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APRENDIZADO E DESENVOLVIMENTO: UM PROCESSO SÓCIO-HISTÓRICO


Vygotsky - Marta Kohl De Oliveira

Palavras-chave: mediação, internalização, intrapessoal, maturacionista, ZPD – Zona de desenvolvimento


proximal.

A professora Marta Kohl de Oliveira, neste livro, ressalta importantes pontos na teoria de Vygotsky:
- “o homem biológico transforma-se em social por meio de um processo de internalização de atividades,
comportamentos e signos culturalmente desenvolvidos”
- a obra de Vygotsky é apenas um esboço de um projeto;
- um grande problema na área da educação no Brasil é a tentativa de se estabelecer uma proposta peda-
gógica única, baseada numa ideia de escolha da melhor teoria, principalmente nos confrontos entre as
teorias de Vygotsky e Piaget.

E a autora considera, ainda, que estes autores nos trazem uma enorme contribuição, destacando que a
melhor forma de atuação será a de compreender o melhor possível cada abordagem para que haja um
real aprimoramento da reflexão sobre o objeto a ser estudado.

Vivemos hoje um momento em que as ciências em geral, e as ciências humanas em particular, tendem a
buscar áreas de intersecção, formas de integrar o conhecimento acumulado, de modo a alcançar uma
compreensão mais completa de seus objetos. A interdisciplinaridade e a abordagem qualitativa têm, pois,
forte apelo para o pensamento contemporâneo.

Do mesmo modo, a ideia do ser humano como imerso num contexto histórico e a ênfase em seus proces-
sos de transformação também são proposições muito importantes no ideário contemporâneo.
A discussão do pensamento Vygotsky na área da educação e da psicologia nos remete a uma reflexão
sobre as relações entre este autor e Piaget.

No Brasil, Piaget tem sido a referência teórica básica nessas áreas e a penetração das ideias de Vygotsky
sugere, inevitavelmente, um confronto entre as teorias dos dois autores.

(Eles nasceram no mesmo ano de 1890), mas Vygotsky teve uma vida muito mais curta: Pi-
aget faleceu quase cinqüenta anos depois de Vygotsky. Vygotsky chegou a ler e discutir, em
seus textos, os dois primeiros trabalhos de Piaget (A linguagem e o pensamento da criança, de
1923, e O raciocínio na criança, de 1924). Piaget, por outro lado, só foi tomar conhecimento da
obra de Vygotsky aproximadamente 25 anos depois de sua morte, tendo escrito o texto “Co-
mentários sobre as observações críticas de Vygotsky”, como apêndice à edição norte-
americana de 1962 do livro Pensamento e linguagem, de Vygotsky.

Vygotsky foi o primeiro psicólogo moderno a sugerir os mecanismos pelos quais a cultura torna-se parte
da natureza de cada pessoa ao insistir em que as funções psicológicas são um produto da atividade cere-
bral, explicando a transformação dos processos psicológicos elementares em processos complexos dentro
da história.

Ele enfatizava o processo histórico-social e o papel da linguagem no desenvolvimento do indivíduo. A


questão central de sua obra é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio. Para o
teórico, o sujeito é interativo, pois adquire conhecimentos a partir de relações intra e interpessoais e de
troca com o meio, por meio de um processo denominado mediação.

As concepções de Vygotsky sobre o processo de formação de conceitos remetem às relações en-


tre pensamento e linguagem, à questão cultural no processo de construção de significados pelos indiví-
duos, ao processo de internalização e ao papel da escola na transmissão de conhecimento, que é de na-
tureza diferente daqueles aprendidos na vida cotidiana. O autor propõe uma visão de formação das fun-
ções psíquicas superiores como internalização mediada pela cultura.

Suas concepções sobre o funcionamento do cérebro humano colocam que (...) “o cérebro é a ba-
se biológica, e suas peculiaridades definem limites e possibilidades para o desenvolvimento
humano.”

Essas concepções fundamentam sua idéia de que as funções psicológicas superiores (por ex. linguagem,
memória) são construídas ao longo da história social do homem em sua relação com o mundo. Assim, as
funções psicológicas superiores referem-se a processos voluntários, ações conscientes, mecanismos in-
tencionais e dependem de processos de aprendizagem.
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Atenção
A ideia central para a compreensão das concepções de Vygotsky sobre o desenvolvimento hu-
mano como processo sócio histórico é a ideia de mediação: enquanto sujeito do conhecimento,
o homem não tem acesso direto aos objetos, mas acesso mediado, através de recortes do real,
operados pelos sistemas simbólicos de que dispõe. Portanto, ele enfatiza a construção do co-
nhecimento como uma interação mediada por várias relações, ou seja, o conhecimento não es-
tá sendo visto como uma ação do sujeito sobre a realidade, assim como no construtivismo,
mas pela mediação feita por outros sujeitos. O outro social pode apresentar-se por meio de
objetos, da organização do ambiente, do mundo cultural que rodeia o indivíduo.

