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Este é o Boletim de núme- VigiFlow, oferecido pela Organização •Geração facilitada de informações
ro 28 e foi elaborado com Mundial da Saúde (OMS) aos Centros para tomada de decisão e para di-
financiamento da Agência Nacionais que fazem parte do Pro- vulgação ao público externo.
Nacional de Vigilância Sa- grama Internacional de Monitora-
mento de Medicamentos. Por iniciati- A GFARM salienta que a transição
nitária, por meio da Orga-
va da Gerência de Farmacovigilância do módulo de medicamentos do
nização Pan-Americana de
(GFARM), a Anvisa assinou um acor- Notivisa para o VigiMed ocorrerá de
Saúde (OPAS).
do com o Uppsala Monitoring Centre maneira gradual: em um primeiro
Nesta e nas próximas publi- (UMC) - Centro Colaborador da OMS momento, as páginas do Notivisa
cações, o Boletim trará notí- para o Monitoramento Internacional e do VigiMed permanecerão vincu-
cias sobre o novo sistema de de Medicamentos, em 18 de outubro ladas; posteriormente, ocorrerá a
notificação de eventos ad- de 2018. Como resultado, no âmbito total mudança para o novo sistema.
versos relacionados ao uso do monitoramento pós-comercia-
Marcelo Vogler de Moraes
de medicamentos e vacinas. lização, o VigiMed irá substituir o
Gerente de Farmacovigilância /
Notivisa somente para notificações
Anvisa
Mário Borges Rosa de eventos adversos relacionados a
Presidente do ISMP Brasil medicamentos e vacinas.
POLIFARMÁCIA:
QUANDO MUITO É DEMAIS?
ISSN: 2317-2312 | VOLUME 7 | NÚMERO 3 | NOVEMBRO 2018
A elaboração deste Boletim foi coordenada pelo ISMP Brasil, com financiamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, por meio da
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).
Av. do Contorno, 9215 - sl 502 - Prado - CEP 30110-063 - Belo Horizonte - Minas Gerais | Tel.: 55 31 3016-3613 | www.ismp-brasil.org | E-mail:ismp@ismp-brasil.org 3
No campo da gerontologia, a polifarmácia tem se medicamentos para crianças e, nos dias subsequen-
mostrado um indicador indireto de riscos associados tes, esse número tende a aumentar (prescrição de
ao uso de medicamentos para diferentes ambientes 3 a 9 medicamentos)30. A exposição a medicamentos
da assistência em saúde4, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19. Assim, o também aumenta com a idade do paciente e o tem-
indicador polifarmácia foi incluído em escores inter- po de hospitalização30. Entretanto, a principal preo-
nacionais para triagem do risco de desenvolvimento cupação é a qualidade de uso dos medicamentos e
de reações adversas a medicamentos na população não simplesmente sua quantidade, pois a utilização
geriátrica, como o “GerontoNET Adverse Drug Reac- de terapias não baseadas em evidências é comum, so-
tion Score” e o “Brighton Adverse Drug Reaction Risk bretudo em neonatos, e representam desafios para o
Score”, desenvolvidos e validados na Europa (Quadro estabelecimento de doses, tempo de duração de trata-
A)20,21. Do ponto de vista qualitativo, o critério STOPP mento, monitoramento de parâmetros de efetividade
(Screening Tool of Older People´s Prescription) sugere e de segurança27, 31, 32. Em um estudo no Reino Unido, o
como medicamento potencialmente inadequado “qual- uso “off-label” e de múltiplos medicamentos foi obser-
quer medicamento prescrito sem indicação clínica vado como fator associado à hospitalização por even-
baseada em evidência”, “prescrito além do tempo de to adverso e desenvolvimento de eventos adversos
uso recomendado” ou “classe terapêutica duplicada” entre crianças hospitalizadas8. Trata-se, portanto, de
(mais detalhes sobre medicamentos potencialmente um campo complexo que ainda demanda pesquisas e
inadequados para idosos podem ser vistos no Boletim esforços para identificar adequadamente doses, pe-
ISMP Brasil)22,23. culiaridades farmacocinéticas/ farmacodinâmicas e
principais eventos adversos associados ao uso (inclu-
Em crianças, a presença de múltiplas doenças é me- sive em longo prazo) de múltiplos medicamentos en-
nos frequente, porém, são destacadas na literatura tre os diversos perfis de pacientes pediátricos27, 29, 31.
situações preocupantes envolvendo a polifarmácia. No
âmbito extra-hospitalar, a polifarmácia pediátrica é co- Independente da faixa etária, é necessário evitar a
mum entre usuários de medicamentos psicotrópicos, polifarmácia inapropriada. É importante que insti-
com destaque para aqueles utilizados no tratamento de tuições de diferentes níveis de atenção padronizem
transtorno de déficit de atenção e hiperatividade24,25,26. procedimentos, políticas e protocolos para minimizar
Esse cenário é preocupante, pois envolve, muitas vezes, os riscos da polifarmácia, sobretudo na adoção de
o uso “off-label”* de medicamentos com perfil de segu- protocolos e práticas institucionais para seleção e
rança que demanda constante reavaliação27,28. prescrição de medicamentos e estratégias de revi-
são da farmacoterapia2, 33.
