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Homeschooling – conheça a prática da educação domiciliar

Imagine um pai vivendo com seis filhos em uma floresta do estado de


Washington, nos Estados Unidos. As crianças e adolescentes são submetidos a
uma rígida rotina que envolve defesa pessoal, atividades físicas, música e
leitura. Apesar do isolamento, o nível de educação desses jovens é alto, mesmo
para os padrões convencionais.

O cenário descrito acima é, basicamente, a descrição dos protagonistas


do filme Capitão Fantástico, lançado em 2016. A prática desenvolvida por Ben,
o pai das crianças, é inserida dentro do contexto de homeschooling, sistema
educacional adotado por 63 países do mundo que vem, aos poucos, crescendo
no Brasil.

Apesar de, no filme, parecer surtir efeito frente ao alto nível de


conhecimento dos jovens, o sistema é controverso e questionado por quem não
conhece muito bem como funciona.

Isso acontece pela disseminação dos métodos da educação convencional,


bem como sua obrigatoriedade na maioria dos países do mundo. Porém, a
regulamentação da educação domiciliar foi liberada em diversas nações, com
possibilidade de acontecer no Brasil. Conheça, a seguir, mais detalhes sobre o
que é homeschooling e como funciona.

E por que adotar a educação domiciliar? Normalmente, as famílias que aderem


à prática são avessas ao que é ensinado nas escolas tradicionais chegando a
entender, inclusive, que o método utilizado é prejudicial para a formação da
criança. Alguns pontos muito mencionados são o bullying, a indisciplina e,
principalmente, violência.

Também configuram como fatores na opção pela educação domiciliar a


insatisfação com a qualidade de ensino (especialmente o público), a existência
das classes multisseriadas (comuns no interior, na qual o professor precisa
trabalhar com diferentes séries na mesma sala de aula) e os traumas
psicológicos sofridos na escola.

O nome é novo mas, a prática é velha, mesmo no Brasil, onde ainda não foi
regulamentada. Basta recordarmos das professoras contratadas para ensinar as
crianças em casa, especialmente, os filhos de famílias mais abastadas. Só com
o passar dos séculos a obrigatoriedade da matrícula escolar foi sendo
implementada.

Porém, foi um professor da Universidade de Harvard quem deu o primeiro


passo para a desescolarização. Crítico da instituição escolar, John Holt liderou,
a partir dos anos 60, um movimento internacional pela legalização do ensino
doméstico, bem como sua publicidade. De lá para cá, é colocada em prática de
diferentes maneiras.

Há pais ou tutores que se unem para dividir o ensino de matérias


determinadas; outras que procuram escolas específicas para fornecer e corrigir
o material produzido; entre outras. Independente do modelo, a ideia é oferecer
um ambiente de aprendizagem diferente do que é aplicado nas escolas.

Homeschooling no Brasil
O homeschooling passa por situação peculiar no Brasil pois, ainda não
há uma lei que impeça ou permita sua prática pelas famílias. Até o momento,
impera o que reza a Constituição Federal no que toca ao direito garantido à
Educação. O artigo 205 da Carta prevê o seguinte:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.

Ainda de acordo com a Constituição, deve ser garantida “educação


básica obrigatória e gratuita dos quatro aos 17 anos”. A oferta deve ser
assegurada, também, a quem não teve acesso aos meios escolares na idade
própria. Baseadas nisso, entre 5 mil e 7 mil famílias educam seus filhos em
casa.

Os números fazem parte de estimativas feitas pela Associação Nacional


de Educação Familiar (Aned). A estrutura de ensino é individualizada e tem
roteiros programados conforme a própria rotina familiar. No Brasil, país no qual
a prática vem crescendo de forma silenciosa, um forte argumento por quem a
defende é a precarização das escolas.

Como a maior parte das crianças educada em casa vêm de famílias


economicamente abastadas, o impacto ao chegarem ao ambiente escolar é forte
devido às diferenças de acesso a recursos tecnológicos, por exemplo. Porém,
como a prática não é regulamentada no país, o grande problema é comprovar a
formação adequada do aluno.

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não pode mais garantir esse
diploma então, a alternativa encontrada pelos educandos tem sido o Exame
Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). No
entanto, o candidato precisa ter idade mínima de 18 anos para realizar a prova.

Contudo, é necessário fazer uma ressalva ao fato de não haver leis


impeditivas à educação domiciliar. As secretarias de Educação, tanto
municipais quanto estaduais, acompanham a frequência e a matrícula de
crianças em idade escolar na sua jurisdição. Quando detectam alguma que não
tenha sido registrada, entram em contato com o Conselho Tutelar.

O órgão, por sua vez, aciona o Ministério Público que investiga o caso.
Se o homeschooling não é proibido, por que isso acontece? Porque a matrícula
na escola é tutelada pelo artigo 6º da LDB: “é dever dos pais ou responsáveis
efetuar a matrícula das crianças na educação básica a partir dos quatro anos de
idade”, sob pena de ações judiciais.

Importante lembrar que o cenário pode mudar de forma radical a partir


de agosto de 2018. O Supremo Tribunal Federal (STF) julgará se
o homeschooling poderá ou não ser adotado no Brasil. A medida decorre de
ação impetrada por uma família gaúcha em 2012 na luta pelo direito de educar
sua filha em casa.

Mediante as negativas por parte do Tribunal de Justiça do Rio Grande do


Sul (TJ RS), os pais da jovem entraram com recursos junto ao STF. O ministro
Luís Roberto Barroso decidiu suspender todas as decisões judiciais, em 2016,
até que houvesse uma posição final por parte da Corte.

