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TEOLOGIA PASTORAL
Sumário Pág.
Vocação Pastoral 04
a) Motivações Perigosas 07
b) Realidades Perigosas 08
As Qualificações Pastorais 15
O Sustento Pastoral 24
Conclusão 32
Bibliografia 33
“Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e
testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há
de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por
constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida
ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram
confiados, antes, tornando-vos modelos de rebanho. Ora, logo que o Supremo
Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória”.
I Pe 5.1-4
“O verdadeiro pastor tem duas vozes: uma para chamar as ovelhas e outra para
espantar os lobos devoradores” .
João Calvino
Uma boa parte dos teólogos define a Teologia Pastoral como o ramo da Teologia Cristã que
define, de forma sistemática, o ofício, serviços, dons e tarefas do ministério. A Teologia
Pastoral é considerada uma teologia prática por tratar de aspectos práticos do ministério
vinculando a exegese, história, teologia sistemática, ética e ciências sociais. Teologia Pastoral é
uma disciplina tanto teórica quanto prática. A Teologia Pastoral objetiva não apenas elaborar uma
definição do trabalho e tarefas pastorais, mas prover auxílio prático para sua implementação.
Em um primeiro momento, a Teologia Pastoral providencia informação bíblica e suporte teológico
acerca do ministério. Em seguida, fomenta a prática do ministério na igreja.
Argumenta-se que o ministério só é aprendido na prática. Deus, porém, na Bíblia, fornece
informações sobre o ministério, possibilitando uma investigação sistemática que oriente uma
prática ministerial consistente com os propósitos divinos.
A Teologia Pastoral ou do ministério cristão seria enquadrada no ramo da Teologia Prática,
apesar de podermos abordá-la em várias perspectivas diferentes, precisamos dar maior
relevância à perspectiva bíblica e prática.
VOCAÇÃO PASTORAL
Deus não apenas chama, mas especifica a missão. O que é um pastor? O que significa
pastorear?
Em primeiro lugar, pastorear é alimentar o rebanho de Deus com a palavra de Deus. Não nos
cabe prover o alimento, mas oferecer o alimento. O alimento é a palavra. Reter a palavra ao povo
de Deus é um grave pecado. O pastor precisa ser um incansável estudioso da Palavra.
III) A EXCELÊNCIA COM QUE O PASTOR DEVE EXERCER O SEU PASTORADO (JR 3.15)
a) Motivações Perigosas
“Os pastores estão abandonando seus postos, desviando-se para a direita e para a esquerda, com
freqüência alarmante. Isto não quer dizer que estejam deixando a igreja e sendo contratados por
alguma empresa. As congregações ainda pagam seus salários, o nome deles ainda consta no
boletim dominical e continuam a subir no púlpito domingo após domingo. O que estão
abandonando é o posto, o chamado. Prostituíram após outros deuses. Aquilo que fazem e alegam
Para alertar-nos do perigo das motivações erradas observemos cinco possíveis motivações
erradas e egocêntricas que podem levar alguém ao Ministério:
2) Status social: Não é de hoje que a sede de posição cega às pessoas. O “ser pastor”, mesmo
que em nossos dias não é lá muito bem visto, até mesmo pelos escândalos envolvendo alguns
líderes cristãos, os títulos de Reverendo e Pastor transmitem uma certa dose de autoridade que
dignifica o ser humano, e lhe confere status social. Não obstante, liderar não é fácil. Às vezes
pregar pode ser uma tortura. Pastorear ovelhas relutantes é uma atividade esmagadora. Ser uma
figura pública sob os olhares de todos e viver sob constantes cobranças, mesmo que estas não
sejam verbais, sacodem o nosso coração. Os pastores inevitavelmente armazenam um certo
nível de frustração em seu trabalho. Ficam frustrados com os conflitos da igreja, com a futilidade
de seus planos e com o fracasso do povo. O status social não pode sustentar o ministério e fazer
com que vivam, a vocação, de modo responsável.
Em I Tm 3:1, Paulo escreve: “se alguém deseja o pastorado, excelente obra almeja”.
