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MYTHOS REVISTA ACADÊMICA – ANO IV – 2/SEMESTRE/2016 – Nº 6 - ISSN 1984-0098

FACULDADES INTEGRADAS DE CATAGUASES – FIC

PEDAGOGIA WALDORF: A INSERÇÃO DE UMA PEDAGOGIA HOLÍSTICA NAS


ESCOLAS PÚBLICAS DE UBÁ.

Laura Aparecida Alves Ferreira de Souza1


Juliana de Paula Iennaco2
Elizabete Ramalho Procópio3
Magda Aparecida Mazini de Almeida 4

RESUMO
Este artigo aborda a Pedagogia Waldorf e sua inserção como uma pedagogia holística nas escolas
públicas de Ubá. Tal abordagem tem como escopo a importância da implementação de uma
Pedagogia em que o desenvolvimento da criança é visto de forma integral, alcançando excelentes
resultados. O propósito desta pesquisa é o levantamento das principais contribuições da
Pedagogia Waldorf na Educação Infantil, através de revisão bibliográfica e pesquisa de campo,
realizadas na Escola Municipal Dr. Heitor Peixoto Toledo. Este estudo pretende esclarecer os
fundamentos e princípios da Pedagogia Waldorf, evidenciando as contribuições que suas
metodologias, baseadas na Antroposofia, podem trazer para a Educação Infantil.
Palavras-chave: Pedagogia Waldorf. Educação Infantil. Antroposofia.

1. INTRODUÇÃO
Este artigo tem como escopo apresentar os princípios e metodologias da Pedagogia
Waldorf, bem como explanar acerca de sua inserção nas escolas públicas de Ubá. Por tratar-se de
uma pedagogia holística, com inovadores procedimentos de ensino que visam o desenvolvimento
integral do aluno, pretendemos apresentar como se dá sua influência na formação das crianças na
Educação Infantil, alcançando excelentes resultados.
O objetivo deste estudo é identificar as principais características desta metodologia, bem
como, organizar e esquematizar seus princípios. Reunindo os fundamentos que a compõem,
analisaremos e verificaremos os resultados obtidos através de sua implementação nas escolas
públicas de Ubá.
Para tal abordagem, serão discorridos, os princípios e ideais desta pedagogia, bem como,
serão apresentadas suas principais propriedades e particularidades.
Serão levantados as origens e princípios da Pedagogia Waldorf, assim como, os
fundamentos da Antroposofia, como ciência espiritual que observa, analisa e estuda a sabedoria
do homem.

1
Licenciada em Pedagogia - Faculdades Integradas de Cataguases; Professora do Colégio Cecília Meireles
2
Mestre em Letras; Especialista em Tecnologias da Informação e Comunicação; Pós-graduanda em Psicopedagogia
Clínica e Institucional; Pedagoga; Professora nas Faculdades Integradas de Cataguases.
3
Mestre em Educação (UFJF); Especialista em Psicopedagogia Institucional; Pedagoga; Professora da Universidade
do Estado de Minas Gerais e das Faculdades Integradas de Cataguases
4
Especialista em Pedagogia Empresarial; Especialista em Educação Especial com Ênfase em Deficiência Mental;
Pedagoga; Professora Faculdades Integradas de Cataguases; Pedagoga APAE Cataguases;

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Serão elucidadas as aplicações e práticas desta metodologia na Educação Infantil,


compreendendo seus aspectos e as características que compõem o perfil do Educador Waldorf.
Discorreremos acerca da inserção desta Pedagogia, especificamente, na Escola Municipal
Dr. Heitor Peixoto Toledo, localizada em Ubá.
Concluiremos nosso trabalho, analisando e verificando alguns importantes e desafiadores
aspectos abordados em entrevista com o corpo docente dessa instituição.

