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TCE-MG

Analista de Controle Externo


Especialidade Ciências Contábeis

1 Retorno sobre o capital empregado: componentes, retorno sobre o Ativo, alavancagem financeira e
retorno sobre o Patrimônio Líquido. 1.1 Economic Value Aded – EVA (Lucro Residual). Ebitda.
Indicadores. .............................................................................................................................................. 1
2 Análise da lucratividade: análise da formação do resultado, análise da Receita, análise dos custos
dos produtos vendidos/serviços prestados, análise das despesas e análise da variação. ........................ 6
2.1 Indicadores. 3 Análise de liquidez: análise do fluxo de caixa, análise do ciclo operacional e análise
do ciclo financeiro. 3.1 Indicadores. 4 Análise da estrutura de capital e da solvência. 4.1 Indicadores e
medidas de solvência. 5 Informações extraídas das Notas Explicativas. 6 Análise horizontal e vertical. 6.1
Análise de tendências. 6.2 Grupos de comparação. 7 Indicadores de mercado. 8 Limitações da análise
por indicadores. 9 Considerações de natureza não-financeira (qualitativa). ........................................... 15
10 Noções de Auditoria financeira (Normas Técnicas de Auditoria - NBC TA). 10.1 Estrutura conceitual.
10.2 Objetivos gerais da auditoria do auditor independente e a condução da auditoria em conformidade
com normas de auditoria. ....................................................................................................................... 42
11 Auditoria no Setor Público. 11.1 Finalidades e objetivos da Auditoria Governamental. 11.2
Abrangência de atuação. 11.3 Formas e Tipos. 11.4 Normas relativas à execução dos trabalhos. Normas
de auditoria governamental (NAG) aplicáveis ao controle externo. 11.5 Normas internacionais para o
exercício profissional da auditoria. 11.6 Normas da INTOSAI: código de ética e padrões de auditoria. .. 80
12 Documentação de auditoria. 13 Planejamento da auditoria de demonstrações contábeis. ......... 124
14 Resposta do auditor aos riscos avaliados. .................................................................................. 128
15 Evidência de auditoria. 16 Formação da opinião e emissão do relatório de auditoria. ................. 133

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1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
1 Retorno sobre o capital empregado: componentes, retorno sobre o Ativo,
alavancagem financeira e retorno sobre o Patrimônio Líquido. 1.1 Economic
Value Aded – EVA (Lucro Residual). Ebitda. Indicadores.

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ALAVANCAGEM FINANCEIRA1

Alavancagem Financeira é o efeito causado por se tomar recursos de terceiros emprestados a


determinado custo, aplicando-os em ativos a outra taxa de retorno: a diferença vai para os proprietários
e altera, para mais ou para menos, o seu retorno sobre o patrimônio líquido.
Em outras palavras, pela utilização de recursos de terceiros em sua estrutura de capital uma empresa
pode modificar a rentabilidade do capital próprio, ou seja, retrata a variação porcentual do lucro líquido
por ação em comparação à variação porcentual do lucro operacional.
Para que ocorra uma Alavancagem positiva é necessário que que os ganhos superem os encargos
financeiros incorridos.
Quanto maior a utilização de recursos de terceiros e, consequentemente, maior a capacidade de
alavancagem do retorno do patrimônio líquido, mais elevado também se apresenta o risco financeiro
assumido pela empresa em suas decisões de financiamento.
A medida que quantifica esta capacidade do capital de terceiros em incrementar o retorno do acionista
é denominada de grau de alavancagem financeira.

Grau de alavancagem financeira (GAF)


Imagine ainda que os acionistas decidam promover algumas simulações de como financiar seu
negócio. Considere a hipótese de financiar 70% do capital investido através de recursos de terceiros. A
estrutura patrimonial fica:

ATIVO (R$ MIL) PASSIVO (R$ MIL)


Ativo Circulante R$ 20.000,00 Financiamento R$ 35.000,00
Ativo Permanente R$ 30.000,00 Patrimônio Líquido R$ 15.000,00
TOTAL R$ 50.000,00 TOTAL R$ 50.000,00

O resultado operacional e líquido (após as despesas financeiras) é apresentado a seguir:

Quadro 5.3 – Demonstração do Resultado


Receita de Vendas R$ 100.000,00
Custos dos Produtos Vendidos (R$ 60.000,00)
Lucro Bruto R$ 40.000,00
Despesas com Vendas (R$ 12.000,00)
Despesas Administrativas (R$ 20.000,00)
Despesas Financeiras 12% x R$ 35 milhões (R$ 4.200,00)
Lucro Líquido R$ 3.800,00

Dessa forma, os cálculos das taxas de retorno ficariam:

𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑅$ 3.800,00


𝑅𝑂𝐴 = = = 7,6% 𝑎. 𝑎.
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑅$ 50.000,00

𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝. 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑑𝑎𝑠 𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑎𝑠 𝑅$ 8.000,00


𝑅𝑂𝐴 = = = 16,0% 𝑎. 𝑎.
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑅$ 50.000,00

1
ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Curso de ad ministração financeira. São Paulo: Atlas, 2009