O termo “deseja” na língua grega é epithumeo, que tem o significado de “colocar o coração,
ambicionar, desejar”. Precisa ser observado que o objeto do desejo é a obra, o serviço, e não a
posição ou status. Este pode ter sido o sentimento de Tiago e João (Mc 10:35: 45). Alguém
motivado por posição elevada e pelo desejo de atenção trará com certeza prejuízo a si mesmo e
à Igreja de Cristo.
3) Necessidade de firmar-se como pessoa: É possível que alguém caia na armadilha de desejar
o ministério por entender que a posição e o status conquistado forçam os outros a lhe dedicarem
atenção. O desejo que um ser humano tem de que os outros o respeitem é um sinal louvável de
sua auto-estima. Não há nada de errado em desejar ser respeitado e admirado, mas não é a
motivação correta para o ministério. É comum termos notícias de líderes que avaliam sua
eficiência ministerial através de quantas pessoas da denominação o conhecem.
4) O Senso de obrigação: Há quem se torne ministro, pois depois de ter passado pela família,
conselho, presbitério e ter feito o curso teológico no seminário, sente-se na obrigação de ter que
ir até o fim de seu “chamado”. Sente-se culpado se não fizer aquilo que todos esperam dele. É
desnecessário dizer que este líder não desenvolverá seu ministério com alegria e prazer.
5) Falta de opções: É possível que alguém decida ser um pastor, pois depois de tentativas
inglórias de ingressar em alguma outra faculdade, ou por não ter condições financeiras de custear
um curso em uma universidade, percebeu que poderia fazer um curso de nível superior pago pelo
Presbitério e ainda recebendo ajuda de custo de sua Igreja. Nossos jovens precisam ver que o
candidato ao ministério, sendo seu chamado imposto por Deus, não é uma preferência entre
alternativas, ou por falta delas.
b) Realidades Perigosas
Há uma crise de integridade teológica e moral na classe pastoral no nosso país. Antigamente, ao
simples fato de alguém se apresentar como pastor, as portas se abriam; hoje, portas se fecham.
A classe pastoral vive a crise do descrédito. Há muitos pastores que são um fenômeno no púlpito,
mas têm um desempenho desprezível dentro de casa. São amáveis com as ovelhas e truculentos
com a esposa. Há muitos pastores em crise no casamento. Há muitos filhos de pastor revoltados
e até decepcionados com a igreja.
Os pastores estão sob sérios perigos e podemos destacar alguns:
1) Há Pastores não Convertidos no Ministério. É doloroso que alguns daqueles que se
levantam para pregar o evangelho aos outros não tenham sido ainda alcançados por esse mesmo
evangelho. Há quem pregue arrependimento sem jamais tê-lo experimentado. Há quem anuncie
a graça sem jamais ter sido transformado por ela. Há quem conduza os perdidos à salvação e
ainda está perdido. (Jo.3:3)
2) Há Pastores não Vocacionados no Ministério. Há muitos pastores que jamais foram
chamados por Deus para o ministério. Eles são voluntários, mas não vocacionados. Entraram
pelos portais do ministério por influências externas, e não por um chamado interno e eficaz do
Espírito Santo. Foram motivados pela sedução do status ministerial ou foram movidos pelo
glamour da liderança pastoral, mas jamais foram separados por Deus.
3) Há Pastores Preguiçosos no Ministério. E lamentável que haja aquele s que abraçam a
mais sublime das vocações e sejam relaxados no seu exercício. É deplorável que haja pastore s
que têm as mãos frouxas na mais importante e urgente das tarefas. O ministério é um trabalho
excelente, mas também um trabalho árduo. Há pastores que dorme m muito, trabalham pouco e
querem todas as recompensas. Estão atrás do bônus, mas não querem o ônus. Querem as
vantagens, jamais o sacrifício.
4) Há Pastores Gananciosos no Ministério. Há pastores que estão mais interessados no
dinheiro das ovelhas do que na salvação delas. Há pastores que negociam o ministério,
mercadejam a palavra e transformam a igreja em um negócio lucrativo. Há pastores que
organizam igrejas como uma empresa particular, onde prevalece o nepotismo. Transformam o
púlpito em um balcão, o evangelho em um produto, o templo em uma praça de negócios, e os
crentes em consumidores. A igreja passa a ser uma propriedade particular do pastor. O ministério
da igreja torna-se um governo dinástico, em que a esposa é ordenada, e os filhos são sucessores
imediatos. Não duvidamos de que Deus chame alguns para um ministério específico em que toda
a família esteja envolvida e engajada no projeto, mas a multiplicação indiscriminada desse
modelo é muito preocupante.
