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C apítulo I

QUESTÕES DEMOGRÁFICAS

Seria importante poder determinar a soma da população de Israel, a fim


de compreender melhor as instituições nas quais vivia. A demografia é um
elemento necessário em toda investigação sociológica. Mas. como geralmen
te para os povos da antigüidade, o problema é muito difícil, dado que faltam
as docu mentos estatístico s.
É certo que há na Bíblia algumas indicações numéricas, mas não ajudam
muilo. Segundo Êx 12.37-38, teriam saído do Egito 600.000 homens de infan
taria sem contar suas famílias e uma multidão heterogênea que se uniu a eles.
Antes da par tid a do Sinai, N m 1.20 -46 , uma con tag em detalhada das t ribos dã
com o re sul tad o 6 03 .55 0 hom ens de mais de 20 anos (cf . Êx 3 8.26); os levi tas
Hfío cont ado s à par
p arte
te:: são 22 .0 0 0 de mais de um mês, N m 3.39 , 8 .58 0 entr e
tri
trinta e cinqüenta anos , Nm 4.4 8. Nas p lanícies de Moab e, N m 26 ,5-51 , o t otal
ot al
dits tribos alcança 601.730 homens de mais de vinte anos, e há 23.000 levitas
de mais de um mês, Nm 26.62. Essas somas concordam mais ou menos entre
si, mas pressupõem uma população de muitos milhões de pessoas saídas do
Kyito e peregrinando no deserto, o que é absolutamente impossível. Expres
sam simplesmente a idéia que se tinha, em uma época muito posterior,
da maravilhosa multiplicação do povo e da importância relativa das anti
gas tribos: por exemplo, a de Judá é a mais forte e a de Simeão a menos
numerosa.
Um outro censo é relatado para época de Davi, II Sm 24,1-9. Ele retrata
o reino no momento de sua maior extensão, incluindo a Transjordânia e esten
dendo-se a Tiro e Sidom e até o Orontes: segundo esse censo, havia 800.000
homens mobilizados em Israel e 500.000 em Judá. O Cronista, na passagem

parale
par ale la de I Cr 21 .1- 6, ele va m ais a som a de Isr ael , emb ora exclu a os terr itó
itó 
rios não israelitas. O total mais baixo, o de II Sm, é ainda muito exagerado:
1.300.000 mobilizados representariam pelo menos 5.000.000 de habitantes, o
que eqüivaleria para a Palestina a uma densidade quase duas vezes superior à
dos países mais povoados da Europa moderna. Além disso, é contrário aos
dados explícitos do texto interpretar essas somas (ou as de Números) como
englobando mulheres e crianças. Deve-se reconhecer simplesmente seu cará
ter artific ial.
Um dado mais aceitável é oferecido por II Rs 15.19-20. No ano de 738,
para pagar um tributo de 1000 talentos de prata a Tegla t-Falasar III, Menaém
impõe aos gibbôre hail de s eu reino um imposto de cinqü enta siclos p or cabe
ça. Avaliando o talento em 3000 siclos22, isto supõe que havia então em Israel
60.000 chefes de fam ília usufr uind o de uma certa ab asta nça 23. O que eqüivale
a 300.000 ou 400.0 00 pessoas. Deve- se acre scentar o povo comum, artes ãos e
pobres (número
(números incertos,incerto, masmenores).
mas ainda menos elevado), os estran
Dessa maneira geiros
não se e os aescravos
chegaria
800.000 habitantes para todo o reino de Israel, e quase não se passaria do
milhão mesmo acrescentando o reino de Judá, três vezes menos extenso e com
regiõe s de população menos dens a.
Nessa mesma época, pelo que se refere a Judá, essa estimativa poderia
ser confirmada com infor mação extra bíblic a. Os Anais de Senaquerib e dizem
que na cam pan ha de 7 01 contra Ezequias fo ram tomadas 46 cidades e inume
ráveis aldeias e que se fez sair, contando-os como butim, a 200.150 homens,
mulheres e crianças. Se não se trata de uma d epo rtaçã o de prisioneir os, mas de
um censo dos vencidos, o númer o indicaria toda a populaç ão de Judá, e xceto
Jerusalém , que não foi tomada. Infel izmen te, é evid ente que o te xto fal a, como
nas passagens paralelas dos Anais, dos cativos que o vencedor levou, e nesse
caso o núm ero é excessivo. É provável que se trate de um erro de grafia , sendo
o número 2.150.
As “cidades” bíblicas tinham pouca extensão. Seu tamanho, revelado
pelas escavações surpreende, quase todas poderiam caber folgadamente na
praça da Concórdia de Paris e algumas delas não chegariam a encher o pátio
do Louvre. Os Anais de Teglat-Falas ar II I dão um a lista das cidades da Galiléia
conquistadas em 732; o número dos cativos varia entre 400 e 650, sendo que
esse rei deportava populações inteiras. Eram, pois, aldeias comparáveis às de
hoje, e não eram mais numerosas. Algumas aglomerações eram mais populo
sas. Segundo a estimativa do arqueólogo que fez as escavações, Tell Beit-
Mirsim, a antiga De bir, abrigava, nos tempos d e sua maior prosperidade, 2.000
a 3.000 habitantes: era uma cidade relativamente importante.
Para Samaria e Jerusalém podem -se utilizar outra s informações. Sarg ón
II diz que levou de Samaria 27.290 pessoas. A deportação afetou essencial
mente a capital e f oi massiva, m as ela deve ter atingido tam bém aos que havia m