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1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑅$ 3.800,00
𝑅𝑂𝐸 = = = 25,33% 𝑎. 𝑎.
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑅$ 15.000,00

𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑎𝑠 𝑅$ 4.200,00


𝐾𝑖 = = = 12% 𝑎. 𝑎.
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑂𝑛𝑒𝑟𝑜𝑠𝑜 (𝑓𝑖𝑛𝑎𝑐𝑖𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜) 𝑅$ 35.000,00
𝑜𝑢 𝐸𝑥𝑖𝑔í𝑣𝑒𝑙 𝑎 𝐿𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜

Os acionistas estariam tendo, nessa situação, um retorno sobre seu investimento muito maior, em
termos percentuais. Isso se deve a uma utilização maior de recursos de terceiros, com custo inferior ao
retorno auferido, numa alavancagem financeira favorável.
Nesse exemplo, os ativos da empresa produzem retorno de 16,0% a.a., mas os acionistas estão
ganhando 25,3% a.a. Diz-se que está havendo alto grau de alavancagem financeira; o aumento de
endividamento trouxe também uma elevação na taxa de retorno dos acionistas. A alavancagem é medida
pelo Grau de Alavancagem Financeira (GAF), sendo definido por:

𝑅𝑂𝐸
𝐺𝐴𝐹 =
𝑅𝑂𝐴
Ou seja:
25,33%
𝐺𝐴𝐹 = = 1,583
16,0%

Observe, uma vez mais, que se os investimentos fossem financiados exclusivamente mediante capital
próprio, os acionistas apurariam um retorno de 16%. Pela participação de recursos de terceiros, o retorno
dos acionistas elevou-se para 25,33%, produzindo um grau de alavancagem financeira igual a 1,583.
Em outras palavras, conclui-se que o retorno dos acionistas foi alavancado (incrementado) em 58,3%
pela participação de dívidas no financiamento dos ativos. Para cada R$ 1,00 de recursos de terceiros, os
acionistas ganharam R$ 1,583 pela diferença de taxa (aplicação: 16% - capitação: 12%).

EVA (Economic Value Added)2


O EVA é um indicador do valor econômico agregado que possibilita a executivos, acionistas e
investidores uma nítida visão acerca da rentabilidade do capital empregado na empresa. Ou seja, mostra
se este foi bem ou mal investido em termos de geração de riquezas para o empreendimento, possibilita
analisar o resultado, os recursos aplicados e a estrutura de capital.
O EVA foi criado com a finalidade de avaliar se, a cada ano, a empresa está ganhando dinheiro
suficiente para pagar o custo do capital que administra.
De forma direta é o lucro líquido operacional depois dos impostos (NOPAT – Net Operating Profit After
Taxes) deduzido do custo de capital de terceiros e do custo de capital próprio.
O EVA negativo não significa necessariamente que a companhia está à beira da falência, mas é um
alerta para os sócios de tais empresas repensarem suas estratégias de atuação: o capital investido na
empresa não está sendo remunerado a uma taxa mínima que compense o risco envolvido no negócio.
Diante dessa situação, cabe a companhia reavaliar sua atuação: realocar ativos, idealizar novos produtos,
buscar novos mercados, investir em projetos mais rentáveis ou até mesmo desinvestir, alocando o capital
em outro tipo de negócio.
Em geral o Conselho de acionistas estabelece uma taxa de remuneração para o capital investido que
traduz as expectativas dos acionistas e serve de meta para a empresa em suas projeções orçamentárias.
Essa taxa varia de empresa para empresa, mas no mínimo os acionistas esperam algo que recupere a
inflação e acrescente algum ganho ao capital. Que é o chamado custo de oportunidade.
No Brasil um das taxas de referência aplicadas é o TJLP – taxa de juros de longo prazo.

Vantagens
1 - Auxilia na formulação de planos, projetos e orçamentos de longo prazo;
2 - Alinha os interesses dos agentes com os dos diretores, submetendo os
Gerentes e funcionários aos desejos dos acionistas;
3 - Cria uma teia de interesses; porque representa a forma mais socialista de capitalismo;
4 – Quando utilizado para determinar a remuneração dos funcionários, osmotiva a agregar valor;
5 – Indica realmente o “quanto” foi agregado de riqueza.

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EVA (valor econômico agregado). Disponível em: http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=7510

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Existem quatro abordagens distintas do EVA
a) EVA – formulação contábil do lucro líquido: a determinação do EVA acontece com a dedução do
valor pago para remunerar os recursos captados dos acionistas, também conhecido como capital próprio.
Por esta abordagem considera-se que os juros pagos na captação de recursos alheios (capital de
terceiros) já foram abatidos das receitas como despesas financeiras, originando o lucro líquido;
b) EVA – formulação contábil do lucro operacional: nesta concepção o cálculo do EVA realizado com
a subtração dos valores que remuneraram os recursos captados junto a terceiros, bem como o capital
próprio, do lucro operacional (ou NOTPAT);
c) EVA – formulação financeira do RROI: o cálculo do EVA considera, por este enfoque, a aplicação
do percentual do RROI (residual returnon investment) sobre o total dos recursos captados (investimento
total). O RROI, segundo tais autores, é o “spread entre a taxa de retorno de uma empresa (ROI) menos
o seu respectivo custo de capital.”;
d) EVA – formulação financeira do WACC: é o enfoque mais tradicional de obtenção do EVA
deduzindo-se do lucro operacional (NOPLAT) a parcela resultante do WACC (sigla de Weight Average
Costof Capital, que expressa o custo médio ponderado do capital, ou o custo de oportunidade da empresa
obtido pela ponderação dos custos dos capitais próprios e de terceiros).

