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R$ MtltilflR$
DO MRRIÍilI]IE
A Arte de Contar Histórias Verdadeiras
num Mundo de Desconfiados
a
FICHA TÉCNICA
Inpressione!
Seja coerente!
Seja attêntico!
Viaa a nentira.
com tda a segurança: os consumidores são cúmplices do mar-
keting. Os consumidores acreditam nas histórias. Sem esra crença
não existe markering. Um profissional de marketing pode gastar
imenso dinheiro a promover um produro, mas se os consumidores
não estiverem activamenre empenhados em acreditar na história,
nada acontecerí.
28
importantes e urgentes, parecem esfumar-se. Se os profissionais de
marketing conseguissem contar uma história melhor acerca das
coisas realmente importantes como tomarmos os nossos medica-
-
mentos ou enviarmos tropas de manutenção da Paz PaÍa os sítios
em que fazem falta todos beneficiaríamos.
-
Facto relevante: em 2003, as empresas farmacêuticas gastaram
mais em marketing e em vendas do que em investigaçío e desen-
volvimento. Quando chega a hora de investir, torna-se bastante
claro que divulgar as ideias por detrás dos medicamentos é mais
importante do que inventar os próprios medicamentos.
"Plop,
plop, fizz, fizz, oh what a relief it
is." (Alka-Sehzer)
around tbe collar! " (Detergente 17lsÉ)
"Ring
oYuil're soaking in it., (Palrnoliae)
3r
A televisão foi um verdadeiro milagre. Permitiu às empresas
com dinheiro gerar, sem grande esforço, mais dinheiro. Os con-
sumidores pa.gavam de bom grado dinheiro extra pelo Tigre Tony,
ou íaziam filas para ver o novo Chetrolet 1954.
Paru fazet crescer a sua empresa, tudo o que tinha de fazet era
criar um anúncio que gerasse procura e, depois, fabricar qualquer
coisa para vender. Os negócios redimensionaram-se rapidamente,
apaixonando-se por aquilo que pensavam ser o marketing, servin-
do-se dos anúncios para vender mais coisas.
Os profissionais de marketing riveram um grande impulso.
Produtos verdadeiramente comuns eram vendidos a margens de
lucro significativas, devido à boa publicidade. Nasciam indústrias
inteiras, eram inventadas lojas (o supermercado) apenas para vender
as coisas que as pessoas procuravam agora devido aos anúncios.
Estávamos na eta do mercado de massas, em que todos os con-
sumidores eram iguais e se podia vender qualquer coisa a qualquer
pessoa. As melhores marcas contavam histórias, mas todos os pro-
dutos com anúncios decentes faziam dinheiro.
Depois, tudo se desmoronou.
Num abrir e fechar de olhos, os anúncios de televisão deixaram
de ser a poftL de entrada para todos os profissionais de marketing.
Enquanto consumidores, apercebemo-nos de que não confiamos nos
anúncios, de que não os vemos e que há muitas ourras formas de
ouvir histórias, que os anúncios perderam a sua eficácia. No enran-
to, e por outro lado, hoje em dia o marketing é mais poderoso do
que nunca. Isso porque as novÍrs técnicas produzem um impacto
ainda maior, pelo facto de serem mais subtis.
Se os negócios não lhe estão a correr tão bem quÍrnro desejaria,
talvez seja por se comportar como se ainda estivéssemos na época
de ouro. Pois ela iá passou. No último século, os profissionais de
marketing apaixonaram-se por conrar histórias na televisão, atta-
vés de anúncios, e nós esquecemo-nos de outras formas mais efi-
cazes de divulgar as nossÍrs ideias.
Após a época de ouro, naquela que deveria ser a hora mais negra
do marketing, a indústria reinvenrou-se a si mesma. Este é um
livro acerca do novo tipo de marketing, sobre conrar histórias, não
sobre comprar anúncios.
32
Há um segredo aceÍca do marketing que este livro lhe irá reve-
lar. Uma vez descoberto o segredo, todas as empresas bem-sucedi-
das the parecerão diferentes. O leitor compreenderá (ralvez pela
primeira vez) que a realidade observável e as mentiras que conta-
mos a nós próprios não têm semelhança absolutamente nenhuma
entre si. Não há quase ligaçío entre o que existe realmente e aquilo
em que acreditamos quer estejamos a falar de berços de hospi-
-
tal, de sopas, de computadores, de pessoas, de carros ou, pura e
simplesmente, de qualquer produto ou serviço que compremos no
trabalho ou em casa.
(Nota: Quando escrevo ertPresa, não hesite em incluir igreja,
organização san fins lutatiuos, campanha, Zona dz Conércio Preferencia|
candidato a unprego ou qualquer outra entidade que seia relevante
para si. Todos nós contamos histórias, todos os dias, e este livro é
também sobre a sua história.)
34
Passo 4: Os grandes profissionais dc marketing cnntant histórias en qlte
areditamos
O profissional de marketing conta uma história sobre aquilo em
que o consumidoÍ ÍepaÍa. A história altera o modo como o con-
sumidor experimenta o produto ou serviço e este conra a si próprio
uma mentira.
Os consumidores fizem uma previsão daquilo que vai acontecer
a seguir.
Os consumidores racionalizam tudo aquilo que não corresponde
a essa previsão.