u Cf. p. 243.
u Sobre os gi bb ôr e ha il, cf. p. 94.
Nr refugiado nela no momento do cerco. Segundo as observações dos ar queó
logos, a cidade devia ter uns 30.000 habitantes.
Com relação a Jerusalém, é dif ícil esta belece r e interpretar as som as das
deportações de Nabuc odonosor, posto que os textos conservaram diver sas tra
dições. Segundo II Rs 24.14, no ano 597 foram exilados 10.000 dignitários e
nohrcs e todos os serralheiros, ferreiros e chaveiros, mas o texto paralelo de
II Rs 24.16 enumera só 7.000 pessoas de condição e 1.000 serralheiros e
ferreiros. Finalmente, segundo Jr 52.28-30, Nabucodonosor deportou 3.023
"judeus” no ano 597, 832 habitantes de Jerusalém no ano 587, e 745 “judeus”
»n ano 583, ou seja, no tot al, 4.600 pessoas. Ess a últim a lista , que é inde pende n
te. concerne sem dúvida a categorias especiais de cativos. As indicações de
II Rs 24.14 e 16 não devem ser somadas e são mais ou menos equivalentes:
uns dez mi l foram deportados. M as estes representava m apenas um a part e da
população e, pelo contrário, compreendiam talvez forasteiros que haviam se
«brigado dentro dos muros de Jerusalém. Isto torna toda a avaliação precária.
Não se pode levar em conta II Mb 5.14, segundo o qual Antíoco Epífano
hiiveria feito 80.0 00 vítimas e m Jerusal ém, dos quais 4 0.00 0 massacra dos e o s
outr os vendidos como escravos. Os núm eros da popula ção de Jerusalém cita
dos pelo o Pseudo-Hecateu de Abdera e por Josefo, são ainda mais exagera
dos. Segundo uma estimativa razoável, a cidade, no tempo de Jesus, tinha de
25.000 a 30.000 habitantes. Essa era também, há alguns anos, a população da
cidade velha no interior das muralhas, para uma superfície mais ou menos
Igual. O número de habitantes não pode ter sido muito mais elevado na época
do Antigo Testamento.
A situação demográfica pode ter variado com o tempo. É certo que o
reino de Davi, com as conquistas territoriais e a assimilação dos enclaves
eimaneus, e sobretudo o reinado de Salomão com uma economia próspera,
estimularam um crescimento populacional que continuou durante os dois
séculos seguintes, graças ao desenvolvimento do comércio, da indústria e da
ngricultura. Entretanto, até na época mais favorável para os dois reinos, na
primeira metade do século VIII a.C., a população total não devia ser superior
u um milhão. A título de comparação pode-se destacar que, segundo o censo
inglês d e J9 3 1, antes da grand e imig ração sionista, a Palestina tinha 1.01 4.00 0
habitantes. Na antigüidade, sem os recursos em parte artificiais da economia
moderna, é muito duvidoso que o país jam ais tenha podido alimentar um núm e
ro muito mais elevado de pessoas.
OS ELEMENTOS DA POPULAÇÃO LIVRE

1. A EVO LUÇ ÃO SOCIAL

Na civilização nômade há famílias. Podem ser mais ricas ou mais pobres,


mas não se dividem em diferentes classes sociais no interior da tribo. Só há
tribos mais “nobres” que outras, e todos os beduínos se consideram “nobres”
em comp aração aos agric ultore s seden tários. Nem sequer os e scravos formam
classe à parte, mas formam parte da família. Segundo tudo o que podemos
saber, essa situação foi a mesma em todo o tempo que Israel levou uma exis
tência seminômade.
Mas a sedentarizaç ão produziu uma p rofu nda transformação social. A uni
dad e não é mais a tribo, mas o clã, a mislipahah, inst alada em uma cidade, que
comumente não é mais que uma aldeia. A vida social tornou-se uma vida de
pequenas cidades, e aqui é interessante notar que o pano de fundo antigo do
Deuteronômio é, em grande parte, uma lei municipal, como por exemplo os
estatutos sobre as cidades de refúgio, Dt 19, sobre o assassino desconhecido,
21.1-9, sobre o filho rebelde, 2.18-21, sobre o adultério, 22.13-28, sobre o
levi rato, 25.5-10. Essa organ ização bas eada no clã se manteve, em certo modo,
durante a mo narqui a24e volt amos a encontrá-la e m vi gor depois do Exílio, Ne 4.7;
Zc 12.12-14.
Contudo, a monarquia centralizada introduziu mudanças importantes.
Os oficiais e os funcionários do rei , civis ou militares, reunid os nas duas capi
tais ou repartido s em províncias com o agentes da autoridade, formara m uma
espécie de casta social desligada dos interesses municipais e, às vezes, em
conflit o com eles. Sobretudo, o jog o da vid a econômica, as trans ações comer
ciais e imobiliárias r omp eram a igualdade entr e as famí lias, algumas das quai s
chegaram a ser muito ricas, enquanto que outras empobreceram. Entretanto, é
abusivo pretender descobrir na antiga sociedade israelita os
contrastes que conheceram, ou conhecem, outros ambientes humanos, entre

MCf. p. 169.
"nt)hrcs e pleb eus” , “capitalistas” e “pro letários ”. Na realidade, em Israel nunca
houve classes sociais em sentido moderno, isto é, grupos conscientes de seus
Inter esse s particulares e opostos e ntre si. Para evitar paralelos enganosos, pre
ferimos falar aqui de “elementos da população”. Além disso, não é fácil
ileierminá-los pela variedade e incerteza do vocabulário.

