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U N I V E R S I DA D E

CANDIDO MENDES

CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA


PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010

MATERIAL DIDÁTICO

INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE
SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS E
PÂNICO

Impressão
e
Editoração

0800 283 8380


www.ucamprominas.com.br
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SUMÁRIO

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 3


UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA ENGENHARIA DE PREVENÇÃO DE
INCÊNDIOS ................................................................................................................ 5
UNIDADE 3 – OS INCÊNDIOS ................................................................................. 27
UNIDADE 4 – A FUMAÇA NOS INCÊNDIOS .......................................................... 44
UNIDADE 5 – MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO .......................... 54
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 60
3

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO

Vamos começar nosso curso e módulo com uma palavra básica e essencial:
o fogo! Definido no dicionário Aurélio como produto da combustão de matérias
inflamáveis, mas também com o sentido figurado de ardor, paixão, entusiasmo,
energia, excitação. Do latim “focu”, substantivo masculino, podemos interpretar a
palavra fogo de várias maneiras, nos interessando, é claro, nesse momento, a sua
capacidade de causar danos pessoais e
patrimoniais ao ser humano.

Acreditamos ser de conhecimento de


todos que a descoberta do fogo pelo homem
foi uma das condições essenciais para que
ele sobrevivesse e evoluísse ao longo dos
milênios, entretanto, numa via de mão dupla,
o fogo é um dos nossos principais inimigos
em situações adversas.

Sabemos também que quando se


trata de coletividade (mas não somente nesta condição, é claro!), a segurança contra
incêndios é um dos primeiros pontos a se considerar nos projetos de edificações.
Afinal de contas, o velho ditado cai muito bem: “antes prevenir do que remediar”!

Partindo dessas premissas, o projeto de uma edificação pode ser


considerado o primeiro passo para reduzir o risco de incêndio, pois nele já se pode
antecipar e, evidentemente, contribuir para a redução das cargas de incêndio e de
fumaça, tanto considerando sua estrutura, seus elementos de vedação e materiais
de acabamento, quanto considerando seu conteúdo.

O objetivo primário da segurança contra incêndio nas edificações é proteger


a vida humana. Mas a proteção ao patrimônio, de objetivo secundário, também vem
sendo requerida em edificações comerciais, uma vez que os danos estruturais
resultantes do sinistro podem levar à paralisação das atividades econômicas e afetar
a imagem das empresas, onerando significativamente seus proprietários (COSTA,
2008).
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A redução do risco de incêndio em uma edificação, pela limitação da carga


de incêndio, ocorre de duas formas:

- primeiro, pelo controle da quantidade de material disponível para a


combustão – carga de incêndio propriamente dita;

- segundo, pela redução da quantidade de fumaça produzida, o que depende


das características específicas do material – carga de fumaça.

Pois bem, neste módulo veremos os princípios e fundamentos da


Engenharia de segurança contra incêndio e pânico, conceitos básicos, estatísticas e
casos de incêndios que, além de terem chocado por sua extensão, trouxeram novos
conhecimentos que possibilitaram inovações em termos de segurança. Também
daremos algumas pinceladas nos elementos que fazem parte do triângulo do fogo,
as medidas de segurança que são classificadas em ativas e passivas, certa ênfase
será dada para a questão da fumaça e das equações das fases do incêndio.

Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como


premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar,
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores,
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma
redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas
opiniões pessoais.

Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se


outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo,
podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos
estudos.
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UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA ENGENHARIA DE


PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS

Além de Campos e Conceição (2006), temos vários outros autores que


convergem na definição para a engenharia de proteção (ou segurança) contra
incêndios como sendo o campo da engenharia que trabalha na salvaguarda da vida
e do patrimônio, bem como na atenuação de eventuais perdas devidas ao fogo e
explosões e outros danos decorrentes do sinistro. Os objetivos fundamentais da
segurança contra incêndio e pânico são minimizar o risco à vida e a perda
patrimonial.

A atividade de segurança contra incêndio e pânico relaciona diversos atores


sociais: usuários, órgãos públicos de fiscalização, seguradoras, empresas
fabricantes de equipamentos de segurança, empresas de instalação e de
manutenção, profissionais de projeto e construtoras, além de entidades e
laboratórios de pesquisa.

As medidas de proteção contra incêndio e pânico podem ser englobadas em


duas categorias: medidas de proteção passiva e medidas de proteção ativa, as quais
veremos em uma unidade específica, de todo modo:

 proteção passiva, de acordo com a NBR nº 14.432 da Associação Brasileira


de Normas Técnicas (ABNT), é o conjunto de medidas incorporado ao
sistema construtivo do edifício, sendo funcional durante o uso normal da
edificação e que reage passivamente ao desenvolvimento do incêndio, não
estabelecendo condições propícias ao seu crescimento e propagação,
garantindo a resistência ao fogo, facilitando a fuga dos usuários e a
aproximação e o ingresso no edifício para o desenvolvimento das ações de
combate;

 proteção ativa, também de acordo com a NBR nº 14.432, é o tipo de proteção


contra incêndio que é ativada manual ou automaticamente em resposta aos
estímulos provocados pelo fogo, composta basicamente das instalações
prediais de proteção contra incêndio.
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Um sistema de proteção contra incêndio e pânico consiste, então, em um


conjunto de medidas ativas e passivas, que atuando em conjunto, têm como
principais objetivos:

 dificultar o surgimento e a propagação do incêndio;

 facilitar a fuga das pessoas da edificação no caso de ocorrência de um


sinistro, garantindo a integridade física das vítimas e; simultaneamente,

 facilitar as ações de salvamento e combate das corporações de bombeiros,


tornando-as rápidas, eficientes e seguras.

Conhecer bem o incêndio conduzirá à proposição de medidas de proteção


contra incêndio e pânico eficientes e adequadas aos propósitos de proteção à vida e
ao patrimônio. Desse modo, a seleção dos sistemas de proteção adequados à
edificação deve ser feita tendo por base os riscos de início de um incêndio, de sua
propagação e de suas consequências. É necessário também identificar a extensão
do dano que pode ser considerado tolerável. Entender o comportamento do incêndio
numa edificação é, certamente, o primeiro passo para a efetivação da segurança
contra incêndio e pânico, tema que também será discutido em outra unidade
específica.

Campos; Conceição (2006) ainda ressaltam que além do conhecimento


técnico sobre os sistemas de proteção contra incêndio e pânico, faz-se necessária
uma abordagem legalista do assunto que envolve as normas e instruções técnicas
além, é claro, da legislação pertinente.

2.1 A área de Segurança de Combate a Incêndio (SCI) e a formação do


profissional no Brasil

Internacionalmente, a Segurança de combate a incêndio (SCI) é encarada


como uma ciência, portanto uma área de pesquisa, desenvolvimento e ensino.
Vemos uma enorme atividade nessa área na Europa, nos EUA, no Japão e, em
menor intensidade, mas em franca evolução, em outros países (DEL CARLO, 2008).

As atividades nessa área do conhecimento envolvem milhões de pessoas,


fazendo com que essa ciência cresça rapidamente, tanto que já é uma tendência
internacional a exigência de que todos os materiais, componentes, sistemas
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construtivos, equipamentos e utensílios usados nas edificações sejam analisados e


testados do ponto de vista da SCI. Para alcançar um desempenho cada vez maior, a
sociedade vem desenvolvendo novas soluções em todas essas áreas.

Fernandes (2010) pondera que dentre as áreas abrangidas pela Engenharia


Civil, sem dúvida nenhuma, a que tem despertado interesse considerável é a
“Prevenção de Incêndio e Pânico”, pois possui um mercado de trabalho bastante
amplo e com possibilidade de crescimento, pois as exigências dos órgãos públicos
em assuntos de segurança preventiva, tem sido cada vez maiores. Destacando-se
neste caso específico os Corpos de Bombeiros de todo o país, que tem aperfeiçoado
cada vez mais as suas exigências quanto a sistemas preventivos.

A legislação e os códigos de SCI vêm sendo substituídos para as


edificações mais complexas pela engenharia de SCI, outra área também em
expansão internacionalmente e, concomitantemente, as tecnologias que vêm se
desenvolvendo, como eletrônica, robótica, informática, automação, entre outros,
estão mais presentes em todas as áreas de conhecimento da SCI.

A demanda por engenheiros, pesquisadores e técnicos em SCI é crescente,


e ainda existe falta de mão de obra no mercado internacional (DEL CARLO, 2008).

Em se tratando do Brasil, vimos nossa passagem de país rural para urbano


e industrial num curto espaço de tempo, o que dentre possíveis consequências
negativas encontramos o aumento de risco de incêndio.

Números grosseiros nos mostram que de uma população de 8.400.000 mil


pessoas em 1872 passamos para 80 milhões de pessoas por volta de 1995.

Evidentemente que cidades mais densamente povoadas tendem igualmente


a um aumento da possibilidade de incêndio, sem esquecermos as bacias petrolíferas
que também apresentam alto risco de explosões como aconteceu recentemente na
costa brasileira.

Na opinião de Del Carlos (2008), em se tratando dos esforços de segurança


em decorrência do aumento da população, nada foi realizado a contento, ou seja,
falta:

 melhorar a regulamentação;

 aumentar os contingentes;
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 atender todos os municípios;

 melhorar os equipamentos;

 melhorar a formação dos arquitetos, engenheiros, bombeiros, técnicos e


população.

Ele acredita que talvez a SCI tenha sido colocada em segundo plano dentro
desse desenvolvimento desenfreado, por ser uma área complexa do conhecimento
humano, envolvendo todas as atividades do homem, todos os fenômenos naturais,
toda a produção industrial, ou seja, deve estar presente sempre e em todos os
lugares e justifica que a pouca literatura nacional em SCI contribui para o pouco
avanço da área, o que faz parte das deficiências naturais de um país em construção.

Quanto à formação do profissional no Brasil, os currículos das faculdades de


arquitetura e engenharia têm um conteúdo extenso e apertado, não permitindo
absorver outros conhecimentos, sendo necessária uma profunda reformulação para
que a SCI seja absorvida.

Enquanto isso não acontece, mesmo porque não há professores


suficientemente formados para a área, só temos cursos de pós-graduação,
tornando-se assim uma especialização exigente porque estes profissionais precisam
estar constantemente atualizados e perceberem a importância do desenvolvimento
de projetos de SCI seguindo a legislação que cada dia se torna mais avançada e
exigente.

Voltando um pouco à SCI no Brasil, Fernandes (2010) elenca os seguintes


acontecimentos evolutivos:

 na década de 70 iniciou-se no Brasil os primeiros estudos relativos à


segurança contra incêndio, tendo sido implantado o laboratório de segurança
contra incêndios no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) do Estado de
São Paulo, patrocinado pela JICA – Japan International Cooperation Agency
–, que resultou em instalações de ensaios de fumaça e teste materiais frente
ao fogo, sendo este uma referência em nível nacional;

 em Brasília, também com ajuda da JICA houve a implantação de um


Laboratório de Investigação Científica e Incêndio;
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 na implantação dos laboratórios e na formação dos técnicos, houve apoio


significativo do NBS – National Bureaux of Standards, hoje NIST – National
Institute for Standards and Tecnology;

 nos últimos quarenta anos, a população brasileira dobrou e aliado a isto, ela
migrou dos campos para a cidade, ocasionando um incremento industrial, a
diversificação comercial e uma alta capacidade de prestação de serviços.

2.2 Princípios e fundamentos da engenharia de combate a incêndios e


pânico

Complementando o que foi exposto anteriormente, pouco a pouco a


segurança vem se convertendo numa ciência completa e multidisciplinar. No
passado, os profissionais de segurança exerciam suas funções empiricamente,
utilizando apenas treinamentos básicos adquiridos em suas ocupações. Atualmente,
os diversos ramos da segurança (pessoal, patrimonial, do trabalho, contra incêndio)
usam em larga escala recursos profundamente tecnológicos (CAMPOS;
CONCEIÇÃO, 2006).

