Вы находитесь на странице: 1из 24

N.

01, Março 2010

Ano
Geise Brizotti PASQUOTTO
01

DESIGN URBANO: UM
ESTUDO DOS PROJETOS
BRASILEIROS DE PROMOÇÃO
n. URBANA DO IPPUC, DO RIO
01 CIDADE E DO EIXO
TAMANDUATEHY.

Instituto de Engenharia Arquitetura e Design –


p. INSEAD

23-44 Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio


CEUNSP – Salto-SP

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 1
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 1
N. 01, Março 2010

DESIGN URBANO: UM ESTUDO DOS PROJETOS


BRASILEIROS DE PROMOÇÃO URBANA DO IPPUC, DO
RIO CIDADE E DO EIXO TAMANDUATEHY.

PASQUOTTO, Geise Brizotti - Arquiteta e Urbanista formada pela Unesp, mestranda pela Unicamp e
Professora do Curso de Arquitetura-Urbanismo e Decoração-Design do Centro Universitário Nossa
Senhora do Patrocínio-Ceunsp. E-mail: geisebp@gmail.com

Resumo
O presente trabalho propõe uma análise comparativa de três experiências de design
urbano da década de 1990 no Brasil. As intervenções urbanas escolhidas foram o
programa Rio Cidade-RJ, o Eixo Tamanduatehy-SP e os projetos do IPPUC-PR, que
estão inseridas em uma conjuntura do debate urbano internacional. A partir desse
estudo, o trabalho busca uma análise crítica dos atuais processos urbanos e da
utilização de novas ferramentas de promoção das cidades.

Palavra-Chave: Planejamento Estratégico; Marketing Urbano; Intervenções


Urbanas; Cidades e Design Urbano.

1. INTRODUÇÃO
A década de 90, que é o arco temporal desta pesquisa, caracteriza-se pela
consolidação das grandes metrópoles que, como identifica Oliveira (2006), por uma
urbanização desenfreada e uma industrialização sem planejamento, resultam nas
conseqüências tanto negativas, como as positivas, pelas carências e pelas
afluências sociais e econômicas. As cidades acidentais (RANSON, 1984),
transformaram-se e tornaram-se cidades intencionais, onde são construídas para
reduzir as ameaças e potencializar as oportunidades, buscando uma visão futura
com o apoio da sociedade, num esforço mútuo (LOPES, 1998). Assim, os projetos,
dentro de uma “sociedade global urbana plural” (CLARK, 1995), procuraram uma
identidade em cada local de intervenção, buscando uma pesquisa multidisciplinar de
estudo histórico, sociológico e cultural.

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 23
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 23
N. 01, Março 2010

Nesse contexto, a presente pesquisa, visa uma comparação entre três


projetos de planejamento estratégico do Brasil na década de 90. Essas intervenções
foram escolhidas por serem uma das principais ações de promoção urbana
ocorridas no Brasil e por englobarem diferentes características históricas e
econômicas.
A primeira delas localiza-se em Curitiba (capital do estado do Paraná), uma
cidade que historicamente caracterizou-se por ser uma região de passagem (de
pessoas e principalmente de mercadorias) e que atualmente transformou-se num
modelo de cidade nacional e internacional. Assim, foram analisadas as principais
intervenções do IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba)
na década de 90, como o Jardim Botânico, a Ópera de Arame, a Rua 24 horas,
Unilivre, os Memoriais, as Praças, os Faróis do Saber e o Sistema de Transporte
(Figura 01).

Figura 01 – Localização das principais intervenções do IPPUC – década de 90.


Fonte - Elaboração da autora.

A segunda é a experiência efetuada na cidade do Rio de Janeiro (capital do


estado de mesmo nome) em 1993. O Rio foi a segunda capital do Brasil, antes do
concurso para a nova capital que antecedeu a cidade de Brasília. Conhecida como
“cidade maravilhosa”, tentou sustentar a imagem que decaiu com os acontecimentos

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 24
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 24
N. 01, Março 2010

urbanos que ocorreram como violência, submoradias, depredação dos bairros e


ruas, através de intervenções como as que aqui serão alvo de estudo. Para que
fosse possível um maior enfoque, foi estudado o programa Rio Cidade, que está
inserido no planejamento estratégico da cidade. Este programa permitiu analisar os
projetos urbanos dos diversos bairros do Rio de janeiro (Figura 02). Vale ressaltar
que as intervenções do programa possuem uma característica pontual com
características próprias em cada bairro.

Figura 02 – Localização das intervenções do programa Rio Cidade.


Fonte - Elaboração da autora.

A terceira, situa-se em Santo André, cidade da região metropolitana de São


Paulo. Analisou-se seu principal programa de promoção local, o Eixo Tamanduatehy
(Figura 03), localizado em uma zona específica da cidade.

Figura 03 – Localização das intervenções do programa Eixo Tamanduatehy.


Fonte - Elaboração da autora.

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 25
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 25
N. 01, Março 2010

A partir de uma análise comparativa das intervenções urbanas escolhidas,


utilizando chaves de leitura, o trabalho propõe uma visão crítica sobre os processos
de promoção urbana atuais e de design urbano, levando em consideração seus
pontos positivos e negativos.

ANÁLISE COMPARATIVA DAS INTERVENÇÕES URBANAS DE


PROMOÇÃO DAS CIDADES

Ferramentas de Divulgação do Planejamento Estratégico

A partir dos estudos de caso de Curitiba, Rio de Janeiro e Santo André


pode-se verificar quais são os itens mais utilizados em cada intervenção urbana
(Tabela 01), para assim entender como funciona a dinâmica do planejamento em
relação a sua divulgação.