A linguagem, sistema simbólico dos grupos humanos, representa um salto qualitativo na evolução da
espécie. É ela que fornece os conceitos, as formas de organização do real, a mediação entre o sujeito e o
objeto do conhecimento. É por meio dela que as funções mentais superiores são socialmente formadas e
culturalmente transmitidas. Sendo assim, sociedades e culturas diferentes produzem estruturas diferen-
ciadas.

A cultura fornece ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação da realidade, ou seja, o universo


de significações que permite construir a interpretação do mundo real. Ela dá o local de negociações no
qual seus membros estão em constante processo de recriação e reinterpretação de informações, concei-
tos e significações.

O processo de internalização é fundamental para o desenvolvimento do funcionamento psicológico


humano. A internalização envolve uma atividade externa que deve ser modificada para tornar-se uma
atividade interna – é interpessoal e se torna intrapessoal.

Vygotsky usa o termo função mental para se referir aos processos


de pensamento: memória, percepção e atenção; sustenta que o pensamento tem origem na motivação,
no interesse, na necessidade, no impulso, no afeto e na emoção.

A interação social e o instrumento linguístico são decisivos para a zona de desenvolvimento


proximal (ZDP).

Para J. Piaget, dentro da reflexão construtivista, desenvolvimento e aprendizagem se inter-relacionam,


sendo a aprendizagem a alavanca do desenvolvimento. A perspectiva piagetiana é considerada maturaci-
onista, no sentido de que ela preza o desenvolvimento das funções biológicas – que é o desenvolvimento
- como base para os avanços na aprendizagem. Já na chamada perspectiva sócio interacionista, sociocul-
tural ou sócio histórica, abordada por L. Vygotsky, a relação entre o desenvolvimento e a aprendizagem
está atrelada ao fato de o ser humano viver em um meio social, sendo este a alavanca para estes dois
processos.

Os processos caminham juntos, ainda que não em paralelo.

Existem, pelo menos, dois níveis de desenvolvimento identificados por Vygotsky: um, o nível real,
já adquirido ou formado, que determina o que a criança é capaz de fazer por si própria, e o ou-
tro, potencial, ou seja, a capacidade de aprender com outra pessoa. Essa interação e sua relação com a
imbricação entre os processos de ensino e aprendizagem podem ser melhor compreendidos quando nos
remetemos ao conceito de ZDP.

Para Vygotsky (1996), Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), é a distância entre o nível de
desenvolvimento real, ou seja, determinado pela capacidade de resolver problemas indepen-
dentemente, e o nível de desenvolvimento proximal, demarcado pela capacidade de solucionar
problemas com ajuda de um parceiro mais experiente. São as aprendizagens que ocorrem na
ZDP que fazem com que a criança se desenvolva ainda mais, ou seja, desenvolvimento com
aprendizagem na ZDP leva a mais desenvolvimento. Por isto dizemos que, para Vygotsky, tais
processos são indissociáveis.

A aprendizagem interage com o desenvolvimento, produzindo abertura nas zonas (distância entre
aquilo que a criança faz sozinha e o que ela é capaz de fazer com a intervenção de um adulto;
potencialidade para aprender, que não é a mesma para todas as pessoas; distância entre os níveis de
desenvolvimento real e potencial) nos quais as interações sociais são o centro, estando então, ambos
os processos - aprendizagem e desenvolvimento - interrelacionados; assim, um conceito novo que se
pretenda trabalhar, como por exemplo, em matemática, requer sempre um grau de experiência anterior
para a criança.

O desenvolvimento cognitivo é produzido pelo processo de internalização da interação social com materi-
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ais fornecidos pela cultura, sendo que o processo se constrói de fora para dentro. Para Vygotsky, a ati-
vidade do sujeito refere-se ao domínio dos instrumentos de mediação, inclusive sua transfor-
mação por uma atividade mental.

Para ele, o sujeito não é apenas ativo, mas interativo, porque forma conhecimentos e se constitui a
partir de relações intra e interpessoais.

É na troca com outros sujeitos e consigo próprio que se vão internalizando conhecimentos, papéis e fun-
ções sociais, o que permite a formação de conhecimentos e da própria consciência. Trata-se de um
processo que caminha do plano social - relações interpessoais - para o plano individual interno
- relações intrapessoais.

Portanto, a escola é o lugar onde a intervenção pedagógica intencional desencadeia o processo de ensi-
no-aprendizagem.

