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MESTRADO

CIÊNCIAS EMPRESARIAIS

TRABALHO FINAL DE MESTRADO


DISSERTAÇÃO

O INVESTIMENTO DIRETO ESTRANGEIRO EM ANGOLA: ANÁLISE DOS


PROJETOS DE INVESTIMENTO PRIVADO APROVADOS DE JANEIRO DE 2012
A JULHO DE 2016

SADELINE SOFIA ALMEIDA FARIA

FEVEREIRO - 2017
Sadeline Faria | O Investimento Direto Estrangeiro em Angola: Análise dos projetos de investimento privado aprovados de Janeiro
de 2012 a Julho de 2016

MESTRADO
CIÊNCIAS EMPRESARIAIS

TRABALHO FINAL DE MESTRADO


DISSERTAÇÃO

O INVESTIMENTO DIRETO ESTRANGEIRO EM ANGOLA: ANÁLISE DOS


PROJETOS DE INVESTIMENTO PRIVADO APROVADOS DE JANEIRO DE 2012
A JULHO DE 2016

SADELINE SOFIA ALMEIDA FARIA

ORIENTAÇÃO:
PROFESSOR DOUTOR MANUEL ANTÓNIO DE MEDEIROS ENNES FERREIRA
PROFESSOR DOUTOR PEDRO LUÍS PEREIRA VERGA MATOS

PRESIDENTE: PROFESSOR DOUTOR PAULO ALEXANDRE GUEDES LOPES


HENRIQUES
VOGAIS: PROFESSOR DOUTOR JOAQUIM ALEXANDRE DOS RAMOS SILVA

FEVEREIRO - 2017
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“O investimento direto estrangeiro reflete o objetivo das entidades que residem numa

determinada economia obterem um interesse duradouro por outra entidade, residente numa

economia diferente à do investidor. O interesse duradouro implica a existência de uma relação

de longo prazo entre o investidor direto e a empresa, e implica um grau significativo de

influência na gestão da empresa”.1

1 Definição de Investimento Direto Estrangeiro dada pelo FMI


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Agradecimentos

A realização do presente Trabalho Final de Mestrado apenas foi possível, graças ao

apoio incondicional de algumas pessoas às quais devo o meu sincero Muito Obrigado:

- Aos Professores Doutores Manuel António de Medeiros Ennes Ferreira e Pedro Luís

Pereira Verga Matos, orientadores do trabalho em apreço, pela sua disponibilidade, prontidão e

apoio contínuo no desenvolvimento do presente estudo.

- À equipa da Deloitte em especial ao Sérgio Oliveira, Jorge Nadais, Sónia Gonçalves e

Mário Cardoso pelo incentivo inicial na escolha do tema e, bem assim, por me terem ajudado a

conseguir conciliar a realização do presente estudo sem comprometer as minhas obrigações

profissionais.

- À Unidade Técnica para o Investimento Privado de Angola pela colaboração e

disponibilização de dados.

- Aos pais, mano e avó, principal suporte em tudo, aos quais o Muito Obrigada é ao

quadrado.

- Ao Marcelo, pelo companheirismo e motivação em todos os momentos.

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de 2012 a Julho de 2016

O investimento direto estrangeiro em Angola: Análise dos projetos de investimento


estrangeiro aprovados de Janeiro de 2012 a Julho de 2016.

Por Sadeline Faria

Resumo

Com a atual conjuntura económica, caracterizada por um cenário de crise devido à

queda abrupta do preço do petróleo, Angola carece de alternativas que mitiguem a grande

dependência económica do sector petrolífero, nomeadamente, o desenvolvimento de estratégias

de promoção ao investimento privado, mais especificamente a captação de investimento direto

estrangeiro, enquanto fonte de financiamento externo e promotor basilar de investimento

estratégico para a diversificação da economia e simultaneamente, impulsionador do crescimento

económico do país. Neste contexto, pretende-se analisar as características dos principais

projetos aprovados pelas autoridades públicas competentes entre 2012 e 2016, por forma a

verificar se existe alguma relação associada a alterações nos indicadores económicos ou

alterações do enquadramento legal.

Com efeito, a investigação consubstancia-se na construção e análise de uma amostra

constituída pelos projetos de investimento privado aprovados em Angola entre 2012 a 2016,

tendo-se realizado paralelamente uma leitura político económica que visa destacar para o

mesmo período (i) os principais indicadores macroeconómicos que descreveram a economia de

Angola, (ii) as notações de risco país atribuídos pelas agências de rating para cada ano e (iii) as

alterações legais, com vista a analisar as eventuais relações entre o IDE e estes indicadores de

contexto.

Palavras-chave: Investimento Direto Estrangeiro, agências de rating, projetos

aprovados, Angola.

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Abstract

The current economic environment, characterized by a crisis scenario due to the fall in

the price of oil, Angola lacks alternatives to mitigate the large economic dependence on the oil

sector, namely, the development of strategies to promote private investment, more specifically

attracting foreign direct investment, as a source of external financing and promoter of strategic

investment to diversify the economy, and at the same time, stimulating the economic growth. In

this context, it is intended to analyze the characteristics of the main projects approved by the

public authorities between 2012 and 2016, in order to verify if there is any relation associated

with these economic indicators or changes in the legal framework.

In fact, the research is based on the construction and analysis of a sample consisting of

private investment projects approved in Angola between 2012 to 2016, a political economic

reading was carried out, which aims to highlight for the same period (i) the main

macroeconomic indicators that describe the economy of Angola and (ii) the country risk ratings

assigned by the rating agencies for each year and (iii) the legal changes. In order to analyze the

possible relationships between FDI and these context indicators.

Keywords: Foreign Direct Investment, rating agencies, approved projects, Angola.

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Índice de Tabelas

Tabela 1 – Definições de Investimento Direto Estrangeiro


Tabela 2 – Principais Indicadores macroeconómicos (2012-2016)
Tabela 3 – Evolução do rating atribuído a Angola (2011-2016)
Tabela 4 – Alterações estruturais no quadro legal de regulação ao investimento (2012-2016)
Tabela 5 – Resumo da análise dos projetos de investimento aprovados (2012-2016)
Tabela 6 - Escala de avaliação (rating de longo prazo) atribuída pelas principais agências
Tabela 7 – Análise dos projetos de Investimento Aprovados (2012)
Tabela 8 – Análise dos projetos de Investimento Aprovados (2013)
Tabela 9 – Análise projetos de Investimento Aprovados (2014)
Tabela 10- Análise projetos de Investimento Aprovados (2015)
Tabela 11- Análise projetos de Investimento Aprovados (2016)

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Índice de Figuras

Figura 1 – Apresentação do modelo de investigação


Figura 2 – Províncias de implementação dos projetos de investimento (2012)
Figura 3 – Países com projetos de investimento privado aprovados (2012)
Figura 4 – Sectores de atividade dos projetos de investimento privado aprovados (2012)
Figura 5 – Províncias de implementação dos projetos de investimento (2013)
Figura 6 – Países com projetos de investimento privado aprovados (2013)
Figura 7 – Sectores de atividade dos projetos de investimento privado aprovados (2013)
Figura 8 – Províncias de implementação dos projetos de investimento (2014)
Figura 9 – Países com projetos de investimento privado aprovados (2014)
Figura 10 – Sectores de atividade dos projetos de investimento privado aprovados (2014)
Figura 11 – Províncias de implementação dos projetos de investimento (2015)
Figura 12 – Países com projetos de investimento privado aprovados (2015)
Figura 13 – Sectores de atividade dos projetos de investimento privado aprovados (2015)
Figura 14 – Províncias de implementação dos projetos de investimento (2016)
Figura 15 – Países com projetos de investimento privado aprovados (2016)
Figura 16 – Sectores de atividade dos projetos de investimento privado aprovados (2016)

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Lista de Siglas

ANIP – Agência Nacional de Investimento Privado


CPLP- Comunidade de Países de Língua Portuguesa
FDI – Foreign Direct Investment
FMI - Fundo Monetário Internacional
GIE – Gabinete do Investimento Estrangeiro
IDE – Investimento Direto Estrangeiro
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano
MPLA – Movimento Popular pela Libertação de Angola
OCDE- Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
ONU – Organização das Nações Unidas
OPEP -Organização dos Países Exportadores de Petróleo
PIB – Produto Interno Bruto
SADC - Southern African Development Community
USD – Dólar dos Estados Unidos da América
UTIP – Unidade Técnica para o Investimento Privado
UTAIP – Unidade Técnica de Apoio ao Investimento Privado
UNCTAD – United Nations Conference on Trade and Development

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Índice

Resumo ......................................................................................................................................... ii

Abstract ....................................................................................................................................... iv

I – Introdução .............................................................................................................................. 1

II. Revisão da Literatura | Enquadramento Teórico ............................................................... 2

2.1 Conceito e Importância do Investimento Direto Estrangeiro .............................................. 3


2.2 Agências de Rating – Função e relevância.......................................................................... 8

III – Angola ................................................................................................................................ 10

3.1 Investimento Direto Estrangeiro em Angola ..................................................................... 10


3.2. Enquadramento Macroeconómico de Angola .................................................................. 14
3.3 Rating de Angola............................................................................................................... 20

IV- Metodologia – Aplicação e resultados obtidos ................................................................. 22

V- Conclusões ............................................................................................................................ 27

VI- Limitações e investigações futuras .................................................................................... 29

VII. Bibliografia ........................................................................................................................ 30

ANEXOS .................................................................................................................................... 34
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I – Introdução

Com a atual conjuntura económica focada no desenvolvimento de estratégias para a

diversificação da economia face à dependência do sector petrolífero, a captação do investimento

direto estrangeiro (IDE) para o sector não-petrolífero pode ser o instrumento decisivo para

promover de forma sustentada o crescimento da economia Angolana, quer pelos efeitos

multiplicadores e dinamizadores de atividades económicas e serviços que gerará a montante e a

jusante do sector de destino dos investimentos, quer pela criação de empregos, transferência de

know-how e arrecadação de receitas fiscais (UTIP, 2016).

A investigação em apreço tem como research question: Haverá alguma coincidência

temporal entre as alterações institucionais e legislativas do foro político e económico e a

prossecução da submissão de projetos de investimento estrangeiro em Angola? E que papel

parecem desempenhar as agências de notação de risco-país? Partindo de uma amostra dos

projetos de investimento privado externo, aprovados pelas autoridades públicas competentes

angolanas no período de 2012 a 2016, a investigação tem como objetivo paralelo identificar os

principais sectores, montante, origem e províncias de destino do investimento para cada ano.

Adicionalmente, cumpre referir que a amostra em análise, é referente apenas aos

projetos de intenção de investimento, não significando que os mesmos tenham sido executados.

No entanto, é de extrema importância a sua análise na medida em que permite aferir a

dinamização dos ciclos de investimentos e por esta via determinar as principais tendências

através da análise prospetiva do IDE no país. A amostra em apreço foi elaborada através dos

dados fornecidos pela Unidade Técnica para o Investimento Privado, a qual foi completada com

uma análise paralela dos Diários da República publicados no período compreendido entre

Janeiro de 2012 a Julho de 2016, horizonte temporal este que permite uma análise do período

imediatamente anterior e posterior à crise económica e financeira que Angola atravessa desde o

2º semestre de 2014. A investigação em apreço visa sintetizar todos projetos de intenção de

investimento privado externo aprovados durante o período em análise e deste modo aferir quais

os principais sectores, montante, origem e províncias de destino do investimento para cada ano.

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Para que se possa ter uma ideia mais precisa das intenções de investimento que serão

fruto da investigação neste trabalho, iremos colocá-las sobre a evolução do quadro político e

económico de Angola durante o período de 2012 a 2016. Deste modo, destacar-se-ão os

acontecimentos mais relevantes que podem ajudar a enquadrar as intenções de investimento e

refletir sobre a importância desses mesmos acontecimentos na promoção ou retração de

investimento externo no país.

A estrutura do trabalho em apreço é composta por quatro partes distintas. A primeira

parte é referente à revisão da literatura (capítulo 2) na qual é abordado o conceito e importância

do investimento direto estrangeiro, assim como a sua associação ao contexto macroeconómico,

ode se destaca o papel das agências de rating. Seguidamente, (no capítulo 3) apresenta-se as

informações relevantes sobre Angola, o enquadramento legal sobre o investimento direto

estrangeiro, o enquadramento macroeconómico e a análise das notações de risco do país. Na

terceira parte (capítulo 4), é apresentada a metodologia usada na presente investigação,

designadamente, as variáveis de estudo e, bem assim, a caracterização da amostra relativa aos

projetos de investimento apresentados e aprovados que constitui o objeto da investigação. Por

último, (no capítulo 5) são apresentadas as principais conclusões deste estudo, a eventual

relação entre as variáveis analisadas e os projetos de investimento aprovados, as principais

limitações, bem como sugestões de futuras investigações.

II. Revisão da Literatura | Enquadramento Teórico

Num contexto em que o Sistema Internacional é movido pelo fenómeno da

globalização, é relevante analisar um dos resultados da interação económica entre os países,

nomeadamente o investimento direto estrangeiro, e quais as suas principais considerações

pautadas na literatura. Adicionalmente, e por forma a dar resposta à research question: (Haverá

alguma coincidência temporal entre as alterações institucionais e legislativas do foro político e

económico e a prossecução da submissão de projetos de investimento estrangeiro em Angola? E

que papel parecem desempenhar as agências de notação de risco-país?) do presente trabalho, é

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igualmente importante analisar, paralela e complementarmente, a interpretação do conceito de

casos de notação de risco país avaliado pelas agências de rating.