5) Há Pastores Instáveis Emocionalmente no Ministério. Há pastores doentes
emocionalmente no exercício do pastorado. Deveriam estar sendo pastoreados, mas estão
A classe pastoral está em crise. Crise vocacional, crise familiar, crise teológica, crise espiritual.
Quando os líderes estão em crise, a igreja também fica em crise. A igreja reflete os seus líderes.
Não existem líderes neutros. Eles são uma bênção ou um problema. A crise pastoral é refletida
diretamente no púlpito. Estamos vendo o empobrecimento dos púlpitos. Poucos são os pastores
que se preparam convenientemente para pregar. Têm luz, mas não fogo. Têm conhecimento,
mas não têm unção.
John Wesley dizia: "Dá-me cem homens que não amem ninguém mais do que a Deus e que não
temam nada senão o pecado e com eles eu abalarei o mundo".
Uma das áreas mais importantes da pregação é a vida do pregador. John Stott afirma que a
prática da pregação jamais pode ser divorciada da pessoa do pregador. O que nós precisamos
desesperadamente nestes dias não é apenas de pregadores eruditos, mas, sobretudo, de
pregadores piedosos. A vida do pregador fala mais alto do que os seus sermões. Um ministro do
evangelho sem piedade é um desastre.
Charles Spurgeon chega a afirmar que "o mais maligno servo de Satanás é o ministro infiel do
evangelho".John Shaw diz que, enquanto a vida do ministro é a vida do seu ministério, os pecados
do ministro são os mestres do pecado.
O apóstolo Paulo evidencia esse grande perigo:
“Tu, pois, que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas?
Dizes que não se deve cometer adultério e o cometes? Abominas os ídolos e lhes roubas os templos? Tu,
O pastor precisa de revestimento de poder. Somente o Espírito Santo pode aplicar a obra de
Deus no coração do homem. Somente o Espírito Santo pode transformar corações e produzir
vida espiritual. "Nenhuma eloquência ou retórica humana poderia convencer homens mortos em
seus delitos e pecados acerca da verdade de Deus”.
Charles Spurgeon declara: “Se eu me esforçasse para ensinar um tigre a respeito das vantagens
do vegetarianismo, teria mais esperança em meu esforço do que em tentar convencer um homem
irregenerado acerca das verdades reveladas de Deus concernentes ao pecado, à justiça e ao
juízo vindouro. Essas verdades espirituais são repugnantes aos homens carnais, e uma mente
carnal não pode receber as coisas de Deus”.
Sem a unção do Espírito Santo, nossos sermões tornar-se-ão sem vida e sem poder. É o Espírito
quem aplica a palavra. A palavra não opera à parte do Espírito. Spurgeon, na mesma linha de
raciocínio, dá o seu conselho aos pregadores: "Devemos depender do Espírito em nossa
pregação". Spurgeon sempre subia os quinze degraus do seu púlpito dizendo: "Creio no Espírito
Santo".
Tratando de forma mais específica sobre o pastor e sua preparação ministerial, na preparação
espiritual, um dos cuidados é que o pastor não pode ser neófito, deve ter maturidade espiritual
e um caráter tratado por Deus (I Tm 5:22; Tt 1:5; Mt 4:19-20).
Uma preparação teológica é de suma importância, e mesmo os obreiros leigos devem ser
treinados adequadamente para manejar bem as Escrituras, tendo conhecimento básico dos
fundamentos de fé cristã e princípios de liderança para o exercício de um ministério equilibrado
com embasamento bíblico (II Tm 2:15; Jo 5:39; Mt 22:29; Tito 2:7). Os obreiros que têm
oportunidade de fazer um curso teológico devem esmerar-se na leitura, na pesquisa e na reflexão
para aprofundarem no conhecimento e na graça de Deus: Não devem tratar a Teologia apenas
como uma disciplina acadêmica, mas como uma ciência divina fundamental para nossa formação
ministerial. (Sl 139:6; Cl 2:2-3; I Tm 4:14-16; II Pe. 3:18; Sl 119:105).
