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A ALIENAÇÃO PARENTAL NO CONTEXTO com um dos pais.

SOCIAL DA FAMÍLIA: Considerações e Surgida em 1985, através de estudo preconizado pelo


caracterização no ambiente jurídico médico e professor psiquiatra infantil, Richard Gardner, a SAP
(Síndrome de Alienação Parental) é o termo usado para descre-
Marta Rosa da Silva ver situações onde, pais separados e que disputam a guarda
Profª Elquissana Quirino dos Santos da criança, acabam por manipulá-la e condicioná-la a romper
os laços afetivos com o outro genitor, criando sentimentos de
RESUMO ansiedade e temor em relação ao ex-companheiro. Um tema
polêmico que até bem pouco tempo não tinha amparo jurídico,
A alienação parental consiste em programar uma somente com a edição da Lei nº 12.318/2010, as situações de
criança para que, depois da separação, odeie um dos pais. Ge- alienação parental encontraram respaldo para punir os aliena-
ralmente, é praticada por quem possui a guarda do filho. Para dores.
isso, a pessoa lança mão de artifícios baixos, como dificultar o Esse artigo tem por objetivo demonstrar como ocorre
contato da criança com o ex-parceiro, falar mal e contar men- a alienação parental e quais mecanismos podem ser utilizados
tiras. A alienação parental consiste em programar uma criança no âmbito jurídico para coibir essa prática. Demonstrando po-
para que, depois da separação, odeie um dos pais. Geralmente sicionamento de diversos estudiosos do assunto, bem como
é praticada por quem possui a guarda do filho. Para isso, a juristas, doutrinadores e legisladores que versam informações
pessoa lança mão de artifícios baixos, como dificultar o contato importantes para o assunto no âmbito jurídico.
da criança com o ex-parceiro, falar mal e contar mentiras. Este
estudo tem o objetivo de analisar a alienação parental no con- 2. CONTEXTO HISTÓRICO DA ALIENAÇÃO PARENTAL
texto social da família e demonstrar mecanismos que podem
ser utilizados no âmbito jurídico para coibir essa prática. As- Um casamento acaba não por que um dos cônjuges
sim, pode-se dizer que a alienação é um jogo de manipulações foi culpado, mas sim porque a relação se tornou insustentá-
onde somente a criança alienada e o genitor passam a sofrer vel para alguma das partes ou para ambas. Muitas vezes, a
com problemas que poderiam ser evitados simplesmente com dissolução do casamento advém do desgaste natural de uma
conversas entre o guardião e o ex-cônjuge. relação, onde um dos cônjuges ou ambos deixam de se amar.
A separação ocorre independentemente da vontade de
Palavras-chave: Família. Separação. Alienação Parental. um dos cônjuges, pois nenhuma relação é obrigatória desde
que não haja sentimento. Porém, ressalta-se que muitas des-
1. INTRODUÇÃO sas separações são marcadas por mágoas e ressentimentos,
um sentimento que pode ser transferido aos filhos. No con-
Com as mudanças da sociedade, onde o conceito de texto da separação, surge o primeiro problema: a guarda dos
família deixou de ser entendido como uma entidade derivada filhos. Conforme enfatiza Lauria (2002), esse poder é historica-
do casamento, sendo formada por pai, mãe e filhos. A nova mente exercido pela mãe, porém, há casos em que o pai tem
família tem um conceito bem mais amplo e prioriza o laço de melhores condições e acaba ficando com os filhos.
afetividade que une os seus membros. Porém, com essas mu- Nesse mesmo sentido Lauria (2002, p. 73) enfatiza:
danças também surge um novo fenômeno que ocorre após a
dissolução da sociedade conjugal. Esse fenômeno é chama- Nos dias atuais, em que a mulher conquistou importan-

do de alienação parental e consiste na forma de programar a tes espaços na sociedade, sobretudo no mercado de tra-

criança para que depois da separação dos pais, passe a odiar balho e que não se encara mais com reprovação o ato

um deles. do pai cuidar dos filhos e realizar tarefas que antes eram

A alienação parental é provocada geralmente pelo de- exclusivas das mulheres, (...) o fato da maternidade por

tentor da guarda do filho, que lança mão de artifícios baixos, si só não goza mais de presunção absoluta de melhores

como dificultar o contato com a criança com o ex-parceiro, falar condições para o exercício da guarda dos filhos.