2.1 Conceito e Importância do Investimento Direto Estrangeiro


De acordo com Galego (2010), o Investimento Direto Estrangeiro (“IDE”) acontece

quando um investidor com base num dado país (de origem ou emissor) adquire ou cria uma

empresa em outro país (de destino ou recetor) com a intenção de desenvolver uma dada

atividade económica.

O IDE tem apresentado nos últimos anos um ritmo de crescimento exacerbado. Deste

modo, é essencial que os países desenvolvam as suas competências de potenciar e atrair o

investimento externo, na medida em que ele é um forte catalisador para o desenvolvimento

económico, enquanto fonte de arrecadação de receitas, gerador de emprego, de capital físico,

aquisição de know-how e valorização de capital humano (Soares 2012). No cômputo geral, a

literatura é consensual no entendimento e definição do conceito de investimento direto

estrangeiro, conforme se pode verificar na tabela infra.

Tabela 1 – Definições de Investimento Direto Estrangeiro

Definição Autor

Do ponto de vista jurídico-legal, entende-se por investimento direto estrangeiro, como sendo a aplicação de capital do exterior numa Radu (2010)

empresa ou país para obtenção de lucros.

O investimento direto estrangeiro (IDE) é um motor importante da integração económica internacional. Com o quadro político

adequado, o IDE pode proporcionar estabilidade financeira, promover o desenvolvimento económico e melhorar o bem-estar das Driffield (2015)

sociedades.

O IDE é definido como um investimento efetuado por uma entidade (empresa ou indivíduo) não residente no país de destino desse
UNCTAD
investimento, envolvendo uma relação de longo prazo e o controlo dos ativos transferidos, assim como influência sobre a gestão do
(2016)
investimento.

O investimento direto estrangeiro reflete o objetivo das entidades que residem numa determinada economia obterem um interesse

duradouro por outra entidade, residente numa economia diferente à do investidor. O interesse duradouro implica a existência de uma FMI (2016)

relação de longo prazo entre o investidor direto e a empresa, e implica um grau significativo de influência na gestão da empresa.

O investimento direto estrangeiro tem como principais objetivos a atração de investimento qualificado, a substituição das

importações dos produtos da cesta básica, a promoção da exportação dos produtos de maior valor acrescentado e a diversificação da
UTIP (2016)
economia (internacional).

Fonte: Elaboração própria, com base nas fontes em referência.

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O Investimento Direto Estrangeiro em África (IDE) é captado pelos países com maiores

dimensões, seja geográfica seja, sobretudo, económica. No entanto, para além da área

geográfica e da importância económica (PIB, PIB per capita, recursos naturais, etc), existem

outros indicadores igualmente relevantes e que em grande medida contribuem para a atração de

investimento privado, designadamente o nível de Democracia, o Estado de Direito ou a

estabilidade política e social (Mijitawa, 2015).

O IDE em África é de 54 mil milhões, tendo vindo a registar nos últimos anos um

significativo aumento e comprovando que, de facto, o continente Africano tem conseguido atrair

investimento estrangeiro. Contudo, numa perspetiva global, a participação de África nos fluxos

internacionais continua fraca, representando cerca de 3,4% do total mundial. Quanto ao IDE nos

países em desenvolvimento, cumpre referir que o mesmo tem evoluído paulatinamente, tendo

ultrapassado os fluxos dirigidos aos países desenvolvidos em 2013 e 2014 e representando

atualmente 43% do total2 (UNCTAD, 2016).

Segundo Driffield3 (2015) houve ao longo do tempo uma mudança de paradigma na

visão e significado atribuído ao Investimento Direto Estrangeiro por parte dos países em

desenvolvimento, tendo claramente os países asiáticos tomado a dianteira desta perceção

relativamente aos países da América Latina e de África. Atualmente, os países em

desenvolvimento vêm o IDE como uma fonte de know-how, tanto ao nível de técnicas de gestão

como de melhores práticas de liderança, por exemplo. A aposta em agências de promoção de

investimento, que permitem ampliar a captação de novas entradas de capital por parte de

empresas multinacionais através de sistemas de incentivos fiscais e financeiros às empresas, é

igualmente outra mudança a assinalar. Os países recorrem na maioria das vezes aos programas

de formação das agências internacionais4, as quais fornecem as diretrizes para a captação de

investimento, designadamente a promoção de iniciativas bilaterais e multilaterais que estão


2 De acordo com os relatórios UNCTAD (2016) em 2015 os valores de IDE registados foram 541 mil milhões de
USD na Ásia, 504 mil milhões de USD na Europa, 429 mil milhões de USD na América do Norte, 35 mil milhões de
USD para as economias de transição e 54 mil milhões de USD para o continente Africano.
3
Ver Driffield, R. N. (2015). "Does FDI cause development? The ambiguity of the evidence and why it matters".
The European Journal Development Research. pp. 9.

4Agências internacionais tais como: OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, ONU-
Organização das Nações Unidas, OMC – Organização Mundial do Comércio e UE – União Europeia.
4
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ligadas às empresas multinacionais. No entanto, é importante salientar que nem sempre foi

assim. Há cinquenta anos atrás, o IDE era sinónimo de neocolonialismo e capitalismo, uma

ameaça política à soberania dos estados em desenvolvimento. No entanto, com a liberalização

económica, a interpretação e aceitação do IDE foi evoluindo paulatinamente. O IDE para além

de estimular o investimento interno, possibilita inúmeras vantagens para os países destinatários,

tais como a criação e manutenção de postos de trabalho, transferência de know-how e de

tecnologia, apoiar estratégias de industrialização quer por substituição das importações quer por

diversificação das exportações, formação de novas empresas no país, crescimento, inovação e

competitividade, novas técnicas inovadoras de gestão, cultura nos negócios e promovendo

também a mudança ao nível da própria estrutura produtiva do país (Paulo Júlio, 2016).

De acordo com Nordhaus (2012)5, os economistas assumem a existência de quatro

diferentes motores de crescimento de um país, designadamente: (i) a acumulação de capital,

quando existe investimento existe simultaneamente uma acumulação física de capital i.e.

infraestruturas de produção, tais como máquinas, equipamentos assim como, bens intangíveis

que permitem o posterior aumento da produção e produtividade das empresa; (ii) o progresso

tecnológico, que dentro do processo produtivo refere-se ao desenvolvimento inovador de

mecanismos que permitam assegurar maior volume de produção com a mesma quantidade de

máquinas e equipamentos; (iii) capital humano, que tem em conta a qualificação e formação da

força de trabalho; e (iv) os recursos naturais, designadamente terrenos férteis e recursos

minerais. Quanto a estes últimos, sublinhe-se que atualmente a existência de recursos naturais

não é condição suficiente para garantia de crescimento económico, sendo necessário haver uma

gestão e otimização dos recursos existentes. Neste sentido, cumpre-se salientar que o IDE

potencia três dos quatro motores de crescimento económico referidos supra, designadamente, a

acumulação de capital, o progresso tecnológico e, bem assim, a qualificação e formação da

força de trabalho.

5
Nordhaus, William, Nordhaus Samuelson, Samuelson Paul. (2012). "Economia". Lisboa: Mcgraw-Hill e bookman.
edição 19. pp. 736.

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Existem outros fatores que têm impacto no crescimento económico dos países,

designadamente a alfabetização, o investimento, o investimento direto estrangeiro e os

aglomerados populacionais, os quais têm um efeito direto positivo no crescimento do PIB per

capita. (Naudé, 2004). Deste modo, no caso do continente Africano, o autor refere que o

crescimento económico é negativamente afetado pela mortalidade infantil, pandemias e

epidemias, e.g. malária, febre tifoide e febre-amarela.

Por outro lado, baseado na análise de diferentes estudos6 Baumuller (2009), por

exemplo, verifica que o IDE tem contribuído para o crescimento económico dos países, por três

meios distintos: (i) enquanto fonte de capital, por exercer um efeito direto sobre o ritmo de

acumulação de capital; (ii) reforço da inserção dos países de destino nas redes de comércio

internacional, permitindo a integração das empresas internas em cadeias de produção e

aprovisionamento e (iii) promoção e incentivo à transferência de tecnologias, estimulando o

aumento de capital humano e, bem assim, contribuindo para a melhoria da produtividade.

Adicionalmente Lensink (2010)7 acrescenta que o desenvolvimento do sistema financeiro do

país recetor do investimento direto estrangeiro é uma pré condição importante para que o IDE

tenha um impacto positivo no crescimento económico.

O cerne do fórum de debates entre os diferentes académicos refere-se à ambiguidade

dos efeitos do investimento estrangeiro nos países, sendo de um modo geral consensual que os

efeitos positivos do IDE no crescimento económico dos países recetores, dependem em larga

medida, de diversos fatores nesses países, designadamente capital humano, grau de abertura da

economia ao exterior, condições económicas e tecnológicas, legislação e estabilidade política.

(Moura, 2009). Destacam-se a este nível, os estudos de Khawar (2005) e Barrios et Al (2004)8,

que referem que o IDE quando representado por via de transferências tecnológicas e de know-

6
Citado por Galego (2010).
Ver Baumuller, H. (2009). Competing for Business - Sustainable Development Impacts of Investments Incentives in
Southeast Asia, International Institute for Sustainable Development.
http://www.tradeknowledgenetwork.net/pdf/competing_business_southeast_asia.pdf.
7
Ver Lensink, N. H. (2010). "Foreign direct investment, financial development and economic growth". The Journal
of Development Studies. vol. 40 (1). pp. 142-163.
8
Ver Khawar, M. (2005). "Foreign direct investment and economic growth: a cross country
analysis”. Global Economy Journal, vol. 5 (1), pp. 1 – 11 e Barrios, S., Dimelis, S., Louri, H. e Strobl, E. (2004).
“Efficiency spillovers from Foreign Direct Investment in the EU periphery: a comparative study of Greece, Ireland
and Spain”. Review of World Economics, vol. 140 (4), pp 687 – 705. Citado por Moura (2009).

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how, só têm um impacto positivo quando existe no país recetor, capital humano desenvolvido,

capaz de utilizar e desenvolver as novas tecnologias. Assim, segundo os autores o impacto que o

IDE tem na economia recetora está condicionado à capacidade da força de trabalho, i.e.

capacidade de assimilação do conhecimento.

No que concerne ao nível de desenvolvimento dos países Botric and Skuflic9 (2006),

referem que os fluxos de investimento externo variam consoante o nível de desenvolvimento

dos países. No caso dos países menos desenvolvidos, em geral estes são relacionados a

investimentos nos quais as empresas apostam apenas numa etapa da cadeia de valor, focadas

apenas numa etapa da cadeia produtiva do negócio e estando os interesses gerais focados apenas

em parte da produção e que se destina à exportação, sendo nomeadamente o caso da extração de

matérias-primas. Este tipo de investimentos é, segundo Botric e Skuflic (2006) denominado por

investimentos horizontais. De forma diferente, os países desenvolvidos associam-se aos

investimentos que abrangem a globalidade da cadeia de valor, sendo o tamanho do mercado a

razão principal para o investimento. Estes últimos designam-se por investimentos verticais.

Adicionalmente, a literatura refere ainda que nem todos os países têm capacidade para

absorver e incorporar o conhecimento e tecnologia, sendo um investimento a longo prazo, um

resultado do contexto histórico, estabilidade e níveis de democracia de cada país (Ezeoha,

2015). Com efeito, destaca-se o grande impacto causado pelos conflitos bélicos no

desenvolvimento das economias dos países em desenvolvimento e nos fluxos de Investimento

Direto Estrangeiro. Como consequência evidente dos conflitos armados, destaca-se a destruição

exacerbada de infraestruturas, que provoca, por um lado, impacto ao nível económico, no

sentido em que é necessário um maior investimento e celeridade na reconstrução das

infraestruturas e, por outro, recuo e abrandamento ao nível da capacidade de captação de

investimento externo. O continente africano tem sido um colecionador de conflitos armados que

enfraquecem a segurança e a estrutura interna das economias em desenvolvimento, dificultando

de imediato os níveis de promoção ao investimento. Ora isto afeta indiretamente a atração de

9 Ver Botric, V. e Skuflic, L. (2006). "Main determinants of foreign direct investment in the southeast European
countries". Transition Studies Review. Vol.13 (2). pp. 359-377.

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IDE através de diversos meios, designadamente o impacto dado pelas notícias que atuam como

um mecanismo instantâneo de radiodifusão internacional da instabilidade e insegurança,

gerando a ideia de alto risco inerente ao investimento no país, no sentido em que são causados

danos sobre as instituições e sobre as infraestruturas nacionais existentes10, desenvolvendo

efeitos de causalidade negativa (Ezeoha, 2015).

As economias necessitam de um fluxo de investimento sustentável, que proporcione um

aumento da receita fiscal para os governos, e transferência de competências que permitam aos

países, fundos acumulados para o desenvolvimento e bem assim, torná-los capazes de potenciar

o crescimento económico. Os fluxos de investimento entre os países têm a tendência de induzir

acordos económicos bilaterais, que por sua vez ajudam a impulsionar o desenvolvimento

económico dos mesmos.