AS QUALIFICAÇÕES PASTORAIS
Por ser uma tarefa tão nobre e ao mesmo tempo com múltiplas responsabilidades, é que Paulo
apresenta a Timóteo a lista de requisitos a ser preenchida por todo aquele que desejar tal ofício.
É importante notar que nas duas listas (I Tm 3 e Tt 1 ) nada é dito sobre a habilidade ou eloqüência
do candidato. Nem é dito qualquer coisa sobre a sua formação acadêmica ou profissional. As
qualificações listadas por Paulo focalizam o caráter do oficial aprovado como servo fiel a Deus
em lugar das habilidades administrativas ou capacidades intelectivas.
É necessário definirmos três termos que são utilizados nos escritos de Paulo, para descrever o
líder na igreja: Bispo, Presbítero e Pastor.
1. Bispo – “Episcopos” - Literalmente, significa “supervisor” (formado de epi, “por cima de”, esko
pos “olhar”, “vigiar”). Referindo-se ao líder da Igreja, aparece 5 vezes no Novo Testamento, sendo
3 vezes nos escritos de Paulo ( cf. I Tm 3:2, Tt 1:7, Fp1:1), 1 vez em Lucas e em Pedro (Atos
20:28; I Pe 2:25 )4. Em todas estas cinco ocorrências, refere-se a natureza da tarefa daqueles
anciãos (presbíteros), ou seja, a tarefa de supervisionar o rebanho.
2. Pastor – “Poimen” - O termo aparece 18 vezes no Novo Testamento, 17 delas fazendo
referência a Jesus como Pastor. É surpreendente verificar que a palavra pastora (poimen), pelo
menos em sua forma substantivada, não é usada para designar um ofício na igreja. Ela sequer
aparece nas Epistolas Pastorais. Como substantivo, designando o oficio, ela aparece apenas
uma única vez no Novo Testamento em Ef. 4:11 “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos
outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores (poimenas) e mestres
(didaskalous)”. Todas as outras vezes em que ela ocorre no Novo Testamento, ocorre ora
fazendo referência a um “pastor” de ovelhas, ora se referindo a Jesus como pastor (João 10 ).
Já o verbo poimaino que aparece 11 vezes no Novo Testamento, sempre faz referência a
responsabilidade dos presbíteros que exercem seu ministério pastoralmente.
3. Presbítero – “Presbiteros”: Aparece três vezes nas epístolas pastorais ( ITm 5:17,19 e Tito
1:5,7). Transliterado do grego, “Presbus” – πρεσβυσ - significa: “velho”; teros, grau comparativo,
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significa: “mais”. Etimologicamente, presbíteros são “os mais velhos, mais maduros”. Sendo
assim, a palavra presbítero, tem a ver com a idade e dignidade, exatamente como vemos em
Israel. Wallace diz que “O ancião em Israel obtinha inicialmente, sem duvida, sua autoridade e
seu status, bem como seu nome, da sua idade e da sua experiência”.
WALLACE, Ronl S. in ; Enciclopédia Hist.-Teologia da Igreja, Vol III – Editor: Water A Elwell – Ed. Vida
nova 2003 p. 175
Tendo dado uma definição destes três termos, podemos ser levados a pensar que trata-se de
pessoas diferentes, desenvolvendo três ministérios distintos. Mas à luz do pensamento de Paulo,
os termos Episcopos e Presbíteros, que são empregados um pelo outro, intercambiavelmente
(At.20:18,28; 1Tm. 3:1; 4:14; 5:17,19; Tt.1:5-7)
Ele inicia a lista de qualificações para o presbítero com uma exigência geral, seguida por áreas
específicas nas quais o bispo deve ser irrepreensível. Ele começa dizendo que “É necessário
portanto que o presbítero seja irrepreensível.
É da opinião de alguns autores, que o termo “irrepreensível” parece ser um título dado para servir
como cabeçalho para a lista apresentada. Na língua grega, o adjetivo designa alguém contra
quem não há acusação, implicando não em declaração de inocência, mas em que nenhuma
acusação foi feita. Irrepreensível descreve alguém que não tem nada sobre o qual um adversário
pode agarrar-se para fazer uma acusação. Não se refere a alguém perfeito, vivendo uma vida
impecável, pois se assim fosse, ninguém estaria apto a ser um oficial.