3'
relativas às apresentações de produtos novos e à confusão dos
rnedia, que se esqueceu do quanto são más.
Hâ, nío só oferta a mais, mas também, à medida que os produtos e
os serviços se foram tornando crda vez mais complexos, há muitas
coisas para os profissionais de marketing ensinarem. Só que, infeliz-
mente, nãohát tempo paruo fazer. Os profissionais de marketing têm
de ensinar aos consumidores o porquê de os seus novos produtos
valerem a margem de lucro que têm de cobrar, o porquê de a sua nova
fórmula constituir um avanço e a razáo pela qual os consumidores
deverão deixar de utilizar aquilo que estão a utilizar no momento.
Há' cada vez mais concorrência a impedir que a sua voz se faça
ouvir, que lhe seja permitido aumentat t sua percentagem de
atenção por parte do público. E hâ cada vez mais alternativas dos
meios de comunicação social que o impedem de contar a sua his-
tória às massas.
Como resultado, as pessoas escolhem o que querem. Nem todos
dão ouaidos a tudo.
Há pessoas que ouvem parte da sua mensagem e tiram ilações acer-
ca daquilo que o seu produto faz. Outras ignoram essa parte, cen-
trando-se, em vez disso, na forma como o seu logotipo as faz sentir.
E um terceiro grupo irâignonr tudo e olhar apenas para o preço.
Ainda que pudéssemos ter a ceÍteza em relação à fórmula má"gi-
ca que poderia tornar um cliente potencial num cliente, não a pode-
mos utilizar, pois não sabemos que cliente irá escutar que men-
sagem. Não é óbvio. É complexo.
36
O livro Positioning, de Jack Trout e Al Ries, é um dos livros de
marketing mais importantes de sempre. E é um excelente come-
ço. Mas não passa de um começo, O posicionamento, tal como a
maioria das pessoas o pratica, é unidimensional. Se os outros ven-
derem barato, nós vendemos caro. Se forem nípidos, seremos len-
tos, etc.
Os autores do livro querem que escolha uma posição p^Ía o
seu produto, sabendo que o consumidor irá receber a posição que
opta por lhes transmitir. Era assim que as coisas funcionavam nos
bons velhos tempos, quando um anúncio publicitário conseguia
transmitir exactamente a história que esperávamos que transmi-
tisse.
Sim, há que escolher uma posição (ou ela será escolhida para si).
Mas, não, o controlo da mensagem não está nas suas mãos. E não,
uma mensagem unidimensional não é suficiente. Â maior parte da
aptendizagem sobre produtos, serviços e políticos extravasa os
canais de marketing pago já existentes. Este facto não tem de lhe
a.gradar mas, como se costuma dize4 poderá romar nota dele.
O posicionamento no universo da história é um processo mais
vasto, mais subtil e mais intrincado. É .r- processo tridimensio-
nal e nunca se esgota.
37
funções nas empresas, as acções dos nossos concorrentes (bem como
as nossas acções) alteram aquilo que irá funcionar no futuro. Isso não
o torna seguro, mas parece que contribui para o manter interessante.
€ PRoDUçÃo
VALOR
rNvrNçÃo
IúARKETING
TEMPO
A curva da invenção
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história que pode contar) importam imenso. Muito poucas organi-
zações conseguem crescer e prosperar hoie em dia através da cria-
ção de um novo tipo de artigo e da sua produção a baixo custo.
É muito mais fácil lucrar com um produto extraordinário se o con-
seguirmos colocar no mercado antes da concorrência.
Dei a esta curva o nome de curva Tâlerman, por causa da minha
amiga Elizabeth Talerman, que está a ter lucro com uma linha de
T-sbirx engraçadas e com mças modernas para levar à mesa. Em
ambos os cztsos, é aideiaoriginal e a história contada nfle a quali-
dade do produto propriamente dito
-
que alicerçam o negócio
dela.
-
Por ser tío fácll delegar o fabrico propriamente dito, de repente,
o seu encarregado de fá.brica deixa de ser o seu colaborador mais
importante. A Southwest não tem lucro ou prejuízo devido aos
seus pilotos. É flícil despedir e conrrarar pilotos nos dias de hoie.
É facil fazer rolamentos de esferas, T-sltirts, água engarrafada e
hipotecas. Fazer deixou de ser difícil.
A Ford fabricaJaguares, a Anlteuser-Bush fabrica a ceneja Kirin,
umafâbúcadesconhecida do Vetname fabrica ténis NzÉe. O fabrico
deixou de ser difícil, especial ou diferenciado.
É no final da curva, no local em que conta de facto as suas his-
tórias e que prova verdadeiramente aquilo que afirma propor-se
fazer, que aalavancagem reside actualmente. O lado direito da cur-
va, plra onde levamos algo que as pessoas podem ou não precisar
e o transformamos em algo que definitivamente querem é aí
que está o dinheiro. -
Hoje em dia, há. apenas dois aspectos que separam o êxito do
fracasso na maioria das organizações:
40
do que nunca conseguir que alguma coisa seja feita, expedida e
armazenada. Mais fícil até do que ganntft factores como a quali-
dade e a durabilidade. O que é difícil realmente difícil é per-
ceber aquilo que vale a pena ser feito -e contar depois uma- história
aceÍca disso.
