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OS 4 TEMPERAMENTOS

Dr. Italo Marsili

Aula inaugural

Introdução

Existe uma constelação de motivos pelos quais é importante a compreensão


dos quatro temperamentos. Um dos motivos principais é o de que muitos pais,
famílias e professores compreenderam que essa é uma ferramenta muito poderosa
de educação. O assunto entrou de algum modo em voga, e muitas pessoas pediram
o aprofundamento dele. Outro grande motivador, talvez o central, é que não há um
livro em que se possa estudar sobre isso. Este material que estão lendo é resultado
de alguns anos de estudo sobre o assunto, um estudo aliado à prática clínica. Essa
vivência é o que me motiva a transmitir o meu conhecimento a vocês.
Antes de elaborar o assunto, se faz necessária uma introdução sobre os
quatro temperamentos. Depois da introdução, será possível o melhor entendimento
da parte teórica e prática deles e como identificá-los.
Para compreender melhor o assunto e aplicá-lo à vida, podemos começar
abordando os temperamentos dos pais. Imagine um pai que tem um temperamento
melancólico. Existem pais com um aspecto melancólico que facilitam a interação
com os filhos, e existe um lado desse temperamento que vai dificultar a relação dele
com os filhos. É assim com todos os temperamentos. Também é muito importante o
conhecimento do temperamento dos filhos. Acontece que muitas pessoas acabam se
esquecendo da importância de conhecer o próprio temperamento e seus prós e
contras.
Em português não existe nada sobre o tema. Em inglês, espanhol e latim
encontramos coisas muito pouco profundas ou puxando para um lado religioso, o
que pode incomodar alguns. Não existe um livro propriamente consolidado sobre os
temperamentos.
Para prosseguirmos é preciso evocar um olhar poético e simbólico sobre
essas estruturas. Não é algo místico, mas uma potência humana. Para começar a

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compreender os temperamentos, imagine uma cruz. No topo desta, há o calor; na
base, o frio; de um lado, a umidade e de outro a secura.
Para entender essa cruz, pensemos em opostos. Quente e frio. Qual é a
qualidade das coisas quentes? Por exemplo, ao colocar a água no bule, espera-se que
ela esquente. Agora, o que a classifica como quente? A água começa a expandir,
expandir e expandir. Portanto, uma das qualidades do calor é a expansão. Seguindo
o raciocínio, quando essa água é colocada no freezer, ela vai se acalmando, ficando
mais introvertida, contraindo-se. As coisas frias se contraem, as quentes expandem.
O calor tem um princípio de vida específico, chamado de princípio de expansão; o
frio, um princípio de contração.
Dado o primeiro par de opostos, sigamos ao próximo: seco e úmido.
Imaginemos algo úmido, como a água. As coisas úmidas têm uma característica de
envolver, de se acomodar, de ser mais complacentes. Então, quando estamos diante
de uma coisa úmida, esta tem uma capacidade de acomodação, de envolvimento.
Agora, as coisas secas não têm tal capacidade, e sim a de rigidez, firmeza. O macarrão
seco é duro, se rompe, não se acomoda. O macarrão úmido se acomoda, é bem
deglutido.
Essa exposição é uma parte fundamental para entender os temperamentos.
Essa cruz, esse par de opostos é o princípio para a compreensão dos temperamentos.
Ao combinarmos esses opostos, obtemos quatro combinações: quente e
úmido, quente e seco, frio e seco e, por fim, frio e úmido. Dessas combinações nasce
a idéia dos quatro temperamentos. É assim que vemos os temperamentos.
Os temperamentos são uma estrutura mineral da psicologia humana – é fixa,
não muda; como um chão que precisa ser conhecido ou um papel sobre o qual
escrevemos nossa própria história. Dito de outro modo, os temperamentos são
estruturas pelas quais se sustenta a atividade psíquica. São um filtro da nossa psique
– conferem um certo modo de experimentar o impacto do mundo.
Agora, compreendendo melhor os temperamentos, já não se pode confundir
temperamento e personalidade. Se o temperamento é uma estrutura mineral, a
personalidade é um vegetal – cresce, muda, desenvolve-se. O vegetal está plantado
em um certo solo. Então, dependendo de como foi tratado o solo (o temperamento;
a estrutura mineral), a estrutura vegetal vai também crescer de certo modo. A

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personalidade é o conjunto de coisas que acontece conosco e que vai se articulando
através da nossa história.
É importante entender que temos uma pessoa, e o que é próprio dessa pessoa
só ela o tem. Ninguém tem uma personalidade igual à dela, nem tem uma igual à
minha, ou a sua; porque a personalidade (idade é um sufixo que determina algo
muito particular) é a história articulada psiquicamente, dentro da biografia da
pessoa.

