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PRODUÇÃO TEXTUAL/ 2016

TEXTO

Texto – do latim textu-, “tecido, entrelaçamento”. Partindo da origem etimológica, o


texto resulta da acção de tecer, de entrelaçar unidades que formam um todo inter-relacionado.
Texto – conjunto de enunciados (orais ou escritos) relacionados entre si e que formam
um todo com sentido.
O texto é uma manifestação linguística produzida por alguém, em alguma situação
concreta (contexto), com alguma intenção. Independentemente de sua extensão, o texto deve
dar a sensação de completude, do contrário não será um texto.
Por exemplo, alguém sai correndo de um edifício e grita: “Fogo!” Percebe-se que nessa
circunstância a palavra “fogo” adquire um significado diferente de uma mera referência a um
processo de combustão. A interpretação será de que há um incêndio naquele prédio e a pessoa
está a alertar outras e, se possível, conseguir ajuda. Logo, nessa situação específica, a palavra
“fogo” é um texto.

RELAÇÃO ENTRE TEXTO E CONTEXTO

A primeira informação importante a ser considerada no momento da leitura é que todo


texto faz referência a uma situação concreta. Essa situação é o contexto. Há diferentes tipos de
contexto (social, cultural, político...) e sua identificação é fundamental para que se possa
compreender bem o texto.

Considere as duas ocorrências a seguir. A primeira delas é a disposição das letras M H no


teclado do computador e na actividade de alfabetização de uma criança. A segunda é o
alinhamento das letras M H cada uma delas em uma porta no interior do restaurante. Dadas as
ocorrências, em qual delas nós temos uma situação verdadeira de comunicação?
Afinal, qualquer um identificará as letras alinhadas em portas distintas em um restaurante
como indicadoras de banheiros, respectivamente, (M) para mulheres e (H) para homens.
Temos, portanto, uma situação comunicativa, cujo sentido depende do contexto específico e
da interacção entre os interlocutores. Podemos considerar, então, que as letras M e H formam
um texto.

FRANCISCO PEDRO CAPITÃO 1


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TRÊS ERROS CAPITAIS NA ANÁLISE DE TEXTOS

Extrapolação – é o facto de se fugir do texto. Ocorre quando se interpreta o que não está
escrito. Muitas vezes são factos, mas que não estão expressos no texto. Deve-se ater somente
ao que está relatado.

Redução – é o facto de se valorizar uma parte do contexto, deixando de lado a sua


totalidade. Deixa-se de considerar o texto como um todo para se ater apenas à parte dele.

Contradição – é o facto de se entender justamente o contrário do que está escrito. É bom


que se tome cuidado com algumas palavras, como: pode, deve, não, verbo ser, etc.

CAUSAS DA MÁ COMPREENSÃO DE UM TEXTO

1 - O leitor não conhece os recursos linguísticos utilizados.


Exemplo: "O discurso do governador foi de encontro às reivindicações dos grevistas". O
leitor precisa saber que "ir ao encontro de" quer dizer concordar; "ir de encontro a" tem o
sentido de discordar, confrontar. Então, o governador frustrou os grevistas;
2 - O leitor não compartilha com o produtor do texto o conhecimento de mundo, por isso
se faz necessário esclarecer todas as referências históricas, geográficas, mitológicas, literárias,
como as palavras desconhecidas.
Exemplo: "... assim como Zeus humano, o cronista também arranca das entranhas de
Cronos os filhos que ele quer devorar, na medida em que não deixa perecer no tempo a
matéria fugaz da vida, registrando-a e salvando-a do esquecimento". Para entender tal
explicação precisa se reportar à mitologia clássica;
3 - O leitor deve conhecer as circunstâncias históricas em que o texto foi produzido, quais
foram as reacções que ele produziu quando foi publicado pela primeira vez.
Exemplo: para entender bem a frase de Nietzsche “Deus está morto”, o leitor precisa
conhecer as atitudes de alguns líderes de denominações cristãs daquela época.
4 - Se o texto lido exige conhecimento prévio de outro texto porque há uma relação de
intertextualidade, o leitor precisa buscá-lo. Isso acontece na paródia, na citação ou na
paráfrase.