(Nã0, não estou a dizer que o fabrico não é relevarrte. É. Consti-
tui uma parte essencial da história que irá contar. Estou apenas a
dizer que fabrict não é difícil, e que ser suficientemente bom no
fabrico iâ não é o suficiente.)
A razío pela qual a maioria das pessoas que vendem serviços e
produtos se debate com as margens de lucro prende-se com o facto
de se verem a si próprias a vender mercadorias banais. Pelo facto
de colocarem a tónica no centro da curva, no tornar uma en-
genhoca melhor um pouco mais barata, náo conseguem ir a lado
nenhum. As empresas que são bem-sucedidas apercebem-se de que
oferecer um produto fantástico, com uma história fantâstica, é
mais importante e mais lucrativo do que íaze1 só um bocadinho
melhor, tudo o que o que os outros já fazem.
A um nível pessoal, o seu currículo deverá centrar-se na invenção
de coisas extraordinárias e em contar histórias que peguem, não em
reforçar o quÍrnto se sai bem a satisfazer determinados requisitos.
Âs organizações que vão sobreviver são aquelas que pararem de des-
perdiçar o seu tempo a lidar com as crises quotidianas da expedição
de artigos ou com respostas a situações de emergência. Em vez
disso, a nova faceta do marketing iú separar os vencedores dos
perdedores.
Este é o seu desafio. Sairá vencedor quem perceber isto.
4r
PASSO 1: A COSMOVTSÃO E OS ENQUADRA-
MENTOS DELES;Á TXTSTTAM ANTES DE SI
42
É íacil cah na tentação de pensar no seu mercado como um
público coeso, de pensar num mercado como um grande grupo de
pessoÍrs iguais. Mas não existe nenhum monólito do desejo.
Nem toda a gente quer uma máquina de lavar loiça ligeiramente
melhor, nem uma viagem de avião mais rápida. Pelo menos, isso
não basta para se pagaÍ um pouco mais. Nem todos queremos cho-
colate preto nem uma casa grande nos subúrbios.
À medida que aumenra o número de escolhas colocadas à dis-
posição dos consumidores, e à medida que aumenta também a
diversidade de escolarização, de backgrounds e de deseios, rorna-se
cada vez mais perigoso pressupor que os consumidores são rodos
iguais, chegando até a ser perigoso presumir que todos são racionais.
4>
E em relação r alterar uma visão do mundoT Em relação L cÍrlÍ
alterações por atacado no mercado? Por vezes, um profissional de
marketing é particularmente afortunado e hábil, fazendo de facto
com que uma grande fatia do mercado mude a sua cosmovisão.
Steve Jobs conseguiu fazê-lo com o Macintosh e depois com o iPod.
Sean Fanning, criador do Napster, ensinou toda uma geração de
miúdos a acreditar que a música deveria supostamente ser grátis.
É irrteresrunte notar que embora alterar cosmovisões seia uma
tarcfa bastante sedutora, nem sempre se traduz em lucros avul-
tados.
Os profissionais de marketing não hesitam em criar anúncios
distintos para homens e para mulheres, para ricos e PaÍa pobres,
para quem viaja e para quem não o faz. O erro é não irmos sufi-
cientemente longe. Não existe um único mercado. Há milhões de
mercados, cada um deles cheio de pessoas que partilham a mesma
visão do mundo. Os exemplos mais felizes e com mais saída são
aqueles em que o profissional de marketing utilizou um en-
quadramento para reforçar uma cosmovisão existente, não PaÍa a
alterar. A sua oportunidade reside em encontrar uma cos-
movisão negligenciada, em enquadrar a sua história de
modo a que esse público se centre nela e a tome como ponto
de partida.
46
ou um serviço novos surgem no nosso horizonte, essas
predisposições dão imediatamente cor a toda a informa-
ção que entra.
). O uernáculo; os consumidores dão tanta importância à
forma como uma coisa é dita quanto ao conteúdo que é
transmitido. Preocupam-se com a escolha de meios, com
o tom de voz, as palavras utilizadas e até, mesmo, com o
cheiro que as coisas têm. Se a história que é contada
ao consumidor não corresponder ao vernáculo que o con-
sumidor espera, acontecem coisas estranhas.
48
tráriol. as cosmovisões andam agrupadas. Há referências culturais
comuns que agrupam pessoas que não se conhecem. Não sou a
primeira pessoa a descrever alguma destas semelhanças, mas a men-
sagem essencial aqui não é que qualquer grupo específico seja
importante em si mesmo e por si mesmo. Pelo contrário, tenho
esperança que o leitor consiga apanhar o ieito de detectar os gru-
pos. As campainhas de New Hampshire e as loias de comida
saudável até têm bastante em comum.
63
pasta de dentes que produza melhores resultados. Como resultado,
não são muitas as pessoas que reparam nos anúncios ou nas pro-
moções de pastas de dentes, a menos que estejam à caça de cupões
para poupar dinheiro.
Foi então que o Tom contou uma história. Uma história sobre
comida saudável, fabrico responsável, autenticidade e votar com a
escova de dentes. A história encaixou perfeitamente na cosmovisão
de uma parte ínfima do público. Vendendo a pÍrsta de dentes ape-
nÍrs em loias de comida saudável, Tom estava a dirigir-se a um grupo
de retalhistas (e, em última análise, de consumidores) que concor-
dava com a forma como enquadrou a sua história, e que estavÍrm
satisfeitos por ouvi-la.