O fogo

Aplicando essas combinações, imagine alguém que tem as qualidades do


quente e seco. Ela expande mas não envolve. Quem vem a ser essa pessoa? Trata-se
de uma pessoa com a característica de fogo. Ela tem capacidade de liderar – expande,
mas mantém suas idéias – extrovertida, está sempre botando tudo para fora. Essas
pessoas não tomam decisões para agradar os outros, e sim para ir atrás de seus
objetivos, suas idéias e seus ideais (referente à secura).

O ar

Imagine agora uma pessoa que tem essa capacidade de expansão, porém
também possui a característica da umidade. Essa combinação resulta no elemento
ar. O ar expande e envolve, assim como a fala – perceba que o fogo também é
extrovertido; fala, expressa, elabora melhor os pensamentos com a fala em vez de
com o pensamento.
Tanto o fogo como o ar têm a característica da fala expansiva. Agora, o fogo
se expressa não para saber o que você está pensando, mas para expor a idéia dele.
Já o ar tem essa habilidade da fala em uma medida muito maior. A pessoa que tem o
elemento ar se expressa com a intenção de se relacionar – pela sua característica
úmida. A maioria das pessoas entende essa característica como exclusivamente
feminina, mas as pessoas que possuem o fogo como temperamento normalmente
falam antes de pensar. Não é só por serem impulsivas, mas é o modo como
conseguem se orientar no mundo.

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Existem muitas crianças assim. Elas precisam falar e falam quase que
querendo entender o que o pai está querendo ao pedir determinada coisa. São
crianças entendidas como difíceis. Por exemplo, quando falamos que uma criança é
“avoada”, queremos dizer que ela é difícil de lidar. Muitos diagnósticos de TDAH
(transtorno do déficit de atenção com hiperatividade), por exemplo, são mal dados
porque o pai ou o terapeuta olha para uma criança com o temperamento de ar (e
como esse temperamento precisa da linguagem para melhor se expressar) e muitas
crianças que ainda não possuem uma boa capacidade lingüística se enrolam.
Perceba que, para essa criança se organizar, é preciso antes falar. No entanto, se ela
ainda não domina bem os elementos da fala, não vai conseguir se organizar até
dominá-los. Então, veremos que muitos diagnósticos de TDAH serão suspensos
quando a criança dominar os elementos da fala; a criança vai começar a diminuir os
sintomas, ela vai começar a organizar seus pensamentos, afetividades,
expressividades etc.
Aqueles que possuem o temperamento referente ao ar têm uma tendência
para extroversão e envolvimento. É importante frisar que não tem a ver ser tímido
ou “cara de pau”. As pessoas com o temperamento de ar podem ser tímidas, mas
mesmo com essa timidez ela ainda precisa falar, pela natureza de sua estrutura
mineral. Essa pessoa quente, úmida e tímida só fala em alguns ambientes, não fala
em todos os lugares, e quando está em algum ambiente onde não se pode falar, fica
incomodada. Se você não fala e fica com um incômodo por não falar, você
provavelmente é uma chaleira tampada; tem um princípio de quentura, mas há algo
tampando a sua expressão natural. Se você tem essa inquietude, provavelmente
possui um dos dois temperamentos: sangüíneo (ar) ou colérico (fogo).

