7

Um número na base octal será divisı́vel por 7, quando a soma dos seus algarismos
o for.

O resultado é consequência imediata Lema 3.1.3

4. Divisibilidade por 9

Um número na base octal será divisı́vel por 9, quando a soma dos seus algarismos
de ordem par, subtraı́da dos seus algarismos de ordem ı́mpar o for.

O resultado é consequência imediata Lema 3.1.4.

3.6 Critérios para a base Hexadecimal (base 16)

1. Divisibilidade por 2
29

Um número na base Hexadecimal, será divisı́vel por 2, quando terminar em 0, 2, 4,


6, 8, A, C, ou E.

O resultado é consequência imediata Lema 3.1.2.

2. Divisibilidade por 4

Um número na base Hexadecimal, será divisı́vel por 4, quando terminar em 0, 4, 8, C.

O resultado e consequência imediata Lema 3.1.2.

3. Divisibilidade por 8

Um número na base Hexadecimal, será divisı́vel por 8, quando terminar em 8 ou


zero.

O resultado é consequência imediata Lema 3.1.2.

4. Divisibilidade por (10)16 (16 na base decimal)

Um número na base Hexadecimal, será divisı́vel por 16, quando terminar em zero.

O resultado é consequência imediata Lema 3.1.2.

5. Divisibilidade por (F )16 (15 na base decimal)

Um número na base Hexadecimal, será divisı́vel por F16 , quando a soma dos seus
algarismos o for.

O resultado é consequência imediata Lema 3.1.3.

6. Divisibilidade por 5

Um número na base Hexadecimal, será divisı́vel por 5, quando a soma dos seus
algarismos o for.

O resultado é consequência imediata Lema 3.1.3.

7. Divisibilidade por 3

Um número na base Hexadecimal, será divisı́vel por 3, quando a soma dos seus
algarismos o for.

O resultado é consequência imediata Lema 3.1.3.

8. Divisibilidade por (11)16 (17 na base decimal)

Um número na base Hexadecimal, será divisı́vel por 17, quando a soma dos seus
algarismos de ordem par, subtraı́da dos seus algarismos de ordem ı́mpar o for.

O resultado é consequência imediata Lema 3.1.4.


30

9. Divisibilidade por (A)16 (10 na base decimal)

Um número na base Hexadecimal, será divisı́vel por 10, quando é par e a soma de
seus algarismos for divisı́vel por 5.

O resultado é consequência do Lema 3.1.7, com J = 5 e p = 2.

3.7 Conclusão

A elaboração desse trabalho nos permitiu chegar a alguns resultados importantes


no que diz respeito aos critérios de divisibilidade. Como imaginávamos, os critérios não
são os mesmos quando se troca de base, por exemplo, na base 10, sabemos que 342 é
divisı́vel por 3, pois 3 + 4 + 2 = 9, que é divisı́vel por 3, no entanto, (342)8 não é divisı́vel
por 3, pois (342)8 = 226, que não é divisı́vel por 3. Porém, quando falamos na distância
que o divisor se encontra do número que representa a base, o comportamento é o mesmo.
Na base 10, o critério por 9 (e mais do que isso, provamos no lema 3.1.3 que vale pra todos
os divisores inteiros de 9) diz que se a soma dos algarismos for divisı́vel por 9, o número
todo também será. Observe que 9 é uma unidade menor que 10. Quando avaliamos na
base octal, o critério por 7 será o mesmo, pois 7 é uma unidade menor que 8.

Essas semelhanças nos ajudam a fazer inferências de forma rápida em outras


bases. Vamos avaliar a base sexagesimal, que apesar de ter sido deixada lado, não
completamente, pois como dissemos no decorrer do trabalho, ainda a usamos quando
falamos de horas, para citar um exemplo, mas deixou de ser a base utilizada no sis-
tema de numeração, apresenta a vantagem de que nela o critério de divisibilidade por
1, 2, 3, 4, 5, 6, 10, 12, 15, 20, 30, seria o equivalente ao do 5 na base decimal, pois eles são
divisores de 60, da mesma forma que 5 é divisor de 10.

Com o exposto no trabalho, é possı́vel fazer comparações em qualquer base, pois


como dissemos, o importante nos critérios de divisibilidade, em qualquer base, é a posição,
a distância que o número se encontra em relação a base.
31

Referências

ALDEIA NUMA BOA. numerais babilônicos.


http://www.numaboa.com/escolinha/matematica/233-numeros-babilonia, 2008.

BERGAMINI, D. As Matemáticas. Rio de Janeiro: Livraria José Olimpio, 1964.

DOMINGUES, H.; IEZZI, G. Álgebra Moderna. 4a edição. ed. São Paulo: Editora Atual,
1972.

GONÇALVES, A. Introdução à Álgebra. 2a . ed. Rio de Janeiro - RJ: IMPA, 2003.

MONTEIRO, L. J. (Ed.). Elementos de Álgebra. 2a . ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos


e Cientı́ficos Editora S.A., 1978.

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