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2019 - 02 - 07 PÁGINA RB-13.

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CPC em Foco - 2019
13. MINISTÉRIO PÚBLICO E DEFENSORIA PÚBLICA

13. Ministério Público e Defensoria Pública


Sérgio Seiji Shimura

1. Ministério Público

O Código revogado (CPC de 1973), quando mencionava que “O Ministério Público exercerá o
direito de ação nos casos previstos em lei, cabendo-lhe, no processo, os mesmos poderes e ônus
que às partes” (art. 81), não mantinha sintonia plena com os preceitos constitucionais previstos
nos arts. 127 a 129, CF.

O CPC/2015, ao tratar dos “sujeitos do processo”, veio se ajustar à normativa constitucional,


dispondo que “O Ministério Público atuará na defesa da ordem jurídica, do regime democrático e
dos interesses e direitos sociais e individuais indisponíveis”, exercendo o direito de ação de acordo
com as suas atribuições constitucionais (arts. 176 e 177).

Com efeito, a atuação do Ministério Público não se limita aos “casos previstos em lei”,
considerando que a própria Constituição Federal o autoriza (ou melhor, determina) a “exercer
outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade” (art. 129, IX,
CF).

O Ministério Público, exercendo função essencial à justiça, é instituição independente, com


autonomia orçamentária, funcional e administrativa (art. 127, § 1º, CF). Não pertence ao Poder
Judiciário, nem a sua atuação se restringe às ações judiciais.1

Outrossim, o fato de a Fazenda Pública ser parte no processo não reclama, por si só, a
participação do Ministério Público (art. 178, parágrafo único). No mesmo sentido, a Súmula 189 do
STJ enuncia que “É desnecessária a intervenção do Ministério Público nas execuções fiscais”. Aliás,
ao Ministério Público é expressamente vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de
entidades públicas (art. 129, IX, CF).

A esse propósito, o STJ já decidiu que o Ministério Público não tem legitimidade para executar
acórdão do Tribunal de Contas:
Processual civil. Ilegitimidade do Ministério Público Estadual para execução de acórdão do Tribunal
de Contas. Legitimidade ativa do ente público beneficiário da condenação. Tema analisado pelo STF em
repercussão geral. 1. O Ministério Público não possui legitimidade extraordinária para promover Ação de
Execução de título formado por decisão do Tribunal de Contas do Estado, com vista a ressarcir o Erário.
Nada impede, contudo, que o Parquet instaure procedimento para acompanhar o cumprimento eficaz e
célere do dever-poder do Administrador de executar títulos em favor do Estado. 2. Precedentes: AgRg no
AREsp 847.556/SP, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, DJe 29.03.2016; AgRg no AREsp
836.558/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 08.03.2016; AgRg no REsp 1541385/MA,
Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 03.02.2016; REsp 1.464.226/MA, Rel. Ministro Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 26.11.2014; e AgRg no REsp 1.381.289/MA, Rel. Ministro
Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 11.12.2014. 3. O Supremo Tribunal Federal, em julgamento de
recurso submetido ao rito da repercussão geral, estabeleceu que a execução de multa aplicada pelo
Tribunal de Contas pode ser proposta apenas pelo ente público beneficiário da condenação, bem como
expressamente afastou a legitimidade ativa do Ministério Público para a referida execução (ARE 823.347
RG/MA, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 28.10.2014). 4. Recurso especial não provido
(REsp 1685341/MA, 2ª Turma, rel. Min. Herman Benjamin, j. 21.09.2017, DJe 09.10.2017).
As suas atividades no campo extrajudicial são inúmeras, notadamente na defesa de interesses
transindividuais – aqui entendido como gênero das espécies difusos, coletivos e direitos
individuais homogêneos (art. 81, CDC) –, como a celebração de termo de ajustamento de conduta,
audiências públicas, referendo de acordo entre particulares etc.2

A respeito, registre-se a Súmula 601 do STJ:


O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos difusos, coletivos e
individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da prestação de serviço público (Corte
Especial, aprovada em 07.02.2018, DJe 14.02.2018).

No processo judicial, o Ministério Público pode atuar como “parte” ou como “fiscal da ordem
jurídica”.

Como parte, entre outras, tem a função de promover a ação civil pública, ação de
inconstitucionalidade (art. 129, III e IV, CF), abertura de inventário quando houver herdeiros
incapazes (art. 616, VII), extinção de fundação (art. 765), ação rescisória (art. 967, III) etc.