Como ramo da engenharia que trabalha em prol da vida humana e do


patrimônio, buscando a proteção contra incêndios, o engenheiro de proteção contra
incêndios utiliza métodos científicos e matemáticos na análise do fogo e no projeto
de instalações seguras. Porém, o engenheiro de proteção contra incêndios não só
se preocupa com isso, mas também com a segurança da vida humana. É por isso
que muitos se referem à profissão como a segurança contra incêndio e pânico,
unindo, assim, a segurança da vida humana em ocorrências relacionadas ao fogo ou
ao pânico com a proteção patrimonial contra incêndios.

A segurança contra incêndio e pânico é uma área bastante dinâmica, uma


vez que está intimamente relacionada à evolução dos conhecimentos técnico-
científicos. Mas, sua dinamicidade não está (nem pode estar) restrita ao
conhecimento tecnológico, ela deve levar em consideração a forte inter-relação com
os demais ramos do conhecimento.

A segurança contra incêndio e pânico, portanto, resulta da interação positiva


dos diversos ramos da engenharia (civil, elétrica, mecânica, entre outras) com as
áreas físico-química, econômico-administrativas e comportamentais, ou seja, a
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consecução da segurança contra incêndio e pânico deve ponderar aspectos técnico-


materiais com aspectos socioeconômicos na dualidade homem-meio (CAMPOS;
CONCEIÇÃO, 2006).

Vimos que a atividade de segurança contra incêndio e pânico relaciona


diversos atores sociais. Cada um desses setores da sociedade tem interesses
específicos, que, por vezes, entram em conflito. Esses interesses conflitantes muitas
vezes são totalmente legítimos, logo, é preciso que os interesses de cada setor
sejam equilibrados e respeitados. Nesse sentido está a atuação dos órgãos de
fiscalização, em particular do Corpo de Bombeiros Militar, o qual tem dentre suas
funções primordiais, a garantia da segurança da população.

Vamos falar rapidamente sobre essa Corporação que é órgão integrante da


segurança pública!

De acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 144,

a segurança pública é dever do Estado e direito e responsabilidade de


todos, sendo exercida por meio de alguns órgãos para a preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Aos corpos
de bombeiros militares cabe as funções de defesa civil e outras
especificadas em lei.

Se pensarmos no Estado de Minas Gerais, encontraremos a Lei nº 14.130,


de 19 de dezembro de 2001, que dispõe sobre a prevenção contra incêndio e pânico
no Estado e dá outras providências.

Art. 2º Para os fins do artigo 1º, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas


Gerais – CBMMG, no exercício da competência que lhe é atribuída no inciso I do art.
3º da Lei Complementar nº 54, de 13 de dezembro de 1999, desenvolverá as
seguintes ações:

I - análise e aprovação do sistema de prevenção e combate a incêndio e


pânico;

II - planejamento, coordenação e execução das atividades de vistoria de


prevenção a incêndio e pânico nos locais de que trata esta lei;
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III - estabelecimento de normas técnicas relativas à segurança das pessoas


e seus bens contra incêndio ou qualquer tipo de catástrofe;

IV - aplicação de sanções administrativas nos casos previstos em lei.

Parágrafo único: as normas técnicas previstas no inciso III do “caput” deste


artigo incluirão instruções para a instalação de equipamento para detectar e prevenir
vazamento de gás (Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 17.212, de
12/12/2007).

No caso do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), a lei


que define suas competências é a de nº 8.255 (LOB – Lei de Organização Básica),
de 20 de novembro de 1991, regulamentada pelo Decreto nº 16.036 (RLOB –
Regulamento da Lei de Organização Básica), de 4 de novembro de 1994.

A LOB e o RLOB definem as diversas competências do CBMDF, como, por


exemplo:

 realizar serviços de prevenção e extinção de incêndios;

 efetuar perícias de incêndios;

 promover pesquisas técnico-científicas com vistas à obtenção de produtos e


processos que permitam o desenvolvimento de sistemas de segurança contra
incêndio e pânico;

 realizar atividades de segurança contra incêndio e pânico com vistas à


proteção das pessoas e dos bens públicos e privados;

 fiscalizar o cumprimento da legislação referente à prevenção contra incêndio


e pânico; e,

 desenvolver na comunidade a consciência para os problemas relacionados


com a segurança contra incêndio e pânico.

Outro exemplo, agora o Estado de Pernambuco (1996), segundo seu Código


de Segurança contra incêndio e pânico, o Corpo de Bombeiros Militar tem como
competência:

Art. 3º. [...] o estudo, a análise, o planejamento, a fiscalização e a execução


das normas que disciplinam a segurança das pessoas e de seus bens contra
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incêndio e pânico em todo o Estado de Pernambuco, na forma prevista neste


Código.

Parágrafo único - Para o cumprimento do disposto neste artigo, o Estado,


por intermédio do CBMPE, efetivará a celebração de convênios, ajustes ou outros
instrumentos congêneres, com órgãos da administração direta e indireta federal,
estadual ou municipal, bem como com entidades privadas.

Art. 4º Competirá, ainda, ao CBMPE, baixar normas técnicas objetivando o


detalhamento de instalações dos sistemas de segurança contra incêndio e pânico
previstos neste Código, em conformidade com o disposto no artigo 42, inciso III, da
Constituição do Estado de Pernambuco.

Como se observa, a segurança contra incêndio e pânico envolve a


prevenção, o combate (consequentemente a extinção) e a perícia de incêndios, mas
não somente em edificações urbanas, também incêndios florestais, os quais não
veremos neste curso.

Voltemos aos princípios da segurança contra incêndio, frisando sempre que


o objetivo fundamental da segurança contra incêndio e pânico é minimizar o risco à
vida e a perda patrimonial.

 Entende-se como risco à vida a exposição severa dos usuários da edificação


e das populações adjacentes ao incêndio e seus efeitos (fumaça, calor e
pânico).

 Entende-se como perda patrimonial a destruição parcial ou total da edificação,


dos estoques, dos documentos, dos equipamentos ou dos acabamentos do
edifício sinistrado ou da vizinhança, além dos prejuízos ambientais e dos
danos indiretos decorrentes da interrupção das atividades desenvolvidas na
edificação sinistrada.

Uma forma de minimizar os riscos à vida e às perdas patrimoniais é evitar


que um incêndio, caso iniciado, torne-se incontrolável, posto que, nessa situação,
certamente ocorrerão perdas significativas. E, mais que isso, deve-se tentar impedir
que o incêndio ocorra. Esse objetivo pode ser alcançado por meio de alguns
princípios:
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a) Controle da natureza e da quantidade dos materiais combustíveis


constituintes e contidos no edifício.

b) Compartimentação horizontal e vertical dos edifícios.

c) Dimensionamento da proteção e resistência estrutural ao fogo.

d) Isolamento dos riscos (limitar a propagação entre edificações).

e) Dimensionamento dos sistemas de detecção, alarme e extinção de incêndio.

f) Criação de rotas de fuga sinalizadas, iluminadas e livres da fumaça e do


calor.

g) Criação de acesso às equipes de combate a incêndio.

h) Treino da população para combater princípios de incêndio e realização do


abandono seguro do edifício. E,

i) Manutenção dos sistemas de proteção contra incêndio instalados (VARGAS;


SILVA, 2003; CAMPOS; CONCEIÇÃO, 2006).

O incêndio inicia-se, em geral, a partir de materiais combustíveis


depositados na edificação. Mas, à medida que as chamas se espalham sobre a
superfície do primeiro objeto significado e, talvez, para outros objetos contíguos, o
processo de combustão torna-se mais fortemente influenciado por fatores
característicos do ambiente. Caso haja ventilação suficiente para sustentar o
incêndio, a temperatura do ambiente irá se elevar, transportando camadas de gases
quentes para a parte superior do compartimento e originando intensos fluxos de
energia térmica radiante. Consequentemente, os materiais combustíveis ali
presentes emitirão gases inflamáveis que se incendiarão, dando início à
generalização do incêndio, momento em que todo o ambiente ficará envolvido pelo
fogo.

No intuito de dificultar a ocorrência do incêndio (mais propriamente de sua


inflamação generalizada), limitar a sua propagação e reduzir a produção de gases
tóxicos na fumaça de incêndio, é importante não só controlar a quantidade e a
natureza de material combustível depositado na edificação (carga de incêndio
temporal), como também controlar a quantidade e a natureza de materiais
combustíveis incorporados aos elementos construtivos (carga de incêndio
incorporada). Essa ação está relacionada com a reação ao fogo dos materiais, que é
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a contribuição para o desenvolvimento do fogo, ao sustentar a combustão e


possibilitar a propagação superficial das chamas (VARGAS; SILVA, 2003; CAMPOS;
CONCEIÇÃO, 2006).

Ainda com vistas à limitação da produção e propagação de fumaça e calor


no interior da edificação, a principal medida a ser adotada consiste na
compartimentação horizontal e vertical, a qual visa dividir o edifício em células
capacitadas a suportar a queima dos materiais combustíveis nelas contidos. Essa
medida deve ser acompanhada de cuidados como a ventilação do ambiente de
modo a controlar a severidade do incêndio e a extração de fumaça.

A capacidade dos elementos construtivos de suportar a ação do incêndio


denomina-se resistência ao fogo e refere-se ao tempo durante o qual conservam
suas características funcionais de vedação e/ou estabilidade estrutural. O correto
dimensionamento da resistência ao fogo dos elementos estruturais proporciona uma
fuga segura aos ocupantes da edificação, garante um tempo mínimo de ação para
as equipes de socorro e minimiza danos à própria edificação, à vizinhança, à
infraestrutura pública e ao meio ambiente.

Mesmo que um prédio se incendeie é oportuno evitar a propagação do


incêndio desse para os adjacentes. O isolamento entre riscos permite restringir o
incêndio, fazendo com que as edificações próximas não sofram os efeitos do
sinistro. O isolamento de risco pode ser obtido por meio de afastamento horizontal
entre fachadas ou por barreiras (paredes corta-fogo) (NBR 9077; VARGAS; SILVA,
2003; CAMPOS; CONCEIÇÃO, 2006).

Quando a edificação dispõe de sistemas de proteção contra incêndio, a


probabilidade de o incêndio sair de controle em edificações dotadas desses
sistemas é menor, se comparadas com outras que não os possuam.

Vejamos a tabela abaixo que relaciona alguns meios de detecção e extinção


de incêndio com a probabilidade do seu controle.
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Efeito da extinção e detecção automáticas do incêndio

Meios de proteção Probabilidade do incêndio sair


de controle
Corpo de bombeiros. 1:10
Chuveiros automáticos. 2:100
Corpo de bombeiros de alto padrão Entre 1:100 e 1:1000
combinado com sistema de alarme.
Corpo de bombeiros de alto padrão 1:10000
combinado com chuveiro automático.

Fonte: Plank (1996 apud VARGAS e PIGNATTA, 2003).

Ressalte-se a importância da manutenção periódica dos sistemas de


proteção que confere confiabilidade ao sistema e segurança à edificação e seus
ocupantes, além da educação que é medida essencial da segurança contra
incêndio, uma vez que nos leva a inserir a cultura prevencionista na população.

A cultura prevencionista pode ser disseminada pelos bombeiros, pelos


brigadistas, pelos professores, pelos lojistas, enfim, por diversas pessoas
capacitadas para tal fim. E pode ser feita por meio de palestras, cartilhas,
treinamentos práticos, visitas, entre outros. Esta talvez seja a medida mais eficaz na
obtenção do grau de excelência na segurança contra incêndio e pânico (CAMPOS;
CONCEIÇÃO, 2006).

