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Desde 1964 o Brasil estava sob uma ditadura militar, e desde 1967 (particularmente
subjugado às alterações decorrentes dos Atos Institucionais) sob uma Constituição imposta pelo governo federal.
O regime de exceção, em que as garantias individuais e sociais eram restritas, ou mesmo ignoradas, e cuja finalidade
era garantir os interesses da ditadura, internalizados em conceitos como
segurança nacional, restrição das garantias fundamentais etc, fez crescer,
durante o processo de abertura política, o anseio por dotar o Brasil de uma nova
Constituição, defensora dos valores democráticos.[2] Anseio que se tornou
necessidade após o fim da ditadura militar e a redemocratização do Brasil, a
partir de 1985.
Sessão parlamentar que então
Independentemente das controvérsias de cunho político, a Constituição Federal
estabeleceu a Constituição de 1988.
de 1988 assegurou diversas garantias constitucionais, com o objetivo de dar
maior efetividade aos direitos fundamentais, permitindo a participação do Poder
Judiciário sempre que houver lesão ou ameaça de lesão a direitos. Para
demonstrar a mudança que estava havendo no sistema governamental
brasileiro, que saíra de um regime autoritário recentemente, a constituição de
1988 qualificou como crimes inafiançáveis a tortura e as ações armadas contra
o estado democrático e a ordem constitucional, criando assim dispositivos
constitucionais para bloquear golpes de qualquer natureza.
A nova Constituição também previu maior responsabilidade fiscal. Pela primeira vez, uma Constituição brasileira define
a função social da propriedade privada urbana, prevendo a existência de instrumentos urbanísticos que, interferindo no
direito de propriedade (que a partir de agora não mais seria considerado inviolável), teriam por objetivo romper com a
lógica da especulação imobiliária. A definição e regulamentação de tais instrumentos, porém, deu-se apenas com a
outorga do Estatuto da Cidade em 2001.[6]
A Constituição de 1988 está dividida em nove títulos. As temáticas de cada título República Federativa do Brasil
são:[2]
Judiciário [Expandir]
Capítulo I: Direitos e Deveres Individuais e Coletivos;
Federação [Expandir]
Capítulo II: Direitos Sociais;
Outras instituições [Expandir]
Capítulo III: Nacionalidade;
Ordem política [Expandir]
Capítulo IV: Direitos Políticos;
Capítulo V: Partidos Políticos. Portal do Brasil
As garantias ali inseridas (muitas delas inexistentes em Constituições anteriores) ver • editar
Do artigo 18 ao 43 é definida a organização político-administrativa (ou seja, das atribuições de cada ente da federação
(União, Estados, Distrito Federal e Municípios); além disso, tratam das situações excepcionais de intervenção nos
entes federativos, versam sobre administração pública e servidores públicos militares e civis, e também das regiões do
país e sua integração geográfica, econômica e social.
Do artigo 44 ao 135 é definida a organização e as atribuições de cada poder ( Poder Executivo, Poder Legislativo e
Poder Judiciário), bem como de seus agentes envolvidos. Também definem os processos legislativos, inclusive os que
emendam a Constituição.
Do artigo 136 ao 144 são definidas as questões relativas à Segurança Nacional, regulamentando a intervenção do
Governo Federal através de decretos de Estado de Defesa, Estado de Sítio, intervenção das Forças Armadas e da
Segurança Pública.
Do artigo 145 ao 169 são estabelecidas as limitações tributárias do poder público (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios), organizando o sistema tributário e detalhando os tipos de tributos e a quem cabe cobrá-los. Tratam ainda
da repartição das receitas e das normas para a elaboração do orçamento público.
Do artigo 170 ao 192 são reguladas a atividade econômica e financeira, bem como as normas de política urbana,
agrícola, fundiária e reforma agrária, versando ainda sobre o sistema financeiro nacional.
Do artigo 193 ao 232 são tratados os temas relacionados ao bom convívio e desenvolvimento social do cidadão, como
deveres do Estado, a saber: Saúde (Seguridade Social e Sistema Único de Saúde); Educação, Cultura e Desporto;
Ciência e Tecnologia; Comunicação Social; Meio Ambiente; Família (incluindo nesta acepção crianças, adolescentes e
idosos); e populações indígenas.