Com o tempo, à medida que foi sendo possível encontrar aTom's
of Maine num número cada vez maior de lares, apalavra começou
a ser passada. Tinha sido transposto o abismo que ia dos fanáticos
dos artigos saudáveis a todas as demais pessoas. Um utilizador pas-
sava palavra a um amigo e depois a outro. Em breve, pessoas que
normalmente não teriam procurado um tipo especial de pasta de
dentes estavam a acreditar na mentira e a partilhá-la com outras
pessoÍrs. Não que fizesse alguma coisa pelos seus dentes, mas porque
as fazia sentirem-se bem.
Eis o que fez Tom:
64
função daquilo que os resranres membros da comunidade fazem.
Quando a primeira mãe a rempo inteiro comprou uma carrinha, foi
lançado um rumor, um rumor que se espalhou pela comunidade, à
medida que cada uma das mães foi considerando a história por
detrás deste novo tipo de automóvel.
Contudo, uma cosmovisão partilhada nío faz uma comunidade!
Os indivíduos que não gostam de vendedores de auromóveis, por
exemplo, não fazem parte de uma comunidade coerente. Limitam-
-se a partilhar uma ideia feita: não falam uns com os outros, pois
não estão particularmente interessados nas outras pessoas que tam-
bém detestam concessionários de automóveis.
Neste livro decidi utilizar por vezes apalavra comunidade, em
vez de mercado. Isso porque penso que o melhor marketing acon-
tece quando falamos com um grupo que partilha uma cosmovisão
e que também fala sobre ela: uma comunidade.
65
A cosmovisão mais importante
(pelo menos para o que nos interessa)
66
taxa de espaço retalhisra e colocaria os seus sacos de batatas fritas
(em embalagens de cores vivas) no corredor das bataras fritas. Talvez
fizesse circular uns cupões de desconto.
Partindo de um modelo de cosmovisão, a sua abordagem seria
diferente.
Compreender que o corredor das batatas fritas de um supermer-
cado está saturado (tal como a capacidade de o seu consumidor-alvo
prestar atenção), poderá começar por identificar um segmenro que
possa reparar numa história nova, contada de forma diferente.
Neste caso, seleccionemos as mães que acreditam que os «aperi-
tivos salgados não são saudáveis e que os seus filhos não os devem
comer>>.
Este tipo de mãe não se irá dirigir ao corredor dos aperitivos no
supermercado. Ela também nío reparu na publicidade feita aos
aperitivos e, portanto, surge como uma perspecúvr- ftaca para este
produto. Mas se fot capaz de contar a história cerra, o mercado
estará aberto a que o conquiste.
Portanto, cabe-lhe a si criar a história. As batatas fritas serão fei-
tas de soja e não de batatas. Não serão geneticamente modificadas,
serão biológicas, com baixo teor de gordura e salgadas com um
pouco de sal do mar e alga Dulse, como aromatizante, não sódio.
As batatas fritas vêm embaladas numa caixa e não num saco, não
sendo de todo vendidas no corredor dos aperitivos. Em vez disso,
terá de p^gú pelo seu espaço na secção de produtos dietéticos.
Agora está a conrar uma história totalmente diferenre. Está a
utllizar enquadramentos para ir ao encontro da cosmovisão adop-
tada pelo segmenro que está a renrar conquistar. E, se o fizer bem,
há excelentes hipóteses de esse segmento repaÍü na mudança de
ambiente e de dar crédiro à sua hisrória. se as batatas forem boas
(e se amenizàrem o ligeiro senrimenro de culpa das mães em relação
a privar os filhos de comerem batatas fritas!), terá conseguido con-
verter alguém.
E, não, as mães que partilham esra cosmovisão não são uma
comunidade coesa. Mas mães são sempre mães, e falam umas com
as outras. As suas mães-alvo começarão por servir as suas batatas
em festas de aniversário e por incluí-las nos almoços que os filhos
levam paru a escola. Poderão inclusivamente mencionar o quanto
69
osfilhos apreciam essas batatas na próxima reunião do condomínio.
E assim se começa a espalhar a história. Muito em breve, Pessoas
que não partilham a mesma cosmovisão irão à Procura dessas
batatas. Pouco depois disso, poderá deslocar as batatas Para o corre-
dor dos aperitivos, dado que iá partilhou a história e que o seu
público o irá seguir.
70
PASSO 2: AS PESSOAS REPARAM APENAS NAS
NOVIDADES E DEPOIS ADIVINHAM O RESTO
7t
Como funciona o nosso cérebro
Procure as difaenças
Quando nos deparamos com algo pela primeira vez, comparzuno-
-lo com o statils quo.
Se não for novo, ignoramo-lo.
72
A capacidade de apurar as nossas superstições é um dos maio-
res talentos do cérebro. Contrariamente a quase todos os demais
seres vivos (ou até à maioria dos computadores), os humanos insis-
tem em ananjar uma teoria para explicar tudo aquilo que lhes
sucede.