Ao fazermos uma comparação entre incêndios e acidentes no trânsito com


vítimas fatais, a segunda ocorrência apresenta trinta vezes mais probabilidade de
ocorrer, mesmo assim, a segurança contra incêndio deve tratar prioritariamente dos
fatores que influenciam a segurança da vida, os quais estão intimamente
relacionados às medidas de proteção que visem à evacuação das pessoas da
edificação sinistrada (VARGAS; PIGNATTA, 2003).

Sobre o tempo de evacuação de uma edificação em situação de incêndio,


podemos dizer que é função da:

 estrutura da edificação (altura, área, saídas, entre outras);

 quantidade de pessoas e de sua mobilidade (idade, estado de saúde, entre


outros).
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Portanto, as medidas de segurança necessárias são diferentes quando


aplicadas:

 a edifícios altos em relação a edifícios térreos;

 a edifícios com alta densidade de pessoas (escritórios, hotéis, lojas e teatros);

 àqueles com poucas pessoas (depósitos);

 a edifícios concebidos para habitação de pessoas de mobilidade limitada


(hospitais, asilos); e,

 àqueles com ocupantes saudáveis (complexos esportivos).

Quanto à morte em incêndio, geralmente esta é provocada pela fumaça ou


pelo calor, conforme pode ser observado na tabela abaixo.

Causa de mortes em incêndios de edifícios

País Calor e fumaça Outras causas


França 95% 5%
Alemanha 74% 26%
Países baixos 90% 10%
Reino Unido 97% 3%
Suíça 99% 1%
Fonte: Plank (1996 apud VARGAS e PIGNATTA, 2003, p. 10).

O risco de morte ou ferimentos graves pode ser avaliado em termos do


tempo necessário para alcançar níveis perigosos de fumaça ou gases tóxicos e
temperatura, comparado ao tempo de escape dos ocupantes da área ameaçada.
Isso significa que uma rota de fuga adequada, bem iluminada, bem sinalizada,
desobstruída e estruturalmente segura é essencial na proteção da vida em casos de
incêndio.

Devem ser tomados os devidos cuidados para limitar a propagação da


fumaça e do fogo, que podem afetar a segurança das pessoas em áreas distantes
da origem do incêndio ou mesmo entre edifícios vizinhos.

Para fecharmos esse tópico, vejamos no quadro abaixo um resumo dos


fatores e suas influências na intensidade do incêndio e as exigências de resistência
ao fogo.
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Fonte: Vargas e Pignatta (2003, p. 11).


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2.3 Estatísticas dos incêndios

No Brasil, as estatísticas de incêndio não são feitas no âmbito nacional e,


portanto, não se sabe o quanto se perde precisamente com os sinistros de incêndio
e qual é o seu perfil (CUOGHI, 2006).

Embora o dado seja de 20 anos atrás, vale a citação de Seito (1995), o qual
estima que as perdas indiretas superam as perdas diretas dos sinistros de incêndio e
mais de 30% das empresas que sofreram incêndio total, apesar de receberem
indenização securitária e retomarem suas atividades, saem do mercado dentro de 2
a 3 anos após seu retorno.

O Instituto Sprinkler Brasil realiza estatísticas de incêndios em locais


construídos e que poderiam ter sido contornados com o uso de sprinklers, excluídas
as residências, a partir da compilação de dados de notícias sobre os chamados
“incêndios estruturais”. Segundo o Instituto, em 2013, ocorreram 1.095 incêndios
distribuídos entre galpões, comércio, indústrias, bancos, empresas públicas,
escolas, hospitais, aeroportos, entre outros. Isto representa 91 ocorrências
noticiadas, em média, por mês. Em 2012, foram noticiadas 755 ocorrências de
incêndios estruturais, gerando a média de 40 matérias mensais sobre o tópico
(INSTITUTO SPRINKLER BRASIL, 2013).

O que sabemos, com certeza é que a manutenção de sistemas de coleta,


tratamento e análise de dados sobre incêndios permitem organizar programas de
proteção, prevenção contra incêndios e educação em nível local e nacional e que
até mesmo na internet podemos encontrar, organizados por diversos países, dados
sobre ocorrências de incêndios.

Sabemos também que o incêndio deixa rastros tais como: motivos, origem,
temperaturas, reações químicas incompletas, velocidade de propagação, materiais
queimados, carga incêndio, entre outros, portanto, a pesquisa científica e
investigativa pode nos levar a uma análise conclusiva dos fenômenos físicos,
químicos e humanos envolvidos no incêndio.

Os incêndios em sua maior parte são causados pelo que se chama de


comportamento de risco, isto é, um conjunto de atos cometidos pelo ser humano, por
imprudência, imperícia ou negligência, que vem desencadear a ocorrência de
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incêndio. O desconhecimento dos reais riscos de incêndio e o descaso na previsão


de medidas de segurança são as duas principais causas da ocorrência de incêndio.
(MELO, 1999).

O incêndio pode surgir por variadas razões, cujas causas mais comuns são:
as causas fortuitas e as acidentais (GOMES, 1998).

Uma ponta de cigarro ou fósforo incandescente, largada em cesto ou lata de


lixo, tomada elétrica sobrecarregada, pano impregnado com álcool, éter, gasolina,
cera, querosene e outros inflamáveis guardados sem o menor cuidado, fio elétrico
energizado sem isolamento ou desprotegido, em contato com papel, tecido ou outro
material combustível, equipamento elétrico funcionando regularmente, apresentando
alta temperatura e/ou centelhamento são exemplos de causas fortuitas.

Alguns exemplos de causas acidentais: vazamento de líquido inflamável em


área de risco, concentração de gás inflamável em área confinada, curto circuito em
aparelho elétrico energizado ou em fiação não isolada adequadamente, combustão
espontânea, eletricidade estática, entre outros (GOMES, 1998).

2.4 Os grandes incêndios e suas “lições”

Que as experiências, os acontecimentos, as tragédias sempre nos trazem


grandes lições/aprendizagens não há dúvidas e em relação aos incêndios urbanos,
estes também tiveram e ainda têm a capacidade de alterar a maneira de encarar e
operar a segurança contra incêndio da sociedade brasileira, destacando que tais
eventos geraram vontade e condições políticas para as mudanças e o modo como
essa vontade se consubstanciou (GILL; NEGRISOLO; OLIVEIRA, 2008).

Vejamos alguns dos incêndios que abalaram o Brasil.

a) Gran Circo Norte-americano:

O maior incêndio em perda de vidas, em nosso País, e de maior perda de


vidas ocorridas em um circo até nossos dias, aconteceu em 17 de dezembro de
1961, em Niterói (RJ) no Gran Circo Norte-Americano, tendo como resultado 250
mortos e 400 feridos. Vinte minutos antes de terminar o espetáculo, um incêndio
tomou conta da lona. Em três minutos, o toldo, em chamas, caiu sobre os dois mil e
quinhentos espectadores. A ausência dos requisitos de escape para os
20

espectadores, como o dimensionamento e posicionamento de saídas, a inexistência


de pessoas treinadas para conter o pânico e orientar o escape, entre outros, foram
as causas da tragédia.

As pessoas morreram queimadas e pisoteadas. A saída foi obstruída pelos


corpos amontoados.

O incêndio teve origens intencionais, criminosas. Seu autor foi julgado e


condenado, e a tragédia teve repercussão internacional, com manifestações do
Papa e auxílio dos EUA, que forneceram 300 metros quadrados de pele humana
congelada para ser usada no tratamento das vítimas.

b) Indústria Volkswagen

Até dezembro de 1970, nenhum grande incêndio em edificações havia


impactado a abordagem que o Poder Público e, especialmente, as seguradoras
faziam do problema no Brasil.

Era linguagem quase corrente que o padrão de construção – em alvenaria –


aliado à ocupação litorânea de uma área com alta umidade relativa do ar, se não
impediam, ao menos minimizavam, a possibilidade da ocorrência de grandes
incêndios.

O incêndio na Ala 13 da montadora de automóveis Volkswagen, em São


Bernardo do Campo, ocorrido em 18 de dezembro de 1970, consumindo um dos
prédios da produção (Ala 13), com uma vítima fatal e com perda total dessa
edificação, além de ser um grande exemplo de um novo tipo de conflagração – o
ocorrido em uma só edificação –, apontou que a apregoada ausência de risco não
passava de crença ingênua.

Efetuando-se uma única comparação, que reafirma o fato de não


importarmos aprendizados e soluções, podemos destacar que em 12 de agosto de
1953, incendiaram-se as instalações da General Motors, em Livonia, Michigan, EUA.
Pela incapacidade de penetrar nas instalações, totalmente tomadas pela fumaça, as
perdas materiais foram totais. As perdas humanas contabilizaram quatro mortes e
quinze pessoas seriamente feridas.
21

Após esse incêndio, iniciaram-se os estudos para a implantação de sistemas


de controle de fumaça – ausentes nas instalações da Volkswagen – que somente
começaram a ser realmente exigidos no Brasil a partir de 2001, na regulamentação
do Corpo de Bombeiros de São Paulo (GILL; NEGRISOLO; OLIVEIRA, 2008).

c) Edifício Andraus

O primeiro grande incêndio em prédios elevados ocorreu em 24 de fevereiro


de 1972, no edifício Andraus, na cidade de São Paulo. Tratava-se de um edifício
comercial e de serviços (Loja Pirani e escritórios), situado na Avenida São João
esquina com Rua Pedro Américo, com 31 andares, estrutura em concreto armado e
acabamento em pele de vidro. Acredita-se que o fogo tenha começado nos cartazes
de publicidade das Casas Pirani, colocados sobre a marquise do prédio.

Do incêndio resultaram 352 vítimas, sendo 16 mortos e 336 feridos. Apesar


de o edifício não possuir escada de segurança e a pele de vidro haver
proporcionado uma fácil propagação vertical do incêndio pela fachada, mais pessoas
não pereceram pela existência de instalações de um heliponto na cobertura, o que
permitiu que as pessoas que para lá se deslocaram, permanecessem protegidas
pela laje e pelos beirais desse equipamento.

Características do edifício:

 não tinha chuveiros automáticos, sinalização das saídas de emergência,


iluminação de emergência, alarme manual;

 forros e acabamentos eram combustíveis.

Muitos dali foram retirados por helicópteros, apesar de a escada do edifício


estar liberada para descida, as pessoas optaram por procurar abrigo no heliponto
por temerem retornar ao interior do edifício.

Esse incêndio gerou Grupos de Trabalho (GTs), especialmente nos âmbitos


da cidade e do Estado de São Paulo.

Com o passar do tempo, esses trabalhos foram perdendo o seu ímpeto


inicial, e mesmo aqueles que conseguiram levar a termo suas tarefas, viram seus
esforços caminharem para um processo de engavetamento dos estudos e
proposições.
22

Estudou-se a reestruturação do corpo de bombeiros, criando-se Comandos


de Corpo de Bombeiros dentro das Polícias Militares (PM), pois, até então, com
exceção do corpo de bombeiros do Rio de Janeiro e de Brasília, todos eram
orgânicos às PM.

A Prefeitura de São Paulo passou a estudar a reformulação de seu Código


de Obras (oriundo de 1929, e atualizado em 1955).

d) Edifício Joelma

Esse edifício, também construído em concreto armado, com fachada


tradicional (sem pele de vidro), situa-se na Avenida Nove de Julho, 22 (Praça da
Bandeira), possuindo 23 andares de estacionamentos e escritórios.

Ocorrido em 1º de fevereiro de 1974, gerou cento e setenta e nove mortos e


trezentos e vinte feridos.