Quanto à interdição, pode ser promovida pelo cônjuge ou companheiro, pelos parentes ou
tutores, pelo representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando e pelo
Ministério Público (art. 747, IV).

Um dos vetores do CPC/2015 é a otimização dos trabalhos judiciários, buscando obter o maior
rendimento possível dos efeitos da sentença. Assim, ilustrativamente, se o juiz se deparar com
demandas individuais repetitivas, deve oficiar o Ministério Público, a Defensoria Pública e, na
medida do possível, outros legitimados previstos no art. 5º da Lei 7.347/1985 e art. 82 do Código de
Defesa do Consumidor, visando à propositura da ação coletiva (art. 139, X).

No tocante à legitimidade do Ministério Público na defesa de direitos individuais homogêneos,


o STJ já decidiu que:
O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública em defesa dos direitos
individuais homogêneos dos beneficiários do seguro DPVAT. Isso porque o STF, ao julgar o RE 631.111-GO
(Tribunal Pleno, DJe 30.10.2014), submetido ao rito do art. 543-B do CPC, firmou o entendimento de que
Órgão Ministerial tem legitimidade para ajuizar ação civil pública em defesa dos direitos individuais
homogêneos dos beneficiários do seguro DPVAT, dado o interesse social qualificado presente na tutela
jurisdicional das vítimas de acidente de trânsito beneficiárias pelo DPVAT, bem como as relevantes
funções institucionais do MP. Consequentemente, é imperioso o cancelamento da Súmula 470 do STJ, a
qual veicula entendimento superado por orientação jurisprudencial do STF firmada em recurso
extraordinário submetido ao rito do art. 543-B do CPC (REsp 858.056/GO, 2ª Seção, rel. Min. Marco Buzzi,
j. 27.05.2015, DJe 05.06.2015).

Como “fiscal da ordem jurídica”, expressão mais ampla que “fiscal da lei”, o CPC/2015 dispõe
que:

Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da
ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam: I
– interesse público ou social; II – interesse de incapaz; III – litígios coletivos pela posse de terra rural ou
urbana.

Pela tradição forense, nada obsta a que se mantenha a expressão custos legis como sinônimo de
“fiscal da ordem jurídica”.

O Ministério Público pode suscitar tanto a incompetência absoluta como a relativa (art. 65,
parágrafo único).

Quanto ao incapaz, o que motiva a intervenção do Ministério Público é a possibilidade de seus


interesses serem atingidos de maneira direta e jurídica, em razão do potencial desequilíbrio
processual.

Assim,
[...] o fato de a ré residir com seus filhos menores no imóvel não torna, por si só, obrigatória a
intervenção do Ministério Público (MP) em ação de reintegração de posse. Nos termos do inciso I do
artigo 82 do CPC, o MP deve intervir nas causas em que houver interesse de incapazes, hipótese em que
deve diligenciar pelos direitos daqueles que não podem agir sozinhos em juízo. Logo, o que legitima a
intervenção do MP nessas situações é a possibilidade de desequilíbrio da relação jurídica e eventual
comprometimento do contraditório em função da existência de parte absoluta ou relativamente incapaz.
Nesses casos, cabe ao MP aferir se os interesses do incapaz estão sendo assegurados e respeitados a
contento, seja do ponto de vista processual ou material. Na hipótese, a ação de reintegração de posse foi
ajuizada tão somente contra a genitora dos menores, não veiculando, portanto, pretensão em desfavor
dos incapazes, já que a relação jurídica subjacente em nada tangencia a estes. A simples possibilidade de
os filhos – de idade inferior a dezoito anos – virem a ser atingidos pelas consequências fáticas oriundas
da ação de reintegração de posse não justifica a intervenção do MP no processo como custos legis. Na
hipótese, o interesse dos menores é meramente reflexo. Não são partes ou intervenientes no processo,
tampouco compuseram qualquer relação negocial. Concretamente, não evidenciado o interesse público
pela qualidade das partes, a atuação do MP importaria na defesa de direito disponível, de pessoa maior,
capaz e com advogado constituído, situação não albergada pela lei. De fato, se assim fosse, a intervenção
ministerial deveria ocorrer em toda e qualquer ação judicial relacionada a imóveis em que residem
crianças ou adolescentes. Nesse passo, destacando-se a relevante função ministerial na defesa da ordem
jurídica e na correta aplicação da lei, o exercício amplo e indiscriminado do MP em demandas judiciais
de índole meramente patrimonial acabaria por inviabilizar a atuação dos membros do MP e se afiguraria
como um perigoso desvirtuamento da sua missão constitucional. Dessa maneira, não havendo interesse
público, seja pela natureza da lide ou pela qualidade das partes, não há falar em intervenção ministerial
em feitos de interesse puramente patrimonial e de reduzida repercussão social (REsp 1.243.425/RS, 3ª
Turma, rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 18.08.2015, DJe 03.09.2015).