mal e contar mentiras, afastando assim a criança do convívio

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Entretanto, conforme descreve Toaldo e Torres (2009), pais quando se separam muitas vezes não sabem, ou
muito se têm discutido sobre a questão de quem deve ficar não conseguem diferenciar a relação entre eles próprios
com os filhos, especificamente sobre a guarda compartilhada. como seres adultos e sua relação com os filhos.
Nesta, ambos os genitores participam ativamente da vida do
filho, tomam decisões em conjunto e trabalham a relação com A síndrome da alienação parental surge principalmen-
o objetivo de preservar a criança ou o adolescente da ausência te no contexto das separações judiciais conflituosas e das dis-
do genitor que, por não ser o guardião legal, somente teria putas pela guarda dos filhos e consiste em um processo de
contato com o menor em datas estabelecidas. programação mental exercido pelo genitor guardião sobre a
Conforme descreve Rodrigues (2003, p. 273) sobre consciência do filho, objetivando o empobrecimento ou até
essa questão: mesmo o rompimento dos vínculos afetivos com o não guar-
dião, que passa a ser odiado pelo filho manipulado.
Nota-se que a decisão sobre qual dos pais apresenta Segundo nos informa Dias (2009), no meio do conflito
melhor condição para exercer a guarda dos filhos pode decorrente da ruptura conjugal, encontra-se o filho, que pas-
envolver uma investigação demorada, que, parece-me, sa a ser utilizado como instrumento da agressividade, sendo
não está no propósito do legislador, pois o problema re- induzido a odiar o outro genitor. Tratando-se de verdadeira
clama solução rápida, o juiz deve concluir com relativa campanha de desmoralização, em que a criança acaba sendo
celeridade a quem compete à guarda dos menores. Sua levada a se afastar de quem ama e de quem também a ama.
decisão, contudo, é suscetível de recurso. Conforme enfatiza Souza (2010), expedientes desse
tipo sempre existiram, mas é na sociedade moderna que ga-
Sendo assim, percebe-se que a questão da guarda não nham corpo e visibilidade, em razão da aceitação legal e so-
é tão simples de se resolver quanto parece e, ainda dentro cial do divórcio e também porque atualmente os pais têm uma
desse ambiente, pode surgir o fenômeno da alienação paren- maior conscientização quanto à corresponsabilidade parental
tal, quando a guarda é dada a somente um dos genitores. Esse na educação dos filhos.
fenômeno vem sendo trazido para a discussão na atualidade, Cabe ainda ressaltar, segundo Souza (2010), que os
porém, já existe há tempos na sociedade. A primeira pessoa a pais de hoje não se contentam em ser em apenas pagadores
mencioná-lo foi o psiquiatra norte-americano Richard Gardner de pensão ou visitantes de finais de semana. Eles querem agir
em 1985, que publicou um artigo no qual descreve detalhada- de maneira que “pai” signifique mais do que uma palavra va-
mente suas experiências com a questão da alienação parental. zia de conteúdo, para que venha a agregar os profundos afetos
Conforme Toaldo e Torres (2009, p. 01), Richard Gard- que a paternidade responsável desperta. E, realmente, é assim
ner refere que as modificações que ocorreram no sistema legal que deve ser e é assim que a lei quer, tanto que a convivência
americano, no que diz respeito à guarda dos menores, devem- familiar foi alçada à categoria de direito, constitucionalmente,
-se ao fato de que os pais que, historicamente, vinham sendo garantido às crianças e adolescentes.
preteridos no que diz respeito à custódia dos filhos, rebela-
ram-se contra a presunção de que a mãe seja automaticamen- 2.1. Conceitos
te considerada a pessoa mais adequada. Enfatizando que o
critério que outorga à genitora a guarda sem qualquer outra As acirradas disputas entre pais e mães, como não po-
análise é meramente sexista. Nesse sentido, Valente (2007, p. deriam deixar de ser, acabam por refletir no comportamento
83) enfatiza que: dos filhos, em especial, na relação destes com seus ascenden-
tes. Esse fenômeno passou a ser chamado de alienação paren-
Muito antes de Richard Gardner, milhares de crianças tal. Segundo Dias (2009, p. 418), o fenômeno ocorre quando
são afastadas de seus pais, irmãos, figuras queridas e um dos genitores incute nos filhos o ódio pelo outro genitor.
representativas ao seu desenvolvimento e processo de Normalmente, o genitor que detém a guarda dos filhos, com o
socialização. É evidente que este fenômeno não é atu- fito de se vingar do ex-parceiro, impede a realização de visitas
al, mas este final de século trouxe esta realidade para e incita a prole contra o seu ex-companheiro, ex-amante ou
a consciência de uma sociedade em transformação: os ex-cônjuge e agora adversário, olvidando-se que, apesar do

