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CURITIBA
2009
ALTERAÇÕES CERVICAIS EM MULHERES DISFÔNICAS
CURITIBA
2009
Laiza Carine Maia Menoncin
CURITIBA
2009
TERMO DE APROVAÇÃO
Laiza Carine Maia Menoncin
Essa dissertação foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Mestre em Distúrbios da
Comunicação no Programa de Mestrado e Doutorado em Distúrbios da Comunicação da
Universidade Tuiuti do Paraná
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
À você querida filha e tão pequenina , obrigada por compreender e aceitar minhas
ausências .Te amo mais do que tudo. A você Nicole, fonte inesgotável de alegria e
paixão eterna. Eternamente, muito obrigada!
Obrigada Wilson, meu querido marido, que sempre soube me amar e me apoiar,
com suas palavras de apoio, força e paixão. Desculpe-me pela ausência, pelos
momentos de irritação, fraqueza, frustrações e desespero, sei que sem você jamais
conseguiria.
Te amo pra sempre!!!!
Aos meus pais agradeço pela maior de todas as declarações de amor, obrigada pela
vida!!! Obrigada mãe pela dedicação e atenção dada à Nicole, sem você nada seria
possível.
Aos queridos pacientes dessa pesquisa, que com muito carinho, empenho e
atenção, acreditaram neste projeto e acreditaram em mim.
Agradeço às minhas alunas, que me apoiaram, ajudaram de alguma forma para que
este projeto se tornasse realidade.
Agradeço aos meus colegas de mestrado, Eliane, Celso, Carla, Linda, Cláudio,
Paulo e Maria Ana por acreditarem na capacidade de uma profissional fisioterapeuta
trabalhar e pesquisar na área da fonoaudiologia e por me auxiliarem com seus
conhecimentos e experiências.
Epígrafe
RESUMO
This study correlates cervical and voice changes that can cause muscle shortening,
pain and fatigue in the cervical region and scapular waist if such disorders
compromise the vocal tract and the musculoskeletal neck region. Vocal fatigue may
be seen as loss of functional balance with signs of hyper or hypo-function in both
physical and mental fields. This study chose women suffering from voice disorders
and complaining of constant cervical pain. The size of the larynx in women requires
them to increase the intensity of the voice to be heard. Thus, just as there are usual
comments and citations to dysphonic patients, there are clinical features that
frequently happen in dysphonia cases such as postural changes and the relation
between psycho-emotional aspects with voice. Objective: The present study aimed
at evaluating and identifying cervical changes in women with vocal disorders and
cervical pain through parameters of posture, muscle shortening, presence of pain
and trigger-points, and women without vocal changes independent of cervical pain
complaints. Method: This cross-sectional study examined 32 individuals in the
dysphonic group and 18 subjects in the control group, aged between 25 and 55 years
(mean = 31.4 years), female. The individuals were subjected to otolaryngological
orthopedic, physiotherapeutic and voice records evaluations, where the anterior,
lateral and posterior profiles were seen; test of muscle shortenings, and palpation
was used to identify the place of pain and presence of trigger-points. Results: For
the relief of cervical pain, the resource that was mostly used by the dysphonic group
was stretching, but there are significant differences in the use of stretching and
medicine (p = 0.0377) between the two groups; that is, the non-dysphonic group
practiced more stretching and used more medication than the dysphonic group. By
the examination of simple radiology, there was a significant difference in the
normality parameter (p = 0.0051). As for cervical changes, the dysphonic group
presented cervical rotation in 62.0% of cases and 83.0% in the non-dysphonic group
with significant difference (p = 0.0051); hyperkyphosis of the first thoracic vertebra
occurred in the non-dysphonic group in 77.0% of cases and the dysphonic group with
significant value (p = 0.0091). In the dysphonic group, there were muscle shortenings
in the trapezius muscles (upper fibers) in 96.0% of cases, sternocleidomastoid
(78.0%) and spine erectors (25.0%). On examination of palpation, pain was detected
in trapezius muscles (upper fibers) in 81.0% of cases and bilateral inferior neck line
(31.0%) in the dysphonic group. The trigger-points were identified in the trapezius
muscles (upper fibers) in both groups. Conclusion: Significant cervical changes in
both dysphonic and non-dysphonic groups were identified, but the deviations of head
posture and muscle shortening were most significant in the non-dysphonic group.