Tabela 01 – Ferramentas de divulgação mais enfocadas em cada programa.


FERRAMENTAS DE DIVULGAÇÃO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Encontros e Consultores Parcerias Público-
Slogans e Logotipo
Fóruns Internacionais Privadas
Curitiba
Rio de Janeiro
Santo André
Fonte: Tabela elaborada pela autora.
Escala de Enfoque nas Intervenções
1º lugar 2º lugar 3º lugar 4º lugar Não existe

2.1.1 Slogans e Logotipo

As intervenções projetuais, que têm como embasamento o planejamento


estratégico, possuem como diretriz de divulgação o slogan. Esse ícone procura
resumir e enfatizar o principal objetivo do programa, buscando uma abordagem

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 26
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 26
N. 01, Março 2010

direta e de grande impacto para a população (numa escala menor) e no âmbito


nacional e internacional (numa escala maior).
Em Curitiba, em especial na década de 90, a cidade voltou-se para o tema
da sustentabilidade. Para obter maior ênfase aos programas desenvolvidos, criam-
se os slogans, como o veiculado na década de 80 pela administração pública
municipal de Curitiba com a finalidade de enfatizar aspectos da qualidade de vida da
cidade e do sistema inovador de transporte público: “Cidade do Primeiro Mundo”. Já
na década de 90, criado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de
Curitiba (IPPUC), com base no índice de áreas verdes da cidade (cerca de 50
m2/hab conforme dados da própria prefeitura), sua associação com o modelo de
transporte coletivo implantado e tomado como sucesso pela administração
municipal, criam-se o slogans “Capital Ecológica” e “Capital Social”. Esse tema,
muito divulgado atualmente, ajudou na ascensão e na disseminação das
intervenções realizadas.
No Rio de Janeiro, com o programa Rio Cidade, procurou-se enfatizar como
a administração voltou a se preocupar com os pedestres, as vias e fluxos. Assim,
utilizou-se o slogan “Urbanismo de Volta as Ruas”, que expõe qual será o foco de
trabalho das intervenções a serem realizadas. O Planejamento Estratégico do Rio,
que foi dividido em 2 partes, também possuiu slogans: “Rio Sempre Rio” e “As
Cidades da Cidade”. É interessante observar que nesse planejamento procura-se
retomar a identidade da cidade do Rio de Janeiro, que se perdeu com o
deslocamento da capital para Brasília e com o desgaste ocorridos ao longo das
administrações públicas.
Já no programa Eixo Tamanduatehy, da cidade de Santo André, observa-se
uma alteração dos slogans, devido às mudanças de objetivos do plano. Assim, o
slogan passa de “Eixo Tamanduatehy – o futuro já chegou”, para “Projeto Eixo
Tamanduatehy: urbanismo includente e participativo” e para “Projeto Eixo
Tamanduatehy – Cidade de Empreendedores”. Essa alteração deve-se as
mudanças de linhas estratégicas, que passaram de um programa conjunto de infra-
estrutura, para um enfoque de participação da população nas intervenções
projetuais e ao final, de uma estratégia mais empresarial e imobiliária.

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 27
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 27
N. 01, Março 2010

Vale ressaltar que para obter uma maior fixação e um maior potencial do
slogan, é interessante que se tenha uma homogeneidade, não apresentando muitas
variações de tema e objetivo, como é o caso de Santo André. Nota-se que Curitiba
também possui diversos slogans, mas o tema permanece semelhante.
Também é importante observar que os slogans normalmente vêm
acompanhados de um logotipo. Ele é desenvolvido para reforçar a mensagem do
slogan ou do programa e fixá-lo nos usuários alvo. Em Curitiba pode-se perceber
uma grande preocupação em desenvolver slogans e logotipo, tanto para as
instituições quanto para os programas.
Em Santo André é possível verificar um esforço para desenvolver essas
ferramentas de divulgação, mas ainda precisam ser trabalhadas para conseguir uma
maior consistência. Já no Rio de Janeiro, não foi desenvolvido um logotipo
específico para o Rio Cidade, o que faz com que o programa torne-se mais difícil de
ser identificado e fixado.

2.1.2 Encontros e Fóruns

Pode-se notar em todas as intervenções estudadas acima, a ocorrência de


reuniões, encontros, congressos e fóruns. Em Curitiba, no início da década de 90,
ocorre o Fórum Mundial das Cidades, evento preparatório para a Segunda
Conferência Mundial do Meio Ambiente - a Eco 92. Também ocorrem a partir das
soluções criativas de Curitiba (IPPUC), em 1995, as comemorações do Dia Mundial
do Habitat. O evento, preparatório da Conferência de Istambul (Turquia), discutiu no
ano seguinte, com autoridades dos cinco continentes, os novos rumos para melhoria
dos aglomerados urbanos no mundo. Desta forma, devido às discussões e
divulgações das intervenções de Curitiba, ela se transforma na Capital Ecológica do
Brasil. Assim, para reforçar essa posição, foram inseridos na cidade diversos
parques, praças, memoriais e jardins, além de projetos que levam como enfoque
principal a sustentabilidade.
No Rio de Janeiro, em 1992, acontece a Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUCED), mais conhecida como Rio-92,