Irrepreensível nos fala de alguém que vive um estilo de vida coerente com a sua declaração de
fé. Descreve o presbítero (ou diácono) que vive de maneira santa e piedosa, e que nada em seu
proceder depõe contra o seu caráter.
Vejamos agora quais são, à luz de I Timóteo 3 e Tito, as qualificações que tornam o presbítero
irrepreensível.
Os pré-requisitos necessários para presbíteros ou episkopos, respectivamente em ITimóteo 3:1-
7 e Tito 1:6ss, são de natureza geral e, em grande parte, ética, e revelam apenas de maneira
oblíqua qualquer coisa do caráter do cargo em I Timóteo 3:4,5, por exemplo, onde é mencionado
“governar” (. . .), “sob disciplina” (. . .) e “cuidar” (. . .) Pode-se concluir, a partir disso, portanto,
que a tarefa do presbítero episkopos consiste particularmente em oferecer liderança para a Igreja
e cuidar para que as coisas funcionem dentro dela, assim como em I Timóteo 5:17 são
mencionados os presbíteros que “presidem bem” e em Tito 1:7 os episkopos são chamados de
“despenseiros de Deus”.
2) TEMPERANTE.
Descreve alguém que não é dado a excessos e que está em pleno domínio de sua capacidade
racional. Trata-se de uma pessoa equilibrada e que se auto-domina. Pedro usa a mesma palavra
em sua primeira carta: “Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai
inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo. Como filhos da
obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância”.
MUELLER, Ênio R. I Pedro – Introdução e Comentário. São Paulo, SP: Ed. Mundo Cristão. 1988 p. 98
3) SÓBRIO.
A palavra no grego pode ter o significado de equilibrado, refere-se a alguém que freia os próprios
desejos e impulsos. Descreve alguém auto controlado, moderado, prudente e sensato. Significa
dizer que o presbítero é alguém sábio e de bom senso, que usa sua capacidade de julgar de
maneira prudente, moderada e com equilíbrio.
4) MODESTO.
Na língua grega este termo traduz o homem que tem um comportamento honroso e respeitável.
O presbítero deve ser alguém que tem o seu caráter adornado pela vida de Cristo nele. Assim,
suas atitudes refletirão sempre sabedoria, humildade, justiça, bondade, amor, compaixão, etc...
5) HOSPITALEIRO.
A hospitalidade não é apenas uma responsabilidade comunitária, mas também sagrada ( Rm
12:13; I Pe 4:9; I Tm 5:10; Hb13:2 ). No grego a palavra literalmente significa “amante dos
estrangeiros”. O princípio é que devo colocar os meus recursos à disposição dos necessitados e
dos desconhecidos. O líder deve ser alguém sempre disposto a ajudar o próximo. Demonstrar
amor e demonstrar hospitalidade são qualidades inseparáveis.
Calvino observa que os presbíteros que atuam desta maneira, trazem prejuízos para a igreja,
afastando as pessoas de si. Diz ele:
“Por que o companheirismo e a amizade não podem ser cultivados quando cada um busca
agradar-se a si mesmo e se recusa a ceder ou a acomodar-se aos outros. E de fato todos os
obstinados quando se lhes divisa alguma oportunidade, imediatamente se transformam em
cismáticos”.
9) INIMIGO DE CONTENDAS.
Descreve um tipo de líder que está sempre dando lugar a argumentação, discussões e brigas,
são desqualificados como líder no Corpo de Cristo. O líder é alguém que deve se esforçar para
preservar o vínculo da paz - Efésios 4:1-3; II Tm 2:23, 24. Deve ser inimigo de contendas.
Não resta dúvida que Paulo tinha em mente, os erros de Éfeso. Hendriksen comentando esta
qualidade diz:
“O requisito, “não contencioso”, literalmente “avesso a briga”, é ainda mais profundo do que “não
violento”. Uma pessoa pode não estar disposta a esmurrar, mas pode ser boa em disputas orais,
como sem dúvida o eram os seguidores do erro de Éfeso (I Tm 1:4 ), e lhe faltaria, portanto, umas
das características indispensáveis ao bispo”.