O New York Tines publicou recenremenre um artigo sobre pes-
soas, de resto racionais e inteligentes, que estavam convictas de
que a função de selecção aleatória, dos seus iPods est*a avaríada.
 função de selecção aleatória deverá suposramenre seleccionar
músicas de forma aleatíria e reproduzi-las. Os referidos utiliza-
dores tinham a ceÍteza de que alguma coisa não estava bem, pois
os seus iPods nío putavam de reproduzir algumas músicas vezes
sem conta. Em vez de o fazer de forma aleatôtia, estes utilizadores
tinham a impressão de que o iPod andava a favorecer umas músi-
cas em detrimento de outras.
Um rápido olhar sobre a contagem de canções do meu iPod con-
firmou que é exactamente isso que acontece. Algumas músicas são
reproduzidas dez vezes mais do que as outras. Mas é assim mesmo
que tenr de ser. É assim que a aleatoriedade funciona. Aleatório não
significa perfeitamente uniforme. Muito pelo contrário.
No entanto, estes supersticiosos utilizadores de iPods haviam
decidido aquilo que o seu ouvinte gostava (e aquilo que ele não
gostava). Tinham dado à máquina uma personalidade. Sempre que
uma determinada música era reproduzida novamente, tomavam
nota disso mentalmente, pensando:
"Aha! Gosta mesmo de Fatboy
Slim. Está a tocâ-lo outra vez». É chro que ignoravam também
com a mesma npidez esses exemplos quando era reproduzida uma
música que raramente tocava.
É por isso que temos medo de passar por debaixo de escadas e
que acreditamos que uma pata de coelho nos pode tttzet boa sorte.
Damos um palpite LceÍcldaquilo que funciona e centramos a nossa
atenção nas vezes em que não nos enganamos (esquecendo-nos das
muitas vezes em que nos enganamos).
Em Dezembro de 2OO4, Diana Duyser pôs à venda uma tosta
de queiio no eBay. Se olharmos bem paÍ^ a fotografia da tosta, a
nossa mente prega-nos partidas, e conseguimos ver o rosto da
Virgem Maria queimado nafatiade'Vondpr Bread. Mais de 200 000
7'
pessoas visitaram a sua página no eBay e a tosta foi vendida por
cerca de 28 000 dólares. Não se esqueçam de que se trata de uma
tosta de queijo feita por uma menina de dez anos! Perguntaram-
-me se era falsa. FalsaT Falsa o quê? Relativamente a uma tosta de
queijo que tem mesmo, realmente e de facto o rosto da Virgem
I['daria? Células cerebrais sérias inventaram o rosto pelo facto de o
nosso cérebro estar constantemente a inventar um enredo, uma
história, uma explicação para aquilo que vemos.
Precisamos de ver explicações onde as não há, porque os nossos
cérebros são demasiado inquietos para viver com a aleatoriedade.
Face a um fenómeno aleatório, as pessoas inventam as suas
próprias mentiras.
76
PASSO 3: AS PRIMEIRAS IMPRESSÔES
DÃo rNÍcro À Hrsrónre
79
Ela representa uma fracção apenas da totalidade de um animal.
Mas, ainda assim, olhando apenas para uma ínfima parte dele, não
terá tido dificuldade em imaginar o tronco, as presas, os pés
enormes e até mesmo o odor do elefante. Emitimos juízos instan-
taneamente, uma vez que estes nos ajudam a lidar com o mundo
exterior.
Veja esta: ,
D
 única coisa que consegue ver são partes de três letras. Mas o
tipo de impressão é quando basta para lhe dizer, com um único
olhar, o que espera encontrar dentro da loja. Não só o tipo de caÍé,
mas também o tipo de cadeiras, a atitude das pessoas atrás do bal-
cão e o som que as máquinas de tirar caíé fazem. Conseguiria
provavelmente identificar aloia de olhos vendados.
Todavia, o que se passa é que nuncaviu este elefante antes, nunca
esteve no interior daqueh Starbucks, mas está, ainda assim, dis-
posto a fazer uma grande quantidade de previsões com base num
juízo instantâneo e num número reduzido de dados.
O primeiro instantâneo
80
Num dos seus estudos, Gladwell menciona que se constata que
a decisão de processar um cirurgião por mrás práticas clínicas nada
tem a ver com o facto de o médico ter ou não sido negligente ou
descuidado, tendo embora tudo a ver com o facto de este ter sido
ou não simpático nos escÍrssos minutos que o doente passou com
ele no consultório. Por outras palavras, decidimos antes da operação
se iremos processar o médico se algo correr mal.
Embora a dimensão destes juízos o possa surpreender, a mensagem
global não deveria fazê-lo. A única hipótese que os nossos antepÍssa-
dos tiveram de sobreviver na selva foi a capacidade de tomarem
decisões correctas numa fracção de segundos. Se precisássemos de uma
semana, ou até mesmo de um dia, para decidir se outro Neandertal
era amigo ou inimigo, poderíamos considerar-nos mortos. Herdámos
a capacidade de emitir iuízos acertados numa fracçãa de segundos.
No entanto, como criaturas dotadas de ego que somos, temos a
necessidade de defender as nossÍrs decisões. O patrão não gosta de
admitir que está errado, e nós também não. Por isso, desviamos as
nossas percepções, de forma a adeqú-las ao primeirc juízo emitido.
