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materialidade
linguística
Organizadores
Belo Horizonte
2015
Luiz Francisco Dias
Priscila Brasil Gonçalves Lacerda
Luciani Dalmaschio
(Orgs.)
Belo Horizonte
FALE/UFMG
2015
O PRONOME SUJEITO E AS FORMAS IMPERATIVAS
Introdução
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Pesquisador do CNPq e Docente Titular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
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Professora EBTT, D3 02 do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do IFTM, Doutoranda em Linguística pelo
Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos da Faculdade de Letras da UFMG.
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DIAS; SILVA. O pronome sujeito e as formas imperativas. – p. 38-48
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As perspectivações de número também são constituídas na relação com o lugar do sujeito, mas na ótica de uma
semântica da enunciação a perspectivação de pessoa adquire preponderância.
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(1)
Se soubesses do bem que eu te quero, o mundo seria, Dindi, tudo, Dindi, lindo Dindi. Ai, Dindi!
Se um dia você for embora, me leva contigo, fica, Dindi! Olha, Dindi (Jobim & Oliveira, 1959).
(2)
Vai, minha tristeza, e diz a ela que sem ela não pode ser. Diz-lhe numa prece que ela regresse,
porque eu não posso mais sofrer (Jobim & Moraes, 1958).
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(3)
Mexe seu corpo, mas mexe até se quebrar / Me deixa loco quando seu joelho dobra. / Mexe seu
corpo, mas mexe até se quebrar, / então manobra seu corpo, rebola, mãos à obra. (MC Cabal,
2006)
(4)
Se eu morasse aqui pertinho, nega, / todo dia eu vinha te vê, / e trazia um par de cheiro, nega, /
pra derramar em você. Veste o teu vestido longo, nega, / vamos antes de chuver / Veste o teu
vestido novo, nega, / se tirar me dá prazer. (Geraldinho Lins, 2012)
Temos, nestes dois extratos de letras de música recentes, uma diretividade marcante na
constituição do imperativo. Fala-se diretamente a ela a partir de um referencial relativo ao
corpo. A perspectiva do olhar pelo qual perpassa o perfil feminino constituído nas letras de
música da modernidade, marcadamente presente nas músicas de forró e rap, analisadas no nosso
corpus, indica que a medida de alcance da mulher reside na iminência do próprio alcance dos
olhos, das mãos, e dos órgãos sexuais.
As formas imperativas invocam um tu que adquire identidade nos referencias
constituídos nas FNs “seu corpo”, “seu joelho”, “teu vestido”, indicando essa medida de alcance
que demarca um olhar masculino que se explicita de forma bastante direta na modernidade.
Da mesma forma, o exemplo a seguir também demonstra essa diretividade:
(5)
Chora, me liga, implora meu beijo de novo, me pede socorro. (João Bosco & Vinícius, 2009)
Embora não exista um elemento lexical que ocupe o lugar do sujeito como responsável pela
perspectivação de pessoalidade de segunda pessoa a que o verbo se submete, há uma projeção
de identidade nas próprias bases lexicais dos verbos, que abrigam FNs como “choro”, “ligação”,
“imploração”, “pedido”, além das FNs explicitadas “meu beijo” e “socorro”. Tem-se aqui a
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(6)
As águas deste rio a correr, a minha vida inteira esperei por você, Dindi, que é a coisa mais
linda que existe, você não existe, Dindi. (Jobim & Oliveira, 1959)
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Considerações finais
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a situa no âmbito dos próprios meios de alcance, pelos sentidos imediatos e marcado por uma
forte diretividade, e assim o locutor dirige-se à mulher para fazer, para alcançar, para mover.
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Referências bibliográficas:
_________. Articulação sintática e trajeto temático: a norma culta em debate. In: ABREU, S. (org.).
Reflexões linguísticas e redação no vestibular. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, p. 35-48, 2010.
______. Os sentidos da liberdade no mundo wiki. In: SCHONS, C.R; CAZARIN, E.A. (orgs.)
Língua, escola e mídia: entrelaçando teorias, conceitos e metodologias. Passo Fundo: Ed. da
UPF, 2011.
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