FRANCISCO PEDRO CAPITÃO 2


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Exemplo: "Ai que saudades que eu tenho/ Da aurora de minha vida/ Da minha infância
querida/ Que os anos não trazem mais.../ Me sentia rejeitada,/ Tão feia, desajeitada,/ Tão
frágil, tola, impotente,/ Apesar dos laranjais." (Primeira estrofe do poema "Ai que
saudades...", de Ruth Rocha). Para entender melhor esses versos se faz necessário saber que
Casimiro de Abreu escreveu "Meus oito anos".
Para compreender bem um texto não basta soletrar, ler palavras ou frases que o compõem.
É indispensável a inserção cultural do leitor, por isso alfabetizar é um acto bem maior, não
pode depender apenas da pequenez de uma cartilha.

QUATRO META-REGRAS DE UM TEXTO COERENTE.

1. REPETIÇÃO: Diz respeito à necessária retomada de elementos no decorrer do


discurso. Um texto coerente apresenta continuidade semântica na retomada de conceitos,
idéias pela utilização de pronomes, repetição de palavras, sinônimos, hipônimos, hiperônimos
etc. um elemento coesivo sem referente expresso, ou com mais de um referente possível, torna
o texto mal-formado.

2. PROGRESSÃO: O texto deve retomar seus elementos conceituais e formais, mas


não deve limitar-se a isso. Deve, sim, apresentar novas informações a propósito dos elementos
mencionados. No plano da coerência, percebe-se a progressão pela soma das ideias novas às
que são já tratadas.

3. NÃO CONTRADIÇÃO: As ocorrências não podem se contradizer, devem ser


compatíveis entre si e com o mundo a que se referem, já que o mundo textual tem que ser
compatível com o mundo que representa.

4. RELAÇÃO: A relação em um texto refere-se à forma como seus conceitos se


encadeiam, como se organizam, que papeis exercem uns em relação aos outros. As relações
entre os factos têm que estar presentes e ser pertinentes.

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COESÃO E COERÊNCIA

A coesão e a coerência são dois princípios básicos de estruturação de um texto.


Coesão é o processo de encadeamento das ideias no texto, por meio de elementos
gramaticais (conectivos) que estabelecem esse nexo entre as ideias.
A coerência relaciona-se ao sentido do texto. Manifesta-se na construção de sentido
da unidade textual e implica uma continuidade de sentidos entre as ideias presentes no texto.

Ao escrever, nossa preocupação inicial é captar as ideias e ordená-las com uma


determinada hierarquia, de modo que as principais sejam enfatizadas. Qual é nossa ideia
central? Como podemos defendê-la? Que exemplos são mais interessantes? Quem devemos
citar? Que palavras escolher? Como devemos nos dirigir ao leitor? Em que medida devemos
explicitar todas as ideias ou deixá-las implícitas? São questões que respondemos inicialmente,
ao escrever as primeiras versões de um texto.
Para ser coerente, um texto deve:
Manter o mesmo tema;
Trazer sempre uma informação nova;
Não ser contraditório;
Ter um valor de verdade que possa ser percebido e aceite por sua organização.

TIPOS DE COESÃO: referencial, recorrencial e sequencial.


MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL

1. Conceito: mecanismos de coesão são aqueles elementos linguísticos responsáveis


pela estruturação da sequência superficial do texto.

2. Classificação

A) Coesão Referencial: manifesta-se geralmente através de itens linguísticos que não


podem ser interpretados semanticamente por si mesmos, como pronomes pessoais,
demonstrativos e relativos.

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a) Substituição: ocorre quando um dado elemento linguístico é retomado ou


precedido por outro elemento. No caso da retomada, tem-se a anáfora. Ex.: “Carla tem um
automóvel. Ele é verde”. No caso da antecipação, tem-se a catáfora. Ex.: “Quero dizer-te uma
coisa: gosto de ti”.

b) Reiteração: é a repetição de expressões que têm a mesma referência no texto.

Repetição do mesmo item lexical: ocorre quando a retomada da informação se dá


pela repetição das mesmas expressões lexicais. Ex.: “O fogo destruiu tudo. O edifício
desmoronou. Do edifício, sobrou absolutamente nada”.

Sinonímia: ocorre quando a repetição se dá pelo emprego de sinônimos.


Ex.: A criança caiu e chorou. Também o menino não fica quieto!