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 28
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 28
N. 01, Março 2010

ou ECO-92. Foi a primeira reunião internacional de peso a se realizar depois do fim


da Guerra Fria e contou com a presença de delegações de 175 países. Vale
ressaltar que o Rio de Janeiro foi a primeira cidade da América Latina a desenvolver
um planejamento estratégico, o que faz com que essa informação seja facilmente
divulgada e a cidade ganhe uma maior importância em relação a competitividade
entre cidades.
Em Santo André, o prefeito Celso Daniel, em sua primeira gestão (1989-92),
toma partido da atmosfera de reestruturação no país e elabora algumas ações,
como a reunião das cidades da região criando o Consórcio Intermunicipal do Grande
ABC (1990) e o Fórum da Cidadania (1994) na gestão consecutiva (1992-1996).
Também foi realizado o “Seminário Internacional de Desenvolvimento Econômico e
Social do Grande ABC”, que trouxe experiências americanas e européias para
repensar as estratégias da cidade. No projeto Eixo Tamanduatehy: urbanismo
includente e participativo, também se organizaram fóruns chamados “Painéis
Urbanos”, visitas monitoradas à área do projeto chamadas “Caminhadas Urbanas” e
grupos de discussão intitulados “Conversas Urbanas”, para que a divulgação e a
participação cidadã fossem ampliadas.
Podemos verificar que tanto Curitiba quanto Rio de Janeiro apresentaram
encontros consistentes e de grande escala, com participações de outros países. É
importante observar que Curitiba apresenta um maior número de eventos
internacionais, embora também realize um constante trabalho com a população
usuária da cidade.
Já Santo André apresenta muitos eventos, mas estes não são de grande
escala, possuindo um raio de abrangência menor, com a participação das cidades
da região e de eventos para a comunidade. Vale ressaltar alguns eventos maiores,
como o Seminário Internacional de Desenvolvimento Econômico e Social do Grande
ABC e a participação do projeto Eixo Tamanduatehy na 4ª Bienal Internacional de
Arquitetura de São Paulo.
Vale ressaltar que os encontros, eventos, congressos e reuniões ocorridos
nas cidades possibilitam um crescimento nas propostas projetuais, uma projeção

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 29
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 29
N. 01, Março 2010

nacional e internacional das idéias em andamento, uma maior facilidade em reunir


parcerias e uma abertura para novos investidores.

2.1.3 Consultores Internacionais

Uma das questões importantes do Planejamento Estratégico é a circulação


de profissionais fazendo parte dos projetos com uma equipe local. Assim, os
planejadores das cidades convidam consultores internacionais para que discutam
novas estratégias estéticas e funcionais, e que apliquem no âmbito nacional.
Nas cidades analisadas, percebe-se que Santo André foi a que mais
requisitou profissionais internacionais para a elaboração do seu programa. Os
consultores foram partes importantes na concepção das intervenções para o projeto
Eixo Tamanduatehy. Na primeira etapa, de análise da área e discussão de idéias e
diretrizes, foram chamados como consultores o catalão Jordi Borja, o espanhol
Andrés Rodrigues-Pose e o francês Alain Lipietz. Na segunda etapa, para a
concepção de 4 projetos que resultaram em um projeto síntese, foram convidados
os urbanistas Christian Portzamparc (França), Eduardo Leira (Espanha) e Juan
Busquets (Espanha).
No Rio de Janeiro também se observou a participação de consultores
internacionais. Os planejadores foram influenciados pelas intervenções de
Barcelona, assim foram convidados consultores espanhóis, para que ajudassem no
desenvolvimento dos projetos urbanos.
Na década de 90, em Curitiba, não é nítida a presença de um consultor
internacional especifico, apesar de suas propostas serem muito divulgadas e
debatidas no âmbito internacional.

2.1.4 Parcerias público-privadas

As parcerias foram inseridas em ferramentas de divulgação por serem uma


conseqüência dos instrumentos citados acima. Elas são muito importantes no
planejamento estratégico e no desempenho das intervenções urbanas. Um

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 30
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 30
N. 01, Março 2010

programa só consegue crescer e obter resultado se o poder público fizer parcerias


que o ajudem a desenvolver um projeto consistente, pois sozinho ele dificilmente
consegue obter a verba e a infra-estrutura necessária para um produto final
eficiente.
Em Curitiba nota-se que a prefeitura e o IPPUC aparecem dominantes na
atuação das intervenções, mas na realidade, houve muitas parcerias para que todos
os projetos pudessem ser desenvolvidos. A diferença é que a prefeitura de Curitiba e
o IPPUC coordenaram os projetos a serem realizados, o que não ocorre com tanta
força em Santo André. A prefeitura de Santo André também fez muitas parcerias, as
quais se sobressaíram em relação a administração pública.
No Rio de Janeiro, para o desenvolvimento do progr/;ama Rio Cidade,
elaborou-se um convênio formal, envolvendo o Município do Rio de Janeiro
(representado pelo prefeito), a Federação das Indústrias do Estado do Rio de
Janeiro (FIRJAN) e a Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ). É importante
destacar que esses dois últimos agentes promotores constituem as “maiores
organizações patroniais existentes no Rio de Janeiro” (MAGALHÃES, 1997). Em
1994, para dar sustentação ao processo, ajudando na elaboração do Plano
Estratégico e também em termos logísticos e financeiros, foi firmada uma
associação com empresas, denominada Consórcio Mantenedor. Esse consórcio era
composto de 46 empresas de porte expressivo, como bancos, empreiteiras, gestores
de shopping-centers, empresas financeiras e imobiliárias, associação de hotéis de
turismo, a Texaco, o Jornal O Globo, além de estatais federais como a Embratel,
Cia. Vale do Rio Doce, Petrobrás e a Prefeitura do Rio de Janeiro, sendo
representada pelo IPLAN-RIO.

1.1 Equipamentos e Materiais Urbanos

Nos programas estudados acima, podemos identificar alguns materiais


urbanos que se impõe na dinâmica do planejamento estratégico (Tabela 02). São
eles: o mobiliário urbano, a paginação do piso e os símbolos.

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 31
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 31
N. 01, Março 2010

Tabela 02 – Principais enfoques das intervenções analisadas.


