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FICHAMENTO Leis Penais Especiais

Lei de Organizações Criminosas, L 12.850/13


Bibliografia utilizada: Ricardo Andreucci

1. Desde o ponto de vista da política criminal, organização criminosa é uma


atividade praticada em grupo, mais ou menos estável, e ordenada para a prática de
delitos graves. A Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado
Transnacional definiu organização criminosa como “um grupo estruturado de três
ou mais pessoas, existente há algum tempo e atuando concertadamente com o fim
de cometer crimes graves, com a intenção de obter benefício econômico ou
moral”. Levando em conta esses conceitos é possível estabelecer que, para a
existência de uma organização criminosa é preciso a concorrência dos seguintes
elementos: atuação conjunta de mais de duas pessoas; estrutura organizacional;
estabilidade temporal; atuação concertada; finalidade de cometer infrações
graves; intenção de obter benefício econômico ou moral.
2. Em processos ou procedimentos que tenham como objeto crimes praticados por
organizações criminosas, a lei permitiu (L 12.694/13) a formação de um colegiado
de juízes para a prática de qualquer ato processual (decretação de prisão, medidas
assecuratórias, prolação de sentenças, concessão de liberdade condicional,
transferência de preso para penitenciária de segurança máxima, etc.). O objetivo
da lei seria dar proteção a integridade física do juiz natural do caso, que é também
quem pode decidir instaurar o referido colegiado, que será formado por ele e
outros dois juízes escolhidos por sorteio eletrônico. As decisões do colegiado
serão devidamente firmadas e fundamentadas por todos os integrantes, mas
publicadas sem qualquer referência a voto divergente de algum dos membros. A
medida passa longe da instituição, que teve lugar em outros países, da figura do
juiz sem rosto ou juiz anônimo. O objetivo, no entanto, é o mesmo: proteger a
figura do magistrado de atos de vingança das organizações criminosas. A nossa
lei visou fracionar a responsabilidade pelas decisões judiciais em primeiro grau
quando essas envolvem crimes praticados por organizações criminosas.
3. Mais recentemente, em 2013, surgiu nova legislação sobre organizações
criminosas, a qual sucedeu duas outras leis que versaram sobre o tema, uma de
1995 e a outra de 2001. Trata-se da lei 12.850/2013. Essa lei estabeleceu
organização criminosa como “a associação de quatro ou mais pessoas
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que
informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de
qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas
sejam superiores a quatro anos, ou que sejam de caráter transnacional”. A
definição de organização criminosa que aparece na lei citada no tópico anterior (L
L 12.694/13) que versa sobre a formação de um colegiado de juízes, é ligeiramente
diferente dessa conceituação que acabamos de mencionar (caracteriza
organização criminosa com a associação de três ou mais pessoas e que praticam
crimes apenados com pena máxima igual ou superior a quatro anos), mas se aplica
apenas àquela lei.
4. A nova lei de organizações criminosas se aplica, além das organizações criminosas
no sentido estrito e os crimes praticados por elas, também (a) às infrações penais
previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a execução no
país, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente
e (b) às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática
dos atos de terrorismo legalmente definidos (regulados pela lei 13.260/16).
5. Existia, antes da nova lei, uma confusão entre organização criminosa e o crime
de associação criminosa. Essa confusão foi desfeita pela nova lei que definiu o
crime de associação criminosa (art. 24), deixando de existir os crimes de quadrilha
ou bando.
6. A doutrina faz uma distinção entre crime organizado por natureza (a própria
estrutura orgânica das organizações criminosas) e crime organizado por extensão
(os crimes efetivamente praticados por essas estruturas criminosas).
7. No art. 3, a LOC trata da investigação e dos meios de obtenção de prova
permitidos para repressão penal das organizações criminosas. Trataremos desses
meios de prova nos próximos tópicos.
8. Colaboração premiada: a delação ou colaboração pressupõe que o
delator/colaborador tenha participado da empreitada criminosa. Se não participou,
é testemunha e não delator. A delação pode favorecer o delator com diminuição