Hiperonímia/hiponímia: quando o primeiro elemento de uma sequência linguística


mantém com o segundo uma relação todo/parte, classe/elemento, tem-se um hiperônimo.
Quando o primeiro elemento mantém com o segundo uma relação parte/todo, elemento/classe,
tem-se o hipônimo.
Ex: Gosto muito de doces. Cocada, então, adoro. (hiperônimo)
Os corvos ficaram à espreita. As aves aguardavam o momento de se lançarem sobre os
animais mortos. (hipônimo)

B) Coesão Recorrencial: ocorre quando as retomadas de estruturas linguísticas visam


à progressão do discurso. Constitui um meio de articular a informação nova àquela já
conhecida no contexto.

a) Retomada de termos: ocorre quando a repetição de um mesmo termo


exerce uma função determinada, de ênfase, intensificação etc. Ex.: “Pedro, pedreiro, pedreiro
esperando o trem que já vem, que já vem, que já vem, que já vem...”

b) Paralelismo: ocorre quando os elementos linguísticos são reutilizados em


enunciados com sentidos diferentes. Ex.:
“Irene preta

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Irene boa
Irene sempre de bom humor”
C) Coesão Sequencial: tem a mesma função da coesão recorrencial: fazer progredir o
texto, impulsionando o fluxo informacional. Difere da recorrencial por não apresentar
retomadas de itens, sentenças ou estruturas. Alguns exemplos:

a) Correlação de tempos verbais: todo enunciado deve satisfazer as condições conceptuais


sobre localização temporal e ordenação relativa que são características da referência da
realidade. Ex: “Ordenei que deixassem a casa em ordem”. / “Ordeno que deixem a casa
em ordem”.

b) Conexão das orações (alguns exemplos):

Condição: estabelece uma relação de dependência entre proposições. Ex.: “Se chover,
não iremos à festa”.

Causa: ocorre quando há entre duas proposições uma relação de causa- conseqüência.
Ex.: “Saiu-se bem no exame porque estudou muito”.

Finalidade: conexão entre as duas orações estabelece uma relação meio-fim. Ex.:
“Estuda muito a fim de passar no exame”.

Conformidade: conexão das duas orações mostra a conformidade de conteúdo de uma


oração em relação à outra. Ex.: “O réu agiu conforme o advogado lhe havia determinado”.

Explicação: a conexão das duas orações mostra que a segunda explica a primeira. Ex.:
“Deve ter faltado energia por muito tempo, pois a geladeira está totalmente descongelada”.

Adição: em que a conexão das duas orações mostra um conjunto de idéias entre as
proposições. Ex.: “Chegou cedo e recebeu os convidados”.

Adversativa: a conexão entre orações mostra a oposição de idéias entre elas. Ex.:
“Chegou cedo, mas nada fez”.

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Coerência
Um texto é coerente quando aquilo que ele transmite está de acordo com o
conhecimento que cada locutor e interlocutor têm do mundo.

NÍVEIS DE COERÊNCIA

Coerência narrativa é a que ocorre quando se respeitam as implicações lógicas


existentes entre as partes da narrativa. Assim, por exemplo, para que uma personagem realize
uma acção, é preciso que ela tenha capacidade, ou seja, saiba e possa fazê-la. O que é
posterior depende do que é anterior. Constitui, portanto, incoerência narrativa relatar uma
acção realizada por um sujeito que não tem condições de executá-la.

O incêndio se alastrava velozmente pelo shopping, atingindo todas as lojas. Por toda a
parte, viamse rolos da espessa fumaça que tomava conta de tudo e essa fumaça não deixava
que nós víssemos qualquer coisa, pois ela era muito intensa.

Fiquei parado ali, do outro lado da rua, observando as mercadorias que se perdiam no
fogo. Havia roupas, eletrodomésticos, sapatos, tudo em chamas, prestes a virarem cinzas

Nesse caso, há uma incoerência, pois a personagem não podia ver e viu.

Coerência argumentativa diz respeito às relações de implicação ou adequação que se


estabelecem entre certos pressupostos ou afirmações explícitas, colocadas no texto e as
conclusões que se tira deles.

Exemplo, quando se defende o ponto de vista de que o homem deve buscar o amor e a
amizade, não se pode dizer em seguida que não se deve confiar em ninguém e que por isso é
melhor viver isolado.

Coerência figurativa diz respeito à combinatória de figuras para manifestar um dado


tema ou à compatibilidade de figuras entre si. Na frase, Os peixes durante a gravidez ficam
agressivos, há uma incompatibilidade flagrante entre as figuras peixe e gravidez.

Coerência temporal é aquela que respeita as leis da sucessividade dos eventos ou


apresenta uma compatibilidade entre os enunciados do texto, do ponto de vista da localização
no tempo. O período Maria pôs o arroz no fogo, depois o escolheu é incoerente, pois subverte

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a sucessividade dos eventos do processo de preparo do arroz: primeiro, escolher; depois, pôr
no fogo.