Do artigo 234 ao 250 (o artigo 233 foi revogado) são tratadas as disposições esparsas versando sobre temáticas
variadas e que não foram inseridas em outros títulos em geral por tratarem de assuntos muito específicos.
Os direitos fundamentais, previstos nos incisos do artigo 5º, também não comportam Emendas que lhes diminuam o
conteúdo ou âmbito de aplicação.
A emenda constitucional de revisão, conforme o art 3º da ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias),
além de possuir implicitamente as mesmas limitações materiais e circunstanciais, e os mesmos sujeitos legitimados
que o procedimento comum de emenda constitucional, também possuía limitação temporal - apenas uma revisão
constitucional foi prevista, 5 anos após a promulgação, sendo realizada em 1993. No entanto, ao contrário das
emendas comuns, ela tinha um procedimento de deliberação parlamentar mais simples para reformar o texto
constitucional pela maioria absoluta dos parlamentares, em sessão unicameral e promulgação dada pela Mesa do
Congresso Nacional.
A Constituição brasileira já sofreu noventa reformas em seu texto original, sendo 84 emendas constitucionais tendo a
última sido promulgada no dia 2 de dezembro de 2014, e seis emendas de revisão constitucional. A única Revisão
Constitucional geral prevista pela Lei Fundamental brasileira aconteceu em 5 de outubro de 1993, não podendo mais
sofrer emendas de revisão. Mesmo assim, houve tentativas, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 157,
do deputado Luiz Carlos Santos, que previa a convocação de uma Assembleia de Revisão Constitucional a partir de
janeiro de 2007.[8]
A Constituição de 1988 incluiu dentre outros direitos, ações e garantias, os denominados " Remédios Constitucionais".
[9] Por Remédios Constitucionais entendem-se as garantias constitucionais, ou seja, instrumentos jurídicos para tornar
efetivo o exercício dos direitos constitucionais.[10]
Os Remédios Constitucionais (listados abaixo) são previstos no artigo 5º e no artigo 129-Inciso III, da Constituição de
1988:
Habeas Data - artigo 5º, Inciso LXXII - sua finalidade é garantir ao particular o acesso às informações que dizem ao
seu respeito constantes do registro de banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público ou
correção destes dados, quando o particular não preferir fazer por processo sigiloso, administrativo ou judicial.
Ação Popular - artigo 5º, Inciso LXXIII e Lei n.º 4.171/65) - objetiva anular ato lesivo ao patrimônio público e punir
seus responsáveis.
Ação Civil pública - artigo 129, Inciso III - objetiva reparar ato lesivo aos interesses descritos no artigo 1º (todos os
incisos), da Lei nº 7.347.
Habeas Corpus - artigo 5º, Inciso LXVIII - instrumento tradicionalíssimo de garantia de direito, assegura a
reparação ou prevenção do direito de ir e vir, constrangido por ilegalidade ou por abuso de poder.
Mandado de Segurança - artigo 5º, Inciso LXIX - usado de modo individual, tem por fim proteger direito líquido e
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data.
Mandado de Segurança Coletivo - artigo 5º, Inciso LXX - usado de modo coletivo, tem por finalidade proteger o
direito de partidos políticos, organismos sindicais, entidades de classe e associação legalmente constituídas em
defesa dos interesses de seus membros ou associados.
Mandado de Injunção - artigo 5º, Inciso LXXI - usado para viabilizar o exercício de um direito constitucionalmente
previsto e que depende de regulamentação.
Entre outros elementos inovadores, esta Constituição destaca-se das demais na medida em que pela primeira vez
estabelece um capítulo sobre política urbana, expresso no artigo 182 e no artigo 183. Até então, nenhuma outra
Constituição definia o município como ente federativo: a partir desta, o município passava efetivamente a constituir
uma das esferas de poder e a ela era dada uma autonomia e atribuições inéditas até então.
