Вы находитесь на странице: 1из 13

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CÂMPUS UNIVERSITÁRIO EUGÊNIO CARLOS STIELER


FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E DA LINGUAGEM
CURSO DE LETRAS

PALOMA CARDOSO DE OLIVEIRA

GÊNESIS E POPOL VUH:


O papel da mulher nas narrativas de origem

Tangará da Serra - MT
2019
PALOMA CARDOSO DE OLIVEIRA

GÊNESIS E POPOL VUH:


O PAPEL DA MULHER NAS NARRATIVAS DE ORIGEM

Projeto de pesquisa apresentado à disciplina de


Trabalho de Conclusão de Curso I do curso de
Letras da Universidade do Estado de Mato
Grosso, Campus Tangará da Serra, como
requisito parcial para obtenção do título de
Licenciado em Letras.

Orientador: Prof. Dr. Neodir Paulo Travessini.

Tangará da Serra - MT
2019
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................5

1.1 TEMA.................................................................................................................................................... 6

1.2 PROBLEMA........................................................................................................................................ 6

1.3 HIPOÓ TESES......................................................................................................................................... 6

1.4 OBJETIVOS......................................................................................................................................... 7

1.4.1 Geral............................................................................................................................................. 7

1.4.2 Especííficos................................................................................................................................. 7

1.5 JUSTIFICATIVA.................................................................................................................................. 7

2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................................9

3 METODOLOGIA...........................................................................................................10

4 CRONOGRAMA............................................................................................................11

REFERÊNCIAS......................................................................................................................12
4

1 INTRODUÇÃO
O Popol Vuh é o livro sagrado do povo Maia-Quiché, que contém suas narrativas e
costumes. Sendo primeiramente, histórias orais da região da Guatemala, passadas de geração
em geração, sendo transcrito por volta de 1554 e 1558, por um descendente do povo Quiché,
que aprendeu a ler e escrever em espanhol após a colonização. O Popol Vuh descreve a
origem do povo Maia-Quiché desde a criação de seu mundo, do homem. Também conhecido
por O Livro do Conselho, a obra é constituída por duas partes: a criação e as divindades e a
história de um povo. No início do século XVIII, o jovem padre espanhol, Francisco Xímenez,
que havia chegado no México, em 1688, numa expedição missionária entrou em contato com
o texto. O padre transcreveu o texto e o traduziu para o espanhol.
Depois da invasão espanhola e do genocídio da civilização maia em 1524, alguns
descendentes maias tentaram reunir elementos de sua cultura para a posteridade. Em 1861, o
francês abade Brasseur de Bourbourg, publicou O Popol Vuh, o livro sagrado e os mitos da
antiguidade americana. A obra foi baseada em grande parte na versão espanhola do texto de
Ximenez. Tudo que foi publicado depois apoia-se nos escritos e interpretações de Brasseur de
Bourbourg. A tradução de Ximenez perdeu-se, após sua morte, que ocorreu em 1730, e
acabou num mosteiro da Guatemala, sendo reencontrada em 1941. Esse manuscrito foi
recuperado por Adrián Recinos, que trabalhava no departamento de cultura da Guatemala nos
Estados Unidos, que descobriu esse importante documento na Biblioteca de Newberry, em
Chicago. Sua tradução foi publicada em 1947, intitulada Popol Vuh, as histórias antigas do
quiché. O escritor Wolfgang Cordan (pseudônimo de H. W. Horn), interessou-se
apaixonadamente pela cultura maia, conseguiu traduzir e comentar o Popol Vuh a partir da
língua original dos maias, o quiché. Esta tradução foi publicada em 1977.
Para tal, abordaremos também o conceito de mito que possui sua origem etimológica no
período da Grécia Antiga e significa narrativa contada. Segundo a definição de Mirceia
Eliade:

“ [...] MITO: NARRATIVA tradicional sobre o passado que freqüentemente (sic)


inclui elementos religiosos e fantásticos. Alguns tipos de mitos são encontrados em
todas as sociedades, embora funcionem de diferentes maneiras em cada uma delas.
Os mitos podem tentar explicar a origem do universo, e da humanidade, o
desenvolvimento de instituições políticas ou as razões das práticas rituais. Os mitos
muitas vezes descrevem as façanhas de deuses, de seres sobrenaturais, ou de heróis
que têm poderes suficientes para se transfigurar em animais e para executar outras
proezas extraordinárias. Antropólogos passaram muito tempo tentando diferenciar
mito de história, mas a história pode exercer as mesmas funções do mito, e os dois
tipos de narrativas sobre o passado algumas vezes se confundem. Teóricos como
Frazer interpretavam os mitos como formas de antigos pensamentos científicos ou
5

religiosos. Esta abordagem foi posteriormente criticada por Malinowski, que via o
mito como explicação para a ordem social. O historiador romeno norte-americano
Mircea Eliade (1907-86) via o mito como um fenômeno religioso, isto é como a
tentativa de o homem retornar ao ato original da criação. Lévi-Strauss afirmou que a
importância do mito não está em seu conteúdo, mas em sua estrutura, uma vez que
ela revela processos mentais universais. Em psicologia os mitos são vistos como
uma importante base para o comportamento humano. Tanto Freud quanto Jung
utilizaram largamente os mitos em seus trabalhos. Quaisquer que sejam as teorias a
respeito das origens e funções dos mitos, esses permanecem fundamentais para a
consciência humana [...]” (p. 149).

1.1 TEMA
Os papéis da mulher presentes nas narrativas de origem dos livros Gênesis e Popol Vuh.

1.2 PROBLEMA
Tendo em vista que as duas narrativas de origem, Gênesis e Popol Vuh, se inserem
dentro de uma narrativa mitológica, que apresentam um mito, uma explicação sobre a criação
de dois povos, os maias-quichés e judaico-cristãos, e as figuras que estão ali representadas,
seja Deus, deuses (as), semideuses (as), homens e mulheres serviram como modelo para estas
sociedades em construção. Esta pesquisa busca responder quais sentidos a representação das
mulheres nas narrativas de origem supracitadas, podem gerar na cosmovisão de cada cultura.
Para isso, partimos da análise de Eva do livro bíblico e da deusa Ixmacuné e da semideusa
Ixquic do livro maia. De acordo com Cobián,

[…] Tales estudios, allende el Popol Vuh, en su mayoría, no dan cuenta de la


participación de la mujer en la actividad social pública y, cuando llegan a referirse a
ella, es sólo para hacer notar aspectos negativos, reales o imaginarios de su
actuación. Tal es el caso de los estudios sobre Doña Marina la Malinche conocida
como traidora, por excelencia, de su raza. […] (COBIÁN, p. 73, 1995).

Assim como, da escassez de estudos na área, que priorizem os lugares ocupados pela
figura feminina nas narrativas de origem, nesse caso, especificamente, do livro maia do Popol
Vuh e de Gênesis, a falta de estudos que exploram essa perspectiva tem como resultado o
pouco conhecimento sobre a cultura influenciada por cada narrativa, gerando consequências
negativas, não somente no campo científico, mas também no campo social, no que se refere
aos lugares sociais impostos para cada gênero, assim como nas relações interpessoais. Bem
como a representatividade da divindade sempre masculina, o pai como criador, como
Campbell questiona: [...] Ao se defrontar com uma mitologia em que a metáfora para o
mistério é o pai, você terá um conjunto de sinais diferente do que teria se a metáfora para a
6

sabedoria e o mistério do mundo fosse mãe. [...]” (CAMPBELL, 2008, p.24) Quais, como
seriam as metáforas, os rituais, se as relações pessoais partissem de um modelo de divindade
feminina.