Coerência espacial diz respeito à compatibilidade entre os enunciados do ponto de


vista da localização no espaço. Seria incoerente dizer Embaixo do único lustre, colocado bem
no meio do tecto, um grupo de pessoas conversava animadamente. Quando ela entrou, todos
pararam de falar e olharam para ela. Ela não se importou e foi também postar-se embaixo do
lustre num dos cantos do salão, pois, se o único lustre era o meio do salão, não poderia ser
num dos cantos.

Coerência no nível da linguagem é a compatibilidade, do ponto de vista da variante


linguística escolhida, no nível do léxico e das estruturas sintáticas utilizados no texto: é
incoerente colocar expressões chulas ou da linguagem informal em um texto caracterizado
pela norma culta.

Há também situações em que o estabelecimento de uma “verdade” implica adequação


do texto com factos exteriores a ele: dados retirados da cultura de uma sociedade, informações
científicas etc. O processo é de coerência extratextual.

Os discursos de base: DISSERTAÇÃO, DESCRIÇÃO E NARRAÇÃO Esta é uma


das muitas classificações possíveis dos estilos, da organização ou dos conteúdos dos textos.
Embora não definitiva nem sempre válida, tomaremos esta classificação como base, em
virtude de sua pertinência para o estudo do texto. Vamos abordar esses três modos de forma
esquemática, o que não exclui, muito pelo contrário, que eles se misturem e se liguem num só
texto.

Dissertação → idéias;
Descrição → seres;
Narração → factos.

O TEXTO NARRATIVO
Narrar é o acto de relatar acontecimentos factuais ou fictícios por meio de palavras em
textos orais ou escritos. Baseado na sequência temporal de factos, o texto narrativo
caracteriza-se por verbos de acção e marcadores temporais, como os advérbios.
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O mais simples dos roteiros em que se pode inserir um fato a ser narrado consiste na
fórmula do lead: 3 Q + O + P + C.
Quem? Apresenta as personagens geradoras da ação;
Quê? Trata do enredo, o inventário dos fatos;
Quando? Responde à situação dos fatos narrados no tempo;
Onde? Responde à situação dos fatos narrados no espaço;
Por quê? Indica as causas dos acontecimentos, sua origem;
Como? Trata das singularidades do fato narrado, da maneira como se desenvolvem.

A introdução (ou apresentação) geralmente coincide com o começo da história, em que


o narrador apresenta os fatos iniciais, as personagens, eventualmente o tempo ou o espaço.
Essa parte é importante, porque deve despertar a atenção do leitor e situá- lo na história que
será lida.

A complicação (ou desenvolvimento) é a parte do enredo em que é desenvolvido o


conflito.

O clímax é o momento culminante da história, ou seja, o momento de maior tensão,


aquele em que o conflito atinge o seu ponto máximo. No poema, o clímax ocorre no momento
em que o personagem abrirá a correspondência para enfim saber o que está escrito.

O desfecho (desenlace ou conclusão) é a solução do conflito, a parte final boa, má,


surpreendente, trágica, cômica, feliz, etc.

Texto

O sujeito tem um chilique e a família vai correndo chamar um médico. Uma hora
depois, o médico sai do quarto sem dizer absolutamente nada.

– E então, doutor? – pergunta a esposa, apreensiva.

– São duzentos Reais! – diz o médico, friamente.

– Mas o senhor não vai receitar nada para eu dar a ele?

– Ah, sim! Se amanhã, quando a senhora acordar, ele ainda estiver vivo, dê-lhe um
bom-dia!

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O TEXTO DESCRITIVO

Descrever é representar um objeto (cena, animal, pessoa, lugar, coisa etc.) por
meio de palavras. Para ser eficaz, a apresentação das características do objecto
descrito deve explorar os cinco sentidos humanos – visão, audição, tacto, paladar e olfacto-, já
que é por meio deles que o ser humano toma contato com o ambiente.
1. Tentando activar a percepção, procure registrar livremente todos os sons e ruídos
que estejam a ocorrer.
2. Registre, agora, os cheiros que esteja sentindo ou de que possa lembrar-se.
3. ... e os gostos.
4. Descreva, em seguida, as formas que enxerga ao seu redor.
5. Que cores essas formas têm?
6. Que diferentes sensações táteis tais formas apresentam?
7. Organize um texto que seja a descrição de uma feira livre.