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................14
2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................17
2.1 ANATOMIA DA LARINGE ...................................................................................17
2.1.2 Aspectos Neurológicos Básicos da Produção Vocal ........................................18
2.1.3 Fisiologia da Produção Vocal ...........................................................................18
2.1.4 O Desenvolvimento da Voz ..............................................................................21
2.1.5 Conceito de Voz Normal e Disfonia..................................................................22
2.1.6 Classificação das Disfonias..............................................................................23
2.1.7 Causas e incidência da Disfonia ......................................................................25
2.2 COLUNA CERVICAL...........................................................................................25
2.2.1 Anatomia da Coluna Cervical ...........................................................................25
2.2.2 Fisiologia da Coluna Cervical ...........................................................................26
2.2.3 Palpação da Coluna Cervical ...........................................................................28
2.2.4 Tecidos Moles Cervicais...................................................................................29
2.2.5 Mobilidade da Coluna Cervical.........................................................................30
2.2.6 Movimentos Ativos da Coluna Cervical ............................................................31
2.2.7 Fisiopatologia da Cervicalgia............................................................................31
2.3 ALTERAÇÃO MUSCULOESQUELÉTICA E DISFONIA .....................................34
3. CASUÍSTICA E MÉTODO ....................................................................................39
3.1 CASUÍSTICA.......................................................................................................39
3.2 MÉTODO.............................................................................................................40
3.2.1 Anamnese ........................................................................................................40
3.2.2 Avaliação Otorrinolaringológica........................................................................41
3.2.3 Avaliação Fonoaudiológica...............................................................................42
3.2.4 Avaliação Ortopédica .......................................................................................42
3.2.5 Avaliação Fisioterápica.....................................................................................43
3.3 Análise Estatística ...............................................................................................43
4. RESULTADOS......................................................................................................44
5. DISCUSSÃO .........................................................................................................51
6. CONCLUSÃO .......................................................................................................64
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................65
APÊNDICES .............................................................................................................69
ANEXO .....................................................................................................................76
14
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO DE LITERATURA
Para que ocorra a produção vocal, as pregas vocais devem estar afrontadas
ou pelo menos levadas à posição de fonação, pois quando estão em vibração é a
principal fonte de som periódico para a fala. A fonação também pode ser
reproduzida após o fechamento completo das pregas vocais, as quais necessitam
estar alongadas e tensionadas para a reprodução do som (COLTON & CASPER,
1996).
Por fim, deve haver fluxo de ar partindo dos pulmões, ou seja, deve haver
uma quantidade de ar suficiente a fim de se produzir fluxo expiratório. Uma vez que
as pregas vocais se encontram na posição de fonação levemente abertas, é
necessário aduzi-las a fim de promover uma vibração. O processo de abertura e
fechamento das pregas vocais ocorre de maneira aerodinâmica, sendo regulado
pela tensão nas referidas pregas (COLTON & CASPER, 1996).
19
Segundo COLTON & CASPER (1996) não existe uma definição de voz
normal, sem padrões e limites definidos.
Para MAGALHÃES, ALMEIDA e ANELLI (1998) a voz é um processo que
envolve não só aspectos morfológicos, fisiológicos e emocionais, mas também a
relação com o próximo, pois sem estes instrumentos não haveria comunicação e em
conseqüência, a voz não existiria.
Para GREENE & MATHIESON (1989) voz normal pode ser definida como voz
comum, ou seja, que não apresenta nada especial em seu som. Para uma voz ser
considerada normal, precisa ser forte o suficiente para ser ouvida e apropriada para
o sexo e a idade do falante, agradável para o ouvinte, modulada e clara, adequada
ao contexto e não muito intensa, e sem desvio pronunciado de ressonância.
ARONSON (1985) sugeriu três questões para julgar a normalidade de voz: 1.
a voz é adequada para oferecer ao ouvinte inteligibilidade de fala? 2. suas
propriedades acústicas são esteticamente aceitáveis? 3. a voz preenche as
demandas profissionais e sociais do falante?
MAGALHÃES, ALMEIDA e ANELLI (1998) relatam que cada indivíduo
carrega sua história pessoal em todas as manifestações: na voz, na fala, na postura
e nos gestos. Raramente as pessoas percebem algum distúrbio na própria voz,
muito menos percebem o quanto o outro interfere no seu padrão vocal, pois a
comunicação ocorre de uma forma espontânea. As pessoas começam a se
preocupar com sua própria voz a partir do momento que ocorrem falhas na sua
23
por alterações com origem em outros órgãos e aparelhos do corpo sendo divididas
em: endocrinológicas, neurológicas e doenças auto-imunes (BEHLAU & PONTES,
2004).