1.3 HIPÓTESES
O nosso questionamento parte do pressuposto de que a forma como a mulher foi
representada em cada narrativa de origem influenciou na cosmovisão de sua cultura e
determinou as relações sociais da mesma. Em especial, no caso da narrativa do Gênesis,
entendemos que serviu como base e corroborou para a construção do patriarcalismo nas
sociedades conduzidas por essa narrativa, determinando os papéis sociais de homem e mulher
a partir do que é narrado no texto bíblico. No entanto, na obra Popol Vuh, há outra construção
tanto narrativa e, por conseguinte, outra construção da figura da mulher.

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Geral

Comparar/analisar de que maneira ocorre a criação da mulher nas narrativas de origem do


livro de Gênesis e do Popol Vuh livro do povo Maia-Quiché, buscando entender como
essas narrativas influenciaram as práxis humanas de cada cultura e a cosmovisão indígena
e a judaico cristã ocidental.

1.4.2 Específicos
 Explorar as semelhanças e diferenças relacionadas ao surgimento/nascimento da
mulher nas duas narrativas de origem e os possíveis sentidos gerados a partir delas;
 Analisar dentro da narrativa do Popol Vuh as figuras femininas de Ixmacuné e Ixquic e
a de Eva dentro da narrativa de Gênesis;
 Investigar na narrativa do Gênesis e Popol Vuh como ocorre a criação do homem e da
mulher.

1.5 JUSTIFICATIVA
Para escolha deste objeto parto da certeza do poder feminino e da importância de
estudar como as mulheres foram obrigadas a se portar e representadas ao longo dos tempos,
para que a partir disso, com mais estudos desse tipo, as mulheres tenham mais
7

representatividade, que as mulheres deixem de ser estudadas e descritas a partir da visão


masculina, mas sim pela visão da própria mulher. Que nós possamos falar de nós mesmas,
sem ter de ouvir de uma voz masculina, ou enxergar o mundo e nos enxergar por meio de uma
visão masculina.
Além da paixão pelo tema, do fato de que toda mitologia possui uma narrativa de
criação, sendo a mitologia uma explicação e fundamento base para os comportamentos
humanos e toda sociedade/cultura, mesmo inconscientemente, se consolida sob uma
mitologia, uma narrativa de criação. Sabe-se que a sociedade judaico-cristã-ocidental, na qual
estamos inseridos, se baseou/se apropriou na/da narrativa de Gênesis, no mito cristão e na
crença de um Deus, masculino e único. Analisando essa narrativa, a qual fundamentou e
influenciou (e influencia até hoje) as relações sociais da sociedade ocidental, o mito provocou
ou corroborou para o apagamento e silenciamento da figura da mulher, primeiramente nas
narrativas dentro do campo simbólico, e atravessando esse campo simbólico, no plano da
realidade, sustenta as estruturas do patriarcalismo e os problemas decorrentes dele.
Assim, surge o interesse em estudar a partir de uma análise comparativa, as narrativas
de origem do livro de Gênesis e do livro Popol Vuh, analisando o papel da mulher em ambas
narrativas buscando as narrativas ainda existentes, no caso do texto bíblico aquelas já
conhecidas; e relativas ao livro maia, as possíveis narrativas presentes sobre a mulher, visto
que estudos desse viés são pouco valorizados como afirma Cobián,

[...] No sorprende que tales estudios, aunque de gran valor, sea sin embargo
incompletos en cuanto asumen que los agentes masculinos se ubican al centro de
toda acción, y consistentemente, por lo tanto, no dan cuenta de la función y
dimensión real que para una comprensión e interpretación más acabada del texto
tiene el papel de la mujer. Su ausencia en el estudio hace al resto de los personajes
incompletos, puesto que nos impide ver el ‘enrejado’ de interpretaciones que las
configura literaria e históricamente. […] (COBIÁN, p. 71, 1995).