A água

Se você está em um ambiente sem estar falando com ninguém, mas


confortável, você provavelmente tem uma característica fria. O teu temperamento
guarda uma qualidade fria. Qual é a qualidade fria? A concentração. Primeiro, as
pessoas que têm um temperamento com a qualidade fria concentram e depois,
quando tem toda a estrutura concentrada – para o gelo ser útil, ele precisa estar

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completamente rígido –, se expressam. Essas pessoas com uma qualidade fria, assim
como o gelo, precisam de um tempo; os processos psíquicos são mais lentos neles.
Não é que sejam pessoas mais burras, e sim que se organizam de modo diferente.
Uma pessoa com um temperamento frio e úmido tem uma característica de
água. Ela tem um movimento de introspecção, de introversão, mas ao mesmo tempo
tem uma capacidade de envolver os demais. Então, quando ela está em um ambiente,
consegue acomodar bem todas as tensões do ambiente – ela se acomoda bem,
porque tem essa capacidade de complacência –, e ao mesmo tempo ela não começa
a reagir, pois está recebendo e concentrando a informação.
Em uma reunião, a pessoa com esse temperamento frio e úmido (fleumático)
está entendendo tudo o que está acontecendo; tem uma capacidade de explicar
melhor as coisas. Em uma reunião quente, enquanto os coléricos, os melancólicos e
os sangüíneos estão todos brigando, o fleumático é aquele que sai da reunião
tentando entender, explicar o que cada um pensou.
Todo pai deseja ter uma criança fleumática. Ela recebe bem, tem uma
capacidade de complacência grande, e se contrai, demora. São pessoas, de algum
modo, organizadas, calmas. Mas ao mesmo tempo é necessário um certo cuidado
com essas crianças. Não é bom que se coloquem metas baixas para elas. Como essas
crianças sempre respondem bem, pensa-se que nada de errado vai acontecer com
elas; e o pai vai defraudando-a, porque ela não dá problema. Portanto, temos de
olhar para o fleumático entendendo que é preciso exigir mais dele.

A terra

Se você tem um polo frio e seco, pertence ao temperamento da terra. A terra


tem a capacidade de contração – ela não se expande como o ar e o fogo –, mas não
tem a mesma capacidade da água. A terra é rígida, tensa, ela não envolve bem. As
pessoas com o par de frio e seco são aquelas que têm o temperamento melancólico.
São pessoas que nos dão um sentimento de segurança, pessoas que se dão bem com
a rotina e às vezes até chegam a estabelecer uma rotina para alguém. Imagine que
sou uma pessoa sangüínea ou colérica. Eu vou ter um problema no convívio com

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melancólicos, porém, se eu for esperto, o melancólico me organiza, porque ele já vem
com uma estrutura organizacional em sua natureza.
Em um casal de sangüíneo e melancólico, se o sangüíneo for esperto, ele vai
agradecer a Deus por ter enviado uma pessoa melancólica, pois vai colocar a vida
dele no eixo.
Então, se eu estou em um ambiente e, ao receber uma informação, paro para
pensar sobre ela, se é mais natural pensar antes de falar, tenho uma estrutura fria.
Pode ser que eu seja fleumático (frio e úmido) ou melancólico (frio e seco).
Portanto, se a pessoa que está em um ambiente sente uma necessidade de
interagir com o filho, de dar uma opinião, achar um resultado, o temperamento dela
é quente, expansivo. Se a atividade psíquica for marcada pela atividade de expansão,
pode-se ter um temperamento sangüíneo ou colérico. Se o filho dessa pessoa
apresenta algum problema e o pai logo acha uma solução própria, provavelmente a
característica dele é referente ao fogo.
Agora, se o filho apresentar um problema e a pessoa expandir mas ao mesmo
tempo ela tenta entender o problema e pensar em uma solução, provavelmente se
trata de um temperamento referente ao ar.
E com isso começa-se a ter uma base para pensar nos processos importantes.
Apesar de o temperamento ser uma estrutura mineral e não mudar ao longo de
nossa vida, o fato é que, dependendo do lugar onde eu esteja, da minha função na
vida, o temperamento se expressa de certo modo. E é nisso que os livros em geral
pecam (não conseguimos encontrar isso nos livros). Para explicar os
temperamentos, preciso explicar os temperamentos de filhos, porque na função de
filho essa atividade que os temperamentos oferecem se expressa de certa maneira;
na função de pai, vai se expressar de outro modo. É por isso que eu preciso mostrar
como se comporta um pai fleumático, melancólico, sangüíneo e colérico.

