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Karma, tantra, yoga. Esses são alguns termos conhecidos aqui no Ocidente, importados
na década de 1960 por pessoas interessadas em questões espirituais orientais, como os
integrantes do Movimento Hippie. Apesar de a ioga já ter ganhado até versão
aportuguesada, com i no lugar do y, a prática ainda é conhecida apenas de modo muito
superficial. Você sabia que existem oito ramos da prática de yoga e que, aqui no
Ocidente, em geral conhecemos apenas duas ou três delas? Um desses ramos é o
pranayama, uma técnica de respiração da yoga que traz controle da mente, desestressa
e revitaliza - e cujos benefícios já são cientificamente comprovados.
Caso você já tenha participado de qualquer estilo da atividade de yoga (da aeróbica power
yoga à misteriosa kundalini yoga), é bem provável que alguns benefícios tenham sido
aproveitados pelo seu corpo. Imagine então se praticássemos todos os oito passos
existentes?! Um jeito fácil de começar a expandir seus conhecimentos de yoga é por meio
do pranayama - nome que soa exótico, mas que é a explicação dos benefícios dessa
técnica em sânscrito.
Conheça o pranayama
Prana
A palavra "prana" possui vários sinônimos em diferentes culturas: chi, ki, energia vital,
sopro de vida, alento… Ou seja, trata-se daquilo que alimenta a vida, além do corpo físico.
O prana não vem de nenhuma coisa que possa ser comprada, como alimentos ou bebidas
- ele vem da respiração. Aquele respirar fundo e tranquilo depois de uma boa atividade
física; ou quando estamos com a pessoa amada; ou quando dormimos. O corpo físico
pode até estar bem, mas pode estar "anêmico" de prana.
Yama
Yama significa, a grosso modo, caminho. O termo se refere às regras de conduta ética que
fazem o verdadeiro yogi.
Uma dessas regras, por exemplo, é ahimsa (outra palavrinha famosa graças ao político
indiano Mahatma Gandhi), que significa não violência. Exemplos vão de não comer
carne a não xingar quando levar uma fechada no trânsito. E você só vai conseguir se
controlar, nesses momentos, respirando fundo e contando até dez, não é mesmo?
Por isso o nome é pranayama: são os exercícios para manipular a respiração feitos
durante a aula de yoga e que deixam a pessoa mais relaxada e sadia.
Aqui no Ocidente, yoga pode até significar colocar o tornozelo atrás do pescoço se
apoiando em uma perna só, mas yoga, em sânscrito, significa união. União consigo
mesmo e com o seu entorno, trazendo mais paz e autocontrole.
A ciência passou a se interessar por essa prática milenar há algum tempo. Em estudos, foi
verificado que os exercícios respiratórios de pranayama diminuem o consumo de
oxigênio, os batimentos cardíacos e a pressão sanguínea. Por meio de um exame de
eletroencefalograma, que mede a intensidade das correntes elétricas no cérebro, foi
observado um aumento da amplitude de ondas corticais Teta entre um neurônio e outro
(esse é um tipo específico de ondas cerebrais presentes no córtex).
As ondas cerebrais são classificadas com letras do alfabeto grego e variam entre Alfa,
Beta, Delta, Gama e Teta. É bem provável que você já tenha ouvido o termo “entrou em
Alfa”, que se refere às ondas que operam no cérebro quando estamos concentrados, mas
em estado de relaxamento. Já as ondas cerebrais Beta são aquelas que unem o estado de
concentração ao de alerta. Nessa fase, os neurônios transmitem informação entre si com
rapidez, por isso a atividade entre eles é alta, sendo de 13 hertz (Hz) a 30 Hz.
As ondas Teta, por sua vez, são estados cerebrais ainda mais relaxados, variando de 4 Hz
a 7 Hz. É o estado de meditação profunda, que é mais comum em crianças pequenas - nos
adultos, costumam ser vistas quando se está em estado de sono. As ondas Delta são as de
regeneração, cura e sono profundo e tem frequência de 0,5 a 4 Hz. Seu oposto são as
ondas Gama, ainda pouco estudadas e que tem frequência acima de 40Hz (por enquanto
elas têm sido associadas com explosões de percepção e processamento de informações de
alto nível).
Assim, entre os praticantes do pranayama, foi observada uma maior atividade das ondas
Teta, responsáveis por um estado mental de maior relaxamento e concentração. Outra
observação feita durante o estudo foi o aumento da atividade do sistema parassimpático,
acompanhada da experiência de estado de alerta.
Essa parte do nosso cérebro funciona independente de nós e controla atividade vitais de
digestão, bombeamento do sangue, excreção e saída de hormônios. Ela se divide em
sistema nervoso simpático e parassimpático, que funcionam em harmonia e de forma
oposta. Um corrige os excessos do outro.
O simpático, em geral, estimula ações mais energéticas, mais yang (segundo a medicina
chinesa) - ele ativa o metabolismo do corpo. Já o parassimpático cuida de atividades
relaxantes, o ying, como as reduções do ritmo cardíaco e da pressão arterial.