No que tange especificamente à criança ou adolescente em situação de risco, a Súmula 594 do


STJ edita que:
O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou
adolescente independentemente do exercício do poder familiar dos pais, ou do fato de o menor se
encontrar nas situações de risco descritas no art. 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou de
quaisquer outros questionamentos acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca
(Segunda Seção, aprovada em 25.10.2017, DJe 06.11.2017).

Volvendo à questão da interdição,

[...] cumpre ressaltar que o legislador tornou a intervenção ministerial obrigatória não só por se tratar de
procedimento de jurisdição voluntária, nos termos do art. 1.105 do CPC/73, mas, principalmente, por envolver
interesse de incapaz e pela gravidade das consequências da declaração de incapacidade. A despeito disso, a dúvida
que exsurge reside na possibilidade, ou não, de o Ministério Público atuar concomitantemente como fiscal da lei e
como curador especial no processo de interdição. Sobre o ponto, destaca-se que a função de custos legis é a de
fiscalizar a estrita aplicação da lei, o que não necessariamente se compatibiliza com o interesse pessoal do
interditando. Consequentemente, a cumulação de funções pelo Ministério Público pode levar à prevalência de uma
das funções em detrimento da outra, o que iria de encontro aos valores que o legislador visava resguardar ao
estabelecer regras especiais para o processo de interdição, bem como ao próprio art. 129, IX, da Constituição Federal,
em vista da antinomia existente entre a função de fiscal da lei e os interesses particulares envolvidos. Tanto é assim
que, de forma a dirimir a incompatibilidade de funções, a Lei Complementar n. 80, de 12.01.1994 dispôs, em seu art.
4º, XVI, ser a curadoria especial função da Defensoria Pública. No mesmo sentido, o Código de Processo Civil de 2015
também endossou o entendimento pela incompatibilidade, tendo retirado do ordenamento a possibilidade de o
Ministério Público participar do processo de interdição como curador especial e incluído o art. 72, parágrafo único,
segundo o qual: “A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos termos da lei”. Desta forma – e
considerando que a ausência da referida nomeação constitui vício insanável em razão da vulnerabilidade presumida
do interditando –, configura-se a nulidade absoluta do processo de interdição. No que tange à necessidade de
interrogatório, em que pese o disposto no art. 1.109 do CPC/73 – que dispõe não ser o juiz obrigado a observar critério
de legalidade estrita na hipótese de procedimentos especiais de jurisdição voluntária – é importante que o magistrado
proceda ao exame pessoal por meio de interrogatório, ainda que não possua conhecimentos que permitam a
elaboração de um diagnóstico. O exame a ser feito mediante interrogatório em audiência pessoalmente pelo juiz não
é mera formalidade. Ao contrário, é medida que garante a participação e a própria defesa do interditando no
processo. O Novo Código de Processo Civil, inclusive, reformou o instituto, que passou a ser chamado de “entrevista”,
ampliando os temas a serem perquiridos pelo juiz quando do exame pessoal, para que o interditando, sujeito de
direito mais importante da demanda, seja melhor compreendido e ressignificado. Nessa senda, não se extrai do art.
1.109 do CPC/73 autorização para que o juiz deixe de praticar os atos processuais inerentes ao procedimento, máxime
quando se tratar daquele que representa o direito de defesa da parte (REsp 1.686.161/SP, 3ª Turma, rel. Min. Nancy
Andrighi, j. 12.09.2017, DJe 15.09.2017).

No tocante às ações possessórias envolvendo um número grande de pessoas, afetadas aos chamados
“movimento sem-terra”, “movimento sem-teto” etc., o Ministério Público deverá ser intimado para intervir
no feito, inclusive para comparecer à audiência de mediação (art. 565, §§ 1º e 2º).

A intervenção do Ministério Público como custos legis é obrigatória e a ausência de sua


intimação gera nulidade do processo (art. 279). Contudo, a nulidade somente será decretada se,
intimado, o Ministério Público se pronunciar sobre a existência de prejuízo. Por conseguinte,
compete ao próprio Ministério Público avaliar se a ausência, até então, de sua participação trouxe
ou não prejuízo ao processo ou às partes.