Paulo não fala de maneira explícita e organizada, talvez como gostaríamos, sobre a
responsabilidade ou deveres do Presbítero. A razão, talvez, esteja no fato de que possuindo o
caráter irrepreensível, conforme descrito em I Tm 3:2, não precisaríamos de uma lista de deveres,
por que já saberíamos o que deveria ser feito. Não obstante, podemos em linhas gerais, e à luz
dos escritos de Paulo, propor algumas declarações sobre os deveres dos presbíteros. Antes de
qualquer outra coisa, é preciso dizer que a função dos presbíteros é liderar, dirigir a Igreja de
Deus. A função destes bispos era a de oferecer liderança e assim cuidar para que as coisas
pudessem transcorrer bem dentro da igreja. Verifiquemos agora como estes presbíteros ou
bispos devem liderar esta igreja.
Em Atos 20:28, Lucas registra a orientação que Paulo dá aos presbíteros sobre a maneira em
que eles devem exercer esta liderança: “Olhai, pois, por vós, e por todo rebanho sobre o qual o
Espírito Santo vos constituiu bispos “Episcopous”, para pastoreardes “poimenein” a Igreja de
Deus, que ele resgatou com Seu próprio sangue”.
Paulo diz que é dever do presbítero pastorear a igreja de Deus. Podemos ver que esta é também
a ênfase de Pedro. Em sua primeira carta (cf. I Pe 5:1,2) ao falar da responsabilidade do
presbítero de pastorear o rebanho de Deus, Pedro usa o verbo poimaino, pastorear. Como já
vimos, o verbo poimaino –pastorear, faz referência a responsabilidade dos presbíteros que
exercem seu ministério pastoralmente, e não como referencia a um oficio eclesiástico específico,
com exceção de Ef. 4:11. A ênfase de Paulo ao falar sobre pastoreio recai sobre os
presbíteros.
Vejamos agora de maneira mais específica, em como os presbíteros devem desempenhar este
pastoreio na Igreja:
Uma igreja que prima pela santidade entende que quando seus membros estão vivendo em
desobediência a Deus, precisam ser disciplinados. E um dos propósitos da disciplina é a
restauração do pecador. O objetivo é que os cristãos sejam ornamentos da doutrina do Senhor
(Tt 2:10) e devem, portanto, fazer boas obras, para que os homens vejam estas boas obras e
glorifiquem a Deus ( Mt 5:16 ).
O SUSTENTO PASTORAL
Esse realmente é um dos aspectos sobre a vocação pastoral que ainda gera divergências entre
os próprios membros de muitas Igrejas Cristãs. Fazem-se necessárias algumas observações
tendo sempre como orientador maior a Palavra De Deus.
No Antigo Testamento observamos que Deus fez uma aliança com Arão e seus filhos, chamando-
os para o sacerdócio, e com os levitas para servirem no Tabernáculo e prometeu supri-los com
dignidade (Nm 18:1-7,11-20, 21-24; Dt 18:1-8). Não teriam campos para plantar ou criar animais,
apenas pequenas propriedades para morarem e cuidarem dos animais entregues pelo povo como
dízimo e ofertas (Nm. 35:1-8; Js 21). Deviam dedicar-se inteiramente ao sagrado ministério.
Em Israel, quando povo deixava de trazer seus dízimos e ofertas, então os levitas e sacerdotes
deixavam o altar do Senhor e partiam em busca de trabalho em outras tribos (I Cr 31:4-11; Nm
13:10).
No Novo Testamento a perfeita vontade de Deus é que seus ministros se dediquem inteiramente
ao ministério e vivam do ministério (II Tm 2:4; I Co 9:7-14). O sustento pastoral é ordem divina na
nova aliança, sob o pacto da graça (I Co 9:14; Gl 6:6; I Tm 5:17,18; II Co 11:8) (por inferência).
Há dois extremos que não devem servir de modelo para o sustento pastoral.
a) As Igrejas e os ministérios que podem remunerar bem seus pastores e explorarem o serviço
sacerdotal, maltratando e oprimindo o pastor e sua família, privando-os de uma situação
financeira condigna;
b) Pastores que exploram suas Igrejas, exigindo um alto padrão de vida, administrando egoística
e ambiciosamente as finanças da Igreja cujo dinheiro é sagrado; e, deixando de ajudar os pobres,
as viúvas e os órfãos, os deficientes físicos e a obra missionária.
