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ISBN 8525033405
1. Psia brasileira Título
01-1596 CDD869915
G Ê N E S E D VR : U M PR G
O ceg o nu u m eio
. o beo inteig íe
II. a uz en sa a uz conceitu a
V. som ba a cane o ama a az ão
m bio n bum
V. o uoisibiista
V O uga e uma ata aia
V I . umo ao i e infotú nio
X. música as iéias, a imitaão a música
X.·noi
N M N E
V
O R PR ME
esecto R :
ÇÃ
DE
MDE
GE
M
gane ama enaa
ês íicas e aes aueaie
ma cet a caaa
Aout the Hunt
I e ite iece
e ntouctoy ymes
stanos ca ao es
O cego e ezzo
I . ne eia e oomsbu y
III. O fao e augane
V. O bdo de o lylee
ge
ose O mgo ues
d cve
Ni ccol d ole o Codoe o
obe o ríptico d tlh d cclo
obe seu e o eqese em Snt Mri del oe
Nic col d ole o, Codoie o
O cceo's ptic of the ttle
O s eques ot i Snt Mri del Fiore
Cie s de ole
O e Nles Crucifixion by scco
A Cel Coi o otomo
O Ao Aucdo
A cão d doze l
Vozes d' Descid d Cuz
Poom os Co C e
e u c ory gel
e de's sog
Vo dell Deposizione
e deix Floe
t et leves Floece
A lltett de uido Cvlci
vesss
e d os
O oe o bcão
Te Mchine of the World CA
e
A vozum qu el ces
O ólogo de e Vi e Vin
Au Colloque des Mo ses
L médu se mou euse
ypose
Le L is
IV. evoi
extit du dit Ls
. voix
Leus voix
Le fi mot
V 'osse . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. Nos
e moses
s, c'es désue suclleux
. As ft Vléy
V Au so e .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
V l'Auel de 'dée . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
X le .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .
X ececeme .... . . . .
X ével .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
X es deux
Auod-fé
As oetc . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
A estofe . .
A dívd
odígos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
O te mvel
O veme .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . .. .. .. .
O Vemee's Te th of Din . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
A Rendei de ermeer o mo gle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Ves sobe o s
ão de modelgem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
26. À
27. Osun iverso
vezes , aoquase
éme volarenador
de seu des
. . .erro
. . . . . . . . . .. .. .. .. .. .. .. . .. .. . . . .. . . . . . . . . .4 1
402
28. No Ghir lan dai o, ec , a bele za . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4 02
29. Os solenes pavões do Ghirlandaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 403
30. A déia é u ma perf eia c onsruo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 403
3 1 . Co m efei o, há o legado de um asi o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 4
32 . O me lh or croma is mo que há nas cen as . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 4
3 3 . udo é smbol, o mundo é conseqüene . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 405
34. Se é uma loucura confinar a vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 405
35. A are va zia do in elec o pri vo 406
36. Masa ccio conhecia o Serafim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 6
37. Ah, leior que idolaras o conceio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 407
38 O conceio, o po imperial 40
39 AMasac
40 menecioé uma
no colméia de noções
olara nunc a mais 409
409
4 Piero e a or do gênio floreni no 4
4 O Angélico brilhou sozinho, o cume 4
43 ra Gioanni amais desez do mundo 4 1
44 I magino o afresco que o Gio o 4 1
4 Com Andrea de Sao o ogo fezse 41 2
46 Porque o real se in saura pelo esc asso 4 1 2
4 Co ns ideran do And ea de errocc hio 4 3
48 Benozzo Gózzoli é que pina um êase 413
49 aseme esquecendo o Perugino 4 4
0 Na ca lm a, na poes ia , nas en anhas 4 4
5 m odo caso há arroubos de De Chiri co 4 5
Pois olemos a ela essa imposura 415
3 Com ef eio, a ecloso enascenisa 416
54 Dáse que esa sempr e uma f ida 416
Mas á so ho as de e ocar os mus 1
56 m odos, indo dos ca nais s ombrios 4 1
an Eyck, em quem o mundo e o absouo 418
8 E assim fez oda aqu ela muido 18
59 Dur ane o Qttrocnto a ciaua 49
60 sse ncial mene, a mene se a avoa 19
6 A pinura onada de repene 420
6 No gênio dduivo floenino 20
63 No há nada por trs de coi s algum 421
64
6 5 C omo em
Como o Noe
eneo afzi
O ne ssa olnd
baço do O ien 42
23
66 Talez fsse a iminência do dilúio 23
6 Abr ese amb igid de com o C accio 2
68 Abismeime uma ez, c omo se em pre c 42
69 P efigura-se a luz do Cana le o 425
0 Quano s fbuações do in oeo 42
1 doce obserar que nele dura 46
Já o Ticiano polongaa o dia 426
3 O mun do é mi nu ci oso e coossal 42
4 há erdadeiramene o eronese 42
Que se Venea lcança uma equço 28
6 J o sol lo quel lu 28
v sdoé quele se 29
8 suge, xod o el o de e 29
9 Ao mesmo emo, se be m m s de le v 30
80 o comeo d vése do ce 30
8 1 obd esc d, o segudo d 3 1
82 Ou melo, de um ovem N ved de 31
83 ão dos modos de ve, eu se; ms ceo 33
8 de um es o ode esão 33
8 Não se m dé, ms o fudo 3
86 Que fz e dese m udo qudo e 3
8 m, são modo s de ve , m s o o omo 3
8 8 O meo b oco eco 3
89 fs d o el, eus covddos 3
90 A esce eveleceu deess 3
9 1 O es o doxo ld 38
92 seme um doxo o ee 38
93 s ouve o e um xão 39
94 Ou o lâguido cesculo, boco 39
9 s o que Clude v em seu oee 0
96 e um mu do em ous s , ulmee 0
9 A vsã o be ífc ã o c be
98 omeeu ão fu o elâm go 1
99
00Os
coão é o gde
é udo mgo
um odí go, um m ovme
o
2 2
Ú lmo Celeb- comgo, ó odos vós 3
FN E:
GÊ N O V O
UM Ó OGO
A Mi
faro decano Reae
ente ivre
a we learn fom eperience depends on he kind of philoso
phy we bring o e peience is heee useless o appeal o epe
rience bere we sele, as well as we can, he philosophical ques
ion [Sim ilarly he resul of ou his orical enquiries will depe nd on
he philosophical views we have been holding bere we even
began o look a he evidenc he philosophical quesion mus
heree com e irs
C S WS,
T lm o an
Ó
Ü G O N U U M X RDIO
de
ou cabe
não, a em
Idétodo
ia é oeso cognitivo
ine scave iuste
note magnviã de meus
ético aaes
no maa móvequeia-se
da av ent ua
cognoscente eu texto não dis uta essa evid nc ia incon tovesa, ao cont
io, adece sob o imacto desse so de meio-dia, aadoxmente o mais ca
15
az, senão mesmo o nico em gau de induzi meia-noite da aucinaão a
aquico nhe cid a, vocaci ona cegueia hum ana O cego nu ao so a ino d o on
ceito, o ébio mesmeiza do ea Luz onceitua dou-o o descont ado
é figua chave em nossa ineutve heana edíica, henica otanto E é
esse esecto, ebento de uma aixão di-se-ia atvica, que onda o âmago e
subeva o cento nervoso deste ivo obsessivo. Não ceio que tivesse odido
esc eve nen hum dos outos se m ecuso a este ascun ho aa eo, a esta es
écie de "negativo, ou al ter eo de cada um dees; gadua etato ocuto no
sótã o ass ediado de uz ag ôni ca, Muo como Iia fi- me , estes aos todos,
uma es éci e de eositóio obíquo, o ese ho convexo em qu e se movia i nqui
sitivamente a somba conceitua de cada metfa que eu confiava ao ae
No ivro-aena digadia va-me de enconto s minha s dvidas mais íntimas , mais
iedut íveis , com e as utava o uma fo sofia da fma que me e mit isse exe
ce sem m conscincia
omo o grave,
se v, não vivi o difíciinfenso
exatamente ofício da poiesis.
s seeias da Idéia, onge dis
so Po iss o mesm o cons tatei a que ont o eas ode m desv ia, obsc uece , obs
tui até a mai s s ofida via de acesso intui ão do se, com que finuas o gam
ata Pégaso a Anteu e vea-hes aos dois o esendo da rosa-mndi. É em
nome da I déia que , séc uo aó s séc uo desd e os fins da Idade Média , vem-se
hiotecando a aventua cognoscitiva a um emiismo s avessas, esécie de
emanso esecuativo a substitui-se s eexidades da condião mota
on ta um ta ce ni o, a vida do esí ito tem tido que escohe , basicamente,
ente duas ostuas, só em aancia oost as ou bem "etia -se d a aena, de
sativando suas tenses com a abdicaão de um mea culpa de sonâmbuo, tau
toógica e fa tai sta , ou bem "aboe a intatve oacidade do ea num mov i
mento de ebiez ativa, de cegueia ebede. Esta tima, agumenta meu texto,
seia a rande t enta ão, o efgio o exce ncia e h mesmo quem o di a ines
cave) da in quietude ocidenta É dio ode cega-se e o cego ode va ga uz
matin a ou ceusc ua, s em meios de di stingui-as senão ea teidez m aio ou
meno desta ou daquea caícia anônima vae dize avusa) na eideme, na
suefície aenas, do sensíve Ou ode ota o um quaque sucedâneo da
noite , tancaf ia-se n o casaão mamóeo, io, vazio o io vazio d o conceito
e ai oga com os Esc avos de Jó os in teminv eis caxa ngs do sistema es
te teei mais a dize; do conceito per se como da meta, de esto) bastaia
obsea que nada mais é que um instumento nobe, iuste, indisensve
que sea, o que não ode é invete a eaão ente os meios e os fins
Oa qua ndo o oe como o substa to mesmo do conhecimento em
vez do co ntraonto f rma que é noi te tumut uosa do sensí ve , aquee mi-
16
enar viés da mente bem ode ser que ma se d conta de trocar o mundo
como- ta eo mundo-comoidéia. No entanto, sata aos ohos que sua re du
ão a um jogo de concei tos assa eo e ncohi mento da com exa recarieda
de do r ea , mediant e um esquarte jame nto dito anaítico q ue faz tabula rasa da
unic idade do ser ; est e v-se red uzido a ouco mais que uma hiót ese aneste
siada na mesa de oeaão "da s transf iguaes sem nome ó rio nos
term os em que evoco, ao ong o do Liv ro Pimeiro , este as ecto cruc ia do mo
derno da ma da razão, an tes de submet-o a um a anáise ago mais det ida no
Livro timo da obra. Longe, ois, de uma aoogia, meu rosaico e atisso
nante tít uo anu ncia u ma diagnose conontada s tensões e aos arad oxos de
que se nutre a rosa cogno scen te, a vida do esír ito tende a cai tuar ante as
sedues do conceito, o qua, or sua vez, entorece-a com fórmulas, méto
dos e do gmas que nada mais ogra m aém de um a eitura retensament e "se
gura,
ea. ee aaorenncia
cabo aenas redutiva, dosmero
do "sonâmbuo, fundamentos do ser e dasode
recurso estetizante, categorias
ser quedo
nasa do que chamei a "investida d o amo ânico e ia- se de um aro xismo
agônico, mas ainda vita, do esírito erexo), na segunda esécie, na ativa
escoa daquee renitente moedeio fso, o esírito ébio de uz conceitua,
há um soi si smo de iberado , a criatura de um o rguho étreo e irreversí ve é
no atar do conceito que comea "a marmorizaão mora do ser
Para mehor erceber o que entendo or esse rocesso, que se imagine
certa f igura descarnada a ura criatura da mente habitando o nore "sa
ão das quatro janeas, cume da cássica morada de todos os aheamentos
ante a uz moritura. É ai que a imecáe estatuária a que asira o homem
conceitua modorra e sonha o comacente eir "imorta do sistema, esse
gmeo i nconf ess o da not óia emb riaguez forma da "arte ura, da arte-ea
arte. ais abai o, no orão da mansão es ndida, o oo de sombras étre
as da edusa, o so negro do exíio, a noite ia. A ee descem, negociando a
escadaria em esira da aostasia, ado a ado, o sonho do Beo e o esadeo
do Idea . I maginese um fr anco diáog o entr e os dois, ou en tre a I nocn cia e
a xerin cia , ou ainda or que não entre o jove m eats e o velho B l
e, tavez ante o s ortais do É reo; e nqu anto aguarda m a tran sfigur aão ao
teótica, a ceitam osar ara Pouss in , ou ar áud io, o Loreno, e conversam.
Eu ou o ago ass im
canatua vivapotant
ociá vei da inguagem em que
o ignif icativ o ignificado
É evidentee que
ignificante
o epíritoreultam indi
de conceito na da
abe e nada que abe r dee equi íbrio, dee execício obetudo moal.
Bête no ire dete ivo e fime obtác uo a ee tipo de co neguimen to, o
conce ito no q uer ouvir f ar de mete a mo na ma a i nforme a mode lar, an
te pefere-he um modelo, contentandoe em compimi a vida do epíito
na finua do epíito de itema Ete útimo, eminente batado da huma
na febre de ilu õe cet ificante , uge como uma oco ênc ia ecente no pen
ame nto ociden tal , ma u a onipreença dede o apogeu hegemônico do Ide
alimo Alem o c uja "omba etaia naque e eu con teâneo e coet âneo, o
Romantismo à l Novlis e uta de um poceo vindo d e longe, aquel e me -
no arris
Por co c on tradizer-me
eemplo es bravejo
por sugesto em v
de agner o redijo este
Carelli, postscriptum
de mod o a zê- lo valer p or um in tróito ! Coo descu lpa por a gregar obscur i
dades a penumbras, alego o intuito, em si mesmo dubitativo, de cilitar ao
lei tor o acesso às linhas m estras do livr o acil itá- lo sobretudo a quem se av en
ture a começar sua leitura por este Prólogo, arriscando-se assim a deiar-se
enredar nos meandros de uma tortuosa dissertaço resultante, linha a linha,
das pro vocaçes de José Mário Pere ira já há alguns anos praticamente um
co-autor deste livo Nas páginas que se seguem conto da gênese sbita e
da evoluç o vag arosa de um livo qu e, c oncebi do nos con bios da adolescên
cia com a paranó ia , ac abaria por nascer e cresc er adado a ser vir d e arrimo
de mília a toda minha obra Compondo- o, decompon doo e reco mpondo- o
ao fio dos anos, busq uei entender como e por que tudo quanto se pr oponha
traduzir o mundo o mundo-c omo-t al, a opacidade, os dados b rutos do real
numa e atido de teorema termina por conc eitualizá-lo até o desigura
men to, e svaziandoo de tod o sentido para situá lo além dos cinc o sentidos, no
Xangrilá da ab straço em lugar da s aspere zas do real, uma eata, e ecutória
e ilusória equaço
Resta q ue essa ancestral tentaço acaba por con igurar uma tirania que
"suca a ábul a do ser, reduzindo-a a uma bulaço de labora tório incapaz
de dizer do sensível, o conceito dele z mais uma noço, codiicando assim
em termos abstratos nossa vital relaço com ele No curso dessa imperiosa
pea promessa de os
estatuaizando-o uma ataaxia
conflitos que oaosque
cedem magnifica
concei e só tofzdivocia-
tos, o sujei estutificá-o,
se do obje
to, e a cria tua eba tiza da "o ho mem fica sem o mund o, pesa de uma
abitrária ordenao peremptóia, o cego nu no casaro vazio.
esse ma espêndido o Ocidente padece agudamente desde a Ata Re
nascena. ucedera m-se os séculos, e ncontra ram-se e contras taram-se os es
tios, sem que cada Zeiteist renunciasse à mesmíss ima meta e perene pemis
sa estetiz ante e sut i, a medusifica o mamo izada de nossa ean a cá ssi
ca insi st iu e esisti u, eni tente , ten az. a vez poque de f to exist a, tatuada na
pobe ama e m susi s, seno na textua mesma do se enquant o nostag ia edê
nica , como que u ma út ima basfêmia , aquea av assaadoa euf ia ante o es
píito de abstao, nossa paix o da mote que no mata . . . Isto post o, que se
atente bem poeta n o é mtre à penser e este ivro no pretende configurar
mais uma teoi a, ante s te stemu nha de u ma esistên cia a tentaes des se tip o,
de que seu autor tampouco f i poupado. Mas no cabe adia ntar mais , afina
um exórdio é um mero conv it e. Caso o eit o o aceite , agua dam-no ce rca de
quaenta mi paavas ainadas em mais de sete mi vesos, espao bastante
paa pemiti-e efeti sobe a petinência ou no de ceto tipo de semes
em posa ouxa. . . condio, é cao, de pesisti na ei tua da oba como o
auto em sua f atua quem t em pessa? Cet amente no quem ao ongo d e
quato décad as te imo u em fz e cabe nu m meo ain avo de me táfas e it
mos meio miênio de ocidentais pepe xidades.
21
Í
II B E LO I NE LI G VEL
ENÃO EJMOS. Y Y I . . até parodia ndo meus maio
res mas pouco i mporta se o que tenho a dizer já fi dito melhor mai s de um a
vez vou dizê-lo de novo "Shll I sy it in? Em tod o caso no seria o
autor do Est Cocr e sim um dos grandes de França a fzerme observar
certa vez que to estet a quan to filós oo entre os primei ros medi adores do am
bíguo no Ocide nte Pl ti no afirmav a ser preciso que a consc iê nci a que temos
de nós mesmo s co nsi nta em abolir-s e para que de f ato alcanc emos po ssuir o
objeto qu e an elamos ve r. Mas acres centav a que e ssa autocon sci ênc ia nece s
sita paradoxalmente manter-se em si mesma de modo a que nela e com ela
amadure ça essa viso a que aspiramos. Medi tada a liç o fui constatand o que
uma tal sucesso de in stantes contrastados in terpo ndo uma ragilíssim a pon
te entr e o real e a perce pço do rea l no n os torna intei ramente donos nem
do objeto contem plad o nem da noç o da idéia que nos faz emos del e c onti
nuamos entr e seus dois pólos únicos certif icantes daquilo que somos e sem
ele seguirí amos s end o. ratar-se -ia pois de uma possession du cur, semi
il usória no primeiro ca so e dada a tornar -se no outr o po uc o ma is que u ma
hipotética brevíssima renúncia tática. ma hesitaço portanto outra vez
aquele moto contínuo cuja descontinuidade ntu comprometeria desde
o berço o dubitante pro je to cartesiano por e xemplo c om s uas c onheci das e
intermináveis seqelas.
Ainda ass im a desaf iadora colocaço do autor de A Belea Intelivel me
seri a frutuosa
afigurava Quatro
que naqu décadas atrás
ela operaço do e ao começ
spírito ar a penuma
adv ertia-se sar este l ivro já
afirmaço dase
t me
em
poralid ade e no m esm o ato um a fuga ao fugaz e com e fei to ain da hoje me
parece que aquilo que exp erim entamos nesse m odo de aborda gem do real é
2
o anelo de abolir o tempo entr e dois i nstantes, dois reinos, duas mar gens . e
ria, pois, na flui dez desse in tealo ins usten tável sedutor arroio célere ca
paz de sugerir a imob ili dade d o Idea l , teria f rçosament e que ser nesse ilu
sório ponto de conve rgênc ia en tre moto e stsis que se haveriam de c ruzar as
diagonais do pensame nto e as da viso. no creio necessário tampouco que
o grande pen sador-poeta se refe riss e à espec ificidade do ato pi ctóric o para ha
er frmulado naquela passagem a mais sutil traduço ao temporal de uma
arte tida por pertencer toda à s c atego rias do espaço a operaç o do espírito a
que cham amos pi ntura, e sse "pensament o que se tor na olhar, par eceme ine
vitavelmente nascer e depender dessa tenso.