MATERIAIS URBANOS
Mobiliário Urbano Paginação do Piso
Símbolos
(diferenciado) (diferenciada)
Curitiba
Rio de Janeiro
Santo André
Fonte: Tabela elaborada pela autora.

Escala de Enfoque nas Intervenções


1º lugar 2º lugar 3º lugar 4º lugar Não existe

2.2.1 Mobiliário Urbano

Nos anos 70, a partir da implantação do Plano Diretor de Curitiba, o IPPUC


assumiu a responsabilidade de determinar padrões para uso do mobiliário urbano e
da comunicação visual na cidade. Segundo o IPPUC, a primeira experiência de
sinalização e identificação de nomes de ruas e avenidas foi feita com a utilização de
placas adesivas plásticas, coladas nos postes de iluminação. Equipamentos
turísticos e sociais, parques e bairros passaram a ser identificados.
Atualmente, o mobiliário urbano de Curitiba está sendo desenhado por
arquitetos e designers. O mobiliário criado pela equipe do designer e arquiteto
Manoel Coelho, foi selecionado no concurso nacional “Brasil Faz Design 2004” e foi
exposto na mostra especial brasileira do Salão Internacional do Móvel de Milão, o
evento mais importante do mundo na área de design, que acontece em Milão na
Itália. Esse “é o evento de design brasileiro com maior repercussão no cenário
nacional e internacional, contando com o apoio de órgãos como o Ministério das
Relações Exteriores e o Ministério do Meio Ambiente, entre outros” (BELINASO,
1996). Esse estudo sugere uma padronização do mobiliário de Curitiba,
diferentemente do que é visto no programa Rio Cidade.
Mas em alguns bairros, e mais frequentemente em locais definidos, como
praças, parques, memoriais, o mobiliário ainda se adequa as características do local.
Como é o caso das luminárias e sinalização do parque Tanguá e na Rua das Flores,

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 32
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 32
N. 01, Março 2010

com seu telefone público circular, suas floreiras e bancos de madeira e suas
luminárias tradicionais.
Nas intervenções do Rio Cidade, o mobiliário urbano é uma diretriz muito
forte de projeto. Todos os bairros tiveram seu mobiliário desenhado especificamente
para o local, fazendo com que possuam identidade visual própria.
Um dos bairros que possui muito clara esta intervenção é o Leblon. Por toda
a área de intervenção foram instalados postes de uso múltiplo, totens de
propaganda, abrigos nas paradas de ônibus e iluminação diferenciada para a caixa
de rua e calçadas.
Outros exemplos podem ser observados nos bairros do programa. Os
assentos e mesas também foram desenvolvidos para cada bairro, assim como os
pontos de ônibus, as luminárias, sinalização, telefones públicos, jardineiras, entre
outros.
Essa diferenciação do mobiliário para cada bairro trouxe alguns problemas,
como a difícil manutenção. Assim, observa-se atualmente uma depredação e um
descuido desses equipamentos.
Em vista desses acontecimentos, é prevista atualmente a privatização do
mobiliário urbano do Rio de Janeiro. O poder público, segundo a revista
ProjetoDesign (1999) já realizou a concorrência internacional para a inserção desses
equipamentos na cidade, vencida pela parceria entre a empresa britânica Adshel e o
arquiteto Paulo Case e pela Cemusa, empresa espanhola.
Em Santo André o mobiliário urbano instalado não se destaca pela inovação
ou pela relação com o local, pois não foi desenhado especificamente para a
intervenção.

2.2.2 Paginação do Piso

A paginação do piso é uma forma muito interessante de ressaltar as


intervenções realizadas na cidade. A partir dela é possível direcionar o trajeto de
automóveis e o fluxo de pedestres, usá-la como apoio para portadores de

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 33
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 33
N. 01, Março 2010

necessidades especiais, utilizá-la na melhoria da estética, na valorização das


características locais e como indicadores de ilhas de descanso e lazer.
O Rio de Janeiro sempre possuiu um vínculo muito forte com a paginação
das calçadas, tornando-se símbolo do bairro, como é o caso de Copacabana e
Leblon. Esses símbolos acabam sendo muito divulgados e tornam-se materiais
artísticos para novos projetos e até como produtos para serem comercializados.
O Rio Cidade foi o projeto analisado que mais se utilizou dessa técnica para
reforçar as intervenções realizadas. Um dos seus enfoques principais, além do
mobiliário urbano, foi a paginação do piso, que foi trabalhada em cada bairro com
características próprias.
Em Bonsucesso e Copacabana a paginação foi elaborada para obter
padrões mais informativos, levando o usuário a relacionar as cores e texturas com
usos e serviços específicos. Também identifica-se a utilização de uma diferente
paginação para indicar um novo uso em Botafogo. Nas esquinas, com paginação em
xadrez de ladrilhos hidráulicos, surgem os “oásis”. Essas ilhas foram planejadas
para o lazer dos usuários, além de ser um direcionador às rampas de travessia.
No Catete e no Centro a paginação do piso foi construída de acordo com a
tipologia do bairro, que é mais tradicional e histórico, remetendo e valorizando o
passado. Assim, no Catete foram trabalhadas as vias com lajes de granito e o
desenho foi baseado no traçado do início do século, com o centro em rótula.
No Centro foi refeito a pavimentação em pedra Portuguesa com desenhos e
motivos figurativos, “que ilustram a história arquitetônica e urbanística da avenida”
(IPLANRIO, 1996). Vale ressaltar que na Cinelândia foi elaborada uma espécie de
“calçada da fama”, na qual serão gravados os nomes dos artistas que construíram a
tradição “lúdico-recreativa” do local.
Em Campo Grande e Vila Isabel foram utilizados símbolos que remetem o
bairro para ilustrarem os pisos do local. Assim, em Campo Grande, os pisos em
frente aos estabelecimentos comerciais foram ilustrados com
a imagem de um galo-de-rinha. Já em Vila Isabel, com sua poesia e música
presentes na história do bairro, os pisos possuem gravuras de pautas musicais.

