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(Recurso Especial Eleitoral n° 149, José Freitas/PI, rel. Min. Henrique Neves
da Silva, em 4.8.2015, Informativo TSE Ano XVII – n° 10)
DECISÃO MONOCRÁTICA
[...]
Observo que a ação de investigação judicial eleitoral por abuso de poder
foi protocolada somente em 13.12.2012, em momento bem posterior à
ocorrência dos fatos, e sem que tenha havido ratificação após a
expedição do diploma do requerente, que se deu em 19.12.2012.
Nesse sentido, reafirmo meu posicionamento de que após a diplomação
do candidato, para que a ação possa ter o efeito de cassar o diploma do
beneficiado, deverá haver a ratificação pela parte interessada mediante
ação de impugnação de mandato eletivo (AIME), no prazo de 15 dias
contados da diplomação, devendo essa ação tramitar sob segredo de
justiça, na forma do artigo 14, §§ 10 e 11, da Constituição Federal.
Entendo, portanto, que após a diplomação do candidato, a impugnação
do mandato, de acordo com a Constituição Federal, far-se-á por
instrumento processual exclusivo. A partir da diplomação, a Carta Maior
estabelece um único veículo capaz de retirar a legitimidade do mandato
auferido nas urnas, que é a ação de impugnação de mandato eletivo - AIME.
Conforme me manifestei em outras oportunidades, não consigo vislumbrar -
data venia da ampla jurisprudência desta Corte - outra forma processual de
se atacar um diploma, além daquele constitucionalmente previsto,
especificamente no art. 14, §§ 10 e 11.
No caso em exame, observo, em análise prefacial, que não houve a
ratificação posterior da ação mediante a propositura da ação de impugnação
de mandato eletivo, no prazo de 15 dias da diplomação.
Ante o exposto, diante da plausibilidade das razões recursais, defiro a liminar,
para emprestar efeito suspensivo ao recurso especial interposto nos autos do
RE nº 785-53/RS, e determino o retorno do requerente ao cargo de vereador
do Município de Porto Alegre/RS, até o julgamento do apelo nobre por esta
Corte.
[…]
DECISÃO MONOCRÁTICA
[...]
A apreciação do abuso do poder econômico e político deve vir
acompanhada de constatação de possível repercussão dos atos no
resultado do pleito, ou seja, os atos de abuso do poder político e
econômico devem ter potencialidade e probabilidade suficientes para
gerar distorção da manifestação popular, com reflexo no resultado do
pleito.
Nesse sentido, entendo que a compra de combustível e distribuição à
pessoas determinadas previamente não foi potencialmente capaz de
influir no resultado do pleito.
Quanto ao abuso do poder econômico mediante captação ilícita de sufrágio,
não restou cabalmente demonstrada a vinculação da entrega do combustível
ao pedido ou promessa de votos, motivo pelo qual não vejo caracterizada a
captação ilícita de sufrágio prevista no art. 41-A da Lei nº 9.504/97.
Concluiu-se, ante as circunstâncias do caso, pela inexistência de prova
robusta para a caracterização dos ilícitos eleitorais.
[...]
DECISÃO MONOCRÁTICA
[...]
O Tribunal a quo acolheu preliminar de inadequação da via eleita suscitada
pelos Recorridos e extinguiu o processo sem resolução do mérito, por
entender que a situação dos autos, de suposta utilização de certificado
escolar falso para comprovar a alfabetização, não se enquadraria nas
hipóteses de cabimento da ação de impugnação de mandato eletivo previstas
no art. 14, § 10, da Constituição da República.
13. A decisão do Tribunal de origem está em harmonia com a jurisprudência
do Tribunal Superior Eleitoral, iterativa no sentido de que a fraude possível de
embasar a ação de impugnação de mandato eletivo deve estar relacionada
às eleições ou à livre manifestação dos eleitores no período de votação.
Nessa linha, os seguintes precedentes:
"Ação de impugnação de mandato eletivo. Fraude. Inelegibilidade.
1. A fraude objeto da ação de impugnação de mandato eletivo diz respeito a
ardil, manobra ou ato praticado de má-fé pelo candidato, de modo a lesar ou
ludibriar o eleitorado, viciando potencialmente a eleição" (REspe n. 36643,
Rel. Min. Arnaldo Versiani, DJe 28.6.2011, grifos nossos);
"Ação de impugnação de mandato eletivo. Art. 14, § 10, da Constituição
Federal. Decisão regional. Improcedência. Recurso ordinário. Fraude.