Por outro lado, se mu ito lenta ment e, fis e-me zendo inevit ável suspeitar
nessa imponderável operaço da mente ante o mundo um perigoso reverso à
difícil nobreza do exercício contemplativo comecei a notar que ali precisa
men
da Me te,dus
no abreve in tealo
a mais de uma
próxima he sita
metáf ra ço, vaguepude
que ento avamachar
e divagavam as pupilas
para aquele ou
tro olhar, aquele olhar-de-volta que, tornado pensamento, vai-se inevitavel
ment e c onc eitu alizando e no ra ro passando do jogo dos c oncei tos ao jogo de
imagens, da Idéia ao sistema de idéias. ó anos mais tarde haveria de tentar
captar e descreer a natureza e as implicaçes desse processo, a um tempo
nte de toda a a rte do Ocide nte pós-medi evo e seu principal obstácu lo; mas
i bem cedo que o percebi no s termos em que o evoco neste l ivro, como con
tendo " . . . essa tenso, / ess a duplic idade inconsciente / entr e o que o ol har
percebe e diz à mente / e o pincel que reduz à traduço / do pensamento as
cois as da viso. ª Bem ante s de buscar fi xá-lo em qualquer figura de lingua
gem, eu já at ribuír a a enormidade daquele ri sco às t entaçes do olh ar medu
sado pela Id éia . No caso, aliás, bem se poderia dizer também "pela idéia f ixa
dado que , um a vez reconheci do como ta ngível esse perig o, o tema, ou an
tes, o problema em torno ao qual, à lenta maneira de um quartzo de cristal,
se ir ia formando est e livro, no voltaria a deix ar-me em paz . Da in tuiço cada
dia menos va ga de uma ame aça, eu viri a a deduzir que o pro cess o a que cha
mo o mu ndo-c omo-i déia paralisa o prazer, o senti do mesmo do estar -no- mundo ,
na mesma medida em que seu temível poder de hipnose nos seduz com os
sortilégios de uma tela.
Mas como o fz, perguntava-se aquele adolescente, mediante que sub
terfúgios o co nsegue? Perplexo, vi -me acu dido a tempo pelo tempo, como ob
sessivamente o atesta o mais óbvio, monótono Leitmotiv de minha coletânea
9 . nota número
25
po inseparável d lugar do real o que estava subentendido na nobre hesita
ço "ploti niana da qua l di fici lme nte pod e prescin dir a contemplaço amo
rosa a qual deseja possuir o ob jeto s em ouar detê-lo nessa "posse antes en
volvendo-o na fugacidade constitutiva da istória do que fixando-o na parali
sia daque la ilu so a ela aparenta da a prestigiosa " perspectiv a his tórica En
veredei por aí e acabei por fig urarme a i stória como um a espécie de "mal
diç o do tempo enf ermo se bem me lembra audácias de guri bem sei mas
sei também q ue foi como f inal mente saí do estreito subterrâ neo das certe zas
sis têm ica s
E ei s que a o recorda r-me tudo isso passados tantos anos sorrio e me in
terpelo mas a que me vinh a àque la altura a i stória perspectiv a histórica po r
quê? Talvez p orque tudo n a aventu ra humana sendo temporal "perspectiva
no seria apenas uma leitura do espaço mas também um mergulho do olhar
no tempoporqu
enfermo humano
e vivae partir daquele
/ do que morr eaqui-e-agora em Yves
Tudo isso que padece "o coraço
B onn ey já o evocava
num texto de que fzia acompanhar a primeira carta que me enviou em ju
nho de 9 59 se alguma coisa que ap reendemos do real é v erdade iro "cela est
vi aussi bien pour ce réel quest le temps, dizia aquel e grande de França com
a densi dade de sua voz ini mi tável Esse tempo do real que a ar tes da pala
vra podem evocar de mil maneiras a pintura o exprimiria antes de tudo pela
"pro un did ade dan do a en tende r que a invenço ou a r edes coberta da pers
pectiva teria facilitado seu estudo e sua expresso Mas advertia a tempo
aquele lúcido desafiador das esfinges da mente talvez no século o poeta
pen sador mais bem armado ante as i nvestidas da ama Idéi a con tra a integ ri
dade do Real e as signific açes da F orma el a a perspec tiva teria assi m com
ecessiva acilidade investido o que é mera aluso com a gravidade e o peso
de uma representaço histórica Ora a cada vez que nos persuadimos de que
a História é a ftalidade da perspectiva resta ainda constatar que aí também
uma vez mais alha-se perde-se a intuiço do ser e justamente porque
sempre segundo a mes ma liço do poeta a pers pectiva atém-se a um úni
co estado na situaço recíproca das coisas e com isso na arte da pintura ao
menos ao s er levada a operar a um dado momento como que um "corte no
[. . ]
Je veux mabmer en toi vie étroite crie ouve.
Je reste prs de toi ouve je téclaire.
Quand reparut la salamandre, le soleil
était déjà trs bas sur toute terre
les alles se paraient de ce corp s rayonnant.
[.. . ]
Et déjà il avait rompu cette dernire
attache quest le coeur que lon touche dans lombre
Tourné enc or à tout es vitres son vis age
si llu min a de ce s vieu x arbr es o moui
[.. . ]
Et je tai vue te rompre et jou ir dêtre morte ô plu s bell e
que la f udre quand ell e tache les vitres blanches de ton sang.
mente de
grande írito viaatéemquando
espKunst, tudo "opusesse o ponto
Esp írito efinal
leia-ao
se Pimeiro Fausto aquee
Panpolo-Orf u . . . P
que em oethe como de um certo modo em Keats e cetamente em Wic
kelmann um pagaismo de convicção os evava inevitavemente sempre de
enconto ou outra vez de vo lta a um panteí smo da vis ão pea e xpeiê
cia. Mas s e em Keats a viagem circuar supunha a tantalização d e uma v erti
gem portanto um risco em oethe ela tendia a um embalo tanto do s seti
dos qua nto do i ntelect o. Recorde- se a solenidade da resolução que se fi zera
pretenso Herr Moller Eu me ocuparei só das coisas que tenham permanê
cia , como as esátuas gre gas .. . Não, oethe por muito que eu o estime ai
da, e por mais qe o t enha ven erado não se afinaia ao espír ito menos ain
da à letra desta minha leitura da agonia luminosa do espíito em busca de
ma ranscen dêci a, de uma promessa uma vez por t odas f eita. Dessa p os
sessão pela perda suas hesitações ante a pungência de Hoelderlin en disent
14 Bruno Tolentino The 1972 Newman Memorial Lecture lly of Redemption The
Catholic Chaplaincy University of Bristol 1972).
0
lon a morte lhe era pouco cara sua mehr Licht um imposs ível meio-di a bot
ticelliano ou pior ainda uma impassível claridade lla Uccello. Creiam-me
poi s o jovem Keat s lhou em seu Enymion porque lhe escapou entre tantos
versos peritos que essa beleza essa alegria-para-sempre é uma coisa que
morre e essa luz moritura esse esplendor que se descolora se eva pora se con
tami na e se per de é antes e depois de tudo uma substância e não uma idéia .
31
III A LU Z P E N SADA
À LUZ ON E I TUA L
da desaparição
o melhor d e Hedageldecrepitude da ante
não se apa vora tumba à vida
a mor do sesprito
te ma é antes (aaquela
qual vida
segundo
que
a sustenta e nea se mantém resta apenas uma de duas esco has .
primeira é aceitar como um bem a condição mortal e tratar de inseri
la numa visão do f im último e supremo da e xistência ade rindo àquela dimen
são espiritual àquela zo que a lngua grega sobrepunha à bos, à vida mera
mente biológica. "B os has o be sure a cera sha d resemblace o Zo: bu
onl he sor o resemblece here s beee a phoograph ad ts model or a
sae a a a m ho chnged m havg Bos o hvng Zo old
1 Cf Geoe Hil l Collected oems 1921983, 74 (ing Penguin Londes 198
1 6 Na sex ta líia de seus Oss d sepa ( 192 1-2, em utte oese, 3 ( Mondad oi Rom a
1977
33
have ge hrugh as bg a chage as a saue whch we om beg a caed
soe o b eg a real ma E importaria obsear qe nesta perspectiva re
pensa r à z deste mnd o as catego rias do ea e os f ndamentos do ser si g
nifica sb traíos seja aos ps icoogismos qe ameaç am a in tegridade a pre
za do inst ant e seja à perspect iva natraista daqea desa sec arizada qe
asci na o homem moderno a H is tória Is to ito ibert a daqe a obsessã o do
temp o enfermo qe taz em se boj o a divisão e o ma a vida do espírito de
paa-s e a ma i bedade fndada na aceit ação da f in it de a ma z agora su
spece mors; e sob essa nova z pensada dispensa toda hipotética possessão
de si e do m nd o e in sere-os no g rande drama cósmi co este termo g ardan
do do grego cássico o específico significado de ago ordenado o regido por
ma or dem.
segnda via é a dúvida qe nega a mbriagez na z conceita
qe a mesést
va de empr maimo
qea V aér ogo
Píndaro vaeàdizer
en trada desonho
àqee se c emi tério
de m corscante
sono toma
qe pôs m
negrme ma fha imóve no diamante extasiado da arte grega enqanto
pedagogia e apoogia do beo como eixir do aheamento por certo a mais
abstrsa "aternativa às fr agiidades da condição morta . . . ª essa z à z
desse eqí voco o rglhoso como as s entenças do conc eito nessa escolh a dis
pensa -se aq ea nobre iberdade e pro põe-se otra em se gar ma espé
ci e de e stoi cism o epic riz ado qe à fr ça de amptar ao ser e à vida qa
qer dimensão transcendente nega toda metafísica abstratiza o mndo e
"refaz o rea segndo a I déia separando-os i soriament e da mor te e encer
ando-os na mad ição do tempo irredimido persp ectiva daninha qe esse
tipo de apostasia chama de His tóia ef etiv amente não passa de ma madi
ção é aqee sortiégio qe hipnotizando a vida do espírito ofscando a
morte e negando a nobreza do qe more encerra-se nas masmorras da
Idéia fazendo de m amontoado cada vez menos cateoso de abstrações
"m pro paácio ar itmético.
1 7 C S Le wis, Bond peolity p. 1 1 4 (The Centenary Press, Lon res, 1 944) Este ensaio
capital o mestre-apologita acaa e ser pulicao no Brasil como Parte IV e Mero
Cristianismo traução e preácio e Henrique Ee, p. 1 59 (Quarante, S. Paulo, 1 997 )
1 8 Veja-se, neta ora (Livo Seguno), soretuo a artir a uo cima estro e, a minha ten
tativa e versão vernácua a ora-prima e Val, seguia e meu ost-scriptm a ma
tradção. Mas recomeno, para melhor compreenão ee rama, as einitivas páginas e
Bonney sore o raical equívoco o grane meriional ("Paul Valry", in Lettres Noelles,
Paris, julho, 965)
19. Bruno Tolentino, As hors Katrina, p. 1 5 5 (Companh ia as Letras , S Paulo , 1 994).
Ou seja , e aq ui está a mai s trág ic a, tavez a úni ca verdadeira apostasi a do
espírito a quea segunda e ativa esc oha , ao recu sar-se à f in itu de, desvia o rgu
hosamente o ohar do rea para construir-se uma armadura de noções axiomá
ticas, uma muraha de conceitos, um sistema que expica o irrelevante, "rez
o mund o e dee bane , pour un temps, de um só gope de mão a morte e . . . a vida.
a arte do Ocidente, o primeiro, talvez, a iustrar esse caabouço que nem
mes o eone berti se propôs pov oar só de som bras e núm eros ( para ele ta
vez se tra tasse ain da de uma exacerbação das sobras medievais do idea p atô
nico fi P aoo Ucceo, o pintor por exceência de um maef ício. Esse incon
testá ve mes tre permanece para mim u m dos m ais impenetrá veis enigmas da
vida do espír ito visto que m uito be m percebeu o v aor demo níaco do aspecto ,
compr az-se ainda as sim e m exemplificá-o mag istramente em teas de u ma in
concebí vel imobiida de, sem tempo, sem vento, sem nada. Por ele, e majes to
samente semu dúvida,
inaugur a-se m atahoo entre
grande sonho daearte
o patônico clássica,no repouso
o dantesco a mais esnocura
"Belo,
selva das
iusórias construções da mente. E, com tudo isso, o idea essenciamente he
êni co de uma ata raxia, se não de uma pthe, reto ma em peno sécu o X o
renti no sua jornada extástica a cam inho da frma pe rfeit a, através de um p e
sadeo a desembo car, e m todo caso, numa hipostática ideaizaçã o do ser num
mundo de marionetes sem sombra, tudo tão f ntasmal quanto impe cável . Por
ee constata-se, inescapavemente desde então, o que já se sabia sem saber
havê-o esquecido quase que há um mund o do asp ecto enquanto aspecto, da
imagem f ugaz, ond e o real se dis sove e o sonho deita raí zes , o parente sco , o u,
meho r dito " conn ivence de ce t spect immédit presque spect l de l chose
et de son essence mthémtique de son épure utre spectre.º
Em suma assim como na grave observação de Bonnef a propósito de
seu arqui-iustre predecessor na Cátedra de Poesia do Coge de rance ("l
seule mlédiction en ce mond est d y être réduit u jeu . . . ), assim a pior au
cinação do espírito criador é ess e pretenso repouso da f rma na uz con ceitua .
ob a qua não há ugar para aquea "morte meditt do grande canto unga
rettiano, a humana condição con rontada a uma luz que se perde, as que o
ser repen sa ao fi o e à medi da que vê esm orecer o espe ndor do ef ême ro. Era
essa claridade em ag oni a que "i lu mi nava e ime nso aquele ex emp ar uomo di
pen, o autor do Sentimento del tempo de . Ora, o que chamo de luz
20 Yves Bonneymble et autr p173
21 Cf nota númeo 1
22. Cf Ungaretti à luz pen (Lvro Seg undo)
5
conc eitua é seu ex ato oposto, ou , quando mui to, um seu si mulacro b elo, es
plên dido , sim, mas i nc apaz de acordar para a majes tade da noite, da pedra, da
tum ba, o esp írito medu sado ante a cav eira articulada e "imortal do conceito
Imortalidade provisória, mas suficiente enquanto dure, "elle se pred comm
u opum, ironiz ava Bonne deixan do clar o com a escolha dessa ima
gem a naturez a sobretudo moral da crí tica que dali e m diante , e de modo in
sistente a partir de sua igualmente decisiva Ialasche Rese ao início dos
anos , ele iria opor a o conce ito . Jean tarobins , em se u ensaiopref ácio à
primeira reunião da obra poética do maior vate racês do pósguerra, soube
ver precism ent e naque le apai xonad o par prs este , s im , realmente em f
vor "des c hoses ao mesmo tempo o ponto de pa rtida do pensamento de um
mestre ímpar, e a pedradetoque da pessoalíssima visão de mais um imenso
poetapens ador na es teira baudelairiana dos maiores dentre os raro s dessa es
pécie. Vale
sensível a pena,
inerme antepois, em nome do
a maquinária da
par ps deste transcrever
cosa meale, livro em fvoraquidaaquela
coisa
mesma passagem de seu ensaio capital sobre os túmulos de Ravena, em que
toda uma geração, de Paris aos trópicos, pudera ler, assombrada como quem
acorda de um sonho mau "O sa depus Hegel quelle es la orce de sommel
quelle es l'sua o d 'u ssm e cosae au là de la pesée cohérete
que le modre cocep es l'arsa d'ue ute Ou l'déalsme es vaqueur
e oue pesée qu s'orgase. Me vau reare le mo esl d obscuré
23. Yves Bonney Les tombea aenne: notes dun age (in Lettres Nouelles, Paris,
aio de 1 9 3).
6
ção no espaço de uma tela ... Porque i o que fez o que acabou por zer o hu
manismo da Alt a Renascença esse neoplatonismo descar rilhado ou às avessas
em todo caso em vias de tornar-se olência intelectual contra a substância o
mundo o ser em seu casulo de carne. Risível em sua pretensão ainda quando
ocasionalmente elegante na tura de seu discurso uma arte toda de teses axi
omas ou afirmações arbitrárias desativaria as tensões os extremos os limites
mesmos do real e da cri atura e m nome de uma u nidade sonhada como uma es
peciosa sinestésica simetria imanente mas dependente de um aglomerado
préo de suposições muito ao gosto da pedagogia helênica. esses inóspitos e
celebrados cumes sem limite sem moldura e sem passepaut, em que se en
castela e se pav oneia desde então o pensamento dominante no O cident e o es
pírito de conceit o há tempos rmula seus ícones a partir d e seus tabus. Abolida
a autonomia da são acuado e quantificado o visível num empobrecimento
nada
da pitagórico
intuiçã o visiode seusnúmeros
nária abol ida ea logo minimizado
ntuto o papel
ntellectuals até
dá-sentão
e a sucrucial
bstitu ição
do real pela medida ora uma arte destituída de toda dimensão transcendente
acaba por prescindir também das categorias do sensível daqueles "valores tác
teis tão caros a um Berenson quanto a u m Vasari quatro séculos ante s al arte
não esconderia apenas um natural horror à morte mas à própria natureza.
A qual de resto cedo iria sofer um gradual deslocamento que a fria
passar da condição de locus, ou espelho do mistério para a de mero reflexo
deste já então concebido como um mistério meramente numérico ou em
todo caso enu meráv el . A partir daí despida de qualquer autonom ia met afísi
ca a natur eza nã o obstante ser cria tura antes de ser matéria iria ser vir
cada vez mais de an cila à Dama I déi a a princ ípio na condi ção de serv a pri vi
legiada ainda mas apenas na medida em que não obstrua a execução dos de
cretos e a niti dez dos comandos em determinado jogo menta Com o tempo
à orça de hábitos bem menos monacais que inquisitoriais próprios à acra
Orde m do Conc eito a nova criatura uma naturez a furtada a toda visão em
nome do "visível logo visivelmente desnaturada passaria sem delongas
por uma rápida redução de sua complexidade a qual dela excluídas as fun
ções simbólicas resultaria numa simples acumulação empilhatória de seus
dados mais brutos. A cr ônica desse pro cesso é conhecida de um la do n as ar
tes da palavra ir-se-ia proceder antes de tudo à elaboração de um discurso
intelectual de máxima subjetividade uma insistente apologia do belo pelo
elíptico o "imag ismo à la Am- Pound não i out ra coisa tudo tanto
mais exí guo e red utivo quanto mai s sofistic ado E ass im me smo o havia de ser
a partir dos estimados escombros do Smbolsme, certa bulação de cunho
7
ind isfar çavelment e oní rico, mas que se quer naturalista das imediatas se
qüelas lúdicas do Finnegn W ao ludismo rigorista do nouveu rmn
Ou , mais abai xo ainda , já ao s últim os deg raus do porã o da M edus a, certo fe s
tival de obliqüidades que, em memorável ato falho, intitularia el ql mais
uma versão do que deveria ser, e ago ra sim tal qual, o mun do-como-tal segun
do a Dama Idéia . . .
Isto tudo n o territóri o cont íguo ao Conce ito, o do idioma enquanto arte d a
escrit a ou ser ia écture o mesmo tempo, nas artes do visível a pertinência
mesma de uma qualquer noção de Natureza, maiusculizada ou não, passaria a
inrmar uma equação in finitamente m ais ele mentar. O ivro Ú ltim o desta obra
ocupa-se um tanto sucintamente dos primórios desse processo apenas, mas o
cam inho não i longo de abstração em abstração, chegar -se- ia àquelas "in stala
ções em que a arte se conndiria um tanto ingenuamente ao real, e ambos se
deduziriam
últi de umto,copassa
mo, o concei nce ito. De anotar
assi amparq ue, segundo
ar-se tal equaç
mais que nunca ão,
de umaaté mesmo este
ausência,
qual seja, a de qualquer intimação da morte enquanto guardiã da finitude e de
suas transfiguraçõe s, quando men os o sse , a secular transmutação do g az no
elegíaco , dos limit es do real no g emid o triunl da ob ra de arte . . Em vez do quê,
a morte, abolida enquanto presença e domestic ada, banaliza da enquanto noção,
segundo essa alquimia de cegos nus verseia relegada pela mão da Idéia ao
pano-de-ndo das tragicomédias da mente já então a Velha da Foice seria ad
mit ida apena s em sua capaci dade de "pol ícia política d e uma nova e inesperad a
ditadura a do infr me travestido, e olhe lá , de mera inrmalidade "r ealista. Pe
culiar realismo esse, totalmente dependente de um naturalismo do dejeto, tido
por dado bruto irredutível a qualquer expressão que não a de si mesmo. Curiosa
coloc ação, quatro sécul os depois de chegar se quase a v er eclodir na a rte do Oci
dente um primeir o natur alismo da visão, caso exemplar do achado cedo per dido.