Características do edifício:

 assim como o Andraus, não possuía escada de segurança;

 não tinha chuveiros automáticos, sinalização das saídas de emergência,


iluminação de emergência, alarme manual, nem plano de evacuação;

 forros e acabamentos eram combustíveis.

Nesse incêndio, como ocorrera no da Triangle Shirtwait Factory, pessoas se


projetaram pela fachada do prédio, gerando imagens fortes e de grande comoção (a
maior parte das pessoas que se projetou do telhado caiu em pátio interno, longe das
vistas da população).

Muitos ocupantes do edifício pereceram no telhado, provavelmente


buscando um escape semelhante ao que ocorrera no edifício Andraus.

Somado ao incêndio do edifício Andraus, pela semelhança dos


acontecimentos e proximidade espacial e temporal, o incêndio causou grande
impacto, dando início ao processo de reformulação das medidas de segurança
contra incêndios.

Ainda durante o incêndio, o comandante do corpo de bombeiros da cidade


de São Paulo, munido dos dados que embasavam os estudos da reorganização
23

desse corpo de bombeiros, revela à imprensa as necessidades de aperfeiçoamento


da organização.

Mostram-se, portanto, igualmente falhos e despreparados para esse tipo de


evento, os poderes municipal e estadual.

O primeiro por deficiências em sua legislação e por descuidar do corpo de


bombeiros, pelo qual era responsável solidariamente com o Estado. O segundo
pelas deficiências do corpo de bombeiros (GILL; NEGRISOLO; OLIVEIRA, 2008).

e) Boate Kiss – Santa Maria (RS)

Em linhas gerais um artefato pirotécnico iniciou o incêndio ao atingir o forro


composto de espuma e isopor, uma combinação típica para causar muita fumaça
tóxica.

Extintores de incêndio e outros equipamentos não funcionaram.

Seguranças despreparados barraram a saída dos primeiros ocupantes que


detectaram o incêndio, além da boate estar superlotada.

A boate tinha apenas um acesso, usado tanto para entrada quanto para
saída de pessoas, com porta de tamanho reduzido. Não havia saídas de
emergência. A porta, quando totalmente aberta, chegava a uma largura de 3 metros.

Os sistemas de ar condicionado e de exaustão também contribuíram para o


grande número de mortes, ao propagarem rapidamente a fumaça tóxica em vez de
dissipá-la. De acordo com a perícia, os dutos de ar da casa noturna operavam de
forma ineficiente e ainda estavam parcialmente obstruídos por janelas basculantes,
impedindo que parte da fumaça saísse para o ambiente externo do prédio.

A perícia de engenharia do local também constatou que faltavam itens de


segurança como chuveiros automáticos para o caso de incêndio (já que a boate não
tinha janelas), e mais luzes de emergência indicativas do local de saída. Sem
enxergar em função da fumaça, o público acabou se dirigindo para os banheiros,
onde a maioria das vítimas foi encontrada.

Enfim, uma sequência de erros, omissões ou negligência se somaram para


que ocorresse a tragédia.
24

Não nos esquecemos dos inúmeros incêndios ocorridos em favelas de


várias capitais brasileiras a título de exemplo, o de Vila Socó (Cubatão, 1984) e
Belém do Pará, região metropolitana que tem o maior número de aglomerados
subnormais em espaço urbano do Brasil, mas justificamos não explanar mais sobre
o assunto porque acreditamos que os exemplos acima mostram a importância da
preocupação com a prevenção e o combate.

Abaixo temos uma lista de incêndios relevantes, com vítimas fatais,


ocorridos no mundo e no Brasil:

Hotel Royal, Jomtien (Tailândia), 1987 (91 mortes); Clube noturno de


Gotemburgo, Suécia, em 1998 (63 mortos); World Trade Center (EUA), 2001 (de
2146 a 2163 pessoas mortas).

Outros vários incêndios relevantes ocorridos em hotéis (edifícios altos) com


vítimas fatais, a partir de 1971: 26/12/71, Seul/Coréia do Sul (166 mortos); 01/09/73,
Dinamarca (35 mortos); 25/02/77, Moscou/Rússia (42 mortos); 09/05/77,
Amsterdam/Holanda (33 mortos); 14/11/77, Filipinas (no mínimo 47 mortos);
12/07/79, Zaragosa/Espanha (76 mortos); 20/11/80, Kawaji/Japão (45 mortos);
21/11/80, Las Vegas/EUA (85 mortos); 07/05/83, Istambul/Turquia (36 mortos);
14/01/84, Pusam/Coréia do Sul (36 mortos); 23/01/86, índia (38 mortos); e 29/01/97,
China (39 mortos) (www.nfpa.org apud ALVES, 2005).

No Brasil, dentre outros eventos, temos: Gran Circus Norte-Americano (RJ),


em 1961, com 503 mortes; Edifício Joelma (SP), em 1974, mais de 180 pessoas;
Vazamento em Cubatão (SP), em 1984, 93 mortos; Lojas Renner em Porto Alegre,
1976, 41 pessoas mortas; Edifício Andorinha (RJ), em 1986, 21 mortos; Edifício
Grande Avenida (SP), 1982, 17 mortos; Edifício Andraus (SP), 1972, 16 mortos;
Creche Uruguaiana (RS), em 2000, morreram 12 crianças; Show no Canecão
Mineiro (Belo Horizonte - MG), matou 21 pessoas em 2001; Boate Kiss, Santa Maria
(RS), 231 mortos.

Para quem quer conhecer detalhes de alguns grandes incêndios ocorridos


ao longo do mundo nas últimas décadas, vale a pena conferir a Dissertação de
Mestrado de Alessandra Alves (2005) que se encontra disponível em:
http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/5485/1/alessandra_alves.pdf
25

Guarde...

A Segurança Contra Incêndio pode ser encarada pela divisão entre os


seguintes grupos de Medidas de Proteção Contra Incêndio (MPCI):

a) Prevenção – abrange as medidas de segurança contra incêndio que


objetivam “evitar” incêndios (união do calor com combustíveis), as quais serão
mais importantes quanto maior a quantidade e mais fracionado o combustível
(gases, vapores, poeira). Em síntese: são as medidas que trabalham o
controle dos materiais combustíveis (armazenamento/quantidade) das fontes
de calor (solda/eletricidade/cigarro) e do treinamento (educação) das pessoas
para hábitos e atitudes preventivas.

b) Proteção – são as medidas que objetivam dificultar a propagação do incêndio


e manter a estabilidade da edificação. Normalmente são divididas em
proteções ativas e passivas, conforme trabalhem, reagindo ou não em caso
de incêndio. Exemplos de medidas de proteção passiva: paredes e portas
corta-fogo; diques de contenção; armários e contentores para combustíveis;
afastamentos; proteção estrutural, controle dos materiais de acabamento.
Exemplos de medidas de proteção ativas: sistema de ventilação (tiragem) de
fumaça; sistema de chuveiros automáticos (sprinkler).

c) Combate – compreende tudo o que é usado para se extinguir incêndios, tais


como: equipamentos manuais (hidrantes e extintores) complementados por
equipes treinadas; sistemas de detecção e alarmes; sistemas automáticos de
extinção; Planos de Auxilio Mútuo – PAMs; corpo de bombeiros públicos e
privados, condições de acesso à edificação pelo socorro público; reserva de
água (e hidrantes públicos), entre outros.

d) Meios de escape – normalmente constituído por medidas de proteção


passiva, tais como escadas seguras, paredes, portas (corta-fogo), podem
incluir proteção ativa, como sistemas de pressurização de escadas e outros.
Dependem ainda dos sistemas de detecção, alarme e iluminação de
emergência e, em alguns casos, de uma intervenção complementar de
equipes treinadas para viabilizar o abandono, especialmente nos locais de
reunião de público. Destacamos essa medida de proteção contra incêndio das
26

demais devido a sua importância fundamental para a vida humana e por sua
ação básica nos trabalhos de resposta a emergências, visto que as equipes
de resposta normalmente acessam a edificação e as vítimas por meios de
escape.

e) Gerenciamento – nessa medida de proteção contra incêndio estão incluídas


todas as medidas administrativas e de dia-a-dia, como o treinamento e
reciclagem das equipes de resposta a emergências, a existência de um plano
e um procedimento de emergência, a manutenção dos equipamentos
instalados, a adequação dos meios instalados com o risco existente (o qual
muitas vezes se altera sem que se efetue a necessária adequação dos
meios), entre outros. Em síntese, abrange a manutenção dos sistemas e a
administração da resposta às emergências, nelas inclusos o treinamento do
pessoal e sua ação fundamental em locais de reunião de público (GILL;
NEGRISOLO; OLIVEIRA, 2008).

Podemos também resumir os fatores que levam aos incêndios em duas


grandes expressões: “vulnerabilidade por ausência de desenvolvimento e
vulnerabilidade devido a um desenvolvimento não sustentável” (GUIMARÃES;
GUERREIRO; PEIXOTO, 2008).
27

UNIDADE 3 – OS INCÊNDIOS

As definições abaixo traduzem exatamente o que é o incêndio.

 Brasil NBR 13860: O incêndio é o fogo fora de controle.

 Internacional ISO 8421-1: Incêndio é a combustão rápida disseminando-se de


forma descontrolada no tempo e no espaço.

Essas conceituações deixam claro que o incêndio não é medido pelo


tamanho do fogo. No Brasil, quando o estrago causado pelo fogo é pequeno, diz-se
que houve um princípio de incêndio e não um incêndio (SEITO, 2008).

O incêndio produz três produtos, que são utilizados nos sistemas de


detecção e chuveiros automáticos (sprinklers), os quais veremos ao longo dos
módulos:

 calor;

 fumaça;

 chama.

Existem dois aspectos básicos que precisamos compreender quando se


trata da proteção contra incêndios, para segurança pessoal e de terceiros. O
primeiro aspecto é o da prevenção de incêndios, isto é, evitar que ocorra fogo,
utilizando-se certas medidas básicas, que envolvem a necessidade de se conhecer,
entre outros itens:

a) características do fogo;

b) propriedades de riscos de materiais;

c) causas de incêndios;

d) estudo dos combustíveis.

Quando, apesar da prevenção, ocorre um princípio de incêndio, é importante


que ele seja combatido de forma eficiente, para que sejam minimizadas suas
consequências. Para tanto, é necessário:

a) conhecer os agentes extintores;


28

b) saber utilizar os equipamentos de combate a incêndios;

c) saber avaliar as características do incêndio, o que determinará a melhor


atitude a ser tomada.

3.1 O triângulo do fogo

Pode-se definir o fogo como consequência de uma reação química


denominada combustão, que produz calor ou calor e luz.

Para que ocorra essa reação química, dever-se-á, ter no mínimo dois
reagentes que, a partir da existência de uma circunstância favorável, poderão
combinar-se.

Os elementos essenciais do fogo são: combustível, comburente e calor.

a) Combustível

Combustível é todo material ou substância que possui a propriedade de


queimar, ou seja, de entrar em combustão.
29

Os combustíveis podem apresentar-se em três estados físicos:

 sólido (madeira, papel, tecidos, entre outros);

 líquido (álcool, éter, gasolina, entre outros);

 gasoso (acetileno, butano, propano, entre outros).

Quanto à volatilidade, os combustíveis podem ser:

- voláteis – não necessitam de aquecimento para desprenderem vapores


inflamáveis. Exemplo: gasolina, éter, entre outros;

- não voláteis – precisam de aquecimento para desprender vapores


inflamáveis. Exemplo: madeira, tecido, entre outros.

b) Comburente

Normalmente, o oxigênio combina-se com o material combustível, dando


início à combustão.

O ar atmosférico contém, em sua composição, cerca de 21% de oxigênio


(não existirá chama em ambientes na faixa de 8% a 16% de O 2 e não haverá
combustão abaixo de 8%).