2 .OS NOTÁVEIS

Nos textos do Deuteronômio cit ados anteriorm ente, os assuntos munici-


puis estão nas mãos dos zeqenim . De acordo com alguns eles seriam todos os
homens adul tos - os que usam barb a, zaqan - reunid os em assembléia popu
lar. li muito mais p rovável qu e, seg undo o sentido do adjeti vo corresponden te
i|uc significa “velho”, eles sejam os “Anciãos”, os chefes de família, que for-
muvam em cada cidade uma espécie de conselho, I Sm 30.26-31. Alternam
com os sarim, os “chefes” , em Nm 22.7-14 e em Jz 8.6,16 ; são colocados lad o
li lado, como sinônim os, em Jz 8.14, onde nos é d ito que e m Suco te eles eram
nclenta e sete. As duas palavras parecem ser também sinônimas em Is 3.14, a

0mesma palavra sarim


provavelmente em Eddesign
8.24s. aEm
os Jó
chefes
29.9,deosfamília,sarim
explicitam enteàsemportas
têm assento Ed 8.29
da
.cidade, como os “Anciãos” de Pv 31.23. Assim pois, os dois termos são, em
parle, equivalentes.
Esse senlido de sarím é também possível em certo número de outros
textos, mas com freqüência interfere com uma acepção diferente. Os sarím
Hflo, então, os oficiais ou funcionários do rei, quer se trate de reinos estrangei
ros, Gn 12.15; Jr 25.19; 38.17s; Et 1.3; 2.18; Ed 7.28, ou mesmo de Israel. Em
muitos casos são oficiais militares, comandantes de unidades ou o chefe de
lodo o exército, I Sm 8.12; 17.18,55; II Sm 24.2,4; I Rs 9.22; II Rs 1.14; 11.4.
clc. Com freqüência são também oficiais civis, os ministros de Salomão, I Rs
4.2, os governadores, I Rs 20.14; 22.26; II Rs 23.8, os funcionários em geral,
Jr 24.8; 26.1 Os; 34.19,21, etc.
Diante do rei, esses oficiais são apenas “servos”, II Rs 19.5; 22.9, etc.25,
mus entre o povo têm uma posição privilegiada. O rei podia lhes dar terras,
1Sm 8.14; 22.7. Sendo numerosos, sobretudo nas capitais, Samaria e Jerusa
lém, constituem uma força com a qual o rei deve contar, Jr 38.24-25, e até
itco nlece de fa zerem com plô c ontr a seu senhor, II Rs 21.23. São os notáveis e
cm muitos casos não é possível distingui-los dos chefes das grandes famílias,
nus quais são recrutados com freqüência.

” Cf. p. 149.
Em Nm 21.18 e em Pv 8.16 , sarim alterna com nedíbím, os homens “exce
lentes”. Estes têm um lugar de honra nas reuniões, I Sm 2.8; SI 113.8; são
poderosos e ricos, SI 118.9; 146.3; Pv 19.6.
Em Is 34.12 e em Ec 10.17, os sarim estão em paralelo com os horim, e em
Jr 27.20 horim substitui a sarím do texto correspondente de II Rs 24.14. A pala
vra, empreg ada sempre no plural, é citada jun to c om z eqenim em I Rs 21.8,11,
e junto com gibbôre hail (v. acima) em II Rs 24.14. Segundo a raiz e seus
derivados nas línguas afins do hebraico, são homens “livres, de boa família”.
Essas palavras são, pois, mais ou menos sinônimas e designam a classe
dirig ente da época monárquica, funcionários e chefes das famílias influen tes,
em uma palavra, os notáveis. São os “grandes”, os gedolim , como são cha ma 
dos em outros textos, II Rs 20.6,11; Jr 5.5; Jn 3.7.
Depois do Exílio aparecem outras palavras para designar o mesmo gru
po. Em Jó 29.9-10, os negidim são colocados paralelamente com os sarím, e
em I e II Cr tfgidim é praticamente o equival ente de sarím. Mas os textos pré-
exílicos só usa vam o singular nagid e aplic ava m-no ao rei designado por Iahv é,
I Sm 9.16; 10.1; II Sm 5.2; 7.8; I Rs 14.7; 16.2; II Rs 20.5. Por outro lado, em
Ne 2.16; 4.8,13, são mencionados os stganim ao lado dos horim, e em Ed 9.2
ao lado dos sarim, e a palavra é freqüente nas Memórias de Neemias para
designar aos notáveis do povo; tem-se a impressão de que no vocabulário de
Neemias essa palavra substitua z'quenim , os Anciãos, palavra que ele não
empre ga nunca. Mas nos textos anteriores a palavra significa “governador” e
é um empréstimo babilônico.
A esses notáveis ou dignitários pode-se, sem dúvida, chamar “nobres”
em uma acepção ampla. Mas eles não constituem uma nobreza em sentido
estrito
to, que, goza
ou seja
de ,certos
um a classe fec hada
privilégios a quagrande
e possui l se pertence p or
parte das direito de nasc ime n
terras.
Alguns autores quiser am reconhece r nos gibbôre hail uma classe de gran
des proprietários de terras, uma espécie de nobreza rural. Fundam-se sobretudo
em II Rs 15.20, em que Me na ém op rime com impo stos aos gibbôre hail de se u
reino para pagar o tribu to devid o aos assírios. Parece, contudo, que a expr es
são designou no início, e designa com freqüência em Crônicas, os homens
valent es, os guerreiros corajosos , os paladinos, como simples gibbôrim, mes
mo que não possuam propriedades, Js 8.3; Jz 11.1. O termo foi aplicado em
seguid a aos que eram sujeitos ao serviço mil ita r e que eram pessoa s de posses,
já que deviam fornecer seu equipamento militar. Esse é o sentido que convém
a II Rs 15.20, onde são 60.000, a II Rs 24.14, o nde são contrapost os à pop ula
ção mais pobre do país, e a Rt 2.1, em que Boaz é só um homem de posses,
como o pai de Saul, I Sm 9.1.
3, () “POVO DA TER RA”