2.2 Agências de Rating – Função e relevância

As agências de rating configuram um marco notável do início do século XXI nos

mercados financeiros internacionais. Enquanto principais analistas e avaliadoras do grau de

risco dos investimentos, as agências de rating são empresas especializadas que avaliam ao nível

do rating interno, o risco de crédito, i.e., disponibilizam informação adicional aos credores que

os ajudam a avaliar o risco associado ao investimento e, bem assim, a capacidade das empresas

cumprirem com as suas obrigações financeiras (Graça, 2012). E ao nível dos ratings externos,

as agências de notação de risco avaliam o risco de dívida soberana emitida ao nível dos Estados

(Silva, 2013).

Atualmente, os relatórios das agências são vistos como um elemento de informação

adicional para os investidores, na medida em que permitem obter uma avaliação da capacidade

do devedor no momento antes de disponibilizar o crédito/ efetuar o investimento. Como tal,

para avaliar o grau de risco associado ao investimento, as agências utilizam uma escala de

avaliação de risco que varia entre AAA e D11, onde AAA representa o menor nível de risco, i.e.

uma avaliação que expressa a elevada capacidade que assegura o cumprimento dos

10
Calderon e Serven (2010) citado por (Ezeoha, 2015).
11 Para mais detalhe, vide tabela em anexo Tabela 2- Escala de avaliação de risco das agências de rating.
8
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compromissos financeiros e D uma baixa capacidade resolução das obrigações financeiras.

Cumpre referir que os investimentos que se encontrem classificados com uma nota

compreendida entre AAA e BBB- inserem-se no grau de investimento, ou seja, investimentos

que possibilitam ao credor o reembolso do valor correspondente aos juros (Hirsch, 2010).

Segundo Hirsch (2010)12, as primeiras análises de notação de risco remontam ao ano de

1909, com a fundação da agência Moody’s Investors Service e que surge com o objetivo de dar

resposta a um mercado com falta de informação sobre risco de incumprimento e devedores

financeiros. Atualmente destacam-se três agências de rating, designadamente a Moody’s

Investor Services, a Standard and Poor’s e a Fitch, sendo esta última uma fusão de agências de

notação menores, uma fusão que visava adquirir força para competir com a Moody’s e com a

Standard and Poor’s, as quais em conjunto têm uma quota de mercado superior a 80%,

creditadas pela U.S. Securities and Exchange Comission.

Existem sete variáveis que são repetidamente citadas nos relatórios das agências de

rating, as quais são determinantes na atribuição final da classificação, designadamente (i) renda

per capita (como proxy da capacidade do governo de pagar a dívida); (ii) crescimento do PIB;

(iii) inflação; (iv) equilíbrio fiscal; (v) equilíbrio externo; (vi) dívida externa, (vii)

desenvolvimento económico (Packer, 1996). A análise é feita tendo por base variáveis de

política económica, as quais contemplam por exemplo as contas públicas e a balança externa;

variáveis dos sectores económicos, referente à diversificação geográfica do mercado de

exportações; variáveis de estratégia que indicam fatores como possibilidade de recessão ou

subida das taxas de juro e, por último, variáveis de risco político, referente à estabilidade

interna, à iminência de guerras civis, análise de política externa e integração em organizações

internacionais (Packer 1996), (Silva, 2013) e (Duarte 2014).

O rating tem uma importância crucial tanto na tomada de decisão de investimento por

parte dos investidores externos, como na captação de IDE por parte dos países. O IDE beneficia

das notações de risco da dívida soberana efetuadas pelas agências de rating, uma vez que a

12Hirsch, C. E. (2010). "The economic function of credit rating agencies - What does the watchlist tell us?" Journal
of Banking & Finance. vol. 34 (2). pp.13.
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notação informa os investidores o nível de abertura do país ao capital estrangeiro, identificando

tanto a dívida soberana como o risco país por parte dos investidores, gerando simultaneamente

um efeito político económico positivo na medida em que incitam os países avaliados a

melhorarem o seu desempenho económico de uma forma geral, por forma a obterem avaliações

superiores (Fitch, 2013).

III – Angola

3.1 Investimento Direto Estrangeiro em Angola

A República de Angola caracteriza o Investimento Direto Estrangeiro, i.e., investimento

externo, como a introdução e utilização no território nacional de capitais, bens de equipamento e

outros em projetos económicos determinados ou a utilização de fundos que se destinam à

criação de novas empresas, agrupamentos de empresas ou outra forma de representação social

de empresas privadas, nacionais ou estrangeiras, bem como a aquisição da totalidade ou parte de

empresas de direito angolanos já existentes, com vista à implementação ou continuidade de

determinado exercício económico de acordo com o seu objeto social (Governo de Angola,

2015)13.

Após quase trinta anos de guerra civil, o país tem sido submetido a mudanças estruturais

na sua política interna. O Executivo Angolano tem desenvolvido reformas económicas

profundas desde o início do período de paz em 2002. Tem igualmente desenvolvido estratégias

para promover o investimento direto estrangeiro através de (i) condições propícias reguladas

pela Legislação do Investimento Privado; (ii) promoção e apoios de alianças entre investidores

nacionais e estrangeiros; (iii) promoção e parcerias entre o empresariado nacional e o

estrangeiro numa base mutuamente vantajosa e sustentável; (iv) desenvolvimento de ações

promocionais de captação de investimento, com maior destaque para os sectores não

petrolíferos (APIEX, 2016).

13 Alínea e) do Artigo 4º da Lei do Investimento Privado n.º 14/15 de 11 de Agosto de 2015 (Lei do Investimento
Privado).
10
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O Governo tem apostado em medidas de promoção ao investimento privado tal como

atestam as consecutivas alterações aos diplomas legais que vigoram no país. A este nível

cumpre-se destacar a evolução do quadro legal e da legislação que regula o investimento direto

estrangeiro em Angola. A primeira regulamentação do investimento direto estrangeiro em

Angola, data da aprovação pelo Conselho da Revolução da República Popular de Angola, com a

entrada em vigor da Lei n.º 10/79 de 22 de Junho e segundo a qual não era permitido

investimento direto estrangeiro nos sectores (i) da defesa; (ii) instituições financeiras de crédito

e seguros; (iii) comércio externo; (iv) serviços públicos, tais como educação, saúde, saneamento

básico e correios, bem como abastecimento de água e eletricidade à população; (v)

telecomunicações, imprensa, sector editorial, rádio e televisão (Radu, 2010).

Posteriormente, em 1988, na sequência das reformas económicas introduzidas com o

SEF (Programa de Saneamento Económico e Financeiro) aliado à manutenção da situação de

instabilidade político-militar houve o reconhecimento da necessidade de entrada de capital

estrangeiro que permitisse a recuperação económica. Neste sentido foi aprovada a Lei n.º

13/8814, de 16 de Julho e criado o Gabinete do Investimento Estrangeiro (“GIE”), os quais

foram implementados por forma a melhorar o processo de organização relativo aos

investimentos e, bem assim, foram criados pela primeira vez os direitos decorrentes da

propriedade sobre os investimentos do investidor externo, designadamente o direito à

transferência para o exterior dos lucros líquidos mediante autorização do Ministro das Finanças,

bem como a reexportação da sua participação no produto da venda ou liquidação da empresa.

Com o fim da Guerra Fria, ou seja, na passagem dos anos 80 para a década de 90 do

século passado, e consequente mudança de paradigma internacional que levou à desintegração

do sistema socialista mundial, Angola também deu início à desintegração e à mudança do

sistema económico prevalecente, de cariz administrativo e de planificação central,

acompanhando deste modo a conjuntura internacional e dando lugar a uma economia de

mercado Pavia (2011). Com este novo contexto, em 1994 foi aprovada a Lei n.º 15/94, de 23 de

14
A lei vigente naquele período, cabia ao Conselho de Ministros aprovar os investimentos estrangeiros com valor
superior a USD 500.000, sendo os demais investimentos a partir de USD 100.000 até USD 500.000 da competência
dos Ministros das Finanças, do Planeamento e tutela.
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Setembro, a qual previa três regimes processuais, designadamente (i) Regime de declaração

prévia, para os projetos de USD 250.000 a 5.000.000; (ii) Regime de aprovação prévia, para

projetos de USD 5.000.000 a USD 50.000.000 e (iii) Regime contratual para projetos superiores

a USD 50.000.000, considerados projetos com interesse relevante para a economia nacional

Radu (2010).

Em 2002, foi aprovado a Lei n.º 05/02 Lei sobre a delimitação dos sectores da atividade

económica e que definia os sectores de Reserva do Estado.15 O Governo apostava

exclusivamente na captação de investimento externo. No entanto, a partir de 2003 o Governo

passou a apostar numa nova visão estratégica, abrangendo no quadro legal também os

investidores nacionais. Foi assim criado um quadro jurídico-legal favorável e incentivador a

todos os operadores económicos privados, nacionais ou estrangeiros. Neste sentido, com vista

ao tratamento não diferenciado (Advogados, 2011), a Lei n.º 11/0316, de 13 de Maio de 2003,

introduziu a categoria de investimento privado que incluía tanto investidores nacionais como

investidores externos, estabelecendo o montante mínimo de USD 100.000 para investimento

externo e USD 50.000 para investimento nacional.

Posteriormente, foi necessário adequar o quadro legal do investimento privado à atual

realidade constitucional de Angola e ao sistema de incentivos e benefícios fiscais e aduaneiros,

bem como à reforma tributária. Com a Lei 20/11, de 20 de Maio de 2011, o investimento

privado estrangeiro continuou a ser uma aposta estratégica do Governo para a mobilização de

recursos humanos, financeiros, materiais e tecnológicos, sendo que a lei aplicava-se a

investimentos externos com montante superior a um milhão de dólares norte-americanos

(Advogados, 2011).

Atualmente encontra-se em vigor a Lei do Investimento Privado n.º 14/15, de 11 de

Agosto, que aprovou o novo regime do Investimento Privado em Angola, revogando a Lei n.º

20/11, de 20 de Maio. A nova lei do Investimento Privado introduz um conjunto significativo de

alterações, designadamente, a eliminação da obrigatoriedade de investimento de USD 1 milhão

15Para mais informações vide (Radu, 2010) pág. 14.


16 Paralelamente à esta Lei foi criada a Lei 17/03 de 25 de Julho, Lei sobre os Incentivos Fiscais e aduaneiros ao
Investimento Privado a qual visava a captação e atracão de investimento privado.
12
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para investidores estrangeiros que não pretendam beneficiar de incentivos fiscais e sem direito a

repatriar lucros, ficando estes regidos pelas disposições gerais aplicáveis à atividade comercial e

às empresas. Destaca-se da nova lei do investimento privado a extinção da ANIP, Agência

Nacional de Investimento Privado, através do decreto Presidencial nº184/15, enquanto entidade

legalmente competente para autorizar a realização dos investimentos em Angola. A extinção

teve como objetivo a descentralização da análise processual dos projetos de investimento

privado. Neste novo enquadramento cabe à sua sucessora, a Agência para a Promoção do

Investimento e Exportações de Angola (APIEX), a função de promoção do investimento

privado no exterior (APIEX, 2016).

Deste modo, e nos termos da nova Lei do Investimento Privado17 (Governo de Angola,

2015), compete à Unidade Técnica de Apoio ao Investimento Privado (“UTAIP”) do

departamento ministerial da área de atividade dominante do investimento privado, a aprovação

dos projetos de investimento até 10.000.000,00 de USD (dez milhões de dólares), e à Unidade

Técnica para o Investimento Privado (“UTIP”) a análise e negociação dos projetos de

investimento privado de montante superior a dez milhões de dólares, do qual a aprovação é da

competência do titular do Poder Executivo.

De acordo com a evolução histórica e jurídica das políticas nacionais de atração de

investimento privado, verifica-se que o executivo angolano tem investido na atração constante

de investimento qualificado, promovendo benefícios ao investimento, designadamente os

benefícios que resultam da reforma tributária que ocorreu em 2014 (Deloitte, 2016) e que é

regida por um novo Código do Imposto Industrial (Lei n.º 19/14, de 22 de Outubro) no qual se

destaca a redução da taxa de imposto de 35% para 30%, um código do Imposto sobre os

Rendimentos do Trabalho (aprovado pela Lei n.º 18/14, de 22 Outubro), no qual se evidencia a

não sujeição a IRT do abono de família, subsídios de alimentação e transporte pago pela

entidade empregadora, entre outras; um código sobre a Aplicação de Capitais (aprovado pelo

Decreto Legislativo Presidencial n.º2/14, de 20 de Outubro) e um Código do Imposto de Selo

(aprovado pelo Decreto Legislativo Presidencial n.º 3/14 de 21 de Outubro).

17 Decreto Presidencial n.º 182/15 de 30 de Setembro.


13
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Em face das principais medidas de atração ao investimento, destacam-se adicionalmente

as principais vantagens de investir em Angola, segundo Rocha (2010), a posição geoestratégica,

riqueza e abundância de recursos naturais, tais como petróleo e fosfatos no Norte de Angola,

diamantes, urânio e ainda madeira, milho, batata, feijão e café, algodão, oleaginosas e água no

centro e leste do país, granito, banana e cana-de-açúcar no centro/oeste, pescas, granito e

mármores e hidroeletricidade de médio porte, refinarias e hortícolas no Sul do país, bem como

florestas, solos aráveis e micro clima favorável aos vários tipos de cultivos em todo o território.