As disfonias podem ser classificadas em agudas e crônicas, de acordo com a
duração do sintoma, em um tempo limite de quinze dias (BEHLAU, AZEVEDO,
PONTES e BRASIL, 2004).
O pescoço deve ser palpado com o paciente em decúbito dorsal, pois nessa
posição os músculos que recobrem as proeminências ósseas da coluna cervical
relaxam-se e as estruturas tornam-se mais definidas (HOPPENFELD, 1997).
29
movimento não é puro, mas sim uma conjunção de funções onde entram elementos
de rotação (HOPPENFELD, 1997).
exclusivas, mas, sim, uma série extensa de alterações vocais não específicas,
sendo uma disfonia difícil de definir, podendo ser interpretada de várias maneiras
(COLTON & CASPER, 1996).
COLTON & CASPER (1996) identifica duas categorias causais da síndrome
da tensão musculoesquelética: a primária, ausência de alterações estruturais da
laringe, e a secundária, com presença de reações teciduais. À laringoscopia a
síndrome da tensão musculoesquelética primária mostra normalidade estrutural e
mobilidade das pregas vocais. Já na síndrome da tensão musculoesquelética
secundária há presença de lesões laríngeas como nódulos, pólipos e edemas.
Em pacientes com síndrome da tensão musculoesquelética são observados
sinais como: desvios na postura da cabeça e pescoço, hiperextensão da cabeça,
pescoço sulcado, enorme tensão na inspiração e pouca abertura de boca à emissão
(BEHLAU & PONTES, 1995).
AUGSUWARANGSEE & MORRISON (2002) classificam disfonia por mau uso
muscular (Muscle Misuse Dyphonia-MMD) sendo a mais comum causa não orgânica
de distúrbio vocal em humanos, sendo 60 a 70% dos pacientes com sinais de MMD.
O diagnóstico de MMD é baseado em relatos de casos de abuso vocal, e
complementado com achados na videolaringoestroboscopia, onde a mucosa
apresenta uma movimentação atípica, sendo compatível com alguma anormalidade
específica na postura da laringe. Citam importantes fontes de tratamento para esse
tipo de disfonia como: fonoterapia, terapia manual e psicoterapia, que a terapia de
voz é o caminho correto para tratar MMD, mas a terapia manual, se realizada
corretamente, pode acelerar a evolução de um bom prognóstico.
Para MORRISON, RAMMAGE, BELISLE, BULLAN e NICHOL (1983) as
disfonias funcionais estão associadas ao mau uso da musculatura laríngea e
propuseram a mudança do termo para disfonias muscular por mau uso. Relataram
que uma fonação constantemente associada a uma postura laríngea inadequada
pode levar a mudanças orgânicas como nódulos ou pólipos, particularmente em
mulheres, com a presença de fenda glótica posterior, que se associa ao aumento na
tensão laríngea e mais diretamente ao desequilíbrio do músculo cricoaritenóideo
posterior durante a fonação.