O carvão é uma das exceções, queima com 9% de oxigênio.

c) Calor

É o elemento que possibilita a reação entre o combustível e o comburente,


mantendo e propagando a combustão, como a chama de um palito de fósforos.

O calor propicia:

- elevação da temperatura;

- aumento de volume dos corpos;

- mudança no estado físico das substâncias.

Há casos de materiais em que a própria temperatura ambiente já serve


como fonte de calor.
30

d) Condições propícias

Precisamos de um quarto elemento que podemos chamar de ‘reação em


cadeia’. É importante notar que, para o início da combustão, além dos elementos
essenciais do fogo, há a necessidade de que as condições em que esses elementos
se apresentam, sejam propícias para o início do fogo.

Pensando em um escritório iluminado com uma lâmpada incandescente de


10 watts, tem-se no ambiente:

a) combustível – mesa, cadeira, papel, entre outros;

b) comburente – oxigênio presente na atmosfera;

c) calor – representado pela lâmpada incandescente ligada;

Caso se aproxime, porém, uma folha de papel da lâmpada, quando esta


estiver acesa, haverá o aquecimento do papel e este começará a liberar vapores
que, em contato com a fonte de calor (lâmpada), combinarão com o oxigênio e
ocorrerá a combustão.

Portanto, somente quando o combustível apresentar-se sob a forma de


vapor ou gás, ele poderá entrar em ignição. Se esse combustível estiver no estado
sólido ou líquido, haverá a necessidade de que seja aquecido, para que comece a
liberar vapores ou gases.

Esquematicamente, pode-se considerar vários casos:

1. sólido > aquecimento > vapor: exemplo: papel.

2. sólido > aquecimento > líquido > aquecimento > vapor: exemplo: parafina.

3. líquido > aquecimento > vapor exemplo: óleos combustíveis.

d) gás apresenta-se no estado físico adequado à combustão: exemplo:


acetileno (ALVES, 2005).

Quanto ao oxigênio, ele deverá estar presente, no ambiente, em


porcentagens adequadas.

Se ele estiver reduzido a porcentagens abaixo de 16%, diz-se que a mistura


combustível-comburente está muito rica, e não haverá combustão (JORDÃO;
FRANCO, 2002).
31

Guarde...

O calor e os incêndios se propagam por 3 maneiras fundamentais:

a) por condução, ou seja, através de um material sólido de uma região de


temperatura elevada em direção a outra região de baixa temperatura;

b) por convecção, ou seja, por meio de um fluído líquido ou gás, entre 2


corpos submersos no fluído, ou entre um corpo e o fluído;

c) por radiação, ou seja, por meio de um gás ou do vácuo, na forma de


energia radiante.

Num incêndio, as três geralmente são concomitantes, embora em


determinado momento uma delas seja predominante.

Quando os três elementos (calor, combustível e comburente) apresentam-se


em um determinado ambiente, sob condições propícias, tem-se o chamado triângulo
do fogo, mas existe variações na sua forma de apresentação, como uma pirâmide
com o acréscimo do termo “condições propícias”.

Teoricamente, para extinguirmos um incêndio, precisamos atacar pelo


menos um dos lados do triângulo. Ao retirarmos um dos três elementos do triângulo
do fogo, automaticamente estaremos extinguindo a combustão, ou seja, o incêndio.

3.2 Causas dos incêndios

Segundo Assis (2001), um incêndio tem seu início a partir do instante onde,
provocada uma ignição, o desenvolvimento da reação de combustão se torna
autossustentável. Para tal, a fonte de ignição é geralmente pequena e com pouca
energia. Porém, se essa é capaz de iniciar uma pirólise de algum material
combustível, será suficiente para iniciar um incêndio na presença de oxigênio.

Notam-se três formas de início de ignição: as acidentais, as intencionais e as


espontâneas (CLARET, 1999). Portanto, a ignição se dará:

a) com uma chama-piloto de um fósforo ou de uma faísca elétrica;

b) com uma ignição espontânea (autoignição), onde as chamas se


desenvolvem espontaneamente em face do aumento de temperatura do ambiente;
32

c) com uma combustão espontânea de certa massa de um corpo


combustível sólido, em geral decorrente da elevação da temperatura causada por
processos químicos e/ou biológicos, ou ainda da oxidação de óleos internos e
próprios da estrutura. Para esse caso, a combustão é do tipo sem chamas (fogo
morto) iniciando-se no interior da massa.

Em palavras mais simples podemos dizer que chamas abertas como de um


fogão, equipamentos elétricos que não foram projetados para funcionar
ininterruptamente, cigarros, fiações e tomadas desencapados, aquecedores elétricos
oferecem algumas das condições e causas mais comuns de incêndios.

Logo, para se ter sucesso na detecção e extinção de um incêndio, é


necessário que sejam observados os seguintes aspectos:

a) descobrir o foco de fogo logo que ele surja;

b) dar imediato alarme;

c) iniciar rápida ação de controle de extinção;

d) manter contínua atuação sobre o fogo até sua extinção ou chegada do


socorro eficiente (GOMES, 1998).

Assim, poderá ser alcançado êxito na proteção da vida humana e dos bens
materiais envolvidos diretamente no sinistro.

3.3 A classificação de incêndios e dos materiais

O incêndio é classificado observando-se o grau de periculosidade


apresentado. Para isso, são observadas principalmente as quantidades de materiais
combustíveis envolvidas (mobílias, decoração, acabamentos de pisos, paredes,
forros, entre outros).

Gomes (1998) propõe duas formas de classificação: pela natureza e pela


quantidade de materiais (mas existem outras).

a) Classificação pela Natureza dos Materiais:

Quase todos os materiais são combustíveis, no entanto, devido à diferença


de composição, queimam de formas diferentes e exigem maneiras diversas de
33

extinção (LIMA; ENCARNAÇÃO, 2010). Por este motivo, convencionou-se dividir os


incêndios em quatro classes: A, B, C e D.

Incêndios de classe A: fogo em sólidos combustíveis mais comuns e de


fácil combustão, tais como algodão, fibras, madeiras, papel, tecidos e similares.

Incêndios de classe B: fogo em líquidos inflamáveis e petrolíferos (álcool,


gasolina, graxas, vernizes e similares).

Incêndios de classe C: fogo em equipamentos elétricos energizados


(motores, circuladores de ar, aparelhos de ar condicionado, televisores, rádios e
outros similares).

Incêndios de classe D: fogo em materiais pirofóricos e suas ligas, assim


como o alumínio em pó, zinco, magnésio, potássio, titânio, sódio e zircônio.
34

Obs.:
Os combustíveis da classe “A” são identificados por um triângulo verde com a letra
“A” no centro.

Os combustíveis da classe “B” são identificados por um quadrado vermelho com a


letra “B” no centro.

Os combustíveis da classe “C” são identificados por um círculo azul com a letra “C”
no centro.

Os combustíveis da classe “D” são identificados por uma estrela amarela de cinco
pontas com a letra “D” no centro.

b) Classificação pela Quantidade dos Materiais:

Esta classificação está diretamente relacionada à carga que é definida pelo


produto entre a quantidade de material combustível e o seu poder calorífico.
Dividindo a carga pela área de piso do compartimento, obtém-se a carga de incêndio
específica ou densidade de carga de incêndio, utilizada internacionalmente para
classificar o incêndio. Logo, a classificação por intermédio da carga de incêndio
(termo simplificado e utilizado para representar a carga de incêndio específica) será:

a) risco leve ou risco 1 – fogo em pequena carga de incêndio, cujo


desenvolvimento se faz com fraca liberação de calor – carga de incêndio até 270
MJ/m2;

b) risco médio ou risco 2 – fogo em média carga de incêndio, cujo


desenvolvimento se faz com moderada emissão de calor – carga de incêndio de 270
a 540 MJ/m2;

c) risco pesado ou risco 3 - fogo em grande carga de incêndio, com elevada


liberação de calor – carga de incêndio acima de 540 MJ/m2.
35

A primeira classificação tem uma utilidade intrínseca porque a partir dela se


pode concluir, ainda que superficialmente, o tipo mais adequado do material usado
em combate. A segunda classificação, porém, visa dar uma ideia da severidade dos
incêndios em função da densidade da carga de incêndio. Sabe-se que o
desenvolvimento do incêndio depende igualmente da carga de incêndio e da
ventilação ambiente. Assim, esta classificação resulta ser incompleta, a não ser que
se admitisse incêndio em ambiente aberto (ASSIS, 2001).

Por outro lado, a classificação de Gomes (1998) apresenta um


escalonamento das densidades da carga de incêndio em uma amplitude tal que
situaria a maioria dos incêndios nas classes de risco 2 ou 3. Com efeito, na maioria
das ocupações, densidades da carga de incêndio superiores a 300 MJ/m 2 são
comuns. Além disso, esta classificação não considera a influência das medidas
ativas que, ainda que não tenham tido sucesso na extinção de incêndio, podem
contribuir significativamente na redução de sua severidade (ASSIS, 2001).

Assis (2001) fala ainda que uma classificação moderna da severidade dos
incêndios deveria considerar necessariamente os seguintes parâmetros:

a) a densidade da carga de incêndio e a ventilação ambiente, bem como a


natureza da carga de incêndio;

b) a existência de medidas ativas que atuem como atenuantes;

c) a existência de fatores externos e a geometria da edificação ou do


compartimento que atuem como agravantes ou atenuantes dos efeitos do incêndio.

Trata-se, portanto, de uma tarefa complexa, pois a severidade dos incêndios


leva em conta o seu efeito sobre a edificação e os seus ocupantes, o que depende
de grande número de parâmetros. Alguns desses são evidentemente culturais, o que
reafirma a importância de se desenvolver uma engenharia de incêndio
genuinamente brasileira.

No entanto, Seito (2008) amplia consideravelmente essa lista de fatores,


justificando que não existem dois incêndios iguais, pois são vários os fatores que
concorrem para seu início e desenvolvimento. Vejamos:

a) forma geométrica e dimensões da sala ou local;

b) superfície específica dos materiais combustíveis envolvidos;


36

c) distribuição dos materiais combustíveis no local;

d) quantidade de material combustível incorporado ou temporário;

e) características de queima dos materiais envolvidos;

f) local do início do incêndio no ambiente;

g) condições climáticas (temperatura e umidade relativa);

h) aberturas de ventilação do ambiente;

i) aberturas entre ambientes para a propagação do incêndio;

j) projeto arquitetônico do ambiente e ou edifício;

k) medidas de prevenção de incêndio existentes;

l) medidas de proteção contra incêndios instalada.

O incêndio inicia-se, na sua maioria, bem pequeno. O crescimento


dependerá: do primeiro item ignizado, das características do comportamento ao fogo
dos materiais na proximidade do item ignizado e sua distribuição no ambiente.

A figura abaixo ilustra a evolução de um incêndio celulósico na edificação.

Fonte: ISO/TR3814:1989(E) Tests to measuring reaction to fire of buildings materials – Their


development and application apud SEITO (2008, p. 44).
37

A curva possui três fases distintas: a primeira fase é o incêndio incipiente


tendo-se um crescimento lento, em geral de duração entre cinco a vinte minutos até
a ignição, em que inicia a segunda fase caracterizada pelas chamas que começam a
crescer aquecendo o ambiente. O sistema de detecção deve operar na primeira fase
do combate a incêndio e consequente extinção tem grande probabilidade de
sucesso. Quando a temperatura do ambiente atinge em torno de 600ºC, todo o
ambiente é tomado por gases e vapores combustíveis desenvolvidos na pirólise dos
combustíveis sólidos. Havendo líquidos combustíveis, eles irão contribuir com seus
vapores, ocorrerá a inflamação generalizada (flashover) e o ambiente será tomado
por grandes labaredas. Caso o incêndio seja combatido antes dessa fase (por
exemplo, por chuveiros automáticos) haverá grande probabilidade de sucesso na
sua extinção. A terceira fase é caracterizada pela diminuição gradual da temperatura
do ambiente e das chamas, isso ocorre por exaurir o material combustível.