*Uso “off-label” refere-se ao uso de um medica-
mento para uma indicação terapêutica que não No nível da avaliação individual, deve-se garantir que
está incluída na bula (ou label em inglês) e, por- todos os medicamentos utilizados sejam necessários
tanto, uma indicação que não é registrada pela e seu uso deve ser otimizado mediante monitoramento
agência regulatória do país. O propósito do uso de parâmetros de efetividade e segurança da farmaco-
“off-label” deve ser beneficiar o indivíduo. É im- terapia, de forma contínua e com frequência individu-
portante destacar, também, que o termo “off-la- alizada33. Adicionalmente, uma vez garantido que todos
bel” não necessariamente está associado a prá- os medicamentos do paciente são necessários, efetivos
tica inadequada, ilegal, contraindicada ou para e seguros, deve-se minimizar o risco de trocas e erros
fins de investigação científica. A decisão pelo de administração, realizando a organização individual
uso “off-label” deve sempre estar embasada na dos medicamentos do usuário e elaborando uma lis-
melhor literatura disponível e levar em conside- ta com todos os medicamentos utilizados, incluindo
ração o benefício individual do paciente29. a posologia detalhada de cada item. Tais práticas con-
tribuem para prevenir que medicamentos sejam utili-
Já no âmbito hospitalar, a polifarmácia pediátrica é zados para tratar efeitos adversos preveníveis ou sem
comum, assim como entre adultos. Em geral, no pri- indicação terapêutica, o que representa uma frequente
meiro dia de hospitalização, são prescritos de 3 a 5 causa de polifarmácia inapropriada33.
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Atualmente, protocolos de desprescrição são cada em questão, expectativa de vida do paciente, bem
vez mais comuns e têm por objetivo reduzir a polifar- como a comodidade e as preferências do paciente que
mácia e os riscos associados. A prática consiste na possam contribuir para a adesão ao tratamento34,35. O
identificação e descontinuação ou redução de doses processo de desprescrição pode envolver qualquer
de medicamentos desnecessários, inefetivos, insegu- medicamento e, embora seja mais comum em pacien-
ros ou potencialmente inadequados, e deve ser reali- tes idosos, pode ser feito com pacientes de todas as
zada envolvendo a colaboração entre profissionais e faixas etárias, sempre que necessário. O uso de uma
pacientes. A desprescrição deve considerar os bene- ferramenta ou algoritmo validado pode auxiliar na im-
fícios e os danos do medicamento ao paciente, quais plantação e execução do processo de desprescrição
são os objetivos do tratamento com o medicamento (Quadro 1)36, 37, 38.
A participação do paciente na desprescrição deve ser paciente na sua participação ativa desse processo e
estimulada, assim como de todos os profissionais de contribuir para o uso seguro de seus medicamentos
saúde envolvidos no cuidado33. O empoderamento do (vide página 6)46:
paciente e de seus familiares para que participem de
forma engajada em seus processos de cuidado, fazen- Em resumo, a polifarmácia é considerada um impor-
do perguntas, identificando erros e participando do tante marcador de risco. Quanto maior o número de
gerenciamento da sua terapia medicamentosa é tão medicamentos utilizado pelo indivíduo, independente
importante para a qualidade e segurança do cuida- do cenário de saúde ou grupo etário, maior deve ser
do, que está listado como um dos objetivos principais a prioridade na realização de estratégias individuais
no Terceiro Desafio Global de Segurança do Pacien- e coletivas para prevenção e busca ativa de danos
te2. Nesse contexto, cinco perguntas podem auxiliar o associados ao uso de medicamentos. 5
Cinco perguntas que o paciente
pode fazer sobre seus medicamentos
DEVO CONTINUAR?
2 eciso continuar
Quais medicamentos pr
tomando e por quê?
COMO USAR?
3 Como e por quanto tempo
cada um dos meus medic
devo tomar
amentos?
COMO MONITORARus?medicamentos
4 Como posso saber se me
estão funcionando e quais
efeitos adversos
devo observar?