Vale repass ar os olhos por aquele breve instante .
meados do Quatrocentos, com a introdução, ou recuperação, da arte
da perspec tiva, c ome çavam a afrontarse , de um lado o espaço a represent a
ção planimétrica , o qual tendia natur almente ao intempor al, e, do outr o, uma
certa noção do tempo, o tempo como dejeto da História. João Cabral de Melo
Neto observ a que "o Renasc iment o associou esses dois tipos de art e, de fun
ções . . . a repr esentação u tilitária, ou util idad e da repr esentação, à utilidade da
contemplação. Infelizmente, aquele primeiro momento pouco dei xaria de si
além de alguns vestígios de um realismo incipiente, ou pouco mais, segundo
24. Joan Miró in Ob com pta, 69 1 (ova uiar, Rio de Ja neiro, 1 99 5)
iuio Cao ga do que "os ostos e os gestos quaque coisa de uma
maca al go mai s doo osa e mais humaa o sia de uma i tensa c oceta
ção [ . . ] acetuações um olha p eeta te ceta m ão estedida um lev íssi
mo e qu ase impe ceptí ve f êmi to da uz bac a ao cota cto dos copos
esa-se o go em moe M atii o Cimabue em Ducio da uo isega
ete os tatos signes vntc oureurs do tto de ss is e de á dua e é- se
atuamete l evado a deduzi qu e a pat de ceto ponto o tempo toado vi
síve ão tiha como ão cooca e pegosamete a questão d e como
admiti-lo no espaço do ato pic tóico Não se e voca sem magif icá- lo aquio de
que se dissea que ea peciso um deus paa que cessasse " ... desrmis le
temps est visile e t le prlme se p ose d 'y consenti r• Clao haveia que espe
a peo M asaccio do Camo paa qu e esse ovo "dado se toasse mais que
um meo ei quecime to visua que aceasse com o sigo toado peseça
mas a so te
fi tavez f oa puo
o mais aç ada a pati
istate que daquee mome ato
haa checdo ateete as tes ões
do Ocidete pedo que
uciase a ecosão de u m cofito ou como o pef ee o e fo de um a "he
sitação f loet a pesete susteta o poeta em mais de uma págia me
moável em todas as a tes de to das as é pocas. Essec iame te tat aseia
de uma duaidade iescapáve o cofoto ete o monumeta e o psicoló
gico ete de um ado o que adi o desce ve aos fis do sé cuo como
"l ve propoione l qu le i greci ch imno simetri ou seja a itução
do se peo úmeo e douta pate "l'eetto d'nimo, o desveamento de
um ivisíve atavés de expessões psíquicas
Obviedade históica covém ecoda que sobe este útimo poto a
coto vésa te m sdo ai mada a o og o de cic o sécuo s Com eeito ata vés
de múltipos exempos fmoso s o i dubi táve faz cícu o compet o a e tua
feita po ombich de cetos es citos de Da Vic i como es pecia met e eve
atóio s a esse espeito em iúm eos de seus bihat es e detahados estudos
do peíodo otavemete em Te Imge nd t he Eye , o olho cí tico daq uee
agudo eito dos idiomas da ma excee a demonstação de que a medida
ideal de um asta meto da c aidade pic togáfica a di eção de um po as
sim dize "e stio geg o de ev ocação damática oi ass uto de ampo debate
ete os gades e os me os g ades da pimeia Reasce nça abe-se que á
desde a tecei a década do Quttrcento itaiao be ti i sistia a e cessida-
28 Leone Battsta Albert D Pictu circa 1430 seção 44 Vejase a mas competa e repu
tada edção a cura de Cecl Grayson Londres 1972.
29 Frete Ttt ulla Arquitttu circa 1460 Aconselho a edção angloamercana até
hoje a de melhor etura J R Spencer New Haven & Londres 1965.
30. Leonrdo d nc Tratatt lla Pittu Codex Urbnas La tnu s 1 270 edção de A.
Mc Mahon Londres s/d)
3 1 EGo brch cit 98 f
32 Y.Bonney cit 82-83.
33 . Penso em seu desaf dor Ls état multipl lêtr, Edtons Véga Pars s/d
40
mete deucia fete à essêcia do mistéio humao seu istate e sua
agoia. de úcia dessa patic ular modalida de da abstraçã o sob as e spécies
do psicolog ism o quato cetesc o sug e-os hoje com um certo tom de vati
cíio a ortiori, é ceto mas em po isso efee-se meos a algo de assusta
doamete "modeo a admiti que tal perspectiva loge ser mais que uma
suposição de natueza meramete coológica.
1
V M B A DA ANE
& DAMA DA RAZÃ
les sectes reliieuses et philosophiques, o clássico que Jacques Matter publica
ria em Paris de a Mal se fiz era notar este último sobretu do por
esboçar a primeira grande sntese capitular do Iluminismo setecentesco
quando ato contnuo a renitente patolo gia do antiqü ssimo drama mere cia
a meados da década seguinte as atenções de um terceiro mestre-cirurgião
Ferdinand C hristi an Baur E tal seria o impacto de seu Die ch ristli che Gnosis
oder Reliionphilosophie in ihrer eschichtlichen Entwicklun, publicado em
, que mu ito rapidamente surgi ria uma tradução inglesa da totalidade da
quele longo e ag udssim o estudo n o curso do qual o autor disc ute a teoso
fia de Bhme a filosofia da natureza em chelling a doutrina da fé em
chleiermacher e last but not least, a filosofia da religião em Hegel s cres
cente s especulações do Idealismo lemão eram ass im de bonne heure, cor
reta e exaustivamente colocadas no contexto do movimento gnóstico desde a
ntigüidade
Nem é outro o lastro intelectual em que aspira basear-se este livro mas não
é tudo àquela trade de inamov veis marcos ini ciais i riam somarse já neste sé
clo Prothus: Apoalse der deutscn Seele que Hans Urs von Balthasar
publ icaria às vésperas do cordo de M unique assim c omo uma ampla recapi
tulaço da cronologia desse interminável drama proposta duas décadas depois
por Hans Jonas em Gnostic Reliion• os quais vriam acrescentar-se na
terra devastada de Voltaire e sob o nariz dos artres Ponts Cia o Dra
luis ath, de Henri de ubac e eminentemente L rolté, de l
bert Ca mus ambos sina is de que algo restara de honesto a o pensamento naque
le imediato (e ne urotizado pós-gue rra à beira-e na análise atenta de qualquer
um desses tantos mes tres deve ria bastar e se os evoco aqui é que o subs trato e
espero o sustento deste livro pedra-de-toque em toda minha obra devem tudo
à resist ênc ia qu e essas e outras lei turas con vergentes rerçaram em meu espr i
to ente à oção de u m mu ndo renasc ido dos pa rtos espúr ios da Idé ia do sist e
ma essa invenção eminentemente gnóstica entre a mirde de auto-engods e
ilus ion ism os mess iân ico s que pontuaram o autodesl umbrado século I• Mun -
3 Aci Goicim ad Mod Philoophy of ligio (John Murray onres 1846)
36 Berim 1937
37 Boson 1958
38 As obras acima ciaas naa êm e eemenares mas são eitura inispensáve a quaquer
exame sério o ópico em quesão A um evenua eior mais exgente ço notar que isto uma
bibiograa ago mais exensa como suseno e meu ensaio No lra limiar culo X
io no Recife aos 22 e abri e 1 997 como Aula Mag Smirio P d Tlogia
a Funação Joaquim Nabuco como a encontra-se isponíve nos anais aquea insiuição
44
do esse possuído senão mesmo concebido no mau gosto da blasfêmia por aque
la notória belle d merci que sed uzira o jovem Keats e iria suca r em sono
esplêndido seu imaturo Endion• É em vista disso tudo que o psic oloismo
como desponta na pintura quatrocentista o mesmo que Baxandall buscava cir
cunvoltear e do qual se queixa Bonnef não me parece menos o rebento bas
tardo de toda essa velha questão de há mui to suspeito ne le outra engenhosa e
scinante distor ção no espelho-Calibã da Dama I déia
Mas até aqui venho abusando da paciência do leitor o istema a Idéia
a nose a "luz conce itua'' t udo se me f i saind o de mis turad a são horas de
que me tente ex plic ar com o máximo possí vel daquela nit idez didáti ca a que
fui sempr e pouco incl ina do. upondo no lei tor agudo um ce rto mlise, ço
lhe eco à indagação provável o que significa exatamente o moderno "gnosti
cism o contr a o qual quer ins urgir-se o pr ojeto me smo de ste l ivro? O mes mo
Voegelin preocupava-se
cert ezas fáce deprecisament
is osse esta que por estese tempos de deduções
a per gunta imediatas eaq ue
qu e se colocariam
les par a quem o termo nu nca f ra mais que o apelido de alguma se ita religio
sa de remotas eras E, c om efit o co nvém não nos ap ressarmos aqui pois que
em se tratando dessa m ilenar questão toda prud ênci a é pouca Porque não é
de uma qu estão relig iosa ne m de uma questão de doutrina e me nos aind a de
doutrina estética que se trata antes cumpre entender o gnosticismo como
um component e insepará vel da mente hum ana em se u estado sempre virtual
de peersidade antif ilosófica um e stado de r ebelião inerente ao es pírito dis
satisito uma enf ermid ade do espí rito doença da in just iça ou nosem tes
dikis, segundo Platã o da qual pr ovêm cada v ez mais a cent uadamente
todas as metástases do orgulho da destruição e do caos. Gnosis, segundo o
mestre apesar do termo grego original s ignificar "co nhec im ent o é hoje o que
em realidade sempre fi a revolta a sanha do arcanjo caído o furto tão inú
til quanto impos sível do fgo do Céu por um Prometeu en san dec id o ob a
roupagem il ustre de algumas da s m ais sof is ticadas con struções da ment e hu
mana não em seu amor ao saber (philosophi), mas em seu ódio a esse sa
ber (phobo-sophi), que a ultrapassa de fto e de tu em certas colocações
esconde-s e hoje como antes sempre a mesm a e antiqüí ssima modalidade do
absurdo a absurda vontade do homem e nfermo de or gulho a sede de u m "sa
ber que desminta ou melhor ainda substitua a divina sabedoria. É o sonho
louco de ua possessão-deste-mundo que abolisse a dependência da criatura
ou ainda
exemp losontem a sinistra
do gnóstico miudez
secular de de um tempos
nossos Misevic assim
restamnaoscasta
maissacerdo
notriostal que
lhes corr esponde os Hih Pests e Hi erontes da moderna academia de Kant
Hegel Nietzsche Marx Engels Bakunin Comte ramsci e Heideer até
o atual séquito de tantos maes trote s todos ram são e quase sempr e sabem
ser a fina for carnívora da nose da mentira do dio e da destruição final
de tudo. Os maiores dentre os filósofs de nossa era desde a confusa aurora
oitocentesca (a mais sangrenta Morenrte que houvesse jamais conhecido a
huma nidade tiveram sempre ra zão ao menos n um pont em qu e coi nc idem
todos a "morte de Deus não pr oduz advet d super hmem é uma men
tira do ratustra alemã o o que ela produz c mo se vem ver ificando ao ong
deste no sso curto e en atuado sécul o é o sistemát ico e sintomáti co massacre
do homem pelo rato.
Ou tra vez não caberia aqui evocar mais que de passagem como esse pro
cesso se d eu e se dá na H is tória sobretudo no que resp eita à crônica do s ú
timos tempo s a análi se seri a longa demais e nos af starí amos indevidamente
da inten ção primeira destas já tantas pág in as. Baste pois com a noção de que
por nosis força é entender e já de lnga data um estado mental segundo
qual a criatura abole toda ordenação do ser cuja srcem não esteja nele mes
mo não seja como cada vez menos egitimamete se diz em iosofia ima
nente . . . A transcendên cia src inal a divind ade das src ens csmica e huma
na como su ste ntação do ser e do mundo é para o gnstico psilu min ista um
anátem a de prime ira or dem . odo esf rço intelectual será despendido no sen
tido e near quaquer categoria do real e tod fundament o ser que não
contenham em si mesmos suas "pr prias e xplicações e just ificativ as. Gnosis
6
pode ter sido o nome de um movimento eigioso em sua incepção pois que
lhe incu mbia e ntão contestar a r evelação cr istã mas desde e ntão por "gnose
cabe entender o sinuoso poduto de uma libido dominani absoluta e ano
mais rasteira quanto totalitária e reducionista.
De to ut temps o gnóstico só se entendeu e assum iu enquanto senhor ab
solut o de si me smo úni co don o e ábitro de uma senhorilidad e inconte ste sobre
a totalidade do real. ogo nada tem de supreendente que para seu atual
Doppelner a tese da mote de Deus sea a gande novdade de um veho
moto a prometernos hoje mais do qu e nunca um ontem m elhor para que lhe
advenha o reino élhe de f to impescindí ve o triunf daquea tese . . . E quais
quer que se jam as su as va riantes es tético filosóf icas o fim de toda ordem que
tenha por base ontológica um a afirmativ a me tafísica da odenação trans cen
den te do ser é ainda ho je o que tem sido há milê nios o principal sen ão o ún i
co eobjet
qu ivoque
"sou dess a imutável
existo poque ef especiosa
ui ciadofo coito
rma de "saber
ero sum .talv
Eez
pen
te so
nh eu quea se
a sido prii
meira fórmula da populaidade iminente do antigo gnosticismo finalmente
em vias de tansfmação de mero sistema de magias numa sofisticada auto
hipnose coletiv a daí em cul ua-de-mass as e mais adiante (por que não? em
mass murdr Como não aliás se a ka ntiana "coisaem-si não tem realidade
fora de minha percepção del a? e eu a percebo af ina l tão ínf im a por que nã o
aboli-la de todo e de vez? Caim bel de ve te -lhe parecido a cois a-em-s i. .
Pode se que tudo is to caus e espéci e aqui à portada de u m livr o d e ver
sos como a seu tempo o causou em Voegelin seu inqualificado despezo por
auto es tidos e manti dos po vigas-mestras da f iosofia moderna Nes se cas o
que se medi te bem no que possa ser a simples amb ição de pensa e escrev e
a partir do que se pensa e que daí se reflita em ago de ainda mais terrivel
mente simples que talvez sea o ato mesmo de pensar ogo a noção mesma
de arte ou filosofia a soe nas mãos desse tipo de "pensador'' a mais tota
das violências. E por quê? impesmente porque enquanto em sua célebre
descrição socrática entendese por philosophia uma particular modalidade a
mais alta delas da contemp lação amor osa da cor te feita àquela sabedoria que
a mortal algum é dado "ati ngir (al go ass im como a impossve l apropriação do
hoizonte pelo caminhante sua versão póshegeliana propõena como uma
substiuição do velho amor ao conhecimento por uma "gnose tout court, um
conhecimento total à espera de sua apropriação não mais pela criatura mas
por aqu ela sua caricatua que se autodeno mina "o homem. Nas ce del a e por
ea o espírito de sistema inevitável e necessáio bauarte à proposta de uma
visão totalitária uma gaiola sua impescindível e pefeitamente alcançável
47
porque j á en tão totalmente manufatur ada pelo modelto de mas recente f
tura do mesm ssm o ancestral mas um a versão up to date do mesmo renten
te arcano mas u m Pmeteus edivivus .
partr da à so mbra dessa nu sta e n eaurvel res surreçã o já não se
trata mas de uma abordagem estétca ou flosófca do real e do ser menos
anda de uma anál se desapa onada de seus termos se jam os ma s c laro s
ou os mas ambguos. Muto pelo contrá ro dado que por análse entende-se ou
deve-se entender nada menos que uma contnua e sempre renovada terapa
da ordem porque como outra vez o obsea o mesmo ncansável Quote a
nvestr con tra tantos anões dsfa rçados em mon ho apenas quando a or dem
do ser apareça em sua totaldade como devendo sua orgem e sustentação à
transcendênca mplcta em toda legtma especulação ontológca só então
poderá qualquer análse ser empr eendda com alguma possbld ade de s ucesso
É este um
tempos porponto
que decomo
honranspara
stetodo analsta
já então comda eza dentelectual
a sngeldbâcle um ancho de Pnossos
ança
o mas frme e sutl paladno deles todos só desse modo po dem opn ões
correntes sobre a ordem correta (sto é natua e logo de dreto ser ea
mnadas em concordânca com a ordenação do ser suas categoras herárqu
cas partc pantes de um a letura precsa e just a do que se jam os fundamentos
a um tempo da nat urez a humana e do real Voegeln reco rdanos outrossm
que por mas mudadas que sejam as crcunstâncas num a dada "stuaçã o hs
tórca nada mud a ou pode jama s mudar quanto à essên ca a nature za mes
ma da nd agação flosóf c a.
E co m eft o quem arg üra contra a evdênca de que no cam po da n
qurção concetua ao menos cabe sempre a uma episteme, e a ela apenas
dar voz às questões perenes àquelas perguntas que todos contnuam a zer
e segurão fzendo? té mesmo no mpéro da da m era opnão o
sujeto do questonamento reflevo não tem como "mudar seu método será
anda e se mpre a análse em busc a da afrmação de uma episteme, obseava
o autor de De autorite Staat e Die politischen Reliionen, já desde sua es
tréa com aquele par de obras-prmas pa ralelas na Mun que mãe do g rotesco
Gttedmn que sepu ltava os anos 3 0 Com respeto a um dad o essen
cal no entan to precsamente tudo st o o mudando no Ocdente de
tante
e isoné adêtre,
contenção central
que só deste livro,
o contnuo senão mesmoexerccio
e desassombrado sua únicadojustificativa
drama da ra
zão pode livra r a men te e frtalece r o esprito ante as tent ações desse eq uvo
co sinis tro, desse hierátic o carcinoma opos to a to da análise como a qualquer
princ pio, já não se diga de uma terapia da or dem , mas da própria p ertinên cia
de uma orde m a cuidar. Por que aque le drama, honneur à lhomm, é o con-
44. Mais aguamente a partir o preterimento a uciez e Scheing em avor as sinuosas
ucubraões e H Dokto r Hege
49
ont con tínuo dos paadoxo s do se e do ea pea u cid ez da hum idade en
quanto o sistema é a mea e absuda tansfomação da azão em totem ante
o qua não se assiste ma is a uma simp es esistê ncia à anáise com o coiquei
o e inevitáve até mesmo na póis socática mas a uma sua caba poibição
de cunho ind isçavemente do máti co-eiioso . N o homem concei tua pós
heeiano esse pai-de-todo s ao qua seui -se-ia toda uma p ocissão d e
fua-boos mata-piohos e mindinhos nietzschianos comteaos maistas
heideeianos sateanos et cte costata-se na da me os que uma e
cus a de toda e qua que cont estação possív e foa do sist ema fica ass im ba
ada e ef etivamente poibida quaque discus são visto que na semâtic a sis
têmic a os temos de sua inu aem não têm como ou mais sinea mete
não podem se contestados Paa toda nova Idade Média ta vestem-se as
nquisiç ões mas o p eão e sta o mesm o il est sse que Quintilien lit dit
Exceente i déia aiás que fem os quintii anos d e pantã o Com u m só
exempo deveia basta e os há iúmeos em Voeein que vota e meia de
ivo a io tona a ex am ina a questã o e a ec uaa os mais c eebados po
taonis tas da f asa g nóst ica modena Mas em ee hesi tia em escohe u m
só que o pópio Hee nos ofece já desde a páina 19 de sua Phnomeno
logie des Geistes; onde penuciando as incontáveis éoas que nos vai taze
das poundezas o indômito meste-meuhado das áuas ecém-empoçadas
em seu q uin ta há o o uma que muito nos escaece po ea ficamos sabe
do que "De acodo com minha visão a qua teá que se justificd pens
tvés d pre sentção do p róprio sistem O ifo é meu mas a péoa
dee e o que cecava assim Herr Doktor de tão ic onsút i quanto impenetá
ve baeia? noção no mín imo esp eci osa de que "tudo depende de e xpes
sa a vedade como su jeito não menos que como substâia ue deícia
excamaá quaque fino amado de poa s sem jaça antes d e pode a que
obviamente se o se é ao mesmo tempo "sujeito e "substâcia a vedade
ou o qu e ass im se decida c hama fica coocada automaicamete ao acae
do
oopimei o daquees
infeizmente outod sobessato
ois temo spoque
do "suafia
je itoquem
Oua deícia que
estabeece tavez
su mas
jeito e substância são uma só e a mesma coisa? Oa o pópio auto do siste
ma e ee só é cao O veneado Führer da modea diaética ao cocebe
seu Reich de mi an os- uz oo em seu pime io esb oço enconta a via de uma
finíss ima soução f ina cuida bem de estabeece priori que a vea cidade de
suportes
belo livro,intelectuais do que ris
Te Sovereinty of Murdoch chamou,
Good• em aquelejá"amor
desdeaoo título
saberdeque
seuinfr
ma a verdadeira filosofia e confre sopro aos pulmões da arte, sem ele a o
berania do Bem contrastada ao espírito de sistema não passa de uma gazela
indefesa na selva escura das mais abstrusas construções da mente humana.