NOPAT = lucro operacional liquido depois do imposto, em que as despesas financeiras não estão
incluídas.
WACC = custo médio ponderado de capital.
CAPITAL = é o capital investido tanto o capital próprio como o capital de terceiros.

Calculo do EVA
O Eva é representado por uma formula, vamos utilizar como exemplo uma empresa que possui um
lucro operacional de 810.000. Os impostos sobre o lucro são calculados a razão de 30% sobre o lucro
operacional e os acionistas estabeleceram a remuneração da TJLP (12%) como meta mínima de
remuneração de capital. O ativo operacional corresponde a 4.640.00.

Formula

𝑬𝑽𝑨 = 𝑳𝑶𝑳𝑨𝑰 − 𝑪% . 𝑻𝑪

Onde:

LOLAI = lucro operacional liquido após imposto.


C% = custo percentual do capital, ou seja, a remuneração que o acionista deseja.
TC = capital total

Exemplo:

2014
Lucro Operacional 810.000,00
Tributos sobre o Lucro 30% (810.000,00 x 30%) 243.000,00
Ativo Operacional Líquido 4.640.000,00
Remuneração do Capital (4.640.000,00 x 12%) 556.800,00

Entes de calcularmos o é necessário encontrar o valor do Lucro Líquido (LOLAI):

𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 = 810.000,00 − 30% = 567.000,00

EVA – 2014:
𝟓𝟔𝟕. 𝟎𝟎𝟎, 𝟎𝟎 − 𝟓𝟓𝟔. 𝟖𝟎𝟎, 𝟎𝟎 = 𝟏𝟎. 𝟐𝟎𝟎, 𝟎𝟎
𝟏𝟎. 𝟐𝟎𝟎, 𝟎𝟎
= 𝟎, 𝟐𝟐%
𝟒. 𝟔𝟒𝟎. 𝟎𝟎𝟎, 𝟎𝟎

Em resumo, podemos dizer que a expectativas dos acionistas foram atendias e, ainda, superadas em
0,22%.

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Ebitida
Um indicador financeiro bastante utilizado pelas empresas de capital aberto e pelos analistas de
mercado é o chamado EBITDA (LAJIDA em português), cujo conceito ainda não é claro para muitas
pessoas. A sigla corresponde a “Earning Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization”, ou seja,
lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização.

Conceito
Em linhas gerais, o EBITDA representa a geração operacional de caixa da companhia, ou seja, o
quanto a empresa gera de recursos apenas em suas atividades operacionais, sem levar em consideração
os efeitos financeiros e de impostos. Difere do EBIT, conhecido como o lucro na atividade, no que se
refere à depreciação e amortização, pois o EBIT considera estes efeitos contábeis.

A utilização do EBITDA ganha importância, porque analisar apenas o resultado final da empresa (lucro
ou prejuízo) muitas vezes tem sido insuficiente para avaliar seu real desempenho em um dado período,
já que muitas vezes é influenciado por fatores difíceis de serem mensurados.

Cálculo do Ebitda
Um primeiro passo é calcular o lucro operacional, que, de acordo com o critério utilizado no Brasil, é
obtido como a subtração, a partir da receita líquida, do custo das mercadorias vendidas (CMV), das
despesas operacionais e das despesas financeiras líquidas (despesas menos receitas com juros e outros
itens financeiros). Vale lembrar que a definição de lucro operacional em boa parte do mundo exclui o
resultado financeiro.
Já para calcular o EBITDA, é preciso somar do lucro operacional a depreciação e amortização inclusas
no CMV e nas despesas operacionais. Isso porque essas contas não representam saída de caixa efetiva
no período. Em resumo, a depreciação de um equipamento quantifica a perda de sua capacidade
produtiva graças ao uso ou tempo, e, portanto, a perda de seu valor para a empresa. Essa perda, vale
ressaltar, é apenas econômica e não financeira, ou seja, não há um desembolso efetivo do recursos no
período.
Outra conta que deve ser acrescentada no EBITDA é a despesa financeira líquida, que foge do escopo
de análise do indicador, ou seja, de efetivo desempenho operacional. Assim, para o cálculo do EBITDA,
adicionam-se os juros, depreciação e amortização ao Lucro Operacional Líquido antes dos impostos.
Vale lembrar que muitas empresas já publicam diretamente o indicador, que não é de divulgação
obrigatória de acordo com as regras da CVM. Isso tende a facilitar a análise, embora muitos analistas
critiquem as diferentes metodologias adotadas, principalmente em relação a itens extraordinários.

𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 = 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑑𝑜𝑠 𝑇𝑟𝑖𝑏𝑢𝑡𝑜𝑠 𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒 𝑜 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 + 𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑎𝑠

Exemplo:
2014
Resultado Antes dos Tributos sobre o Lucro 1.981.661,00
Despesas Financeiras 298.451,00

Lucro Operacional - 2014:

1.981.661,00 + 298.451,00 = 2.280.112,00

Observe que a despesa financeira é somada uma vez que não entra no cálculo do lucro
operacional.

É necessário obter a informação da depreciação e amortização. Em geral este valor é obtido na


Demonstração do Resultado do Exercício – DRE e na Demonstração dos Fluxos de Caixa. – DFC.

Lembrando que:

𝐸𝐵𝐼𝑇𝐷𝐴 = 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 + 𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡𝑖𝑧𝑎çã𝑜𝑒 𝐷𝑒𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑎çõ𝑒𝑠

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1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
Continuando com o Exemplo Anterior:

2014
Lucro Operacional 2.280.112,00
Amortização e Depreciações 128.833,00

EBITDA - 2014:

2.280,112,00 + 128.833,00 = 2.408.495,00

Aplicação do Ebitda
O indicador pode ser utilizado na análise da origem dos resultados das empresas e, por eliminar os
efeitos dos financiamentos e decisões contábeis, pode medir com mais precisão a produtividade e a
eficiência do negócio.
Como percentual de vendas, pode ser utilizado para comparar as empresas quanto à eficiência dentro
de um determinado segmento de mercado. Além disso, a variação do indicador de um ano em relação a
outro mostra aos investidores se uma empresa conseguiu ser mais eficiente ou aumentar sua
produtividade.
Por outro lado, como ressalva, vale lembrar que o EBITDA pode dar uma falsa ideia sobre a efetiva
liquidez da empresa. Além disso, o indicador não considera o montante de reinvestimento requerido (pela
depreciação), fator especialmente crítico nas empresas que apresentam ativos operacionais de vida curta.
Assim, o EBITDA é um indicador financeiro muito relevante, mas que deve ser utilizado combinado com
outros indicadores de desempenho para fornecer uma visão mais apropriada da performance da empresa.
Ainda assim, é certamente o mais acompanhado pelos analistas e acaba ganhando bastante importância
também na análise de crédito e nos múltiplos de avaliação de empresas.

Em determinado cenário, uma empresa pode apresentar um EBITDA verdadeiramente “astronômico”


e nem sequer ter dinheiro para pagar os salários (basta que tenha vendido a clientes que não pagam, ou
que tenha efetuado avultados investimentos). Isto deve-se ao fato deste indicador analisar somente as
contas de resultado, não se importando com a movimentação patrimonial.
O caso da famosa Worldcom é um bom exemplo disso. Um investidor que se tenha deixado “guiar”
pelo EBITDA, foi enganado pelas “manipulações contábeis” efetuadas nas contas patrimoniais.

Questões

01. (SABESP - Analista de Gestão – Administração – FCC) O grau de alavancagem financeira de


uma companhia é um índice que
(A) mede o retorno proporcionado pelo ativo total em relação ao capital de terceiros.
(B) retrata a variação porcentual do lucro líquido por ação em comparação à variação porcentual do
lucro operacional.
(C) demonstra a sua capacidade de cobrir seus pagamentos fixos de juros e dividendos obrigatórios.
(D) apresenta a elevação dos custos fixos em relação aos custos variáveis.
(E) dá a medida numérica da variação do lucro por ação tendo em vista a evolução das vendas.

02. (Petrobras – Administrador – CESGRANRIO) Considerando-se o benefício fiscal do


endividamento, o aumento da alavancagem financeira
(A) reduz o custo de capital próprio.
(B) reduz o quociente entre a dívida e o capital próprio.
(C) aumenta os custos fixos operacionais.
(D) deixa inalterado o custo médio ponderado de capital.
(E) amplia os ganhos e perdas dos acionistas.

03. (Prefeitura de Vila Velha - ES - Auditor Interno I – FUNCEFET) Sabe-se que os recursos
aplicados no ativo são provenientes do capital de terceiros e do patrimônio líquido.
Para se obter vantagem utilizando capital de terceiros é necessário que os ganhos superem os
encargos financeiros incorridos. A forma mais usual de se avaliar, se há ou não ganhos, em relação ao
emprego do capital de terceiros, é por meio do quociente denominado:

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1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
(A) Margem líquida.
(B) Composição do endividamento.
(C) Retorno sobre o capital próprio.
(D) Grau de alavancagem financeira.
(E) Rentabilidade do ativo.
Respostas

01. Resposta: B.
Alavancagem Financeira é o efeito causado por se tomar recursos de terceiros emprestados a
determinado custo, aplicando-os em ativos a outra taxa de retorno: a diferença vai para os proprietários
e altera, para mais ou para menos, o seu retorno sobre o patrimônio líquido. Em outras palavras, pela
utilização de recursos de terceiros em sua estrutura de capital uma empresa pode modificar a
rentabilidade do capital próprio, ou seja, retrata a variação porcentual do lucro líquido por ação em
comparação à variação porcentual do lucro operacional.