Os textos falam com freqüência do “po vo d a terra”, ‘am ha 'ares, expres-


nOo c|ue recebeu diferentes explicações. Muito s vêem nela a classe soc ial infe
rior, o comum do povo, a plebe em contrap osição à aristocracia o u os camp o
neses cm oposição aos habitantes da cidade. Outros, pelo contrário, querem
descobrir nela os representantes do povo no governo, uma espécie de parla
mento ou de câmara dos deputados. Outros, finalmente, reconhecem nela o
conjunto dos h omens livr es, que usufruem de direit os cívicos em um determi-
nnilo território.
A análise dos textos mostra que essa úl tima explicação é a única aceitá
vel pura a époc a antiga, mas que o sentido da fó rmula evoluiu posteriorm ente.
Quando se trata de não isra elita s, o “povo d a terra” designa em Gn 23.12-1 3
nos cidadão s hititas de Heb rom, em op osição a A braão, qu e ali não é m ais que
um estrangeiro residente; em Gn 42.6 aos egípcios, em oposição aos filhos de
Jacó; em Nm 14.9, aos cananeus, donos do país, por oposição aos israelitas
(cf. o paralelo de Nm 13.28: “o povo que habita esta terra”). Pode-se objetar
Com Êx 5.5, em que, segundo o texto massorético, o faraó chama os hebreus
"o povo da terra”, o que justificaria uma tradução por “plebe”, mas é muito
tentador adotar a leitura samaritana: “são mais numerosos que o povo da terra”.
Se passamo s para Israel, temos que distingui r três períodos no uso dessa
expressão. Antes da volta do Exílio, foi empregada sobretudo por II Reis,
Jeremias e Ezequiel. O “povo da terra” é posto em distinção ou em oposição
uo rei ou ao príncipe, II Rs 16.15; Ez 7.27; 45.22; ao rei e aos seus servos,
Jr 37.2 ; aos ch efe s e aos sa cerdo tes, Jr 1.18; 3 4.19; 44.2 1, aos chefes, aos

«acerdotes
classe e aos profetas, Ez 22.24-29. Nunca é contraposta a nenhuma outra
do povo.
Segundo II Rs 24.14, Nabucodonosor deixa em Jerusalém só “os mais
pobres do povo da terra”, e esta precisão indica que a expressão em si mesma
nflo designa a classe pobre, cf. também Ez 22.29. Isto resulta igualmente das
enumerações a que acabamos de nos referir, por exemplo, Jr 1.18: “...contra
lodo o país, contra os reis de Judá, contra os seus líderes (sarim), contra os
ncus sacerdotes e contra o seu povo”. A lei de Lv 4 distingue os sacrifícios
pelo pecado que devem ser oferecidos: v. 3, pelo sumo sacerdote, v. 13, por
Ioda a com uni dad e de Israe l, v. 22, por um ch efe, v. 27, por qualq uer pessoa do
“povo da terra”. É todo o “povo da terra” que deve ser castigado por certas
fultas religiosas, Lv 20.2-4.
Assim pois, o “povo da terra” representa o conjunto dos cidadãos. Por
Inso, a exp ress ão ap licada ao reino de Jud á alterna com “povo de Judá” , comp.
II Rs 14.21: “Todo o povo de Jud á esc olh eu a Uz ias ”, e II Rs 23.30: “O povo
da terra escolheu a Joacaz.” Da mesma maneira o “povo da terra” castiga os
assassinos de Amom e proclama rei a Josias, II Rs 21.24. Em II Rs 11.14,18
“todo o povo da terra acla ma a Joá s e derriba o templo de Ba al ” : é uma rev olu
ção nacional, dirigida contra Atalia e sua corte estrangeira. Sem dúvida, o v. 20
contrapõe esse “ povo da terra” e a cidad e, Jerusalém. Mas é porque em Jeru
salém residia a corte, os funcionários, todos os que apoiavam ao regime derri-
bado. Essa expressão significa apenas a distinção entre o povo de Judá e os
habitan tes de Jerusalém em Jr 25.2 . Em nen hum a parte ela designa um part ido
ou uma classe social.
Na volta do Exílio, a express ão continua sendo empregada nesse sentido
gera l por Ag 2.4; Zc 7.5 , e encontra-se tam bém em Dn 9.6 , em que a enum era
ção “nossos reis, nossos líderes, nossos pais, todo o povo da terra” lembra as
de Jeremias e Ezequiel. Mas o sentido muda e m Esdras e Neemias. A expre s
são é empre gad a no plu ral, “os povos da terra” , ou “das terras ”, Ed 3.3; 9.1,2,11;
10.2,11; Ne 9.30; 10.29,31,32. Ela designa então os habitantes da Palestina

que não asão


cultam judeus,ncia
observâ quedocolocam
sábado,obstáculos à obra
com os quais de restauração,
se contraem ma que difi mis
trimônios
tos. Os “povos da terra” se contrapõem ao “povo de Judá” em Ed 4.4, ao
“povo de Israel” em Ed 9.1. E uma inversão completa em relação ao uso ante
rior ao Exílio, e se explica ainda pelo sentido fundamental da expressão: a
comunidade do retorno não é o “povo da terra”, posto que não tem o estatuto
político que havia sido reconhecido aos samaritanos, aos amonitas, aos
moabitas: estes são "os povos da terra” ou “das terras”.
Assim se prepara um terceiro s ignificado. Na épo ca rabínica, o “povo da
terra” são todos que ignoram a Lei ou que não a praticam.
4. RICOS E POBRES