O pastor poderá trabalhar profissionalmente se quiser, porém o ideal é que consagre todo seu
tempo ao ministério com disciplina e santidade, pois o “pastorado é um emprego atraente para
homens preguiçosos” – Jaime Kemp.
Há ainda quem argumente que Paulo, o apóstolo que maior trabalho evangélico fez para extensão
do Reino de Deus, trabalhou com suas próprias mãos para ausentar-se; nunca recebendo
ordenado de Igreja alguma e há quem cite as seguintes passagens: “Vós mesmos sabeis que
Bons administradores devem saber administrar o tempo. São tarefas realizadas por um líder
eclesiástico:
» as inúmeras e cobradas visitas pastorais nos lares;
» reuniões com os obreiros;
» reuniões para discussões sobre os planos de trabalho; tempo para a família;
» quatro ou cinco sermões semanais;
» estudos bíblicos, cada um com uma média de duas a três horas de preparação;
» o boletim semanal;
» compromissos para falar em outras Igrejas;
» casamentos, funerais;
» colocar em dia a leitura;
» visitas aos hospitais, algumas prioritárias (especialmente os idoso) etc.
Existe uma grande diferença entre estar ocupado e ser produtivo, pois existem muitas pessoas
se esgotando de trabalhar e não conseguem progresso algum, enquanto outros, com menos
esforço, atingem seus objetivos e são bem sucedidos. Muitas vezes para alcançarmos o sucesso,
somos levados a sacrificar nossa família, o lazer e, às vezes, até a saúde.
“O valor de uma vida não é calculada pela sua duração, mas por sua doação; não importa quanto vivemos,
mas, sim, a integralidade e a qualidade de nossa vida”.
(William James.)
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Teologia Pastoral
“Todos fomos dotados com tempo suficiente para desempenhar integralmente a vontade de Deus, e
cumprir seus planos perfeitos para nossa vida.”
(J. Oswald Sanders)
CONCLUSÃO
Verdadeiramente o estudo da Teologia Pastoral é de suma importância para aqueles que
desejam adquirir maior conhecimento teológico e desenvolver um ministério fidedigno ao Sumo
Pastor de nossas almas: Cristo Jesus, o Senhor!
Que todos possam permitir a ação do Senhor através de Sua Palavra na plena virtude do Espírito
Santo para que possam ser achado aprovados como trabalhadores na Seara do Senhor.
“Estou convencido de que a maior necessidade que temos na igreja contemporânea é de um grande
despertamento espiritual na vida dos pastores. Se os pastores forem gravetos secos a arder, até lenha
verdade pegará fogo. Concordo com Dwight Moody quando disse que o despertamento da igreja tem início
quando se acende uma fogueira no púlpito. Se por um lado os obreiros são o principal problema da obra;
por outro, eles também são o principal instrumento para o crescimento da obra. Precisamos
desesperadamente de um avivamento no púlpito! Precisamos de pastores que amem a Deus mais do que
seu sucesso pessoal. Precisamos de pastores que se afadiguem na Palavra e tragam alimento nutritivo
para o povo. Precisamos de pastores que conheçam a intimidade de Deus pela oração e sejam exemplo
de piedade para o rebanho. Precisamos de pastores que dêem a vida pelo rebanho em vez de explorarem
o rebanho. Precisamos de pastores que tenham coragem de dizer "não" quando todos estão dizendo "sim"
e, dizer "sim", quando a maioria diz não". Hernades Dias Lopes
BIBLIOGRAFIA
BAXTER, Richard. O Pastor Aprovado. 2. ed. São Paulo: Imprensa da fé, 1996
KEMP, Jaime. Pastores em Perigo. 1. ed. São Paulo: Sepal, 1995.
PETERSON, Eugene. Um Pastor Segundo o Coração de Deus. 1. ed. Rio de Janeiro: Textus, 2001.
CALVINO, João. As Institutas da Religião Cristã. Vol. IV, 3: 6 -São Paulo, SP: Casa Editora Presbiteriana.
1989.
CALVINO, João. Comentário ao Novo testamento, II Coríntios 9:13.