Ameaç a tanto mais eftiv a qua nto sub -repticiam ente iden tificada com o pres
tígio mi lenar da art e e da f ilosofia, mas e m realidade oposta ao exer cício mes
mo do pensamento enquanto mediador dos paradoxos do ser neste mundo.
E reitase um instante uma ameaça à nitidez e à abertura da semântica moral
como medid a do conhec imen to ou seja , da busca e da def esa do Bem
é uma ameaça à própria humanidade. Essa sinistra receita o nosso Bruo do
Cosme Velho há mais de um século já a apelidara de "Humnits, enquanto
ainda ho je todos os celebr ante s e corif us da gnose mode rna, lá fra com o en
tre nós , cham am- n ale gremen te de "filosofia. Esqu ecidos de que den tro de
um sistema há tudo menos ar respirá vel, e que s em esse elem ento a pró
pria substânci a de riel, a via do espír ito em que se ampara qualquer opera
ção do pensamento toda arte, toda mor al e to da liberdade poluem -s e, mur
cham, apequena m-s e, e a lógica mesma da verdade, se não pere ce , a partir de
um certo ponto apenas "p arece Mas que importa, se já agora, nestes límp i
dos e lúcidos tempos que v arreram até mesmo dos olhos m ais s ingelos todas
as apaições, já não é mais nem sequer de aparências, mas de "parecenças
que vive e prospera, nã o mai s a opera ção da mente ou a vida do espírito, mas
a "magia dos conceitos na hipnose sistêmica?
É MESMO ES, fi desde sempe esta toda a peocupação deste livo tona
do a um tempo des nece ssário e inevitá vel à luz de tão sábia e contundente ad
vetênc ia deveia basta com a beleza e a ju stiç a de uma só fase a ...
E contudo a semelhante quisto não pude da-lhe a volta que Baandall tão
elegantemente d esenhaa po volt a da mesma época e no me smo espaço em
que Row an Willi ams and ava buscando levá-la a bom temo. E as si m fi como
este livo enfim acabou po eclama minha atenção constante. pós doze
anos de cautelosa e fleão sobe meu tema ou po blema ou idéia fi a
como se pref ia e u viia a toca ond es po O fd a velh a imã se ten
tio nal de Floença . . . li no cl ima de adensamen to intelectual insepaá vel de
semelhante du o eempl a en te aquele pa de lmis abii ciis
mi e esultado dieto de meu hábi to de escapadas diáias ao Ashmolean
Museum (cuja conucópia enascentista me haveia de petuba ainda mais
que as opulências da National alle eu começaa litealmente a sonhar
com cetas antinomias do tipo Masaccio-ngelico-Pieo lbeti-Donatello
Brunelleschi etc. Meu subconsciente tatava de eguer seus primeios <i
gues-de-conto no à alucinação de P aolo Uc cello cuja sobeba Caçaa, a
eina sobeana n a ala N obe do v eneá vel edif ício da Beau mont tee t não
tad aia a assediar meus sonhos c om um a eco rente série de semi pesadelo
Foi potanto como uma espécie de teapia intelectual instintiva que eu pi
meio imaginei e enfim comecei a compo em inglês e ocasionalmente em
italiano senão
que haveia deatona-se
pimeiaesta
vesão
oba.com ceteza o pimeio eftivo esboço do
5
Espalhados em vários periódicos antes que os reunisse em minha cole
tânea i nglesa , meus primeiros poemas sobre o fio condutor deste livr o como
resulta hoje confron tavam duas visões contígu as no pensament o e na arte do
Quttcento e, e ntre elas, uma somb ra evidentem ente m ais gr ave e reniten
te do que a sombra da ca rne a si lhueta fr ia de um neoplatoni smo vieillot que,
não obstante, "vestira a fntasia pelo avesso e assim já prefigurava desde
meados do século x nosso moderno gnosticis mo à outnce Esta m inha par
ticular preocupação intelectual inrma o espírito, senão sempre a letra, de
quase todos os textos aqui reunidos, e o leitor já verá tudo isto em detalhe.
Importaria ant es u ma oportuna cl arificação quant o à frma, que c onfio s eja a
defini tiva, dest e livr o em sua presente e à pr imeira vista a rbitrár ia ver
são mul tilíng üe. É que esta obra a ampliação daquela que, mais que subs
tancialmente esboçada, há cerca de duas décadas vinha à luz em Oxord
iriaquais,
as desdecomo
en tãoé crescer
sabido, pela
maisacumulação
se superpõem de su cessseivas
do que "camadas
anulam. g eológ
Quase toda icas,
composta entre e , com especial empenho durante os anos ,
creio poder datar do início da décad a seg uint e, com rara s exceções , a quase
totalidade da seqüência A Imitção Músic, que aqui constitui, sozinha e
qase sem retoques, o ivro Ú ltimo. Mas boa parte dos demais textos, retra
balhe i-os já de vo lta ao Brasi l, a par tir de , um punhado dos quais final
mente traduzidos, ou inte iramente r eescritos em portug uês . Não raro ao cust o
de vêlo s desfigr ados, e a um t al grau em alguns casos que as se is sessõe s do
atual Lição de Modelgem, por exemplo, fram gradualmente dispensando
o srcinal inglês de , A seon on the c ly, ao ponto de tornarse uma
tilidade dálo aqui . Mas trata- se de um caso raro, sen ão único, os demais sen
do mesmo casos de paralelas div ergentes ou superposições si m bióticas.. .
Por tudo isso, no que se fi configurando como uma "nova edição da
queles textos velhos , paula tiname nte reconstruído s em nossa língua, ou acli
matad os à nos sa partic ular sen sibi lidade como melhor o pude f zer, ao cabo
pareceum e i nstrut ivo fz er se guir cada desdobramento de poema jus tamen
te de seu pri meiro esboç o, ou versão, em todo caso do que se poderia chamar
de seu "ancestral. É minha espera nça que cad a vez que um deles surja à pri
mei ra vist a "repetido num ou n outro idi oma , o seja porque a rigor não se tra
taria mais do mesmo texto, mas de duas concepções verbais do mesmo mó
dulo, modulado ao extremo, ou bem num "caso ou bem no "outro. Nesse
te, harmonizar
tória e a p rec áriaa bi
integ ridq
ademal minha
d o meu visão pessoal
pe nsamen , milánha
to vá filosofia
conceituada.H. . is
Como o v ejo ainda, duas ces da mesma medalha consentiram e m divi
dir-se, logo aos primórdios da Renascença, entre uma apologia da perfição
moral e posici onando- se ao seu extremo oposto, como se não ss e, afinal,
mero reflexo s eu um real is mo geomét rico "puro alla lberti Desde a pri
meira e famosa isa ia maa de um processo que ainda não terminou (li
l sua marcha t riunf l o questionamen to que o teorista de D di
icaria fz da visão beatífica em fvor de um primeiro e decisivo passo no
sentido de um realism o formal até mesmo o mai s rápido olhar confirma ria
a que ponto esse típico scia alla scaa obviamente era e seguiria sendo
sobretudo de ordem moral e intelectual Ora, desde os primeiros arroubos
ava Hoje,
la li la
quatro cs•daquele debate, há justo consenso em que um
décadas
do s ach ados no ric o ensaio de Argan é q ue teria sid o ele, il bat Fisl, um
dos primer os em Florença a conce ber o esp aço como um a poss vel paisag em ,
e onnef já e ntão obseav a qu e o "luga r da s coisa s abra-se natura lment e
a uma inv est igação emprica d a proundidade e da dist ânca Certssi mo, con
quanto s ejame f rçoso aquiescer bandeando-me par a Argan que, por
outro lado, do conceito brunellesciano de perspectiva Masaccio tena a de
duzr um prncpo de monumentalidade , uma noção de e strutura e rene à
frma que barrava o livre acesso a um paisagismo naturalista. Isto posto, es
me a pensar nas toscas , q uase ingênuas f chadas "terr estres dadas por aque
le pro dgioso jovem pinc el a, por exemplo, sua le itura do m ilagre da so mbra em
anta Maria de Carmine ; contrasto-as em pensamento às elegantes, alberta
nas molduras arquitetônicas apostas por Piero à sua hierática Flalaçã em
Urbno, e não te nho co mo não c oncl uir que o arguto o bjetor de A rgan tin ha ra
zão ao insis tir em qu e, no que concerne pelo menos u m pintor da estirpe do
Angélico , a perspect va, por mais in telect ual que f ss e, n unc a poderia ser mas
do que um meio para ver as coisas . E quais? Cad a uma as mesmas coisas que
o Masacci o vu? C laro, mas segue-se que quando a nature za dessa cois a é
l dificilmente há como atingi-la pela via das aparências, anda quando trans
iguradas Impasse Alber t e o pr mer o Bottce lli , e o Pero e U rbno
ou um Fra Angelic o mpa ssvel e impas sável? Bo nne f, e }ouve e F oc llon co m
58 as nesse caso, pergunto eu, por que não consierar tamm com intico sentio o
enquaramento por exemplo, a Aucação naquela mesma srie e aescos?
59 enri Focion Pir lla Fracsca, pp 99 1 1 (rman Coin aris 1 952)
5
já tudo aqui lo teria estad o presen te ou ao meno s latent e na escola de C har
tres em pleno século XI I
Vale pois deduz ir e não apenas dos exe mplos d e rezzo acima cit a
dos que a ev ent ual intrusão "albertiana do perfeito na rápida re alidade
fctual do afresco compõe-se ainda de números e relações como a própria
perspectiva conseqüentemente aprofundando a pintura sem "humilhá-la
com a soberba noção de alguma "separação radical tre vo-me a arrisc ar que
essa teria de fato sido a conclusão de Focilon caso tivesse ele mesmo com
pilado os text os magistrais daquele seu inacabado t c Porque ce r
tamente acabou por ser a d e Bonne em , sem que é claro o duelisa
que desaf iara rgan s e permiti sse esquece r de ponderar que em se tratando
de ob ras de ar te a "perfiç ão já não é bem ou já não é apenas um e stado de
esprito a atingir mas um conceito ainda erá algo mais no território próprio
ànomoral talvez
à Idéia mas osedizmexplicitamente
O poeta deixar por issodederesto
ser tae mbém
uma vezummais
a noção um ace
ao modo
incontestável de seu apai xonado dó-de-peito La pctin st lé Ell n
paint q aaibl i ans l v m ais a mins st-ll ac cilli ans sa
t pp m t pt-ll pat sans avi tch s aim pa n
act n pa c cp c éa la pint q ln pt app
l lpssinism
Inc onceb vel à lu z da escol ásti ca da metaf sic a da mesm a busca estéti
ca de uma sac scita par a a re presentação do ser -no- mund o por tudo iss o
e muito mai s era-m e difí ci nã o ver qu e se i nstalar a ass im com o qu e malgr a
do seu mas na ci dadel a mesm a do real e de sde os alvo res da prime ira Renas
cença um drama inc onci liável porque manifesto s ob os modos de um con fli
to entre esprito e in tele cto Vvida aporia de um parado xo tipic ame nte tos ca
no (e a cada duas páginas de Abt th Hnt eu o diria flor enti no t th c,
ele iria f sc inar o espírito anglo-saxão de Pate r Ru skin Fra ou Be rens on no
eminente passado a um Kenne th ord Cl ark ou um i r ohn Pope-H ene ss
hoje odos viriam a emoldurar de leituras cada vez mais apaionadamente
exatas o que Browning e sobretudo helle ( nht s iht ma liv / all
Eath can a Havns iv, haviam intu ído algo nebulo sament e como u m
bem um brilho na bru ma E é a ess a mes ma tensão ain da que alu de o maior
poeta vivo de lng ua inglesa eof fre Hi ll quando e m se u def in itivo ensaio
sobre Ben Jons on finamente evoca a autor idade de eorg e Elio t no us o que
z daquele seu genia l acha do o "drama da ra zão
zido ao das
visível isí simbologias
vel e a recriação p ic tórica do se nsível atr avés dos arquétipos do in
da visão.
60
I PRIIBIIA
dos
riamque busc aram
l ogrado mas nsalv
ão éarmeno
do "inempora o pensame
s verdade que nto não
o intempora, e m mesediaizado
us mod oso tra
e
dicionais de sobrevida formal, iria mudar pouco a pouco de senido, reornar
à Idéia, ao reino int eligve l dos espritos amantes de um Belo qu e por si só se
ria o Bem• Bem i nrmado e convenci do diss o, José u ilherme Merqu ior, em
seu ulgurane suol daquele insane dramáico da primeira Renascença,
adoa em ple no a obseaçã o de Volp oni segundo a qu al a Scuola l Cai
eria ransmitido aos jovens pincéis oscanos antes um ensinameno frmal
genérico do que a intençã ex pressiva peculiar ao estilo do Ma sacci o e con
clui, de modo basane perspicaz, que "e ssa dis crea p reerição do esp rito da
Capela Brancacci . . . ] abriu caminho ao riun do realism o, da ca ça à vera
cidade do paricular, às aparências caractersticas e idiossincráicas. É o re
rao do uro maneiris mo, senão do barro co em gesação, e é c orreto, as o
6 1 Ns obr os sonos 1 1 7 do Lvro Úlo dão nh vrsão lgo ronzd dss
epsódio qu, rigor prmance g
6 E qu our v z prc qu Bonny cr o su grr qu o erro s parva dqu
l pólocai
grgo plgno
blesse"do
(opcrsnso
c p173 e sus paavras:' p s q gso ce
63 A nrprão slsc da pnur cássc: u desao par o éodo rlsa
Fais e adi (Ed Forns Unvrsár USP R o d Jn ro 1 9
61
tits go. Menos seguro me parece que (sempre segundo aquele espírito cujo
viés ant ime tafísico o tornaria pouco i ncl inado a ver nas artes mais que um f
nômen o de cu ltura essa i nspiração realista tivesse ef tivamente bloquea do "o
gosto ideal izante o amo r à estilização clá ssic a e à solenidade f rmal (Quem
dera aquelas páginas meteoricamente densas que não se exaurem com
abarcar o que era então a nata da historiografia estabelecida sobre o assunto
Merquior vaise am parar em Wlf fli n para ain da quando aqui e ai d iscrepa
do do autor de A rte clssic, muito cabrainamnt (e veremos mais adian
te a que ponto re jar no sem dúvida tardo estio quatr ocentis ta ago
ass im c omo "a volúpia da multip lic idade dispersa da expressividad e dif usa
Consciencioso verificador da ison dête por trás dos mal velados des
déns da mente (parafernália inseparável das ditaduras da déia Merquior
não falha e m perceb er que "gsso modo a dissolução da frma só seria evita
da por um rebaiamento
da verdadeira do valor
trans figuração intelectual
e xpres da pinturareduzida
siva da imagm ou com oa simpl
sacrifício
es descr i
tividade enfeitada no que outra vez tangncia o texto d João Cabra que
examinarei em seguida ublinhese en pssnt, que aqui o exemplo que faz
do hirlan daio deixari a eco nesta obra entã apeas encetada especi almen
te nos sonetos do ivro Ú ltimo E resta que Merquior como o jovem
João Cabral ra ci onali sta mas não ainda conceptua lista i ntrinsec amente ab re
cam inh o ao esp írito destas mi nhas especu lações nos in úmeros momentos m
que defnde a busca apaionada do real o qual reconhece como a meta para
além de qu alquer hist orio grafia De notar pr exemplo suas análises per
sonalí ssimas seja do sfumto de eonardo seja da unicidade deste mestre
enquan to o ant iheróico ironizad or do ambí guo qu e fi Opondoo à ideaiza
ção plotiniana do Botticelli chega a ilumiar sensivemnt sse ponto o
çamolo ao seu mais autêntico entregue quele autoabandono em que o
amante deleitoso descarta ou descuidao o amador de noções adquiridas
"En tre a graça botticel liana e o naturalismo r enasc entis ta há distância ou con
flit o não sínt ese O ponto é fin amente iu strado pelo braço d a Vênus n adi
omena "alongado em obediência a um modelo de beleza que não hesita em
desob edece r aos c ódigo s natura listas
a ple tora de tantos achado s no entant o o que mais importa é q ue seu
ensa io sem paralelos em nossa inte ligência da f orma decididamen te se v o
ta contra aquele bichano nosso de cada dia o zelador de um certo tipo de
Kultukitik, que ele muito ferinamente denomia "o purovisibilista inda
quando desdenhan do desv enc ilharse de um amontoamento "cultural de no
ções que pr esum ia igueu, seu in stin to não o impede de castigar com jus
62
tiça as pretensões da Formnlyse Peo caminho como que topeça em tu
villes mais q ue bastate s a az er daquee texto um dos ra os momen tos de in
depe ndência úci da em no sso entendimento da gr ande art e desse eterno pre
sente que é a opulênc ia de um passado incom um ua fo rça p essoal brilha em
passagens tais como o progresso do naturalismo havia levado à crise do esti
o [ ] e oi pr ec isa mente ne sse con texto de debi lit ação da óg ica rmal que
a orientação antiplanimétrica da arte primitiva prosperou Já é algo da tese
de João Cabra que me tada em examina mas por enquanto baste a reair
mar o mehor da leitura de Merquior sua observação sobre a opção plotinia
a do Botticei como resultando em "uma poética da cultura uma arte em
que a image m se man tém rigo osamete cons cien te da sua dier enç a ontoó
gica em reação à physis Ou ai nda e ma is propr iamente oiginal e promisso r
seu paralelo entre dois mestres nunca dates que eu saiba acoplados num
mesmoestá
ainda olhar "Os dois
banhada primeirindivdualizante
no irismo os cláss icos aqueles emdoque
e oblíquo a nov a excelênc
segundo ia
Qtto
cento; como a de iogione a lição leonardiana i sobetudo indieta o sorti
égio de sua a rte seu elixir de subentendidos se utou aos vário s dis cípu
os da me sma rma que o inti mism o de i ogione escapaia aos seus
Mas insisto onde mais se personaizam as mais cintilantes páginas já
nascidas da pena de um n osso ei tor da a rte cláss ica é em sua vi gorosa rese
nha veladamente c rítica das corretas mas coriqueiras etiquetas apostas por
Chastel assaigne Friedberg (e o mesmo Win e ainda Panos almi
Weise etc à questão da grande za e decadência entenda-se ide al veus
real na cornucópia r enascen tist a E isso ele o z estou seguro pa ra que
não nos ocorra passar distraídos pelas intuições subversões e idiossincrasias
de que se nutre todo gêni o e não acabemos por ter como cerise du gâteau pou
co mais que um quase ge ográico se sut i map eament o dos cum es e dec ínios
paralelos/conitantes na topograia moral da Renascença Conta as gulodi
ces culturais corriqueiras nas academias de ilipute em que vem reinando
oci osa e oca aque la todopoder osa hidra que nes te mund o e para o excl usivo
gáudio dele se auto-intitula "cultura (lei ase sócio-cultura aquee nosso in
subs titu ível sublevador do espírito conce ntra sua v erve e produz um dos m ais
sólid os arrazoado s c ontra um personag em tão i relevante quanto ubíquo em
nosso tempo e nada ausente em nosso paí s seu pur ovisibilista : "Para
apreender plename nte o sent ido do estil o e das suas mutaç ões é precis o que
o ouvido histoiogáfico [gri meu ] saiba escutar sob o al arido das rmas em
contato ou em lut a o murm úrio às vez es esquivo e subterrâ neo de su as mo
tivações cul turais ó a esse ouvido crítico o pulso e a problem átic a da cultu-
63
ra fazem aquelas confidências que nos permitem decifrar a opuenta mensa
gem do tesouro das obras de arte
"Motiv ações c ulturais a não connd ir com o insos so produto dos r ecen
seamentos de c unho veadamente estatí stico de certo socioog uês unive rsitá
rio ao molho neom aista . m Ofrd ouvi in úmeras vezes essa pec uliar tou
nue da vida do espírito ironizada como "cul tul gluttony sse cur ioso es pí
rito de ruição intelectual trata a arte u mie como um substrato deleitoso
deste mundo e às conquistas do espírito como a tantas delícias finas e suces
sivas camadas de algum especialíssimo millefeuilles m que pesem nossas
diferenças íntimas quanto a "não sei que perturbadora atmosfera metafísica
(na se ntença de João Cabral que v eremos adiante para José u iherme como
para mim aquela gula pensante restaria sempre o mais mundano en igma a de
cifa r em -à- com a e sfinge domestica da do saber i ás curiosa atitude
essa que a partir dos hedonismos ne ocássicos típicos do sécuo II I apar e
ce mais e mais como o fim-de-linha de um humanismo once pud, o reduto
baof de um a ntropocentris mo dim inu tivo repetitiv o o surra do espetácu lo do
encolhimento da visão na criatura que se autoproclamara acordada e lúcida
Porque a única questão em ma téria de art e como em toda emanação do to r
tuoso espírito humano é sempre metafísica. Mesmo a mais fina sóciohistorio
logia da cultura nada tem a dizer que verdadeiramente ajude a ver entender
sofer gozar agonizar e morrer. O culto da ultu, as doutíssimas resenhas e
os róis mai s mi nuc iosos que parecem destinar tudo ao p orão do entendimento
humano como u m mobi liário precioso mas sem uso no drama skip the iss beg
the question odos rem etem o prodígio d a arte a agum es tranho departam ento
dir-se-ia que situado sabe-se lá como à margem daquele dooroso e iuminante
desafio que é o mistério da morte ante o milagre da vida; assim constroem-se
moinhos de vento e m nome justamente da ra zão acorda da e assumida . . . Ou
estir ia realmen te a ra o sono espl êndido da arte gr ega um pós-go esco sonho
da raz ão? inda recent ement e Brenna nd me zia ju stamente essa obsea ção
Mas não teria sido desde sempre monotonamente óbv io que a nlyse não
tem nunca teve como conduzirnos a uma quaquer fiosofia da frma? Co
nhece-se a áore pelos u tos especialmente para nos atermos ao óbvo em
se tratando da onipresente "áo re de um Piero por eemplo . . . Quem toma
ria ainda hoje a ciên ci a dos pesos e medidas como a tradução da natur eza? O u
quem pret enderia fzer com el a ago ass im como a radiografia da vida do espí
rito em torno à qual tatea ssem as impress ões digitais do homem em busca de
sua altitude mas incerto de si ante o drama da razão?
