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Existem inúmeros dispositivos que permitem acesso às vias aéreas e por isso, Os 2 equipamentos da esquerda (e) (f) são exemplos de sistema balão-válvula-
até mesmo os anestesiologistas não conhecem ou não sabem manusear todos máscara. O balão do meio (e) difere do primeiro por ser auto-inflável. Mais à
estes. direita (f) a Baraka (mais utilizado para ventilar criança no ambiente cirúrgico)
Na graduação, é importante reconhecer e dominar a técnica de pelo menos 3 não possui a válvula unidirecional. A válvula unidirecional é um dispositivo que
equipamentos, pois são os que rotineiramente serão necessários nos serviços impede que quando o paciente expira, o CO 2 volte para dentro do balão e seja
de urgência/emergência ou outros serviços básicos hospitalares, a saber: reinalado. DEVE-SE PREFERIR OS COM VÁLVULA UNIDIRECIONAL.
Máscara facial (a):
Equipamentos de intubação (b);
Máscara laríngea (c): de uso mais restrito, é utilizada como resgate em
situações de difícil gerenciamento da via aérea, podendo salvar vidas
em situações onde a intubação não pôde ser realizada.
É importante que o médico, o enfermeiro ou qualquer outro profissional que A técnica de fixação bimanual da máscara facial (c) é uma opção para controle
lide com o manejo de vias aéreas conheça esse algoritmo, pois, mesmo não de via aérea de difícil ventilação:
dominando as técnicas, já ajuda com os passos para que alguém na equipe Quando há dificuldade em ventilar o paciente com a técnica
possa executá-los. convencional, seja por técnica inadequada (não está vedando bem) ou
por flacidez de estruturas da orofaringe (a base da língua de pessoas
MÁSCARA FACIAL
com queda do sensório ou na indução anestésia, por exemplo, podem
obstruir a orofaringe), normalmente há uma sequência de procedimentos
As máscaras faciais estão disponíveis em diversos tamanhos, a depender se a serem executados.
é criança ou adulto. A cânula de Guedel funciona como suporte para estruturas moles (e) e
deve ser posicionada para garantir a ventilação do paciente nessas
situações.
Se mesmo com o estabelecimento da cânula não conseguir ventilar,
deve-se chamar um ajudante que se encarregará de prover ventilação
enquanto você executa a manobra bimanual, ou seja, ao invés de
apenas uma mão acoplando, as duas mãos estabelecerão o
acoplamento da máscara facial. Eventualmente, pode-se acoplar um
ventilador ao equipamento, dispensando ajuda.
Seu manejo envolve uma técnica de fixação da máscara facial com uma das
mãos, em cerradura:
O polegar e o indicador posicionam-se pressionando a máscara contra
as vias aéreas.
O 3º e 4º dedos em contato com a mandíbula: quando ao invés de
(d)
posicionados na mandíbula, os dedos forem posicionados nas partes
moles, ao realizar alguma manobra de elevação da cabeça, pode-se
inadvertidamente elevar a língua e dificultar a ventilação.
O 5º dedo em contato com o ângulo da mandíbula: realizar manobra de
“jaw thrust”, anteriorizando a mandíbula e livrando a faringe.
Em (d) vemos os modelos de cânulas orofaríngeas (as três à esquerda) e 4. Insuflação do cuff através do balão piloto de inflação e acoplamento do
cânula nasofaríngea (mais à direita). ambu® ou outro equipamento que forneça suporte ventilatório ao
A cânula nasofaríngea é utilizada no paciente consciente (acordado) ou que paciente.
está sedado, mas não induzido, pois as estruturas da orofaringe são mais
reativas e se tornam desconfortável e aumentam o risco de complicações, tais
como: espasmos laríngeos, broncoespasmo. A cânula de guedel, então,
reserva-se mais para o paciente induzido.