Segundo BELAFASKY, POSTMA, REUBACH, HOLLAND e KOUFMAN
(2002) tem-se o reconhecimento que a biomecânica anormal laríngea é usualmente
notada em pacientes com insuficiência glótica, pois a laringe é muito suscetível a
37
3. CASUÍSTICA E MÉTODO
3.1 CASUÍSTICA
3.2 MÉTODO
3.2.1 Anamnese
4. RESULTADOS
GRUPO NÃO
SENSAÇÕES GRUPO DISFÔNICO
DISFÔNICO VALOR DE P
LARÍNGEAS (N1= 32)
(N2=18)
Irritação 19 (59,0%) 2 (11,0%) *0,0018
Secura 18 (56,0%) - *0,0002
Pigarro 11 (34,0%) 1 (5,5%) *0,0275
Prurido 11 (34,0%) 1 (5,5%) *0,0275
Dor na garganta 8 (25,0%) - *0,0250
Ausência 5 (15,0%) 16 (88,0%) *0,0000
n= número de indivíduos
* Há diferença estatística significativa pelo Teste de Diferença de Proporções
GRUPO NÃO
GRUPO DISFÔNICO
DURAÇÃO DA QUEIXA DISFÔNICO
(N1=32)
(N2=18)
Menos de 5 anos 8 (25,0%) 1 (5,55%)
Entre 5 e 10 anos 5 (15,0%) -
Mais de 10 a 20 anos 12 (37,5%) -
Mais de 20 anos 2 ( 6,25%) -
n= número de indivíduos
GRUPO NÃO
GRUPO DISFÔNICO
DOR E DISFONIA DISFÔNICO VALOR DE P
(N1=32)
(N2=18)
Dor no pescoço ou
29 (90,0%) 17 (94,0%) 0,6297
ombros
Dor no pescoço ou
6 (18,0%) - 0,0616
ombros e rouquidão
Sem dor 3 (9,0%) 1 (5,5%) 0,6586
n= número de indivíduos
GRUPO NÃO
GRUPO DISFÔNICO
PERÍODO DO DIA DISFÔNICO VALOR DE P
(N1=32)
(N2=18)
Final do dia 23 (71,9%) 16 (88,0%) 0,1978
Dia todo 4 (12,5%) - 0,1244
Ao acordar 2 (6,2%) - 0,2945
Ausência de dor 3 (9,4%) 2 (11,0%) 0,8197
n= número de indivíduos
46
GRUPO NÃO
GRUPO DISFÔNICO
RECURSOS DISFÔNICO VALOR DE P
(N1=32)
(N2=18)
Alongamento 9 (28,0%) 1 (5,5%) 0,0684
Medicamento 5 (15,0%) 2 (11%) 0,6935
Medicamento e
3 (9,0%) 6 (33,0%) *0,0377
alongamento
Massagem 2 (6,0%) 3 (16,0%) 0,0255
Medicamento e
2 (6,0%) - 0,2945
massagem
Medicamento e calor 2 (6,0%) - 0,2945
Alongamento e
2 (6,0%) 4 (22,0%) 0,0983
massagem
Não melhora 4 (12,0%) - 0,3943
Sem dor 3 (9,0%) 2 (11%) 0,8197
n= número de indivíduos
*Há diferença estatística significativa pelo Teste de Diferença de Proporções.
GRUPOS
Valor de
CATEGORIAS Disfônicos Não disfônico
p
(n1=32) ( n2=18)
ARTICULAÇÃO DA FALA Fischer
Adequada 31 18
Exagerada 1 - 1,0000
RESSONÂNCIA
Qui-quadrado
Equilibrada 6 14
Laríngea 14 4 *0,0015
Hiponasal 1 -
Laríngea-hiponasal 1 -
PITCH
Qui-quadrado
Adequado 19 14
Grave 10 3 0,1873
Agudo 3 1
n= número de indivíduos
48
GRUPO NÃO
DIAGNÓSTICO GRUPO DISFÔNICO
DISFÔNICO VALOR DE P
VERTEBRAL (N1=32)
(N2=18)
Diminuição de
14 (43,0%) 1 (5,5%) *0,0075
espaços interdiscais
Osteófitos 4 (12,0%) 2 (11,0%) 0,9162
Osteófitos e
diminuição de 1 (3,0%) - 0,4617
espaços interdiscais
Exame normal 13 (40,0%) 15 (83,0%) * 0,0051
n= número de indivíduos
*Há diferença estatística significante pelo Teste de Diferença de Proporções.