Nos primeiros tempos da sedentarização, todos os israelitas desfrutavam,


mais ou menos, da mesm a condição social. A riqueza pr ovin ha da te rra, a qual
estava repartida entr e as famíl ias, que defendi am z elosam ente seu patrimôn io,
cf. também a história de Nabote, I Rs 21.1-3. As transações comerciais ou
imobiliár ias, que são uma fonte de rend a, eram de pouca importânc ia. Havia ,
sem dúvida, exceções; assim, por exemplo, Nabal é um rico criador de gado
das estepes de Judá: ele possui três mil carneiros e mil cabras, e sua esposa
Abigail envi a a Davi, para acalmá-lo, 200 pães, 100 cach os de u vas passas,
200 bolos de figo, odr es de vinho, medidas de trigo tostado e ovelhas prepara
das, I Sm 25.2,18. A riqueza de Jó é ainda maior: 7.0 00 ovelhas, 3.000 camelos,
500 junta s de bois, 500 jum ent as, Jó 1.3; mas a história apresenta Jó à maneira
tk* um grande sheikh da époc a patriarcal, c f. Abr aão em Gn 12.16; 13.6; 24.3 5.
Km compensação, os dois primeiros reis de Israel pertencem a famílias só
moderadamente abastadas: o pai de Saul é um gibbôr hail, cf. acima, e, contu
do. envia seu filho a buscar as jumentas perdidas, I Sm 9.1s, e Saul mesmo
cultiva seus campos, I Sm 11.5. Davi guarda o rebanho, I Sm 16.11, cf. 17.20,
2N,34s, e seu pai o envia a seus irmãos, que estã o no a cam pam ento de guerra,
com um a medid a de grão tostado, dez pães e dez queijos, I Sm 17.17. Segundo
mitr a tradição, Davi, cham ado jun to ao rei , le va como pres ente cinco pães, um
lulre de vinho e um cabri to, I Sm 16.20. Tu do isso repre sen ta um nível de vida
bastante modesto e não te mos notícia de que houvesse famílias mais abasta
das nesses mesmos ambientes.
As escavações das cidades israelitas demonstram também essa igualda
de de condição. Em Tirsá, a atual Tell el-Fâr’ah, perto de Nablus, as casas do
século X a.C. têm todas as mesmas dimensões e o mesmo formato; cada uma
representa o hábitat de uma família, que levava o mesmo modo de vida que

seus vizinhos.
no mesmo sítio:É onotável o contraste
quarteirão quando
das casas ricas, se passa eaomelhor
maiores nível do século VIII
construídas, é
separado do quarteirão em que as casas dos pobres estão aglomeradas.
Na realidade, durante esses dois séculos se produziu uma revolução social.
Como já vimos, as instituições monárquica s fizera m surgir um a classe de fun
cionários que tiravam proveito de sua administração e dos favores que o rei
llies concedia. Outros, por sorte ou por habilidade, obtiveram grandes lucros
com suas terras. Reinava a prosperidade. Os 12.9 põe estas palavras na boca
ile Efraim (Israel): "Sim, me enriqueci, e adquiri muitos bens", e Is 2.7 diz:
"O país está cheio de prata e de ouro e de imensos tesouros.” Os profetas
condenavam então o luxo das residências, Os 8.14; Am 3.15; 5.11, dos ban
quetes, Is 5.11,12; Am 6.4, das roupas, Is 3.16-24, a monopolização das terras
por aqueles “Que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo até que se
«poderem de toda terra”, Is 5.8. Efetivamente, essas riquezas eram mal distri
buídas e com freqüência haviam sido mal adquiridas: “Cobiçam campos e os
arrebatam, e casas, e as tomam”, Mq 2.2. Os ricos proprietários especulam e
cometem fraudes, Os 12.8; Am 8.5; Mq 2.15, os juizes se deixam corromper
Is 1.23; Jr 5.28; Mq 3.11; 7.3, os credores são impiedosos, Am 2.6-8; 8.6.
£elQ.£QntfárÍQ, existem os fracos, os pequenos, os pobres, que sofrem
com essas cobranças injustas, ps profetas saem em sua defesa. Is 3.14,15;
10.2; 11.4; Am 4.1; 5.12; cf. SI 82.3-4, e também a lei os protege, começando
já por Êx 22: 24-26; 23.6, mas, sobretudo o Deuteronômio, que reflete a situa
ção social desse período: ele promulga o preceito da esmola, Dt 15: 7-11,
obriga a dar ao devedor pobre seu penhor antes do pôr-do-sol, Dt 24.12-13
(ampliando a lei de Êx 22.25,26), protege ao diarista, Dt 24.14,15.
Sabia-se muito bem que sempre haveria pobres, Dt 15.11, cf. Mt 26.11,
mas mediante regulamentações, das quais é difícil dizer até que ponto foram
realmente praticadas26, procurou-se lutar contra o pauperismo e restabelecer
certa igualdade entre os israelitas. A cada ano sabático deixava-se aos indi
gentes o produto da terra, Êx 23.11, perdoavam-se as dívidas, Dt 15.1, “Para
que não haja nenhum pobre entre vocês”, Dt 15.4. No ano do jubileu devia
proclamar-se u ma anistia geral e cada um recuperava seu patrimônio, Lv 25.10,
com os comentários que seguem no capítulo.
Os ricos encontravam-se, geralmente, entre os notáveis e muitos textos
proféticos unem uns aos outros na mesma condenação. Contudo, os pobres
não constituíam diante deles outra classe socia l: eram unicam ente indiv íduo s,
que se encontravam indefesos precisamente por estarem isolados.
O termos “rico ” e “pobre ” não implica m em si mesmo s nenhuma quali
cação moral ou relig iosa. Entretanto, car regam -se de ta l qualificação ao entrar
em duas linhas contraditórias de pensamento. Segundo a tese da retribuição
temporal, a riqueza é uma recompensa da virtude e a pobreza é castigo, tal
como dizem textos como SI 1.3; 112.1-3; Pv 10.15-16; 15.6, contra o que
protestará Jó. Outra linha de pensamento parte de uma experiê ncia muito fre
qüente e de fatos estigmatizados pelos profetas: há ricos malvados, ímpios,
que oprime m os pobres, mas estes são amados por Deus, Dt 10.18; Pv 22.22-23,
e seu Messia s lhes fará justi ça, Is 11.4. A ssim ia-se prep aran do a transposição
espiritual do vocabulário, que se insinua em Sofonias: “Buscai a Iahvé, vós
todos os mansos da terra”, Sf 2.3; cf. 3.12-13. A espiritualidade dos “pobres”
se desenvolverá na segunda parte de Isaías e no saltério pós-exílico, mas os
termos relativos à pobreza perdem, nesse caso, suas conexões sociológicas:
nem antes nem depois do Exílio os indigentes foram um partido religioso nem
uma classe social.