64
Naquelas páginas de , que em Paris li ainda em manuscrito deci
ando-lhe mais uma v ez a letrinha incriv elmente miúda José uilherme de
novo acerta va em cheio do que intu íram inco ntáveis poetas em bu sca de um a
filosof ia da f rma de Baudelaire de Ru skin de ou ve de Focil lon de Pater
de Char de Bonnef voie do saturniano ensaio de Ma lrau x sobr e oa u m
purovisibili sta nun ca qu is ve r nada porque no qu e nele s lê não adv erte a an
gústia que com ove o rosto r ágil do re al em co nstante agonia. e o sonet o de
audelaire une pssnte r de ao (como o propunha o cridor de Douve
cedendo a u m de s eus ext remismos dalma . o map da poesia redescoberta
e esta recomeçada após tantos desvios n ascer e gi rar em torno de uma me
ditação da mort e então . . . Então não há perder tempo com traçar a hi stória
dessa escarp ada aventura em term os de uma impr ovável e inút il acui
dade do conhecimento cumulativ o anedótico. Nada há conhece r que não
remetaeààescolha
moi, instantânea
beira daquela entresom
"me a coisa
be etfugaz
sononosso contínuo
ci tee de Valér amemento
analgé
sica pomposidade do conceito essa fina agulha a bordar ilusões. À primeira
vista a pior delas é a corrente confusão entre arte e cultura entre ransfigu
ração e figuração histórica mas há pior há uma enação na gangorra enre
aquele lado o único em que se situa o real no qual oscilam o fugaz a dor e
a morte e do outro aquela mortee mvida qu e ape lida mos org ulho same nte de
saber. O pur ovisib ilis mo prefriu não saber disso escolheu as cantil enas c umu
lativ as do conheci mento hi stórico empírico e ébri o de si fechado em s i como
o conceito E fez essa escolha contra o espírito do Evangelho é claro mas
também e mais miudamente contra o Ames de aintJohn Perse que con
voca a uma asc ese mor al para além de toda hi storio grafia e de tod a est éti ca
"celà qui d e niss nce tiennent leu con nissnce uss us du svoi
65
II Ü L U R D E U M RX I
um mundfio,o em
rpado pro fundidade.
subversivo " É ao Eequiíbrio
, mais adiant,
qu se noss
confiao agudo decano
a missão retoma o
d defender
aquele p onto teór ico , chave dssa i usão. Os trmos são contundentes , João
Caral naqele crto e audacioso ensaio vai a cada parágra mais fndo,
67
adntrando-s na nrntando a qustão qu à msma época procupava
Bonnf, assim coocando os fundamntos, snão d uma primira invs
tigaão do pano, ao mnos da miríad d probmas criados pa prspctiva
à pura pan imt ria Com ara por dtctar na composião stát ica rn ascn
tista u m di brado mpobr cim nto da inha "Por qu sua natur za é ssn
ciamnt dinâmi ca, isto é, in imiga, a iha é imi nada ou auad a O qu,
m sua us tza histrica, imdiatamnt rmt à discrta mas dura dou ra
déconfiture da dupa brti-Masaccio fr àqus duistas do Donato,
"gst icu ando c omo ograis ao sabor das f inuras d uma inha cua inhag m,
por sua vz, se ir ia pr der também, mai, confundir-s quando muito às s
pciosidads do Ghirandaio, d D arto, do msmo Bottici rsutar
como nã o nas moumntaidads bien e da séri d Stanze povoadas po
gnio cá ssi co (va dizr , c umu ativo) do mhor Mantgna Para acompanh ar
João
no quCabra m su raciocínio
os prcptistas chamambasta
d ritmopnsar, como
"Ess nos convida
mínimo d mo avimnto
fz-o, é s
tabcido sgundo minuciosa poícia, autorizado apas m agumas pou
cas f rmas, simps déb is, á montonas [ prmitido apnas nquant o
não amac o stático, ou quando mantido como mto acssrio, à mar
gm da iusão d profundidad E Bonnf o acompanhava, ou scundava,
ntão "On a étendu que la fondeur a été inventée eu à eu our l'ex
reion de l 'eace: c 'et mal oer le blme le lan n 'et en einture q ue le
Convrgncis da vha vrdad,
mod
inainád'ête
v noetmundo
aini le como
lieu de
tala me
D a cara ctrizaã o d uma iusão d um ida como comp arsa s num
msmo mpobr cim nto, nosso compatrio ta va i qustionar "o crscnt spí
rito ci n tífic o da época, qu m art ia mais ma is sgotando os g raus da apa
rncia atacar-s finamnt à bête noire dst ivro, o fscínio pa abstra
ão, qu dtcta (m uníssono com o Bctt do nsaio sobr Proust)
nos hábit os d a m mria, qu B onn fo à msma época chamou pa primi
ra vz d "mauvaie réence; atnão, pois, ao qu s sgu " princípio ci
ntificamnt aborada, dpois obscuramnt obdcida, uma arquittura
abstrata xist smpr por trás das obras aboradas nsss sécuos da pintu
ra ocidnta [ o stá tico prprio da cotmpaão d fig uras cohcidas
aprndidas d mmri a E aqui tocamos o crn do pnsamnto d João Ca
bra, tão caro quanto prtur bador " it igncia mi ntm nt prática r
sov cada probma d uma vz por to das Mata cada pro bma ao r sov- o
71
tdo parecia emprrar m espírito por natreza brlão e ligeiro à meditaão
(como ao pavor) do sacro mistério, daqele mbral miracloso entre as pai
ões contrastantes da vida e do canto, frente à enfrmidade da lz e à morte
a cavalo de Dürer, m an o mais tarde me prese nte de atal da par te de
sto Meer . m cada ponto de tensã o ent re os moviment os do espírito, no
enta nto, havi a acess o a ma imaginaão do mndo qe o não contrapsesse
ao tear do possí vel, mas a m ideal a redimi r havia m real a arr ancar às tra
mas aracnídeas da Idéia! Mas para tanto nada de pontes entre o tempo e a
eternidade, bastaria com o tempo redimido. Qe se a mão de Piero della
Francesca hava inscrito ao pé da Flagelação de Urbino Convenent in
unum, meio mil ni o depois m jovem poe ta in the making poderia tentar re
petir com neca sed cum u niveso ai
ó qe B onn ef havia aparentemen te con cl ído o recad o, e a se ima
tro
meeer perpleo correspondente
nm vespeiro . . . sperari lhe iria crescendo
a impacente o sentimento
por mais de terdoido
ma lette me dis
tante voyant, desta vez acompanhando o volmezinho do e por ele lon
gament e annciad o, o imbaud a lui-même• Do qe li primeiro, ainda em
marcha ladeira acima em pleno Verão carioca, trespasso-me a dedicatória
epígrafe "E t lib e soi t cett e infotune . De maneira a não me permitir nn
ca ma is pen sar sem ter em vista as mais ansiosas pro vocaões do espír ito, a
nova epístola ao e-ftro coríntio vaticinava logo à primeira páina "Le
tems a é té convainc u d'ête la division et le mal . Mais au-delà l ui commen
ce une libeté frtnadamente sei hoje, com Yves e João, não menos qe
com "o aqele João ingém companheiro me de presídio, qe essa
lib erdade é poss ível desde já, c st osa qe se ja ao dar a conhec er ses termos
para além do qe, antianamente, insistimos ainda em chamar a Beleza, o
Belo e não o B em . . . o qe respeita m certo sleen heróico ao qal, des
de qe encete a composião de O esecto refiro m dos pólos do qe se
poderia c hama r de "teol oia negativ a na econ omia deste livro , devolvo a
palavra, como prometido, a mestre Cabral-everino "Badeaire, escrevia
ele naqele mesmo ensaio, "m dos que mais violentamente sbverteram
(nos so) conc eito de beleza a f ria chamar êve iee sonho esse marca
do pelo des ejo de cons trir m tipo de n iver so qe, deprado d a realida de ,
habitase ma dim ensão de erenidade e afastamento . . . ] ma Idéia de Be
leza qe ai nda é nossa, embora já nã o seja a noss a, e por isso à palav ra be-
terocutor daquees
tristeza, assim tempos
o herosmo da primeira
ssim c Renascena
omo a arte gserega
teriasedesconcertado
teria termin ado
e pea
perdido ao otim ismo mai s resouto (e , sub screv o-o, o mais coerente que ha ja
tavez jamais conhecido a História) iria suceder a pior angústia inda hoje
aquieso aparentada desde ogo ao expressionismo nórdico, certa ansiedade
preparava sua gritaria estóica, através sobretudo do Pontormo, a meio cami
nho entr e as hesita õe s do mane iri smo e a pena ef usão barr oca Sua erupão
mais contundente , é sabido, surge com o San G acomo della Ma a , de Cos
me Tura, mas eu só viria a constatáa, à la vo de mes yeux vue, quando de
uma dramática v isi ta a Ferrara sotto vent e lamp daque e para mim deci
sivo Inverno de °• Que anistia tinha o poder de atenuar mais uma t ene
brosa e xposi ão da "derro ta do ser-no-m undo? m a ta exposão de expressi
onismos aparecia-me como o smboo vivo da minha agonia pessoa daquee
instante Meu povo virava mais uma triste página da História e eu dava de
69. eja-se, nesta obra, ago do intenso roteiro daqee ério angstiado, como restaria nas
meditações de Ncimo m ava e Il Gorgo l Città (Livro Segndo).
73
cara com o reverso da medaha da esperana, aquea mesma que no déi
ramo do Próogo de Le Vai Le Vain (por isso mesmo aqui presente em sua
versão vernácua ) e u havi a pendurado anos antes minha precária metaf sica
da arte, esse recurso perfeitamente vi d criatura entre a uz do entendi
mento vain e as i mpass veis cariátides da noi te Mas conf onta va-me então o
pior de toda met afsica, a dúvida quanto à eg iti midade de uma particuar v i
são ante aquee Cosme il vecc hiacci o da Feaa eu duvidava do Piero
de rezzo e, ato con tnuo , na ân sia de redesco rir "um a c onfigur aão primor
dia, tomava em direão a Ravena as mesmas "ruas impuras do Inverno
qe Bonnef a partir dai vaentemente trihara em direão a sua Chaelle
Brancacci "Veilleuse de la nuit de janvie su les dalles comme nus avons dit
ue tout mouait as! Ainsi avionsnous is ves des es ues obscues le
vain chemi n des ues imues de l hive • ão há do que enver gonhar -m e as
sim tcomo
não inh a mi nhas
ugar no pe rpexidad
acordo das f esrmas
de então
enqu, oanto
mundo ag onian
esperan a deteuma
de Cosme T ura
aertura ao
ime nso , atravé s de uma adesã o do artista às promessas da transf iguraão con
seqüentemente, aquea recessão do esprito me havia de parecer ainda mais
acarunhante que as dúvidas "temporais de um Piero envehecido, quem
sae já atormentado pe cegueira fsica, cedendo à tentaão do eo puro e
pintando, um pouco como o moriundo recorda um sonho entre dois sonos,
a perfeita C idade Idea segundo erti ( se de ft o é do seu pince aquee im
pec áve mapa do ame jado inco nheci do ) Em todo caso, àquea atura era ine
vitá ve, quase natura que eu, pis de cou, or um in stnte tomasse o v ene
no peo antdoto
Hoje perc eo o que ent ão me esc pva que há sem pre um in stnte em
que a noão de metnoia significa ago mis que uma conversão, no sentido
que he dá a tradião cristã chegase a um ponto em que seu sentido etimo
ógic o de "re viravota i terame nte i mpõe ao esprito rod opiar no turihão de
uma escoha inadiáve entre o que chamarei de "perspectiva de renncia e
aquea dimensão, em si mesma egtima, em que se dá a contempaão das
coisas deste mu ndo, por ma is desentador as É em junturas tais qe srgem
inte iras o ras-prima s, co mo, em recent e exempo, o Poema sujo a sair da pen
de um Gur reaista, mas in temis Er, de r esto, a ago de precido, à ú
70. . Notre confusion et notre désordre radicalent évincés !'esace clai r l'ige ar a
découverte d' une configution ordiale . à atir laquelle il n y aurait lus que déduire une
inéuisab le vérité. " Y. onney sore o eeo nor os reso ms rrnos e n
rneso d'rezzo) O cit., p 6.
7. Poes, p 08 (Gmrd, Pris, 973).
tima agonia d Piro, qu st anos ants u prstara omnagm na Oxfod
Lite evi com minha primir a sqn cia íri ca m ings, Tose stange
hunte amparava-m ntão do qu o próprio Bonnf havia pondrado
quando, assombrado, rcordava qu um Botticli, potiniano artista cristão
por xc nc ia, trmin ara por r cusar -s a todo iman ntis mo pintara La De
relitta . Q u diz r fc a uma tão i ns prada r viravot a, vrdadira metanoia
pictórica Qu ai a crudad do aie-plan signif ica , ou sugr , o soim n
to da ama abandonada ao spao avz, mas onnf prfr concuir
qu, s d ato Bot tic i ncrra-s no tm po nfrmo como no nigma a u
cidar , cr aind a numa promssa, conf ia na via d saí da d uma graa. ão
parcrá muito, mas , como diria Brnson, o snsua ista, na vrdad qua
quer um daqus stritos anlo-saxõs namorados d toda ssa nobiíssima
prpxidad it does a ll th e dieence
79
construir-se das runas de todo roeto (ve-se neste meu ivro Ú ltimo o so
neto ); quando o ser, eché no se() di to già mi , confia na destina
ço final, apoteótica, de cada criatura, sem dispensa do que sofre e obra ain
da. Sei hoe que só a ssim se atinge o lug ar no mais de uma atar axia, mas de
ma aoria ilumin ante , onde ve r a mo rte, ou dissiála no unive rsl, como nos
mel hores mom ento s de toda grande arte (e e nso outra vez nos sustos de Fer
rara e nos a sso mbros de Arezzo) , talvez sem de to uma só e a mes ma coi sa
ertamente à luz da ase com que meu demônio uvegnt encerrava seu
guiamaa de toda uma oética da busca inc essante do r eal " u moins ou
un jet en nus n'est-c e s que nus uissions ele du nom oésie
N'est-ce s. ? lementar, meu caro tson! sim, sim, consentia eu qui
voulis bien; mas, ao abrir-se do enúlti mo decênio do sécul o, como seguir desen
rolando até os últimos aos o novelo de um ro eto ao qual eu acbara de dedi
car vinte anos de reflexo e duas co letâneas e m "ling ignot e stn, ara lem
brar o verso (e o exemlo) do jovem Milton, italinizante nche lui Obscura
ment e, e m 1 959 eu havia intud o aenas que sua hioté tica rea lizaço iria deen
der tanto da integridade do olhar em su a aderência ao mundo, ao real, ao que ex is
te, quanto de uma técnica da rte de dizer que abrisse a via àquela "música que
se z com as idéias, na exata e desafiadora receita de icardo eis ar a oe
sia. Ma s, assados aquel es vinte anos . . . Se com "as idéias se z ia a música do
ser nest e mun do todo erec vel, todo feito de brilhos lze s, a déi, sombra la
ônica no cho
samento, das subst
da liberdade ância
f eit s aristotélic eas,muio
ensamento, não menos
er ainda o tre ca
a músi mor vital
que se doz en
com
ele. Por outro l ado, o ogos, o Verbo, or mi s cris to que eu me quisess e à bei
ra dos quarenta , no arecia ao ex jovem es teta de ento um esteio suficiente a
garantir a cororificaço das músicas da mente. O pensamento que se encarna
e musicaliza o gaz, incrustandoo decisivamente no cous da lingugem viva
de um ovo a um dado in stant e, no rovinha no me tin ha em todo caso ro-
76 Bonney iria a ponderar o péripo eotiano nos segntes termos Eliot ns e Waste
u a fulé ressoure
Landparox/e ai myth de ulture
L'homme me.dns
s'est engagé Mais iluvais
en a méonnu
denirouEst-e
désirépar
montre
désespoir
qu'un vie plus haute a nqué? Mais si 'était le ntraire qui ft réel si la strili té métaphysique
n'était que la onséquene d'une mo inuiosité? N'est-il pas dit au hâteau du Roi Méhaigné
qu'une qustion suirait pour que le h se brise C'est l'honneur de pensée oneptuelle que
de qstionnr plutôt q répore. C'est l'honneur de tut pensée L'Oident a l om
mné ave Oedipe" (L 'ae et lieu de poésie" in Lettres Nouvelles Pars, março de 199)
77 nse dnn e givani amrosi / m'aostosi atto: E perh srivi / perh tu srivi
in ling ignta e stna / veeiao d'amore e oe t'osi?" (ohn Miton, e talian Pems
Sonnts The Carendon Press, Oxford, 17)
0
vindo mi rculosmen e do éu como o eus io cor o mor l ; nes me
hvi ssldo como o sereno à rdinh, celebrndo mis um di que se desfi
er e se er di en re ouros e ocres , ns ocid des e brum s des err rovi
sóri Ou, ensv eu o reler el m ilésim ve irreocável versão vernácul que
o oe Geir mos nos deu do Eisemit de ilke o ensmeno musicli
do, músic não "ds idéi s ms dq uilo que o r fice do sens vel "com
els , subi, sim, "ds ln cies erdid s n sudde, dquel es miserios os, ines
goáveis celeiros d r vil e d sensão imlável, "r cir dos céus so
bre cidd e os c éus, sem dúvid, ms sobre qul cidde? A idde dos Jus
os ent re cujo s muros, jusmene segundo Plão, não cbi o oe ? s sim
i como, risoélic oomi s or eme rmeno e r mã o, s sei merg ulhr
nos Diálogos, em busc de um snese imrovável enre meu senimeno do
eo en rmo e o universo imecáv el d Idéi m conseqên ci, our ve
rsguei resms e resms e, o con nuo, rous me recomor cpo meu sem
re nsiosmene neldo us gum o já inc onáveis ve es mlogrdo A Imi
to Amhece Hoje, dus décds de disânci, é mis ráid imer
são no que viri ornrse quele livro confirmme seu roundo renesco
com ese; o cso, dois exros do Seguo mimeto dquel rilogi, o A
te spito subiniuldo As tos
78. Cf Geir Campos, Poesias Rai ne r Maria R ilke (Phiobi bion, Ri o de Janeiro, 1955)
1
omo o ião rodn do só como o ião
com o o delrio circulr do beduno
n rei sol como quel roção
inerminável quele único genuno
senido d ixão do ser como o connuo
sem seni do do ser gir ândol n mão
d im erfei ão rodoindo ne noão
do cenro imginário o ono reenino
e m igrório do recário do des ino
ndrilho do coro ess e brilho em que v ão
se reunindo e disersndo o desino
e seus nsms convergenes corção
é s sim que vis d Alexndri d emoção
à Mec do rel cor ão er egrino . .