“A lapiseira MARS Técnica destina-se ao uso escolar e técnico, por todos aqueles que
fazem uso habitual de lapiseira em lugar do lápis convencional. Mede 1130mm, tem
apontador inserido no botão de pressão niquelado, pesa 10g com mina, apresenta clips
28 removível, niquelado e à prova de ferrugem. Caracteriza-se pelo equilíbrio e harmonia na
distribuição de seu material, relativamente ao comprimento e à espessura” (Lapiseira
STAEDLER).

ELEMENTOS E ESTRUTURA DO TEXTO DISSERTATIVO

Argumento: A fundamentação do posicionamento, em defesa ao ponto de vista, em


ataque ao ponto de vista contrário.

TEXTO ARGUMENTATIVO é o texto em que defendemos uma idéia, opinião ou


ponto de vista, uma tese, procurando (por todos os meios) fazer com que nosso ouvinte/leitor
aceite-a, creia nela.

Num texto argumentativo, distinguem-se três componentes: a tese, os argumentos e as


estratégias argumentativas.

TESE - a posição que se assume diante do tema. Ponto de vista.

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A palavra ARGUMENTO tem uma origem curiosa: vem do latim ARGUMENTUM,


que tem o tema ARGU, cujo sentido primeiro é "fazer brilhar", "iluminar".

As ESTRATÉGIAS não se confundem com os ARGUMENTOS. Esses, como se


disse, respondem à pergunta por quê (o autor defende uma tese tal PORQUE ... - e aí vêm os
argumentos).

ESTRATÉGIAS argumentativas são todos os recursos (verbais e não-verbais)


utilizados para envolver o leitor/ouvinte, para impressioná-lo, para convencê-lo melhor, para
persuadi-lo mais facilmente, para gerar credibilidade, etc.

A CLAREZA do texto - para citar um primeiro exemplo - é uma estratégia


argumentativa

na medida em que, em sendo claro, o leitor/ouvinte poderá entender, e entendo, poderá

concordar com o que está sendo exposto. Portanto, para conquistar o leitor/ouvinte,
quem fala

ou escreve vai procurar por todos os meios ser claro, isto é, utilizar-se da
ESTRATÉGIA da

clareza. A CLAREZA não é, pois, um argumento, mas é um meio (estratégia)


imprescindível, para

obter adesão das mentes, dos espíritos

Partes de uma dissertação


1) Introdução
Constitui o parágrafo inicial do texto e deve ter, em média, cinco linhas. Todas as
ideias devem ser apresentadas de forma sintética, pois é no desenvolvimento que serão
detalhadas. Esta é a parte em que se apresenta a ideia principal, a tese, a qual deverá ser
desenvolvida progressivamente no decorrer do texto. A ideia principal é o ponto de partida do
raciocínio.
2) Desenvolvimento
Esta segunda parte, também chamada de argumentação, representa o corpo do texto.
Aqui serão desenvolvidas as ideias propostas na introdução. É o momento em que se defende
o ponto de vista acerca do tema proposto. Deve-se tomar cuidado para não deixar de abordar
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nenhum item proposto na introdução. É evidente que a variedade de conexões entre os


argumentos depende da riqueza do repertório de quem escreve e da possibilidade de
constituir-se com eles uma rede de sentidos.
3) Conclusão
Representa o fecho do texto e deve conter, assim como a introdução, em torno de
cinco linhas, pode ser uma reafirmação do tema e dar-lhe um fecho ou apresentar possíveis
soluções para o problema apresentado.

TEXTO DISSERTATIVO.

Elementos do texto dissertativo

Tema: o assunto sobre o qual se escreve. Muitas vezes, um tema se liga a outro(s)

Ponto de vista: a posição que se assume diante do tema. Pergunta: será que é sempre
possível assumir uma posição? Será sempre a melhor opção?

Argumentos: A fundamentação do posicionamento, em defesa ao ponto de vista, em


ataque ao ponto de vista contrário ou em nuanciação da afirmação que se pretende refutar.

Estratégia de convencimento: não são apenas os argumentos ou idéias apresentadas,


mas sim todos os recursos empregados, inclusive a maneira como os elementos são
apresentados, dispostos, de forma mais ou menos direta, mais ou menos ironizada, astuta, etc.
Veremos abaixo mais de um exemplo do que podemos chamar de “abordagem” do leitor
(como se estabelece o contacto, como se introduz a idéia, o argumento, etc.).

Parágrafo é uma unidade de texto organizada em torno de uma idéia-núcleo, que é


desenvolvida por idéias secundárias. O parágrafo pode ser formado por uma ou mais frases,
sendo seu tamanho variável.

