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Profª. Me. Tatiane Lima Batista
Orientador
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Prof. Me. Jefferson Luiz Alves Marinho
Examinador Interno
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Resumo: O engenheiro civil lida constantemente com situações em que sua tomada de decisão é algo decisivo para o
bom funcionamento de uma obra. Tal fato não se limita apenas à execução, mas também na fase de projeto em que deve
ser pensado que tipo de material deve ser usado, sua disponibilidade na região e o impacto financeiro que essa escolha
pode causar. Como estudo de caso, foi analisado o projeto de um duplex com 175,42m² de área construída, e como a
opção entre utilizar blocos de enchimento cerâmicos ou de EPS afeta o custo global da obra. Toda estrutura foi
dimensionada de duas formas distintas, cada uma simulando uma das situações supracitadas, e seus quantitativos foram
levantados. Depois foi realizada uma pesquisa de preços entre os fornecedores locais com o objetivo de obter o preço
médio de cada insumo usado na execução da estrutura em cada um dos casos. Com isso foi possível elaborar uma tabela
e comparar a diferença de custos entre ambas as situações. Verificou-se que a estrutura dimensionada com blocos de
EPS apresentou uma leve economia, mas de pequeno impacto no custo global da obra.
Palavras-chave: Custos; EPS; lajes pré-moldadas; lajotas cerâmicas; treliça.
1. INTRODUÇÃO
Em qualquer etapa de uma obra o construtor é, acima de tudo, alguém que lida com
recursos financeiros, sejam estes próprios ou de terceiros. Por conta disso, é essencial que tais
atividades consumam o mínimo possível desses recursos, e mantenham um satisfatório padrão
de qualidade. Mattos (2006) considera que uma obra é “eminentemente uma atividade
econômica, independente da sua localização, recursos, prazo, cliente e tipo de projeto e, como
tal, o aspecto custo reveste-se de especial importância”.
Com as crescentes inovações tecnológicas, o construtor ocasionalmente se depara com
um grande leque de alternativas e técnicas construtivas e cabe a ele escolher, dentre estas, as
que melhor se aplicarem à sua realidade. Pesa na tomada de decisões aspectos como preço,
tempo de execução, necessidade de mão de obra especializada, disponibilidade de fornecedores,
entre outros.
No entanto, grande parte dessas decisões já devem ser tomadas previamente, na etapa
de concepção e planejamento da obra, e são apenas repassadas ao construtor em forma de
projetos para que sejam executadas. Logo, infere-se que os projetistas estão diretamente ligados
ao custo final de um empreendimento.
1
Pós-graduando em Gerenciamento da Construção Civil - URCA. Engenheiro Civil. Email: caio-
paz@hotmail.com
2
Mestra em Engenharia Civil – Recursos Hídricos – UFC. Engenheira Civil. Email: tatianelima.eng@gmail.com
4
Segundo Mattos (2010) “planejar é pensar, aplicar, controlar e corrigir a tempo”. E para
ser feito um bom planejamento é essencial que o gestor tenha conhecimento dos custos
associados a cada etapa da obra. A Premonta (2015) estima que de 20% a 30% dos recursos de
uma obra são despendidos durante a execução da estrutura, fazendo com que as decisões do
engenheiro responsável pelo projeto estrutural tenham um considerável impacto no custo global
da construção.
O presente trabalho tem como objetivo dimensionar uma estrutura de concreto armado
e comparar o custo associado a uma escolha técnica de projeto, feita pelo engenheiro projetista
de estruturas: optar entre a execução de laje pré-fabricada treliçada unidirecional de lajota
cerâmica ou de EPS na construção de um duplex na cidade de Crato-CE.
2.1 TRELIÇAS
O Manual Técnico de Lajes Treliçadas da ArcelorMittal (2010) define treliça como
“uma estrutura metálica espacial prismática em que se utilizam fios de aço CA60, soldados por
eletrofusão ou caldeamento, de modo a formar um elemento rígido”. É constituída por um
vergalhão na sua parte superior, chamado de banzo superior, que atua como armadura de
compressão durante a montagem e concretagem da laje treliçada, e pode colaborar na resistência
ao momento fletor negativo (em regiões de apoio central); dois vergalhões inferiores (banzo
inferior), que tem a função de resistir aos esforços de tração; as diagonais ou sinusoides, e o
concreto do capeamento, que pode ser moldado in loco ou no local de fornecimento. Quanto às
dimensões, ela possui altura, base, passo, saliência inferior, comprimento e diâmetro dos
vergalhões. A altura (h) é a distância entre a superfície limite inferior e a superfície limite do
banzo superior, perpendicular à base e no eixo da seção treliçada. A base (b) é a distância entre
as faces externas entre os vergalhões que compõem o banzo inferior. A saliência inferior é a
distância entre a face inferior do banzo inferior e a superfície limite inferior da armação
treliçada.