Cum universo rpi . Arecime enfm clrmene que quele meu
"rimeiro e derrdeiro lvr o ns vezes r ecomeç do eri que ser mbém
e sobreudo um jusi fcç ão fnl es e in fn dável rr zodo lásico flosó
ficom usic l . . . Nquele ex o mesmo c hegu ei chmr de inermná vel A Imi
tação Amanhecer segundo senenç de Vlé de que Auden f ri um
lem um oem só muio rrmene esá cbdo s mis ds vezes esá
e ns bnd ondo ; ms enho ho je or "qu se ron'' úni c de minhs
coleânes desde hver sido com os neirmene em orug uês Ve
nh ou não l ogrr dál ú blc o ind em vd o resene volu me qun
do não se j m is há de v ler como um eséce de r oscênio dquele um seu
nsido e rolongdo rólo go Porque só ss m só endo f n lmene em vs
o resge dquel reniene obsedne "romssór ude reomr o fo d
med nquele O uono de e rosseg ur é úlim s ílb cer b es
minh orurd e oruos leiur do que décds nes chmr o mundo
como idéi Amb ides ro um vez mis engolf do our v ez enr e dus vo zes
denr eim e ss im c om mi or deerminção ind no dr m d r zão com
udo iso e udo quilo n cbeç e rmdo ens de um esfdo fio de
Aridne enr dr senido à dul dficudde de levr bom ermo não
ens um ms dois livros enormemene imrudenes.
Porqu e um bu sc r doxl e il umnne n ão escr i mis med
çã o do mundo ds r ms e f undção de um l ngugem à luz de m séro s
imoss veis de elu cidr ou sequer de comor num sínes e reo usne
já não brim m ão d e conjugr em m m su s ex igênc is os idos de
té quele drmático Outono oxoniense vinte nos deois eu cegr os
contr rtes de u m oétic, mrndo dos rudimen tos de um recári f i
losof i d frm nt es mesm o de f inrme m vo essol ei s qe do
quilo me levr, onde seno o mosico vivo de Alexndri, às comlexs
ntinomis do esthanatos, à esqu in d mis nig e inco nci liável dels to
ds ntino mi OrienteOcidente Aos fins de 1 97 9 eu co nclu enf im
trvés ds trxis d construo mtemátic em rticulr d ógic Mo
dl que então me scin v e ocu v ntermin velmente or um met
fsic d er sectiv ssim c omo de um nt uião d rte (e em esecl d
intur como ntese d Hi stóri) c egr ntes à noo de "ersecv is
tórc como um mldião, um vtr do temo enfermo Psmvme que
"tudo quilo ouvesse comedo nos ntes que me usesse eqenr
muses e dentrrme n Hi stóri d Arte té or fim vir entender que
digo? té comer suseitr que geometri um temo mni fest e
ocult no visvel er congênit mbos os modos de exresso
Gêmes num mesmo gemido rte d intur e d lvr, longe de
se constiturem num diviso rbitrári, recimme finlmente como s
buscs erfeitmente rlels d mesm eini do sensvel ois que m
bs se dvm tr vés de um visão est últim cso eu or f im logr sse
êl cber stistorimente nos lexndrinos d A Imitação Amanhece
bitri enfim mdure do cnto do mesmo modo como neste livro
A Imitação Música eri ous do entre o verso e tel ntu rl e geomeri
cmente, m ve colocd em tod onestidde grnde questo, segundo
lio de Bonney nd menos que veri fico , ex osiã o e interro
go do rel cont r o fundo de "irrelid de d rm Por tudo i ss o, sem dú
vid inquietude qunto à suost "modernidde dest últim recer
me semre como um irrelevânci ed heing. Quisquer que fssem s
inev itáveis quest ões téc nico exress ivs u m ddo mom ento, frm ou er
trduo nturl e conci s erene e tul de vlo res ig ulme nte temoris
e como n ão?
m sum, esir
quele "rituis,
oetoou
emernós mud
que semort incmr
udesse orme de oesi em
nd diferi finl, d inerrogo filosóficovisul do mundo; e no do
mundo como rênci ltônic, ms como rião substntiv it
góric oscn rens centi st às moderns Al exndris c iti s do efêmero, o
mundocomotl é tl como rece, ms no é de modo lgum mer "re
cen; e se n rte ode vir ser lgo de muit o róximo àquil o q ue de fto
é, é orque esse "fo, jmis um mero ddo n equo, no oderá nn
ca estar mais qe precariamente "resolvido nas tensões do sensvel com o
frmal, do real com o pensamento Assim como na genna música qe se
com as idéias, no poema clara e organicamente ennciado, assim nas te
las e af esc os e vitrais e mosa icos e m qe a gr ande arte confronta a enf ermi
dade do olhar, adverte-se a imanência do eterno no sensvel em qalqer
desses difceis, frágeis trinfos, brilha perfrando a brma o mndo recon
ci liado para além das locas teosofias da Idé ia não por acaso o Ateniense
e o s tagirita dão-se sbitamen te as mãos no Phaon; jstamente no Diálo
o sobe a imotalidade da alma, ficara dito a una voce qe o pensador "não
ignora o qe aparece, o qe emerge, o visvel, o qe se vê como algo mais
qe m a pra eman aão da Idéia no reino sbstan tivo e mortal das essênc ias
i ok ano ta aonda
84
X NOI
dio orpel
escrio vol
ri do Nl
meir vede o 1c9ridor
58 sob
de insigã
Douve oMs
de Vnn e Andr
ne s mes ei eumehvi
mo qe che
gsse um resos (no enveloe or gulhosmene gulê s é n cl igrfi es
rid Chez Libiie Léonad Vinci a bons soins de M . Duc hiade ... )
já Ferreir Gllr em f ins d e 1 9 5 7 m e levr ensr e ver num o só. O m is
discreo denre nosso s grndes oes como o gud o eldor d vid ds f r
ms que já er or direio rovdo escrevi enão no Sulemeno ominicl
do Jol Basil, em des d concessão do Grn de Prêmio d V Bienl de
São Pulo Giorgi o Morndi que ele mbém o reri M rc hg ss im
como (e li esv o gr ão dese liv ro! ) o bildo eséico ou seri "esái
co? de Polo Uc cell o pref eri o mundo co ncil ido e geomérico de Piero
dell Frnc esc . See nos de sor mis jov em que o fuuro uor de
obable, e exos de oio meses nes de le fi sem dúvid com ess rime i
r lusã o um "segund simli cidde que o uor de A luta cooal come
ou brir me os olhos r ques ão do re l em ermos ds r es do vis vel
do simbólico e do concei u ss im com o do cno em que vid do es rio
une sus conrdiões viis sem cur de resolvêls num fórmul ou nou
r de um suoso e susei o reouso inelecul
ode recer esrnho que fosse recismene em vor do universo
menos geomérico que concilido do grnde recluso de Bolonh que o indo
85
mável vng urdis de en ão izesse su escoh m s ho e eceese qu e e
er consisene com su usc de um "or dem, ou eo menos de um hie
rrqui do es írio que ous ess e às cc onis do l irism o onírico go mis qu e
s logoni s do conc eio deci siv conriui ão um ovem oe em rmão,
ão erlexo quno dissisio ne s cosmogonis visionáris de Jorge de
im e s reduões crins d líric às eosois "vérysnes de um
"oeividde de cunho idelis, cuo viés mneiris, de reso, não oderi
senão revelrse cd di mis conceiu is esrnho ind me rece
hoe qu e me ss e ddo erceer enão, ou ne s, inuir nque ri mei o o
sião de comlemenres, os elemenos de um visão cuelosmene uniá
ri, à qul scender el conugão de dos modos de um s "imião d
músi c que qu e se z com s idéis nes de r ecer enre o s nems
e os incéis que se á em ângulos os esos de um el e que nim
os com sso s do emo num oem ms são ecos de um de n ingíve ,
e zemse de o "com s idéis, se semre oliqumene e um lo re
o s não é menos cero que ms morrem igumene suocds e
déi, em ou eim cenr d ese li vro
es ri g r mscc inm ene o dev ido ruo àquele que f o sem
dúvid nosso mior inquiridor do e d rm como one enre s dus
lngugens, ou mrgens simlics, de que se ocu es coeâne ogo o
início de 1959 urilo endes reunir sus Poesis omplets, que se se
guiri, no nvern o dquee mesmo no, empo Espnhol, cermene ouro do s
cumes em su desine or oéic uvi rumond conessr enão,
lrice is ecor e ry de liveir, hver "síd o esmgd o (s c d eiu
r do volume d José Olymio, e isso mlgdo s reservs que semre fzer
à oéic de seu conerrâneo e coeâneo erguhei o conínuo nquees
volumes-u nive rsos neles enconrei, mis do que food for thought, um insu
ordinne con ron o às r eocuõ es em que m e hvi reciido eu
ão do ensmeno de Bonney em meu ind inciiene universo men
u rilo
rável doémun
en redons
dso oe in
rms comoor exr
or nur ez, su
esso ns visão
dimen sõesdodemundo é inse
u m qudro, de
um e scu ur, de um chd r quieônc , de ququer "ocuão d o es
o emo e eso conugmse nee com um udáci e um riho que
não rro mem unidde rorimene ierári do oem s unic
dde de su Weltnschuung não oderi decidir or um rimz de lngu
gens, ddo que r ele ver e dizer são modos simeses de erceer o mun
do, o rel, o ser omo o queri oleidge, em uro "to see is only lnguge
onseqenemene, a sua é a mais amla e envolvene visão da are
como roscênio de uma onologia, e não como mero "fnômeno de culura.
Que há nele uma Kultukitik não há neg á-l o m as, ara lá dessa f órmula um
ano esreia, me arece esboar-se coninuamene em sua obra sobreudo
uma inerrogaão, a mais abrangene aé enão enre nós, das maries e varia
ões da exressão arsica no Ocidene a sua é a busca de uma dimensão
cosmológica da are que , gêmea do ro blema do ser , nã o aceias se in serir ne
nhum eseicismo doublé de sociologismo rseiro enre a erceão do real
e, como diria ele, a cosiddett erse civ a hi sóric a . . . om Murilo cre sci afir
mando-me crisão enre o melhor de que me havia cercado enre o maeria
lismo iluminisa de abral e Gullar e o visionarismo veladamene agnósico
de Bonne fy ive des are en ho buen meus ex aos an odas como
qua ro onos cardeis n uma s ó verificaão do mun do, do ser-no-mu ndo e da
visão que nele se afirm e se vai refinndo. iveos sob o lume da fé, que a
quanas direões se roonham a odas ilumina e susém Não sei de exos
mis insignes, mis insruivos ou mis desconcernes que aqueles an
os em que o gr ande ui-f orano eur oeia va vale dier cla ssi cia va suas
visas sem nada erder de uma fra elúrica que fe dele um dos mais no
bres e bem equiados esrios de um Brasil ar ci o, universal e único n o a
norama da ineligência ocidenal. No esao dese á excessivo rólogo seria
imoss vel dar anos ex emlos quano indi sen sáveis ao ene ndim eno exa o do
que afirmo Ma s creias e sem o desaf io, o exemlo e a liã o de Murilo M endes ,
não eria como darv os hoe es a min ha lei ur do qu e c ham o o mun do- com o
idéi sem ele não eri viso a unidde or rás d leor de mundos dese
mundo sub specie motis, e menos a inegridade do mundo ds formas como
o ra ei de dr aqui , sub specie etenittis.
Fragilssim o ins an e, o de qualquer viór ia do esrio liv re, canoro, rea
lisa, visionário e cons ruor , sobre as ira nias enadoras d o conce io ! ne n
dio aos oucos , ao longo dos see ione iros anos em que menav a esa col e
ânea,
soub e-onão menos
cedo, que durane o ero
in snaneamene que,decomo
séculoqulque
que g asei comondo-a
r inor m as
, nenhum oea
di nada, nem mesmo aeiro, sem uma filosofi da form. nenhuma filo
sofia afirma o que quer que se sem nes verificr, confirmr e agravar o
mundo, o mundoc omo l. s e "roeo e m mim desde os fin s dos anos 50
esa s poetic enre duas ares, ese arraoado em defesa do real, ese meu
rebeno dileo, o ródigo, o fvorio, O Mundo como Idéi, aqui fica afinal,
surreen denemene fiel, senão mesmo obsinada mene r óximo àque les di as
7
e inensa perpleiae juvenil. Mas ainda assim, ou por isso mesmo aqui
fica anes assouv que prono e saisio, porque aina e sempre convico
e erar "o empo a iviso e o mal... no enano, acrediasse-o ou no
o quase-m enino aqueles i as p inor- filóso maqu e pai o omem-poea
e oje era me smo ver ae para além as sen enças o c oncei o começa va
uma liberae. De ireio e fato
Niteói Pásoa / Adveto
88
N MN
Ç Ã O M O G M
A Ivan unquei
com um
cso equnimiddeque
inerelssem impressionne
diri?
Nd our ve , ou me nos que o exmne
Ü BSMO
Ü NMGO
nesse ermo
ss à imobil idde
de lgum voros eternidde,
um remoto, erfeito, irremissvel
igo motis
o simulcro de m relidde
susens en tre os dois mundos como um vór tice
105
Trinf o reço
à hipotens e m l vi?
Ao cbo, poco mis o qe noço
do rel como m ddo ind iferente,
mero de ndo às morális d eqão ;
o ser enqn to hipót ese, figur
sem lgr o funço n rquitetur,
no ser como m ddo, jstment e
livre d opcidde d critur,
o ente en fim c omo ctegor i ,
o s inglr segno edço
de
qe,mprcel
orem f rmlssinri
prcel, , de u m hrmoni
noss senten sem pe lã o
já no se d iga
o imerene e oara o doce , o frágil,
inexato,
mas ara a criatura em seu co ntágio
elas bres de m sol em agonia
a solene, a tardia
eru o d a l ergendo os braos
e entregando-os à cru que ni nguém vi a ?
111
V
Só enão
como o sonho
a esáua dehu manoseu
sal em redesero
desero
há de acordar ara reco nhec er
nessa sabedoria de in sensao
mais u m obje ivo correlao
daquela absurda enaão do ser
o mal da i miaão do amanhecer
de
dasqe a mene
v ariões doéNmda.
sismógr servio
113
VI
Penso no Pisanell o,
sa mão en revada
figrandose m camo, m erdig eiro,
m nicórnio, ma vi rgem siiada
or mansas semre-v ivas e comar o
aqele mndo, imrovável, é claro
mas renhe de eserana,
e a arena , o icadeiro,
o alco fnasmal de Paolo Uccello
rgoni
d semre
d elueme seu
lugrmisério,
figurões de um fgo-fáuo ens,
irreocáv eis e i muáv eis c ens
de um bildo de sombrs o sol-ôr
dn rimic e lunr
d lu conceiu num c emiério
que é Pul Vléry, fino mdor
de sombrs, desisiu de idelir
A hioenus, erendiculr,
o rnse rlico
do Mesre eduor,
Grão-V iir cô nico- nlico
enf eir s msmorrs do conc eio
co m eri e o fr or
do demiurg o louc o,
cero de encurrlr mdrugd
num cálculo erfeio,
udo is so vi s sr
É eserr mis um ouco
elo f im d c d
1985-1999
115
O UT THE UT
CEG O D E ARE O
Virgn
n lu i oolf
como en trou
no ce ntro
de um mistério mior
i cercr or dentro
o temo exterior!
No entnto, se tocou
tlve quel tei
de que o ser se ro dei,
não tolerou urg ênc i
do imur o, do que dur
como o nó d existênci
escou-lhe mtéri,
enredou-se-lhe s
e gr resvlou
à mrgem do mistério
renunc indo o vôo
m temos de msscre
lu tem semre o cre
sbor d crne em brs,
d lm crbonid
que el não suortou
120
A ura agada
acercar a-se um dia
a yon Srachey e, a sério,
ergunara ao amigo
se sobreviveria
debaixo dágua, o abrigo
com que sonhava urgia
rová-lo orque e nfim
no sabia . . , assim,
cer o dia c inento,
saiu, fechou a casa,
deu as co sas ao v eno
e rocou de eleme no,
ou de onoao
recosou-se dearroio
aoio
e desmanchou as asas.
Il i. 0
I Ü B RD O D HOR LYL
Já Yes e lu
lurm coro coro
em meio à escuridão,
pel m esm pixão
de um corpo não, d sombr
que o subsiu.
A noie se dedu
d esrel ou do rol
qundo resos de um sol
obscurecem o di
onheceu ouco ouco
como sngrv omb,
como se precim
oesi e cicri
e, se m mudr de lu,
i endo permu
não de u m c orpo por ouro,
ms de udo o que quis
pelo pouco que hv i
ou se j por insino
122
esqudrinhv o chão
à mneir do louco
compondo o lbir ino
Foi como emranho -se
nos frrpos de um fio
que finlmene o rouxe
m queimd, um clro,
um âmgo vio
runs de um orre
convidvm o vro,
o núbil corão
posr no que morre.
le ceio-o. não,
pedo
erguendoporem
pedo,
pleno e spo
orre e m cn ão,
enrou! Um minouro
nquel rev espess
levnv a cbe,
devolvi-lhe o olhr;
pressenir m irmão
nqele monsro doce,
er com o se fsse
o dono do solr
e vinh-lhe o enconro
com idên ic rese
expecane de um cão!
Pels mrc s n pele
do ec ema solr ,
reconhec er nele
seu velho horror à rev
e, do in sane em que o monsro
esender-lhe a mão,
enregra-se ele
como noie o clrão
23
Ü MGO D CRN
m eonrdo lu
er re d chve
lu de um bern
como d eeridde .
xercendo o direio
de recodificr
os reinos do imerf eio
e s sombrs d ver dde,
rou de combinr
os fios de u m er
n convergênci clm
de um ro so quse
e invenou-se de ve,
cvern
onde coubesse ce
em que flen e o fgo
unidos se bsssem.
Não er bem um jog o,
exceo r lm
que, odendo osr
n lu enre os dois mundos ,
não hesiou suve,
ersusiv , enouo,
levouo lém do vôo
oris mis fecundos
que qulq uer gru um venr e.
Ins ólio l ugr
um mesre ão conciso
n re de invenr ...
Algo enre o njo e ve
ensiv um sorriso,
sugerilhe "nre,
é ermiido enr r.. .
12
Será mesmo locra
dedzir de m olhar
ergnas e resosas
enre o arisa e a figura
qe acaba de in ar?
Oo dialogar
criador e criara,
o anes, l eo os lábos
do arcanjo enador
e, se vejo de cosas
o vlo do inor,
sei o qano é reciso
de desemo r aos sábios
qe se limar
aqele negam a crzar
enre a lz naral
e aqe la l z rjada
às csas do r eal,
a lz conceia.
Por mais qe enha a chave
de inferno o araso,
não exis e grandeza
no geso qe in eronha
ma só incelada,
o o verso mas erfeo,
enre o insane moral
e as lendas do conceo
a vaidad e e a beleza ,
o verdadeiro e o vão,
qando arilham m le io
engendram ma raião
Sa Ú ltima Ceia
eonardo a comlea
como m oea la
co o mndo-com odéa
125
já n Vigem gut
o njo en o oe
O njo que não exise
ms sbe o que ele sonh,
l-lhe e ele resise,
que já não escu
quel criur
que cb de in tr,
e o emblem d re ur
consene em se clr
O Mesre enão, d entrd
gru orc ulr,
reribui -lhe o sorriso
ms recus-s
deixo o seue rso
en rr,
e bix o véu do olhr.
198-1992
126
S E RNGE U NERS
II
III
IV
Oxfrd, 1971
N iccoõ a oetio o Tíc atalha, Paoo cceo. Paie cetra Natioa Gaery ores © rbi lg
CCOÔ D üE N NO
üNDOTERO
é m
poco
dolo serve rebelrnos,
inocável orqe e srdo,
e estritment déi
ind qnd o em g olds irônic s o snge
sbmerj ods, ods s colméis.
Um fto de qe i compnheiro constnte
199
131
OBR S RRO QSR
M S M F
1995
132
CC D E NN
N D E R
Oxfrd 97
133
l i ÜN H S EQ ESR N OR
N S M F
Oxfrd, 93
34
H ES DE üEN N
(Vene 1 56 7- 1 96 7
II
A cabeç a n o centro,
aos esinhos enrege,
orém os olhos ven do
a escridão que os cega
O c rclo q e nega,
desrói a morte, en ra-o
como numa visão
na rendição aos rros
enfim a redenção
da carne tortu rada
A dor como a canção
do sa nge e o sange aos berros
entre a raiz e o fruto,
roclamando a nidade
da árvore e da terra,
do anel e da mão,
o êxase, o absoluto
136
A PE PPO N DO ONO O
Ü
m tml to renids ,
s c ores d erdid Pimve
vão ret ornr, virão
nm enchente de ss, luv ião,
úrr, semre-viv, nscitr
es trnhez do mor d critr,
constelão descendo o rosto e
é le, é O qe reúne o corão
e o grnde ne l d es fer,
o col
fogo,n de
lng
lz erodend o, o i nc ndi o vivo,
ciel
qe se erde . . .