02. Resposta: E.
(A) Aumenta o custo de capital próprio, pois os riscos para os acionistas são maiores com a empresa
alavancada.
(B) Aumenta esse quociente, uma vez que aumentar a alavancagem financeira significa, entre outras
coisas, aumentar a participação de capital de terceiros.
(C) Não altera os custos fixos operacionais, pois o endividamento é um custo financeiro.
(D) Falso. Apenas em um mundo sem impostos o custo médio ponderado de capital é igual para uma
empresa alavancada e não alavancada (proposição de Modigliani e Miller).
(E) O impacto da alavancagem financeira é justamente esse, pois, caso haja variação positiva do
LAJIR, há uma variação positiva considerável no LL ou LPA. Entretanto, isso é um risco, pois, caso
contrário, a variação é negativa, podendo levar a empresa a grandes perdas ou até mesmo à falência
dependendo do caso.

03. Resposta: D.
Alavancagem Financeira é o efeito causado por se tomar recursos de terceiros emprestados a
determinado custo, aplicando-os em ativos a outra taxa de retorno: a diferença vai para os proprietários
e altera, para mais ou para menos, o seu retorno sobre o patrimônio líquido. Em outras palavras, pela
utilização de recursos de terceiros em sua estrutura de capital uma empresa pode modificar a
rentabilidade do capital próprio, ou seja, retrata a variação porcentual do lucro líquido por ação em
comparação à variação porcentual do lucro operacional.
Para que ocorra uma Alavancagem positiva é necessário que que os ganhos superem os encargos
financeiros incorridos.

2 Análise da lucratividade: análise da formação do resultado, análise da Receita,


análise dos custos dos produtos vendidos/serviços prestados, análise das
despesas e análise da variação.

ANÁLISE CUSTO/VOLUME/LUCRO3

O processo de planejamento empresarial envolve a seleção de objetivos, bem como a definição dos
meios para atingir tais objetivos. Assim, cabe assinalar que a maximização dos lucros constitui o objetivo
mais relevante e clássico de qualquer organização empresarial com fins de lucro.
Porém, o lucro é uma variável-resultado, ou seja, é a conseqüência final da gestão empresarial, para
qual concorrem muitas outras variáveis tais como receitas, custos, despesas, volume ou nível de atividade
etc. Por esta razão, para a alta administração das organizações empresariais, é de vital importância dispor
de uma técnica de análise que permita estudar os inter-relacionamentos entre as variáveis acima
mencionadas, bem como a influência das mesmas em relação ao lucro. Tal técnica existe e é conhecida
como Análise de Custo-Volume-Lucro, doravante denotada por ACVL.

A ACVL se baseia numa série de supostos simplificadores:

3
Disponível em: lucianasales.xpg.uol.com.br/.../ANÁLISE%20DE%20CUSTOS/Análise%.... Acesso em: 28/07/2015.

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a) Os preços de venda permanecerão constantes para qualquer nível de atividade ou, em outras
palavras, não há interdependência entre o preço unitário e o volume de produção. Este suposto garante
que a receita será uma função linear, que dependerá apenas do volume de vendas e, conseqüentemente,
poderá ser representada, graficamente, por uma reta.
b) Todos os custos e despesas podem ser decompostos em uma parte fixa e outra variável ou, em
outras palavras, qualquer custo e/ou despesa poderá ser classificado como custo ou despesa variável,
ou como custo ou despesa fixo. Este suposto inclui os custos e despesas semi-variáveis ou semi-fixos,
os quais deverão ser decompostos para efeitos da análise.
c) O montante dos custos fixos permanecerá constante para qualquer nível de atividade, ou seja, os
custos fixos totais independem do volume de produção. É importante salientar que este suposto diz
respeito aos custos fixos totais e não aos custos fixos por unidade, dado que, neste último caso, haverá
uma relação inversamente proporcional entre o volume de produção e o custo fixo por unidade.
d) O montante dos custos variáveis será diretamente proporcional ao volume de produção ou, em
outras palavras, será uma função linear que dependerá apenas do nível de atividade, e poderá ser
representado por uma linha reta. Igual ao caso anterior, este suposto refere-se aos custos variáveis totais
e não aos custos variáveis unitários, dado que, estes últimos, deverão permanecer constantes para
qualquer nível de atividade.
e) Os preços dos insumos permanecerão constantes para qualquer volume de compras ou, em outras
palavras, não haverá interdependência entre o preço unitário dos insumos e a quantidade de insumos
comprados e/ou utilizados.
f) Durante o período de tempo correspondente ao horizonte de planejamento, não haverá mudanças
na política administrativa, no processo produtivo, na eficiência de homens e máquinas, nem no controle
de custos. Este suposto garante que o comportamento dos custos e despesas não sofrerá modificações
durante o período de planejamento.
g) No caso de empresas multiprodutoras, a participação dos diversos produtos na receita total, durante
o período de planejamento, obedecerá a uma relação predeterminada. Este suposto garante que a
participação de cada produto na receita total, permanecerá constante, mesmo que a receita aumente ou
diminua.
h) O volume de produção e o volume de vendas apresentarão um alto grau de sincronização, isto é,
não haverá mudanças significativas dos níveis de inventário.

