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A FILOSOFIA E A QUESTÃO DA ARTE NA EXISTÊNCIA HUMANA

Luciano Gomes dos Santos1

O ser humano desde os primórdios de sua existência se revela como ser da arte.
Por meio de pinturas, esculturas, danças, músicas e símbolos, o ser humano exprime a
estética de seu ser no mundo em que está inserido. A arte é constitutiva de sua
existência. Ela é expressão máxima de sua humanidade. A arte se constitui parte da
dimensão espiritual do ser humano. Ela desvela o sentimento e a percepção humana,
transformando o seu mundo pessoal e o social. A estética do mundo é consequência do
sentimento humano.
A palavra estética é de origem grega aisthetiké e significa tudo aquilo que pode
ser percebido pelos sentidos. A estética seria as condições da percepção humana pelos
sentidos. Ela pode ser concebida como teoria do belo e das suas manifestações por meio
da arte. Nesta perspectiva, a arte é fruto da estética humana e se faz presente em
diferentes contextos, sendo eles: artísticos, educacionais, religiosos, éticos, políticos,
econômicos e sociais. Portanto, o ser humano, ao perceber o mundo, percebe a si
mesmo e expressa por meio das manifestações artísticas o sentido de sua existência
como ser-da-arte no mundo.
A estética é parte da reflexão filosófica. O ser humano por meio da filosofia
procura compreender o fenômeno da arte em sua condição humana. Os filósofos
investigaram a questão do belo ao longo da história da humanidade e o seu significado
na existência humana. Na Antiguidade grega, Platão definia o belo como a ideia perfeita
que daria forma a todas as coisas bonitas. Compreendia a experiência do belo como
sendo uma manifestação da alma e não da sensibilidade física. Associava a ideia do belo
às ideias de bom e verdadeiro. A beleza está no olhar de quem contempla, pois é
manifestação da alma humana. Já Aristóteles, apresentava a questão do belo em sua
relação com a justa medida, a proporção, a simetria e a harmonia, admitindo a presença
do belo também na arte e na ficção.

1 Doutor em Direito pela PUC Minas. Doutor em Teologia pela FAJE. Mestre em Teologia Moral pela
Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE) – Belo Horizonte/MG. Pós-graduado em Parapsicologia.
Graduado e Licenciado em Ciências Sociais - Universidade Castelo Branco. Licenciado em Filosofia pela
Faculdade Fênix de Ciências Humanas e Sociais do Brasil (GO). Graduado em Teologia – Faculdade de
Teologia de Boa Vista. Professor da Faculdade de Direito Padre Arnaldo Janssen e Coordenador da
Comissão Própria de Avaliação (CPA) dos cursos de Administração/Direito e do Centro de Valores da
Faculdade Arnaldo. Professor do Colégio Cotemig. Endereço
eletrônico: lucianogomesdossantos21@gmail.com
Na Idade Média, a noção de belo atrelou-se a questões teológicas, como a tese de
que toda a realidade se constitui como criação divina. Nesse contexto, valoriza a beleza
transcendente do mundo espiritual que aguardava o homem, após o término de sua
jornada na Terra, para que ele pudesse desfrutar da vida eterna com Deus. Além disso, a
própria beleza existente na natureza ou nas obras de arte era considerada um reflexo,
imperfeito, da beleza divina, tal como defendiam, por exemplo, Agostinho e Tomás de
Aquino. Nesse contexto, o segundo indicava três elementos formadores do belo: a
integridade, a proporção e a claridade. O belo também era associado com o bom e o
verdadeiro.
Já no século XVIII, o filósofo Immanuel Kant defendia que o belo é o que
agrada universalmente, sem depender de um interesse ou de um conceito. A beleza era
um dado objetivo, presente nos próprios objetos como um atributo e o gosto era a
faculdade humana de julgar esse dado. Outro filósofo que influenciou as discussões
modernas da beleza foi Hegel. Ele discordou de Kant ao afirmar que o belo é um ideal,
mas aceitava as diversas opiniões dos indivíduos e povos sobre ele como resultados da
evolução do espírito humano. Hegel considerava o belo artístico superior ao belo
natural, por resultar do espírito humano e manifestar-se em obras duráveis, inspiradas
por um ideal e realizadas com base na imaginação do artista.
O filósofo Rousseau no século XVIII ligava o prazer da arte às paixões
humanas, aceitando o desenvolvimento cultural das sociedades como fruto da riqueza e
do ócio. Ele dizia que a arte e a ciência nascem do luxo, a que responsabilizava pela
decadência dos costumes, por sobrepor aparências à verdade, hipocrisia e polidez à
virtude. Por isso, o filósofo defendia uma vida simples, ligada à natureza e aos deveres
individuais. No mesmo século, o filósofo alemão Johann Schiller afirmava que o belo
despertava o bom no indivíduo, pois a natureza do homem reunia razão e sensibilidade.
Ele propôs um imperativo à sensibilidade, ou seja, reconhecer o belo como um caminho
o para a liberdade, por ser ele capaz de unificar a razão e a alegria, o dever e o prazer.
Para esse filósofo, a arte lúdica proporcionava alegres jogos de imaginação, ligados à
criação e à contemplação do belo, nos quais a razão e a sensibilidade podiam mover o
homem no desejo e na liberdade de aperfeiçoar o que ele conhecia. Schiller também
criticava a fragmentação do homem e do conhecimento pela ruptura entre razão e
sensibilidade. Assim, a fim de aperfeiçoar moralmente a humanidade, ele defendia a
ação lúdica da arte e uma educação estética para as pessoas.
Destaca-se na concepção de arte o filósofo alemão Friedrich Nietzsche que
afirmava que a arte não é um meio para libertar-se da vida em suas dores, sacrifícios e
angústias, mas a arte seria a própria finalidade da existência. Em outras palavras, a vida
humana é obra de arte, apesar de todas as dificuldades que o ser humano possa
encontrar em sua existência. Como obra de arte, o ser humano é vontade de potência, ou
seja, superação de si mesmo em busca permanente do sentido da existência.
A arte é parte da condição humana. Viver a experiência da arte é viver a essência
da vida que se edifica na estética do ser e por meio da realidade que circunda o ser
humano. A arte possui uma função pessoal e social. Enquanto experiência individual ela
harmoniza o nosso interior e desperta em nós sentimentos de bondade e de respeito com
a própria vida. Já na vertente social, a arte proporciona a edificação de uma sociedade
mais humanizada, pois a arte é caminho para a paz social. O Estado deve continuar
promovendo a cultura da arte no país, incentivando e apoiando financeiramente os
projetos artísticos em nível individual e social.
Portanto, a arte foi pensada por diversos filósofos e cada um elaborou sua
própria concepção de belo. A definição de Platão e de Nietzsche desperta uma atenção
especial. A concepção platônica do belo é sentimento interior e cada ser humano possui
uma forma peculiar de sentir a realidade. A concepção de Nietzsche alerta para o amor à
vida e a sua permanente celebração. A vida é obra de arte. É encontro da razão e da
emoção. A humanidade é convidada a cultivar sua sensibilidade. É hora de despertar-se
para a dimensão estética humana com o objetivo que preparar-nos para a vivência
integrada com a natureza, criando assim, o equilíbrio artístico entre a obra humana e a
arte da natureza.

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