GRUPO NÃO
PRESENÇA DE DOR À GRUPO DISFÔNICO
DISFÔNICO VALOR DE P
PALPAÇÃO (N1=32)
(N2=18)
Músculo trapézio (fibras
26 (81,0%) 14 (77,0%) 0,7378
superiores)
“Plano de nuca” e linha
10 (31,0%) 8 ( 44,0%) 0,3616
nucal inferior bilateral
Músculo
3 ( 9,0%) - 0,1961
esternocleidomastóideo
Ausência de dor 4 ( 12,0%) 4 (22,0%) 0,3543
n= número de indivíduos
GRUPO NÃO
GRUPO DISFÔNICO
PONTO GATILHO DISFÔNICO VALOR DE P
(N1=32)
(N2=18)
Músculo trapézio (bilateral) 28 (87,0%) 16 (88,0%) 0,9191
Músculo trapézio
3 (9,0%) 1 (5,5%) 0,6586
(hemidireito)
Músculo trapézio
(hemiesquerdo) 3 (9,0%) 1 (5,5%) 0,6586
GRUPO NÃO
ENCURTAMENTO GRUPO DISFÔNICO
DISFÔNICO VALOR DE P
MUSCULAR (N1=32)
(N2=18)
Músculo trapézio (fibras
31 (96,0%) 18 (100,0%) 0,3943
superiores)
Músculo
25 (78,0%) 16 (88,0%) 0,3854
esternocleidomastóideo
Músculos eretores da coluna 8 ( 25,0%) 4 ( 22,0%) 0,8124
n= número de indivíduos
51
5. DISCUSSÃO
olhar horizontal, resultados que corroboram com CAILLET (1997) que relata que a
postura anteriorizada da cabeça provoca um aumento relativo no peso da cabeça, o
que pode provocar uma sobrecarga articular. Bem como BIENFAIT (2000) que cita
que a coluna cervical tem duas funções estáticas: manter-se vertical na sua posição
e procurar a horizontalidade do olhar. MAKOFSKY (2006) acredita que a tensão dos
músculos do pescoço (extensores suboccipital e cervical) resulta na tensão dos
músculos do corpo inteiro. Na posição anterior da cabeça pode-se perceber que os
extensores da coluna e da unidade cabeça-pescoço se contraem inferiormente até a
região lombossacra e parece ser uma resposta estabilizadora à gravidade, quando a
unidade cabeça-pescoço é deslocada anteriormente para manter o equilíbrio
estático. Além disso, a laringe é tracionada para cima e para frente, as escápulas
sofrem protração, a parede torácica anterior sofre depressão e os ombros e as
costelas perdem a mobilidade. Ainda na vista lateral foram encontrados resultados
estatisticamente significativos (Tabela 12) no parâmetro hipercifose de 1ª torácica,
alteração essa que persiste pela manutenção em tempo indefinido na posição
sentada, traumas de coluna cervical, ou seja, por maus hábitos posturais e
sedentarismo, desvio postural que causa desconforto estético e dor muscular em
região cervical baixa e torácica alta. E por fim, a anteriorização cervical provoca,
além de alteração de eixo cervical, deslocamento anterior da coluna, encurtamento
muscular e dor, concordando com KENDAL & McCREARY(1987) em que a dor
cervical alta e dores de cabeça associadas com retração dos músculos posteriores
do pescoço são encontradas em pacientes com anteriorização cervical e dorso
curvo. A mecânica defeituosa associada com essa condição consiste de pressão
indevida posteriormente sobre as facetas articulares e superfícies posteriores dos
corpos vertebrais, fraqueza por alongamento dos flexores anteriores cervicais e
retração dos músculos extensores do pescoço, incluindo as fibras superiores dos
músculos trapézio, esplênio da cabeça e semi-espinhal da cabeça. Ainda na
inspeção visual com o intuito de detectar alterações no eixo vertebral foi analisada a
vista posterior em ambos os grupos, e os resultados foram coincidentes com os da
vista anterior. Em relação aos parâmetros de rotação cervical, inclinação lateral e
desnivelamento de ombros foi visibilizada hipertrofia das fibras superiores do
músculo trapézio, mas não foram mencionados devido a falta de recursos que
poderiam ser utilizados para a mensuração do grau de hipertrofia, não sendo,
portanto , valores confiáveis para serem declarados nesta pesquisa.
59
ARONSON (1985) relata que a disfonia por tensão muscular pode depender
de fatores externos tais como: estresse no trabalho, problemas familiares,
preocupações profissionais e fatos de origem intrínseca referentes à personalidade
que possam induzir à tensão, como perfeccionismo e a ansiedade. As musculaturas
extrínseca e intrínseca da laringe são sensíveis ao estresse emocional, e a
hipercontração é o denominador comum após a disfonia e afonia em pacientes com
desordens vocais psicogênicas. AUGSUWARANGSEE & MORRISON (2002)
consideram a disfonia por mau uso muscular (Muscle Misuse Dyphonia-MMD) sendo
a mais comum causa não orgânica de distúrbio vocal em humanos, sendo 60 a 70%
dos pacientes com sinais de MMD. O diagnóstico de MMD é baseado em relatos de
casos de abuso vocal, e complementado com achados na
videolaringoestroboscopia, onde a mucosa apresenta uma movimentação atípica,
sendo compatível com alguma anormalidade específica na postura da laringe.