2. ORIGEM E PRINCÍPIOS DA PEDAGOGIA WALDORF


A Pedagogia Waldorf, criada pelo artista, educador e filósofo Rudolf Joseph Lorenz Steiner
no ano de 1910, é a aplicação da Antroposofia e seus princípios na educação de crianças e jovens.
Segundo Bachega (2009), esta Pedagogia propõe uma Educação baseada no ser humano,
respeitando suas qualidades, nos níveis de desenvolvimento intelectual, moral e social.
Demonstrando assim alternativas para a formação integral do ser.
[...] a Pedagogia Waldorf tem como ponto central a relação aluno-professor, baseando-se
numa relação humana e inter-humana, ressaltando sempre que o homem é criatura deste
contexto, mas também não deixa de ser o criador, uma vez que para isso, ele contribui
em várias dimensões. [...] (BACHEGA. 2009. p. 362).
Segundo Mesquita (2011), no ano de 1919, Rudolf Steiner encontra-se com Emil Molt,
diretor da fábrica de cigarros Waldorf-Astória, em Stuttgart, Alemanha, que solicita a Steiner a
realização de palestras sobre os pontos centrais das questões sociais, da época, com o objetivo de
enaltecer a qualidade de vida das famílias dos colaboradores. Esses eventos resultaram no
financiamento pelo Sr. Emil Molt da fundação da escola para os filhos dos trabalhadores. Steiner
aderiu à proposta, sugerindo que esta deveria ser acessível para todas as crianças da comunidade,
indicando um currículo adjunto de doze anos, em que os professores deveriam estar envolvidos
com seu ideal filosófico-pedagógico.
Nessa perspectiva, segundo Mesquita (2011) foi fundada, em 07 de setembro de 1919, a
Primeira Escola Waldorf, de nome Die Freie Waldorfschule (A Escola Waldorf Livre), na cidade
de Stuttgard, Alemanha, que permanece ativa até os dias de hoje.
A Pedagogia Waldorf tem como base a Antroposofia que, segundo Lanz (2005), é uma
Ciência Espiritual, fundada por Rudolf Steiner. Esse termo tem como significado “sabedoria do
homem”, sendo o homem o centro e ponto de apoio dessa metodologia.
Como toda ciência, a Antroposofia, não determina afirmações, visto que, sua busca está em
apresentar o caminho e métodos cognitivos para se alcançar o conhecimento. Para tanto, é
possível evidenciar a Antroposofia, não apenas como doutrina ou caminho de conhecimento, mas
também, fonte de realizações práticas.
O homem é constituído, segundo Bachega (2009) de três corpos, sendo o primeiro o “corpo
físico”, todos possuem, de várias formas, seguindo a premissa de que “viemos do pó e a ele
voltaremos, constatando-se uma menção à vida e morte como decorrente da existência neste
mundo. O segundo “corpo de forças plasmadoras ou corpo etérico”, é o responsável pela vida,
atuando sempre contra a morte, um conjunto caracterizado e determinado de forças vitais,
apresentadas ao redor do corpo, não sendo percebidas pelos olhos humanos, e sim por uma

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clarividência1, quem em tempos atuais se mostra distante de nossa realidade. E por fim o “corpo
astral”, também chamado de “aura”2, causador de nossas sensações, instintos, simpatias,
antipatias, e paixões, responsável por toda a nossa carga emocional, através dele o homem pensa,
e reage com a realidade.
Esses corpos existem em todos os seres, contudo a diferenciação entre um indivíduo e outro
resulta do “Eu” existente em cada um destes. Este “Eu” é elucidado, de acordo com Lanz (2005),
como “um centro autônomo de sua personalidade, que constitui o âmago de sua essência e do
qual ele tem uma experiência direta e insofismável.
Segundo Mesquita (2011), “na visão antroposófica o espírito do homem é a origem de todo
conhecimento”, buscando a verdade da consciência humana, refletindo assim nas relações com as
pessoas e o mundo. O homem não se desenvolve somente pela aquisição de novos conhecimentos
e técnicas, mas sim, pelo aprimoramento de suas faculdades anímicas3, mentais e morais.
Assim, considera-se que o homem é um trio de corpo, alma e luz, e é fundamental que esse
trio esteja em harmonia, para que a vida apresente um equilíbrio no interior de cada indivíduo, e
nas relações que desempenha em seu cotidiano, contemplando o desenvolvimento saudável e
harmonioso do pensar, do sentir e do querer, como sendo a plenitude das dimensões físicas,
psíquico-emocional e espiritual.
A vida humana, na concepção de Rudolf Steiner é caracterizada com ciclos de sete anos
que, segundo Lanz (1979), são denominados setênios. Em cada um desses ciclos, é desenvolvido
um membro da entidade humana.
O primeiro setênio, que ocorre de 0 a 7 anos de idade, é definido como a infância. Lanz
(1979) descreve que neste período, corpo, alma e espírito formam na criança uma unidade, em
que são absorvidas inconscientemente não só a presença do corpo físico ao seu redor, mas o
clima emotivo que a circunda. Seu comportamento, seu modo de falar, seus gestos, serão uma
cópia dos modelos ao seu redor, do ambiente que a permeia, desta forma a criança enaltece este
período onde “o mundo é bom”.
O segundo setênio de 7 aos 14 anos, é definido como a juventude, nesta fase o corpo astral
assume uma espécie de liderança. Dentro dessa perspectiva, Lanz (1979, p. 44), demonstra que “a
chave de ouro da educação durante o segundo setênio consiste, pois, em trabalhar com os
sentimentos da criança, em apelar para sua fantasia criadora, e em aumentar essas forças com
imagens que as fecundem e elevem”. O desejo do amor pelo mundo e de admiração a tudo o que
é belo aponta para a fase que se caracteriza pelo “o mundo é belo”. Encontra-se nesse setênio, o
despertar da consciência que se têm do próprio corpo.