Se houver decisão de mérito transitada em julgado em ação que exigiria a intervenção do


Ministério Público, caberá ação rescisória.

Dessa forma, o Ministério Público ostenta legitimidade para tal ação rescisória se não foi ouvido
no processo em que lhe era obrigatória a intervenção, quando a decisão rescindenda resultar de
simulação ou de colusão das partes, a fim de fraudar a lei, e em outros casos em que se imponha
sua atuação (art. 967, III).

A ação rescisória fundada em simulação ou de colusão das partes, o prazo – de dois anos –
começa a contar, para o terceiro prejudicado e para o Ministério Público, que não interveio no
processo, a partir do momento em que têm “ciência” da simulação ou da colusão, e não
propriamente do trânsito em julgado (art. 975, caput e § 3º).

O incidente de resolução de demandas repetitivas também exige a participação do Ministério


Público, diante do vínculo de prejudicialidade que a decisão exerce sobre os processos pendentes,
seja de natureza individual, seja coletiva.

Dessarte, o Ministério Público, se não for o requerente da instauração do incidente de resolução


de demandas repetitivas, deve intervir como custos legis, devendo, inclusive, assumir a
titularidade em caso de desistência ou abandono pelo requerente (art. 976, § 2º).

Nos demais incidentes de competência originária dos tribunais, o Ministério Público deve ser
ouvido diante da repercussão social que o julgamento pode acarretar, como no Incidente de
Assunção de Competência (art. 947), no Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade (art. 948),
Conflito de Competência (art. 951), inclusive na ação de Reclamação (art. 988).

O membro do Ministério Público, se agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções, pode
ser civil e regressivamente responsabilizado pelos danos causados.

A norma diz respeito à própria pessoa, “membro” do Ministério Público, que se houve com má-
fé ao participar do processo.

O art. 181 do CPC/2015 é mais preciso, ao substituir a expressão “órgão” do Ministério Público
por “membro” (previsto no art. 85 do CPC de 1973), querendo apontar o próprio agente público,
pessoa física, como responsável pelos danos causados. Também acrescentou a possibilidade de a
Fazenda Pública se voltar regressivamente contra o membro do Ministério Público.

E, se eventualmente for acionada a Fazenda Pública, nada obsta a que, sendo condenada, se
volte, regressivamente, contra o respectivo membro do Ministério Público.

Se a sua conduta for apenas “culposa”, sem intenção de lesar, não se cogita de responsabilidade
civil.

É importante lembrar que, independentemente de causar danos às partes, se o membro do


Ministério Público praticar ato de improbidade administrativa, pode, inclusive, perder o cargo por
decisão judicial na própria ação civil, nos termos da Lei 8.429/1992.

É possível, no âmbito de ação civil pública de improbidade administrativa, a condenação de membro