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 34
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 34
N. 01, Março 2010

Em Ipanema e Madureira podemos verificar uma forte presença da


paginação do piso. Em Ipanema, verificam-se como diretriz projetual as fortes
pinturas utilizadas nos cruzamentos das ruas, possuindo diversos formatos
geométricos e cores primárias.
Em Madureira e no Centro também é possível verificar essa mesma
influência, embora apresente um enfoque semelhante no primeiro caso e uma
influência menor no segundo.
Em Curitiba podemos observar um cuidado com o tratamento do piso desde
o início do seu desenvolvimento, com calçadas nos estilos Art Nouveau e Art Déco,
com motivos indígenas e com símbolos do Paraná (devido ao Movimento Paranista).
Muitos desses desenhos foram restaurados e continuam até hoje fazendo parte da
cidade e resgatando a história de Curitiba.
Um exemplo é a Praça Osório, que possui pisos em pedra portuguesa no
estilo Art Déco e no motivo Paranista. Em 2000 foi recuperado conforme desenho
original.
Outro exemplo é a Rua das Flores, que desde sua implantação em 1970,
possui desenhos de pinhão (fruto típico do Paraná) nas calçadas em mosaico
português, resultando ao Movimento Paranista (REVISTA ESPAÇO URBANO, nº 3).
Na década de 90, com a reformulação do calçadão, foi implantada uma pista táctil
para orientar os deficientes visuais e inserida uma “Linha Pinhão”, que é um
desenho iniciado na área central interligando os prédios antigos. Vale ressaltar, que
assim como na Rua das Flores, outras praças foram restauradas na década de 90 e
seus pisos desenhados foram recuperados, pois elas representam “momentos
marcantes e expressivos da história e da cultura da época” (REVISTA ESPAÇO
URBANO, nº 3).
Esse cuidado no tratamento do piso também pode ser observado nos
memoriais, onde foram elaborados para ressaltar as características das etnias
homenageadas. Um exemplo é o Bosque de Portugal, que possui pisos em mosaico
com motivos que remetem às grandes navegações portuguesas, enfatizando a
história dos imigrantes portugueses.

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 35
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 35
N. 01, Março 2010

Atualmente, novos desenhos de pisos estão sendo desenvolvidos em


Curitiba para reforçar as características étnicas de cada bairro e também para
ressaltar a origem do Paraná, com símbolos indígenas. As propostas já participaram
de concursos e foram premiadas no I Prêmio Cauê de Arquitetura.
Em Santo André não nota-se um enfoque específico para a paginação, com
tratamentos diferenciados ou com valores históricos e características da região.
Entretanto, no projeto (contrapartida) do calçadão do centro, é possível verificar um
tratamento especial para a paginação do piso, com um painel desenhado por um
artista plástico da cidade.

2.2.3 Símbolos

Em Curitiba podemos identificar muitos símbolos espalhados pela cidade,


principalmente na região turística. Os memoriais de Curitiba são símbolos de
exaltação aos imigrantes, pois apresentam em cada construção ou espaço livre,
características e detalhes que remetem aos valores, às tradições e às culturas de
cada etnia. Exemplos disso é o templo japonês (Memorial Japonês) e a igreja de
São Miguel Arcanjo (Memorial Ucraniano), que retoma a religião dos imigrantes.
Outro símbolo de exaltação à cultura são os azulejos pintados com poesias de
escritores portugueses (Memorial Português), as Pessankas (Memorial Ucraniano) e
o oratório Bach para concertos musicais (Memorial Alemão).
Também se utiliza da recordação da história desses imigrantes na própria
região, como a reprodução da fachada de uma casa alemã do centro histórico de
Curitiba (Memorial Alemão) e da Igreja de São José, que foi a primeira igreja de
Santa Felicidade (Memorial Italiano).
Outro aspecto é a valorização da arquitetura do país de origem, como é o
caso da casa no Memorial Ucraniano, que foi construída com madeira madeira
encaixada, seguindo as primeiras construções feitas pelos imigrantes ucranianos. E
também verifica-se no Memorial Português a influência da arquitetura portuguesa na
construção dos elementos do bosque.

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 36
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 36
N. 01, Março 2010

Outro símbolo que Curitiba possui relaciona-se com os parques. Como a


cidade é considerada como a Capital do Meio Ambiente, os parques são os
símbolos mais importantes. Assim toda a concepção leva para uma conscientização
da população e também uma valorização histórica do lugar. Pode-se citar o parque
Tingui, que possui este nome devido aos índios Tinguis que habitavam a região na
época de sua colonização pelos portugueses e que apresenta uma estátua do
cacique Tindiqüera na sua entrada.
Vale ressaltar que na maioria dos memoriais e parques nota-se a presença
do mirante. Ele é um importante aliado da utilização de símbolos, pois ele faz com
que se torne mais fácil a visualização do local, do entendimento do conceito na
concepção do espaço e de toda a sua simbologia. Em Curitiba é interessante
verificar que os símbolos são em sua maioria agrupados em espaços definidos e
não em bairros, como no Rio Cidade.
Também é interessante observar que os símbolos podem ser identificados
em esculturas, monumentos, obras artísticas, projetos arquitetônicos, entre outros.
Assim, eles podem atingir uma escala maior (nacional e internacional) ou possuir um
raio de abrangência menor, abrangendo os usuários da cidade.
No Rio de Janeiro, é possível verificar em alguns bairros do programa,
construções, esculturas e monumentos que valorizam o local e trazem para a
população uma identidade própria. Alguns retomam a história do local, outros são
construídos para criar uma nova identidade.
O bairro que possui maior número de símbolos é o Campo Grande. Toda a
intervenção possui construções que enfatizam as características do bairro e
homenageiam as intervenções do Rio Cidade. Alguns exemplos são: a laranja,
símbolo da época áurea do bairro; a broca, homenagem ao projeto do Rio Cidade, o
chafariz, que compõe com as 2 esculturas e o relógio, que simboliza o calçadão.
Ainda retomando o simbolismo da laranja, foi criada uma região de micro
permanência com esculturas inspiradas no tema. Também é interessante observar o
marco comemorativo em frente à estação ferroviária, que recebeu um tratamento de
piso para compor o monumento.