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fim da relação afetiva que os unia, a relação parental perdura. genitores uma tendência vingativa muito grande. Quando este
não consegue elaborar adequadamente o luto da separação,
Certamente que todos os que se dedicam ao estudo desencadeia um processo de destruição, vingança, desmorali-
dos conflitos familiares e da violência no âmbito das zação e descrédito do ex-cônjuge.
relações interpessoais já se depararam com o fenô- Nesse sentido, Trindade (2007, p.103) enfatiza que:
meno que não é novo, mas que vem sendo identifi-
cado por mais de um nome. Uns chamam de Síndro- Este fenômeno se manifesta principalmente no ambien-
me da Alienação Parental; outros de Implantação de te da mãe, devido à tradição de que a mulher é mais
Falsas Memórias (DIAS, 2009, p. 418). indicada para exercer a guarda dos filhos, notadamente
quando ainda pequenos. Entretanto, ela pode incidir em
A alienação parental consiste em programar uma qualquer um dos genitores e, num sentido mais amplo,
criança para que, depois da separação, odeie um dos pais. Ge- pode ser identificada até mesmo em outros cuidadores.
ralmente é praticada por quem possui a guarda do filho. Para
isso, a pessoa lança mão de artifícios baixos, como dificultar o Na concepção de Penna Júnior (2008, p. 266):
contato da criança com o ex-parceiro, falar mal e contar menti-
ras. Em casos extremos, mas não tão raros, a criança é estimu- Fruto do conflito estabelecido entre os genitores, à alie-
lada pelo guardião a acreditar que apanhou ou sofreu abuso nação parental consiste na atitude egoísta e desleal de
sexual (JORDÃO, 2008). um deles – na maioria das vezes – o genitor-guardião,
Nesse sentido, enfatiza Menezes (2007, p. 31): no sentido de afastar os filhos do convívio com o outro.
Deste processo emerge a chamada Síndrome de Alie-
Talvez o maior problema a ser enfrentado, no transcorrer nação Parental, que nada mais é que a nova conduta
da separação, seja quando um dos genitores, enciuma- agressiva e de rejeição que passa a ser ter a prole em
do e inconformado com a separação, passa a insuflar os relação ao genitor que deseja afastar-se do convívio.
filhos para que tenham raiva do outro genitor. Tal pro-
cesso de destruição da imagem de um dos pais é chama- Percebe-se, então, que a alienação parental decorre
do de Síndrome da Alienação Parental. de vários fatores que envolvem a separação dos cônjuges e o
desejo de vingança que acaba por influenciar a relação com os
Dias (2009, p. 418) afirma que: filhos. Muitos dos alienadores não levam em consideração os
sentimentos dos filhos, nem as consequências que essa relação
[...] Nada mais do que uma “lavagem cerebral” feita pelo pode demandar.
genitor alienador no filho, de modo a denegrir a imagem
do outro genitor, narrando maliciosamente fatos que 3. A ALIENAÇÃO PARENTAL NO CONTEXTO SOCIAL DA FA-
não ocorreram ou que não aconteceram conforme a des- MÍLIA: Considerações no ambiente jurídico
crição dada pelo alienador. Assim, o infante passa aos
outros a se convencer da versão que lhe foi implantada, 3.1. Manifestação da alienação parental e como reconhe-
gerando a nítida sensação de que essas lembranças de cê-la
fato aconteceram.
Os casos mais frequentes estão associados a situações
Ullmann (2008) elucida que a Síndrome da Alienação em que a ruptura da vida em comum cria, em um dos genito-
Parental (SAP) é a maneira pela qual o genitor que possui a res, geralmente a mãe, uma grande tendência vingativa, en-
guarda do filho menor (geralmente a mãe) consegue destruir gajando-se em uma cruzada difamatória para desmoralizar e
de modo implícito, no dia-a-dia, a figura do outro genitor no desacreditar o ex-cônjuge, fazendo nascer no filho a raiva para
imaginário da criança ou do adolescente. Os casos mais fre- com o pai, muitas vezes, transferindo o ódio que ela própria
quentes da Síndrome da Alienação Parental estão associados a nutre. Neste malicioso esquema, a criança é utilizada como
situações em que a ruptura da vida conjugal gera em um dos instrumento mediato de agressividade e negociata. Segundo