Se alguma vez se candidatou a um emprego (ou contratou alguém)
81
Ligue o rádio e poderá ouvir os arremessos políticos e os desbo-
cados comentários dos apresentadores de talk sbous a manipular a
informação sem parar, descrevendo agressivamente os actos dos seus
opositores como censuráveis, e ignorando o facto de o tipo que
apoiam ter feito exactamente a mesma coisa, só que pior. Isto não
é um fenómeno novo, é apenas parte da mesma iustificação paÍa a
emissão de iuízos nípidos que todos andamos a fazer há anos.
Para sobreviver à investida das opções, os consumidores
tomam decisões rápidas. Num abrir e fechar de olhos, írs pessoas
absorvem a aparência de alguém, a forma como fala, cheiru, se pro-
jecta e se veste. Examinam a embalagem, o preço, os uniformes, a
iluminação, o cenário e a banda sonora ao fundo, chegando a uma
conclusão numa fracçãode segundos. É chro que há dados que con-
tradizem esta conclusão. Esses dados são ignorados.
As partes da história são reunidas num instante e a história é
contada. Se a história for confusa, contraditória ou impossível, o
consumidor entra em pânico e ignora-a. Mas se a história for con-
vincente e tocar em desejos básicos como o medo, o poder ou a
aprovação, poderá ser bem acolhida.
Lembre-se, contudo, que a história que é contada depende da
cosmovisão que o consumidor coloca sobre a mesa. Por vezes, um
produto é tão forte que consegue alterar a nossa cosmovisão. Mas
não conte com isso.
82
Alyssa estâ L comprar águn engarrafada. Não pelo facto de ter
sede. A sede pode ser saciada a troco de nada em qualquer Parte
dos Estados Unidos. O que ela quu é a conveniência, a paz de espí-
rito ou a satisfação de saber que tem nas mãos uma ganafa de água
das Ilhas Fiii ou da Tanzània. Compra água engarrafada Porque
quer, não porque precisa.
Se os consumidores têm tudo o que precisam, níohá, mais nada
para comprar à excepção das coisas que querem . E a ruzío pela qual
compram coisas que querem é o nodo cono isso as faz sentir.
Isso acontece na mesma medida com produtos vendidos a em-
presas. O mito da superioridade do produto no que concerne produ-
tos vendidos empresa a empresa não passa disso mesmo. As pessoas
que compram a negócio são, em primeiro lugar, pessoas, e com-
pram coisas que as promovem, que as fazem sentir-se segurzrs e
asseguradas, ou que lhes dão uma sensação de pertença. Â batalha
entre a Salesforce.com e a Seibel é um excelente exemplo disto.
Ainda que a Salesforce.com tenha um produto consideravelmente
superior em termos de software pessoal (em todos os aspectos), a
Seibel continua a vender bem o seu produto inferior em termos
concorrenciais. A Ingersoll-Rand comprou o produto da Seibel por
se encontrar no meio de uma crise e não dispor de tempo para
procurar uma alternativa. A razão pela qual as Pessoas continuaram
com a Seibel é simples: se é cliente da Seibel há uma década., é
muito mais fácil iustificar a decisão de continuar com essa empresa
ao seu patrío. E é isso que estará a comprar; não software, mas a
justificação, a história.
Os consumidores dão muita importância ao processo de aqui-
sição. Dão muita importância à embalagem, à aprovação Por Parte
dos pares e à experiência do produto novinho em folha. Dão im-
portância à origem do artigo e às circunstâncias em que foi fabrica-
do. É claro que assim que compram alguma coisa as pessoas preo-
cupam-se com a durabilidade, mas preocupam-se muito mais com
o modo como são tratadas pelo pessoal da empresa quando o artigo
se avaria.
Haveú, alguma ligaçío entre a utilidade de um produto ou ser-
viço e o modo como faz que uma pessoa se sinta? É chro que sim!
LJm consumidor formula os seus deseios com base naquilo que
9t
ouviu os outros dizerem acerca da utilidade. Fica entusiasmado por
ver um filme pelo facto de as críticas terem falado bem dele. Quer
comprar tm Dodge Viper devido à aceleração, ou quer conrrarar um
técnico de contas da Deloitte pelo facto de esta empresa ter aju-
dado imenso uma ourra empresa. Os consumidores não são tão
conscientes da moda a ponto de a utilidade se rornar de todo irre-
levante.
Mas será a utilidade do produro a principal forma de as
pessoas formularem os seus desejos? Nem pensar! E essa,
resumidamente, é a nzão pela qual precisa das ideias conridas neste
livro. Em quase todas as reuniões a que vou, as pessoas estão
ansiosas por compreender por que razão o seu produro ou serviço
não está a vender melhor. Começam sempre por referir o quanto o
produto delas é bom, o quanro é melhor/mais rápido/mais dura-
douro. Estão obcecadas com a utilidade e não conseguem com-
preender por que razío o mercado não está a rcagh à microanálise
que fazem da diferença entre o que oferecem e aquilo que a con-
corrência estâ a oferecer.
Não precisamos daquilo que estía vender, amigo.
Compramos aquilo que queremos.