Conceito relativo ao processo de votação. Precedentes da Casa. Abuso do
poder econômico. Insuficiência. Provas. Exigência. Potencialidade. Influência.
Pleito.
Conforme iterativa jurisprudência da Casa, a fraude a ser apurada em ação
de impugnação de mandato eletivo diz respeito ao processo de votação, nela
não se inserindo eventual fraude na transferência de domicílio eleitoral"
(AgR-RO n. 896, Rel. Min. Caputo Bastos, DJ 2.6.2006, grifos nossos).
DECISÃO MONOCRÁTICA
[...]
ELEIÇÃO 2010. REGISTRO DE CANDIDATURA. AGRAVO REGIMENTAL
EM RECURSO ORDINÁRIO. INELEGIBILIDADE. ART. 1º, I, g, da LC Nº
64/90 C.C. LC Nº 135/2010. FATO IMPEDITIVO DO DIREITO DO
IMPUGNANTE. ÔNUS DA PROVA. CANDIDATO/ IMPUGNADO. ART. 11, §
5º DA LEI Nº 9.504/97. REJEIÇÃO DE CONTAS. SUSPENSÃO DE
INELEGIBILIDADE. NECESSIDADE DE PROVIMENTO JUDICIAL.
1. A mera inclusão do nome dos gestores na lista remetida à Justiça eleitoral
não gera inelegibilidade e nem com base nela se pode afirmar ser elegível o
candidato (art.11, § 5º da Lei nº 9.504/97).
2. O ônus de provar fato impeditivo do direito do impugnante é do
candidato/impugnado. Precedentes.
3. É necessária a obtenção de provimento judicial para suspender a
inelegibilidade decorrente de rejeição de contas por irregularidade insanável.
Precedentes.
4. Agravo Regimental a que se nega provimento.
(AgR-RO 118531/PA, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJe de 21/2/2011)
Não houve, pois, inversão do ônus probatório, como alegam os recorrentes.
I.2. Da comprovação da prática de captação ilícita de sufrágio – ausência de
prequestionamento.
Os recorrentes alegam que a captação ilícita de sufrágio não pode ser
comprovada por uma única testemunha, o que aconteceu no caso dos autos,
haja vista que Nair dos Santos Rodrigues e José do Nascimento Santos são
casados, razão pela qual o depoimento dos dois deve ser considerado único.
Essa tese, todavia, não foi debatida no voto vencedor Tribunal de origem,
faltando-lhe, portanto, o indispensável prequestionamento.
De fato, a matéria enfrentada apenas no voto vencido não atende ao requisito
do prequestionamento. Incide, assim, a Súmula 320/STJ.
I.3. Da potencialidade lesiva da captação ilícita de sufrágio em AIME.
No ponto, os recorrentes alegam que não poderiam ter seu mandato cassado
pela captação ilícita de sufrágio de apenas dois eleitores.
De fato, a jurisprudência do TSE afirma que a procedência da ação de
impugnação de mandato eletivo por corrupção eleitoral demanda que a
captação ilícita de sufrágio tenha tido potencialidade de desestabilizar o
equilíbrio de forças entre os candidatos no pleito.
Nos termos do entendimento mais recente desta Corte, o bem jurídico
tutelado na ação de impugnação de mandato eletivo é a legitimidade das
eleições, e não a vontade do eleitor – protegida pela captação ilícita de
sufrágio. Confira-se:
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO
DE MANDATO ELETIVO. CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO. PREFEITO.
VICE-PREFEITO. CASSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE
AFERIÇÃO QUANTO À EXISTÊNCIA DE POTENCIALIDADE LESIVA.
1. In casu, o acórdão regional julgou procedente a AIME com fundamento na
prática de captação ilícita de sufrágio sem examinar se houve ou não
potencialidade das condutas para afetar o equilíbrio da disputa.
2. Tais circunstâncias se mostram suficientes à constatação de ofensa ao art.
14, § 10, da Constituição Federal, pois, na linha da remansosa jurisprudência
desta Corte, o bem jurídico tutelado pela via da AIME é a legitimidade das
eleições, e não a vontade do eleitor.