1
Segundo Sankar (2013), a Clarividência além de ser um dom, é uma capacidade física e espiritual. Tal capacidade é
um presente de Deus para todos os seus filhos, mas nem todos podem utilizá-lo, tudo tem a ver com a sua evolução e
missão no plano físico. Disponível em: <
http://ocaminhodosanjos.blogspot.com.br/2013/07/o-que-e-clarividencia.html> Acesso em: 16 out. 2015
2
Bovisio (2009), explica que a aura astral é o reflexo de ser: espiritual, mental e material, projetado no mundo astral,
é a cédula de identidade dos seres e das coisas. Disponível em:
<http://www.santiagobovisio.info/portugues/teachings/A_AURA_ASTRAL_Texto_Original_de_Santiago_Bovisio.p
df> Acesso em: 12 out. 2015
3
adj. Que diz respeito à alma ou próprio desta. P.ext. Relacionado com a parte imaterial do homem, com o espírito.
P.ext. Próprio da vida, das manifestações corporais. Disponível em: <http://www.dicio.com.br/doencas/animico/>
Acesso em: 13 out. 2015

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Por fim, o terceiro setênio, é definido como a adolescência, o período de 14 aos 21 anos, no
qual, o “Eu” se liberta de seus vínculos do corpo astral e com o resto do organismo, tornando-se
autônomo, e torna-se para criança o sentimento de que “o mundo é verdadeiro”.
Desta forma, Lanz (1979, p. 36), define os quatro nascimentos, sendo “o do corpo físico ao
nascer, o do corpo etérico, aos sete anos (escolaridade), o do corpo astral ao quatorze anos
(puberdade), e do EU aos vinte e um anos (plena maturidade)”.
Para Mesquita (2011), três aspectos se expressarão a seu tempo, e precisam ser
devidamente atendidos, são eles: querer, sentir e pensar.
A Pedagogia Waldorf acredita que, ocorrendo uma educação bem dirigida, esse desejo de
criticar torne-se aguçado, evitando o cinismo e a negatividade, priorizando a necessidade de
sempre respeitar o outro, não esquecendo, assim, a própria responsabilidade moral e social.
Partindo desse pressuposto, a Pedagogia Waldorf determina que o desenvolvimento
humano vai da inconsciência total do recém-nascido à consciência total do jovem aos vinte e um
anos.
Um dos fundamentos também utilizados na Pedagogia Waldorf, são os quatro
temperamentos, classificados no indivíduo como: sanguíneos, melancólicos, coléricos e
fleumáticos.
Ao mesmo tempo, em que o temperamento sanguíneo é relacionado com o elemento “ar”, o
melancólico tem grande afinidade com o peso da matéria sólida, isto é, com o elemento “terra”. O
terceiro temperamento é denominado de colérico, estando relacionado ao elemento “fogo”.
Por fim, no temperamento fleumático, atentamo-nos a uma nítida predominância do
elemento “água”.
O professor terá em sua classe um equilíbrio entre os quatro temperamentos, devendo,
portanto, atingi-los de maneira igual. Um dos meios recomendados por Rudolf Steiner, conforme
retratado por Lanz (1979), consiste em congregar os alunos em sala de aula, de acordo com os
temperamentos, sentando-os juntos.
Destaca-se, portanto, na Pedagogia Waldorf, a sua metodologia, que consiste em
desenvolver harmoniosamente no indivíduo a formação do ser humano, em todos os seus
aspectos: inteligência, conhecimentos, vontade e ideias sociais. Despertar, assim, todas as suas
qualidades, proporciona aos alunos, um contato com o seu mundo ambiente, no qual inclui os
outros homens. Sendo necessária a informação, pois sem ela, nenhuma formação é possível.
A Pedagogia Waldorf foi introduzida no Brasil em 27 de fevereiro de 1956, na cidade de
São Paulo, por meio de dados do site da Federação das Escolas Waldorf no Brasil – FEWB1,
atualmente existem 64 escolas Waldorf no Brasil, subdivididas em 11 estados, com uma
concentração maior de escolas na região sudeste, local em que a Pedagogia Waldorf foi
introduzida no país.
Nas escolas Waldorf o professor nunca ensina Antroposofia: mas isso não impede que sua
aula reflita essa maneira de encarar o mundo.