Em face do exposto, há que destacar os resultados mais recentes ao nível dos fluxos de

IDE. Os fluxos de investimento direto estrangeiro no continente africano registaram um

decréscimo de 7% em relação a 2014, totalizando um valor de investimento superior a 54 mil

milhões de dólares. No entanto, Angola registou uma subida exponencial, atraindo mais de 8,7

mil milhões de dólares de investimento direto estrangeiro em 2015, cerca de 351% mais do que

em 2014. Este aumento de investimento é explicado, por um lado como uma consequência da

crise económica interna, pois devido à desvalorização do kwanza e ao aumento da inflação, as

sucursais das empresas que operam em Angola foram forçadas a solicitar reforços aos

empréstimos que recebem das sedes, por forma a conseguirem o equilíbrio dos seus balanços,

gerando deste modo mais investimento. E, por outro lado, ocorreram no ano de 2015,

investimentos avultados no sector petrolífero (UNCTAD, 2016).

3.2. Enquadramento Macroeconómico de Angola

Por forma a identificar que fatores político-económicos podem estar associados à

atração de investimento direto estrangeiro é relevante apresentar o enquadramento

macroeconómico do país, tendo por base os fatores socioeconómicos e políticos que

influenciam em grande medida a economia do país, de onde se destaca a (i) estabilidade

política; (ii) realização de eleições; (iii) as alterações nas relações internacionais, (iv) as

alterações nas políticas fiscais, (v) a evolução da economia, (vi) demografia e por último

procurar adicionalmente analisar a posição de Angola em diversos índices internacionais,

14
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designadamente (vii) Índice de Desenvolvimento Humano, (viii) Índice de Transparência

internacional, (ix) Índice Mo Ibrahim e (x) Doing Business.

Segundo o The Economist (2016)18 desde o fim da Guerra Civil em 2002, Angola tem

experienciado um período de paz e estabilidade política com o partido no poder, o MPLA

liderado pelo Presidente da República José Eduardo dos Santos, que consolidou a sua posição

no contexto político vencendo as eleições em Agosto de 2012 com aproximadamente 72% dos

votos. No entanto, segundo diversos analistas como, por exemplo, os relatórios do The

Economist Intelligence Unit, Angola é atualmente caracterizada como um país com uma forte

eminência de pressões políticas e tensões sociais, causadas pela degradação da situação

económica e social que impacta quer nas empresas quer nas famílias, e que diante da dificuldade

do Executivo em estabilizar a situação económica e financeira do país tem alimentado

infelizmente ações de repressão.

As próximas eleições legislativas estão previstas para 2017. Em resultado do atual

descontentamento, os grupos opositores têm aproveitado para reunir esforços e capitalizar

militantes devido ao descontentamento público face às condições económicas de Angola. Porém

a resistência da oposição não é suficientemente forte, ainda existe uma falta de dinamismo dos

principais opositores (Economist 2016).

No que diz respeito às relações internacionais, a literatura revela que entre o período de

1975 a 1989, o país esteve fortemente alinhado com a ex-União Soviética, atual Rússia, e com

Cuba. Porém, com a mudança de paradigma e alteração do sistema político em 1991, Angola

aproximou-se e intensificou as suas relações com os países ocidentais e reforçado as suas

ligações com os países de expressão Portuguesa, designadamente a CPLP. Ao nível das

organizações internacionais19, no ano de 2006 Angola foi integrada na OPEP (Organização dos

Países Exportadores de Petróleo), tendo presidido à organização em 2009, ano em que também

18Ver Economist. (2016). "Angola Forecast July", The Economist Intelligence Unit. pp. 5 - 22.
19Angola é membro de várias organizações internacionais e regionais, nomeadamente): União Africana (1975);
Organização das Nações Unidas (1976); Banco Africano de Desenvolvimento (1980); Banco Mundial (1989); Fundo
Monetário Internacional (1989); Comunidade de Países de Língua Portuguesa (membro fundador 1996); Organização
Mundial do Comércio (1996);Comunidade Económica dos Países da África Central; Organização dos Países
Exportadores de Petróleo 2007); Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, Comissão do Golfo da
Guiné (sede em Luanda) e Nova Parceria para o Desenvolvimento de África;
15
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participou como convidada na Cimeira do G8. Posteriormente, em 2011, assumiu a Presidência

do Grupo Económico Regional da SADC.

Angola continuará a procurar consolidar as relações com os principais parceiros

estratégicos20 e diversificar as possibilidades de financiamento internacional, não obstante a

desistência ao recurso do programa de apoio e financiamento ampliado do FMI por parte do

executivo Angolano Fundo Monetário Internacional em Junho de 2016 (Alves, 2013). O

Governo continua a ter como prioridade o pagamento da dívida contraída com a República da

China, de modo a poder continuar a obter o crédito. Os dois países têm desenvolvido contínuas

parcerias estratégicas, de salientar a este nível o acordo monetário entre Angola e China que

possibilitou a aceitação mútua do yuan e do kwanza nos dois países. A importância da relação

bilateral deve-se essencialmente à necessidade de Angola financiar cerca de 155 projetos de

investimento público com um montante superior a 5 mil milhões de dólares, emprestados pela

República Chinesa (Economist, 2016). Adicionalmente, Angola também visa priorizar as suas

relações com os Estados Unidos da América, não apenas pelo seu estatuto de superpotência

mundial, mas também pela presença de empresas petrolíferas Norte Americanas em Angola

(Alves, 2013).

Ao nível das políticas fiscais, é expectável que Angola continue com um défice fiscal no

curto e médio prazos. O Orçamento de Estado para 2016, aprovado pelo Parlamento Angolano

em Dezembro de 2015, prioriza os gastos sociais em saúde, educação, assistência social,

serviços de defesa pública, bem como os gastos com o desenvolvimento económico. De acordo

com os relatórios The Economist Intelligence Unit, o Executivo prevê o aumento do défice

fiscal para 5,5% do PIB, contrariamente aos 4,2% estimados para o período de 2015. As

projeções do Orçamento Geral do Estado para 2016 baseiam-se na produção de petróleo de 1,88

m de barris por dia com o preço de 45. Entretanto, o Executivo viu-se obrigado a apresentar e

aprovar um Orçamento Retificativo em Agosto de 2016. Aí se prevê o agravamento do défice

para 6%, uma diminuição do crescimento do PIB de 3,3% para 1,3%, uma dívida pública

20China, Portugal, Estados Unidos da América; Índia; África do Sul, Brasil, Reino Unido; França e restantes países
que têm procurado aprofundar relações comerciais com Angola, como Espanha, Argentina. (Pavia, 2011)
16
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subindo significativamente para 70% do PIB, uma inflação de 45% e com um valor base do

petróleo a 41 USD (Lusa, 2016).

A economia angolana tem sido grandemente afetada pelo declínio mundial dos preços

do petróleo. Em resultado, o Executivo pretende em 2017 apresentar um novo modelo de

organização do sector dos petróleos21, o qual visa otimizar o processo produtivo por forma a

reduzir os custos de produção. Com o declínio do preço do petróleo, prevê-se que o crescimento

desacelere drasticamente para apenas 1,1% em 2016, o que significa que o PIB per capita vai

diminuir pelo terceiro ano consecutivo. A redução dos preços dos combustíveis e a

desvalorização da moeda vão sustentar a inflação, a qual vai aumentar para os 45% em nova

previsão oficial em 2016, após 2015 ter apresentado um valor já elevado de 14,3% face ao

histórico anterior que deteve a taxa de inflação com apenas um dígito. (vide Tabela 2 –

Principais indicadores macroeconómicos de Angola 2012-2016).

Tabela 2 – Principais indicadores económicos de Angola (2012-2016)

Principais indicadores macroeconómicos

2012 2013 2014 2015 2016


PIB (variação real %) 5,2% 6,8% 4,8% 3,0% 2,5%

Petrolífero 4,50% -1,1% -2,6% 6,8% 3,9%

Não petrolífero 5,50% 10,9% 8,2% 2,1% 3,4%

Nominal (mm USD) 115,30 124,9 126,8 103,0 81,5

Nominal (mm Moeda Local) 11,011 12,056 12,462 12,323 13,785

IPC (%, média anual) 10,30% 8,8% 7,3% 10,3% 19,1%

Saldo da Balança comercial


47,36 41,9 30,582 16,005 17,339
(mil milhões USD)
Exportações de Bens (mil
71,09 68,247 59,169 36,983 38,526
milhões USD)
Importações de Bens (mil
23,71 26,344 28,587 20,978 21,187
milhões de USD)
Serviços - Líq. (mil milhões
-21,33 -21,530 -21,74 -16,501 -15,276
USD)
Saldo da Balança corrente 12,00% 6,7% -2,9% -8,50% -11,6%

Taxa da inflação 9,0% 7,7% 7,5% 14,3 % 32,2%

Saldo Orçamental (%PIB) 6,7% 0,3% -6,6% -4,50% -5,5%

Dívida Pública Bruta (%PIB) 29,50% 32,9% 40,7% 62,30% 70,1%

Total Dívida externa (mm


18,80 23,6 27,4 33,10 46,8
USD)
Reservas internacionais brutas
32,2 32,2 27,8 24,7 18,6
(mil milhões USD)
Em meses de importações 7,2 7,2 9 9,4 6,3

Fonte: Adaptado de – (Duarte, 2016) - Relatórios BPI – Análise de Mercados financeiros e


Economist (2016).
21 Decreto Presidencial n.º 109-16 Modelo de reajustamento do Sector Petrolífero.
17
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Em termos demográficos, Angola tem uma população com quase 24,2 milhões de

habitantes, estimando-se que em 2017 ascenda a cerca de 26,7 milhões. A população reside

principalmente nas áreas urbanas, sendo maioritariamente jovem i.e., com aproximadamente

60% da população abaixo dos 19 anos. Destacam-se também os fatores geográficos e a posição

geoestratégica de Angola, que beneficia de uma extensão marítima de 1.650 Km e uma extensão

territorial de 1.246.700 Km2 (UTIP, 2016).

No que diz respeito aos índices internacionais, é relevante analisar o IDH, uma vez que

mede o nível de desenvolvimento de um país através do rendimento per capita, das condições

de saúde e de educação, tendo em conta as considerações da ONU de que o desenvolvimento de

um país não é medido apenas pela sua riqueza, mas sobretudo pela qualidade de vida das suas

populações. (Silva W. 2016). Angola tem uma esperança média de vida de 60,3 anos e uma

renda per capita de USD 6.50022 ocupando deste modo a 149º posição no ranking mundial de

IDH23, num total de 189 países.

Relativamente ao Índice de Transparência Internacional, i.e. Índice de perceção da

corrupção, Angola obteve em 2015 uma pontuação de 15 pontos numa escala de 0 a 100, onde

uma maior pontuação é referente a menos perceção de corrupção e uma menor pontuação

corresponde a uma maior perceção de corrupção. Angola encontra-se em 6º lugar entre os 10

países mais corruptos do Mundo, caracterizados pela instabilidade da governação, existência de

conflitos, instituições públicas débeis, ausência de independência dos media locais e um poder

judicial fortemente dependente do poder político (Transparency International, 2015).

Há que referir adicionalmente, o Índice de Mo Ibrahim24, i.e. índice de boa governação,

que tem em conta os direitos humanos, a distribuição de bens e serviços públicos,

desenvolvimento humano, igualdade de género, estabilidade social, ambiente de negócios,

22 Valores substancialmente baixos, comparativamente, com a Noruega líder mundial do IDH, com uma esperança
média de vida de 81,6 anos e uma renda per capita de USD 74.
23 O IDH é medido de 0 a 1, Angola tem um total de 0,532, valor contrastante com os 0,830 de Portugal; 0,755 do

Brasil e 0,646 de Cabo Verde, colocando Angola na sexta posição de entre os nove países da CPLP.
24 Citado de Silva W. (2016) “ Neste estudo participam 52 países e a elaboração do ranking, é realizada com base em

dados fornecidos por 23 instituições diferentes, entre elas órgãos ligados as Noções Unidas, centros de pesquisas e
investigação, organizações não-governamentais e entidades vinculadas ao sector privado” pp.20.
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infraestruturas, saúde, educação, segurança, estado de direito, desenvolvimento sustentável entre

outros. Neste caso Angola, encontra-se em 43º lugar, num total de 52 países africanos (Silva W.

2016).

Relativamente ao Doing Business, i.e. classificação de práticas globais das economias

ao nível de regulamentação de negócios, há que referir que Angola encontra-se em 181º lugar,

num total de 189 países, devido a elevada burocracia exigida, aos elevados custos e tempo para

abertura do negócio. Contudo, nos últimos anos tem-se torando mais fácil o arranque de um

negócio em Angola, devido a implementação de novos procedimentos que tornam os processos

mais céleres, bem como com a diminuição dos impostos sobre os rendimentos das empresas, o

que possibilitou a subida de dois lugares do posicionamento de Angola no ano de 2016, face ao

ano anterior (Silva W. 2016).

Tendo em conta o cenário económico anteriormente descrito, cumpre referir que Angola

terá de implementar medidas para melhorar os indicadores, políticos, económicos e sociais de

um modo geral, bem como implementar medidas para reduzir o défice não petrolífero,

designadamente o desenvolvimento de políticas de promoção e captação ao investimento direto

estrangeiro, uma vez que de acordo com as previsões económicas não é expectável que os

preços de petróleo alcancem valores próximos aos registados durante o período de 2011-2014.

Contudo, de acordo com Rocha (2010), Alves (2013) e APIEX (2016), o país beneficia

ainda de vantagens que fundamentam a promoção e a captação de investimento externo,

designadamente, a integração em diferentes organizações do sistema internacional, a

consolidação das relações bilaterais com os principais parceiros estratégicos internacionais, o

clima de estabilidade e paz garantido desde 2002, a amplitude e extensão geográfica do

território angolano, a profusão em recursos naturais tais como minerais e capacidade hídrica em

todas as grandes regiões e, bem assim, as características demográficas baseadas numa população

maioritariamente jovem que potencia a densidade populacional do país e a disponibilidade de

Recursos Humanos.