3. Em sede de recurso especial, não é possível que este Tribunal examine
questão estritamente ligada ao exame do acervo fático-probatório dos autos,
sendo necessário o retorno dos autos à instância de origem para que julgue a
questão de fundo.
4. Agravo regimental parcialmente provido.
(AgR-REspe 39.974/BA, Rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJe de 17/11/2010)
[...]
DECISÃO MONOCRÁTICA
[...]
Assim, consubstanciado na jurisprudência remansosa no TSE, de que não é
possível a discussão de transferência de domicílio eleitoral em sede de Ação
de Impugnação de Mandato Eletivo, bem como o de que a fraude a ser
discutida nesta ação é a do momento da votação, voto no sentido de reformar
a sentença proferida pelo juízo de 1° grau, afastando a tese da coisa julgada
material para, no mérito, considerar improcedente a ação, mantendo o Sr.
Yves Ribeiro de Albuquerque e Duflles de Azevedo Pires, respectivamente
prefeito e vice-prefeito do município do Paulista nos respectivos mandatos
eletivos.
De igual modo, pronunciou-se o revisor, afirmando que "essa inelegibilidade,
mesmo de natureza constitucional, deve ser objeto de impugnação ao
registro de candidatura ou recurso contra expedição de diploma, tendo em
vista não se tratar de fraude capaz de fundamentar a impugnação de
mandato eletivo" (fl. 492).
A questão versada nos autos foi examinada por esta Corte Superior no
julgamento do Recurso Especial nº 36.643, de minha relatoria, concluído em
12.5.2011, no qual se assentou que eventual causa de inelegibilidade, ainda
que constitucional, não pode ser enquadrada como fraude, passível de
apuração no âmbito de ação de impugnação de mandato eletivo.
Ressalto a ementa dessa decisão:
Ação de impugnação de mandato eletivo. Fraude. Inelegibilidade.
1. A fraude objeto da ação de impugnação de mandato eletivo diz respeito a
ardil, manobra ou ato praticado de má-fé pelo candidato, de modo a lesar ou
ludibriar o eleitorado, viciando potencialmente a eleição.
2. O fato de o prefeito reeleito de município transferir seu domicílio eleitoral e
concorrer ao mesmo cargo em município diverso, no mandato subsequente
ao da reeleição, pode ensejar discussão sobre eventual configuração de
terceiro mandato e, por via de consequência, da inelegibilidade do art. 14, §
5º, da Constituição Federal, a ser apurada por outros meios na Justiça
Eleitoral, mas não por intermédio da ação de impugnação de mandato eletivo,
sob o fundamento de fraude.
Recurso especial provido. (grifo nosso).
[…]
(Recurso Especial Eleitoral n° 3076543-48.2009.6.17.0146, Paulista/PE, Rel.:
Ministro Arnaldo Versiani, julgado em 28.06.2011, publicado no DJE em
01.08.2011)
DECISÃO MONOCRÁTICA
[...]
Com efeito, conforme jurisprudência deste Tribunal Superior, não é cabível a
propositura de ação de impugnação de mandato eletivo com relação a abuso
de poder exclusivamente político.
Nesse sentido, cito o seguinte precedente:
RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE
MANDATO ELETIVO. § 10 DO ARTIGO 14 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL:
CAUSAS ENSEJADORAS.
1. O abuso de poder exclusivamente político não dá ensejo ao ajuizamento
da ação de impugnação de mandato eletivo (§ 10 do artigo 14 da
Constituição Federal).
2. Se o abuso de poder político consistir em conduta configuradora de abuso
de poder econômico ou corrupção (entendida essa no sentido coloquial e não
tecnicamente penal), é possível o manejo da ação de impugnação de
mandato eletivo.
3. Há abuso de poder econômico ou corrupção na utilização de empresa
concessionária de serviço público para o transporte de eleitores, a título
gratuito, em benefício de determinada campanha eleitoral.
(Recurso Especial nº 28.040, rel. Min. Carlos Ayres Britto, de 22.4.2008).
[...]
DECISÃO MONOCRÁTICA
[...]
É cediço na jurisprudência desta Corte o entendimento de que a ação que
visa à impugnação de mandato eletivo, prevista no art. 14, § 10, da
Constituição Federal, é cabível para apurar a prática de abuso do poder
econômico, corrupção ou fraude, nos termos da letra clara do dispositivo
constitucional, não servindo, portando, para a apuração de possível abuso do
poder político ou de autoridade.