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 37
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 37
N. 01, Março 2010

Em Ipanema, no encontro da Rua Visconde de Pirajá com a Rua Henrique


Dumont está localizado o Bar Vinte, destaque do projeto e de grande valor histórico,
já que foi o ponto final da antiga linha de bondes que ligava Ipanema ao Centro da
cidade. Para resgatar essa memória, os arquitetos desenharam na rua, “a rótula de
retorno dos trilhos com uma rosácea no interior e um grande obelisco iluminado ao
centro”, além de um pórtico que faz referências tridimensionais ao desenho e
delimita Ipanema do seu bairro vizinho Leblon.
Em outros bairros do projeto Rio Cidade podemos também encontrar
símbolos. Em Bonsucesso destaca-se o chafariz central, marco da exposição
Nacional de 1908. Ele foi restaurado e recebeu nova iluminação.
No Catete, assinalando o eixo da rua de mesmo nome, observa-se a estátua
de José de Alencar que recebeu um tratamento do piso para destacá-la.
Em Vila Isabel os monumentos geométricos foram substituídos por outros
que evocam a característica boemia do bairro, como a escultura de Noel Rosa
sentado à mesa de um botequim de esquina, criada pelo escultor Joáf Pereira dos
Passos. Na Praça Barão de Drumond também se pode observar outro símbolo, um
obelisco, que identifica o local.
Em Madureira também se destaca uma escultura que possui o tema da
praça onde está inserida, a Praça das Mães. Essa escultura, de uma mãe
carregando seu filho, é um marco do bairro.
No Méier, Copacabana e Ilha do Governador, os símbolos não são
esculturas, e sim, símbolos criados para enfocar uma identidade para o bairro, como
o chafariz de entrada no Méier. Em Copacabana, em toda a avenida principal, foram
dispostos mastros embandeirados, continuando com a composição cênica do local.
Na entrada da Ilha do Governador, foram construídos dois monumentos feitos de
tijolos e vidro, com efeitos visuais utilizando a luz e a água para sinalizar a entrada
da ilha.
Já no Méier, no largo de mesmo nome, foi projetada uma escultura em
chapa de aço sobre um chafariz. Essa obra caracteriza-se como sendo o portal de
entrada do bairro, emoldurado pelas fachadas lindeiras do início do século.

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 38
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 38
N. 01, Março 2010

Em Santo André não se observa símbolos que remetam a história do local


ou de seus habitantes da cidade. Também não foram criados símbolos que
permitissem uma nova identidade ao local.

2. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os anos de 1990 são caracterizados pelo denominado Planejamento


Estratégico, que segundo Lopes (1998), “(...) tornou-se um instrumento
indispensável para pensar o futuro das cidades e direcionar o seu desenvolvimento,
dentro do novo espaço de fluxos de um mundo globalizado e de uma sociedade em
rápida evolução”. Algumas cidades se destacam por esse planejamento, e tornaram-
se elementos de discussão e de base para outras intervenções. Na Europa, o caso
de Barcelona é paradigmático. Posteriormente, tivemos experiências em Paris,
Brimingham, Frankfurt, Lyon, Madrid, Bilbao, Valença, Malaga e Lisboa. Nos
Estados Unidos e Canadá podemos destacar São Francisco, Montreal e Toronto Na
América Central, México, observa-se Monterrey e Guadalajara e na América do Sul
destaca-se a Argentina (Rosário, Mendonza e Buenos Aires), a Colômbia (Bogotá,
Medellin, Calle e Cartagena) e o Brasil (Rio de Janeiro e outras em fase de
planejamento, como Fortaleza, Campos, Juiz de Fora, Belo Horizonte e Recife).
O primeiro ponto relevante dentro de uma pesquisa de cunho comparativo é
a explicitação de como a conjuntura sócio-econômica e cultural local, interferiu na
implantação do possível modelo. Nesse sentido são relevantes as observações de
Castells & Borja (1996), sobre o contexto latino americano, afirmando que este
possui diferenciações e uma cadeia de problemas específicos que são fatores
importantes para uma planificação estratégica, como as desigualdades,
marginalidades, fraca sustentação sócio-cultural, déficits de infra-estrutura e de
serviços públicos, deficiente integração social e baixa articulação entre os atores
urbanos.
Assim, dentro do contexto nacional na década de 90, foi possível isolar três
experiências brasileiras, que são paradigmáticas para o planejamento estratégico e
que se constituíram em objetos de estudos: as intervenções do IPPUC em Curitiba,

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 39
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 39
N. 01, Março 2010

o programa Rio Cidade no Rio de Janeiro e o Eixo Tamanduatehy em Santo André.