19
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3.3 Rating de Angola

De acordo com os mais recentes relatórios de notação de risco das principais agências

de rating, Angola obteve uma nota que, segundo a análise da literatura, é interpretada como um

país com uma capacidade muito vulnerável para honrar e cumprir com os compromissos

financeiros a longo prazo, embora com aptidão para honrar compromissos financeiros atuais. No

cômputo geral, as notas são classificadas como alto risco de incumprimento, conforme se

apresenta na Tabela 3.

Segundo o racional de rating emitido pela Moody’s, o choque estrutural no mercado de

petróleo enfraqueceu a economia de Angola e, consequentemente, a sua notação de crédito.

Entre 2013 e 2015, o país passou de superavits fiscais e externos para défices. A posição fiscal

passou de um superavit de 0,3% do PIB em 2013 para um défice de 1,6% do PIB em 2015.

Durante o mesmo período, o saldo da conta corrente em percentagem do PIB passou de

um superavit de 6,7% para um défice de 5,7% (Moody's, 2016). Embora a queda do preço do

petróleo tenha agravado as condições estruturais na economia angolana, a depreciação de

aproximadamente 56% na taxa de câmbio em relação ao dólar desde o início de 2015 ajudou a

preservar as reservas cambiais e, em certa medida, conseguiu conter o impacto negativo do

choque petrolífero sobre as receitas do governo através da inflação que aumentou de 7,7% em

dezembro de 2013 para 23% em março de 2015 (Economist 2016). Em contrapartida

levantaram-se bloqueios importantes na disponibilidade de divisas e que penalizam a

possibilidade de dinamizar a economia doméstica já que esta depende de importações. Há que

referir também a proporção da dívida total do governo de Angola, ao nível da moeda

estrangeira, que aumentou de 40% em 2013 para 51% em 2015, perspetivando-se o aumento

para 53% em 2016, que consequentemente aumentou também a vulnerabilidade orçamental de

Angola dando origem à depreciação da moeda.

A atribuição de notação de risco negativa reflete principalmente as pressões em curso

sobre o Kwanza e sobre as reservas oficias de câmbio que resultaram em desequilíbrios no

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Sadeline Faria | O Investimento Direto Estrangeiro em Angola: Análise dos projetos de investimento privado aprovados de Janeiro
de 2012 a Julho de 2016

mercado de câmbio, diminuindo consequentemente as opções do Executivo de reabastecimento

das reservas. Embora o Executivo pretenda estabelecer reformas que visam a diversificação da

economia e o consequente aumento da balança, os planos não são suscetíveis de alcançar

resultados a curto médio prazos. Do mesmo modo Fitch (2016) reviu em baixa a notação

financeira de Angola, descendo a mesma de BB- para B+ (vide a este respeito Tabela 3), devido

à baixa cotação do petróleo e, bem assim, devido à nova descida dos preços do petróleo desde a

última revisão efetuada pela Fitch, facto que tem resultado automaticamente na subida da dívida

pública, na queda das reservas e consequentemente num crescimento económico débil.

Tabela 3 – Evolução do rating atribuído a Angola (2011-2016)

Agência Rating Data Outlook

S&P B Agosto 2016 Negativo


Moody’s B1 Abril 2016 Negativo
Fitch B+ Março 2016 Negativo
Março 2016 Negativo em
Moody’s Ba2
vigilância
S&P B Fevereiro 2016 Estável
Fitch B+ Setembro 2015 Estável
S&P B+ Agosto 2015 Negativo
Fitch BB- Março 2015 Negativo
Moody’s Ba2 Março 2015 Negativo
S&P B+ Fevereiro 2015 Estável
Moody’s Ba2 Agosto 2014 Estável
Ftch BB- Abril 2014 Estável
Moody’s Ba3 Agosto 2012 Positivo
Fitch BB- Maio 2012 Positivo
Fitch BB- Novembro 2011 Estável
S&P BB- Julho 2011 Estável
Moody’s Ba3 Junho 2011 Estável

Fonte: Adaptado de (Fitch, 2016); (Moody’s, 2016), (Poor’s, 2016) e (Economics,2016).

Do mesmo modo, cumpre-se salientar as principais considerações do relatório de rating

da Standard and Poor’s que efetuou uma revisão da nota atribuída à República de Angola, tendo

sido a mesma alterada de estável para negativa. Esta alteração resultou essencialmente da

verificação de um crescimento económico a um ritmo mais lento do que era expectável pela

agência inicialmente. O sector não petrolífero representa cerca de 60% do PIB e era esperado o

seu contributo para o crescimento económico do país; no entanto, tem-se verificado uma
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Sadeline Faria | O Investimento Direto Estrangeiro em Angola: Análise dos projetos de investimento privado aprovados de Janeiro
de 2012 a Julho de 2016

desaceleração acentuada do crescimento, causado pela dependência das principais indústrias de

importação, designadamente, a construção e o retalho. Acresce que ao nível dos gastos do

governo, que também contribuem significativamente para o crescimento do PIB, também estes

sofreram um corte devido ao plano de consolidação fiscal. Como resultado do atual contexto, a

agência prevê um lento crescimento do PIB de apenas 1% para 2016. A revisão da nota para

uma avaliação negativa deve-se também à grande dependência de Angola em termos das

exportações de petróleo, da depreciação da moeda em mais de 50% no decorrer dos últimos dois

anos e que no cômputo geral contribuem para a deterioração das reservas externas.

IV- Metodologia – Aplicação e resultados obtidos

A metodologia e análise empírica do presente trabalho teve como base, em primeiro

lugar, o levantamento dos projetos de intenção de investimento privado externo aprovados pelas

autoridades públicas angolanas, através da análise dos Diários da República publicados na

Imprensa Nacional de Angola, de modo a identificar quais os projetos de investimento

aprovados durante o período de 1 de Janeiro de 2012 a Julho de 201625. A razão de ser deste

período prende-se com dois aspetos: em primeiro lugar, tornar operacional, dentro dos prazos

concedidos para esta dissertação, uma investigação de um período razoável e que podemos

considerar como exploratório para futuros desenvolvimentos do tema numa série temporal mais

longa; em segundo lugar, fazia sentido incidir sobre a atualidade e o período que decorre de

2012 a 2016 uma vez que permite abranger o período anterior à crise de 2014 e o período

subsequente à mesma. Tendo como questões de investigação: Haverá alguma coincidência

temporal entre as alterações institucionais e legislativas do foro político e económico e a

prossecução da submissão de projetos de investimento estrangeiro em Angola? E que papel

parecem desempenhar as agências de notação de risco-país? A referida análise, permitiu

sintetizar um conjunto de informação relevante acerca dos projetos de investimento e, em

particular, os principais indicadores que caracterizam o investimento privado externo,

25A escolha do período de análise teve em conta o período anterior e posterior ao início da crise em Angola. Os
dados dos projetos de investimento aprovados de 2012 a 2014 foram solicitados e fornecidos pela Unidade Técnica
para o Investimento Privado de Angola. Os dados referentes a 2015 e 2016, foram construídos através da análise dos
Diários da República publicados de Janeiro de 2015 a Julho de 2016.
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Sadeline Faria | O Investimento Direto Estrangeiro em Angola: Análise dos projetos de investimento privado aprovados de Janeiro
de 2012 a Julho de 2016

designadamente, (i) montante de investimento; (ii) sector económico; (iii) província de

implementação e (iv) origem do investimento. (vide Tabela 1 em anexo- “Análise dos projetos

de investimento externo aprovados”).

Tendo por base a amostra recolhida, procedeu-se à análise dos principais projetos de

intenção de investimento privado aprovados no período referido (de 2012 a 2016)26. Tendo em

conta as temáticas abordadas na revisão da literatura, procedeu-se a uma análise evolução da

situação política e económica de Angola, que permitisse identificar as principais alterações na

conjuntura do país no período de 2012 a 2016, comparando-as com as alterações verificadas nos

projetos de investimento aprovados. Para isso recorremos aos relatórios económicos para o

período bem como aos relatórios de notação de risco de Angola emitidos pelas agências de

rating. Como tal, na figura infra, apresenta-se o modelo de investigação.

Figura 1- Apresentação do modelo de investigação

Fonte: Elaboração própria

Realizou-se seguidamente uma análise comparativa entre os dados político-económicos

de Angola, conforme apresentado na tabela 4 e os dados resultantes da análise dos projetos de

investimento privado aprovados, conforme a tabela 5, por forma a verificar os principais

acontecimentos que poderiam estar de alguma forma associados à atração de IDE.

Vide tabelas 7,8 e 9 em anexo.


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de 2012 a Julho de 2016

Tabela 4 – Alterações estruturais no quadro legal de regulação ao investimento (2012-2016)

Alterações estruturais | Mudança quadro legal

2012 2013 2014 2015 2016


Plano de
Eleições
desenvolvimento Aprovação do Modelo de
Governo presidenciais -
nacional (2013- - Organização do Sector dos
e legislativas
2017) Petróleos
Reforma Fiscal –
Outubro 2014 –
Reforma fiscal - - - -
Impostos IRT-
IAC-Industrial
Decreto
Legislativo
Presidencial n.º
Pauta aduaneira - - - -
10/013 de 22
Novembro (Nova
Pauta Aduaneira
Legislação
investimento Lei 14/15 de 11
- - - -
direto de Agosto
estrangeiro
Acordo
Lei n.º 2/12 de 13 monetário entre
Janeiro – Regime Angola e China –
Regime Cambial Cambial - - aceitação das -
Aplicável ao respectivas
Setor Petrolífero moedas em
ambos os países

Fonte: Elaboração própria

Tabela 5 – Resumo dos principais projetos de investimento aprovados

Indicador
2012 2013 2014 2015 2016
Unidade (USD)

Montante total de
2.071.802 4.269.327 674.975 135.131 3.195.657
investimento

Montante de
investimento 1.223.862 1.240.887 60.054
23.288 3.195.657
interno
Montante de
investimento 847.940 3.028.440 614.921 111.843 120.175
externo
Indústria
Principal sector transformadora e Indústria
Indústria extrativa Indústria
económico Atividades Comércio transformadora
transformadora
financeiras

Principal província Luanda Luanda Luanda


Luanda Luanda
Principal país
Portugal Tanzânia e Quénia
investidor Itália África do Sul China
Fonte: Elaboração própria

Assim, foi possível concluir que em 2012, ano com avaliações de risco positivas e

estáveis, devido ao equilíbrio verificado nos indicadores económicos, em particular com taxa de

inflação fixada a um dígito (9%), marcado também pelo crescimento do PIB (Duarte, 2016)

verificou-se que o principal sector económico alvo de intenção de investimento foi o sector da
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Sadeline Faria | O Investimento Direto Estrangeiro em Angola: Análise dos projetos de investimento privado aprovados de Janeiro
de 2012 a Julho de 2016

indústria transformadora (vide Tabela 7 - Projetos de investimento em 2012) dos quais se

destacam projetos na área da indústria siderúrgica, indústria cimenteira, indústria de cervejas e

fábrica de álcool. Em termos da localização geográfica dos projetos, a província de destaque foi

Luanda com 8 projetos de investimento, seguindo-se o Kwanza Sul e Zaire com 2 projetos.

Adicionalmente, cumpre referenciar que Portugal foi o principal investidor externo, tanto em

número de projetos como em montante total de investimento, com projetos de investimento

aprovados, i.e. autorização para investir essencialmente no sector financeiro e na área da

construção.

No ano subsequente à realização de eleições em Angola, foi aprovado o início do Plano

Nacional de Desenvolvimento (2013-2017) e que é um programa de investimento do Governo

nas principais infraestruturas, tais como água e energia, urbanismo e transportes. Em termos de

investimento privado verificou-se em 2013 um significativo aumento de intenção de

investimento externo, com inúmeras alterações ao nível do principal sector de investimento, e

que deu lugar cimeiro ao sector da indústria extrativa, com 49,37% do investimento (vide figura

7 em anexo), propostos por investidores externos italianos. Em termos de localização do

investimento, manteve-se o foco de atração para a capital do país que reuniu um total de 12

projetos aprovados.

No ano seguinte, em 2014, ano marcado pela diminuição da taxa da inflação e

estabilidade económica, e notações de risco estáveis. Não obstante o abrandamento verificado

no PIB nominal entre 2013 e 2014 (vide Tabela 2), os valores demonstram que se continua a

verificar crescimento económico no país. As reservas internacionais de divisas atingiram os 33

biliões de dólares e a taxa de câmbio nominal entrou numa fase de relativa estabilização (BIC,

2014). Estes factos contribuíram para a justificação do aumento e da diversidade de investidores

externos no país, nomeadamente da África do Sul, Escócia, Espanha, Holanda, Ilhas Virgens

Britânicas, Índia e Portugal, embora em termos de montante proposto de investimento externo

global se tenha verificado uma diminuição face ao ano transato. Em 2014, o principal foco de

investimento continuou a ser o sector da Indústria Transformadora e a principal província de

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Sadeline Faria | O Investimento Direto Estrangeiro em Angola: Análise dos projetos de investimento privado aprovados de Janeiro
de 2012 a Julho de 2016

implementação potencial continuou a ser a da capital angolana, com um total de 7 projetos de

investimento aprovados, conforme se pode verificar na Tabela 9 em anexo.