Qe eu
Ó péala inocada,
hás
inendesasofrer
madr gada
e nm lago de l como afgada
hás de drar sspensa
enre a graa imoral e a dor imensa.
.
Abrme e erdo
minh crne bnid
ds coiss dest vid
qe gor se m e vo,
cd v e menos minh
qel crne tinh
qlqer cois d r essa,
d romess d vinh
neste mndo, e gor
qe e virei ânfr,
será l n g oni ,
ma vel de c ânr
cjo vio chor,
me Filho , ess legri. .
11
III. V 'A C
98
142
ONTORO ' P PON P E
"is en, ou rs
is silent sk s o eve
n bndoned lig h since he h nd
hich ook he breh s undone
by he ouch hey gr ieve
fr he unelled sem
on r chd lnd
Here 1 a wi th hee
whose whiser is brought
fro fire dark and fresh
that 1 can say to flesh
given and lost Be
what ere bod y is not ,
what sou shll neve r be'
O kis s nd cove r e
Floen, 1 9 / Oxfd, 9
16
N E P R D E X F O R E N Ç
arara quase
feitos ara u àdeserto
on taadosjesto
eusso;é s,
aarr otara as dobras do eu an to,
feinho, e u sei, as ( só então
é que eu ui dar or isso ) be jeitoso
e ais que aconchegante
ara o tardo retorno da vijante
17
(ó asas inhas, tão cansadas da ascnsão)
nos abertos cainhos
da volta , da dif íci l di reão
oei a decisão
co certa ena, as enfi, qu iot?
Ningué ostrou- a orta, não é nda
assi coo eles co nta fui- bora
orqu e quis Rsungu ei não adianta,
que anda s fzendo or aqui, Rear ata,
a su osta rotetoa d uns gigants
todos tão f rtes, t odos tão brilhnts ,
tão belos, tão achistas,
edeles
tu tão guardadinha
todos, or les sos, gnt chta
a consirar grandzas dsoladas
e arrrogantes, a grande viada
dos teos huanista s
oda essa ul tidão ilu inada
anda uito ocuada
ara a dor, ara o aor,
vai-te ebora, Rara ta,
que esta cidade te ta
150
N E P E VE S f O E N E
What elseby
lo g ket coug iants
ld you
do,
al al e,
al too bright or too busy fr ai
or ove. orry to etio ; beside s,
1 was ot colaiig, 1 was
eat ot to otice.
151
nd yet
(wings not fr flying)
1 canno t recall one of the
bringin g his grief or joy 1 had uch
to share w ith the 1 see
to recollec t Fther s yng isten
it wsn't My choi ce be gld
it ws their id e . .
Oxrd, 9
152
B L LTE TT D E U DO V NT
1959
15
VESSS
cabei
edi inencarando a desedida
ha cora ge ;
e eu cansao
e não lhes dei ouvidos, dei artida.
oas levaria
coo o resto, o frio,
e a solidão mãoo medo,
que escrev
Oxfod, 1986
162
Ü POTE N O B ÃO
II
IV
VI
VIII
their silhouettes
a darkess bleded
greater with
still was the dark;
coig dow
fro out ai sid e as fro ysel f ow,
ntrementes, Hafiz,
Wang We , Bash ô,
e quem nunca escutou
ai s do que a brisa diz,
o coraã o feliz
que sere se asou
da haronia do vôo,
do io da erdiz,
o unitário ercúrio
da al a oriental
co seu uro urúrio,
e ouquíssias sílabas
resue o u niversa l
e disensa as ibilas
172
ntre nós, com o oet
nte , Cmões, e oprdi,
o ut or da Ballatetta
e aquela imensidade
que é Fernando Pessoa
e são hskesere e Goethe;
Rilke vgndo to
entre o njo e o comet
que deslumbrou Murilo
e rummon d tud o qu ilo
que é gr nde s e aequen .
Como eats e li ot
o lamentav am , o belo
qui não v le en.
Ou vle? Que conceito
redime e scuridão?
Que ode um corão
correr elo eito
ocidentl e eleito,
ms at rás d rzão?
ste mesmo soneto,
que bu sc erfeião
como cois d mente . .
h, soubéssemos nós
indiferentemente
desmrrr os n ós
do esírito doente
e destr a voz!
173
Mas ão ocide ta is,
ou asceos assi,
ou ão zeos ais
que partido do fi
cogi tar u coe o;
para ós o u iverso
percebe-se ao iver so
coea os do a vesso
e acabaos co tudo
etido a c bea!
O orieta é udo,
ouve o silêcio e parte
do ato, ode coea
a tentativa de romer
a absurda cro sta onde, oacos ,
simulacros de uma ca lma roem
em moviento emaeao,
eis a metáa, o sentio
ossvel e, em quea, escava
caa imagem, caa limite,
caa ágina . . . Foi ensa no nisso
que eu fiz do canto um meio e nunca
179
u objeto, u onto fixo;
orque subitaente o jogo
refz o jogador! Vertige.
. ÉDSE MORESE
HOHSE
II
t ou rta nt, on le sait,
bien d es jeu sont ibus
du eeille abus
dun rêve, ou dun souhait.
181
Or, si Méduse était
elle-mê me statue,
e ce regard muet
qui e meurt, qui ne tue,
jamais o 'aurait vu
miroiter qu'u ballet
de ierr es, u i mrom tu
de lus out es t refle t.
Ili.
ce
du bea u trait
visage disa
nais,
l'hyothse conue
aux quatrains ci -dessus
est doée o ur un it
hélas , Médus e était
elle-me statue
Peut-être à son insu,
ce n' est as cl air d'a rs
cet auteur frt eu lu
de nos jours, en eet
un arit incou
e vo ici , l 'oeil aigu,
l'air ussement di strait
de qui brd e un tissu
tout sile, tout discret,
voici c e ux silet
hésitant au début
et haletant eu ar s ,
un e fis arvenu
aux abords du somet
d'une fble véc,
182
comme alors on disait
et ui même aurait u
l'obs eer de r s
il rétend avoir v u
l'oeil du monstre qui tue
sans se aire des re grets ,
s'ar reter sur les traits
quelqu e eu im révus
d'un gros Narcisse nu,
lourd, areusement laid.
à il aurait alu
remarquer que c'éta it
sans aucun
avec raort net
un contenu
l'imag e ainsi erue,
mais son ré cit n 'a trai t
qu' la o rme (ou lase ct)
de ce nouveau venu;
sans demi-mots, sans lus,
notre chantre se met
à nous décrire l'intrus,
mi-hébété, c'est v rai,
engourdi ar l'abus
baveu de son reflet ,
mais, ds qu'il se sent vu,
aussitôt revenu ,
rerenant le dessus
comme si de rien n'ét ait,
sr de ui, bien reu,
bi en ort ant, on dirait
l'esrit vi vant des met s
les lu s van tés . . . Qui l'e t
dit ou cru Ce ortr ait
tout g oné, ce surlus
183
de soi-même, i arat
que, rise d'un accs
d'esoir inattendu,
la Mégre a aguêt s,
micoincée, mi-émue
ar ce moinsque-ar fit,
dans un élan ' avait
néamoins confondu
so lus doux souhait
elle avait tant voulu
avoir un frre cadet
atire
aucun nedeseson ais
serait
iaginé qu'il ut
en fa ire fut-ce un sonnet
Mettons qu'il d isait v rai,
que no us dit -il ? Qu'a rs
le déroutant début
de ce drae on dirait
ié, sinon issu
de ces files uets
o un onstre se tait
arce qu'un autre s'est tu
l'oeil blanc coe un oeillet,
son onstre ui, confus,
las de tout ce qui est,
aurait pourtant vo ulu
devenir eu rs
(que dis-je? tout--fait,
tout d'u n cou ) le jouet
de son rore reflet
185
On connat ce roc s
Ju liette aurait vu,
sinon un Caulet,
un dei- Montai gu;
Roéo, son jeunet,
beau coe un feullet ,
e sent ds le dé but,
a is quoi un yt he est r êt
tout our êtr e cru . . .
ussi, u n on stre éu,
éris d'un aut re, s ait
se tro e r sans qu'i l ait
se nier au f it,
l'heure n'étant
d'échanger sonasreflet
venue
our 'ultie onnaie
d'u n salu t san s écu,
san s Percée, susendue
en tre l'êt re et l'e ffet
(inou) que ui ait
e fscinant jouet
qu'e lle veut, qu'elle reconna t
de l' avoir confndu
avec son lus douillet
et laro yant secret
Méduse se eret
l'aour to us aziuts.
n attendant, l'élu,
ce rétendu cadet
qu'elle blaie ace 'ee sait
qu'elle-êe l'a cnu,
le voil bi en éu
se sentant reconnu
sinon our ce qu'il est
16
du mo ns our ce qu' et
voontiers devenu,
'hébété contref t
héste, mais s'y at
et sans lus de déas
se donne une statue
on Juan 'a ft...
N e ju geon s as, c e fut
en des tems désormas
be et ben révous
que c e touchant baet
d'ombre et de erre a u
anmer es statues
d'arain au yeu cragnat
dont Baudeare de ja s
qu'ees ne ussent revenues
un jour, tou jours , jama s,
tout 'heur e . . . Quand 'afft
de eurs désrs secrets
remlssat eurs souffets,
nos aeuls écrvaent,
tra ent de s monstres nus
de l'encre, cet engr as
des esprt s devenus
a roe de eurs su jet s,
c'est connu ce rocs
jus
en cequ'au bout;uquand
s fâche rocau
s, but
as u n ot ce qu i it
que ce alentendu
mérite d'être lu,
non as our ce qu'il est,
ainsi tout nu, tout cru ,
ais our ce qu'il serai t
s'il avait été v rai.
I ENO
Gorgoe,
jaais qunulso
est
insluu,
arat-il; désor ais ,
lêt re fais at frfi t,
os tete s e serai ent
que des sousetedus,
dailleurs leur seul attrait.
O le it e rs ,
dit-o, cest coveu
que jaais o na su
tro bie ce quo disait ;
dautre art (* e fraais
das le tete) , jamais
cest u ot désuet,
cest--dir e, o ladet
ais o e se sert lus;
os eforts sot cofus
ce o it quo voudrait
ire taire de tels abus
de ces tes-ci, vois-tu,
fute du bo concet,
on e f ait lus des lai s
ais des coter endus
189
Question de retenue,
de es ure, que v eu-tu
on se lasse, on se lat
à refire ce qu'on fit
de eur qu' on ne soit vu
un eu tro vite rêt
à cro ire un incon nu,
le suivre de tro rs,
se lair e da ns ses filets
Que aire ? O n se déit,
bien entendu, on et
tout en question, le vrai,
le vain , à chaque issue
on ni ecru,
avoir ce qu'on croy ait
on reet
l'irévu au arrêts,
on lu i fere ses v olet s
Puis, et our e u qu'on ait
pris bien soin d'êtr e ibu
de 'esrit dit d'ob jet ,
on et son coe ur à nu
sans risque d'être cru,
d'y cro ire . Ce q ui lus est,
on rest e conv aincu
de servir à souhait
les anciennes vertus
chres à nos Bossuets.
qu'o
c grossoit u euudiscret,
Narcisse
et beau coe u n av et,
si vra iet tu 'as vu
tu eu I'aier e a.
1 . SA O
2 . R S O
Partir, récidive r,
reonter jusqu'au sources l'affluent
du irage, oublier
ce coeur qui veut rester ari les brnces
filires, o vieillir
192
Récidiver, partir
incessament nentendstu pa s les cris ,
lélan des coq s, ce s ivr ognes déments
se réclamant de aub e qui b lanchit
déj ces m urs noircis,
ne crains-tu pas ce monde qui re vient ... ?
e départir, ouvrir
pour ne f ois les doigts aux dés dun vent
roulant, redescendant
les pentes de ce puits
on dirait quil na pus dautre souci
que de nous ire aimer ses av alanches
e connais c et ingt. . .
Vii éj ongtems
qu'i enten me teni u bout es oigts
e guêtaens 'ae
'aât 'un bout e cie
ont nu ne se souvie nt
ont o êe même us c i bas
N'en sos as u e écout ee qui it
qui u en enant soin
e ne jamais touche ces ieeies .
Pauvre
court fle , ta cible
ta erte
Sit!
Au terme du pssible
nus tmeons tus de
Récdve, at
à l'aube, devance la houe éanche
de tout coeu qui se ae d'un oub.
Ou n'entends-tu aas so d'c?
Mis si! C et été- là l onne fuite
sil étit encre temps
Poutn le figuier
ne saai pas aie suite
il n se i pas là po nus attende
nayan q op c hangé depuis l jour
o il mau vu dscnd
jsqu ce oue.
En ote la cohue
lmas d cs sttues
sans espoi dn retou
n sai pas nus suiv elles non plus
pas pls q e
d mel e d verge de ce qui fut
lndoi pi de lâm dsin
c qll aa pd
Ce q ésonn uto
l o d l ang
q n sai -i l?
195
h quoi!
Fat i q t out ca t'eni autant ?
S je ouche g ue
s je e ouge as
ou s'y fa ou ien à la ee
ou s'abadoe e ombe
ou s 'acqui e Visu ce 'a là
que l'ee quelquefos du ven das l'ome
ou sombe ou s'e va
Ne sachant o e ettre,
coe u ois son se eurt dans un f ilet ,
our un instant jai cru
que jé touffai s
cétait
deenos
so nnet , ui ait f i
aostasies,
uisque e vain dit v rai
VII . SONNET
Ce n'est a s la eine
de leu rer ton sort,
e arfu des orts
relissant la scne,
on retient l'haleine,
on rest e deho rs .
Ouvre-nou s ta vein e,
tout de ê e, encor e
t s ur terr e voic i
qu'il ' est plus sur la terre
qu' ue errate eff igie
ah c ouche -toi par terr e
et creuse to abri
rite de assage
ui squ'on v a aux cb es
aux creux des irag es
Si jad is et nagure
et eut êtr e et jaais
état lu s quen h iver
un rêve al rêvé,
et la pourpr e de m ai
et la brise bergre
et lâme dévoilée,
souvrant devant la flche
si longtemps oublieu,
peut-il la consoler
dautant de nuits gachées
à s écorche r les yeu ?
205
utnt dit das
cs infinis, qu fi
du fil de tant dirs
las d s'ffilocr?
On nosait ni
c qui eut être offet
sns qu'on lait dandé
futc son rêv ais
s ut- il e n effet
que lâe ouveau né
sac ecre s' nive
d sa bonn nouvelle?
ans les ains le ref let
d l'autre atinée,
laour au ied d lhb
t l songe du bé,
'lleurs,
coent our r c ,
u bout d'un rê ve c os, d' un cel sous ,
d'un rgne o ren ne eurt?
A Âgelo Moteiro
II
o istetas
o que tate dizer
é oritr
Óo,fugitivo,
ada de luto
tua f gueira é coisa de i uto
209
A S P O ET
II
dana descontinuidade
canão e do cisne a convegncia
e toda a lvua
oculta o que evela à conscincia.
V
msob a lhagem
rído qieta oocanto
de asas quando sol fz
ca i o fudo d a traa do uga z.
II
II
II
II
IV
O de tudo o que
holocaust o doseamrorfique o real.
acor da o olhar .
Cord élia assassi nada é esse local
VI
e oo eclise
ser abr que
aa aháIdéia . Existe Éo sol
no olhar. sere o ser
que salva o instante ou o leva a escurecer.
XII
somar
l z marinha aqe la
lhe o mndo lziro
i nte qe ve
vagam espi ga
deblhada do olhar. Já fi mendiga
no Oriente o mercante ali e além
II
dedas aioas
ver-se da e
esvoaçar te o ohar
se acaso visseque havia
a riso e que vi ve Ou no? Toic e?
IV
VI
ouTodos u dia,da
reerberao eluzo
queouhaia,
o, sol-posto
todos aaos e ssa aleo ria
228
ÇÃO DE MODE EM
i , as atura ete
do erro, da heresia ,
de que esta vida é triste
orque a care é doete,
dio-lhe ou eso) eu;
e a Sato rieu
ri-se outra
que o vez e"éiquas
é isso, sist ee . . .
Já a róxi a frase
isiua a oço
de que, ara o oltro,
só o tolo resiste
a ua outra soluço
be ais siles: saber
viver, orrer u dia,
efi deederia
aeas de aceitar
de todo o coraço
cada raqueza huaa
coo ua elocuço
do draa da razo,
dio-e eu, da arcaa,
doce e cotidiaa
aoia da luz . . . ) .
Há o pâico da Cru z
que os pesa o dorso
e o pp ié,
é cro s aé
23
há u a ideolo ia
que lorifica o esfrço,
há u terror de err ar,
especialete o edo
de o acordar cedo !
Co a ai s fia iroia
e toques de poesia,
aquela pea aos poucos
vai bordado etre os louc os
arroubos da criatura
ua oço ai s leve,
ais d oce, da avetura
da ala, e sse caroço
efurado
do orulho,o poçoas loucuras
e tre
da ete O sato escreve
seu audo copêdio
para apa ar o ic êdio
da her esia, as ri-se
da suprea tolice
do ser, des sa preura
e aperfeiçoar,
o a ala: "a carcaça
que alo a es sa criaça
diz ele) cuo lar
ela põe- se a arruar
quase sepr e deais,
at é que o destrabelha
e lhe cai outra telha
a cabeciha oca;
que a ala dura de touca
pois uita ascese casa,
diz e rediz o sato;
ais vale por equato
deixar a care e a z,
232
o t eta r eca ixar
cada cois a e seu cato,
as calo, quieto, udo,
pôrs e a descofiar
de si eso e de tudo.
III
do esfr
o ato de ço pel otoa
que ato ;
itaias diárias
para frtalecer
pela usculaço
as pores aliárias
do arcaouço do ser ...
Que o é ada disso
o o hoe e disse
ua sala a zia,
ua ilioteca
cheia de elhos lehos
e elos peraihos :
disse-e que o caiho
de qu resiste aos deos,
as assi e so peca
por cota dos extreos
e que a la alaça
e ai que e peteca
o ar de o e o
que a e lhor soluço
para que i a ass
233
é larar de dsfar ce s
ca r ora da daça
ates que cheue ao f
e ef resar-se
que dra! ) a pec ar
ates por osso!
O tr os eaos
do culto da razo
que quer a pe rfe ço
coo carptar a;
ot rse d e aar
coo u peso os obros
as solees vtóras
do ascetso
sobre os pobresbruta l
escobros
da care atural
otr-se d as lór as
de alcaç ar que o passa
por ss o de va lóras
etre a páa breve
e a o de q ue a es creve
etre os veres e as traças.
Ir otdo tudo
r otdo tato
o laeto o acalato
a elea e o louvor
que ossa até o absurd o
a ala tora-se leve
vraço o arcabouço
do corpo des sa ar la
que atura absos
o deseho dos ossos
e dos ervos rafsmos
de bo desehador ...
23
IV
a
dospopa
sohosedo
a itele
soberba
cto
que se presue autôoo
e, aido coo tal,
acaba por supor
e si eso o fiscal
do seu próprio labor,
da sua inania verba,
do seu louco etrôoo,
da sua ruta acerba,
ou seca coo o erro
do orulho o des terro
de ua bibliot eca
E s ua apolo ética,
seu hui lde seio
ao osso etedieto,
o sa to diz e coo! )
que o esprito eferio
o te des cofiôetro,
pois tudo, tudo isso
cabe u só oet o;
235
que exste ou tra maera
de c oce ber o fru to
do soho qu e m uto
a muto a alma tece;
que basta o pedr
em de ós em da mo
que os va esculpdo
seudo por se udo,
mas que a resaço
e o ocaso do projeto,
eométrco e ldo,
as ceo, do telecto
que pesa qu e coh ece
éirôico,
doce ouv i-lo ass i,
casado,
etaorfseado
e l ivro co desehos
e capa de arf i ,
as to pouc o ud ado
quato estes velhos ehos
que aida so coo a árvoe .