do Ministério Público à pena de perda da função pública prevista no art. 12 da Lei 8.429/1992.
Inicialmente, deve-se consignar que é pacífico o entendimento jurisprudencial do STJ no sentido de que a
Lei 8.429/1992 é aplicável aos agentes políticos, dentre os quais se incluem os magistrados e promotores
(REsp 1.249.531/RN, Segunda Turma, DJe 05.12.2012; REsp 1.205.562-RS, Primeira Turma, DJe 17.02.2012;
e AIA 30-AM, Corte Especial, DJe 28.09.2011). O fato de a LC 75/1993 e a Lei 8.625/1993 preverem a
garantia da vitaliciedade aos membros do MP e a necessidade de ação judicial para aplicação da pena de
demissão não induz à conclusão de que estes não podem perder o cargo em razão de sentença proferida
na ação civil pública por ato de improbidade administrativa. Isso porque, conquanto a lei estabeleça a
necessidade de ação judicial específica para a aplicação da perda do cargo, as hipóteses previstas nas
referidas normas dizem respeito a fatos apurados no âmbito administrativo, daí por que se prevê a
necessidade de autorização do Conselho Superior do Ministério Público para o ajuizamento da ação
judicial (art. 57, XX, da LC 75/1993 e § 2º do art. 38 da Lei 8.625/1993). Nesse sentido, a ação civil específica
acima mencionada em nada interfere nas disposições da Lei 8.429/1992, até mesmo porque o § 2º do art.
2º do Decreto-lei 4.657/1942 (LINDB) dispõe que: “A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou
especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior”. Com efeito, a previsão legal de
que o Procurador-Geral de Justiça ou o Procurador-Geral da República ajuizará ação civil específica para
a aplicação da pena de demissão ou perda do cargo, nos casos elencados na lei, dentre os quais se
destacam a prática de crimes e os atos de improbidade, não obsta a que o legislador ordinário,
cumprindo o mandamento do § 4º do art. 37 da CF, estabeleça a pena de perda do cargo do membro do
MP quando comprovada a prática de ato ímprobo, em ação civil pública própria para sua constatação. Na
legislação aplicável aos membros do MP, asseguram-se à instituição as providências cabíveis para
sancionar o agente comprovadamente ímprobo e, nos exatos termos das garantias que prevê, exige o
ajuizamento de ação judicial específica para tanto. Na nominada Lei de Improbidade Administrativa (Lei
8.429/1992), o legislador amplia a legitimação ativa, ao prever que a ação será proposta “pelo Ministério
Público ou pela pessoa jurídica interessada” (art. 17). Não há, portanto, competência exclusiva do
Procurador-Geral. Dessa forma, não há somente uma única via processual adequada à aplicação da pena
de perda do cargo a membro do MP. Assim, a demissão ou perda do cargo por ato de improbidade
administrativa (art. 240, V, “b”, da LC 75/1993) não só pode ser determinada por sentença condenatória
transitada em julgado em ação específica, cujo ajuizamento deve ser provocado por procedimento
administrativo e é da competência do Procurador-Geral, conforme se extrai da Lei 8.429/1992, c/c com o
parágrafo único do art. 208 da LC 75/1993, como também pode ocorrer em decorrência do trânsito em
julgado da sentença condenatória proferida em ação civil pública prevista na Lei 8.429/1992. Essa
conclusão é decorrência lógica do comando inserto no caput do art. 12 da Lei 8.429/1992:
“Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, está o
responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou
cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato” (REsp 1.191.613/MG, 1ª Turma, rel. Min. Benedito
Gonçalves, j. 19.03.2015, DJe 17.04.2015).

É certo que as partes, seus procuradores e todos os que participem do processo devem agir com
lealdade processual, expondo os fatos conforme a verdade, não apresentando pedido ou defesa
cientes de que são destituídas de fundamento, nem praticando atos inúteis ou desnecessários.

Também devem “cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou


final, e não criar embaraços à sua efetivação”, abstendo-se de “praticar inovação ilegal no estado
de fato de bem ou direito litigioso” (art. 77, IV e VI). O descumprimento desse dever constitui ato
atentatório à dignidade da justiça, passível de multa de até 20% do valor da causa, conforme a
gravidade da conduta (art. 77, §§ 1º e 2º).

Entretanto, o CPC/2015 exclui a incidência dessa multa os “advogados públicos ou privados e


aos membros da Defensoria Pública e do Ministério Público”, transferindo eventual
responsabilidade disciplinar para o respectivo órgão de classe ou corregedoria (art. 77, § 6º).

2. Prerrogativas processuais

O membro do Ministério Público deve ser intimado pessoalmente, podendo tal ato se dar por
carga, remessa ou meio eletrônico (arts. 180 c/c 183, § 1º).

O CPC/2015 estabelece o prazo “em dobro” para o Ministério Público se manifestar, seja como
parte, seja como fiscal da ordem jurídica, contado de sua intimação pessoal, salvo quando a lei
fixar prazo próprio (arts. 180 e 230). Essa prerrogativa do prazo dobrado foi estendida à Advocacia
Pública (art. 183) e à Defensoria Pública (art. 186).

O termo inicial da contagem do prazo para impugnar decisão judicial é, para o Ministério
Público, a data da entrega dos autos na repartição administrativa do órgão, sendo irrelevante que
a intimação pessoal tenha se dado em audiência, em cartório ou por mandado (REsp 1.349.935/SE,
3ª Seção, rel. Min. Rogério Schietti Cruz, j. 23.08.2017, DJe 14.09.2017).

No entanto, quando houver prazo próprio ou específico, não há falar em prazo em dobro.
Assim, ilustrativamente, o art. 178 prevê 30 dias para o Ministério Público intervir como fiscal da
ordem jurídica; dois anos para a propositura da ação rescisória, contados do momento em que o
Ministério Público tem ciência da simulação ou da colusão (art. 975, § 3º); 15 dias para se
manifestar nos procedimentos de jurisdição voluntária (art. 721); 30 minutos para sustentação no
julgamento do incidente de resolução de demandas repetitivas (art. 984, II, a).