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Pinho (2010), não obstante o objetivo da Alienação Parental da honra em face de uma traição e para se eximir do pagamen-
seja sempre o de afastar e excluir o pai do convívio com o filho, to de pensão alimentícia. Aquele que busca afastar a presença
as causas são diversas, indo da possessividade até a inveja, do outro da esfera de relacionamento com os filhos outorga-se
passando pelo ciúme e a vingança em relação ao ex-parceiro, o nome de genitor alienante, sendo que, estatisticamente, este
sendo o filho, uma espécie de moeda de troca e chantagem. papel em regra cabe às mães, e o do genitor alienado, aos
pais.
Para fins didáticos, procurando evitar generalizações, re- Segundo Minas (2009), a alienação parental é o impe-
laciono a seguir algumas situações, trazidas à justiça de dimento imposto aos filhos de entrar em contato com o genitor
família, que podem culminar na Síndrome da Alienação que não detém a guarda. O genitor que detém a guarda passa
Parental: 1) o mais comum é o caso da mãe ou pai que, a usar os filhos como arma de vingança contra o ex-cônjuge,
após a separação, impõe obstáculos à consciência com gerando nos filhos uma contradição de sentimentos e sensação
o outro. Muitas vezes, a visitação é interrompida assim de abandono. Os pais testemunham seus sentimentos diante
que o pai visitante assume um namoro, gerando a re- da distância por anos de afastamento de seus filhos. Os filhos
sistência em permitir que a criança conviva com a nova que na infância sofreram com esse tipo de abuso, revelam de
namorada ou namorado; 2) crianças nascidas de um forma contundente como a alienação parental interferiu em
namoro ou de uma relação eventual entre jovens pais. suas formações, em seus relacionamentos sociais e, sobretudo,
Muitas vezes, não há afinidade entre os pais e, nestes na relação com o genitor alienado.
casos, a interferência de avós, cada vez mais presen- Enfatiza-se, que para reconhecer a alienação parental
tes na criação dos netos, pode vir a reforçar o processo alguns sintomas são claros: o filho pode assumir uma postura
de alienação; 3) crianças nascidas de pais adolescentes de se submeter ao que o alienador determina, pois teme que,
que, sem o apoio da família de origem de um dos ge- se desobedecer ou desagradar, poderá sofrer castigos e amea-
nitores, necessitam ser deixadas com uma pessoa da ças. A criança criará uma situação de dependência e submissão
família, para que o pai ou a mãe possam trabalhar. A às provas de lealdade, ficando com medo deixar de ser amada
ausência desta mãe ou deste pai pode vir a engrenar pelos pais. Ocorre um constrangimento e uma pressão para
o sentimento de posse por parte da pessoa que cuida que seja escolhido um dos genitores, trazendo dificuldades de
da criança, dificultando o acesso à figura materna ou convivência com a realidade, entrando num mundo de duplas
paterna; 4) crianças, cujos pais se separam após anos mensagens e vínculos com verdades censuradas, favorecendo
de violência, costumam ser alienadas após a separação. um prejuízo na formação de seu caráter. Quanto a essa situa-
A mãe, amedrontada pelas ameaças sofridas, muda-se ção, Trindade (2007, p. 114) diz que “de fato, a Síndrome de
sem deixar endereço, temendo que a visitação se torne Alienação Parental exige uma abordagem terapêutica específi-
uma forma de controle. Embora haja um consenso de ca para cada uma das pessoas envolvidas, havendo a necessi-
que as crianças que presenciam a violência entre os pais dade de atendimento da criança, do alienador e do alienado”.
sofrem efeitos negativos, muitas vezes, ela guarda boas Podevyn (2001, p. 112) apud Trindade (2007) conceitua bem
recordações do pai, embora eivadas de sentimentos de esses conflitos com uma explicação sobre a identificação da
ambivalência; 5) crianças, cujo guardião vem a falecer síndrome:
precocemente, correm o risco de serem alienadas da-
quele que não exercia a guarda. A pessoa mais próxima Para identificar uma criança alienada, é mostrada como
do falecido guardião, na maioria das vezes, uma avó, tia o genitor alienador confidencia a seu filho seus senti-
ou mesmo padrasto ou madrasta, depositam na criança mentos negativos e as más experiências vividas com o
o sentimento de perda, temendo que o pai ou mãe vivos genitor ausente. Dessa forma, o filho vai absorvendo
subtraiam aquele que representaria a continuidade do toda a negatividade que o alienador coloca no alienado,
falecido (VALENTE, 2007, p.74). levando-o a sentir-se no dever de proteger, não o aliena-
do, mas, curiosamente, o alienador, criando uma ligação
Pinho (2010) ainda descreve que a Alienação Parental psicopatológica similar a uma folie a deux. Forma-se a
vem quase sempre motivada pelo desejo de vingança e defesa dupla contra o alienado, uma aliança baseada não em