Portanto, analisar essas narrativas pelo enfoque/ (ótica) feminino, além de nos ajudar a
compreender melhor nossa sociedade atual, suas relações, práxis humanas, e narrativas
vigentes; podemos por meio da pesquisa reanalisar essas narrativas ao investigar os papéis
ocupados pelas mulheres nelas, para que, se necessário, a partir desse conhecimento, mudá-
los e realocá-los na atualidade.
8

2 REFERENCIAL TEÓRICO
Ao analisarmos como são representados os papéis femininos dentro das narrativas dos
livros Gênesis e Popol Vuh, analisando como os mitos, os arquétipos humanos por eles
produzidos, principalmente, da figura feminina; utilizaremos do conceito de mito, narrativas
de origem e de mulher pelo viés feminista. Assim para emergir essas discussões, traremos a
luz os estudos realizados por Mircea Eliade (1972), Joseph Campbell (1997) e (1990), Dora
Luz Cobián (1995), Martha Robles (2006), Simone de Beauvoir (1970), Pierre Bourdieu
(2002).
No que se refere ao conceito de mito, não há um consenso entre os teóricos, no entanto,
sabemos que se trata de um sistema complexo que, segundo Eliade (1972), pode ser
interpretado por múltiplas perspectivas. Assim, a definição que, em suas palavras, ele
considera menos imperfeita é a que:

[...] o mito conta uma história sagrada; ele relata um acontecimento ocorrido no
tempo primordial, o tempo fabuloso do ‘princípio’. Em outros termos, o mito narra
como, graças às façanhas dos Entes Sobrenaturais, uma realidade passou a existir,
seja uma realidade total, o Cosmo, ou apenas um fragmento: uma ilha, uma espécie
vegetal, um comportamento humano, uma instituição. É sempre, portanto, a
narrativa de uma ‘criação’: ele relata de que modo algo foi produzido e começou a
ser. O mito fala apenas do que realmente ocorreu, do que se manifestou plenamente.
[...] (ELIADE, 1972, p. 9).

Dessa maneira o mito descreve o princípio de tudo, como surgiu determinada


comunidade, sociedade, ou determinada espécie (animal ou vegetal) e os comportamentos
humanos. Assim o mito daria uma verdade, uma explicação para esse surgimento, que não se
explica de outra forma senão sobrenatural ou divina. Nesse sentido, corroborando com o que
foi dito anteriormente, Campbell (1997) define como mitologia uma metáfora ou explicação
da relação homem/natureza. Ao pensar sobre isso, pode-se inferir que essa relação
estabelecida, miticamente, irá definir as relações comportamentais humanas, tanto do homem
com a natureza, como da humanidade entre si.
A partir disso, podemos trazer a luz a afirmação de Eliade de que:

[...] Os personagens dos mitos são os Entes Sobrenaturais. Eles são conhecidos
sobretudo pelo que fizeram no tempo prestigioso dos ‘primórdios’. [...] É essa
irrupção do sagrado que realmente fundamenta o Mundo e o converte no que é hoje.
E mais: é em razão das intervenções dos Entes Sobrenaturais que o homem é o que é
hoje, um ser mortal, sexuado e cultural. [...] (ELIADE, 1972, p. 9)
9

Portanto, graças a esses personagens míticos, que se constituíram como primeiros


modelos exemplares, as ações transcorridas a seus arredores e por eles praticadas, as
sociedades se constituíram e são o que são hoje, com seus costumes, rituais e relações sociais
e pessoais. Esse passado mítico e seus personagens serviram como base para os primeiros
passos da construção de convenções humanas, de costumes e rituais que desenvolveram
culturas até hoje permanentes, fato que ocorreu graças a um mito de origem.
Dessa forma, podemos dizer que o ser humano é fruto de uma ação criadora efetuada
por um personagem mítico ou ente sobrenatural no princípio de tudo. Portanto, considerando
que o ser humano é “fruto”, possui resquícios dessa ação/atitude exemplar desse personagem
mítico, podemos dizer que todas as suas ações, relações sociais, conceitos e visões de mundo
são atravessadas por isso. Assim, não seria incorreto afirmar que os papéis sociais, também,
ainda sofrem influências dessas atitudes criadoras, visto que, as suas designações para as
figuras masculinas e femininas muitas vezes encontram-se espelhadas no princípio criador. A
partir disso, podemos analisar como foi composta a figura da mulher, para isso podemos partir
do fato de a mulher aparecer sempre como pecadora na mitologia cristã.
Para isso, podemos partir de como a figura da mulher é abordada, primeiramente em
Gênesis, no papel de Eva, e no Popol Vuh, nas figuras da semideusa Ixquic e da deusa
Ixmacuné; a partir da comparação dessas representações femininas podemos diferenciar como
cada sociedade era composta e o papel que foi designado à mulher em cada sociedade. No
livro de Gênesis, o homem é posto como superior, ele foi o primeiro a ser criado e a mulher
foi feita para lhe fazer companhia, a partir disso é constituída a relação dos dois. Assim, de
acordo com o que é descrito em Gênesis, a mulher na figura de Eva é, como salienta Robles
(2006), a personificação da culpa por ceder a sua racionalidade e desejo, pois:

[...] Desde o ponto de vista do Gênesis, do Novo Testamento, do Talmude, do


Alcorão, do hadith e da mariologia1, a mulher é a menos racional, a mais profana do
casal e a culpada pela queda da humanidade. Responsável pelo pecado original e
herdeira do poderoso caráter das deusas pagãs, inspira uma doutrina que somente
adquire sentido através da expiação purificadora. Eva, além disso, é a portadora do
signo perverso da palavra, já que tudo indica que a serpente falava e que a
linguagem resultou de uma conspiração entre o réptil com Cabeça e língua
masculinas e a sedutora criada para ser a ajudante e serva dos desígnios de Deus por
meio do homem. Sua sexualidade é a preocupação essencial da tradição ocidental,
da qual se desprende o preconceito em relação à feminilidade perversa que
estigmatizou as fraquezas masculinas provocadas pelas mulheres. [...] (ROBLES,
2006, p. 43).
10

Nesse sentido, segundo Campbell (2008), “[...] Essa identificação da mulher com o
pecado, da serpente com o pecado e, portanto, da vida com o pecado é um desvio imposto à
história da criação, no mito e na doutrina da Queda, segundo a Bíblia. [...] (CAMBPELL,
2008, p. 49). Assim, a partir da figura de Eva criaram-se dois arquétipos: o primeiro, de
mulher submissa, criada a partir da costela de Adão, que sempre carregará consigo a sina do
pecado original; segundo, de mulher pecadora, portadora do pecado, sedutora, ardilosa e
subversiva por natureza. Em contraposição com a figura masculina, que se coloca como
superior, como afirma Simone de Beauvoir, “[...] A mulher aparece como o negativo, de modo
que toda determinação lhe é imputada como limitação, sem reciprocidade. [...]” (BEAUVOIR,
p.9, 1970). Toda a ação de Eva é tolhida e ao realizar uma ação por vontade própria,
curiosidade ela é retalhada por Deus e seu marido, e lhe é imposto o título de primeira
pecadora, marca essa que de acordo com o texto cristão toda mulher iria carregar consigo.
De acordo com Bourdieu (2002), a divisão entre os sexos, que contribuiu para a
solidificação da ideia de superioridade masculina, é tida como algo normal, natural,
indissociável dos meios sociais. Assim, em casa, por exemplo, há espaços/ou cômodos
naturalmente femininos e outros masculinos.
A naturalização acaba por legitimar a divisão entre os sexos e dos papéis sociais
ocupados por cada gênero, sendo que ao homem cabe ir para o mundo, explorar o mundo e à
mulher cabe ficar em casa zelando pelos constituintes do lar. Ao homem é atribuída a
característica transgressora, de se desafiar, de sair e viver aventuras, não há nada que o prenda
ou reprima suas ações, como afirma o filósofo/sociólogo francês, “ [...] a força da ordem
masculina se evidencia no fato de que ela dispensa justificação. [...]” (Bourdieu, 2002, p. 10),
fato inverso quando se trata da mulher, já que essa sempre tem de agir de acordo com as
normas impostas pela sua sociedade e quando transgredir alguma norma, tenta se aventurar ou
seguir o seu desejo é punida ou demonizada, como exemplo, Eva descrita no livro de Gênesis
como uma mulher perspicaz, que seduziu e levou Adão ao pecado, condenando toda a
humanidade a viver fora do paraíso, a partir disso, é imputada à mulher uma carga de culpa
exacerbada.
Portanto, percebe-se que a reação à mesma ação recebe um tratamento diferente,
dependendo se for homem ou mulher. As ações masculinas não necessitam de justificativa, o
fato de eles serem o que são os tornam neutros de qualquer julgamento, no entanto, as
mulheres são julgadas e punidas, pois por muitas dessas vezes, os são juízes e parte
11