Como funciona o homeschooling?


O próprio nome já diz a filosofia básica do homeschooling. Nele, a
criança não frequenta escolas convencionais e, assim, todo o seu aprendizado é
adquirido em casa, tendo pais ou professores particulares como supervisores.
Mesmo que não haja a rotina escolar, pode ser adotado um currículo
preestabelecido similar ao que é adotado na instituição de ensino.

O ritmo e os conteúdos aplicados são decisões das famílias. No dia a dia


do aluno, não há colegas ou outros professores, apenas, aqueles diretamente
relacionados à sua educação. Isso configura um dos principais pontos
defendidos pelos homeschoolers, a flexibilidade de horários e das atividades.

Normalmente, as famílias adotam uma rotina de estudos que envolva o


ensino formal, atividades ao ar livre para proporcionar contato com a natureza,
jogos e passeios culturais. É importante que, mesmo diante da flexibilidade, os
tutores estabeleçam horários para a realização de cada uma.

Nos países onde a prática é regulamentada, os alunos são submetidos a


avaliações anuais para comprovar o desenvolvimento dos conteúdos. Nos
testes, normalmente, os alunos respondem a perguntas, fazem deduções em suas
observações, usam computadores, entre outras linhas de raciocínio.

É possível estimar as formas de introdução do homeschooling a partir do


que é aplicado em países nos quais ele é regulamentado. Nos Estados Unidos,
por exemplo, é necessário enviar uma carta de intenções em até 30 dias antes
de começar o projeto. O documento é enviado para o superintendente do distrito
escolar da região.

Nele, devem constar nome do estudante, data de nascimento, endereço e


assinatura dos pais. Também é necessário manter um portfólio com os registros
educacionais, amostras do que foi estudado pelo estudante, cadernos, apostilas,
materiais usados e desenvolvidos, material de leitura utilizado, entre outros.

E o material didático? Existem materiais disponibilizados em rede e


voltados, especialmente, para a educação domiciliar. São apostilas, livros,
tutoriais e vídeos desenvolvidos por grupos de homeschoolers e, por isso,
inseridos dentro da filosofia do método de ensino.

Quais países já adotaram o homeschooling?


Atualmente, cerca de 63 países praticam a educação domiciliar. Nos
Estados Unidos, há cerca de 2 milhões de crianças educadas fora da escola, a
maior parte delas, por convicções religiosas. Entre os anos de 1999 e 2010, o
crescimento de adeptos foi superior a 100% e os resultados começam a
aparecer.

Levantamentos no país mostram que, nos últimos anos, os alunos


educados em casa têm ganhado grande quantidade de prêmios em concursos
culturais. Mesmo correspondendo a 2% da população escolar, em 2014, sua
participação como finalistas nas competições equivalia a 14% dos concorrentes
no concurso de soletração da Harvard, por exemplo.

Na Rússia, a ampliação da prática foi de 900% entre 2008 e 2012. A


prática, também, é legalizada na França, Bélgica, Canadá, Austrália, Noruega,
Itália, Nova Zelândia, Áustria e em Portugal. A aplicação pelas famílias
depende da legislação de cada país, bem como o acompanhamento dos alunos.

Vantagens e desvantagens do homeschooling


As vantagens e desvantagens relacionadas ao homeschooling são, na
verdade, apontadas por seus defensores e opositores.

Os homeschoolers apontam vantagens que rebatem os argumentos


de quem é contra a prática. Entre eles, estão:

 interação intelectual: a criança não se sente inibida para questionar sobre


os temas estudados;
 educação personalizada: ao contrário das salas de aula, nas quais cada;
professor é responsável por uma turma de até 30 alunos, em casa, o tutor
é responsável por até três crianças;
 flexibilização de conteúdo: o que vai ser ensinado às crianças é definido
pelos pais;
 falta de controle da escola, o que significaria melhor adaptação às
diversas fases da vida;
 flexibilidade de horários e passeios;
 desenvolvimento da autoconfiança por meio do estímulo às habilidades
que podem melhorar o desempenho em todas as matérias;
 resultados comprovados internacionalmente.

Entre os críticos, é imperativa a afirmação de que a educação domiciliar


priva a criança da socialização com outras da sua idade, incluindo o contato
com a diversidade, pessoas e ideias diferentes daquilo que é aplicado na sua
família. Órgãos públicos, como a Advocacia Geral da União (AGU) apontam o
risco de haver lacunas na aprendizagem.

Isso porque as escolas, em conjunto com seus profissionais, seriam os mais


adequadamente habilitados para ministrar os conteúdos de forma sistematizada.
Ou seja, seguindo aquilo que foi preconizado pela Base Curricular. Essas
instituições, também, seriam as responsáveis pela erradicação da discriminação.

Além disso, os críticos recomendam cuidados pois, entendem que a prática


é exclusiva de famílias que detêm recursos financeiros e intelectuais. Somente
as classes mais abastadas teriam condições de prestar educação de qualidade
em casa pelo conhecimento de alto nível dos pais ou possibilidade de contratar
professores particulares.

Nesse ponto, especialistas apontam que a escola é uma das principais


ferramentas que mantêm crianças em situação de risco do contato com o tráfico,
trabalho infantil e exploração sexual.

ESCOLA EDUCAÇÃO. Homeschooling – conheça a prática da educação domiciliar. Disponível


em: https://escolaeducacao.com.br/homeschooling/. Acesso em: 01 jul. 2019

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