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aspectos saudáveis da personalidade, mas na necessida- ça, como meio de acabar com o relacionamento do filho
de de dar corpo ao vazio. com o genitor. Para isso, é indispensável não só a parti-
cipação de psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais,
De acordo com Podevyn apud Trindade (2007), existem com seus laudos, estudos e testes, mas também que o
três estágios da alienação parental. O primeiro estágio é leve juiz se capacite para poder distinguir o sentimento de
e as características mais comuns que ilustram a Síndrome de ódio exacerbado que leva ao desejo de vingança a ponto
Alienação Parental, tais como a constatação de campanhas de de programar o filho para reproduzir falsas denúncias
desmoralização do alienador contra o alienado, são pequenas, com o só intuito de afastá-lo do genitor.
assim como são pouco intensas a ausência de sentimento de
ambivalência e culpa. Já em um segundo estágio, Trindade Pode-se afirmar, também, que os transtornos causados
(2007) explica que o genitor alienador utiliza uma variedade pela alienação podem ser de simples implantações de falsas
de táticas para a exclusão do outro genitor. No momento em memórias até mesmo acusações falsas de abusos sexuais.
que as crianças trocam de genitor, o alienador faz questão de Crianças vítimas de SAP são mais propensas a: apresentar
escutar e acaba intensificando cada vez mais a campanha para distúrbios psicológicos como depressão, ansiedade e pânico;
desmoralizar. Alguns argumentos usados são absurdos, pois utilizar drogas e álcool como forma de aliviar a dor e culpa da
o alienador é completamente mau e o outro completamente alienação; cometer suicídio; apresentar baixa autoestima; não
bom. Num estágio médio dessa síndrome, além da intensifi- conseguir uma relação estável quando adultas e ainda possuir
cação das características próprias do estágio inicial, surgem problemas de gênero, em função da desqualificação do genitor
problemas com as visitas, o comportamento das crianças pas- atacado.
sa a ser inadequado ou hostil, aparecem situações fingidas e
motivações fúteis. 3.2. A alienação parental e a legislação
O mais grave dos estágios, ainda segundo o mesmo
autor, são quando os filhos estão muito perturbados e aca- Até bem pouco tempo as situações de alienação pa-
bam ficando paranoicos, compartilhando as mesmas situações rental não tinham uma punição na legislação brasileira, sendo
inexistentes que o genitor alienador tem em relação ao outro. que os casos que chegavam à justiça eram julgados com base
Acabam ficando em pânico somente com a ideia de ter que ver em leis esparsas. Porém, com a edição da Lei nº 12.318 de 26
o outro alienado, tendentes a explosões de violências. Ocor- de agosto de 2010, essa situação foi revertida.
rem fortes campanhas de desmoralização do alienado. O vín- Essa legislação prevê medidas que vão desde o acom-
culo fica seriamente prejudicado. Desaparece a ambivalência panhamento psicológico até a aplicação de multa, ou mesmo a
e a culpa, pois sentimentos francamente odiosos se estabele- perda da guarda da criança a pais que estiverem alienando os
cem contra o alienado, os quais são estendidos à sua família e filhos. Segundo Xaxá (2008), antes da edição dessa legislação,
aqueles que o rodeiam. É importante ressaltar que os estágios alguns julgados definiam o posicionamento jurídico:
da síndrome não dependem somente das artimanhas feitas
pelo genitor alienador, mas do grau de êxito que ele obtém Guarda Superior Interesse da Criança, Síndrome da
com o filho e que consequências isso pode trazer. Quando um Alienação Parental. Havendo na postura da genitora
caso de alienação parental chega a ser levado ao Poder Judi- indícios da presença da síndrome da alienação parental,
ciário é muito difícil a interpretação do juiz quanto ao caso. o que pode comprometer a integridade psicológica da fi-
Nesse sentido, enfatiza Dias (2009, p. 420): lha, atende melhor ao interesse da infante, mantê-la sob
a guarda provisória da avó paterna. Negado provimento
Diante da dificuldade de identificação da existência ou ao agravo. (TJ-RS – Agravo de Instrumento, Ac. unân.
não dos episódios denunciados, mister que o juiz tome da 7.ª Câm. Cív. publ. no DJ de 12 jul. 2006 Rel. Des.
cautelas redobradas. Deve buscar identificar a presença Maria Berenice Dias).
de outros sintomas que permitam reconhecer que está
frente à síndrome da alienação parental e que a denún- Regulamentação de Visitas. Síndrome Da Alienação
cia do abuso foi levada a efeito por espírito de vingan- Parental. Evidenciada o elevadíssimo grau de beligerân-