Os tipos de treliça mais comuns no mercado podem ser vistos na Tabela 1.
Tabela 1 - Tipos de treliça
2.3 EPS
Os blocos de EPS (poliestireno expandido) vem se consolidando como o substituto das
tradicionais lajotas cerâmicas. O material conhecido como “isopor”, diferentemente das lajotas
cerâmicas, é considerado totalmente impermeável e seu uso colabora na cura do concreto, pois
não absorve parte da água a ser utilizada no processo. Dentre suas principais vantagens,
destacam-se:
a) É extremamente leve (reduzindo o peso total da estrutura).
b) Seu material funciona como bom isolante térmico.
c) Proporciona um melhor conforto acústico e colabora com a diminuição de ruídos
gerados no trânsito de pessoas nas lajes superiores.
d) Maior facilidade de transporte e manuseio.
e) Proporciona uma redução na perda por quebra de material, se comparado com as
lajotas convencionais de cerâmica.
Sua maior desvantagem ainda é sua baixa disponibilidade no mercado e a resistência
que alguns construtores apresentam com algumas inovações.
3. METODOLOGIA
O presente trabalho consiste em um estudo de caso que tem como objeto uma obra de
construção de um duplex (Figura 3) com 175,42m² de área construída na cidade de Crato, no
sul do estado do Ceará. A obra foi executada no início de 2018 e os projetos foram elaborados
em meados de 2017. Porém, para efeito de estudo, toda estrutura foi redimensionada e foram
utilizados valores de mercado referentes ao mês de janeiro de 2019.
No redimensionamento, foi adicionada uma laje de cobertura no segundo pavimento e
foi desconsiderada a estrutura da garagem, com o intuito de direcionar o estudo para análise da
casa, isoladamente. Os demais elementos estruturais permanecem como no projeto original.
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Figura 3 - Duplex
Tal fato ocorre devido à redução do peso próprio da estrutura, proporcionando uma
menor solicitação dos elementos estruturais do edifício.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
PAVIMENTO FUNDAÇÃO
CONCRETO FORMA LAJOTAS
5.0 6.3 8.0 10.0 12.5 16.0
(m³) (m²) (un)
Comp. (m) 158,40 198,00 89,00
FUNDAÇÃO 4,66 13,27
Peso (kg) 42,60 85,90 60,40
Comp. (m) 123,80 79,40 122,60 4,80
PILARES 0,81 16,34
Peso (kg) 21,00 53,90 130,00 8,40
Comp. (m) 273,60 1,80 103,10 60,10 16,00
VIGAS 1,5 28,5
Peso (kg) 46,40 0,50 44,70 40,80 17,00
TOTAL DO Comp. (m) 397,40 160,20 301,10 228,50 138,60 4,80
6,97 58,11 0
PAVIMENTO Peso (kg) 67,40 43,10 130,60 155,10 147,00 8,40
Fonte: O autor (2019)
13
PAVIMENTO TÉRREO
CONCRETO FORMA LAJOTAS VIGOTAS
5.0 6.3 8.0 10.0 12.5 16.0
(m³) (m²) (un) (m)
Comp. (m) 357,70 198,20 222,20 15,40
PILARES 2,2 44,13
Peso (kg) 60,70 134,40 235,40 26,70
Comp. (m) 401,40 90,90 205,00 77,20
LAJES 4,89 611 277,4
Peso (kg) 68,00 24,40 88,90 52,40
Comp. (m) 5,40 68,50 25,90 32,80 19,30
ESCADA 1,46 15,16
Peso (kg) 0,90 18,40 11,20 22,30 20,50
Comp. (m) 440,80 114,00 115,80 89,40 92,60 22,00
VIGAS 4,71 79,04