da pena (em até 2/3), substituição por restritiva de direitos ou mesmo perdão
judicial. Para isso a delação deve produzir pelo menos um entre esse conjunto de
resultados que a lei elenca: a) a identificação dos demais coautores e partícipes da
organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas; b) a revelação
da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; c) a
prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização
criminosa; d) a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das
infrações penais praticadas pela organização criminosa; e) a localização de
eventual vítima com a sua integridade física preservada. A depender do resultado
da colaboração, o MP e o delegado podem requerer ou representar ao juiz pela
concessão de perdão judicial ao delator, ainda que esse benefício não conste da
proposta inicial. Durante as medidas de colaboração, o prazo para oferecimento
da denúncia relativamente ao colaborador pode ser suspenso por até seis meses,
prorrogáveis uma vez, suspendo-se também o prazo prescricional. A colaboração
pode ocorrer após a sentença, o que permite a redução da pena até a metade e
progressão de regime, mesmo se os critérios gerais para essa progressão não
estiverem presentes. As negociações para o acordo de colaboração são realizadas
entre o delegado (ou o MP), o investigado e seu defensor: o juiz não participa
dessa fase; atua posteriormente realizando o controle judicial do acordo celebrado,
homologando-o ou não. Apenas após homologado o acordo, o colaborador poderá
ser ouvido pelo delegado ou membro do MP. As partes podem retratar-se da
proposta, e nesse caso as provas autoincriminatórias produzidas pelo delator não
poderão ser utilizadas em seu desfavor, mas podem ser utilizadas em desfavor dos
outros coréus. O colaborador deve estar sempre assistido pelo seu defensor. A lei
prevê ainda que nenhuma sentença condenatória pode ser proferida apenas com
base nas declarações de agente colaborador e elenca (art. 5º) alguns direitos e
prerrogativas do colaborador, visando sobretudo a garantia de sua segurança. Até
o recebimento da denúncia, o acordo de colaboração é sigiloso.
9. Captação de sinais eletromagnéticos, ópticos e acústicos. A captação ambiental
de sinais foi introduzida em nosso ordenamento em 2001 (L 10.217/01). É
basicamente a captação de uma conversa alheia (não telefônica) valendo-se de
qualquer meio de gravação. Se nenhum dos que participam da conversa sabem da
gravação, fala-se em interceptação ambiental; se um deles tem conhecimento,
fala-se em captação ambiental. Segundo Habib, o que a LOC permite é a captação
ambiental, não a interceptação. Exige autorização judicial.
10. Ação controlada, que consiste em retardar a intervenção policial ou administrativa
relativa à ação praticada pela organização criminosa. Para tanto, é preciso manter
essa ação sob observação e acompanhamento, de modo a que a intervenção se
realize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações.
Trata-se de situação excepcional de diferimento do flagrante. O retardamento da
intervenção deve ser comunicado ao juiz competente, e essa comunicação deve
ser distribuída de maneira sigilosa. Até que a diligência seja encerrada, o acesso
aos autos ficará restrito ao delegado, juiz e membro do MP. Ao fim da diligência,
será elaborado termo circunstanciado sobre a ação controlada. Se a ação
controlada envolver transposição de fronteiras, o retardamento da intervenção
policial ou administrativa somente poderá ocorrer com a cooperação das
autoridades dos países que figurem como provável itinerário ou destino do
investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do produto, objeto,
instrumento ou proveito do crime. A ação vigiada tem um instituto irmão previsto
na lei de drogas: a entrega vigiada, que permite “a não-atuação policial sobre os
portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em
sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de
identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico
e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível” (art. 53, II, L 11.343/06).
11. Acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais
constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais
ou comerciais: sem autorização judicial o delegado ou membro do MP podem ter
acesso apenas aos dados cadastrais do investigado que informem sua qualificação
pessoal, filiação e endereço mantidos na Justiça Eleitoral, empresas telefônicas,