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cia existente entre os pais que não conseguem superar REFERÊNCIAS
suas dificuldades sem envolver os filhos, bem como a
existência de graves acusações perpetradas contra o BRASIL. LEI Nº 12.318, DE 26 DE AGOSTO DE 2010. Ementa:
genitor que se encontra afastado da prole há bastante Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei nº
tempo, revela-se mais adequada a realização das visitas 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: < http://www.
em ambiente terapêutico. Tal forma de visitação também alienacaoparental.com.br/lei-sap>. Acesso em 01 set. 2011.
se recomenda por haver a possibilidade de se estar dian-
te de quadro de síndrome da alienação parental. Apelo DIAS, Maria Berenice. Manual de Direitos das Famílias. São
provido em parte. (TJ-RS – Apelação Cível, Ac. unân. da Paulo: Saraiva, 2009.
7ª Câm. Cív. Publ. no DJ 12 jul. 2006 Rel. Des. Maria
Berenice Dias). JORDÃO, Cláudia. Famílias dilaceradas: pai ou mãe que joga
baixo para afastar o filho do ex-cônjuge pode perder a guarda
As conquistas foram consideráveis, seja pela sanção da da criança por “alienação parental. Revista Isto é. Edição nº
Lei da Alienação Parental, Lei nº. 12.318/2010 seja pela cons- 2038. 26 nov.2008. Disponível em: <http://www.sitesuteis.
cientização da sociedade em face ao problema. Problema este com/blog/ familiasDILACERADAS.html>. Acesso em 05 maio
que ao se instalar no seio familiar, tende a criar raízes, arbori- 2012.
zando e espalhado frutos nefastos e comprometendo o futuro
daqueles que, por ventura, tiverem o dissabor de cruzar este LAURIA, Flávio Guimarães. A regulamentação de visitas e
terreno. Por tais razões é que todo e qualquer esclarecimento o princípio do melhor interesse da criança. Rio de Janeiro:
a respeito da Síndrome da Alienação Parental, descortinará a Lúmen Júris, 2002.
certeza de que poderia ter-se evitado tantos outros problemas
enfrentados por famílias num passado remoto. MENEZES, Fabiano A. Hueb de. Filhos de pais separados
também podem ser felizes. São Paulo: Manuela Editorial,
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 2007.