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EXEMPLOS: HrSTÓnrAS ENQUADRADAS
EM TORNO DE COSMOVISÕES
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Muitas destas pessoas têm Crock-Pots, o aparelho eléctrico de
confecção lenta utilizado para confeccionar sopas e guisados. John
Hanson, da Banquet, lançou os Crock-Pot Classics, dizendo que os
"Crock-Pot Classics da Banquer possuem todos os ingredientes de
alta qualidade necessários para uma refeição de confecção lenra,
como sejam carnes tenras, Iegumes frescos, batatas sãs e molhos
temperados na perfeição, estando preparados para cozinhar com
menos de cinco minutos de preparação. No final de cada dia, os
Crock-Pot Classics da Banquet dão as boas-vindas a toda a família
com os apetitosos aromas de uma refeição de confecção lenta." Por
outrÍs palavras (se a Banquer tivesse contado a verdade):
"Aqui
temos uma série de coisas conservadas por meio de substâncias
químicas e de congelação. Deitem tudo para dentro da panela,
liguem-na e o resultado final será algo que poderíamos facilmente
ter pré-cozinhado para si e vendido congelado, pronro paru ir ao
microondas."
A ConAgra, qte faz o markering da Banquet, rem um êxito em
mãos. As vendas de mercado sondadas eram 25O por cenro superio-
res à média. Trata-se de um artigo com saída e altamente lucrativo
que terá êxito duranre anos.
É óbrrio que a ConÂgra não está a conrar a verdade toda
quando afitma não haver diferença nenhuma entre deitar o sa-
quinho para dentro do Crock-Pot e comprar no restaurante do
bairro uma refeição pan levar para casa. Na verdade, há uma
diferença, já que o Crock-Pot Classics conrém ..mononirrato de
tiamina, amido alimentar modificado, exrracto de levedura, sll,
proteína de soia hidrolizada, aç(tca4 glutamato monossódico, gli-
col propileno, corante de caramelo, inosinaro dissódico, guanilato
dissódico, lecitina de soja, vinho salgado Chabli da Califórnia,
xarope de milho rico em frutose, anchovas, proteína de milho e
emulsionanter.
Não impmta. Â mentira que a consumidora conra a si própria
é que importa. É uma mentira que rem a ver com a forma como a
casa cheira quando vê afamília chegar a.casa, uma mentira que rem
a ver com a pteparaçáo dos pratos, com deitar fora montanhas de
caixas de take-away. É a forma como o produto a faz sentir quando
vê a família sentar-se à mesa para comer toda junta.
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gem. Não por passarem despercebidos, provavelmenre serão nota-
dos, mas por ninguém lhes dar crédito.
Para poder ter crédito, terá de exibir um grau súciente de mu-
dança para que o consumidor opre por presrar atenção. Mas nessa
altura terá de conrar uma história, nada de palestras. Tení de
remeter para os factos e não de os anunciar. Numa venda, não há pos-
sibilidade de puxar a brasa à sua sardinha. Garrhaúum cliente quando
o cliente prwar a si mesmo que é uma boa opção acreditar em si.
O processo de descobrta é mais poderoso do que receber a res-
posta certa, isso porque, claro está, não existe resposta certa, e por-
que, mesmo que houvesse, o consumidor não acreditaria em si!
Baz alguma diferença para si descobrir que Írs cervejas Baks Ligbt e
St. Pauli Girl sío fabricadas na mesma linha de montagem? Por que é
que o susbi no Masa (300 dólares por cabeça ao jantail sabe müdssimo
melhor do que o sushi de 40 dólares ao virar da esquinaT Talvez seja o
extraordinrírio bar de madeira que é encerado depois de cada refeição
ou a atenção que um cozinheiro muiro talentoso lhe presta.
As expectativas são o moror das nossas percepções. E as histórias
complexas encerram em si todo o tipo de percepções. O sítio que
as pessoas escolhem parufazet compras, o modo como as transacções
são feitas, os ruídos, a música, a iluminaçáo, cada um destes ele-
mentos é no mínimo tão importanre como o artigo propriamente
dito.
A Ralph Lauren obtém uma enorme fatia das suas vendas de
artigos em segunda mão e mercadorias vendidas por lote nas
inúmeras loias das fiíbricas Polo espalhadas por todo o país. Existem
tantas lojas destas (e a procura é tão elevada) que muitos dos arti-
gos vendidos não são, afinal de conras, artigos em segunda mão. São
desenhados e produzidos para as lojas da fábrica. As pessoas conram
a si mesmas a história de encontrar uma pechincha, constroem a
expectativa desviando-se cinquenta quilómetros do seu caminho
(mesmo que estejam de frrias), ficando exulrantes por dar 40 dólares
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por um blusão de 400 dólares que nunca teria sido vendido por 400
dólares e cujo fabrico terá provavelmente custado 4 dólares.
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Verdadeiro ou falso?
Protejam-me
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Embora estes medos seiam radicalmente diferentes, representÍrm
o mesmíssimo reflexo. Se a sua cosmovisão disser respeito a prote-
ger-se a si próprio ou à sua família, reagirá extremamente bem a
uma oferta enquadrada em termos do seu medo. Não, isto não
apelarí a todas as pessoas de um determinado mercado. Mas é
muito improvável que os que se debatem com o medo reajam ao
que quer que seja.
No ano passado, algumas pessoas ficaram petrificadas de medo
com os ataques de rubarões que aconteceram no Oceano Atlântico.
No entanto, euâs€ ninguém foi agredido, e muito menos morto.