Pais coléricos

Um pai colérico tende a ser mais extrovertido, leal, assertivo, tem convicções
firmes e é protetivo. Essas características se encaixam em um temperamento de
expansão e de secura (fogo). Então, ao mesmo tempo que tem um aspecto fixo e

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tenso, também está sempre expandindo. É um pai bem legal, porque ele vai sempre
puxar o que tem de melhor no filho; nunca vai estar satisfeito com o lugar no qual o
filho se encontra; ele vai querer sempre que o filho possa se superar, melhorar. O
mais natural na convivência de alguém pertencente ao temperamento colérico é que
a pessoa se sinta impelida a ser melhor. Nós tendemos a nos voltar para o exterior
com a pessoa colérica ordenada, com uma pessoa de fogo ordenada.
O lado negativo do fogo é que, quando ele não está bem controlado, queima.
O fogo que não está bem controlado não aquece a lareira, mas lambe a casa; não fica
na ponta da tocha iluminando o caminho, mas nos cega. Portanto, as pessoas que
têm esse temperamento de fogo precisam ter cuidado. Quando elas aparecem na
vida afetiva do filho, têm um grande risco, que é oprimir o temperamento do filho.
Essa combustão intensa pode acabar oprimindo a capacidade de o filho se expressar.
Então, o que é necessário para não ofuscar o temperamento do filho?
Precisamos lembrar que crianças são crianças. As pessoas com o temperamento de
fogo esquecem que crianças são crianças. Elas não entendem bem a manha, a
burrice, a infantilidade.
Uma pessoa que eu atendo tem o temperamento clássico de fogo. Uma vez o
filho dela fez uma reclamação de que alguns garotos estavam mexendo com ele. Qual
foi a reação dessa pessoa colérica? Bolar uma solução. Foi com o filho na quadra e
pagou um esporro para todos os amigos. Trata-se de um temperamento de fogo
descontrolado. Ela não ajudou o filho a ganhar autonomia, confiança; não ouviu o
que o filho tinha a falar, pela sua característica de expansão e secura. Logo, um
temperamento de fogo descontrolado tende a oprimir o filho.
É preciso tomar cuidado com esse descontrole, sobretudo quando o filho tem
um temperamento fleumático ou melancólico. Porque, se essa pessoa está diante de
alguém com um temperamento igual ao dela, vão começar a brigar. Mas não foi o
caso. O filho recebeu a idéia da mãe, a mãe foi, falou tudo, e depois, quando o filho
absorveu a situação, depois de todo o ocorrido foi que ele se expressou dizendo:
“Mãe, você encontrou a melhor solução para perder todos os meus amigos”.
Se você possui o temperamento de fogo, não adote o “my way or the
highway”. Se você pensa assim, o seu filho vai ficar distante de você no momento
mais importante da vida dele, que é a adolescência.

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As pessoas com o temperamento de fogo precisam se autocentrar e
compreender que o filho é frágil – se o colérico chegar perto de uma planta,
descontroladamente, vai queimá-la. Cuidado para não desenvolver o pensamento de
que o seu filho tem de ter os mesmos pensamentos e interesses que os seus.
Quanto ao marido ou à esposa colérica, também é preciso o cuidado de não
passar por cima do cônjugue. A atividade psíquica do colérico não vai ao menos
consultar o que o marido está pensando. As atividades educativas dos filhos devem
ser tomadas em conjunto com o casal. O pai colérico pode acabar deixando a criança
preocupada, porque, se ela cresce com um pai com um fogo descontrolado, acaba
pensando que não serve para nada, pois está sempre tomando esporro. Ela não
entende que essa atividade do pai é o natural para ele. Ele não está com raiva, bravo
com o filho; é só o seu jeito de falar. Mas a criança não é obrigada a entender; o adulto
colérico é quem precisa entender que, se a gente não se emenda, a criança vai pensar
exatamente isso.