5. OS ESTRANG EIROS RESIDENTE S

Além dos israelitas livres, que formam o “povo da terra”, e os estrangei


ros
que de
nãopassagem, quedapodem
desfrut am proteçãcontar
o da com os costumes
le i, Dt. da hospitalidade,
15.3 ; 23.21, uma parte da mas
populaçã o
é composta por estrangeiros residentes, os gerim.

16 Cf. abaixo , pp. 209s . 2 11s.


1s.
Entre os antigos árabes nômades, o djâr era. o refugiado ou a pessoa iso-
Imln que vinha pedi r a proteç ão de um a ou tra tribo di ferente da s ua21. Da mes-
nui lorma, o ger é essencialmente o estrangeiro que vive de forma mais ou
menos estável em meio a outra comunidade em que é aceito e usufrui de cer
tos direitos.
Pode tratar-se de um indivíduo ou de um grupo. Abraão é um ger em
llcbron, Gn 23.4, como Moisés o é em Midiã, Êx 2.22; 18.3, um homem
iIl* Belém vai com sua família estabelecer-se como ger em Moabe, Rt 1.1.
( )s isr aelita s fora m gerim no Egito, Ex 22.20; 23.9; Dt 10.19; 23.8. As pessoas
A

ile Reerote hav iam se refugiado em Gitaim, onde viviam co mo gerim, II Sm 4.3.
Quando os israelitas, estabelecidos em Canaã, consideraram-se como os
possuidores legítimos da terra, como o “povo da terra”, então os antigos habi-
limlcs, não assimilados por casamentos nem reduzidos à servidão, tornaram-
se os gerim, aos quais se acrescentaram os imigrantes. Dado o caráter indivi
dualista da s tribos e sua divisão territ orial, os antigos textos cons ideram como
ger um israelita que v ai residir em outra trib o: u m homem de Efraim é um ger
em Gibeá, on de vivem os benjamit as, Jz 19.16. É o caso geral dos levita s, que
não têm território próprio, Jz 17.7-9; 19.1, e as leis de proteção social compa-
rmn levitas a gerim, Dt 12.12; 14.29; 26.12.
Do ponto de vista social , esses estra ngeiros residentes são homens livres,
c se opõem, portanto, aos escravos, mas não têm todos os direitos cívicos, de
modo que se contrapõem também aos cidadãos israelitas. Pode-se compará-
los com os perioikoi de Esparta, os ant igos habitantes do Pelopone so que con
servavam sua liberdade, podiam ter posses, mas não tinham direitos políticos.
Contudo, os gerim de Isr ael eram, primitivamente, menos favorecidos. A pro
priedade imobiliária ficava em poder dos israelitas, os gerim eram forçados a
«rrendar seus serviços, Dt 24.14, como o faziam os levitas com a sua especia
lidade, Jz 17.8-10. Eram geralmente pobres e são assimilados aos indigentes,
üs viúvas, aos órfãos, a todos os “economicamente fracos”, os quais são reco
mendados à caridade dos israelitas: deve-se permitir-lhes recolher os frutos
Cilídos, as azei tonas e sque cida s nas árvores, r ebus car as vinhas, respigar após
a colhei ta, Lv 19.10; 23.22; Dt 24.19-21 etc., cf. Jr 7 .6; 22.3; Ez 22.7; Zc 7.10.
Como os outros pobres, estão sob a proteção de Deus, Dt 10.18; SI 146.9;
Ml 3.5. Os israelitas ao assisti-los, devem recordar que eles também foram
gerim no Egito,
ve amá-los comoÊxa 22.20; 23.9; Lv
si mesmos, Dt 24.18,22,
19.34; Dt e,10.19.
por essa
Elesrazão, devemnoinclusi
têm parte dízimo
Irienal, Dt 14.29, e nos produtos do ano sabát ico, Lv 25.6, as cidades de refúgio

" cr. p. 29.


estão abertas para eles, Nm 35.15. Nos processos, devem ser tratados com a
mes ma justi ça que os isra elitas , Dt 1.16, eles são submet idos também às mes
mas penas que eles, Lv 20.2; 24.16-22. Na vida cotidiana não havia barreira
entre gerim e israelitas. Havia gerim que cheg avam a fazer fortu na, Lv 25.4 7;
cf. Dt 28.43, e Ezequiel prevê que no Israel futuro eles compartilharão o país
com os cidadãos, Ez 47.22.
Do ponto de vista religioso, Dt 14.21 certamente diz que um ger pode
com er de um animal morto, mas Lv 17.15 pro íbe isto aos estrangeiro s residen

tes como
de pur ezaaos
,Lvisraelitas.
17.8-13;Por
18.outro
26;N lado, estãoDe
m 19.10. sujeitos às mesmas
vem observar prescrições
o sábad o, Êx 2 0.10;
Dt 5.14, o jejum do Dia da Expiação, Lv 16.29. Eles podem oferecer sacrifí
cios, Lv 17.8; 22.18; Nm 15.15,16 e 29, e tomam parte nas festas religiosas,
Dt 16.11-14. Eles até podem celebrar a Páscoa com os israelitas, desde que
sejam circuncidados, Êx 12.48,49; cf. Nm 9.14.
É notável que quase todos esses textos tenham sido redigidos pouco antes
do Exílio: Dt e Jr, e o Código de Santidade de Levítico. Parece então que ao
final da monarquia havia se multiplicado em Judá o número dos gerim e era
preciso ocupar-se
cedentes deles.
do antigo reino do Provavelm entea houve
norte. Era fácil um afluxo
assimilação desses de refugiados pro
gerim paren
tes de raça e partidári os da me sm a fé e deve ter contrib uído para acelerar a d os
gerim de srcem estrangeira. Assim se preparava o estatuto dos prosélitos, e
os Setenta traduzem ger por esta palavra grega.
Às vezes, jun to ao ger se menciona tam bém o tôshâb , Gn 23. 4; Lv 25.23,35;
I Cr 29.15; SI 39.13. O tôshâb aparece também junto ao trabalhador assala
riado em Êx 12.45; Lv 22.10; 25.40, e com os escravos, os trabalhadores
e “todos os que residem em teu território” em Lv 25.6. Desses textos resulta
que a situação do tôshâb é parecida à do ger, sem ser precisamente idêntica.
Ele parece es tai' meno s assimil ado, social e religi osamen te, Êx 12.45; cf. Lv 22.10,
menos fixado ao país e também menos independente: não tem teto, é o tôshâb
de alguém , Lv 22.10; 25.6 . É u m termo mai s recente, que apare ce, sobre tudo,
em textos de redação pós-exílica.