Martin e Peris (1982 apud MITIDIERI, 2008) relacionam as fases de


evolução de um incêndio com a contribuição que os materiais combustíveis podem
ocasionar em função das características de reação ao fogo que apresentam.
Também consideram a importância da resistência ao fogo1 que os elementos
construtivos devem possuir, conforme aparece na tabela.

Fases de um incêndio e sua relação com os materiais

Fonte: Martin, Peris (1982 apud MITIDIERI, 2008, p. 61).

1
Habilidade com que um elemento atende, por um período de tempo requerido, a suas funções
portantes, integridade e/ou isolamento térmico, especificados em método de ensaio de resistência ao
fogo, conforme descrito na norma ISO 834 – Fire resistance tests – Elements of building construction
(ISO/GUIDE52/TAG5, 1990).
38

Se observarmos um incêndio desde a sua primeira fase, notaremos que a


reação ao fogo dos materiais é a grande protagonista do sinistro. O odor liberado, a
fumaça desenvolvida, a solicitação de socorro aos bombeiros, entre outros, ocorrem
em função da reação ao fogo dos materiais.

Já na segunda fase de desenvolvimento do incêndio, tanto a reação como a


resistência ao fogo desempenham papéis importantes devido à propagação de
chamas pelos ambientes do edifício de origem e pelos edifícios adjacentes, por meio
de portas, janelas, chafts ou qualquer outra abertura constante nas paredes e/ou
tetos.

Na terceira fase, a reação dos materiais ao fogo já produziu seus efeitos, e o


local incendiado fica à mercê da resistência ao fogo dos elementos que constituem o
edifício (elementos estruturais, elementos de compartimentação horizontal e vertical,
tetos, pisos, entre outros). Nessa fase, a resistência ao fogo dos elementos tem um
papel decisivo no salvamento de bens e pessoas.

Em resumo, pode-se dizer que as chamas, a fumaça, o calor desenvolvido, o


número de vítimas, o pânico dos usuários e a severidade do incêndio estão
relacionados com a reação ao fogo dos materiais combustíveis contidos no edifício e
os agregados ao sistema construtivo. Já a integridade dos elementos e estruturas, a
dificuldade de propagação do fogo entre compartimentos, a eficácia da atuação dos
elementos de extinção e as possíveis vidas resgatadas e bens salvados dependem
da resistência ao fogo dos elementos que compõem o edifício e da sua própria
estrutura (MITIDIERI, 2008).

3.4 Equações das fases do incêndio


A Norma BS 3974/2001 nos dá subsídios para calcular cada fase da
ilustração anterior (evolução do incêndio celulósico na edificação) tanto para o
incêndio controlado pela ventilação quanto para o controlado pela carga de incêndio.

Seguindo os conceitos e ensinamentos de Seito (2008), serão mantidos os


símbolos das equações da norma BS 3974 “Application of fire safety engineering
principles to the design of buildings – Code of practice”
39

a) Primeiro estágio: pré-ignição

Nesse estágio podem ser consideradas duas fases: abrasamento e


chamejamento.

No abrasamento, a combustão é lenta, sem chama e produção de pouco


calor, mas com potencial para preencher o compartimento com gases combustíveis
e fumaça. Essa combustão pode ter a duração de algumas horas antes do
aparecimento de chamas.

As formas físicas dos materiais que queimam por abrasamento são diversas.
Por exemplo: serragem de madeira, pilhas de sacos de papel ou de fibras naturais,
palhas, folhas secas, capim seco e alguns tipos de material sintético expandido
(espuma plástica).

Devido à produção de pouco calor, a força de flutuação da fumaça e/ou dos


gases gerados é pequena e seus movimentos serão determinados pelo fluxo do ar
ambiente.

O chamejamento é a forma de combustão que estamos acostumados a ver,


ou seja, com chama e fumaça.

O desenvolvimento do calor e da fumaça/gases é mais rápido que a


combustão por abrasamento.

A razão de liberação do calor na fase de crescimento do incêndio é dada


por:
40

São dados os seguintes valores de α:

Razão de crescimento do incêndio


3
Razão de crescimento do Valor de α (kj/s )
incêndio
Lento 0,0029
Médio 0,012
Rápido 0,047
Ultrarrápida 0,188

Fonte: Seito (2008, p. 45).

b) Segundo estágio: crescimento do incêndio

Nesse estágio ocorre a propagação do fogo para outros objetos adjacentes


e/ou para o material da cobertura ou teto.

A temperatura do compartimento se elevará na razão direta do


desenvolvimento do calor dos materiais em combustão.

Nessa fase, a elevação da temperatura no compartimento, antes de atingir o


“flashover”, pode ser calculada utilizando-se o conceito de modelo por zona e
assumindo que a camada dos gases quentes no teto é uniforme.

A relação da elevação da temperatura no compartimento é dada por:

Para se atingir o ponto de inflamação generalizada (flashover) a razão de


desenvolvimento do calor deve atender à relação:
41

Assume-se que a inflamação generalizada “flashover” irá ocorrer quando a


temperatura da camada dos gases quentes junto ao teto atinge o valor de 6.000ºC.

Quando os materiais de revestimentos têm efetiva participação no


desenvolvimento do calor tem-se uma outra relação:

Se a provável razão de liberação de calor por unidade de área pode ser


estabelecida para uma ocupação particular do edifício, a razão de liberação de calor
pode ser calculada da área de fogo (ou vice-versa).

c) Terceiro estágio: incêndio desenvolvido

Nessa fase, as temperaturas do ambiente atingirão valores acima de


1.100ºC.

Todos os materiais combustíveis do ambiente entrarão em combustão.

O incêndio irá se propagar por meio das aberturas internas, fachadas e


coberturas da edificação.

Deve-se considerar como constante a razão de consumo dos materiais


combustíveis que compõem a carga de incêndio do compartimento.
42

A duração desse estágio está ligada à carga de incêndio que passa dos 80%
para 30% do valor inicial.

A razão de desenvolvimento do calor é diretamente proporcional ao


consumo da massa combustível e do seu efetivo poder calorífico, e pode ser
considerado em regime permanente, assim tem-se:

O desenvolvimento do incêndio nesse estágio é controlado por dois


mecanismos: ventilação e carga de incêndio.

c.1) Incêndio controlado pela ventilação:

As aberturas de ventilação são insuficientes para a queima livre dos


combustíveis e, portanto, influem no crescimento e duração do incêndio.

Considerando-se que carga de incêndio irá queimar como a madeira, obtém-


se a relação para determinar a razão de desenvolvimento do calor (SEITO, 2008).

c.2) Incêndio controlado pela carga de incêndio

As aberturas de ventilação são suficientes para a queima livre dos materiais


combustíveis, portanto, o crescimento e a duração do incêndio dependem somente
das características do combustível e seu arranjo no ambiente.

Para o estudo deve-se considerar que todos os materiais combustíveis são


referidos à razão de queima da madeira. Assim, a equação será diretamente
proporcional à carga de incêndio (SEITO, 2008).
43

d) Quarto estágio: extinção do fogo

Nessa fase, o incêndio irá diminuir de intensidade e de severidade na


proporção que vai se exaurindo os materiais combustíveis.

A duração da combustão no regime permanente é entre trinta minutos e


cento e oitenta minutos e é calculada pela relação abaixo.

É considerado o fim dessa fase quando a temperatura atinge valores abaixo


de 2.000ºC (SEITO, 2008).

Quanto ao efeito da ventilação, o primeiro a estudar a duração do incêndio


relacionando-o com a carga de incêndio foi Ingberg, em 1928, e chegou à seguinte
relação:

Kawagoe e Sekine, na década de 70, relacionaram a duração do incêndio


com a ventilação do local (ambiente confinado) e chegaram a:
44

UNIDADE 4 – A FUMAÇA NOS INCÊNDIOS

A fumaça é a maior causadora de mortes em incêndio (CABRAL;


NASCIMENTO; ANDRADE JUNIOR, 2011), e este motivo por si só, justifica sua
importância e seu estudo.

A fumaça é a mistura de gases, vapores e partículas sólidas finamente


divididas. Sua composição química é altamente complexa, assim como o mecanismo
de formação. É o produto da combustão que mais afeta as pessoas por ocasião do
abandono da edificação. Sua presença pode ser percebida visualmente ou pelo odor
(SEITO, 2008).

A fumaça desenvolvida no incêndio afeta a segurança das pessoas das


seguintes maneiras:

a) tira a visibilidade das rotas de fuga;

b) tira a visibilidade por provocar lacrimejamento, tosses e sufocação;

c) aumenta a palpitação devido à presença de gás carbônico;

e) provoca o pânico por ocupar grande volume do ambiente;

f) provoca o pânico devido ao lacrimejamento, tosses e sufocação;

g) debilita a movimentação das pessoas pelo efeito tóxico de seus


componentes;

h) tem grande mobilidade, podendo atingir ambientes distantes em poucos


minutos.

A produção da fumaça na combustão é aproximadamente o volume do ar


que penetra na coluna dos gases quentes, por segundo. O volume do ar na coluna
depende do: perímetro do fogo e calor gerado pelo fogo.

A relação entre as razões, em volume e em massa, da fumaça produzida é:


45

4.1 A visibilidade no ambiente enfumaçado

Quanto à visibilidade no ambiente enfumaçado, a indicação subjetiva de


densidade de fumaça é relacionada com a distância que uma pessoa pode enxergar
através desta fumaça e esta é a principal característica para definir o risco de uma
dada quantidade de fumaça.

A visibilidade de um observador dentro do ambiente com fumaça depende


de várias condições; algumas são funções da fumaça, outras do ambiente e outras
do próprio observador.

Estas condições podem ser agrupadas, como segue:

a) Fumaça: cor, tamanho das partículas, densidade e efeitos fisiológicos.

b) Ambiente: tamanho e cor do objeto observado, iluminação no objeto.

c) Observador: estado físico e mental, verificado em condições laboratoriais


ou em estado de tensão ou pânico num incêndio real.

A maioria dos dados obtidos são laboratoriais e quase nenhum de incêndios


reais.

Vários pesquisadores citados por Seito (2008) como T. Jin, Malhotra e


Rasbash, relacionaram a visibilidade e a densidade de fumaça, levando em conta
duas situações de iluminação: a frente do objeto e atrás do objeto.

Desses estudos, é possível estabelecer duas relações simples e práticas


para determinação da visibilidade através da fumaça:

a) iluminação pela frente do objeto:

b) iluminação por detrás do objeto:

A visibilidade mínima aceitável para as rotas de fuga é de 5 m, ou seja,


corresponde a densidade ótica por metro de 0,2. Para atingir este valor a fumaça
46

original do incêndio precisa ser diluída 50 vezes seu próprio volume com ar isento de
fumaça.

4.2 A toxicidade

Quanto a toxicidade, a composição química da fumaça é altamente


complexa e variável. Chega a ter duas centenas de substâncias e a porcentagem
dessas substâncias varia com o estágio do incêndio.

A formação dessas substâncias é influenciada por: composição química


do(s) material(ais) em combustão, oxigenação e nível de energia (calor) no
processo.

A toxicidade da fumaça depende das substâncias gasosas que a compõe.


As mais comuns são:

a) Monóxido de carbono - CO: é encontrado em todos os incêndios e é


resultado da combustão incompleta dos materiais combustíveis a base de carbono,
como a madeira, tecidos, plásticos, líquidos inflamáveis, gases combustíveis, entre
outros.