Pais sangüíneos

Tenho muita facilidade de falar de um pai sangüíneo, pois o meu pai é um. O
sangüíneo é uma criança grande. Ele tem uma baita facilidade de se colocar no lugar
da criança, de propor atividades, estar explorando a natureza. Ele adora estar com a
criança. Se você está em uma festa, você logo vê que o pai sangüíneo é aquele que sai
sujo dela, pois esteve a maior parte do tempo com as crianças, e não com os adultos.
As mães sangüíneas, por exemplo, são aquelas que acabam recebendo as outras
crianças no período de férias; as crianças gostam de estar na casa de uma mãe
sangüínea. Muitas vezes as crianças se reúnem em uma casa não pela qualidade do
amigo, mas pela qualidade da mãe ou do pai. Então, a mãe sangüínea tende a ser um
pólo de atração; tem uma capacidade de atrair as crianças do colégio, do bairro. Isso
é bacana para a gente conseguir ir se orientando e entendendo os temperamentos.
O lado negativo do temperamento sangüíneo é que a gente tem de tomar
cuidado para não envergonhar as crianças mais tímidas; porque ele é um pai amigão,
e às vezes o filho não quer ter um pai amigão. Essa pessoa tem de se segurar. A
capacidade de envolver e expandir pode envergonhar o filho, pelo fato de ele não

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querer nem ser envolvido nem expandido. Muitas vezes o filho está querendo
interagir com os amigos sem a interferência dos pais. Quando os pais percebem isso,
se magoam, porque notam que há um limite de aceitação do filho. Às vezes o filho
não quer mesmo. E com isso, o pai sangüíneo acha que está fazendo algo de errado;
ele é sensível.
Pais sangüíneos, acalmem-se. O filho te ama – o filho em geral ama o pai –,
mas ele está se determinando, tentando entender o mundo; e é claro que ele vai ter
uma resistência à tua expansão. Os filhos certamente te amam. É preciso que você
entenda que o filho não precisa de um pai amigo, e sim de um pai. O lado negativo
desse temperamento é a dificuldade de estabelecer ordem, rotina, de brigar com o
filho quando é necessária uma correção, porque eles tendem a entender as crianças.
Outro grande problema do sangüíneo que eu vejo com muita freqüência é a
tendência do pai de se colocar do lado do filho e ficar contra a esposa, ou a esposa
ficar contra o pai. Então, cuidado para não tomar partido do filho contra o seu
cônjuge, porque eles têm uma facilidade mais natural de se colocar no lugar da
criança. Ele entende a “burrada” e acredita que não é tão importante assim que se
dê uma bronca. Precisamos lembrar que a criança precisa de disciplina e estrutura
tanto quanto ela precisa de carinho e amor. Disciplina e estrutura são difíceis os
sangüíneos.
É importante saber que, assim como você é um bom exemplo de alegria e bom
humor, você também tem de se esforçar em transmitir consistência, disciplina e
segurança, sendo um bom exemplo para seu filho. Uma dica é entrar em uma arte
marcial junto com seu filho, pois essas qualidades serão impostas para os dois. É
mais fácil você se cobrar em uma estrutura de disciplina, porque ambos estarão em
um ambiente disciplinar.

Pais melancólicos

Se você tem uma característica fria e seca, você é melancólico (terra); você
concentra e é tenso, concentra e tem um limite claro. Então, as mães e os pais
melancólicos são muito organizados, auto-sacrificados, competentes; pais que
entendem que possuem uma responsabilidade no cenário da casa. Por essa