Em Curitiba, observou-se uma cidade que historicamente localizava-se em uma
região de passagem e que se desenvolveu alcançando um lugar de destaque no
âmbito nacional e internacional, através de sua política inovadora de transporte e
posteriormente, com um enfoque muito grande para as questões de
sustentabilidade. No Rio de Janeiro, foi possível perceber a tentativa de manter ou
de recuperar a imagem de “cidade maravilhosa”, desgastada pela remoção da
capital para Brasília e do aumento dos problemas urbanos, como violência e
submoradias. E em Santo André, uma cidade que buscou num primeiro momento
uma posição territorial e posteriormente uma maior importância na região
metropolitana onde localiza-se.
Diante dessa análise comparativa foram elaboradas três chaves de leitura:
1ª) As diferenciações do contexto e o conceito do plano em cada caso, 2ª) A política
de promoção urbana em função das particularidades e a 3ª) Os materiais urbanos
informando as escalas de abrangência dos projetos.
Pode-se perceber que no Planejamento Estratégico inserido em uma relação
de articulação projeto urbano/planejamento, notou-se uma diferenciação entre as
três intervenções em relação à escala utilizada. Em Curitiba notou-se a participação
de um órgão de gestão: o IPPUC. Esse instituto desenvolveu em um arco temporal
alargado, intervenções em diversas escalas. Os projetos possuem uma
homogeneização em sua localização, englobando uma grande parte da cidade,
embora, é interessante ressaltar, que a região sul (menos favorecida) não possui
nenhum projeto com ênfase na promoção urbana. No Rio de Janeiro, onde se deu o
primeiro planejamento estratégico oficial, os projetos foram desenvolvidos para
retomar uma posição que a cidade tinha conquistado e de imprimir um sentimento
de identidade na população carioca. Assim, as intervenções foram pontuais e
distintas, possuindo uma característica própria em cada bairro, seguindo uma escala
projetual menor, intervindo principalmente em equipamentos urbanos e em vias de
fluxo. Já em Santo André o programa Eixo foi desenvolvido para atingir uma faixa
delimitada da cidade, onde foram utilizados uma escala projetual maior, com
edifícios marcando o território.

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 40
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 40
N. 01, Março 2010

A partir da análise do planejamento urbano de cada projeto, foi possível


identificar a segunda chave de leitura, relacionada com a política de promoção
urbana da cidade. O planejamento de Curitiba destaca-se por essa política através
dos slogans e logos, pois além de se difundirem por outras cidades e países,
exercem uma atração muito forte na população, que passa a acreditar nos projetos
criados e a cuidar deles como parte de sua vida. Outros fatores são os eventos
internacionais na cidade e os projetos inovadores, que fazem com que Curitiba se
coloque em uma posição importante mundialmente. Além disso, observa-se a
arquitetura como monumento, tornando-se um “produto” que precisa ser diferente,
ter competitividade, e sempre estar atualizado, ocasionando um lançamento
acelerado de inúmeras obras na cidade e tornando-se ícones de divulgação. No Rio
de Janeiro observa-se a contratação de consultores espanhóis e a parceria com
grandes empresas, que além de dispor de um poder aquisitivo alto, também atrai
outros investidores e acarretam em uma maior divulgação. Em Santo André, a
política de promoção urbana esteve muito mais vinculada ao início do programa, de
execução teórica e análise de dados, do que na parte executada. Isso se deve ao
fato de que no início do planejamento houve muitos elementos de divulgação, como
reuniões com a população e com outras cidades brasileiras e contratação de
consultores internacionais. Posteriormente, na fase construtiva, nota-se uma fraca
estrutura de apoio aos investidores, que desenvolveram os projetos quase que
independentemente do entorno ou ligação com os demais.
Para finalizar a linha de pensamento, foi necessária a dissecação dos
projetos em partes, resultando na ultima chave de leitura: os materiais urbanos. Eles
foram agrupados em três setores, a paginação do piso, o mobiliário urbano e os
símbolos. Em Curitiba, nota-se uma preocupação com o mobiliário urbano e
paginação, mas o enfoque é dado aos símbolos, existentes nos parques, praças e
memoriais, com o intuito de enfocar o tema da sustentabilidade e de exaltar as
diferentes etnias existentes na população. No Rio de Janeiro, o mobiliário urbano e a
paginação do piso são elementos muito fortes na composição do projeto,
desenhados especificamente para cada bairro, com características que remetem ao
local. Também observa-se a utilização de muitos símbolos, como monumentos e

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 41
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 41
N. 01, Março 2010

marcos, criando uma identidade própria para cada bairro. Já em Santo André, esses
elementos não possuem um enfoque ou uma característica própria que ressalte-os,
eles apenas são elementos para compor o conjunto, as construções.
As cidades mundiais em uma sociedade globalizada possuem uma
personalidade que se sustenta devido ao “espaço de vida politicamente organizado,
com sua própria história, instituições, cultura e política” (FRIEDMANN, 1995). No
entanto, verifica-se que através da “economia global da sociedade em rede”
(LOPES, 1998), um dos principais objetivos das cidades globais é a competitividade
utilizada para “responder às demandas globais e atrair recursos humanos e
financeiros internacionais” (BORJA & FORN, 1996). Diante disso, as cidades, com a
necessidade de assegurarem um status determinado, exercem conseqüências
marcantes para o planejamento. Desta forma, a venda das cidades passa a fazer
parte do novo planejamento urbano (BENACH, 1997). Para tanto, é de grande valia
a repercussão que uma intervenção ocasiona, tanto no âmbito local como global.
Nesse contexto, torna-se essencial uma ferramenta do planejamento urbano
chamado marketing da cidade. Ela está cada vez mais adquirindo uma centralidade
no conjunto das novas políticas urbanas, tornando-se o principal instrumento para
alavancar diversos processos de promoção urbana (SANCHEZ, 1997).
Assim, a partir das análises comparativas e das chaves de leitura, foi
possível verificar a presença fundamental dessa ferramenta, o marketing urbano,
nas intervenções estudadas. Esse processo ocorre, segundo Sanchez (1999), pela
facilidade com que essa ferramenta incorpora novas tecnologias de comunicação e
informação, e que, através do vínculo com novas políticas e representações sociais,
interfere na renovação das formas espaciais e imprime marcas no espaço urbano.
Observa-se assim, que através do instrumento de marketing das cidades
utilizadas nesses projetos, eles conseguiram um espaço maior no contexto nacional
e na discussão em um âmbito internacional. Nota-se com essa estratégia uma maior
apropriação da população pelo projeto e uma inserção mais fácil na competitividade
mundial.