O efeito tóxico deste gás é a asfixia, pois ele substitui o oxigênio no


processo de oxigenação do cérebro efetuado pela hemoglobina.

A hemoglobina é o componente do sangue responsável pela oxigenação das


células do corpo humano. Ela fixa o oxigênio no pulmão formando o composto
denominado oxihemoglobina.

Quando o oxigênio é substituído pelo monóxido de carbono, o composto


formado é o carboxihemoglobina que provoca a asfixia do cérebro pela falta de
oxigênio.

Esse é um processo reversível, porém lento, portanto, quando as pessoas


forem afetadas por este gás é fundamental que elas recebam muito oxigênio e
fiquem em repouso.

A anóxia produzida pelo monóxido de carbono não cessa pela respiração do


ar fresco, como no caso dos asfixiantes simples.
47

Após moderado grau de exposição, somente em torno de 50% do monóxido


de carbono inalado é eliminado na primeira hora em circunstâncias ordinárias e sua
eliminação completa leva algumas horas quando se respira ar fresco.

A concentração máxima de monóxido de carbono que uma pessoa pode se


expor sem sentir seu efeito é de 50 ppm (parte por milhão) ou 0,005% , em volume
no ar. Acima deste nível aparecem sintomas como dor de cabeça, fadiga e tonturas.

b) Gás carbônico – CO2: é encontrado também em todos os incêndios e é


resultado da combustão completa dos materiais combustíveis a base de carbono.

A toxicidade do gás carbônico é discutível. Algumas publicações não o citam


como gás tóxico, dizem que o mal-estar é devido à diminuição da concentração de
oxigênio pela presença dele no ambiente, enquanto outras dizem ser tóxico (SEITO,
2008).

Entretanto, como efeito nas pessoas que inalam o gás carbônico foi
verificado que a respiração é estimulada, os pulmões dilatam-se e aumenta a
aceleração cardíaca.

O estímulo é pronunciado na concentração de 5% e após a exposição de 30


minutos produzem sinais de intoxicação; acima de 7% ocorre a inconsciência pela
exposição de alguns minutos.

O limite tolerável pelas pessoas é em torno de 5.000 ppm ou 0,5% em


volume no ar.

c) gás cianídrico, cianeto ou cianureto de hidrogênio - HCN: é produzido


quando materiais que contém nitrogênio em sua estrutura molecular sofrem a
decomposição térmica.

Materiais mais comuns que produzem o gás cianídrico na sua queima são:
seda, náilon, orlon, poliuretano, ureia-formoldeido, acrilonitrila, butadieno e estireno.

O gás cianídrico e outros compostos cianógenos bloqueiam a atividade de


todas as formas de seres vivos.

Eles exercem uma ação inibidora de oxigenação nas células vivas do corpo.

d) gás clorídrico - HCl: é um gás da família dos halogenados; os outros são


HBr (gás bromídrico), HF (gás fluorídrico) e HI (gás iodídrico).
48

O cloro é o halogênio utilizado para inibir o fogo nos materiais sintéticos,


sendo comum encontrá-lo nas estruturas dos diversos materiais de construção que
sejam feitos de PVC – cloreto de polivinil.

Seu efeito é lesar a mucosa do aparelho respiratório, em forma de ácido


clorídrico (gás clorídrico + umidade da mucosa), provocando irritação quando a
concentração é pequena, tosse e ânsia de vômito em concentrações maiores e
finalmente lesão seguido de infecção.

e) óxidos de nitrogênio – NOx: uma grande variedade de óxidos, óxi-ácidos e


óxi-anions, correspondentes aos estados de oxidação do nitrogênio de +1 a +5,
pode ser formada num incêndio.

As suas formas mais comuns são: monóxido de dinitrogênio (N 2O); óxido de


nitrogênio (NO); dióxido de nitrogênio (NO2) e tetróxido de dinitrogênio (N2O4).

O óxido de nitrogênio não é encontrado livre na atmosfera porque é muito


reativo com o oxigênio formando o dióxido de nitrogênio.

Esses componentes são bastante irritantes inicialmente; em seguida,


tornam-se anestésicos e atacam particularmente o aparelho respiratório, onde forma
os ácidos nitroso e nítrico, em contato com a umidade da mucosa.

Esses óxidos são produzidos, principalmente, pela queima de nitrato de


celulose e decomposição dos nitratos inorgânicos.

f) gás sulfídrico - H2S: é um gás muito comum no incêndio e é produzido na


queima de madeira, alimentos, gorduras e produtos que contenham enxofre.

Seu efeito tóxico sobre o homem é a paralisação do sistema respiratório e


dano ao sistema nervoso.

g) gás oxigênio – O2: o consumo do oxigênio na combustão dos materiais


diminui a concentração desse gás no ambiente e é um dos fatores de risco à vida
das pessoas.

Outros gases que são encontrados na fumaça: dióxido de enxofre - SO2,


acrilonitrila - CH2CHCN, formaldeído – HCHO, fosgene – COCl, etc. (SEITO, 2008).

A tabela abaixo apresenta os sintomas típicos sofridos pelos seres humanos


quando expostos ao monóxido de carbono, baseados no tempo de exposição e
49

concentração. Os valores e sintomas da tabela foram fornecidos pelo U.S.


Consumer Product Safety Commission e são baseados em adultos saudáveis, não
podendo ser generalizados para toda uma população devido às diferenças de idade
e estados de saúde (MITIDIERI, 2008).

Sintomas típicos de exposição ao monóxido de carbono (CO)

Concentração (ppm) Sintomas

35 Nenhum sintoma adverso dentro de 8 horas de exposição.

200 Dor de cabeça após 2 a 3 horas de exposição.

400 Dor de cabeça e náuseas após 1 a 2 horas de exposição.

800 Dor de cabeça, náusea e distúrbios após 45 minutos de


exposição, morte em até 2 horas de exposição.

1.000 Perda da consciência.

1.600 Dor de cabeça, náusea e distúrbios após 5 a 10 minutos de


exposição, perda da consciência após 30 minutos de exposição.

12.800 Efeitos fisiológicos imediatos, perda da consciência e risco de


vida após 1 a 3 minutos de exposição.

Fonte: NFPA (1997 apud MITIDIERI, 2008, p. 65).

4.3 O processo de controle da fumaça

De acordo com a Instrução Técnica nº 02 de 2011, o processo de controle


de fumaça necessário em cada edifício para garantir a segurança de seus ocupantes
contra o fogo e fumaça é baseado nos princípios de engenharia. O processo deve
ter a flexibilidade e a liberdade de seleção de método e da estrutura do sistema de
segurança para promover os requisitos num nível de segurança que se deseja.

Em outras palavras, o objetivo do projeto da segurança de prevenção ao


fogo (fumaça) é obter um sistema que satisfaça as conveniências das atividades
diárias, devendo ser econômico, garantindo a segurança necessária sem estar
limitado por método ou estruturas especiais prefixados.

Existem vários meios para controlar o movimento da fumaça, e todos eles


têm por objetivo encontrar um meio ou um sistema levando-se em conta as
características de cada edifício.
50

Como condições que têm grande efeito sobre o movimento da fumaça no


edifício, podem-se citar:

a) Momento (época do ano) da ocorrência do incêndio.

b) Condições meteorológicas (direção e velocidade e coeficiente de pressão


do vento e temperatura do ar).

c) Localização do início do fogo.

d) Resistência ao fluxo do ar das portas, janelas, dutos e chaminés.

e) Distribuição da temperatura no edifício (ambiente onde está ocorrendo o


fogo, compartimentos em geral, caixa da escada, dutos e chaminés).

Devem-se estabelecer os padrões para cada uma dessas condições.

Entende-se como momento de ocorrência do incêndio a época do ano


(verão/inverno) em que isso possa ocorrer, pois, para o cálculo, deve-se levar em
conta a diferença de temperatura existente entre o ambiente interno e o externo ao
edifício. Essa diferença será grande, caso sejam utilizados aquecedores ou ar
condicionado no edifício.

As condições meteorológicas devem ser determinadas pelos dados


estatísticos meteorológicos da região na qual está situado o edifício, para as
estações quentes e frias.

Pode-se determinar a temperatura do ar, a velocidade do vento, coeficiente


de pressão do vento e a direção do vento.

O andar do prédio onde se iniciou o incêndio deve ser analisado,


considerando-se o efeito da ventilação natural (movimento ascendente ou
descendente da fumaça) através das aberturas ou dutos durante o período de
utilização, ou seja, no inverno o prédio é aquecido e no verão, resfriado.

Considerando-se esses dados, os estudos devem ser levados a efeito nos


andares inferiores no inverno (térreo, sobreloja e segundo andar) ou nos andares
superiores e inferiores no verão (os 2 últimos andares do prédio e térreo).

Em muitos casos, há andares que possuem características perigosas, pois


propiciam a propagação de fumaça caso ocorra incêndio neste local. Em adição,
para tais casos, é necessário um trabalho mais aprofundado para estudar as várias
51

situações de mudança das condições do andar, por exemplo, num edifício com
detalhes especiais de construção.

Com relação ao compartimento de origem do fogo, devem-se levar em


consideração os seguintes requisitos para o andar em questão:

a) Compartimento densamente ocupado, com ocupações totalmente


distintas.

b) O compartimento apresenta grande probabilidade de iniciar o incêndio.

c) O compartimento possui características de difícil controle da fumaça.

Quando existirem vários compartimentos que satisfaçam essas condições,


devem-se fazer estudos em cada um deles, principalmente se as medidas de
controle de fumaça determinadas levarem a resultados bastante diferentes.

O valor da resistência ao fluxo do ar das aberturas à temperatura ambiente


pode ser facilmente obtido a partir de dados de projeto de ventilação, porém é muito
difícil estimar as condições das aberturas das janelas e portas numa situação de
incêndio (IT nº 02/2011).

Para determinar as temperaturas dos vários ambientes do edifício, deve-se


considerar que os mesmos não sofreram modificações com o tempo. A temperatura
média no local do fogo é considerada 900ºC com o incêndio totalmente desenvolvido
no compartimento.

Guarde...

A inalação de fumaça e gases tóxicos é a principal causa de lesões em


vítimas em incêndios. As três principais consequências na inalação de fumaça de
incêndios são: queimaduras das vias respiratórias, asfixia e irritação pulmonar.

a) Queimaduras das vias respiratórias – as lesões decorrentes de


queimaduras nas vias respiratórias normalmente ocorrem nas áreas nasais e região
da faringe (árvore tráqueo-brônquica). Isso é consequência da elevada dissipação
do calor nas áreas iniciais dessas vias. Experimentos em animais demonstram que
as vias respiratórias resfriam o ar quente inalado, fazendo com que ao atingir os
pulmões, esteja a temperaturas menos elevadas. Outros experimentos
52

demonstraram que no caso da inalação de ar à temperatura de 142ºC, ao atingir o


pulmão, encontrava-se resfriado à temperatura de 38ºC. No caso de elevada
umidade, a capacidade de absorção de calor é reduzida, fazendo com que o ar
atinja os pulmões a temperaturas mais elevadas.

Lesões associadas ao pulmão, com inalação de ar quente, podem levar a


uma hiperventilação mais acentuada. Se o limite da reserva respiratória for excedido,
há rápida transformação da acidose2 em alcalose3, com hipoxemia4 grave e
necessidade de ventilação mecânica.

b) Asfixia – a asfixia em um incêndio é causada por um conjunto de fatores.


No local do incêndio, o processo de combustão consome oxigênio, fazendo com que
sua concentração atinja níveis de até 10-13%, baixos para o ser humano.