Peso (kg) 74,70 30,70 50,30 60,70 98,10 38,30
PAVIMENTO SUPERIOR
CONCRETO FORMA LAJOTAS VIGOTAS
5.0 6.3 8.0 10.0 12.5 16.0
(m³) (m²) (un) (m)
Comp. (m) 340,20 153,20 163,70
PILARES 2,12 42,49
Peso (kg) 57,70 103,90 173,40
Comp. (m) 328,90 2,20 119,60 311,70
LAJES 4,21 636 269
Peso (kg) 55,80 0,60 51,90 211,40
Comp. (m) 435,50 5,30 129,30 23,00 38,30 25,10
VIGAS 2,88 49,22
Peso (kg) 73,80 1,40 56,10 15,60 40,50 43,60
TOTAL DO Comp. (m) 1104,60 7,50 248,90 487,90 202,00 25,10
9,21 91,71 636 269
PAVIMENTO Peso (kg) 187,30 2,00 108,00 330,90 213,90 43,60
PAVIMENTO FUNDAÇÃO
5.0 6.3 8.0 10.0 12.5 16.0 CONCRETO FORMA LAJOTAS
Comp. (m) 197,80 174,50 60,20
FUNDAÇÃO 4,32 12,96
Peso (kg) 53,20 75,70 40,90
Comp. (m) 123,80 86,50 107,60 4,80
PILARES 0,81 16,34
Peso (kg) 21,00 58,70 114,00 8,40
Comp. (m) 271,20 1,80 103,10 60,20 16,00
VIGAS 1,53 28,52
Peso (kg) 46,00 0,50 44,70 40,80 17,00
TOTAL DO Comp. (m) 395,00 199,60 277,60 206,90 123,60 4,80
6,66 57,82 0
PAVIMENTO Peso (kg) 67,00 53,70 120,40 140,40 131,00 8,40
Fonte: O autor (2019)
PAVIMENTO TÉRREO
5.0 6.3 8.0 10.0 12.5 16.0 CONCRETO FORMA LAJOTAS VIGOTAS
Comp. (m) 348,80 246,40 167,80 15,40
PILARES 2,2 44,13
Peso (kg) 59,10 167,10 177,80 26,70
Comp. (m) 401,70 101,50 209,70 1,90
LAJES 4,63 156 243,6
Peso (kg) 68,10 27,30 91,00 1,30
Comp. (m) 5,40 68,50 25,90 32,80 19,30
ESCADA 1,46 15,16
Peso (kg) 0,90 18,40 11,20 22,30 20,50
Comp. (m) 509,60 115,40 129,30 69,20 55,70 60,40
VIGAS 4,62 77,66
Peso (kg) 86,40 31,10 56,10 47,00 59,00 104,90
PAVIMENTO SUPERIOR
5.0 6.3 8.0 10.0 12.5 16.0 CONCRETO FORMA LAJOTAS VIGOTAS
Comp. (m) 349,70 180,40 142,10
PILARES 2,12 42,49
Peso (kg) 59,30 122,40 150,60
Comp. (m) 511,60 162,80 17,00
LAJES 4,77 160 258,2
Peso (kg) 86,70 70,60 11,50
Comp. (m) 294,50 5,30 147,70 80,90
VIGAS 2,68 46,37
Peso (kg) 49,90 1,40 64,10 85,80
TOTAL DO Comp. (m) 1155,80 5,30 310,50 197,40 223,00 0,00
9,57 88,86 160 258,2
PAVIMENTO Peso (kg) 195,90 1,40 134,70 133,90 236,40 0,00
LAJOTAS CERÂMICAS
5.0 6.3 8.0 10.0 12.5 16.0 CONCRETO FORMA LAJOTAS VIGOTAS
2952,00 441,10 992,00 1158,50 690,00 67,30
Quantitativos 30,97 311,04 1327 566,1
500,50 118,60 430,40 786,00 731,10 117,00
Fornecedor R$/m² - - - - - - - - R$ 24,00 Preço médio (R$/m²)
Lajes 1 Total - - - - - - - - R$ 3.823,20
Fornecedor R$/m² - - - - - - - - R$ 24,00
R$ 23,67
Lajes 2 Total - - - - - - - - R$ 3.823,20 Média total
Fornecedor R$/m² - - - - - - - - R$ 23,00
Lajes 3 Total - - - - - - - - R$ 3.663,90
R$ 3.770,10
Fornecedor R$/Kg R$ 5,06 R$ 4,61 R$ 4,54 R$ 4,32 R$ 4,22 R$ 4,15 - - - -
Média total
Aço 1 Total R$2.532,53 R$546,75 R$1.954,02 R$3.395,52 R$3.085,24 R$485,55 - - - -
Fornecedor R$/Kg R$ 5,19 R$ 4,88 R$ 4,72 R$ 4,61 R$ 4,49 R$ 4,21 - - - -
Aço 2 Total R$2.597,60 R$578,77 R$2.031,49 R$3.623,46 R$3.282,64 R$492,57 - - - -
R$ 12.303,06
Fornecedor R$/m³ - - - - - - R$ 300,00 - - - Preço médio (R$/m³)
Concreto 1 Total - - - - - - R$9.291,00 - - - R$ 295,00
Fornecedor R$/m³ - - - - - - R$ 290,00 - - - Média total