6. OS A SSAL ARIA DO S

Além dos escravos, dos quais trataremos no capítulo seguinte, havia tra
balhadores assalariados, homens livres que eram contratados para um traba
lho determinado, por certo tempo e com um a retribuição combinada. Os estran
geiros residentes ou de passagem ofereciam assim seus serviços, Êx 12.45;
Lv 22.10; Dt 24.14, como Jacó o havia feito na casa de Labão, Gn 29.15;
.10.28; 31.7. Mas o empobrecimento de algumas famílias e a perda de suas
Icitus forçaram um número crescente de israelitas a trabalhar por salário,
cf. Dt 24.14. Em época anti ga contr atavam -se, sobretudo, a trabalhador es agrí
colas. Trabalha vam com o pastores, A m 3.12, como segadores ou vindima dores,
Inlvez Rt 2.3s; II Rs 4.18; cf. Mt 20.Is. Podiam ser contratados por um dia,
como “diarista”, Lv 19.13; Dt 24.15; cf. Mt 20.8, ou ao ano, Lv 25.50-53;
Is 16.14; 21.16; Eclo 37.11.
O Antigo Testamento não dá informaçõ es diret as sobre o valo r do salá
rio. Na Mesopotâm
ro. Segundo ia,de
o Código os Hamurabi
trabalhadores
eleseram pagosum
recebiam em siclo
espécie
de ou emao
prata dinhei
mês
durante a estação de muitos serviços e um pouco menos o resto do ano, mas
alguns contratos estipulam valores muito inferiores. Com o Código de
I lumurabi, qu e pre vê dez siclos co mo salár io anual, se co mp ara rá Jz 17.10 e o
difícil texto de Dt 15.18, que pode ser interpretado assim: um escravo que
serviu seis anos produziu a seu dono o dobro de seu valor, conforme a tarifa
ilc um assalariado; o valor de um escravo era, efetivamente, de trinta siclos,
fíx 21.32. Os trabalhadores do Evangelho, Mt 20.2, recebiam um denário, o
que representa muito mais, mas seria ilusório comparar os preços entre duas
épocas tão distantes.
A verd ade é que a situação dos assalariados era po uco invejável, Jó 7 .1 -2;
14.6, e havia patrões injustos que não lhes davam nem o que era devido,
Jr 22.13; Eclo 34.22 . Pelo menos usufr uia m de certa proteção legal: Lv 19.13
c Dt 24.14- 15 pr escrevem que se pague aos diaristas ao entardecer, c f. Mt 20 .8,
c os profetas os defendem contra a opressão, Jr 22.13; Ml 3.5; Eclo 7.20.

7. OS AR TESÃ OS

Ao lado dos trabalhado res, o desenvolvim ento da vida urbana e a evolu


ção econômica multiplicaram o número dos artesãos independentes. O Antigo
Testamento menciona muitas associações de artesãos: trabalhadores de moi
nhos, padeiros, tecelões, barbeiros, oleiros, lavandeiros, chaveiros, joalheiros
ele. Um termo mais geral, harash, designa o trabalhador em madeira, em
pedra, sobretudo em metais, e o ferreiro, fundidor ou cinzelador. Trabalhava-
se em reg ime de of icin a familiar, o pa i tran smit ia o ofício a seu filho e à s vezes
linha a seu serviço alguns ajudantes, escravos ou assalariados.
Com o nas cidades orientais modernas, os artesãos d e uma mesma profis
são viviam e trabalhavam agrupados em Rias ou quarteirões específicos, ou
então , um a aldeia se esp ecializava em um a atividade determinad a. Esses agru
pamentos respondiam a condições de geografia econômica: a proximidade
das matérias-primas, minerais, terra argilosa, lã dos rebanhos, ou a presença
de meios de produção, água, combustível ou a orientação favorável para a
ventilação dos forno s, etc . Esses agrupam entos se fundavam também na tra di
ção, pois as profissões eram geralmente hereditárias. Assim, por exemplo,
sabemos que se fabricava m tecidos em Bete-A sbéia, ao sul da Judéia, I Cr 4.21,
que os benjamitas trabalhavam a madeira e o metal na região de Lode e de
Ono, Ne 11.35. As escavações revelam que a tecelagem e a tinturaria eram
ofícios prósperos em Debir, a atual Tell Beit-Mirsim. Em Jerusalém, havia
uma rua dos padeiros, Jr 37.21, um campo do lavandeiro, Is 7.3, a porta do
oleiro, perto da qual trabalhavam os oleiros, Jr 19.1 s, um quarteirão dos ouri
ves, Ne 3 .31 -32. Essa especia liza ção se acent uou ainda mais nas époc as greco-
romana e rabínica.
Pouco a pouco esses artesão s que trabalhavam juntos se organizaram em
corporações. Isto é atestado claramente d epois do Exílio, quand o as corporações
de ofícios, modelando-se conforme a organização familiar de que, aliás, havi
am nascido, se denom inam famílias ou clã s, m ish pah ôt2*. Há em Bete-Asbéia
a mishpahôt de produtores de linho, I Cr 4.21. O chefe da corporação se cha
ma “pai”, como Joabe, “pai” do vale dos artesãos, I Cr 4.14; os oficiais se
chamam “filhos”: Uziel é “filho” dos ourives, Ne 3.8, ou seja, ourives, como
Malquias da mesma corporação, Ne 3.31, como Hananias, oficial pe rfumis ta,
Ne 3.8. No judaísmo, esses agrupamentos obterão um estatuto legal, farão
regulamentos que protejam seus membros, terão às vezes seus próprios luga
res de oraçã o: fala-se da sinagog a dos tecelões de Jerusal ém. A influência das
organizações profissionais do mundo greco-romano deve ter acelerado essa
evolução, mas os textos que citamos e os paralelos mais antigos da Mesopotâ
mia indicam que as corporações têm srcem mais antiga.
Pode-se remontar até a época monárquica se for admitido que certos
sinais gravados com freqüência na cerâmica, quando não designam ao proprie
tário da peça, são marcas registradas não de uma oficina de família, mas de
uma corporação. É muito dif ícil decid i-lo, mas de qualquer m odo uma coisa é
certa: que, na época pré-exílica, as empresas importantes estavam nas mãos
do rei. A fundição de Eziom-Geber, sob Salomão, era uma manufatura do
Estado, que as escavações trouxeram à tona. Segundo I Cr 4.23, os oleiros de
Netaim e de Gederá trabalhavam em uma oficina real. Dessas oficinas provêm
os jarros que têm uma estampa oficial, que cer tificava sem dúvida sua capaci
dade.MContudo a descoberta recente, em Ramat Rahel, de alças que trazem