É evidente que a validade de alguns supostos é maior do que a de outros, e que esta validade diminui,
em geral, gradativamente na medida que o horizonte de planejamento é maior. Por esta razão, é
importante que quem efetua, ou interpreta, a ACVL, tenha presente os supostos a fim de compreender
suas limitações.
A ACVL pode ser utilizada com sucesso para subsidiar a tomada de decisões, bem como para auxiliar
os processos de planejamento e controle empresariais. Entre as decisões que podem ser abordadas
satisfatoriamente por esta técnica cabe mencionar, por exemplo, decisões de fabricar ou comprar,
substituição de equipamentos, decisões de fechamento de empresas, introdução de novas linhas de
produtos e/ou eliminação de outras, determinação de preços de venda etc.
Sobre o planejamento e controle empresariais, a ACVL fornece importantes subsídios que facilitam a
elaboração de orçamentos, bem, como a projeção do lucro, dado que a análise supõe conhecido o
comportamento dos custos e despesas, em relação ao nível de atividade, o qual constitui um requisito
indispensável para a elaboração de qualquer orçamento.

Por fim, cabe salientar que a ACVL pode ser aplicada tanto em empresas industriais, quanto em
empresas de serviços, públicas ou privadas, com fins lucrativos ou sem eles.

SUPOSIÇÕES DA ANÁLISE CUSTO-VOLUME-LUCRO

A análise CVL está baseada num conjunto de suposições que limitam suas conclusões e
especificações:
 Preço de venda não se altera com a quantidade vendida;
 A empresa trabalha com um único produto;
 Os custos podem ser segregados em fixos e variáveis e o comportamento destes obedece a uma
expressão linear;
 A produtividade e eficiência são constantes;
 A quantidade produzida é igual à quantidade vendida.

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Formação de resultado diante do comportamento dos custos fixos e variáveis

A análise do comportamento dos custos, diante de parâmetros definidos, tais como volume de
produção ou outras medidas físicas, constitui relações objetivas nos modelos de planejamento, controle
e tomada de decisões. Alguns custos são tradicionalmente identificáveis, como, por exemplo, o custo de
material direto, que possui comportamento bastante definido em relação às unidades produzidas, o que
denominamos de custo variável. Os custos variáveis mudam em proporção às mudanças no nível de
produção.
Os custos fixos são aqueles que, durante períodos de tempo, não se alteram em função do volume de
produção. É o caso do salário do chefe da fábrica, que não varia em função da produção ou do volume
de vendas.
O fator crítico para compreender o comportamento dos custos é reconhecer que os gestores devem
conhecer sua demanda efetiva antes de comprometer o suprimento dos recursos.

A representação gráfica dos custos é a seguinte:

Custo Total

Custo Variável

Custo Fixo

Volume de produção e venda

Para uma avaliação de resultados em função do comportamento dos custos, os gestores devem saber
qual o nível de produção que gerará receita necessária e suficiente para a cobertura dos custos totais.
Denomina-se PONTO DE EQUILÍBRIO o nível em que o volume de vendas se iguala aos custos totais,
ou seja, o ponto em que o lucro se iguala a zero.
A análise Custo Volume Lucro identifica como o lucro e os custos irão se alterar com a mudança do
volume. Mais especificamente, observa os efeitos no lucro das mudanças de fatores como custos fixos,
variáveis, preços de venda etc. Esse estudo pode ser útil nas decisões de planejamento e controle da
empresa

A análise do ponto de equilíbrio é uma parte da análise CVL e determina o nível de vendas em que os
custos serão iguais às receitas.
A análise poderá responder a questões como: Qual o volume de vendas exigido para o ponto de
equilíbrio? Qual o nível de vendas para obter determinado lucro desejado? Qual o lucro que pode ser
esperado para um dado nível de vendas? Como a mudança no preço de vendas, nos custos variáveis,
nos custos fixos ou na quantidade irá afetar os lucros?

Além dos conceitos de custos fixos e de custos variáveis, é preciso conhecer os seguintes conceitos:

 Margem de contribuição Total (MC): diferença entre a receita de vendas (R) e os custos variáveis
(V). A margem de contribuição deve ser superior aos custos fixos para que a empresa possa estar
operando com lucro. MC = R –CV
 Margem de contribuição unitária (Mcu): diferença entre o preço de venda do produto (p) e os custo
variável unitário (v). Representa quanto cada unidade adicional de um produto que é vendido pela
empresa contribui para o aumento no lucro. Simbolicamente: Mcu = p –v.

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 Taxa da Margem de contribuição: representa a relação entre a margem de contribuição e as receitas
de vendas isto é:

% MC = MC/R
%MC = Mcu/p

O ponto de equilíbrio representa a quantidade que a empresa deve vender para ter um lucro
igual a zero.
A análise do ponto de equilíbrio pode ser realizada por meio da expressão matemática ou por meios
gráficos. Sua expressão encontra-se baseada nos conceitos, desenvolvidos anteriormente, de custos
variáveis e fixos e variações desses custos a mudanças no volume de atividades.