1
FEWB. Federação das Escolas Waldorf no Brasil. Disponível em:
<http://www.federacaoescolaswaldorf.org.br/Enderecos-Escolas.php?estado=0> Acesso em: 23 jul. 2015

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Os alunos são, conforme informa Lanz (1979), a meta e a razão de ser das escolas Waldorf,
considerados como individualidades e aceitos sem qualquer preconceito social, religioso, de sexo,
raça ou outro qualquer. As classes não são apenas unidades administrativas, mas, sim,
identificada com seu professor de classe ou tutor.
A avaliação, nas escolas Waldorf, são realizadas de forma qualitativa, estimulando os
alunos, destacando o que há de positivo, e criticando o negativo, através do que este é capaz de
produzir, respeitando o tempo de cada um.
Uma Escola Waldorf completa abrange doze séries divididas em dois ciclos, de oito e
quatro séries. De modo geral, encontra-se ainda o jardim de infância, dividido em vários grupos
e, uma 13ª série que serve de ano preparatório para exames exigidos de cursos de Ensino Médio.
Conforme informa Lanz (1979), sua característica fundamental é a autoadministração, a
escola faz parte de uma comunidade e não existe diretor ou diretoria. Desta forma, o corpo
docente, de acordo com Lanz (1979) é constituído pelos professores, sendo considerados a cabeça
e o coração da escola.
As instituições que têm por finalidade a formação de professores Waldorf, lhes oferecem
possibilidades de participarem de Seminários Pedagógicos, recebendo instruções teóricas e
práticas cuja duração é de um a três anos.
Quanto à estrutura física da escola Waldorf, Mesquita (2011) informa que é pensada
segundo os objetivos de harmonia e integração que se pretende oferecer à criança e, para tanto,
são instaladas em casas aconchegantes e tranquilas, que possuam quintais com árvores, horta,
areia, brinquedos, produzindo assim um panorama de bem-estar e familiaridade para os
educandos.
É oportuno mencionar, por fim, de acordo com Lanz (1979) que uma exigência aos pais ao
enviarem seus filhos a uma escola Waldorf, é que tenham confiança numa nova escala de valores,
e assim, lutar por ela.

2.1. APLICAÇÕES E PRÁTICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL


A Educação Infantil na Pedagogia Waldorf recebe especial tratamento, pois a partir das
experiências proporcionadas às crianças é que se formará um adulto equilibrado. Na concepção
de Marinis (2015), vai ao encontro dos parâmetros legais que regem a Educação, visto que busca
proporcionar práticas de acordo com as necessidades de cada faixa etária, possibilitando
experiências expressivas, ampla movimentação, trabalhos significativos, e sensoriais.
Segundo Lanz (1979), o Jardim de Infância deve ser acolhedor e aconchegante, em
princípio, uma reprodução da família, com seu ambiente próprio, sob o gerenciamento de uma ou
duas orientadoras, que permanecerão com as crianças durante um longo período.
O Jardim de Infância é caracterizado como o primeiro setênio (0 a 7 anos), definido pela
fase da infância. Dentro dessa perspectiva, Cotelessa (1989), destaca que os três primeiros anos
de vida, e, por conseguinte os demais até o sétimo são de suma importância para o
desenvolvimento completo do homem. E nos primeiros anos três faculdades são adquiridas:
andar, falar, pensar.