(a) (b)
No momento crítico, mesmo que a máscara tenha sido mal posicionada, ela mortalidade > 90% por pneumonite química ou complicações
ainda pode ser útil ao fornecer algum suporte ventilatório, mesmo que mínimo, gravíssimas para os que sobrevivem (o HCl praticamente dissolve
fornecendo alguns minutos a mais para salvar a vida do paciente. o pulmão).
Após a inserção como ter certeza de que o paciente está sendo ventilado?
Através do capinógrafo. Lembre-se: paciente com via aérea artificial tem ML Fastrash®: permite a colocação de um tubo para intubação traqueal.
indicação de capinografia, pois pode-se achar que o paciente está ventilando I-Gel®: não possui cuff inflável. Possui gel termolábil que se molda com
até que começa a dessaturar e o tempo para dominar a via aérea é ainda o contato com a temperatura da hipofaringe.
menor. Um profissional mais experiente pode até observar a complacência Combitube: apresenta 2 condutos internos um destinado a ventilação e
torácica ou outros sinais de ventilação. outro destinada a drenagem de conteúdo gástrico
1. Realiza-se flexão do pescoço posicionando suporte abaixo do occipício A visão laringoscópica pode ser dividida em 4 graus:
até que o lobo da orelha esteja ao nível da fúrcula esternal, mantendo- Grau I: visualização da abertura laríngea completa;
se os ombros sob a mesa. Desse modo, os eixos faríngeo e laríngeo Grau II: visualização apenas posterior da abertura laríngea;
alinham-se. Nesse nível, o Eixo Oral encontra-se perpendicular ao EF e Grau III*: visualização apenas da epiglote
EL. Realiza-se então, extensão da cabeça na articulação atlanto- Grau IV*: visualização apenas do palato mole.
occipital, permitindo a coincidência entre os três eixos. Os três eixos não
ficam perfeitamente coincidentes e o laringoscópio otimizará a *laringoscopia difícil
visualização da glote.
OBS: Pessoas obesas apresentam via aérea difícil, sendo mais difícil intubação e
ventilação.
Na criança, geralmente, não se usa suporte na cabeça, pois a cabeça já é
naturalmente maior em comparação com adultos.
Vias aéreas | Emerson Casimiro 2018.2 7
Outras opções para manipulação de via aérea difícil são os aérea, de modo a prever qualquer dificuldade que eventualmente se tenha em
videolaringoscópios, fibroscópios e estiletes ópticos (b), pois oferecem a manipular aquela via aérea.
vantagem de visualização das vias aéreas a medida quem avança. Isto é importante uma vez que a abordagem dos pacientes críticos difere da
abordagem dos pacientes não críticos e dos eletivos, assim como a presença
ou ausência de tempo suficiente de jejum pode interferir na conduta, o mesmo
acontecendo com relação à presença de preditores de via aérea difícil.
Para avaliar se um paciente é difícil ou não, deve-se avaliar o paciente
conforme 2 cenários:
Ventilação difícil?
Laringoscopia difícil?
2. LARINGOSCOPIA DIFÍCIL
Mallampati III/IV
DMT (Distância tireomentoniana): distância da proeminência da
cartilagem tireóidea ao mento com a cabeça totalmente estendida.
Reflete o espaço submandibular para o qual a base da língua é
empurrada pela laringoscopia. DTM < 6,5 cm pode prever dificuldade
durante a intubação.
Abertura oral: distância entre os incisivos superiores e inferiores com a
boca completamente aberta. Abertura < 3 cm pode prever dificuldade
durante a intubação.
DME (Distância mentoesternal): distância da fúrcula esternal ao mento
com a cabeça completamente estendida. Reflete mobilidade da cabeça
e do pescoço. DME < 12,5 cm pode prever dificuldade de intubação
ALGORITMO DE ABORDAGEM DA VIA AÉREA OBS: Na inexistência de patologia periglótica, como pólipo, tumor ou
hematoma, sempre deve ser tentada a ventilação por meio de dispositivo
supraglótico (p. ex., máscara laríngea) na impossibilidade de ventilação sob
Uma árvore de decisão para entrar no algoritmo de via aérea difícil da máscara facial. Restabelece-se a oxigenação e, então, em um segundo
American Society of Anesthesiologists. momento, com o paciente estabilizado, procede-se à tentativa de Intubação.