Outro fator é a existência de gases tóxicos, como o monóxido de carbono


(CO). O monóxido de carbono exerce sua ação de asfixiante químico ao reduzir a
capacidade da hemoglobina de transportar o oxigênio, uma vez que possui afinidade
de fixação 210 a 300 vezes maior do que a do oxigênio, formando a
Carboxihemoglobina (COHb). Esta afinidade pode ser medida pelo número de moles
de oxigênio, necessário para cada mole de CO, a fim de manter igual saturação da
hemoglobina.

A contaminação por monóxido de carbono ocasiona uma anemia hipóxica. A


quantidade de oxigênio disponível no sangue não só é baixa durante a exposição ao
CO, como também ocorre uma redução na quantidade do oxigênio liberado nos
tecidos.

Desta forma, ambos os mecanismos contribuem para baixar efetivamente a


concentração de oxigênio nos tecidos, criando a situação de hipóxia tecidual.

c) Irritação pulmonar – os gases irritantes são corrosivos, podem causar


irritação e inflamação das superfícies das vias respiratórias e também podem causar
irritação ou lesão nos olhos e na pele. Inflamações das vias respiratórias podem

2 Acidose é acumulação de ácido ou perda da reserva alcalina do sangue e dos tecidos, que se
caracteriza por um aumento da concentração de hidrogênio iônico e um decréscimo do potencial de
hidrogênio.

3 Alcalose é o estado em que os fluídos do corpo ficam muito alcalinos, com pH superior a 7,45.

4 Hipoxemia é a baixa concentração de oxigênio no sangue arterial.


53

resultar em edema pulmonar. Em casos mais sérios, isto pode efetivamente fechar o
trato respiratório, enchendo os alvéolos com fluidos, interferindo seriamente na troca
dos gases entre o ar nos pulmões e o sangue nos capilares pulmonares.

Exemplos de irritantes gasosos do ar que afetam as porções superiores do


trato respiratório incluem amônia, acroleína, gás clorídrico, gás fluorídrico, trióxido de
enxofre, formaldeído e ácido acético. Irritantes gasosos que afetam ambas as partes
do trato respiratório, superior e inferior, incluem dióxido de enxofre, iodo, bromo,
cloro, flúor, ozônio e tricloreto de fósforo. Gases irritantes que afetam principalmente
as partes inferiores do trato respiratório são: tricloreto de arsênico, dióxido de
nitrogênio e fosgênio (http://www.mercoshipping.com.br/fumos.html).
54

UNIDADE 5 – MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA


INCÊNDIO

É possível agrupar as medidas a serem tomadas para garantir a segurança


contra incêndio em medidas de prevenção e medidas de proteção. As medidas de
prevenção são aquelas que se destinam a prevenir a ocorrência do início do
incêndio, isto é, controlar o risco do início do incêndio. As medidas de proteção são
aquelas destinadas a proteger a vida humana e os bens materiais dos efeitos
nocivos do incêndio que já se desenvolve. Em conjunto, essas medidas visam a
manter o risco de incêndio em níveis aceitáveis (ONO, 2007).

Berto (1991) estabeleceu oito elementos que compõem as medidas de


prevenção e proteção contra incêndio, relacionando-os às etapas de crescimento do
fogo, que valem perfeitamente na atualidade, a saber:

1) Precaução contra o início do incêndio: o único composto de medidas de


prevenção que visam a controlar eventuais fontes de ignição e sua interação
com materiais combustíveis.

2) Limitação do crescimento do incêndio: composto de medidas de proteção que


visam a dificultar, ao máximo, o crescimento do foco do incêndio, de forma
que este não se espalhe pelo ambiente de origem, envolvendo materiais
combustíveis presentes no local e elevando rapidamente a temperatura
interna do ambiente.

3) Extinção inicial do incêndio: composto de medidas de proteção que visam a


facilitar a extinção do foco do incêndio, de forma que ele não se generalize
pelo ambiente.

4) Limitação da propagação do incêndio: composto de medidas de proteção que


visam a impedir o incêndio de se propagar para além do seu ambiente de
origem.

5) Evacuação segura do edifício: visa a assegurar a fuga dos usuários do


edifício, de forma que todos possam sair com rapidez e em segurança.

6) Precaução contra a propagação: visa a dificultar a propagação do incêndio


para outros edifícios próximos daquele de origem do fogo.
55

7) Precaução contra o colapso estrutural: visa a impedir a ruína parcial ou total


da edificação atingida. As altas temperaturas, em função do tempo de
exposição, afetam as propriedades mecânicas dos elementos estruturais,
podendo enfraquecê-los, até que provoquem a perda de sua estabilidade. E,

8) Rapidez, eficiência e segurança das operações: visa a assegurar as


intervenções externas para o combate ao incêndio e o resgate de eventuais
vítimas.

As medidas de proteção contra incêndio podem ser, por sua vez, divididas
em duas categorias: as medidas de proteção passiva; e as medidas de proteção
ativa. Falaremos de cada uma delas e ao final da unidade teremos um quadro
ilustrativo dessas medidas, classificadas em função dos objetivos da proteção
definidos pelos elementos propostos por Berto (1991).

Enquanto a proteção ativa envolve todas as formas de detecção, de alarme


do controle do crescimento do fogo até a chegada do corpo de bombeiros ou, então,
a extinção de um princípio de incêndio já instalado, ou seja, enquanto a proteção
ativa responde aos estímulos provocados pelo fogo, a proteção passiva atua
independentemente da ocorrência de incêndio (BRENTANO, 2005).

Nas abordagens conceituais sobre proteção passiva e proteção ativa,


existem pontos comuns e complementares, bem como divergências.

5.1 Medidas passivas


Relembremos que proteção passiva, de acordo com a NBR nº 14.432, é o

conjunto de medidas incorporado ao sistema construtivo do edifício, sendo


funcional durante o uso normal da edificação e que reage passivamente ao
desenvolvimento do incêndio, não estabelecendo condições propícias ao
seu crescimento e propagação, garantindo a resistência ao fogo, facilitando
a fuga dos usuários e a aproximação e o ingresso no edifício para o
desenvolvimento das ações de combate.
Para Brentano (2005),

a proteção passiva envolve todas as formas de proteção que devem ser


consideradas no projeto arquitetônico para que não haja o surgimento ou,
então, a redução da probabilidade de propagação e dos efeitos do incêndio
já instalado (...) com o objetivo de evitar a exposição dos ocupantes e da
própria edificação ao fogo.
56

A proteção passiva pode ser entendida como o conjunto de medidas de


prevenção do surgimento e controle do crescimento e da propagação do incêndio,
cumprindo sua função independentemente da ocorrência de sinistros. Tais medidas
garantem a resistência ao fogo dos elementos construtivos, dificultam a propagação
da fumaça nos ambientes, facilitam a fuga dos usuários e permitem a aproximação e
o ingresso na edificação para o desenvolvimento das ações de combate a incêndios
(CAMPOS; CONCEIÇÃO, 2006).

De acordo com o Regulamento de Segurança contra Incêndio e Pânico do


CBMDF (RSIP – Distrito Federal), podemos discriminar as medidas de proteção
passiva mais conhecidas conforme se segue:

a) Meios de prevenção contra incêndio e pânico:

 correto dimensionamento das instalações elétricas;

 sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA);

 sinalização de segurança;

 sistema de iluminação de emergência;

 uso adequado de fontes de ignição; e,

 uso adequado de produtos perigosos.

b) Meios de controle do crescimento e da propagação do incêndio e pânico:

 controle de quantidade de materiais combustíveis incorporados aos


elementos construtivos, decorativos e de acabamentos;

 controle das características de reação ao fogo dos materiais incorporados aos


elementos construtivos;

 controle da fumaça e dos produtos da combustão;

 compartimentação horizontal e vertical;

 afastamentos; e,

 aceiros.
57

 c) Meios de detecção e alarme5:

 sistema de alarme;

 sistema de detecção de incêndio;

 sistema de comunicação de emergência; e

 sistema de observação e vigilância.

d) Meios de escape:

 saídas de emergência; e,

 aparelhos especiais para escape.

e) Meios de acesso e facilidade para operação de socorro:

 vias de acesso;

 acesso à edificação;

 dispositivos de fixação de cabos para resgate e salvamento;

 hidrantes urbanos; e,

 mananciais.

f) Meios de proteção contra colapso estrutural:

 correto dimensionamento das estruturas à ação do fogo.

g) Meios de administração da proteção contra incêndio e pânico:

 brigada de bombeiros particulares (brigada de incêndio6).

5.2 Medidas ativas


A proteção ativa é o “tipo de proteção contra incêndio que é ativada manual
ou automaticamente em resposta aos estímulos provocados pelo fogo, composta
basicamente das instalações prediais de proteção contra incêndio” (NBR nº 14.432).
5
As classificações de medidas de proteção contra incêndio, em geral, colocam os meios de detecção
e alarme de incêndio como medidas de proteção ativa, uma vez que respondem aos estímulos (calor,
fumaça, radiação) provocados pelo fogo.
6
A classificação da brigada de bombeiros particulares como medida de proteção passiva está
relacionada à sua atuação enquanto detecção humana de ocorrências e de acionamento de
bombeiros profissionais, apesar de a própria classificação de meios de detecção e alarme como
proteção passiva estar comprometida. No entanto, não há dúvidas de que a atuação de combate a
princípio de incêndio está englobada nas medidas ativas (CAMPOS; CONCEIÇÃO, 2006).
58

A proteção ativa, por sua vez, está intimamente relacionada à ocorrência do


sinistro, respondendo manual ou automaticamente aos estímulos provocados pelo
fogo. São medidas de combate a incêndio. A proteção ativa é composta
basicamente pelas instalações prediais de proteção contra incêndio.

De acordo com Ono, Venezia e Valentim (2008), as medidas de proteção


ativa vêm a complementar as medidas de proteção passiva, sendo compostas
basicamente de equipamentos e instalações prediais que serão acionadas em caso
de emergência, de forma manual ou automática, usualmente não exercendo
nenhuma função em situação normal de funcionamento da edificação.

Dentre os principais sistemas se encontram os de:

 detecção e alarme manual ou automático de incêndio;


 extinção manual e/ou automática de incêndio;
 iluminação e sinalização de emergência;
 controle de movimento de fumaça (ONO; VALENTIN; VENEZIA, 2008).
Campos e Conceição (2006) incluem nessa lista, os seguintes meios de
extinção de incêndio:

 sistema de proteção por extintores de incêndio;


 sistema de proteção por hidrantes;
 sistema de chuveiros automáticos, comumente denominados sprinklers;
 sistema fixo de espuma;
 sistema fixo de gás carbônico (CO2);
 sistema fixo de pó químico seco;
 sistema fixo de água nebulizada;
 sistema fixo de gases especiais;
 abafadores; e,
 bombas costais.
Para o projeto e a instalação adequados das medidas ativas, é necessária
uma boa integração entre o projeto arquitetônico e os projetos de cada sistema,
normalmente divididos por especialidade, a saber: elétrica, hidráulica e mecânica.
Mesmo existindo o que se denomina “projeto integrador”, é importante o
acompanhamento pelo arquiteto-projetista para que exista uma compatibilização
59

entre as medidas passivas e ativas propostas, visando ao melhor desempenho das


medidas de segurança contra incêndio como um todo (ONO; VALENTIN; VENEZIA,
2008).

Medidas de proteção ativa e passiva – quadro resumo ilustrativo

Fonte: Ono (2007 p. 102).

Verifica-se, conforme mostrado no quadro acima, que as medidas passivas


de proteção contra incêndio têm papel destacado na segurança contra incêndio das
edificações. Dessa forma, é importante garantir que tais medidas apresentem o
desempenho desejado numa situação de incêndio.

Como pode ser visto ao longo deste módulo, fizemos uma explanação geral
sobre a engenharia de segurança contra incêndios e pânico. Todos os conteúdos
serão amplamente discutidos ao longo dos demais módulos.
60

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