CAPÍTULO 1: “O ENSINO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS/SOCIOLOGIA NO BRASIL:
HISTÓRICO E PERSPECTIVAS”
Por Ileizi Luciana Fiorelli Silva
No tocante deste capítulo, Ileizi Luciana Fiorelli, destaca a
representatividade dos temas de Sociologia, inclusos nas propostas curriculares do Ensino Médio. A premissa chave do capítulo, é viabilizar a discussão acerca da inserção de temas correlatos das Ciências Sociais, com vistas a mobilizar as redes de ensino, da importância de haver uma "adaptação" estrutural do projeto político pedagógico.
De maneira factual, a autora descreve os primeiros passos das Ciências
Sociais no Brasil, que fora incluso no contexto educacional, já no final do século XIX. Essa forma de institucionalização dos saberes de Sociologia, só foi possível graças também, ao processo de imersão de temas secundários, de disciplinas já consolidadas, a exemplo da História, Geografia e Psicologia, ressalta a autora:
Ao longo desse tempo todo, quase mais de um século, o processo de
institucionalização contou com lutas por autonomia das disciplinas mencionadas acima, que se estenderam até os dias de hoje. Os conhecimentos das Ciências Sociais entraram nos currículos da antiga escola secundária através da Sociologia. Entraram também via História, Geografia, Economia, Psicologia, Educação Moral e Cívica, Estudos Sociais. Mas, de forma explícita, e buscando autonomia científica em relação às outras disciplinas, pode-se considerar que foi com a inclusão da Sociologia, no período de 1925 a 1942, que identificamos evidências da institucionalização e sistematização de uma ciência da sociedade (SILVA, p.16).
A autora ainda destaca, que boa parte do conhecimento acadêmico
produzido acerca das Ciências Sociais, só passou a ter maiores proporções, já no final dos anos de 1990, com os famosos "manuais" de Sociologia. Num segundo momento do capítulo, Silva ( ) destaca as noções e interpretações acerca da nomenclatura e terminologias da Sociologia. Nesse contexto, ressalta-se que em alguns países (contexto acadêmico) as Ciências Sociais “compreendem uma gama de disciplinas, que vão da Economia, Ciência Política, Antropologia, Psicologia Social, Geografia, Estatística”, dentre outras (p.17).
Há divergências no campo das terminologia, destaca a autora ao citar
um dos célebres pensadores da área sociológica, Anthony Giddens, Passeron e Jose Arthur Rios. Para estes sociólogos, a História e Geografia seriam estariam dentro da área das Ciências Sociais, algo que para os pensadores e escritores franceses, a disciplina de História é totalmente distinta desse grupo.
As definições dos currículos para o Ensino Médio retomam essas dúvidas,
essas disputas e modulam as grades, hierarquizando as disciplinas, incluindo e excluindo tendo como movimento separá-las ou agrupá-las dependendo da compreensão e da força dos agentes e agências envolvidos na luta em torno do desenho curricular. Cada país estabeleceu fronteiras entre essas disciplinas segundo suas tradições intelectuais, suas origens históricas, seus estilos de pensamento (SILVA, p.17).
A reflexão que se têm acerca desta dicotomia entre junções dos
campos temáticos e disciplinas das Ciências Sociais, é pertinente no cenário internacional. Ademais, no cenário educacional e principalmente acadêmico no Brasil, o entendimento é que a Ciências Sociais constituem caráter apenas de terminologia, para exemplificar as "grandes e sub-áreas" do conhecimento de diversas disciplinas.
A pauta de discussão, assim como ocorreu na Europa e América Latina,
é que no âmbito acadêmico e científico, os cursos que englobam estas disciplinas citadas pela autora, são "enquadrados" dentro da sub-área de Ciências Sociais, ao passo que no contexto curricular pedagógico do Ensino Médio, temos a disciplina isolada de Sociologia.
Prosseguindo na abordagem acerca das configurações de campo e
pesquisa das Ciências Sociais/Sociologia, a autora destaca a relevância sobre as rupturas e continuidades de temas no ensino de Sociologia nos currículos escolares. Nas diferentes reformas educacionais encontramos a presença das Ciências Sociais/Sociologia e quando elas se destacam e permanecem por algum período nas escolas, surgem também estudos e análises sobre sua institucionalização e sobre os problemas relativos ao seu ensino nos níveis básicos do sistema de educação. Com isso, queremos ressaltar que há descontinuidade na produção pedagógica e na produção científica em torno dos fenômenos do ensino das Ciências Sociais/Sociologia, causando maiores dificuldades de compreensão desses processos e nas definições de conteúdos e métodos adequados às práticas de ensino dessas ciências, especialmente da Sociologia (SILVA, p.24).
Com base em estudos e análises, a tese central do capítulo exposto pela
autora, gira em torno da crítica acerca da necessidade de melhor elaboração dos eixos temáticos de Sociologia, para o Ensino Médio, sem a perspectiva de "divisão" entre ensino e pesquisa. Por outro lado, a crítica e olhar atento também, para a situação atual da Sociologia nos currículos do Ensino Médio e das possíveis reestruturações.
Em suma, a autora conclui seu argumento no capítulo, ressaltando a
noção de “ganho de espaço” que a Sociologia obteve ao longo de décadas no cenário educacional do Brasil. Tudo isso, foi possível através de uma longa articulação entre representantes da classe (sociólogos, professores, educadores em geral, órgãos políticos, etc) que legitimaram através dos mecanismos institucionais (LDB, PCN’s, PPP) que a disciplina ganhasse estrutura própria, sem a divisão temática que era empregada no passado.
Referência Bibliográfica:
MORAES, A.; GUIMARÃES, E.. Metodologias de Ensino de Ciências Sociais:
relendo as OCEM-Sociologia. In: Sociologia:ensino médio / Coordenação Amaury César Moraes. - Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010. 304 p.: il. (Coleção Explorando o Ensino; v. 15).