Quando há mudança de parágrafo? Quando se inicia uma nova idéia ou quando se


muda o foco do discurso; quando surge um novo questionamento, uma retificação do
argumento, etc.

Veja a seguir outro tipo de roteiro. Siga os passos:

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1) Interrogue o tema;
2) Responda-o de acordo com a sua opinião;
3) Apresente um argumento básico;
4) Apresente argumentos auxiliares;
5) Apresente um facto-exemplo;
6) Conclua.

Vamos supor que o tema de redação proposto seja: Nenhum homem vive
sozinho. Tente seguir o roteiro:

1. Transforme o tema em uma pergunta: Nenhum homem vive sozinho?

2. Procure responder a essa pergunta, de um modo simples e claro, concordando ou


discordando (ou concordando em parte e discordando em parte): essa resposta é o seu ponto
de vista.

3. Pergunte a você mesmo, o porquê de sua resposta, uma causa, um motivo, uma
razão para justificar sua posição: aí estará o seu argumento principal.

4. Agora, procure descobrir outros motivos que ajudem a defender o seu ponto de
vista, a fundamentar sua posição. Estes serão os argumentos auxiliares.

5. Em seguida, procure algum facto que sirva de exemplo para reforçar a sua posição.
Este facto-exemplo pode vir de sua memória visual, das coisas que você ouviu, do que você
leu. Pode ser um fato da vida política, econômica, social. Pode ser um facto histórico. Ele
precisa ser bastante expressivo e coerente com o seu ponto de vista.

Texto 1

O divórcio na juventude

Um dos fenómenos preocupantes é a separação dos jovens que tinham um projecto


comum de vida. É um mal resultante da precipitação e da obscuridade racional, pois a prisão
dos jovens pela atração física, a falta do Dom de entendimento e, além do mais, o não
procurar a Luz divina nas suas mentes.

Um dos aspectos a ressaltar consernente ao divórcio juvenil é o deixar-se seduzir pela


estrutura física, e pelos bens materiais, sem ter que ir além daquilo que o homem/ a mulher

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apresenta ou possui. Portanto, ao se unirem, descobrem que o essencial não está naquilo que
se alcança com os sentidos, mas sim naquilo que o intelecto descobre.

O segundo factor é a falta de compreensão, pois muitos não se preocupam com as


capacidades e limitações, deveres e direitos de cada um dentro do lar. Deve-se entender que
ninguém é infalível, como também não se deve exigir a outro sem que se cumpra primeiro,
com a sua parte.

Além disso, muitos jovens vivem na secularização, ou seja excluiram Deus nas suas
vidas, pois se esquecem que a união de dois individuos para plena comunhão da vida é um
plano de Deus.

Portanto, para buscar o equilíbrio no lar e evitar o inesperado, deve-se pedir a Deus
que ilumine as consciências de ambos e mostre, com sua graça, aquele(a) com quem se unir
para sempre.

O autor

Texto 2

Aquilo por que vivi

Três paixões, simples, mas irresistivelmente fortes, governaram-me a vida: o anseio de


amor, a busca do conhecimento e a dolorosa piedade pelo sofrimento da humanidade. Tais
paixões, como grandes vendavais, impeliram-me para aqui e acolá, em curso, instável, por
sobre o profundo oceano de angústia, chegando às raias do desespero.

Busquei, primeiro, o amor, porque ele produz êxtase – um êxtase tão grande que, não
raro, eu sacrificava todo o resto da minha vida por umas poucas horas dessa alegria.
Ambicionava-o, ainda, porque o amor nos liberta da solidão – essa solidão terrível através da
qual nossa trêmula percepção observa, além dos limites do mundo, esse abismo frio e
exânime. Busquei-o, finalmente, porque vi na união do amor, numa miniatura mística, algo
que prefigurava a visão que os santos e os poetas imaginavam. Eis o que busquei e, embora
isso possa parecer demasiado bom para a vida humana, foi isso que – afinal – encontrei.

Com paixão igual, busquei o conhecimento. Eu queria compreender o coração dos


homens. Gostaria de saber por que cintilam as estrelas. E procurei apreender a força

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pitagórica pela qual o número permanece acima do fluxo dos acontecimentos. Um pouco
disto, mas não muito, eu o consegui.

Amor e conhecimento, até ao ponto em que são possíveis, conduzem para o alto, rumo
ao céu. Mas a piedade sempre me trazia de volta à terra. Ecos de gritos de dor ecoavam em
meu coração. Crianças famintas, vítimas torturadas por opressores, velhos desvalidos a
construir um fardo para seus filhos, e todo o mundo de solidão, pobreza e sofrimentos,
convertem numa irrisão o que deveria ser a vida humana. Anseio por avaliar o mal, mas não
posso, e também sofro.