O Ministério Público, assim como a Defensoria Pública e a Fazenda Pública, estão isentos do
pagamento prévio das despesas processuais, que serão pagas ao final pelo vencido (art. 91).

Entretanto, em sede de recurso especial repetitivo, decidiu que, embora não seja possível exigir
do Ministério Público o adiantamento de honorários periciais em ações civis públicas, tal isenção
com relação ao adiantamento dos honorários periciais

[...] não pode obrigar que o perito exerça seu ofício gratuitamente, tampouco transferir ao réu o
encargo de financiar ações contra ele movidas. Dessa forma, considera-se aplicável, por analogia, a
Súmula n. 232 desta Corte Superior (“A Fazenda Pública, quando parte no processo, fica sujeita à
exigência do depósito prévio dos honorários do perito”), a determinar que a Fazenda Pública ao qual se
acha vinculado o Parquet arque com tais despesas (REsp 1.253.844/SC, rel. Min. Mauro Campbell
Marques, 1ª Seção, j. 13.03.2013, DJe 17.10.2013).

No tocante ao preparo dos recursos, o Ministério Público, assim como a União, o Distrito
Federal, os Estados, os Municípios e respectivas autarquias, estão dispensados de preparo,
inclusive porte de remessa e de retorno (art. 1.007, § 1º).

3. Defensoria Pública

A Constituição Federal de 1988 veio consagrar a Defensoria Pública como “instituição


permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, [...] a orientação jurídica
[...] e a defesa, em todos os graus, [...] aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º” (art.
134, CF).

E no rol dos direitos fundamentais, a Constituição Federal dispõe que o Estado prestará
assistência integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos (art. 5º, LXXIV, CF).

A assistência jurídica integral e gratuita custeada ou fornecida pelo Estado será exercida pela
Defensoria Pública (art. 4º, § 5º, LC 80/1994). A expressão “assistência jurídica integral e gratuita”
abrange tanto a assistência judiciária (entendida como o patrocínio das causas em juízo), como a
gratuidade da justiça (referente à isenção do pagamento das taxas, custas judiciais, honorários do
advogado e do perito, emolumentos devidos a notários ou registradores etc.), nos termos do art. 98,
CPC/2015.

Diferentemente do CPC/1973, que não prevê as atribuições da Defensoria Pública, o CPC/2015,


mantendo-se fiel ao mandamento constitucional e à Lei Complementar 80/1994 (que organiza a
Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e dos Territórios), determina que “A Defensoria
Pública exercerá a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos
individuais e coletivos dos necessitados, em todos os graus, de forma integral e gratuita” (art. 185).

A Defensoria Pública, em sua função típica, atua na defesa de pessoas necessitadas, isto é,
carentes de recursos financeiros. Nesse ponto, o art. 4º, inciso X, da Lei Complementar 80/1994,
fixa que compete à Defensoria Pública “promover a mais ampla defesa dos direitos fundamentais
dos necessitados, abrangendo seus direitos individuais, coletivos, sociais, econômicos, culturais e
ambientais, sendo admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e
efetiva tutela”.3

Na função atípica, a Defensoria Pública exerce as suas atribuições independentemente da


condição econômica ou financeira, como ocorre quando requer a abertura do incidente de
assunção de competência (art. 947, § 1º, CPC/2015) ou do incidente de resolução de demandas
repetitivas (art. 977, III, CPC/2015).

A Defensoria Pública também pode atuar tanto na esfera processual como na extraprocessual
(ex.: orientação jurídica, soluções extrajudiciais de composição de litígios, conscientização dos
direitos humanos, referendo de acordo extrajudicial).

Com o objetivo de assegurar minimamente o equilíbrio processual das partes, a Defensoria


Pública oficia como “curador especial” na defesa de incapaz, se não tiver representante legal ou se
os interesses deste colidirem com os daquele, enquanto durar a incapacidade; ou do preso revel,
do réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto não tiver advogado constituído (art. 72).