interessada. Assim como nas mitologias de origem judaico-cristã a imagem da mulher é


apagada.

3 METODOLOGIA
Segundo Pereira (2013), os procedimentos metodológicos adotados em uma pesquisa
referem-se à “ [...] definição conceitual e instrumental da pesquisa, ou seja, o tipo de pesquisa
a ser desenvolvida, a definição dos sujeitos da pesquisa e os instrumentos a serem utilizados
para a coleta de informações. [...]” (PEREIRA, 2013, p. 43). Dessa forma, para a presente
pesquisa buscamos a metodologia que mais se adequaria ao nosso objetivo, para tal teria que
suprir a necessidade do tipo de estudo em desenvolvimento. Para isso, tendo em mente os
objetos de estudo, os livros de Gênesis e Popol Vuh, e, o referencial teórico levantado
optaremos pela pesquisa exploratória, apoiados na definição realizada por Antonio Carlos Gil
que diz que:
[...] Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se
dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias
(sic) ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de
modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato
estudado. Na maioria dos casos, essas pesquisas envolvem: (a) levantamento
bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o
problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que ‘estimulem a compreensão’
(Selltiz et al., 1967, p. 63). [...] (Gil, 2002, p.41).

Tal pesquisa nos proporcionará maior flexibilidade e aprimoramento dos objetivos e


da hipótese. Para isso faremos uma pesquisa exploratória, considerando que:
[...] A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado,
constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os
estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas
desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Boa parte dos
estudos exploratórios pode ser definida como pesquisas bibliográficas. As pesquisas
sobre ideologias, bem como aquelas que se propõem à análise das diversas posições
acerca de um problema, também costumam ser desenvolvidas quase exclusivamente
mediante fontes bibliográficas. (Gil, 2002, p. 44) [...].

A partir da qual realizaremos a leitura crítica das obras a serem analisadas, atentando-nos
ao papel da mulher ocupado em cada uma das narrativas, embasados na compreensão teórica
e metodológica das obras escolhidas.
12

4 CRONOGRAMA

ATIVIDADE 2019 2020


5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6
Levantamento do referencial teórico X X X X X X X X
Leitura, fichamento e análise do texto/objeto X X X X X X X X
Produção do texto monográfico X X X X X X X X
Qualificação X
Defesa X
13

REFERÊNCIAS

ELÍADE, Mircea. Mito e realidade. São Paulo, Perspectiva: 1972.


BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo. São Paulo, Difusão Européia do livro, 1972.
BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. 2ª ed. – Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2002.
CAMPBELL, Joseph. O poder do mito. São Paulo, Palas Athena, 1990.
CAMPBELL, Joseph. O herói de mil faces. São Paulo, Pensamento, 1997.
COBIÁN, Dora Luz. El papel de la mujer en la historia Maya-Quiche, Según El Popol
Vuh. Revista Chilena de literatura, N" 47, 1995.
Gil, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. - 4. ed. - São Paulo, Atlas, 2002
PEREIRA FILHO, José. Metodologia do Trabalho Científico: da Teoria à Prática. Tangará
da Serra: Gráfica e Editora Sanches ltda., 2013.
ROBLES, Martha. Mulheres, mitos e deusas: O feminino através dos tempos. São Paulo,
Aleph, 2006.

Вам также может понравиться