O professor tem o papel explícito de interferir neste processo, diferentemente de situações informais
nas quais a criança aprende por imersão em um ambiente cultural. É o papel do docente, portanto, que
provoca avanços dos alunos e isto se torna possível com a interferência do educador na zona de de-
senvolvimento proximal (ZDP).

Vemos ainda como fator relevante para a educação, decorrente das interpretações das teorias de
Vygotsky, a importância da atuação dos outros membros do grupo social na mediação entre a cultura e o
indivíduo, pois uma intervenção deliberada desses membros da cultura, nessa perspectiva, é essencial no
processo de desenvolvimento. Isso nos mostra os processos pedagógicos como intencionais, deli-
berados, sendo o objeto dessa intervenção a construção de conceitos.

O aluno não é somente o sujeito da aprendizagem; ele é aquele que aprende, junto ao outro, o que
o seu grupo social produz, como por exemplo: valores, linguagem e o próprio conhecimento.

A formação de conceitos espontâneos ou cotidianos, desenvolvidos no decorrer das interações soci-


ais, diferencia-se dos conceitos científicos adquiridos pelo ensino, parte de um sistema organizado
de conhecimentos.

A aprendizagem é fundamental ao desenvolvimento dos processos internos na interação com outras pes-
soas.

Ao observar a zona proximal, o educador pode orientar o aprendizado no sentido de adiantar o desenvol-
vimento potencial de uma criança, tornando-o real. Nesse processo, o ensino deve passar do grupo para
o indivíduo. Em outras palavras, o ambiente influenciaria a internalização das atividades cognitivas no in-
divíduo, de modo que o aprendizado gere o desenvolvimento. Portanto, o desenvolvimento mental só po-
de realizar-se por intermédio do aprendizado.

“O desenvolvimento (...) quando se refere à constituição dos Processos Psicológicos Superio-


res, poderia ser descrito como a apropriação progressiva de novos instrumentos de mediação
ou como o domínio de formas mais avançadas de iguais instrumentos (...) (Esse domínio) im-
plica reorganizações psicológicas que indicariam, precisamente, progressos no desenvolvi-
mento psicológico. Progressos que (...) não significam a substituição de funções psicológicas
por outras mais avançadas, mas, por uma espécie de integração dialética, as funções psicoló-
gicas mais avançadas reorganizam o funcionamento psicológico global variando fundamental-
mente as inter-relações funcionais entre os diversos processos psicológicos.”

O Biológico e o cultural: os desdobramentos do pensamento de Vygotsky.

A professora Marta Kohl de Oliveira aborda neste capítulo, três aspectos fundamentais:
- o funcionamento cerebral como suporte biológico do funcionamento psicológico;
- a influência da cultura no desenvolvimento cognitivo dos indivíduos;
- a atividade do homem no mundo, inserida num sistema de relações sociais, como o principal foco de in-
teresse dos estudos em psicologia.

Um dos pilares do pensamento de Vygotsky é a ideia de que as funções mentais superiores são construí-
das ao longo da história social do homem, a história social objetiva tem um papel essencial no desenvol-
vimento psicológico que não pode ser buscado em propriedades naturais do sistema nervoso, ou seja, o
cérebro é um sistema aberto em constante interação com o meio, este meio será capaz de transformar
suas estruturas e mecanismos de funcionamento, podendo se adaptar a diferentes necessidades e ser-
vindo a diversas funções estabelecidas na história do homem.
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Luria (um de seus colaboradores) aprofunda em sua obra a questão da estrutura básica do cérebro em
três unidades: a unidade para regulação da atividade cerebral e do estado de vigília; a unidade para re-
cebimento, análise e armazenamento de informações; a unidade para programação, regulação e controle
da atividade. Atividade psicológica é para Luria um sistema complexo que envolve a operação simultânea
de três unidades funcionais: percepção visual; a análise da síntese da informação recebida pelo sistema
visual; os movimentos dos olhos pelas várias partes do objeto a ser percebido. Outro aspecto importante
refere-se à organização cerebral, cuja ideia é a de que a estrutura dos processos mentais e relações en-
tre os vários sistemas funcionais transformam-se ao longo do desenvolvimento individual. Outro impor-
tante colaborador de Vygotsky foi Alexei Leontiev, para quem as atividades humanas são formas de rela-
ção do homem com o mundo, dirigidas por motivos, por fins a serem alcançados, ou seja, o homem ori-
enta-se por objetivos, planeja suas ações agindo de forma intencional. Leontiev distingue a estrutura da
atividade humana em três níveis de funcionamento: a atividade propriamente dita, as ações e as opera-
ções.

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