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O princípio educativo básico do Jardim de Infância, conforme evidencia Lanz (1979), é a


imitação. Deve-se evitar a autoridade, pois essa só enfraquece a vontade da criança, criando um
clima de tensão que afeta a harmonia do trabalho.
Os afazeres diários são elaborados pelas professoras de cada Jardim de Infância, e sua
distribuição é livre.
As atividades, isoladas ou em grupos, nunca devem ser passatempos improvisados, e sim,
obedecerem a um plano previamente discutido e elaborado. A espontaneidade deve ser
combinada com certa orientação.
O brincar na Educação Infantil, tem um enorme valor para o desenvolvimento da criança,
pois contribui dando livre curso a fantasia, criatividade e os impulsos que vêm do corpo e da
imaginação.
Brincar, na concepção de Lanz (1979), “é uma das principais atividades que moldam o
corpo etérico, e por intermédio deste, o corpo físico e principalmente o cérebro”.
Na Educação Infantil os contos de fadas são considerados de acordo com Lanz (1979) “um
excelente adjuvante pedagógico”. Desta forma, só os autênticos contos populares desempenham
essa função, dentre eles, a coletânea dos velhos contos populares dos irmãos Grimm.
Conforme relata Marinis (2015), o Jardim de Infância, na escola Waldorf, tem como
objetivo possibilitar às crianças uma boa infância, proporcionando a elas, a oportunidade de se
desenvolverem com integridade, alimentando todas as suas necessidades, para que possam
desenvolver-se perante uma visão multilateral, admirando todos os aspectos do ser humano.
Para que tudo isso ocorra da forma esperada, Mesquita (2011) evidencia “que os
professores Waldorf necessitam desenvolver um profundo amor pelos seus educandos, de
maneira que possam atingir um conhecimento amplo de cada um e assim poder responder as
expectativas geradas pela proposta”. Assim sendo, os professores desenvolvem um papel de suma
importância na formação da criança.
Segundo Lanz (1979), “são os professores que representam a pedagogia, praticando-a”,
cada professor Waldorf encara seus alunos partindo desse conceito geral. Desta forma, ele deve
estar consciente de sua atuação como um dos polos do binômio “professor-aluno”. A meta do seu
trabalho é integrar o ser humano na vida social, não de uma forma qualquer, mas corretamente.
Portando, entende-se o professor como o ponto principal para que a Pedagogia Waldorf
aconteça de fato, devendo empenhar-se para que sua função seja significativa perante aos seus
alunos.

2.2. ESTUDO DE CASO: ESCOLA MUNICIPAL - DR. HEITOR PEIXOTO TOLEDO –


A PEDAGOGIA WALDORF NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Para esta abordagem foi realizada uma pesquisa de campo envolvendo três professoras da
Educação Infantil, que participam de todo o processo de implementação desta Pedagogia nas
escolas municipais de Ubá/MG.

