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Caatinga perdeu 45% da área original

Quarta-Feira, 03 de Março de 2010 | Versão Impressa

Disponível em: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100303/not_imp518634,0.php

Estudo aponta que madeira é usada para fazer lenha e carvão; BA e CE são os
Estados que mais devastaram

Rafael Moraes Moura, BRASÍLIA

O desmatamento na Caatinga atingiu 16.576 quilômetros quadrados entre 2002 e 2008, o que
corresponde a 11 vezes a área da cidade de São Paulo. Da cobertura original do bioma - que é de
826.411 km² -, 45,39% da área já foi desmatada, o equivalente aos territórios dos Estados do
Maranhão e do Rio somados.

As informações foram divulgadas ontem pelo Ministério do Meio Ambiente, que realizou pela
primeira vez um monitoramento mais detalhado da região, com base em análise de imagens obtidas
por satélite. "O Brasil e o ministério não podem ser samba de uma nota só. A Amazônia é
fundamental, mas temos de preservar todos os biomas", disse o ministro do Meio Ambiente, Carlos
Minc.

Ele considerou os números "assustadores". "É preocupante. O bioma Amazônia é cinco vezes maior
do que a Caatinga. Essa média de 2.763 km² (de desmatamento anual da Caatinga) é praticamente
correspondente ao desmatamento da Amazônia", analisou Minc. "Proporcionalmente, o
desmatamento destes anos no Nordeste é do mesmo tamanho da devastação da Amazônia, para um
bioma que é muito mais vulnerável e será muito mais afetado pelas mudanças no clima."

O ministério aponta o uso da mata nativa para fazer lenha e carvão como uma das principais razões
do desmatamento da Caatinga. O carvão vai para siderúrgicas em Minas Gerais e no Espírito Santo; a
lenha é utilizada em polos gesseiros e de cerâmica no Nordeste. "Não haverá solução para a defesa
da Caatinga sem mudar a matriz energética, sem levar, por exemplo, pequenas centrais
hidrelétricas, energia eólica, o gás natural para o polo gesseiro", disse Minc.

A análise dos dados mostra que o perfil do desmatamento da Caatinga é diferente do que ocorre na
Amazônia e no Cerrado - é mais pulverizado, o que dificultaria o combate. Entre 2002 e 2008, Bahia
e Ceará foram os Estados que mais destruíram a vegetação nativa - juntos, foram responsáveis por
8.659 km² de área devastada (mais informações nesta pág.).

Para monitorar a Caatinga, um bioma mais rarefeito do que o encontrado na Amazônia, o satélite
foi "ajustado" para operar com maior precisão. A partir de hoje, o ministro participa do 1º Encontro
Nacional de Enfrentamento da Desertificação, em Petrolina (PE), onde deve se reunir com
governadores e secretários do Meio Ambiente do Nordeste para discutir o problema. "São
necessárias várias medidas locais de recuperação de solo, reflorestamento, proteção de microbacias
e de alternativas energéticas", observou.

Para a professora Maria Aparecida José de Oliveira, especialista em botânica da Universidade


Federal da Bahia, é necessário mais empenho dos governos para preservar a Caatinga - faltam
fiscalização e políticas para as comunidades locais. "O melhor modelo de recuperação é aquele que
envolve a população, pois é ela quem vai cuidar do bioma." Há cerca de 930 espécies vegetais na
região, sendo 320 exclusivas.

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