MORRISON, RAMMAGE, BELISLE, BULLAN e NICHOL (1983) acreditam que as
disfonias funcionais estão associadas ao mau uso da musculatura laríngea e
propuseram a mudança do termo para disfonia por mau uso muscular. Relatam que
uma fonação constantemente associada a uma postura laríngea inadequada pode
levar a mudanças orgânicas como nódulos ou pólipos, particularmente em mulheres,
com a presença de fenda glótica posterior, que se associa ao aumento na tensão
laríngea e mais diretamente ao desequilíbrio do músculo cricoaritenóideo posterior
durante a fonação. Os resultados do presente estudo embasam MORRISON ,
RAMMAGE, BELISLE, BULLAN e NICHOL (1983) pois a maioria das participantes
disfônicas apresentaram uma disfonia importante em nível de avaliação auditivo-
perceptiva, bem como encurtamentos musculares importantes em região cervical,
porém, a avaliação pela videolaringoestroboscopia, não apresentaram sinais
orgânicos de alteração vocal.
As pacientes deste estudo apresentaram encurtamentos musculares
importantes, mas também apresentavam disfonias funcionais consideráveis, o que
pode-se correlacionar este tipo de disfonia com tensão em nível cervical e escapular,
bem como laringe alta, corroborando com citações de COLTON & CASPER (1996)
que perceberam que indivíduos com alterações de voz podem apresentar uma
tendência a manter a posição da laringe acima do normal, sendo esse sinal um
indicativo de tensão muscular excessiva nos músculos extrínsecos da laringe. Não
apenas a laringe, mas outras estruturas ficam sobracarregadas com a disfonia por
62
abuso vocal. AUGSPACH (1993) assinala que a alteração vocal não se mantém
apenas em nível de laringe e sim em todo o aparato fonador e que inclui: pulmões,
cavidades de ressonância, órgãos articuladores, havendo muitos pacientes que
referem todas as suas tensões em nível cervical e paralaríngeo.
Em todo o contexto foram avaliadas e analisadas todas as participantes da
pesquisa, tanto as disfônicas quanto as não disfônicas. Portanto, foram visibilizados
além de alterações posturais, presença e queixas de dor, retrações musculares e
presença de pontos – gatilhos, não sendo mensurados, mas poderiam ser
verificados a presença e queixas de tensões musculares em nível de coluna cervical
e cintura escapular. SILVÉRIO (1999) cita que há vários trabalhos clínicos que
evidenciam que as disfonias, em especial as hipercinéticas ou hiperfuncionais,
podem estar relacionadas a desequilíbrios da musculatura cervical (BRODNITH,
1971;SEGRE & NAIDICH,1989; BEHLAU & PONTES,1992; AUGSPACH,1993;
ANELLI & XAVIER,1995), sendo possível também observar desvios posturais em
indivíduos disfônicos ( NELLI,2006). MORRISON, RAMMAGE, BELISLE, BULLAN e
NICHOL (1983), KOIJMAN, JONG, FICRS, OUDES, HUINCK, VAN ACHT e
GRAAMANS (2005). O aumento da lordose cervical e/ou lomba, o aumento da
cifose torácica e/ou alterações da posição da cabeça podem gerar compensações
na região cervical e também na laringe (GRINI, OUAKNINE e GIOVANNI, 1998;
HSIUNG & HSIAO, 2004).
Coloca-se em questão a relação da disfonia com a participação da
musculatura externa cervical ou paralaríngea, apesar de muitas evidências, pois as
mulheres não disfônicas apresentaram tantas alterações quanto as disfônicas,
resultados que colaboram com citações de ANGSUWARANGSEE & MORRISON (
2002) que contribuíram para uma teoria que coloca em dúvida a participação da
musculatura externa laríngea na produção vocal.
É importante ressaltar que apesar dos achados em relação ao encurtamento
muscular de indivíduos disfônicos neste estudo, a literatura tem trabalhos que
identificam tensão muscular, tanto em musculatura cervical quanto em musculatura
laríngea e paralaríngea, e raramente cita trabalhos ou avaliações quanto ao
encurtamento das fibras musculares.
Sobretudo, esta pesquisa mostrou-se valiosa e surpreendente quanto a
investigação e detecção de alterações posturais tanto em mulheres com alterações
de voz, quanto mulheres sem alterações vocais. Estudos estes, que contribuem para
63
6. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MERCÚRIO, R. Dor nas costas nunca mais. ed. Manole LTDA, São Paulo, 1997.