Após a reforma fiscal de 2014, as alterações introduzidas nos impostos, nomeadamente

no imposto industrial que se tornou mais amigável do investidor, vieram incentivar o

investimento na produção interna (Deloitte, 2016) Destaca-se também a nova Lei do

Investimento Privado, Lei 14/15 de 11 de Agosto, que entrou em vigor em 2015 com medidas

bastante atrativas ao investimento externo, em particular em termos do direito ao repatriamento

de lucros e dividendos, mais benefícios e incentivos fiscais que passam com esta nova lei a ser

atribuídos segundo critérios de graduação que dependem (i) da zona de desenvolvimento do

projecto, (ii) do número postos de trabalho criados, (iii) do montante de investimento, (iv) do

sector de atividade, (v) da participação de acionistas angolanos, (vi) do valor acrescentado

nacional e (vii) da produção destinada a exportação. Este critério de graduação permite o

cálculo de uma taxa final que permite a redução do Imposto Industrial, Imposto sobre a

Aplicação de Capitais e Imposto de Sisa, apresentando aos investidores privados benefícios

fiscais bastante atrativos (Governo de Angola, 2015). Contudo, ainda no ano de 2015, há que

destacar, paralelamente, o início da grande desvalorização cambial que esteve aliada à subida

abrupta da inflação, a diminuição do crescimento económico, o agravamento do défice fiscal e

de uma política de contenção das importações. Este último aspeto é crucial para o investidor

externo já que a economia doméstica não está, em larga medida, à altura de prover os produtos e

serviços necessários ao funcionamento estável das empresas estrangeiras.

Segundo os contratos de investimento das intenções de projetos aprovados no ano de

2015, houve uma diminuição do montante de investimento externo aprovado i.e. uma

diminuição de investimento estrangeiro, devido ao enfraquecimento económico verificado pelo

impacto da descida abrupta do preço do petróleo e pela constante desvalorização cambial, e

consequente descida das avaliações de rating das principais agências de notação de risco para

negativo. No entanto, o governo angolano patenteou uma nova lei do investimento privado

medidas de promoção ao investimento com vista a tentar manter Angola como foco de atração

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Sadeline Faria | O Investimento Direto Estrangeiro em Angola: Análise dos projetos de investimento privado aprovados de Janeiro
de 2012 a Julho de 2016

do IDE no continente Africano. Destaca-se para este ano a República da China como principal

país investidor, com projetos de investimento no sector da construção e no sector do comércio.

Relativamente ao ano de 2016, imediatamente após a alteração da lei do investimento

privado verificou-se um aumento do montante de investimento privado externo no país, de

salientar a este nível, a origem do investimento dos projetos aprovados, designadamente,

República das Maurícias, Ilhas Virgens Britânicas, França e China. Adicionalmente, há que

referir que o principal sector de investimento foi o sector da Indústria Transformadora e a

principal província de implementação potencial a província de Luanda com 13 projetos de

investimento aprovados, conforme se pode verificar na Tabela 11 em anexo.

V- Conclusões

No que concerne à revisão da literatura do presente trabalho, ficou patente que existe

um consenso em torno da interpretação e definição de investimento direto estrangeiro e que este

é fonte de arrecadação de receitas, gerador de emprego, de capital físico, aquisição de know-how

e valorização de capital humano para o país recetor do investimento. Contudo, existem

divergências em torno dos efeitos positivos ou negativos do IDE no país recetor do

investimento.

Adicionalmente, tendo em conta a análise política e económica efetuada, constatou-se

que Angola se tem mostrado como um foco de atracão de capital de investimento estrangeiro,

para o que concorre o facto de ser um importante produtor de petróleo, de diamantes e gás

natural, o que lhe confere algum desafogo e garantia de liquidez e solvabilidade financeira

perante os investidores externos, ao que se adiciona o facto de ser um país com grande extensão

de terra e detentor de abundantes recursos hídricos. É também um importante país emergente,

com uma produção interna ainda escassa e, por isso onde o investimento direto estrangeiro é

bem recebido.

De referir ainda, ao nível político, que o país tem vindo a consolidar as suas relações

bilaterais com os principais parceiros o que tem promovido a atração de investimento junto dos

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Sadeline Faria | O Investimento Direto Estrangeiro em Angola: Análise dos projetos de investimento privado aprovados de Janeiro
de 2012 a Julho de 2016

mesmos. A este nível, salientam-se os esforços do Executivo para a diversificação da economia,

que se tem feito notar nas mais recentes políticas estabelecidas, designadamente as alterações do

quadro legislativo, em termos da política cambial, pauta aduaneira, regime fiscal e lei do

investimento privado, APIEX (2016).

Contudo, com o agravamento da instabilidade económica, causada pela queda do preço

do petróleo e pelas constantes desvalorizações cambiais, que contribuíram para a atribuição de

notações de risco pelas agências de rating, Moody’s, Fitch e Standard and Poor’s, centradas no

patamar de crédito de baixa qualidade com elevado risco de incumprimento (Duarte, 2014) e,

dado o contexto político económico geral, as políticas de promoção ao investimento não se têm

vigorado suficientes.

No cômputo geral, conclui-se de acordo com a análise dos projetos de investimento

privado aprovados, que os anos de 2012 e 2013 foram aqueles em que se registou maior

montante de investimento aprovado de origem externa (vide Tabela 5). Neste caso verificou-se

uma coincidência temporal entre os aumentos de investimento no país e as alterações

verificadas no foro político e económico, designadamente a realização de eleições em 2012, o

período de relativa estabilidade económica e a atribuição de consecutivos ratings estáveis desde

2011 (vide Tabela 3).

Embora se tenha verificado uma diminuição do investimento em 2014, neste caso

verificou-se uma coincidência temporal entre a maior atração de investidores e as alterações

verificadas no foro político e económico, nomeadamente ao nível da reforma fiscal realizada, a

contínua estabilidade política e económica, com notações de risco estáveis. (vide Tabela 3)

No que respeita ao ano de 2015, cumpre salientar a coincidência temporal entre as

alterações verificadas no foro político e no quadro legal e as alterações verificadas nos projetos

de investimento, designadamente, (i) a alteração da Lei do Investimento Privado que entrou em

vigor no mês de Agosto, (ii) as alterações verificadas na conjuntura económica, marcada no ano

em apreço pelo aumento da inflação, desvalorização cambial e dependência do sector

petrolífero, alterações estas refletidas nos ratings atribuídos ao país, com uma avaliação de

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Sadeline Faria | O Investimento Direto Estrangeiro em Angola: Análise dos projetos de investimento privado aprovados de Janeiro
de 2012 a Julho de 2016

longo prazo negativa, o que poderá funcionar como potencial fator de inibição do investimento

privado externo no período subsequente.

Na análise dos projetos de investimento aprovados em 2015 verificou-se uma

diminuição do investimento e, bem assim, uma predominância de projetos de intenção de

investimento externo no sector do comércio, com origem na República da China (vide Tabela 12

em anexo), sendo a grande maioria a implementar na província de Luanda. Neste caso,

verificou-se adicionalmente, uma coincidência temporal entre a realização de acordos e

parcerias estratégicas entre os dois países no ano de 2015, designadamente, o acordo monetário

de aceitação mútua entre Angola e China e o aumento de projetos de intenção de investimento

de origem chinesa, em particular no sector da construção e comércio (vide Tabela 5).

Relativamente ao ano de 2016, destacam-se como principais alterações verificadas no

foro económico a subida abrupta da taxa de inflação com um valor estimado superior a 30%,

juntamente com a dependência do sector petrolífero, que contribuíram para que a notação de

risco continuasse negativa no ano em apreço. No entanto, constatou-se que houve um

significativo aumento global do montante de investimento privado no país, tanto a nível interno

como externo, destaca-se para este último os principais países com projetos de intenção de

investimento aprovados, designadamente, República das Maurícias, Ilhas Virgens Britânicas,

França e China. Neste caso verificou-se uma coincidência temporal entre o aumento de projetos

de intenção de investimento tanto de origem interna como externa face ao ano anterior, logo

após a entrada em vigor da Lei do Investimento Privado, bastante vantajosa para o investidor

externo, no sentido em que permite o repatriamento de capitais e oferece mais benefícios e

reduções fiscais e, igualmente, para o investidor interno ao qual são dadas majorações no

apuramento da taxa de redução de impostos.

VI- Limitações e investigações futuras

Podem ser apontadas algumas limitações relativas ao presente trabalho e aos resultados

obtidos, designadamente o facto de ter sido escolhido um horizonte temporal (2012 a 2016)

relativamente curto e, bem assim, o facto dos dados de 2016 serem relativos apenas até ao mês
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Sadeline Faria | O Investimento Direto Estrangeiro em Angola: Análise dos projetos de investimento privado aprovados de Janeiro
de 2012 a Julho de 2016

de Julho. Adicionalmente, pode ainda ser referido o facto da presente investigação incidir

unicamente sobre a análise dos projetos de investimento aprovados, os quais não contemplam a

percentagem real de investimento direto estrangeiro, mas apenas da intenção de investimento.

No entanto, as limitações identificadas sugerem possíveis análises a incluir em estudos

futuros, tais como, o apuramento dos restantes projetos aprovados no ano de 2016 e a extensão

do período temporal de análise de projetos de investimento aprovados, de modo a conseguir

uma análise contínua e mais abrangente da relação entre as alterações institucionais e

legislativas do foro político e económico e a prossecução da submissão de projetos de

investimento estrangeiro em Angola. E, por fim, a análise do gap entre os projetos de

investimento aprovados e os projetos de investimento efetivamente executados.

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33
ANEXOS
Tabela 6 – Escala de avaliação (rating de longo prazo) atribuída pelas principais agências de rating

Standard &
Fitch Ratings Moody's Interpretação
Poor's
Grau de Investimento Crédito de alta qualidade
Capacidade extremamente forte para cumprir compromissos financeiros.
AAA AAA Aaa O mais alto índice de qualidade, com o menor risco possível de
incumprimento.
AA+ AA+ Aa1
AA AA Aa2
Capacidade muito forte para cumprir com os compromissos financeiros. Risco muito pequeno de incumprimento
AA- AA- A3
AA+ AA+ A1
A A A2
Capacidade forte para cumprir compromissos financeiros. Pequenos riscos de incumprimento.
A- A- A3
BBB+ BBB+ Baa1 Capacidade adequada para cumprir compromissos financeiros. Riscos moderados de incumprimento diante de
BBB BBB Baa2 condições adversas. Pode conter algumas características especulativas.
BBB- BBB- Baa3
Grau Especulativo Crédito de baixa qualidade
BB+ BB+ Ba1
Capacidade vulnerável para cumprimento de compromissos financeiros, sujeitos a condições adversas. Características
BB BB Ba2
especulativas, riscos substanciais de incumprimento
BB- BB- Ba3
B+ B+ B1
Capacidade muito vulnerável para cumprimento de compromissos financeiros a longo prazo embora com aptidão para
B B B2
honrar compromissos financeiros atuais. Risco altos de incumprimento.
B- B- B3
CCC+ CCC+ Caa1
Capacidade atual muito vulnerável para cumprimento de compromissos financeiros, dependente de condições
CCC CCC Caa2
favoráveis de negócios. Riscos reais de incumprimento.
CCC- CCC- Caa3
CC CC Ca Capacidade totalmente vulnerável para cumprimento de negócios financeiros. O incumprimento é provável.
C C Situação de incumprimento atual ou iminente, embora haja alguma possibilidade futura de cumprimento, ainda que
C
SD RD parcial.
D D D Situação de incumprimento total, com pouca possibilidade futura de cumprimento, mesmo que parcial.

Fonte: Adaptado de (Gullo, 2014) – Sites Moody’s, Standard and Poor’s e Fitch
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Tabela 7 – Projetos de Investimento Aprovados 2012

Investimento total Província de País de origem do


Designação do projecto Sector económico Estado de Evolução dos Projetos
USD milhares implementação investimento

Artil, Lda 10.077 Industria Transformadora Kwanza Sul Angola Aprovado

Cerkwanza, SA 36.801 Industria Transformadora Kwanza Sul Angola Aprovado

Finibanco Angola, SA 20.000 Atividades financeiras Luanda Angola Aprovado

GE-GLS Oil & Gas Angola, Lda 175.000 Industria Transformadora Zaire Angola Aprovado

Gesimet - Indústria Siderúrgica, SA 99.826 Industria Transformadora Bengo Angola Aprovado


Alojamento e Restauração (Restaurantes e
HOTEL TERMINUS LOBITO (RESTINGA) 33.076 Benguela Angola Aprovado
Similares)
Inovia - Electrónica de Angola, Lda 53.482 Industria Transformadora Luanda Angola Aprovado

Movicel, SA (Modernização e expansão) 300.000 Transportes, Armazenagem e Comunicações Nacional Angola Aprovado

Nocebo - Nova Companhia de Cervejas do Huambo 42.600 Industria Transformadora Huambo Angola Aprovado

Nova Cimangola II, SA 385.000 Industria Transformadora Luanda Angola Aprovado

Vidrul - Vidreira de Angola, SA (II) 68.000 Industria Transformadora Luanda Angola Aprovado

Soal - Fábrica de Álcool 283.050 Industria Transformadora Zaire Espanha Aprovado

Indústrias Topack, Lda 11.401 Industria Transformadora Luanda Maurícias Aprovado

BAI - Banco Angolano de Investimentos 194.500 Atividades financeiras Luanda Portugal Aprovado

Banco Angolano de Negócios e Comércio, SA 18.890 Atividades financeiras Várias Províncias Portugal Aprovado

Banco Bic 30.000 Atividades financeiras Luanda Portugal Aprovado

Banco Caixa Geral totta de Angola 109.250 Atividades financeiras Luanda Portugal Aprovado

Banco Espírito Santo de Angola 10.000 Atividades financeiras Várias Províncias Portugal Aprovado

Banco Fomento Angola 45.740 Atividades financeiras Várias Províncias Portugal Aprovado

Banco Millénnium Angola 42.209 Atividades financeiras Várias Províncias Portugal Aprovado

Continente Angola, Lda 102.900 Construção Luanda Portugal Aprovado


Fonte: Adaptado de – Dados fornecidos pela Unidade Técnica para o Investimento Privado (“UTIP”).