instituições financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de
crédito. Existe alguma questionamento sobre a constitucionalidade do dispositivo,
ao argumento que violação do direito à intimidade exigiria a imposição do acesso
à cláusula de reserva de jurisdição. Entendimento de boa parte da doutrina é que
acesso apenas aos dados cadastrais não configura violação à intimidade, razão
pela qual o dispositivo não viola a Constituição. Empresas de transporte devem
manter por cinco anos bancos de dados com dados de bancos de reservas e
registros de viagens, dados que também podem ser acessados por delegados e
membros do MP. Empresas de telefonia fixa e móvel devem manter, pelo mesmo
prazo, banco de dados com registros de identificação dos números dos terminais
de origem e de destino das ligações telefônicas internacionais, interurbanas e
locais.
12. Interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da
legislação específica; a interceptação é tratada em legislação específica (L
9296/96). Sempre exige autorização judicial.
13. Afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação
específica; por força do direito constitucional à intimidade, o afastamento dos
sigilos em questão também exige autorização judicial.
14. Infiltração, por policiais, em atividade de investigação; agentes policiais podem
se infiltrar em tarefas de investigação, dependendo, para tanto, de autorização
judicial circunstanciada, motivada e sigilosa. A infiltração será admitida se houver
indícios de infrações penais praticadas por organizações criminosas e as provas
não puderem ser produzidas por outro meio. As infiltrações podem ser autorizadas
pelo prazo de seis meses, sem prejuízo de eventuais renovações. Concluída a
diligência, o delegado de lavrar relatório circunstanciado que será encaminhado
ao juiz competente. O requerimento do delegado ou a representação do MP
dirigida ao juiz para permissão da infiltração devem conter o maior número de
elementos possíveis (demonstração da necessidade da medida, o alcance das
tarefas dos agentes e, quando possível, os nomes ou apelidos das pessoas
investigadas e o local da infiltração). O agente infiltrado deve atuar de forma
proporcional com a finalidade da investigação e responderá pelos excessos
praticados. Caso cometa crime e for verificado que era inexigível conduta diversa,
tal delito não será punível. É o caso de infrações cometidas visando obter a
confiança dos membros da organização investigada. Obviamente, as infrações
cometidas devem ser proporcionais aos objetivos investigatórios (não seria
razoável, por exemplo, admitir que o agente infiltrado cometa um homicídio).
15. Cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais
na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução
criminal; trata-se de natural colaboração entre orgãos públicos.
16. A LOC prevê alguns crimes. No art. 2º o crime de “promover, constituir, financiar
ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa”. O
crime é apenado com reclusão de três a oito anos e multa e na mesma pena incorre
quem “impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal
que envolva organização criminosa.” Os parágrafos do artigo tratam de causas de
aumento de pena e de agravamento dela, sobre a possibilidade de afastamento
cautelar do cargo no caso de funcionário público sobre o qual recai indícios
suficientes de integrar a organização criminosa e a possibilidade de perda do cargo
em decorrência de eventual condenação, além da perda suspensão dos direitos
políticos.
17. Dos artigos 18 ao 21, a lei prevê crimes relacionados aos processos de
investigação e obtenção de provas que ela mesma regula. São eles: a) Revelar a
identidade, fotografar ou filmar o colaborador, sem sua prévia autorização por
escrito; b) Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com a Justiça, a
prática de infração penal a pessoa que sabe ser inocente, ou revelar informações
sobre a estrutura de organização criminosa que sabe inverídicas; c) Descumprir
determinação de sigilo das investigações que envolvam a ação controlada e a
infiltração de agentes; d) Recusar ou omitir dados cadastrais, registros,
documentos e informações requisitadas pelo juiz, Ministério Público ou delegado
de polícia, no curso de investigação ou do processo.
18. A lei dá ainda nova redação ao crime de associação criminosa: “Associarem-se 3
(três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes” (art. 24).

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