VI
II
Para-le-Mauia, 1 99
249
I N S S M
quecopodo
vai acoeteasos bichos
ais enjaulados
roucas dissoâci as,
auto-hiotizado, eseuido
o copulsivo ocio de exuma
pacelas descojutas de um iido,
II
e oque o Pedro
Odo Datasa surrupiara
distribura ao Nava
todo o bado,
certo de que o deuto os espreitav a .
IV
deouviu-os
Pi cass o,loaete a se
de Alai, de queixaria ,
Alexadr
de quase tudo, meos de Boa rd!
VI
dose parar,de
Quiteto coo a olmpica
Frac violaFinae
e seu
podo o acor de da mo te em seu luga
260
U S E S U S
. RESTES
N ESCRO
. C D
li M M
que é o Pessoa,
das fvelas do io, oo que
que éoua pessoa
fulao
de to quis dize, o eu eao,
e ais essa: you see tis Pessoa
II
Elizabeth Bishop partiu
coo partia sepre: se ancio,
se adeus , revoada o v azio
Só que, deixado a frase se assuto,
i terropeua iterropedo tudo
e cortou coo u tiro de fuzil
aque
oite
pelex icaa deste
os labiritos aquele
fiundo
o
tece a tapearia do s poetas
Yeats a cova, Wsta evocara,
o sei por que, aeroportos desertos
Naquele , etre sobres e cachorros,
de u corpo ierte, it i iotauro,
pedia u a cabea se socorr o
274
FNTSMORS
II
e aora
co o resto
os vidros é esse
de xar opesilêcio arfate,
por diate
e a orte por detr ás , c oo a reb oque.
V
oo
ftoe a ud asseua,
huao, às vez
e a es : h á ua prosa
poesa
a que r vesti r, fzer do ote a losa
VI
Quado a l uz abadoa
adociatura
chaco àetre
toaos dois udos ,
passa, c itila e some
os rades oibudos ;
ass aquele hoe
co os óculos iudos
e a oite o abdôe
279
Ü N W H . ADN ' S ST B RTH
D Y
Roud
with ocea,ad
obivio alie
salt,shores, c sad,
a ins over hs head
ureal hoecoi; od sea
of ever, vaue cradl e, ere part
of o certai whole, o his dream,
280
coa der of hi s so u who shal depat
aai, a sudde orrow whe the ulls
athered wit hou t rea so sha ll sc rea
oce ore r o reaso ; sea of old
si uto h i our ept so, si
what words ca ot, whate ver lull s
shadows to shadows ' rest. Let hi bear
upo othi a ai , othi a i
retured to o purpose. Lul hi there,
sea-ho ud, lic a shado w, bar, hold
beod reco itio that head .
I
IV
repreeera
açaha iual àaiha:
Darius Milhau
"E o obrigou
a over penosaente a ceia !
V
VIII
iaio a iraa:
coo o la iee u loco
para quié orirse es poco
vivir o va le ada.
Cooc ías a la aa
coo a sabor e u boca
II
por issooutra
adava quado a at tese
avalache il usória
ao seu ecotro,
dava co u lobo alerta e sepre proto.
295
ÁS R MO RT UÁ R
D E Q U SÍ MO DO
II
e perftas
Baixa palavras
as pálperas, truste!
dore, Polfeo.
Gal até ia é só pedr a, coo a ar te.
297
OZ LL N U RR
dade votaeurrada
sbita talvez o,deas ao doce,
áua ecotro
co o a u arcao istate se pre proto
V
VI
deaavarcia
cada claro-escuro era defeito
tabé: achava caro
viver à luz to tal do aor perf ei to!
VIII
dilNo seráaseador
iete, , se arreol.
serviç o do rá ercrio
Livre lure atio, eu te cojuro!
A Corrado Calabrà
III
V
Sorpreso, que l aico
sorride e i rispose:
V
VII
Lui, il Buoaetura,
e il Ciabue,
e il Berii , e il Braante ,
a e r vie, sul a sazz atura,
tati avevao ià
soato, poi dipito altre città!
Duccio da Buonisegna,
poi il G iotto e il Ma saccio, e tutti i quanti ,
ci hao detto e ridetto
che lo suardo si svegia ad ogni ist ante,
308
che 'aima va desta qua do sd ega
o 'etero o le frme, azi soltato
que altro modo detto
della s acra civ ett a, fra l'iddio e lo sc hiato .
IX
S'aic iava 'ora,
'oro dell'alba, e le statue degli iviti
scambiavao acora
gli stessi sguardi fissi; eur ciascuo
di tati occ hi m i sembra va 'uo
l'o cchio vuoto dell' altr a. . .
XI
XII
No estreito labirito,
as hieas do veto
e teu co rpo ca do.
escalaste sozi ho
as ais altas escarpas
se volta e caiho,
Porque loo
cofre a rra o apóstolo Joo
que d eu s eu oe de viso e fo
ao eu iro
dá-se o assobroso próloo
315
e, coo e Pat os aquel e dia ,
o espelho se auvia;
segu do aquele olhar que viu o Cristo,
desaparece tudo:
a vi so dá lugar
ao relâpago udo
e braco, as fta l, de u espledor
que todos aguardao s se saber
ou se querer, as todos se pesar,
e eto
eto tudo o que parecia
cheio de luz se prehe d e terr or
tudo estreece sob u só claro
O
hesiser, refé
tao o uo
etre o sohoatural,
e o pesaelo
co o ate o fsso a atra vessar a vau,
caiharia aqui, sobre este cho,
coo qe pisa
siplesete os refleos e ouro uo
à toa e alu taque iperceptv el ;
so b os eos a risa
uao a superf ci e e u ca o u o,
seria fbria trasparete o que supoos
o crculo copleto
II
V
por
paraapa
sevrar-te
detat
l uz. o
Por ele, o que hoje va
da resiraço
cotíu a da ama.
O coro é o autim
que a ama eva à boca
ara ver se to ca
as msicas daqui
Teu coro est á em t i
mas o é bem teu ,
é a harpa delicada
que caiu do céu
e ada earahada
os bra ços, as crias
do efêero, iício
da rade sol ido
Teu coro é a caço
que o aor cocebeu
e asceu soziho,
mas certa ah,
á a eio camiho,
coheceu a ir.
E aora e lebro
da lu z u poar ,
327
etre os abieiros,
aos fis de Novembro
lavado as chuvas
daque le Vero,
te u corpo primeiro
reou seus cateiros
e depois i dar
áua a os passarihos,
ates de ir podar
o excesso das vihas
abrido sozihas
os braç os o ar.
Eu te vi cuidar
de
masespias
tambéme uvas,
de espihos,
sei o quato eras
fiel como as her as,
ter a como os i hos,
firme com o o Cri sto
e por isso isisto:
Ele te marcou,
teu corpo é o irmo
da alma icotetada,
da rade exilada
que te acompah ou.
E o cheiro das uvas
e o fo do pêsseo
e a asa do morceo
desatado o vôo
cotra a escurido,
todo s esses brilhos,
todos eles so
teus como da alma
que a eles desceu
para acomahar-te;
32
do icio ao fim,
tu do is so z ar te
da esé ce de exí lo
que é a breve excurso
or este jardm
que já te esera va:
a alma recohece
todos os luares
que a luz embriaada
deste mudo tece,
tua c omaheira
do precá rio vôo
sabia a que vihas,
o viha
E a hora e
ma isaada.
rave,
teu coro se rava
o esmalte dos mares,
e etre as adorihas
que potu am os céus,
orque a alma veio
trazer-te e levar-te,
orque a alma qui s
desassossear-se
ara que v iesses
e tomas ses arte
um breve asse o
de retoro a Deus
Se o mudo é a moldura
o d e u ma ave tura
em que a alma delira,
as de uma asceso
cada vez mais ura,
talvez a liço
de trevas do abismo,
329
por ais que t e fira,
o te veha e vo:
à hora da aarura,
a al a seur a
pelo coraço
teu corpo à procura
de u poto fial
ao parox is o
da dor abissa
que te i cha as etrahas
coo u fueira
coedo otahas
As chaas alditas
da
sofesta
assi,c aral
estrahas,
as o te r ebele s,
perdoa a visita
dessa parasita
que tato altrata:
a dor só z al
a esse s trapos r eles
e que o c orpo abri a
a ala, essa edia
sepre, sepre à cata
da esola iorta
Tu, que aora a vês
to de perto e tal
coo se a ecotrasses
a prieira vez,
celebra esse ecotr o:
te u corp o está proto
para o triufl,
perfeito esposal
proetido ao ser,
330
maes aos aes
vo te ecebe!
Em t udo o que ohaes
tudo so disces)
ocua a aiz
da áo e en cantada
que o teu coo é.
Feliz ou infeiz,
fiaste o teu fio
nos duos teaes
deste mundo fio
e to av ess o à vida,
mas fste ovada,
fiada
no amoe tecida
e na fé;
aoa, já exausta
de sonha de é,
já fata dos f us tos
e endas de um mundo
a ecoa no fundo
de tantos soluços,
deita-te de buços
junt o à alma a té
que ela te adomeça;
incli a a cabeça
sobe a elva masa
que escala as colinas
do Pai e descans a
Se queix a, sem essa,
a alma te ia,
deia-te ina
e aceita, adom ece,
teu mal vai assa ,
como tudo passa.
331
N o te peço a f sa
de u osto de fest
as e xua a testa
co as co stas da o
e ouve o que te peço
coo se eu pudesse
saber o que d o:
a dor é u ex ces so
as a r aça o
raç é u cariho
do te u rade Aio
é rosa que o espho
por f obedec e
aIchaa
ta-a eaaceita
pétala
já s edes feita
e equ ato escu ece
deix a que e u te peça
que te dês ela
coo ela a ti
Eu uc or
e ca da sela
coo c as agora
se que o devia
tetar e fetar
de cil poesa
tua a oi a
as crê-e: o teu copo
o pode irse ebora
se var o sopo
do flauti da al a
ouve á a caa
que lhe sa dos lábos
332
como um acaanto
que só ea sabe
e o teu coro tato
tetara arender.
Teta adormecer
Tudo vai e vota
A alma anda solta
eos ara sos
mais oucos , cohendo,
semeado mometos
leno s e erf itos
etre as ivisíveis
colias do eito,
onde sora
que leva um traz
o que vento
orque t em razes
muito mais aém,
muito mais atrás
Cada coro ve m,
hesita um momento,
semeia, demora,
colhe, cata, chora
e efim v ai-se embor a
Ma s a ama o ,
a ama ode mais,
ode ir e vir
sem tocar o cho
e ode subir
levado o teu coro
que e la me sma trou xe
a este doce horto
que fica mais doce
quand o a oite cai
333
Va , Al ce, va
coo a flor se dexa
col her e levar.
O coro se quea,
a ala j aas.
O coro aotece,
a ala é adrugada,
vve levtada
coo a luz o ar
Talvez o coubesse
evocar a age
do gaso selvage
que fge e se afasta,
que abadoa
à rera o cho
arage
dos f s do Vero
a do cse basta.
Coo o cse desce
a cabeça braca
e trêulo arraca
do eto a caço,
cata e adorece
que o teu coraço,
todo só euce
e resaço,
bu sc a a o do Artfc e,
quer aquela Mo.
Dore, doce Alce,
que a cada solstco
e a cada equóco
este udo osso
tabé é f ctco
ar a o cse e o g aso :
334
o nc o emanso
é a essureo
e tu sabes dsso
to bem quanto o g o . .
Ah, po mas df íc l,
dua e taoea
que te seja agora
a ltma auoa,
no te doas dela:
achea-te à bea
da velha janela,
persigna-te e pesa
como há de se bela
tua derosa,
espant adera,
i mesa
tasfgurao!
Sobe como a pece
que o ju sto conhece,
que no se desvia,
e solt a a cano :
seás o estrblho
daquela alega
que u da ens naste
a todos os teus filhos .
Ens na-a a essa do r
que tanto juda
de u cise acio,
porque ela també
cabe a haroia
com que todo da,
ao pmeio alvor,
com o mesmo fevo
dzas amém,
partias o po.
335
Iit a a Maria
e perdoa a dor,
repete o perdo
quato ais te r
feroz a aoia,
cruel o a uilh o!
Lázaro te uia,
levata-te e ada
pela tua casa:
abe çoa o catre
e que te etreaste
à prece e ao aor,
vai até a varada
eQue
esca
te icara
porastaasas !
o cho?
Tu vais ais alé,
vais lá dode vê
a luz d o Vero
e o Cosolador;
lá vais ser a flor ,
a flor cu ja ha ste
é a o do Sehor!
Vai, sobe ao direito
lado Seu perito
e, aquela vo z
que o esquece os ,
co aquele jeito
de que aradece
o que o erece
o te ereceos)
roa por ós
Niterói, 1985
336
0 EM IT ÉIO IHO
D E AU A É RY
IV
V
Ah,deaquela
alu idescritvel
broze perdido de Rodi.
detadura
aeaçado o cachecol de l!
V
o fm
besta , sedamlt marsos,
remo lutaque
. . . Eo éabaoo
esse soo
a cratura me surge mas terrvel.
r Aoy Peaie
1 L
Os aos, os veeos, os Outoos,
tud o se a ga aos oucos, com ega os,
deois com deseg aos veh os huos ,
Á tias ais isossos que seeos,
já e ós esmos os ecohecemos
Os mlti los abaços que ab açamos,
as divisões avulsas de que somos
esto dei xado, esboço de es umos ,
tudo uma vez viv ido so efumes
eseguidos o a, as madaeas
o chá dos suc essivos abado os .
Que ass im so os Outoos e os cim es
que eveeavam e já o eveeam;
o que já o estam os ode os omos?
349
III. PRTD DE COÉS
II
IV
read
peace toitopouc
pieces.e ad tear
Share
i al eds up laued
deetudo
es saoesque
traha del cacedo
se acaba, queou
hátarde.
o f
Tudo, eos a casa de Leopard .
56
ITHAAMIUM
eDesoe
es trelas há uutrilho
quado e trez
sol se dó e
A Kátia Medeis
A
deuiha,
para irporà exelo,
fira coo a u tep lo !
Lá, co o se aspirasse irr a e ice so,
a if eliz ebebeda-se co o cheir o,
o sabor, o cotato
de u frutiho qualquer.
IV
A Ma Graski
II
Ue ooro
olorass
asipaiões
i e eeescapa
T eoora
ória
ere as lepras a ia e as a rr e
V
oe Helea
poo am eorea: escama
areprola ere aasea
escama,
e as eclas o silêcio ma cama.
V
V
rool
sol e r . . . Se por
l eol oeq
se a o
clia
à oa ia e a oe ia o ao.
ieldi, the parti was wit h the sou . . . Thei pea ble
edi i ouve rtures all too subtle or too sim ple,
sa as pebbles i a pod, this bei the ast ippe.
37
MP AÇÕES DE UM O AS O EM úNO N
(o u DE U MA UA -D E-M E SEM FO T OS)
ea si lh ea
sei as a vêsalere
o vaa
o ar
e e pei o: a jove aa-a
ela a Só o ees ocar
a laarea qe se apaa;
oa c haa qer se fech ar
V
dose ia edo
azios qe ,aormea
e el e pasaoa omem,
à flor
coo qalqer qadrúpede aôimo!
V
V
eas
ac ra
eleraroa e
peripcia
ora, essa
a lz do mao eadecer
A Octavio Mora
Passo a passo ,
aqela qase madrada, leo
e sicopado como o pesameo,
camihaas as dobras do silêcio
como m rio aemporal e braco,
e a a alma e seia assi m
sombra pisado m rio,
compl eamee e re e a o sei meo
de m is rarse às odas de marfi m
daqele slco lho qe a aalha
do eero eq ilibra a sobre o fio,
e m qe oro bar raco
reilaa de brmas maiais.
A MTAÇ Ã D A M S A
A Ferreira Gar
i debito
r te ageig os beaty is n easy gie re is o easg te ace
o gcel sorrow te last ligt lige bt te eyes grieve all te wa
e well be set or te a die yet te sog oce too oe tae
or grated y still prove arder to coe
e Yea te Locst Hat Eate
Cant o, fiho da uz da zona ar dente ,
coisa s que v i a uz, semre estrang eira,
tecer no ar e in evita vement e
ir bai ando c om modos de rendeira
ao tear deste mu ndo . vida in teira
vi me escaar a uz do so cadent e,
e é es sa ros a de sangue na f gueira
que agora arranc o às dúvidas da me nt e.
Mente o intelecto que se esque ce dea
Se a ura uz de leste se d sdiz,
a cada ocaso há no final f eliz
dedos
umanúm
uz eros da menteCon
de mentira. a bagtraatea
ela
fui tece ndo este can to de arendi z
que tão
pio tud o quanto
é queso
se efzse eela
uem vendo a luz sang fech n e
daasua
oite deste mu
v ocação do, e a luz
de irilamo , é g êmea
mas se u drama é a razão, que o aclara ou que ma.
dano que z
Medusa dade melhor
I déia escaa
e, bem ou ao
mal,oo
i nta o que mor re como um belo esboo
z-sas
a abrir e da luz da
portas quevismorr
oe. . .aQue
últimpena
a senha
Albert i duvi dar que o reino venha!
0
detradço
sacro nopor aqi édoa qe
Oriente se chama
mesma chama
qe arde entre nós na imi taço da música .
12
da luza pertence
Pintou todo
Idéa no ao pensamen
pintou o instante to
Ali nad a estr eme ce, n em o vento
16
18
20
pôaaparee orta
e oetra qe
e a ortato ao,
se par e aa ráes co o o ôo
22
24
e oa olhar
nele e Pie
equaço ro éé sequas
da luz u grafis mo :
e humana,
grave como o salgueiro sobre o abismo
26
dacolzr d
qar
o la
dsdaraa;
rra, o
a copa hra
alz ss
q a lz ab padc, scrcera
28
30
32
3
Coi tado
Qem não de
se sse o lhar
perde de réga-e-esqad
nnca se extravia, ro!
abre m c aminh o desen caminh ado . .
36
pesa
sep as aeço,
e ecâ ca qeaaaseeaa
a s aata
as aa é ea paa o Impeao.
38
o resto,
Resta qe oproisório
elo dia aaaelha
orteaqela
o )
o retora à coléia, ó iratido!
40
o ruto,
iero amouo Masaio,
verme e asa sombras do pomar.
or à beira
do ugaz, esumando-se no ar ..
42
nolanto
susto, u-a aqui , de f to e há
na inquietud de uma
direito,
pequena
homenagem à carne a mão no eito
4
surgir , bri
esrço de lhar talvez,
aderir, senãou àmleimal ogado
do ideal , a um real idealizado.
46
o eterno
a Idéa e o natu deu
amoleceu-a al
ao ecácee
pôs de molho
afnal mas feugem qu ferolho.
48
el ecomo u mn
pintou, dobr e no enterr
o sistemat izouo do conceito
quando deu perfeições ao que é imperfito.
50
do ventreaqui
conquanto de al
Piero! dia
caiba essainha,
daninha,
a i a, qe a inal o nosso assunto . . .
52
54
56
58
Senhoar!lz
aora A tentaço o anacoreta
o inst ante , a cortes
rborizano os lábios a anh
60
deapremia
eplênd ida pint
aim ra coroário
prefere o lado
mon men tal do er a o er ama do
62
A pnt
nem ra do ser
a deplora, jamaessa
most s a ferda
exma
qe nnca depende de ate nenhma!
6
66
68
eqanto esilhaçaa
a nidade, o otro, com prefigrar
como m tmpano
abrindo a ime nsi do de par em par
70
2
74
h á vrarat o Vros ,
o as bro to os , s a a sóbro
as para trgar o q scobr,
o o, ao cogitao. q ps
o pavo tltao pla ts
cors rrabas, l o obr
o baal so alávs coo o cobr
ooado pla v a a lse
jesté st o o s vo
, vao sogo,
ta-s à spr c , passa a o
a pl avlaa os pqos
talhs , porq to as o os
o q , rslta o o co so . .
427
75
76
78
coa ehor
erorzae eaVhsóra
ereero projeo
a proa o o ohar e a l her.
82
algo
e se iais ia ser, as
se recado, veio do
a evoada,
o go áto , as rgas no veldo
84
86
anapnça,
apaênca a aço
aoa c ontoç ão . . .
ontoo é o pnto essa volta.
88
deped
tudoe oeste
quemund o e vium
imagina, a opedigueio
pisioneio
oendo u m oss uáio ine xistente .
90
9
94
96
ee oviento
qando o hoe canta,
, o aor ao ve
qe o peracebêla
estrela,
prodz eco, a iitaço da sica
98
aceqer
it-loe pli
car-se
se o sepre
d oais
setarde,
prieiro
e o do cada e ais estraeiro.
100