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Tabela 8 – Projetos de Investimento Aprovados 2013

Investimento total USD Província de País de origem do


Designação do projecto Sector económico Estado de Evolução dos Projetos
milhares implementação investimento
Standard Bank de Angola, SA 25.500 Atividades Financeiras Luanda África do Sul Aprovado

Stalthaus Construção 10.000 Construção Bengo Alemanha Aprovado


Biocom (Aumento) - Unidade Agro Industrial Agricultura, Produção Animal, Caça e
451.721 Malanje Angola Aprovado
de Cacuso - Malanje Silvicultura
ECNN - Empresa de Cerveja N'gola Norte 82000 Indústria Transformadora Luanda Angola Aprovado
Alojamento e Restauração (Restaurantes e
Hotel Terminus Ndalatando - G1 16.700 Kwanza Norte Angola Aprovado
Similares)
Alojamento e Restauração (Restaurantes e
Ilha da Cazanga Golf & Resort - (II) -G4 103.146 Luanda Angola Aprovado
Similares)
Koabitar Construção Civil, Lda 14.400 Indústria Transformadora Malanje Angola Aprovado
Alojamento e Restauração (Restaurantes e
Pestana Luanda Bay (Aumento da Soehotur) 282.340 Luanda Angola Aprovado
Similares)
Salinas do Tchiome, Lda 29.845 Indústria Extrativa Benguela Angola Aprovado

Sodiba, Lda (II) 149.600 Indústria Transformadora Bengo Angola Aprovado


Sopros- Sociedade Angolana de promoção e Atividades Imobiliárias, Alugueres e
78.760 Luanda Angola Aprovado
Exploração de Shoppings, SA Serviços Prestados as Empresas
Soyewing, SA G5 20.000 Indústria Transformadora Luanda Angola Aprovado

Wayanga e Design, Lda 12.375 Indústria Transformadora Huambo Angola Aprovado

GA Angola Seguros, SA Cessão de Quotas 42.524 Atividades Financeiras Luanda Costa do Marfim Aprovado

FMC Technologies, Lda - G8 30.762 Indústria Extractiva Luanda Estados Unidos da América Aprovado
Sociedade de Desenvolvimento e Construção
100.020 Construção Luanda Holanda Aprovado
de Angola, Lda (Soares da Costa Angola)
Empreendimento Muxima Plaza - G4 195.717 Construção Luanda Ilhas Virgens Britânicas Aprovado
Eni Angola - Exploration B.V. Sucursal de
801.000 Indústria Extrativa Várias Províncias Itália Aprovado
Angola
Eni Angola Production B.V. - Sucursal de
589.000 Indústria Extrativa Luanda Itália Aprovado
Angola - Nair Costa

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Investimento total USD Província de País de origem do


Designação do projecto Sector económico Estado de Evolução dos Projetos
milhares implementação investimento
Eni Angola S.p.A. - Sucursal de Angola 657.000 Indústria Extractiva Várias Províncias Itália Aprovado

Prodit Engineering Angola SA 47.877 Indústria Transformadora Bengo Itália Aprovado

Banco Espírito Santo (Aumento) - ver 5140 500.000 Atividades Financeiras Luanda Portugal

Sumol+Compal, SA 29.040 Indústria Transformadora Kwanza Norte Portugal

Fonte: Adaptado de dados fornecidos pela Unidade Técnica para o Investimento Privado (“UTIP”)

Tabela 9 – Projetos de Investimento Aprovados (2014)

Investimento total
Designação do projecto Sector económico Província de implementação País de origem do investimento Estado de Evolução dos Projetos
USD milhares
Exploração de empreendimentos
Kulanda Belas Malls 136.265 Luanda Angola e África do Sul, respetivamente. Aprovado
imobiliários
Angolata 93.000 Indústria transformadora Luanda África do Sul e Angola, respetivamente. Aprovado
Luanda, Benguela, Huíla, Kwanza-
Nova Rede de Norte, Kwanza-Sul, Malanje, Uíge,
74.320 Comércio por grosso e a retalho Angola e África do Sul, respetivamente. Aprovado
Supermercados de Angola Moxico, Kuando Kubango, Lunda-
Sul e Bié.
Leo Investimentos - Hotel
60.054 Alojamento e restauração Luanda Angola Aprovado
Península
Angofret, Lda 52.709 Infraestruturas Huambo Ilhas Virgens Britânicas Aprovado
Sumol + Compal, Angola,
51.000 Indústria transformadora Luanda Portugal e Angola. Aprovado
SA
Única - Cervejas de Angola
Produção e Distribuição - 112.130 Indústria transformadora Luanda Portugal e Angola. Aprovado
Can P & D (II)
Best Angola Steel, Lda, 22.906 Indústria transformadora Luanda India Aprovado
Tuboscope Vetco Capital,
Atividades mobiliarias - Serviços
Ltd - Sucursal de Angola 47.194 Luanda Escócia Aprovado
Prestados as Empresas
(aumento)

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Investimento total
Designação do projecto Sector económico Província de implementação País de origem do investimento Estado de Evolução dos Projetos
USD milhares
Makiber - Sucursal em
17.529 Construção Cuando Cubango Espanha Aprovado
Angola

Aprovado
Prodaca Angola, S.A. 7.868 Indústria transformadora Bengo Holanda

Fonte: Adaptado de dados fornecidos pela Unidade Técnica para o Investimento Privado (“UTIP”) e consulta de Diários da República em www.lexlink.eu

Tabela 10 – Projetos de Investimento Aprovados (2015)

Designação do Investimento total USD Força de trabalho Província de País de origem Estado de evolução do
Sector económico Objeto do contrato de investimento
projecto milhares prevista implementação do investimento projecto

São Vicente e
Inernship Limited 1.000.000 Indústria de petróleo e gás 7 Prestação de serviços e logística Luanda Aprovado
Granadinas
Fornecimento de pacotes de canais de
Multichoice Angola 1.100.000 Comércio 272 televisão por assinatura Pay tv, venda de Luanda Ilhas Maurícias Aprovado
descodificadoras e antenas parabólicas
Produção de mobiliário para uso
Hua Dragão, Comércio
9.054.600 Indústria transformadora 120 doméstico, escritórios e outros artefactos Luanda China Aprovado
geral (SU) Limitada
de madeira
Comercialização de materiais de
Anseba, Limitada 1.000.000 Comércio 24 Luanda Alemanha Aprovado
construção
Construção de um hotel com 57 quartos no
Mikka Hotel, Limitada 9.900.000 Hotelaria e Turismo 50 Luanda Zâmbia Aprovado
Município de Viana
Yongjin Angola 7.748.903 (n.d.) (n.d.) (n.d.) (n.d.) China Aprovado
Amspapel - Comércio e Construção e exploração de uma unidade
Indústria de Papel, 1.486.802 Indústria transformadora 34 de papel tissue, papel higiénico, Luanda Ilhas Maurícias Aprovado
Limitada guardanapos
Geovias - Engenharia e Construção e obras públicas no sector
3.000.000 Construção 21 Cunene Portugal Aprovado
Construções (SU) rodóviário de pequena dimensão

Oxidrill Angola 2.000.000 Indústria transformadora 42 Indústria fabril metalomecânica Luanda Portugal Aprovado

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Designação do Investimento total USD Força de trabalho Província de País de origem Estado de evolução do
Sector económico Objeto do contrato de investimento
projecto milhares prevista implementação do investimento projecto

Joia Jef Industrial (SU)


- Limitada - Fábrica de 6.500.000 Indústria transformadora 84 Fábrica de fraldas descartáveis Luanda Angola Aprovado
fraldas descartáveis
Huafeg Investment
Holding (Angola), 3.000.000 Indústria transformadora 33 Exploração e transformação de madeira Luanda China Aprovado
Limitada
Beijing Dongchang
Huaquiang Vendas de 1.000.000 Indústria transformadora 20 Ferramentas metálicas Luanda China Aprovado
Ferramentas metálicas
Cong Ty Co Phan, S.A 1.050.000 Comércio 35 Comércio de bens alimentares Benguela Vietnam Aprovado
Andritz Hydro (SU), Fornecimento de equipamentos
1.000.000 Comércio 7 Luanda Alemanha Aprovado
Limitada eletromecânicos e hidroelétricos
HardpartS, Angola, Comércio e cedência de viaturas pesadas,
1.000.000 Comércio 12 Luanda Portugal Aprovado
Limita máquinas e equipamentos industriais
Broadline Angola 1.093.541 Construção 102 Construção civil e obras públicas Luanda Líbano Aprovado
Heerema Marine Instalações de suporte para a indústria do
1.000.000 Indústria de petróleo e gás 6 Kwanza Sul Holanda Aprovado
Contractors petróleo e gás
JFS- Engenharia e
1.000.000 Construção 100 Construção civil Benguela Portugal Aprovado
construções, Limitada.
Produção de depósitos, tubagens, troços
Prodaca Angola, S.A. 7.867.700 Indústria transformadora 30 Bengo Holanda Aprovado
flagelados em aço inox
I.B.R Soluções, Serviços de agenciamento, recrutamento
1.000.000 Indústria de petróleo e gás 186 Luanda Holanda Aprovado
Limitada de pessoal especializado
Fornecedor de conservas, congelados de
Falcon Foods Limited 1.203.500 Comércio 23 Luanda Malta Aprovado
peixe, fruta e vegetais
S.S. Angsouth, Emirados Árabes
1.130.000 Indústria Extrativa 160 Extração e tratamento do sal Benguela Aprovado
Limitada Unidos
Condutas MM Angola,
1.070.000 Indústria transformadora 26 Produção de condutas e acessórios Luanda Portugal Aprovado
Limitada
Xirong Yatai (SU) Comercialização de matérias para a
1.000.000 Comércio 25 Luanda China Aprovado
Limitada construção civil
Comercialização de imoveis urbanos e
Afrincorp, Limitada 1.150.000 Comércio 20 Luanda Brasil Aprovado
rústicos
F.Air Sistemas, Comércio de materiais aerólitos de
1.000.000 Comércio 17 Luanda França Aprovado
Limitada climatização

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Designação do Investimento total USD Força de trabalho Província de País de origem Estado de evolução do
Sector económico Objeto do contrato de investimento
projecto milhares prevista implementação do investimento projecto

Lusounu Internacional 1.453.883 (n.d.) (n.d.) (n.d.) (n.d.) (n.d.) Aprovado


Doce Migalha,
5.500.000 (n.d.) (n.d.) (n.d.) (n.d.) (n.d.) Aprovado
Limitada
China – Pacific
Properties 2.000.000 Construção 75 Construção civil Luanda China Aprovado
Development, Limitada
Yogtek Comércio Geral 1.000.000 Comércio 26 Comercialização de bens alimentares Luanda Eritreia Aprovado
Adisandra e ANN
1.000.000 Construção 37 Construção civil e obras públicas Luanda África do Sul Aprovado
Grupo, Limitada
Carliz - Rolamentos de
1.096.000 Comércio 11 Comércio de equipamentos e rolamentos Luanda Portugal Aprovado
Angola, Limitada
Brasáfrica, Limitada 1.000.000 Comércio 7 Comércio geral Várias Províncias Angola Aprovado

Sonimech, Limitada 3.333.334 Indústria de petróleo e gás 74 Prestação de serviços e logística Luanda Ilhas Maurícias Aprovado

Fabrialimentos, Exploração de uma unidade fabril


3.042.000 Indústria Alimentar 45 Luanda Líbano Aprovado
Limitada. vocacionada a produção de batatas fritas
Importação e comercialização de produtos
Angata, Limitada 1.000.000 Comércio 28 Benguela Ilhas Maurícias Aprovado
agrícolas
Fabrico de massa de tomate e de sumo de
KB - Agroi, Limitada 1.931.541 Indústria Alimentar 40 Bengo Angola Aprovado
frutos
Exploração e comercialização de um
empreendimento logístico vocacionado
Huanqiu (SU) Limitada 1.000.000 Comércio 30 Luanda China Aprovado
para a distribuição e comercialização a
grosso de bens de primeira necessidade
Jotun Angola (SU),
1.000.000 Comércio 6 Comércio de produtos de pintura Luanda Noruega Aprovado
Limitada
E-TYE Steel Angola,
4.000.000 Indústria transformadora 20 Fabrico de chapas de zinco Luanda China Aprovado
Limitada
Group Ani Comércio de eletrodomésticos e
1.000.000 Comércio 17 Luanda Angola Aprovado
Investments, imitada equipamentos de proteção
Mawkab Angola,
2.000.000 Construção 25 Construção civil e obras públicas Luanda Canadá Aprovado
Limitada
THB- Comércio Geral, Emirados Árabes
1.000.000 Comércio 23 Comércio de produtos alimentares Luanda Aprovado
Limitada Unidos
TBEA Angola 1.000.000 Comércio 26 Comércio de equipamentos elétricos Luanda China Aprovado