Concreto 2 Total - - - - - - R$8.981,30 - - - R$ 9.136,15
Fornecedor R$/m² - - - - - - - R$ 19,01 - - Preço médio (R$/m²)
Formas 1 Total - - - - - - - R$5.912,33 - -
Fornecedor R$/m² - - - - - - - R$ 18,18 - -
R$ 19,01
Formas 2 Total - - - - - - - R$5.655,27 - - Média total
Fornecedor R$/m² - - - - - - - R$ 19,83 - -
Formas 3 Total - - - - - - - R$6.169,39 - -
R$ 5.912,33
5. CONCLUSÃO
Mesmo representando uma redução considerável na quantidade de insumos, as lajes pré-
moldadas de EPS são mais caras que as tradicionais de lajota cerâmica, fazendo com que seu
impacto nos custos da obra seja praticamente nulo. Tal escolha, então, não deve ser feita
considerando apenas os custos ou em uma eventual economia, outros fatores passam a ser mais
relevantes.
Do ponto de vista estrutural, a única vantagem das lajes de EPS é a redução do peso
próprio da edificação, mas tal redução mostrou-se pequena a ponto de representar um baixo
percentual de economia de concreto e aço.
Apesar disso o uso de blocos de enchimento de EPS ainda trazem consigo grandes
vantagens para a maioria das obras, como melhor conforto térmico e acústico, facilidade de
transporte, redução de perdas, facilidade de montagem e praticamente anula o risco de acidentes
de trabalho. Portanto, cabe ao projetista analisar as vantagens e desvantagens de cada opção e,
considerando o contexto local, escolher a que melhor se adeque ao seu projeto.
A grande dificuldade encontrada na elaboração do estudo foi a coleta de preços junto
aos fornecedores locais, pois estes têm como política de atendimento a não elaboração imediata
de orçamento para o eventual cliente, exigindo em alguns casos dados da obra, como nome da
construtora, local, nome do proprietário e projeto arquitetônico. Em alguns casos foram
solicitadas visitas à obra para que os quantitativos fossem levantados in loco. Tal fato
inviabilizou alguns contatos iniciais, fazendo com que a busca por fornecedores se tornasse mais
restrita.
O presente trabalho deixa como recomendação o uso de outros tipos de lajes para
complementares o estudo comparativo, como lajes nervuradas, maciças ou protendidas. Esta
última é especialmente interessante pois permite à estrutura vencer maiores vãos, o que pode
ocasionar na eliminação de alguns elementos estruturais, como vigas ou pilares.
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6. REFERÊNCIAS
ALTOQI EBERICK V8. Sistema AltoQi Eberick v8 – Conteúdo. Florianópolis, Santa Catarina,
2012.
FLÓRIO, Márcio Cardozo. Projeto e execução de lajes unidirecionais com vigotas de concreto
armado. São Carlos. 2004. Dissertação (Mestrado), Universidade Federal de São Carlos, 2003.
Disponível em <https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/4630/DissMCF.pdf>.
Acesso em 11/01/19.
MATTOS, Aldo Dórea. Como preparar orçamentos de obras. 1ª ed. São Paulo, SP. PINI. 2010.
___________________. Planejamento e controle de obras. 1ª ed. São Paulo, SP. PINI. 2006.