A alienação é um jogo de manipulações pelo qual MINAS, Alan. A morte inventada: documentário sobre aliena-
somente a criança alienada e o genitor passam a sofrer com ção parental. Porto Alegre: Equilíbrio, 2009.
problemas que poderiam ser evitados simplesmente com con-
versas entre o guardião e o ex-cônjuge. Situações assim já são PENA JÚNIOR, Moacir Cesar. Direitos das Pessoas e das Fa-
tratadas juridicamente e, na maioria dos casos, as acusações mílias Doutrina e Jurisprudência. São Paulo: Saraiva, 2008.
são infundadas e o genitor alienado acaba por ter seus direitos
reconhecidos. No Brasil, com a edição da Lei nº 12.318/2010 PINHO, Marco Antônio Garcia de. Alienação Parental. Jus Vigi-
espera-se que casos de alienação parental sejam tratados com lantibus. Disponível em: <http://jusvi.com/artigos/41152>.
maior rigidez, para que a criança não seja um instrumento de Acesso em: 04 maio 2012.
discórdia entre os genitores.
Conclui-se, então, que a alienação parental traz conse- RODRIGUES, Silvio. Comentários ao Código Civil. São Paulo:
quências que, às vezes, podem ser irreparáveis, por exemplo, Saraiva, 2003.
o distanciamento de pais e filhos por longos períodos e/ou em
situações de suas vidas que não podem mais serem vividas. SOUZA, Raquel Pacheco Ribeiro de. Síndrome da Alienação
Espera-se que com a aprovação dessa legislação, os casos de Parental. 2010. Disponível em: <http://www.webartigos.
alienação parental tenham maiores punições e assim deixem com/articles/32739/1/Sindrome-de-Alienacao-parental/ pagi-
de existir. na1.html>. Acesso em: 04 maio 2012.

TOALDO, Adriane Medianeira. TORRES, Maria Ester Zuanazzi.


O direito de família e a questão da alienação parental. In: Âm-

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bito Jurídico, Rio Grande, 64, 01 maio de 2009. Disponível VALENTE, Maria Luiza Campos da Silva. Síndrome da Alienação
em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_ Parental: a Perspectiva do Serviço Social. In: SILVA, Evandro
link=revista_artigos_ leitura&artigo_id=6113#_ftnref17>. Luiz. et al. Síndrome da Alienação Parental e a Tirania do
Acesso em: 01 set. 2011. Guardião: Aspectos Psicológicos, Sociais e Jurídicos. Porto Ale-
gre: Equilíbrio, 2007.
TRINDADE, Jorge. Incesto e alienação parental: realidades
que a justiça insiste em não ver São Paulo: Revista dos Tribu- XAXÁ, Igor Nazarovicz. A Síndrome de Alienação Paren-
nais, 2007. tal e o Poder Judiciário. Monografia. Curso de Direito. Ins-
tituto de Ciências Jurídicas, Universidade Paulista. São Paulo,
ULLMANN, Alexandra. Alienação Parental. Revista Visão Jurí- 2008. Disponível em: https://sites.google.com/site/alienacao-
dica, n. 30, nov/2008, São Paulo. parental/textos-sobre-sap/Disserta%C3%A7%C3%A3o-A_SA-
P_E_O_PODER_JUDICI.pdf. Acesso em: 04 maio 2012.

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