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Designação do Investimento total USD Força de trabalho Província de País de origem Estado de evolução do
Sector económico Objeto do contrato de investimento
projecto milhares prevista implementação do investimento projecto

Famosa Angola -
Bonecas e Brinquedos, 1.270.000 Comércio 7 Bonecas e brinquedos Luanda Portugal Aprovado
S.A
Super Palanca –
Aautomóvel Comércio de viaturas automóveis,
9.000.000 Comércio 200 Luanda Angola Aprovado
Companhia (SU) acessórios e reparação
Limitada
West Bay Invest,
1.000.000 Construção 52 Construção civil e obras públicas Luanda Angola Aprovado
Limitada
Sochial - Sociedade
Chino-Angolano, 1.500.000 Comércio 80 Comércio de bens alimentares Luanda China Aprovado
Limitada
Lucialf International,
2.000.000 Comércio 37 Comércio geral de produtos Luanda Líbano Aprovado
Limitada
Alaskan-Comércio Estados Unidos
1.000.000 Indústria alimentar 23 Comércio geral de produtos alimentares Luanda Aprovado
Geral, (SU) da América
EDINEG - Empresa de
Distribuição logística de bens alimentares,
Distribuição e 1.500.000 Comércio 80 Luanda China Aprovado
mobílias e diversos
Negócios (SU) Limiada
Logística, agenciamento de carga,
Transitex Angola 1.000.000 Transportes e Logísticas 18 Luanda África do Sul Aprovado
trânsitos, frete e fretamento
Kaleido Logistics
1.149.924 (n.d.) 11 Criação de uma sociedade por quotas Namibe Espanha Aprovado
Angola (SU), Limitada

Friviana, Limitada 3.000.000 Indústria transformadora 35 Fabrico de unidades de frio e congelação Luanda Portugal Aprovado

BMMTR Grupo
1.000.000 Construção 70 Construção civil e obras públicas Luanda Turquia Aprovado
Angola (SU) Limitada
South Ddelta Group
4.000.000 Comércio 40 Comércio de geradores Luanda Líbano Aprovado
(SU)
Fábrica de Refinação e Destilação e refinação de derivados de Estados Unidos
5.000.000 Indústria transformadora 35 Benguela Aprovado
destilação de Angola petróleo da América
Heran General Trading
1.000.000 Indústria alimentar 10 Bens alimentares e diversos Luanda Eritreia Aprovado
e Indústrai (SU)
Fonte: Elaboração própria – Análise dos Diários da República publicados de Janeiro a Dezembro de 2015 - Disponível em http://www.lexlink.eu/FileGet.aspx?FileId

41
Tabela 11 – Projetos de Investimento aprovados (2016)

Investimento total Sector económico Força de trabalho País de origem do Província de


Designação do projecto Objeto do contrato de investimento
USD milhares prevista investimento Implementação

Produção de farinha de trigo, distribuição de pão através da


implantação de uma rede de padarias contentorizadas em 15
DACAFY, Lda. 40.000 1467 Angola Benguela
Indústria províncias do país onde a moagem estará localizada no município
Transformadora do Lobito, província de Benguela,

Energitec - Contadores de Indústria Exploração de uma unidade fabril vocacionada ao fabrico e


15.350 500 Angola Luanda
Energia, Lda. Transformadora montagem de contadores de energia elétrica
Agro - Pecuária Rio Cafuma, Indústria Implementação de uma unidade sustentável de produção de cereais,
25.000 103 Angola Cuando Cubango
Lda. Transformadora nomeadamente milho e soja
Zahara Retalho Especializado, Construção de lojas para a comercialização de vestuário, calçado e
45.423 644 Angola Várias Províncias
S.A Comércio acessórios diversos
Prestação de serviços técnicos e de gestão de empresas e recursos
Zahara Serviços, S.A 14.744 3000 Angola Luanda
Prestação de serviços humanos

Angoflex Indústria, Lda. 40.000 Indústria 16 Ampliação da sua unidade de fabrico de umbilicais França Benguela
Transformadora
Instituto Médio Politécnico Construção e exploração de um estabelecimento de ensino
10.545 60 Angola Bié
Cassoma, Lda. Educação politécnico

Construção de uma fábrica para a transformação de hortofrutícolas,


Indústria
Nova Grolider, Lda. 15.100 n.d. bem como na produção de flores e de lacticínios, carnes e similares, Angola Cuanza Sul
Transformadora
a ser erguida no município da Quibala, província do Cuanza Sul
Construção de infraestruturas adstritas ao projecto, nomeadamente
instalações fabris, armazéns, bem como a aquisição de
Medvida, Lda. 24.000 n.d. n.d. Angola Luanda
equipamentos para a produção e administrativos para o arranque do
projecto

SKAC Soluções Globais (SU), Construção e exploração de uma unidade fabril vocacionada à Benguela -
113.150 Indústria transformadora 58 Angola
Lda. refinação de óleo vegetal alimentar e a produção de sabonetes Catumbela

A expansão da rede de estabelecimentos “KERO”, a partir da


implementação, capacitação e exploração de 16 (dezasseis) novos Diversos pontos do
Zahara Comércio S.A 449.878 Comércio 6.459 Angola
espaços comerciais, dos quais 15 (quinze) hipermercados e 1 (um) território nacional
supermercado, localizados em diversos pontos do território de
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Investimento total Força de trabalho Província de País de origem do


Designação do projecto Sector económico Objeto do contrato de investimento
USD milhares prevista implementação investimento

Construção, implementação e exploração de um conjunto de


empreendimentos comerciais destinados à atividade retalhista,
Zahara Imobiliária, S.A. 60.054 Alojamento e restauração 106 Angola Luanda
nomeadamente 15 centros comerciais e uma galeria comercial e 17
complexos de cinema.
Construção e exploração de unidades de distribuição de
combustíveis a aeronaves nos aeroportos de Luanda, Huila,
Pumangol Industrial Holdings
295.074 Indústria transformadora 180 Benguela e Cunene, bem como a construção de um terminal de Angola Luanda
(BVI), Lda
produtos petrolíferos, incluindo a instalação de uma bóia de
atracagem e caís marítimo em Luanda
Indústria metalomecânica e outros ramos da indústria de
CITICC Alumínio (Angola), Ilha Virgens
40.000 Indústria transformadora 328 exploração, podendo ainda dedicar-se a qualquer outro ramo da Luanda
Co, Lda. Britânicas
atividade

Água de Nascente Natural Construção de uma unidade industrial de bebidas não alcoólicas e a
11.403 Indústria transformadora 94 Angola Luanda
Preciosa produção de todos componentes necessários para o engarrafamento.

Industrialização de cereais de trigo para consumo humano e farelo


Grandes Moagens de Angola,
101.084 Indústria transformadora 173 (subproduto) utilizado como complemento na produção de rações Angola Luanda
Lda.
para consumo animal

Popular Juice Industries 2.000 Indústria alimentar 72 Fornecimento de bebidas não alcoólicas, sumos de fruta Paquistão Benguela

Grupo Shaanxi Aoxiang,


1.000 Construção 148 Instalação de uma unidade fabril para produção de betão China Bengo
Limitada

Vida Cabelos (SU) Limitada - Exploração de uma unidade fabril vocacionada a produção de República das
1.000 Indústria transformadora 880 Luanda
DGH Angola extensão de cabelos sintéticos Maurícias

Neuce- Indústria de Tintas de


2.211 Construção 68 Unidade fabril vocacionada ao fabrico de tintas, vernizes Angola Luanda
Angola, Lda.

Angola,
Ap-foods-Indústria alimentar,
8.025 Indústria alimentar 58 Unidade fabril vocacionada para a produção de massa alimentar Tanzânia e Luanda
Limitada
Quénia

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Investimento total Força de trabalho Província de País de origem do


Designação do projecto Sector económico Objeto do contrato de investimento
USD milhares prevista implementação investimento

Indústria de
AT 360 - Indústria (SU), Lda 1.050 30 Unidade fabril de embalagens de cartão para ovos Líbano Luanda
transformadora

Angola Yongda Industrial, Criação e implementação de uma unidade fabril vocacionada para a
28.125 Materiais de construção 221 Hong Kong Luanda
Limitada produção de tubagens hidráulica

S.Tulumba Investimentos e
313.700 Indústria n.d. Implementação de unidade avícola para produção de frangos e ovos Angola Cunene
Participações

Fonte: Elaboração própria – Análise dos Diários da República publicados de Janeiro a Julho de 2016 - Disponível em
http://www.lexlink.eu/FileGet.aspx?FileId=1157068

44
Resultados projetos de investimento aprovados em 2012

Figura 2 – Províncias de implementação dos projetos de investimento aprovados (2012)

Luanda
10

Várias província
2
Zaire kwanza Sul
Huambo Benguela Bengo 2 10
1 1 1

Fonte: Elaboração própria

Figura 3 – Países com projetos de investimento privado aprovados (2012)

Portugal

Maurícias

Espanha

Angola

0 2 4 6 8 10 12

Fonte: Elaboração própria

Figura 4 – Sectores de atividade dos projetos de investimento privado aprovados (2012)

60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
Industria Actividades Construção Transportes, Alojamento e
Transformadora financeiras Armazenagem e Restauração
Comunicações (Restaurantes e
Fonte: Elaboração própria Similares)
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Resultados projetos de investimento aprovados em 2013

Figura 5 – Províncias de implementação dos projetos de investimento aprovados (2013)

Várias Províncias 2
Huambo 1
Benguela 1
Kwanza Norte 2
Malanje 2
Bengo 3
Luanda 12

Fonte: Elaboração própria

Figura 6 – Países com projetos de investimento privado aprovados (2013)

Portugal
Itália
Ilhas Virgens Britânicas
Holanda
Estados Unidos da América
Costa do Marfim
Angola
Alemanha
África do Sul

0 2 4 6 8 10 12

Fonte: Elaboração própria

Figura 7 - Sectores de atividade dos projetos de investimento privado aprovados (2013)


60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
Indústria Actividades Construção Alojamento e Indústria Agricultura, Actividades
Transformadora financeiras Restauração Extractiva Produção Imobiliarias,
(Restaurantes e Animal, Caça e Alugueres e
Similares) Silvicultura Serviços
Fonte: Elaboração própria
Prestados as
Empresas

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Resultados projetos de investimento aprovados em 2014

Figura 8 - Províncias de implementação dos projetos de investimento aprovados (2014)

Bengo
Cuando Cubango
Huambo
Várias Províncias
Luanda

0 2 4 6 8

Fonte: Elaboração própria

Figura 9 – Países com projetos de investimento privado aprovados (2014)

Portugal
India
Ilhas Virgens Britâncias
Holanda
Espanha
Escócia
Angola
África do Sul

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5


Fonte: Elaboração própria

Figura 10 – Sectores de atividade dos projetos de investimento privado aprovados (2014)

40,00%
35,00%
30,00%
25,00%
20,00%
15,00%
10,00%
5,00%
0,00%
Indústria Construção Alojamento e Actividades Comércio por
Transformadora Restauração Imobiliarias, grosso e a retalho
(Restaurantes e Alugueres e
Similares) Serviços Prestados
as Empresas

Fonte: Elaboração própria

47
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Resultados projetos de investimento aprovados em 2015

Figura 11 - Províncias de implementação dos projetos de investimento aprovados (2015)

(n.d)
Namibe
Bengo
Cabinda
Luanda
Várias Províncias
0 5 10 15

Fonte: Elaboração própria

Figura 12 – Países com projetos de investimento privado aprovados (2015)

(n.d.)
Estados Unidos da América
França
Canadá
Espanha
Noruega
Brasil
Turquia
Holanda
Malta
Emirados Árabes Unidos
Eritreia
África do Sul
Líbano
Vietnam
Angola
Zâmbia
China
Portugal
Alemanha
Ilhas Maurícias
São Vicente e Granadinas
0 2 4 6 8 10 12

Fonte: Elaboração própria

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Figura 13 – Sectores de atividade dos projetos de investimento privado aprovados (2015)

(n.d.)
Transportes e Logísticas
Indústria Extrativa
Indústria de petróleo e gás
Comércio
Indústria alimentar
Indústria transformadora
Hotelaria e Turismo
Construção

0 5 10 15 20 25 30

Fonte: Elaboração própria

Resultados projetos de investimento aprovados em 2016

Figura 14 - Províncias de implementação dos projetos de investimento aprovados (2016)

Cunene
Bengo
Cuanza Sul
Bié
Várias Provincias
Cuando Cubango
Luanda
Benguela

0 2 4 6 8 10 12 14

Fonte: Elaboração própria

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2012 a Julho de 2016

Figura 15 – Países com projetos de investimento privado aprovados (2016)

Hong Kong
Líbano
Angola, Tanzânia e Quénia
República das Maurícias
China
Paquistão
Ilha Virgens Britânicas
França
Angola
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Fonte: Elaboração própria

Figura 16 – Sectores de atividade dos projetos de investimento privado aprovados (2016)

60,00%

50,00%

40,00%

30,00%

20,00%

10,00%

0,00%
Indústria Comércio Prestação de Educação n.d. Alojamento e Indústria Construção
Transformadora serviços restauração alimentar

Fonte: Elaboração própria

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