A história passou nas notícias e foi discutida napraia, mas não pas-
sou disso mesmo, de uma história. Eazia parte da cosmovisão que
muitas pessoÍls transportavam consigo. Na realidade, há 250 mais
probabilidades de as pessoas virem a ser mortas por um veado (num
acidente de automóvel) do que por um tubarão, tendo-se registado
mais ataques de gerbilhos em Nova Iorque, num ano apenas, do
que de tubarões na Florida. Os factos, claro está, são totalmente
irrelevantes. O que importa é o tipo de história a que estamos
receptivos.
Todos os dias as pessoas sentem medo de entrar em aviões,
mesmo que os aviões sejam muito mais seguros do que o carro que
nos transportou ao aeroporto. O medo não é racional. É isso que o
transforma em medo e não em senso comum.
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elementos do capitalismo. Esforça-se por ajudar os pobres de África,
do Paquistão e do Egipto a alcançarcm o êxito sem serem conside-
rados vítimas. O modelo que pratica é a angaritção de um fundo
(conta já, com 20 milhões de dólares) e a sua utilização para inves-
tir em empresas geridas a nível local que ofereçam produtos que os
pobres consigam comPrar. As empresas que vendem esses artigos
fazem aumentar efectivamente o padrão de vida dos seus clientes.
Por exemplo, a A to Z cometcializa cortinas repelentes de mos-
quitos naTanzània. Por cerca de 6 dólares, uma família pode evi-
tar a malíria durante um período de cinco anos. o custo das ino-
culações frequentes de quinino (para não falar do risco de morte) é
muito superior ao custo de uma rede da A to Z. A A to Z lucta,
dúzias de africanos conseguem bons emPfesos nas áreas do fabrico
e das vendas, os habitantes das aldeias poupam dinheiro e o Acu-
men recebe o retorno do seu investimento.
E é aqui que está o Problema.
O Âcumen não foi estabelecido como uma oNG tradicional, que
pruticaa caridade para pessoas necessitadas. Na opinião deJacqueli-
ne, isso é um beco sem saída conrraproducenre e ineficaz. Em vez
de ir por aí, o Acumen compra acções das empresas em que investe
ou ganha iuros sobre os empréstimos que faz a empresas.
Os doadores, departamentos do Estado e fundações possuem
uma cosmovisão baseada em genções de experiência. Entendem
que aquilo que fazem possui valor e não tendem a acreditar na
história que diz que a filantropia tradicional não aiuda lá muito os
pobres.
Por seu lado, os bancos de investimento, os ricos e os fundos de
risco utilizados para obter retornos do dinheiro destes Possuem uma
cosmovisão que diz o seguinte: "Não estamos especialmente inte-
ressados naquilo em que investimos. Precisamos que o nosso índice
de retorno supere a média da economia em pelo menos x Pontos
base., A história do Acumen não colhe iunto do público que com-
pensa os seus rendimentos abaixo do mercado com a iustificação de
que está a fazer algo socialmente positivo.
Se começar pelos factos em vez de começar pela história, o
Acumen ficarí entalado enrre a espada e a parede. o fundo possui
uma visão fortíssima e êxitos surpreendentes ao nível das suas obras,
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mas a parre mais difícil do seu proiecto é feita em casa: conrar a
história certa às pessoas certas. os grandes filantropos hesitam em
fazer donativos pelo facto de isso desafiar o seu modelo, e os grandes
investidores hesiram em investir pelo facto de isso não correspon-
der ao seu paramar de êxito monetário.
A ideologia tradicional de marketing encorujá,-lo-ía simples-
mente a esforçar-se ainda mais, a continuar a pressionar as massas,
as grandes organizações, que têm imenso dinheiro, a investir.
O Acumen encontrou uma via diferente. Opta por conrar uma
história aos que exão insatisfeitos com Írs histórias de sempre, nas
quais as instiruições de caridade gostariam que acreditassem. Estão
a conseguir chegar até empreendedores à procura de uma alterna-
tiva filantrópica mais efrcaz e diferente, bem como a fundações
ansiosas por obter uma reputação através do financiamenro de orga-
nizações com uma abordagem não tradicional da filantropia.
Imagine alguns oxímoros possíveis: filantropia não beneficente,
investimentos sociais de longo pÍazo, rerorno sobre a filantropia,
dividendos de capital social.
Os doadores frustrados e os investidores inquietos a quem o
Acumen apela estão claramente à margem das suas comunidades.
Mas isso não faz mal. o Acumen está a arquitectar uma história
que estes inovadores possam conrar aos colegas. contam a histó-
rir ao subsegmento do público que a quer ouvir. Numa conferên-
cia de investidores, porque não dizer: .,Apenas 10 por cento dos
aqui presenres querem ouvir esta história, mas isso não faz mal, e
contar a história a seguir? Recusando-se a esvaziar a história,
colando-a à cosmovisão do público, o Acumen consegue enconrrar
os que qiltrün acreditar na história.
O primeiro passo é oferecer uma história emocionante às pes-
soas posicionadas nos extremos, que a querem ouvir. O segundo
passo é susrentar essa história com uma acção real e provar que ela
funciona. Depois, a aposra é que a cosmovisão do tipo oeuero ser
como os meus colegas mais bem-sucedidos» permita quem acre-
dita ultrapassar o desejo entre os seus pares de não assumir riscos.
como a ideia do Acumen contagia essas comunidades, deveria ser
capaz de crescer arravés da difusão de uma nova história a pessoas
que a queiram ouvir.
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