Representação gráfica das relações de Custo-volume-lucro

Segundo estes pressupostos destacados, sob os quais se estrutura a ACVL, é possível representar
por meio de linhas retas cada um dos custos incorridos na empresa, assim como as receitas obtidas pela
venda de seus produtos. Com este objetivo, representar-se-á esta situação em um sistema de
coordenadas, onde, no eixo das abscissas, figuram os diversos níveis de atividades (volume), medidos
sobre uma certa base dada e, no eixo das ordenadas, representam-se tanto os custos quanto as receitas.

Custo e Receitas

Receita

Custo Total

Ponto de equilíbrio Lucro

Custo Variável

Prejuízo

Custo Fixo

Volume de produção e vendas

A análise do ponto de equilíbrio baseia-se na decomposição dos custos fixos e variáveis. A equação
do custo pode ser descrita da seguinte forma:

CT = CF + CV
Em que:

CT = custo total
CF = custo fixo
CV = custo variável

CV = cv x q

Se a produção de Q unidades é vendida ao preço de $ P por unidades, a receita de unidades totaliza


P x Q. O lucro dessa operação é dado pela seguinte operação:

Receita = P x Q

Lucro = R – CT

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Podendo ser também:

Lucro = Margem de contribuição total – Custo Fixo

A diferença (P – V) entre o preço e o custo variável unitário é definida como margem de


contribuição unitária. Esse é o montante com que cada unidade produzida e vendida contribui para cobrir
os custos fixos e obter lucro. A equação do lucro fica da seguinte forma:

Lucro = Margem de contribuição Unitária x Produção em Unidades – Custos Fixos

Para determinar o ponto de equilíbrio em unidades (Q), considere-se o lucro igual a zero:

CF
Peq =
PV  C V

CUSTOSFIXOS
PONTO DE EQUILÍBRIO EM UNIDADES =
MARGEMDECONTRIBUIÇÃOUNITÁRIA

A análise do ponto de equilíbrio pode ser utilizada quando precisamos determinar o nível de produção
necessário para atender à expectativa de um lucro predeterminado, um lucro meta (LM). Assim, a
equação do lucro fica da seguinte forma:

CF  LM
Peq =
PV  CV

CUSTOSFIXOS  LUCROMETA
Peq=
MARGEMDECONTRIBUIÇÃOUNITÁRIA

Existe uma segunda situação, que a determinação do lucro desejado é dada como percentual das
vendas:

CF
Peq =
MCu  %. p

Para demonstrar essas duas situações, considere os seguintes números apresentados (preço = $
20,00; custo variável unitário = $ 12,00; e custo fixo = $ 5.000). Na primeira situação, suponha um lucro
de $ 3.000. Nesse caso, a quantidade necessária para obter esse valor é dada por:

5.000  3.000
 8.000 / 8,00  1.000unidades
Peq= 20  12

Comprovando:

Unitário Quantidade Valor total


Receita de vendas 20,00 1.000 20.000,00
Custos Variáveis 12,00 1.000 12.000,00
Margem de contribuição 8,00 8.000,00
Custos Fixos 5.000,00
Lucro 3.000,00

Suponha que a empresa deseje obter 20% de lucro sobre as vendas. Nesse caso, a quantidade
necessária de vendas seria dada por:

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5.000
PeqLM% =  5.000 / 4,00  1.250unidades
8,00  0,20 x20,00

Comprovando:

Unitário Quantidade Valor total


Receita de vendas 20,00 1.250 25.000,00
Custos Variáveis 12,00 1.250 15.000,00
Margem de contribuição 8,00 10.000,00
Custos Fixos 5.000,00
Lucro 5.000,00

O ponto de equilíbrio é determinado pela divisão dos custos fixos pela Margem de contribuição unitária.

Entender o comportamento dos custos facilita a análise de determinação do nível de operação provável
para maximizar os lucros.

Ponto de Equilíbrio em unidades monetárias

O ponto de equilíbrio pode ser expresso tanto em unidades físicas quanto em unidades monetárias.
No segundo caso, o ponto de equilíbrio corresponde à receita de vendas que permite, exatamente, dar
cobertura aos custos fixos e variáveis.

No caso de empresas mono-produtoras, o cálculo do ponto de equilíbrio em unidades monetárias


torna-se extremamente simples se conhecido o ponto de equilíbrio em unidades físicas.

PEQ$ = p x PEQ

Porém, em empresas multi-produtoras é impossível utilizar a expressão anterior dado que, como será
visto posteriormente, o ponto de equilíbrio em unidades físicas só pode ser determinado depois de calcular
o ponto de equilíbrio em unidades monetárias. Por esta razão, é interessante aproveitar a simplicidade
que caracteriza o caso de empresas mono-produtoras, a fim de deduzir uma expressão que permita
determinar o ponto de equilíbrio em unidades monetárias, sem necessidade de conhecer previamente o
ponto de equilíbrio em unidades físicas.