MOSES (1954) apud Greene, M ( 1989). Distúrbios da Voz. ed. Manole LTDA, São
Paulo, 1989.
TRAVELL, J.G.; SIMONS, D.G.; SIMONS, L.S. Myofascial pain and dysfunction: The
trigger point manual –upper half of body. Baltimore, Md: Williams & Wilkins. 1999.
VILKMAN, E.; SONNINEM, A.; HURME, P.; KORKKO, P. External laryngeal frame
function in voice production revisited: a review. Journal Voice. 1996: 10:78 – 92.
WILLMORE (1959) apud Greene, M ( 1989). Distúrbios da Voz. ed. Manole LTDA,
São Paulo, 1989.
69
APÊNDICES
1) Dados de Identificação:
Nome: _________________________________________________________
Endereço: _______________________________________________________
Fone: _____________________________________________________
Bairro: _________________________________________________________
Local de trabalho: _____________________________________________
Idade: __________________________________________________________
Formação: _____________________________________________________
Local de formação: _______________________________________________
Ano de formação: _________________________________________________
Especialidade:____________________________________________________
( ) 2 turnos
( ) 3 turnos
Quais?
18) Você faz uso de algum recurso para alívio desse sintoma?
( ) não ( ) sim Qual?
72
• DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Nome: ______________________________________________________________
Idade:______________________________________________________________
Data de nascimento_____/_____/_____.
Profissão:___________________________________________________________
Peso:_____________ Data de Avaliação:_____/_____/_____.
• ANAMNESE:
Queixa Principal:______________________________________________________
HMA( História da Moléstia Atual):_________________________________________
HMP( História da Moléstia Pregresssa ):___________________________________
Antecedentes Pessoais:________________________________________________
• EXAME FÍSICO:
1) Inspeção:
3) Teste de encurtamentos:_____________________________________________
______________________________________________________________
4) Conclusão Postural:_________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
76
ANEXO
informações existentes neste documento são para que você entenda perfeitamente
leitura deste documento houver alguma dúvida você deve fazer perguntas para que
possa entender perfeitamente do que se trata. Após ser esclarecido (a) sobre as
informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final este
documento, que está em duas vias, sendo uma via sua e a outra do pesquisador
responsável.
INTRODUÇÃO:
FINALIDADE DA PESQUISA:
A pesquisa tem por objetivo realizar uma análise entre alterações cervicais e
vocais sobre uma população feminina, na faixa etária entre 25 –55 anos, segundo
as respostas analisadas com o retorno dos questionários, procurando realizar
exames e procedimentos funcionais para diagnosticar possíveis patologias, tanto em
alteração de voz como na alteração cervical, encaminhando posteriormente esses
indivíduos ao tratamento especializado na fonoaudiologia e fisioterapia.
PROCEDIMENTO:
RISCOS E BENEFÍCIOS:
Não haverá nenhum risco para a sua saúde, uma vez que o material utilizado
para o exame clínico e o diagnóstico já estará previamente esterilizado e não será
necessária anestesia para realizar o exame de laringocospia , sendo de forma
superficial o trato superior vocal a ser analisado. Tanto para realizar os exames de
imagens, através de radiações para detectar ou descartar lesões de coluna cervical.
Participando da pesquisa você terá a oportunidade de saber se tem ou não
nódulos, espessamento ou fendas vocais e qualquer outra patologia que acometa o
sistema ósteo muscular da coluna cervical.
Sendo diagnosticado lesões, posteriormente as pacientes serão
encaminhadas aos serviços especializados de fonoaudilogia e fisioterapia.
DESCONFORTO:
CUSTOS:
Você não terá nenhum gasto com a pesquisa, porque ela será custeada pela
pesquisadora.
PARTICIPAÇÃO:
tratados pelo pesquisador Laiza Carine Maia Menoncin, fisioterapeuta, formada pela
80
F: 30397386.
PRIVACIDADE E CONFIDENCIALIDADE:
RESPONSABILIDADE:
DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO:
Eu,_______________________________________________________,
acompanhamento/assistência/tratamento.
Curitiba, ___/___/____.
___________________________________________________
Assinatura do Sujeito ou Responsável
___________________________________________________
Assinatura do Pesquisador Responsável