28 Cf. pp. 26, 42-43.


MCf. pp. 156 e 240-241.
lio mesmo te mpo a esta mpa real e o selo partic ular parece indicar qu e os qua-
Im nomes das aldeias da s estamp as de Judá des igna m centros onde a renda era
entregue antes que as oficinas de ola ria.

H.OS CO M ERCI
ER CIAN
ANTE
TES
S

Os israeli tas começa ram muito tard e a dedicar-se ao comércio. O comércio


exte rior , o comércio em grande escala, era mono pólio real. Com a cooperação
de Mirão, rei de Tiro, Sa lom ão armou u ma frota no Ma r Verm elho, I Rs 9.26-2 8;
|(). 11 -22, que ia trocar os produtos da fundição de Eziom-Geber com o ouro
e as riquezas da Arábia. Uma tentativa análoga, sob Josafá, acabou em fra
casso, I Rs 22.49-50. Salomão comercializava também com os caravaneiros,
I Rs 10.15. Faz ia também um com érc io de interm edia ção: seus enviados co m
pravam cavalos na Cilícia e carroças no Egito e revendiam , I Rs 10.28-29, mas
essa interpretação do texto é duvidosa. Acabe concluiu com Ben-Hadade um
Irntado comercial segundo o qual podia estabelecer mercados em Damasco,

como o re i sírio
real. Assim tinhaem
sucedia emtodo
Samari a, oriente
antigo I Rs 20.34. Trata- Osse contrapartes
próximo. ainda de uma deem presa
Salo mão er am o rei de Tiro, 1 Rs 5.15-26; 9.27; 10.11 -14, e a rainha de Sabá,
I Rs 10.1-13. E a tradiç ão era antiga. No te rcei ro mil ênio ante s de nossa era, e
depo is sob Hamurabi, os reis d a Mes opot âm ia tinham suas caravanas; na épo 
ca de Amarna, os reis da Babilônia, de Chipre e de outras partes tinham mer
cadores a seu serviço; no século XI a.C., a história egípcia de Wen-Amón nos
informa que o príncipe de Tanis tinha uma frota de comércio e que o rei de
Biblos tinha registro dos negócios que fazia com o faraó.
Em Israel, as pessoas do povo só se dedicavam a operações locais. Na pra
ça da cidade ou da aldeia, onde havia o mercado, II Rs 7.1, os artesãos ven
diam seus produtos e os camponeses o produto do seu campo ou do seu reba
nho. Essas trocas, de volume limitado, eram feitas diretamente do produtor ao
consumidor, sem intermediários, e não existia uma classe de comerciantes.
O verdadeiro negócio estava nas mãos de estrangeiros, especialmente os fení
cios, que eram os corretores de todo o oriente, cf. Is 23.2,8; Ez 27, e também
assírios, segundo Na 3.16. Ainda depois do Exílio, podem-se ver os judeus
levarem a Jerusalém os produtos agrícolas, mas os tírios vendiam aí as merca
dorias de importação, Ne 13.15-16. Os primeiros comerciantes israelitas da
Palestina que conhecemos são talvez os que, sob Neemias, trabalham na res
tauração das muralhas, Ne 3.32; mas ainda é possível que sejam tírios que,
segundo Ne 13.16, viviam na cidade.
Essa situação se reflete no vocabulário: “cananeus” significa “comercian
tes” em Jó 40.30; Pv 31.24; Zc 14.21. Out ros term os des igna m o comerciante
como “o que circula” ou com uma raiz que tem afinidade com “caminhar”.
São estrangeiros, caravaneiros como os midianitas de Gn 37.28, ou mercado
res ambulantes que percorriam o país oferecendo sua pacotilha importada e
comprando, para exportá-los, produtos locais.
É na diásp ora, e por necess idade, que o s jude us se tom am comerc iantes.
Na Babilônia, descendentes dos exilados que não tinham retomado figuram
como agentes ou clientes de grandes Firmas comerciais. No Egito, na época
helenística, os papiros mostram que alguns eram negociantes, banqueiros ou
corretores. Os judeus da Palestina seguiram pouco a pouco esse movimento,
mas os sábios como mais tarde os rabinos, não o viam com bons olhos.
O Eclesiástico diz, sem dúvida, que os benefícios comerciais são legítimos,
Eclo 42.5, mas destaca também que um comerciante não poderá permanecer
sem pecado, Eclo 26.29; 27.2.

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