Com isso, a Constituição de 1988 favoreceu os Estados e Municípios, transferindo-lhes a maior parte dos recursos,
porém sem a correspondente transferência de encargos e responsabilidades. O Governo Federal continuou com os
mesmos custos e com fonte de receita bastante diminuídas. Metade do imposto de renda (IR) e do imposto sobre
produtos industrializados (IPI) — os principais da União — foi automaticamente distribuída aos estados e municípios.
Além disso, cinco outros tributos foram transferidos para a base de cálculo do Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS). Ao mesmo tempo, os constituintes ampliaram as funções do Governo Federal.
Assim, a Carta de 88 promoveu desequilíbrios graves no campo fiscal, que têm repercutido nos recursos para
programas sociais ao induzir a União a buscar receitas não partilháveis com os Estados e Municípios, contribuindo
para o agravamento da ineficiência e da não equidade do sistema tributário e do predomínio de impostos indiretos e
contribuições. Consequentemente houve uma crescente carga sobre tributos tais como o imposto sobre operações
financeiras (IOF), contribuição de fim social (FINSOCIAL), contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL), entre
outros.
No dia 5 de outubro de 2013 a Constituição completou 25 anos de vigência e a data foi celebrada em várias entidades
e movimentos sociais, entre os quais: foi o ato do Conselho Federal da OAB, em Brasília, que reuniu juristas,
lideranças de movimentos organizados e políticos que participaram da Assembleia Constituinte, entre eles, os ex-
presidentes Lula e José Sarney[11] . Na noite da mesma data o programa Repórter Senado da TV Senado exibiu um
especial de uma hora e 10 minutos sobre os acontecimentos, sugestões populares e discussões da constituinte e seus
desdobramentos nos 25 anos de vigência da Carta Constitucional[12] .
Em 29 de outubro de 2013 foi realizada uma sessão especial no Congresso Nacional brasileiro alusiva aos 25 anos da
Carta Política com a participação de atores políticos e sociais da época da
constituinte e foi entregue a Medalha Ulysses Guimarães para várias
personalidades, entre eles, Bernardo Cabral que fora relator na assembleia
que construiu o texto constitucional de 1988.[13]
A Assembleia Constituinte que promulgou a Constituição era composta por 559 congressistas, sendo Ulysses
Guimarães (PMDB-SP) o presidente da Assembleia.
Mensagem
Galeria de imagensdo[editar
Ministério
código-fonte]
da Educação
à
Exemplar da comunidade
Constituição educacional
brasileira de apresentado
1988 a Exemplar
distribuído Constituição Compondo Exposição de exemplar distribuído
pelo Ministério do Brasil de decoração impresso pelo Senado pelo Banco do
da Educação 1988. cívica. Federal do Brasil Nordeste.
Em formato livro
de bolso,
medindo 13,7 x
10cm, exemplar
Em exposição especial pela
em uma Encyclopaedia
biblioteca Britannica do
municipal Brasil.
Referências
1. ↑ Constituicao-Compilado planalto.gov.br.
2. ↑ a b c d e Thais Pacievitch (18 de agosto de 2008). Constituição de 1988 (em português) InfoEscola. Visitado em 05
de setembro de 2012.
3. ↑ Contexto histórico e político da Constituição de 1988 .
4. ↑ Quadro_emc planalto.gov.br.
5. ↑ Quadro_ecr planalto.gov.br.
6. ↑ Rolnik, 2002
7. ↑ SILVA, José Afonso — "Curso de direito constitucional positivo" 18ª Edição, Malheiros, 1995, p. 181.
8. ↑ Câmara dos Deputados (04/09/2003). PEC 157/2003 .
9. ↑ Aloisio Costa Siqueira (01/11/2003). Remédios Constitucionais .
10. ↑ Civilex. Remédios Constitucionais .
11. ↑ AB celebra os 25 anos da Constituição defendendo reforma política [1] . Conselho Federal da OAB. Acesso em
06/10/2013
12. ↑ A TV Senado nos 25 anos da Constituição Federal de 1988 [2] . senado.leg.br. Acesso em 06/10/2013
13. ↑ G1 - Lula compara Sarney a Ulysses em sessão pelos 25 anos da Constituição - notícias em Política Política.
14. ↑ Constituição da República Federativa do Brasil multiacessível . Visitado em 9/6/2014.
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