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Conforme informa o site da Prefeitura Municipal de Ubá1, a proposta para que Pedagogia
Waldorf fosse inserida na Educação Infantil da Escola Municipal Dr. Heitor Peixoto Toledo, deu-
se no ano de 2012, através do pedido da Secretaria de Educação Maria do Carmo de Mello. O
intuito era que a Escola Municipal Dr. Heitor Peixoto Toledo, fosse a primeira escola da Rede
Municipal, a oferecer seu planejamento escolar totalmente voltado para a Pedagogia Waldorf.
Todas as Escolas Municipais de Ubá, atuantes no segmento de Educação Infantil, passaram,
entretanto, a utilizar também algumas atividades propostas pela Pedagogia Waldorf.
Através da pesquisa pode-se concluir, também, que a formação exigida às professoras, na
Escola Municipal Dr. Heitor Peixoto Toledo, bem como a outros professores da Rede Municipal
de Ubá/MG, é a participação nos Seminários Waldorf, que tiveram início no ano de 2014 e,
acontecem, atualmente, em Divinésia/MG e Nova Friburgo/RJ. Tal formação acontece através de
módulos com duração de quatro anos, encontro este em regime de imersão.
Conforme relatado na pesquisa, as professoras informaram que seguem o planejamento da
rede, que diz respeito ao que a Prefeitura Municipal de Ubá encaminha para a escola, entretanto,
algumas atividades são voltadas aos princípios da Pedagogia Waldorf, havendo então uma
combinação, entre o que a rede disponibiliza e o que a Pedagogia Waldorf oferece.
As educadoras foram arguidas acerca da existência de um modelo de estrutura física para
este tipo de Pedagogia, informando que ele existe. Todas apontaram para um local que deve
proporcionar o contato com a natureza e deve ser seguida uma arquitetura Waldorf, onde tudo o
que se constrói têm um fundamento e objetivo. O mesmo foi informado sobre os materiais
utilizados, que devem ser de origem natural.
Neste âmbito pode-se verificar que a Escola Municipal Dr. Heitor Peixoto Toledo tem
seguido os princípios da Pedagogia Waldorf e está em busca, de fato, de alcançar os resultados
que esta proposta oferece.
Para nos aprofundarmos em como se estabelece a relação da Escola com a comunidade,
realizamos algumas perguntas durante a pesquisa de campo, e baseado nos relatos das
professoras, pode-se concluir que a Escola Municipal Dr. Heitor Peixoto Toledo apresenta
dificuldade no relacionamento com a comunidade, tendo em vista o fato de que esta não
compreende o propósito desta Pedagogia.
A indisciplina não é evidenciada nesta escola, pois nenhuma das professoras mencionou ter
problemas quanto a esse aspecto.
O principal desafio apresentado é o entendimento da comunidade sobre essa Pedagogia.
Desta forma, o conhecimento das ideias pedagógicas deve ser informado aos pais quase que uma
necessidade, a fim de que seja reprimida a situação de que seus filhos sejam educados na escola
através de uma escala de valores e um determinado sistema, e no lar, esses princípios sejam
totalmente diversos. Tal dicotomia é extremamente prejudicial para as crianças.

3. METODOLOGIA
Utilizou-se para esse estudo uma abordagem qualitativa, pois facilitará a melhor
compreensão para os objetivos propostos, tendo como instrumentos de coletas de dados a

1
Prefeitura Municipal de Ubá. Disponível em: <http://www.uba.mg.gov.br/mat_vis.aspx?cd=8010> – Acesso em: 21
abr. 2016.

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pesquisa bibliográfica, assim, o objetivo proposto por esta pesquisa é identificar os princípios da
Pedagogia Waldorf, e pesquisa de campo, para verificar sua inserção Pedagogia nas escolas
públicas de Ubá.

1. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base na pesquisa de campo aplicada na Escola Municipal Dr. Heitor Peixoto Toledo,
conclui-se que a Pedagogia Waldorf encontra-se em processo de implementação, não estando, no
momento, toda voltada para a filosofia que a sustenta.
Diante da pesquisa realizada, pudemos analisar como a Pedagogia Waldorf respeita o ser
humano em todos os aspectos, e como pode fazer diferença no cenário atual da Educação. Ao
levar em consideração o potencial das crianças, suas particularidades, necessidades, o amor à
criança e consequentemente o amor à humanidade, os resultados a serem alcançados tornam-se
palpáveis e visíveis.

2. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalizando a pesquisa sobre a Pedagogia Waldorf, podemos concluir que trata-se de uma
pedagogia holística, em que o desenvolvimento integral do aluno é seu principal fator.
Seu idealizador, Rudolf Steiner, ao desenvolvê-la, foi brilhante e perspicaz no que diz
respeito ao desenvolvimento da criança, reconhecendo e apontando as características de cada
indivíduo, disponibilizando propostas para que os principais problemas sejam sanados.
Através desta pesquisa, percebemos que a Antroposofia vem nos mostrar o quanto é
importante o entendimento sobre o homem, visto que ele é a origem de todo o conhecimento.
No decorrer desse estudo, verificamos que a Antroposofia e o professor são os principais
representantes dessa Pedagogia, posto que, são os que a praticam e reconhecem, de fato, os
princípios que a circundam, aplicando-os em seu cotidiano escolar. Podemos verificar, assim, que
o educador deve reconhecer os dons de cada criança, suas potencialidades, sentimentos, e
comportamentos, auxiliando na construção da personalidade do aluno.
No mundo em que vivemos atualmente, há relutância em aceitar o que é inovador, visto
que, as pessoas têm um pré-conceito de possibilidades e mudanças para com novas propostas
pedagógicas, o que pode ser verificado no decorrer do desenvolvimento deste trabalho, quando
tratamos da relação escola e comunidade.
Com base no exposto, podemos constatar que as contribuições da Pedagogia Waldorf, para
a Educação Infantil, são extremamente positivas, e coerentes, visto que considera o amor e o
carinho como substanciais nesse processo. Aos professores, cabe avaliar se as dificuldades de
aprendizagem, indisciplina ou desinteresse, são decorrentes, muitas vezes, devido a suas próprias
práticas, já que a Pedagogia Waldorf destaca que o professor deve ser o crítico mais severo de
seu trabalho, procurando a causa de muitos fracassos em seu ensino em primeiro lugar dentro de
si.
Através da pesquisa de campo que compõe este trabalho e que foi realizada na Escola
Municipal Dr. Heitor Peixoto Toledo, evidencia-se que a Pedagogia Waldorf se encontra em
processo de implementação devido à aceitação da comunidade em que se situa a escola citada.
Esse fator complicador acaba por refletir em toda a aplicação e no seu envolvimento com a nova
proposta.
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Conclui-se, assim, que a Pedagogia Waldorf, pode mudar o cenário da educação atual, se
levarmos em consideração o comprometimento no que é ofertado a criança, em respeito às suas
fases de desenvolvimento e, o quanto os princípio que a norteiam são encantadores e envolventes.
Salientamos, entretanto, que este estudo requer um maior aprofundamento no que diz
respeito ao Currículo para a Educação Infantil e a Arquitetura das Escolas Waldorf, servindo de
escopo para futuros estudos e pesquisas.

3. REFERÊNCIAS
BACHEGA. César. Pedagogia Waldorf, um olhar diferente à educação. Paranaíba, 2009.
Disponível em: <http://periodicos.uems.br/ novo/index.php/anaispba/article/viewFile/181/115>
Acesso em: 10 ago. 2015.
BOVISIO. Santiago. A aura astral. 2009. Disponível em:
<http://www.santiagobovisio.info/portugues/teachings/A_AURA_ASTRAL_Texto_Original_de_San
tiago_Bovisio.pdf> Acesso em: 12 out. 2015
COTELESSA. Ana. Um ensino mais humano baseado na Pedagogia Waldorf. Uberlândia,
1989. Disponível em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/Educacao
Filosofia/article/view/1908/1591 > Acesso em: 23 jul. 2015.
DICIO. Dicionário Online de Português. Disponível em: <http://www.dicio.com.br/ animico/>
Acesso em: 13 out. 2015.
FEWB. Federação das Escolas Waldorf no Brasil. Disponível em:
<http:///www.federaçãoescolaswaldorf.org.br> Acesso em: 23 jul. 2015.
LANZ, Rudolf. A Pedagogia Waldorf: Caminho para um ensino mais humano. São Paulo.
Ed. Summus, 1979.
_____, Rudolf. Noções Básicas da Antroposofia. 7ª ed. São Paulo. Ed. Antroposófica, 2005.
MARINIS, Luara L.P. A educação infantil sob a perspectiva da Pedagogia Waldorf. Bauru,
2015. Disponível em: <HTTP://repositorio.unesp.br/
bitstream/handle/11449/126653/000839054.pdf?sequence=1&isAllowed=y> Acesso em: 17
mar. 2016.
MESQUITA, Marcos R. B. Pedagogia Waldorf: Uma visão holística como abordagem
pedagógica. Fortaleza, 2011. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/marcosmesquitabr/tcc-
pedagogia-waldorf-marcos-mesquita> Acesso em: 12 jul. 2015.
PREFEITURA MUNICIPAL DE UBÁ. Disponível em: <http://www.uba.mg.gov.br/ > – Acesso
em: 21 abr. 2016.
SANKAR. A palavra da Luz. Disponível em: < http://ocaminhodosanjos.blogspot.
com.br/2013/07/o-que-e-clarividencia.html> Acesso em: 16 out. 2015.

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