Eis o que tem sido a minha vida. Tenho-a considerado digna de ser vivida e, de bom
grado, tornaria a vivê-la, se me fosse dada tal oportunidade.

Russel, Bertrand

A CONSTRUÇÃO DA ARGUMENTAÇÃO

Para bem ler e produzir textos argumentativos, é necessário conhecer os tipos de


argumentos que podem ser usados e os recursos para se construir linguisticamente a
argumentação.

TIPOS DE ARGUMENTO

1. Argumento de autoridade – apresentação do ponto de vista de uma autoridade ou


pessoa reconhecida na área do assunto em discussão. O autor citado deve trazer ideias
que de facto sejam pertinentes ao contexto no qual serão inseridas. Não se deve citar alguém
apenas para impressionar o leitor ou mostrar erudição.

Ex.: “Como afirma René Girard, em seu livro A violência e o sagrado, 'a violência é
de todos e está em todos. Mesmo que o sistema judiciário contemporâneo acabe por
racionalizar toda a sede de vingança que escorre pelos poros do sistema social, parece ser
impossível não ter que usar a violência quando se quer liquidá-la e é exactamente por isso que
ela é interminável.

2. Argumento por consenso – fundamenta as ideias em valores reconhecidamente


partilhados pela maioria das pessoas de uma sociedade. São afirmações que não dependem de

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comprovação. Não se deve, no entanto, confundir argumento baseado no consenso com


lugares-comuns carentes de base científica, de validade discutível.

Ex.: O abortamento provocado, pelos riscos que traz, não é evidentemente uma opção
recomendável. Casamentos por conveniência frequentemente acabam em separação e, quando
não, levam a um convívio infeliz.

3. Argumento por provas concretas – consiste na apresentação de cifras e


estatísticas, dados históricos, factos da experiência cotidiana. Ex.: “Estudo feito por
pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz sobre adolescentes recrutados pelo tráfico de
drogas nas favelas cariocas expõe as bases sociais dessas quadrilhas, contribuindo para
explicar as dificuldades que o Estado enfrenta no combate ao crime organizado. O tráfico
oferece aos jovens de escolaridade precária (nenhum dos entrevistados havia completado o
ensino fundamental) um plano de carreira bem estruturado, com salários que variam de R$
400 a R$ 12000 mensais.

4. Argumento por raciocínio lógico – utilização de relações de causa e consequência


para demonstrar que a conclusão a que chegou é necessária.

Ex.: Por que é difícil sintonizar duas tendências da urbe do final de século: a de que as
metrópoles continuem a crescer e a de que as pessoas comprem sempre mais carros? Muitas
cidades nasceram sem planeamento numa época em que os automóveis não tinham ainda sido
inventados: o planeamento quase inexistente, a grande quantidade de carros particulares e a
insuficiência do transporte colectivo contribuem decisivamente para o caos que se instalou no
espaço urbano. Em vista da situação cada vez mais crítica das grandes cidades, há necessidade
de se repensar a cidade, reorganizando seu espaço, e de se propor medidas para conter a
massa de veículos que aumenta dia a dia.

Parágrafos: são blocos de texto, cuja primeira linha inicia-se em margem especial,
maior do que a margem normal do texto. Concentram sempre uma ideia-núcleo relacionada
directamente ao tema da redação.

Quando há mudança de parágrafo? Quando se inicia uma nova ideia ou quando se

muda o foco do discurso; quando surge um novo questionamento, uma retificação do

argumento, etc.; frequentemente também, quando a forma da escrita apresenta uma

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variação, por vezes para provocar algum impacto na leitura (por exemplo, através de

uma brusca mudança de frases longas para uma frase curta).

A divisão em parágrafos é indicativa de que o leitor encontrará, em cada um deles, um


tópico do que o autor pretende transmitir. Essa delimitação deve estar esquematizada desde
antes do rascunho, no momento do planejamento estrutural, assim a redação apresentará mais
coerência.

QUALIDADES DO PARÁGRAFO

Unidade: cada parágrafo deve conter um tópico frasal, isto é, explorar uma só ideia.

Coerência: cada parágrafo deve apresentar de forma clara o que é essencial e o que é
secundário e não contradizer-se.

Concisão: períodos longos, com muitas intercalações, devem ser evitados.