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característica da terra, pela própria natureza da terra, ela sabe que é nela que tudo
está baseado. Tudo está fundado na terra. Não se constrói uma casa no ar, no fogo
ou na água, mas na terra. Então, o melancólico sabe que é o fundamento. Ele nem
pensa, na verdade. É natural para ele ser a disciplina, a ordem, a organização da casa.
A casa das pessoas com esse temperamento é mais silenciosa, mais
organizada, limpa. E é preciso ter o cuidado de entender que o filho pode não
compreender ordens, porque é natural para ele a obediência. Para ele, estar na
disciplina é como para o peixe estar na água, ele não nota que há água ao redor. A
pessoa de terra é como um soldado, ela dá um comando e executa, para ela é fácil
fazer isso, é o natural para ela. Esse pais têm de tomar cuidado, porque às vezes, por
uma questão financeira, por uma questão da organização, do marido, a casa não vai
estar do jeito que ela queria. A casa vai estar desorganizada, vai faltar um armário,
um tapete, um quadro, uma louça. Esses pais com o temperamento melancólico têm
dificuldade, por não serem úmidos, eles têm a secura, de se adaptar. Então eles
podem sofrer com aquilo, deprimir, podem ficar ansiosos demais. É preciso cuidado.
Você pode pensar: “Rapaz, eu posso estar irritado assim porque a minha casa está
bagunçada? É isso que está me tirando do sério, me deixando ansioso?”. Talvez seja
porque você tenha um temperamento de terra. Sabendo disso, você tem de tomar
cuidado. Você precisa começar a umedecer a terra, e esse é um processo que ainda
vou explicar. Vou explicar as motivações de cada temperamento, como é que a gente
motiva os temperamentos a se adaptar melhor e se adaptar com as suas limitações.
Estou dando vários insights para que vocês comecem a se adaptar melhor, se
conheçam melhor e se afetem menos com o ambiente externo. Isso é
importantíssimo.
Esses pais são sacrificados, leais, organizados, detalhistas, analíticos,
sensitivos; eles valorizam altos ideais, por causa da estrutura da disciplina. Eles
querem que os filhos rendam o máximo possível. Eles sabem que, se eles têm um
uma estrutura de disciplina, vão chegar a certo lugar com muito mais tranqüilidade.
Eles valorizam os ideais, eles querem que os filhos rendam o máximo possível.
Agora o downside, o lado negativo. O pai melancólico tem problemas com o
gradualismo. O que é o gradualismo? As coisas primeiro começam, depois crescem
e depois ficam perfeitas. Há uma gradação. Como a disciplina e a estrutura já estão

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formadas na cabeça deles, são aqueles pais que perguntam: “Qual parte do não você
não entendeu?”. Não é não para eles. “Por que você não fez isso do jeito certo?” Eles
não entendem muito isso, porque na cabeça deles é assim, mas para a criança não é.
Crianças trazem consigo duas coisas: caos e bagunça. Por que eu não dou minhas
aulas em minha casa? Porque há um monte de criança lá. Por mais que tenha uma
estrutura, por mais que as crianças estejam rindo, elas vão pular e gritar. Se eu desse
aulas em minha casa, eu ficaria como o cara da CBN que, durante a transmissão,
entra uma criança atrás dele. É normal, não há nada de esquisito. Os pais
melancólicos têm uma grande dificuldade quanto a isso; eles chegam a se entristecer
com isso, eles ficam nervosos, se irritam com isso. Porque a característica do
temperamento deles é a concentração e da tensão, da secura. Eles têm dificuldade
de se adaptar com as coisas. Temos de entender isso para que a gente não se
entristeça, não perca a capacidade de interagir com os nossos filhos.
Ao passo que o sangüíneo tem a capacidade de se identificar com a criança, o
melancólico já não tem facilidade com isso. Então, é preciso o cuidado de não se
distanciar dos filhos, de não arranjar confusão. Às vezes a criança está sendo apenas
uma criança, e o melancólico quer que a criança já aja como adulto, sem o
gradualismo. Isso acaba dando problema. Às vezes o pai melancólico, por falta de
jogo de cintura – a água tem jogo de cintura, ela envolve tudo; a terra é fixa, estática
–, acaba arranjando conflitos, confusões na vida da criança. Qualquer adulto
melancólico que é inteligente, que já sabe de seus incômodos vai entender que o
amor e a dedicação dele têm de suplantar isso tudo, fazendo com que certas ações
não o afetem tanto assim. Essa é uma coisa que a gente precisa trabalhar no
melancólico.
Qual o problema da interação do pai melancólico com a criança? Por ele ser
muito perfeccionista, por ter uma estrutura clara na cabeça, por ter altos padrões de
exigência com os filhos, pode acontecer que o filho desenvolva uma atitude
derrotista. O filho pode achar que ele nunca está à altura do pai, pode achar que não
tenha uma atividade específica de linguagem, uma desatenção, ou simplesmente o
pai está colocando metas altas demais e o filho não consegue entregar isso tudo. O
filho pode se entristecer e desenvolver essa atitude derrotista, o que seria muito

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ruim. Então, ficar calmo, ficar tranqüilo, tentar fazer as coisas com a criança é muito
importante.