A capacidade postulatória do Defensor Público decorre exclusivamente de sua nomeação e


posse no cargo público (art. 4º, § 6º, LC 80/1994). Em outras palavras, não se exige do Defensor
Público a prévia inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil. Nesse sentido:

Administrativo. Carreira da Defensoria Pública. Desnecessidade de inscrição na Ordem dos Advogados


do Brasil. Interpretação conforme à Constituição do art. 3º, § 1º, da Lei 8.906/1994. Aplicação do art. 4º, §
6º, da Lei Complementar 80/1994. 1. Inicialmente, verifica-se que a argumentação em torno da
condenação em honorários veio desacompanhada da indicação de qual dispositivo de lei federal teria
sido violado, o que impede impossibilita o exame do recurso interposto com base na alínea “a” do art.
105, III, da Constituição. 2. O mérito do recurso gira em torno da necessidade de inscrição dos Defensores
Públicos na Ordem dos Advogados do Brasil, questão notoriamente controversa nos Tribunais locais do
País. 3. A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, no RHC 61.848/PA, assentou que “os defensores
não são advogados públicos, possuem regime disciplinar próprio e têm sua capacidade postulatória
decorrente diretamente da Constituição Federal”. 4. A Constituição de 1988 abordou expressamente a
Defensoria Pública dentro das funções essenciais à Justiça, ao lado do Ministério Público, da Advocacia e
da Advocacia Pública, com as quais não se confunde. 5. Defensores Públicos exercem atividades de
representação judicial e extrajudicial, de advocacia contenciosa e consultiva, o que se assemelha bastante
à Advocacia, tratada em Seção à parte no texto constitucional. Ao lado de tal semelhança, há inúmeras
diferenças, pois a carreira está sujeita a regime próprio e a estatutos específicos; submetem-se à
fiscalização disciplinar por órgãos próprios, e não pela OAB; necessitam aprovação prévia em concurso
público, sem a qual, ainda que se possua inscrição na Ordem, não é possível exercer as funções do cargo,
além de não haver necessidade da apresentação de instrumento do mandato em sua atuação. 6. À vista
dessas premissas, e promovendo o necessário diálogo das fontes, tem-se que o Estatuto da Advocacia não
é de todo inaplicável aos Defensores Públicos, dada a similitude com a advocacia privada das atividades
que realizam. Dessa forma, impensável afastar, por exemplo, a inviolabilidade por atos e manifestações
(art. 2º, § 3º, da Lei 8.906/1994) ou o sigilo da comunicação (art. 7º, III). Entretanto, por todas as
diferenças, aceita-se regime díspar previsto em legislação especial. 7. Em conclusão, o art. 3º, § 1º, da Lei
8.906/1994 merece interpretação conforme à Constituição para obstar a necessidade de inscrição na OAB
dos membros das carreiras da Defensoria Pública, não obstante se exija a inscrição do candidato em
concurso público. Ademais, a inscrição obrigatória não pode ter fundamento nesse comando em razão do
posterior e específico dispositivo presente no art. 4º, § 6º, da Lei Complementar 80/1994. 8. Recurso
especial conhecido e provido, com inversão do ônus da sucumbência (REsp 1.710.155, 2ª Turma, rel. Min.
Herman Benjamin, j. 01.03.2018, DJe 02.08.2018).

É prerrogativa do membro da Defensoria Pública “representar a parte, em feito administrativo


ou judicial, independentemente de mandato, ressalvados os casos para os quais a lei exija poderes
especiais” (art. 44, XI, LC 80/1994).4

Portanto, o patrocínio exercido pela Defensoria Pública dispensa a apresentação de procuração


(art. 287, parágrafo único, II, CPC/2015), com a ressalva dos poderes especiais (ex.: confessar,
transigir etc., consoante art. 105, CPC/2015).

E mais, o art. 185 do CPC/2015 autoriza a Defensoria Pública a atuar “em todos os graus” de
jurisdição. Portanto, a Defensoria Pública estadual pode exercer as suas atribuições inclusive
perante os tribunais superiores (STF e STJ).

A esse propósito, o art. 5º da Lei Complementar paulista 988/2006 prevê expressamente que:
São atribuições institucionais da Defensoria Pública do Estado, dentre outras (III) representar em juízo
os necessitados, na tutela de seus interesses individuais ou coletivos, no âmbito civil ou criminal, perante
os órgãos jurisdicionais do Estado e em todas as instâncias, inclusive os Tribunais Superiores.