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 42
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 42
N. 01, Março 2010

URBAN DESIGN: a study of BRAZILIANS projects of urban promotion


of IPPUC, THE ‘RIO CIDADE PROGRAM’ AND THE ‘TAMANDUATEHY AXle’.

Abstract: The present work proposes a comparative analysis of three


Brazilian urban design experiments from the 1990s. The chosen urban interventions
are the ‘Rio Cidade’ Program (Rio de Janeiro), the ‘Tamanduatehy Axis’ (São Paulo)
and the IPPUC projects (Paraná), that are inserted in the beggining of the
international urban debate. From this study on, this paper seeks a critical analysis of
the present urban processes and the utilization of new tools to promote cities.

Keywords: Strategic Planning, Urban Marketing, Urban Interventions, Cities


and Urban Design.

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BENACH, Nuria Ciutat i Producció d’imatge: Barcelona 1979-1992. Tesis


Doctoral, Departamento de Geografia Humana, Universitat de Barcelona, 1997.
BORJA, Jordi e CASTELLS, Manuel Local y Global – United Nations Center for
Human Settlements – Habitat II – Ajuntament de Barcelona, 1966.
BORJA, Jordi; FORN, Manuel Politicas da Europa e dos Estados para as
Cidades. São Paulo: Espaço e Debates, n. 39, 1996.
CLARK, David Urban World/ Global City. Routledge, 1996.
FREDMANN, John Where we stand: a decade of world city research. pág. 26,
citando Amin, Ash e Thrift, Nigel – Neo – Marchallian nodes in global networks.
International Journal of Urban and Regional Research, pág. 26 e 34 In: World Cities
in a World – System – editado por Paul L. Knox e Peter J. Taylor, Cambridge
University Press, 1995
FRIEDMANN, John Development and Change. Sage, 1986
IPPUC – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba. Disponível em
<http://www.ippuc.org.br> Acesso em 17 de Novembro de 2007
_____________________________ Uma experiência em planejamento urbano.
Curitiba: PMC/IPPUC, 1975
_____________________________ Revista Espaço Urbano – Revista do Instituto
de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba, edição n. 03, 2003.
LOPES, Rodrigo A Cidade Intencional: o planejamento estratégico de cidades. Rio
de Janeiro: Editora Mauad, 1998.
MAGALHÃES, Alex Ferreira Rio de Janeiro: Plano Estratégico e Plano Diretor.
Monografia conclusiva da disciplina Grupo Institucional de Pesquisa – Plano Diretor,
Programa de Pós-Graduação em Direito, mestrado, UERJ, 1997.

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 43
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 43
N. 01, Março 2010

OLIVEIRA, Dennilson de Curitiba e o Mito da Cidade Modelo. Curitiba: Editora da


UFPR, 2000
OLIVEIRA, Lívia de Percepção e Paisagem da Cidade. In: I ENCONTRO DE
PERCEPÇÃO E PAISAGEM DA CIDADE. Bauru, 2006.
RANSON, Royce Cities for the Future. Ameriacn City &County, vol 99, nº11 –
citado em America`s Cities, 1984.
SÁNCHEZ, Fernanda Cidade Espetáculo: Política, Planejamento e City Marketing.
Curitiba: Palavra, 1997.
__________________ Buscando um Lugar ao Sol para as Cidades: O Papel das
Atuais Políticas de Promoção Urbana. Revista Paranaense de Geografia, n. 4.
Curitiba, Associação dos Geógrafos Brasileiros – AGB Curitiba, 1999. Disponível em
<http://www.agbcuritiba.hpg.ig.com.br/Revistas/Rpg3/4fernanda.htm> Acessado em
03 de Fevereiro de 2006.
___________________ Políticas Urbanas em Renovação: uma leitura crítica
dos modelos emergentes. In Revista Brasileira de Estudos Regionais e Urbanos,
edição n. 01, 1999.

PASQUOTTO Geise Brizotti - Design Urbano: Um Estudo dos Projetos Brasileiros de


Promoção Urbana do Ippuc, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy.Complexus –
P. 44
Instituto Superior De Engenharia Arquitetura E Design – Ceunsp, Salto-Sp,
Ano. 1, N.1, P.23-44, Março de 2010. Disponível Em: www.Engenho.Info 44
 

COMO CITAR ESTE ARTIGO:

PASQUOTTO, Geise Brizotti Design Urbano: um estudo dos projetos brasileiros de promoção
urbanha do IPPUC, do Rio Cidade e do Eixo Tamanduatehy. Revista Complexus - Instituto
Superior de Engenharia, Arquitetura e Design - Ceunsp, Salto [BRA], Ano 1, N. 1, p. 23-44, Março
de 2010. Disponível em <www.engenho.info>
ISSN 2177-577X
 
 

Вам также может понравиться