O “box A” do algoritmo de via aérea difícil do ASA envolve as técnicas de
intubação com o paciente acordado. O “box B”, as técnicas de intubação após MACOCHA
indução da anestesia geral.
OBS: 1 – Se o paciente se submeterá a procedimento em que a manipulação de Para o paciente crítico na urgência/emergência ou UTI só há uma ferramenta
via aérea pode ser evitada, deve-se evitar: realizar anestesia raquidiana, validade para previsão de dificuldade de intubação: o MACOCHA.
bloqueio... MACOCHA ≥ 3 caracteriza como intubação difícil. Observe que só o fato de
2 – O paciente não possui preditor de laringoscopia difícil? Indução. não ser anestesista já pontua 1.
3 – Se possui preditor de laringoscopia difícil, ventilação supraglótica
poderia ser usada se necessário? O estômago está vazio? O paciente tolera
apneia? Se a resposta para essas 3 perguntas for sim faz-se indução de anestesia
geral antes da intubação. Resposta não a qualquer uma dessas perguntas, deve-
se fazer técnica de intubação com o paciente acordado.
PACIENTE INDUZIDO
PACIENTE ACORDADO
PRÉ-OXIGENAÇÃO
Várias técnicas são descritas para realização da pré-oxigenação: quatro oxigenação adequada do paciente. O aspecto circular da figura rejeita qualquer
respirações profundas (capacidade vital) durante um período de 30 segundos; superioridade entre as três abordagens iniciais, ficando a escolha do
08 respirações profundas durante um período de 60 segundos; respirações profissional portanto qual intervenção irá realizar inicialmente. O insucesso de
normais (volume corrente) durante um período de pelo menos cinco minutos. cada abordagem (três tentativas) deve levar o profissional a muda-la e seguir
A realização da pré-oxigenação com uma máscara facial bem acoplada, em qualquer dos sentidos dentro do círculo. A região azul escura mais ao
impedindo assim a entrada de ar ambiente, com um fluxo de 10-12L/min centro chama a atenção para a consequente hipoxemia e cianose decorrentes
normalmente é a escolha e utilizada na maioria das vezes. Um paciente sem de retardo no domínio da via aérea. Neste momento, após os melhores
comorbidades pulmonares, alterações metabólicas ou obesidade pode levar esforços para ventilação do paciente com as três abordagens terem sido
mais de oito minutos após apnéia para reduzir sua saturação de hemoglobina insuficientes, deve-se realizar a abordagem emergencial da via aérea com
abaixo de 90% contra cerca de um a dois minutos quando respirando resgate da ventilação através de acesso cervical anterior (cricotireoidotomia de
espontaneamente em ar ambiente. urgência). O sucesso desta abordagem retoma a ventilação e oxigenação do
A oxigenação apnéica realizada através de inserção de um cateter faríngeo paciente e o conduz em direção à zona verde presente no centro do círculo.
através das narinas com administração de oxigênio a um fluxo de 3L/min é uma A figura vertical intenciona demonstrar o caráter cônico da ferramenta, sendo
técnica alternativa que pode retardar a dessaturação de oxigênio. o estreitamento do funil representativo da redução de tempo e abordagens
disponíveis para o quadro. Assim, fica claro que a medida que o tempo passa
e não se consegue o domínio da via aérea, o assistente deve ter em mente
que menos tempo terá disponível para definição do caso, precisando
solucionar a situação com maior agilidade e restringindo as abordagens
possíveis.
OBS: Sempre o médico recém-formado deve considerar uma via aérea difícil
pela falta de prática e pouca experiência em manejo de vias aéreas. Qualquer
via aérea, mesmo fácil na visão de um anestesista, pode se tornar difícil.
THE VORTEX