Por outro lado, é viável que o abuso do poder político seja apurado em sede
de AIME, desde que este tenha viés econômico. Esse é o atual
posicionamento deste Tribunal a respeito da matéria.
[...]
DECISÃO MONOCRÁTICA
[...]
Na espécie, os autores se insurgem contra decisão do Tribunal Regional
Eleitoral de Minas Gerais que confirmou a cassação de seus mandatos de
prefeito e vice-prefeito do Município de Carangola/MG, por abuso do poder
econômico e político, com base em dois fatos: distribuição de camisetas de
cor laranja na véspera e no dia da eleição e promessa de lotes públicos a
eleitores.
(...)
A questão de direito posta pelos recorrentes foi devidamente debatida no
acórdão recorrido. Observa-se que o voto condutor enfatizou que a conduta
imputada aos recorrentes extrapolou a ilicitude prevista no art. 30-A da Lei nº
9.504/97 para caracterizar abuso de poder econômico com seriedade e
gravidade suficientes para afetar o equilíbrio do processo eleitoral.
(...)
Ao contrário do pretendido pelos embargantes, questões referentes à
arrecadação e gastos de recursos de campanha (art. 30-A da Lei nº 9.504/97)
e à prática de condutas vedadas (art. 73 e seguintes da Lei nº 9.504/97)
podem perfeitamente ser conhecidas em sede de ação de impugnação de
mandato eletivo, desde que revelem a prática de atos de abuso de poder
econômico, corrupção ou fraude, tal como reconhecido pelo art. 14, § 10, da
Constituição da República.
Vê-se, portanto, que o Tribunal a quo afirmou que tanto as irregularidades
referentes à arrecadação e gastos de recursos na campanha quanto a prática
de eventual conduta vedada extrapolam a ilicitude prevista no art. 30-A e 73
da Lei das Eleições, e ante sua gravidade evidenciam, na verdade, abuso do
poder econômico, com potencialidade de influenciar na lisura e legitimidade
do pleito.
Quanto à alegação dos autores de que testemunhas afastaram sua
participação na confecção ou distribuição das referidas camisetas, anoto que
na apuração do abuso de poder não se indaga responsabilidade, participação
ou anuência, mas sim se o fato beneficiou o candidato, o que, conforme
acima assinalado, o TRE/MG entendeu ter ocorrido na espécie.
[...]
DECISÃO MONOCRÁTICA
[...]
A decisão deve ser reconsiderada.
Com efeito, pouco depois de proferida a decisão agravada, esta Corte, por
ocasião do julgamento do REspe nº 36.643/PI, relatado pelo Ministro
ARNALDO VERSIANI, sessão de 12.5.2011, firmou orientação no mesmo
sentido da tese defendida no especial a que se busca emprestar efeito
suspensivo: a ação de impugnação de mandato eletivo não é a via
adequada para se discutir, a pretexto de fraude, eventual inelegibilidade
de candidato a prefeito em município vizinho àquele em que exercera o
mesmo cargo por dois mandatos consecutivos (caso dos “prefeitos
itinerantes” ).
Nesse contexto, a concessão da liminar pretendida é medida que se impõe, a
fim de se evitar a perpetuação do dano ao agravante, decorrente da
impossibilidade de exercício de um mandato que jamais lhe poderá ser
restituído.
A situação, por certo, encontra eco na jurisprudência do Tribunal Superior
Eleitoral, segundo a qual é “[...] Cabível o deferimento de ação cautelar para
dar efeito suspensivo a recurso especial eleitoral ante a probabilidade de
êxito do citado recurso e o perigo de dano irreparável consistente na
supressão de mandato eletivo [...]” (AgR-AC nº 2.533/GO, Rel. Ministro
FELIX FISCHER, julgado em 26.8.2008, DJe 15.9.2008).
Pelo exposto, reconsidero a decisão atacada, nos termos do artigo 36, § 9º,
do Regimento Interno do TSE, e defiro a liminar pleiteada para suspender os
efeitos do acórdão do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas, nos autos da
ação de impugnação de mandato eletivo, e determinar a recondução do autor
e de Eraldo Pedro da Silva aos cargos, respectivamente, de prefeito e vice-
prefeito do Município de São Luís do Quitunde/AL até ulterior deliberação
desta Corte.
[…]