Pais fleumáticos

Assim como todo pai adoraria ter ao menos um filho com o temperamento
fleumático, também todo filho adoraria um pai assim. Por quê? Porque os pais com
esse temperamento tendem a ser mais calmos, gentis, pacientes, abominam
conflitos, não perdem a cabeça com tanta facilidade. Assim como a água é o solvente
universal, o temperamento de água é o estabilizador universal, ele estabiliza os
ambientes onde ele está. Ele tende a valorizar a harmonia, a paz, a cooperação na
casa.
E pelo fato de ele odiar conflitos, pode ser que ele tenha uma característica
que já não seja tão boa assim. Ele tem uma tendência a não cobrar, não exigir, não
reprimir o filho quando o filho precise de uma repreenda. Pode ser que, quando ele
esteja no colégio, ele nunca seja o primeiro a ter a iniciativa de marcar uma reunião
de professores com a criança. Ele não tem esse ímpeto da energia, da expansão; ele
pensa demais. E às vezes, em relacionamento de filhos, a gente já tem de estar com
a resposta pronta.
Então, os pais fleumáticos, pela característica da introversão, conferida pela
qualidade fria, precisam pensar mais nos filhos. Nessa introspecção, que é mais
natural para os fleumáticos, é sempre necessário estar em pauta do dia o
pensamento sobre o filho. É preciso entender que, quando meu filho agir de certo
modo, sendo um fleumático eu não tenho de entendê-lo, mas corrigi-lo. Para o
fleumático é mais natural entender a criança. Ele vai ficar tentando dar beijos e
abraço, tentando entender. Mas pode ser que não seja a hora de entender, mas a
hora de repreender. Para o pai fleumático isso não é tão natural. É preciso aproveitar
a capacidade da contração para pensar sobre o filho e se vencer nesses pontos.
Outra coisa que é boa mas também pode ser ruim é a tendência de minimizar
os problemas. Por ter essa facilidade de entender, compreender, pode ser que,
quando o filho está apresentando um drama, ele não entre no drama do filho. Isso
para o filho pode ser importante. Às vezes ele está passando por uma experiência

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negativa no colégio, e o pai faz perguntas para compreender a situação, enquanto o
filho quer que o pai tenha empatia com ele e expresse o drama em conjunto com o
filho. O filho pode querer que o pai mostre que o pai também está preocupado,
também está consternado, também está triste.
Pode acontecer o mesmo com a esposa ou o marido de um fleumático. Por
um lado é ótimo se casar com um fleumático, mas muitas vezes a mulher sente que
o marido não está sentindo, não está empatizando com ela. O fleumático,
diferentemente do colérico e sangüíneo, não expressa primeiro. Ele sente primeiro,
ele condensa primeiro, ele elabora primeiro.
O fleumático tem o desafio de obter uma certa velocidade em expressar o que
ele está sentindo. Mesmo que ele não consiga expressar aquilo naquele momento.
Ele deve saber que em geral, em determinadas situações, é conveniente expressar
preocupação, simpatia, raiva, tensão. Então o fleumático tem essa característica de
pensar e envolver e a característica de poder elaborar melhor as coisas e devolver
de modo inteligente. Isso é muito importante. Os fleumáticos precisam ter um
cuidado. Já que eles entendem tudo, não entram em conflito, tem de ter o cuidado de
não desanimar as crianças. Pelo temperamento deles, e porque eles não têm a
qualidade de levar a criança a altas expectativas, ele pode acabar fazendo com que
as crianças sejam mais desanimadas, mais fracas, e as crianças acabam se
entristecendo, não chegando ao máximo do que poderiam chegar. É preciso criar o
desejo de ser amado não apenas pelo temperamento gentil, mas por ajudar as
crianças a crescer e a se desenvolver.

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