Clareza: o vocabulário deve adequar-se ao assunto e ao interlocutor. O uso de ordem


indireta, palavras polissêmicas e expressões ambíguas pode tornar o parágrafo confuso, pouco
legível.

TIPOS DE DESENVOLVIMENTO

Desenvolvimento corresponde ao desdobramento da tese, da ideia central contida na


introdução. Algumas possíveis formas de organização: causa e consequência, tempo e espaço,
comparação e contraste, enumeração, exemplificação.

a) - Causa e consequência

"O aumento da natalidade parece resultar, em certas sociedades, de transformações


psicossociológicas. Havia antigamente, no esquema tradicional, certo número de costumes
cujo efeito, voluntário ou não, era a natalidade: interdição do casamento das viúvas,
importância do celibato religioso, poliandria, interdição das relações sexuais em certos
períodos, interdição da exogamia. Esses factores, que de algum modo limitavam a natalidade,
hoje estão sensivelmente esfumados. Há, por vezes, a vontade mais ou menos consciente de
expansão demográfica nas populações minoritárias ou nos povos que vêem no crescimento de

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seus efetivos um aumento das forças que podem opor a seus adversários. Porém, no essencial,
o aumento da natalidade resulta das melhorias sanitárias que foram realizadas nos países
subdesenvolvidos, os antibióticos fazem recuar as causas de esterilidade devidas a moléstias
infecciosas." (Yves Lacoste, Os países subdesenvolvidos).

b)- Analogia

“Precisamos assumir o desafio de educar o homem para desenvolver o instinto da


águia. A águia é o animal que voa acima das montanhas, que desenvolve seus sentidos e
habilidades, que aguça os ouvidos, olhos e competência para ultrapassar os perigos, alçando
voo acima deles. E capaz, também, de afiar as garras para atacar o inimigo, no momento que
julgar mais oportuno.”

c)- Exemplificação

Muitos poluidores químicos contribuem para degradar os rios. Os resíduos industriais


são o exemplo mais dramático do prejuízo causado às fontes naturais de água, pois contém
uma série de elementos químicos altamente prejudiciais à vida aquática, como o benzeno, o
aldeído e várias espécies de ácidos. Os agrotóxicos são também poluidores que alcançam os
rios, envenenando e matando vários organismos, principalmente os peixes. Além desses, os
esgotos residenciais transportam para os rios diversos tipos de poluidores químicos, dentre os
quais o mercúrio.

d)- Apelo ao testemunho de autoridade

A doença de Parkinson parece atingir mais homens do que mulheres. Segundo


pesquisadores da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, os homens têm pelo menos
50% mais de chance de desenvolver a doença de Parkinson do que uma mulher, Para chegar a
essa conclusão, os cientistas revisaram sete estudos publicados nos últimos anos.

GÊNERO TEXTUAL E TIPOS DE TEXTOS

Gêneros textuais são tipos específicos de texto de qualquer natureza, literária ou não.
Gêneros são entidades sociodiscursivas altamente maleáveis, dinâmicas, plásticas que surgem,
situam-se e integram-se funcionalmente nas culturas em que se desenvolvem. Os gêneros
orientam tanto o autor na produção, quanto o leitor na interpretação.

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Os gêneros têm uma função dentro da sociedade e representam uma grande economia,
pois são reconhecidos pelos interlocutores por suas características. Por exemplo, qualquer um
sabe que uma receita não é um poema, que não é um romance, que não é uma notícia de
jornal, que não é um requerimento, que não é um texto publicitário e assim por diante.

É importante saber que cada gênero trabalha com a tipologia textual que lhe é mais
adequada, assim, por exemplo: uma notícia vai trabalhar com a narração e a descrição; um
artigo de jornal, com a argumentação; um texto publicitário, com a injunção (ordem); uma
conferência, com a exposição.

Testamento e sentença de morte – o(s) sentido(s) do texto.

Para entender a importância da pontuação, eis algumas histórias e anedotas:

Um homem rico estava muito mal, agonizando. Pediu papel e caneta.. Escreveu assim:

"Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do
padeiro nada dou aos pobres".

Morreu antes de fazer a pontuação. A quem ele deixara a fortuna?

Eram Quatro concorrentes:

1) O sobrinho fez a seguinte pontuação:

“Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do
padeiro. Nada dou aos pobres”.

2) A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito:

“Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do
padeiro. Nada dou aos pobres”.

3) O padeiro pediu cópia do original. Puxou a brasa pra sardinha dele:

“Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do
padeiro. Nada dou aos pobre.

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