O raciocínio é idêntico àquele aplicado ao Ministério Público estadual, quando oficia perante as
cortes superiores.
O Ministério Público Estadual tem legitimidade para atuar diretamente como parte em recurso
submetido a julgamento perante o STJ. O texto do § 1º do art. 47 da LC 75/1993 é expresso no
sentido de que as funções do Ministério Público Federal perante os Tribunais Superiores da União
somente podem ser exercidas por titular do cargo de Subprocurador-Geral da República. A par
disso, deve-se perquirir quais as funções que um Subprocurador-Geral da República exerce
perante o STJ. É evidente que o Ministério Público, tanto aquele organizado pela União quanto
aquele estruturado pelos Estados, pode ser parte e custos legis, seja no âmbito cível ou criminal.
Nesse passo, tendo a ação (cível ou penal) sido proposta pelo Ministério Público Estadual perante o
primeiro grau de jurisdição, e tendo o processo sido alçado ao STJ por meio de recurso, é possível
que esse se valha dos instrumentos recursais necessários na defesa de seus interesses
constitucionais. Nessas circunstâncias, o Ministério Público Federal exerce apenas uma de suas
funções, qual seja: a de custos legis. Isto é, sendo o recurso do Ministério Público Estadual, o
Ministério Público Federal, à vista do ordenamento jurídico, pode opinar pelo provimento ou pelo
desprovimento da irresignação. Assim, cindido em um processo o exercício das funções do
Ministério Público (o Ministério Público Estadual sendo o autor da ação, e o Ministério Público
Federal opinando acerca do recurso interposto nos respectivos autos), não há razão legal, nem
qualquer outra ditada pelo interesse público, que autorize restringir a atuação do Ministério
Público Estadual enquanto parte recursal, realizando sustentações orais, interpondo agravos
regimentais contra decisões etc. Caso contrário, seria permitido a qualquer outro autor ter o
referido direito e retirar-se-ia do Ministério Público Estadual, por exemplo, o direito de perseguir a
procedência de ações penais e de ações de improbidade administrativa imprescindíveis à ordem
social (EREsp 1.327.573/RJ, Corte Especial, rel. originário e voto vencedor Min. Ari Pargendler, rel.
para acórdão Min. Nancy Andrighi, j. 17.12.2014, DJe 27.02.2015).

A Defensoria Pública dispõe de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais
(art. 186), nos moldes do estatuído para o Ministério Público e para a Advocacia Pública (arts. 180 e
183). Não se aplica o prazo dobrado quando houver prazo específico e próprio à Defensoria
Pública. De todo modo, o prazo inicia-se com a intimação pessoal feita por carga, remessa ou meio
eletrônico (art. 183, § 1º).

A prerrogativa desse prazo duplicado também se aplica aos escritórios de prática jurídica das
faculdades de Direito reconhecidas na forma da lei e às entidades que prestam assistência jurídica
gratuita em razão de convênios firmados com a Defensoria Pública.

O membro da Defensoria Pública que agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções
pode ser civil e regressivamente responsabilizado pelos danos causados, nos mesmos moldes do
Ministério Público (art. 187).

Também pode suceder de a Fazenda Pública figurar no polo passivo da ação indenizatória, caso
em que, se for condenada, pode exercer seu direito de regresso contra o respectivo membro da
Defensoria Pública, que obrou com malícia.

O CPC/2015 afasta a incidência da multa por ato atentatório à dignidade da justiça os membros
da Defensoria Pública, transferindo eventual responsabilidade disciplinar para o respectivo órgão
de classe ou corregedoria (art. 77, § 6º).

Um último destaque. O art. 565 do CPC/2015 estabelece que:

No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na petição inicial
houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar,
deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que observará o disposto nos
§§ 2º e 4º. [...] § 2º O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência, e a Defensoria
Pública será intimada sempre que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça.

Nesse contexto, nas ações possessórias que envolvam uma coletividade de pessoas (ex.:
“movimento sem-teto”, “movimento sem-terra”), a Defensoria Pública deve ser intimada para a
defesa daquele que seja beneficiário da justiça gratuita, roborando, uma vez mais, a sua atribuição
legal e constitucional.
NOTAS DE RODAPÉ
1

Cf. ARRUDA ALVIM WAMBIER, Teresa; CONCEIÇÃO, Maria Lucia Lins; RIBEIRO, Leonardo Ferres da Silva;
MELLO, Rogério Licastro Torres de. Primeiros comentários ao Novo CPC/2015: artigo por artigo. São Paulo:
Ed. RT, 2015. p. 326.

Cf. MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil comentado. São Paulo: Ed. RT, 2015. p. 288.

Cf. ARRUDA ALVIM WAMBIER, Teresa; DIDIER JR., Fredie; TALAMINI, Eduardo; DANTAS, Bruno (Coord.).
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil. São Paulo: Ed. RT, 2015. p. 566.

Cf. MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil comentado. São Paulo: Ed. RT, 2015. p. 299.

© desta edição [2019]

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