CF
Sabe-se que: Peq$
1 cv / p

Análise de Custo-Volume-Lucro em Empresas Multi-produtoras

Até agora tem sido apresentada a análise de custo-volume-lucro para empresa que fabricam só um
produto. Porém, a ACVL pode ser aplicada também, em empresas que fabricam mais de um produto.
No caso de empresas multi-produtoras será necessário calcular, primeiramente, o ponto de equilíbrio
expresso em unidades monetárias para, posteriormente, determinar o ponto de equilíbrio em unidades
físicas.
A necessidade de observar esta seqüência tem sua origem na impossibilidade de expressar o volume
total de vendas em unidades físicas, porque os produtos fabricados pela empresa não necessariamente
apresentam a mesma unidade de medida.
A primeira dificuldade no caso da produção múltipla, é que cada um dos produtos fabricados pela
empresa terá seu próprio preço de venda, sua própria razão de contribuição e seu próprio custo variável
unitário e, portanto, pode-se ter tantas razões de contribuição diferentes quanto produtos fabricados pela
empresa. Os produtos então contribuirão em distintas proporções para cobrir os custos fixos, conforme
os volumes de venda de cada um deles. Por esta razão, deve-se determinar uma Razão de Contribuição
Ponderada, para o qual é preciso conhecer, além da razão de contribuição de cada produto, que parte da
receita total de vendas da empresa é originada pela venda de cada um dos produtos que se fabricam, ou
seja, é preciso conhecer a composição das vendas.

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Pontos de Equilíbrio Contábil, Econômico e Financeiro

Ponto de equilíbrio contábil

Seja ainda a empresa do exemplo anterior em que o


Preço de venda = R$ 0,60/u
Custos variáveis = R$ 0,50/u
Custos fixos = R$ 6.000,00 por ano

Então,

CF 6.000 / ano
Ponto de equilíbrio contábil =   60.000u / anoouR$36.000,00 / anodeVenda s
pv  cv 0,60 / u  0,50

A fórmula do ponto de equilíbrio tal como deduzido anteriormente, que é o ponto onde o lucro é igual
a zero, representa pois o ponto de equilíbrio contábil.

Ponto de equilíbrio econômico

Supondo que a empresa tenha tido um patrimônio líquido, no início do ano, de R$ 20.000,00 e
colocado a render um mínimo de 10% ao ano tem-se um lucro líquido anual desejado de R$ 2.000,00.

Nesse caso, então, ao custo fixo deverão ser adicionados R$ 2.000,00, pois, no caso, o equilíbrio
de receitas e despesas só se dará no ponto de lucro igual a R$ 2.000,00 e não no do lucro igual a zero,
como no caso clássico.

Ponto de equilíbrio econômico =


CF  LUCRODESEJADO 6.000  2000
  80.000u / anoouR$48.000,00 / anodeVenda
pv  cv 0,60  0,50

Ponto de equilíbrio Financeiro

Supondo, por outro lado, que exista uma depreciação de R$ 1.000,00 e como não representam
desembolsos de caixa, tudo se passa como se os desembolsos fixos fossem de apenas R$ 5.000,0

CF 5.000
Ponto de equilíbrio financeiro =   50.000u / anoouR$30.000,00 / anodeVenda s
pv  cv 0,60  0,50

Limitações da Análise de Custo-Volume-Lucro

As limitações da análise do custo-volume-lucro se originam, fundamentalmente, a partir dos


pressupostos nos quais se baseia. A análise supõe uma situação estática, a qual não pode manter-se por
muito tempo, posto que são muitas as variáveis que, em definitiva, determinam o comportamento dos
custos e, em conseqüência, qualquer mudança que elas experimentam significará uma mudança na
estrutura de custo-volume-lucro.
Além disto, a relação existente entre custos, volume e lucro, está estreitamente vinculada ao nível de
atividade que a empresa apresenta num determinado momento, e não se pode esperar que ela se
mantenha constante perante flutuações consideráveis no nível de atividade, visto que o comportamento
dos custos deixa de ser linear por causa de descontos, aumento de desperdícios, tempo ocioso, baixa
produtividade etc.
Outra das limitações que deve ser ressaltada, diz respeito à forma como se costuma representar
graficamente as relações custo-volume-lucro. Via de regra, as retas de receitas e custos totais se traçam
desde a origem. Contudo, a um certo nível de atividade, inferior ao ponto de fechamento, a empresa não
deve continuar operando posto que, neste caso, os prejuízos que sofreria seriam maiores aos que
ocorreriam se optasse pelo fechamento da empresa.

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Por outro lado, à direta do gráfico, o traçado de retas de receitas e custos deixam a impressão de que
se poderia prolongar sem limite. Porém, este prolongamento está limitado, logicamente, pela capacidade
instalada da empresa.
Ademais, entre os limites máximo e mínimo, isto é, capacidade instalada e ponto de fechamento,
haverá um intervalo relevante para o qual será válida a relação custo-volume-lucro, dado que, fora deste
intervalo, se produzirão distorções significativas no comportamento dos custos, o que implicará numa
alteração de dita relação.
Imagine, para efeito de exemplificação, que uma pizzaria com entrega em domicílio, especializada em
pizzas de mussarela, vende seu produto a $ 10 a unidades e que tenha projetado seus custos para uma
produção mensal entre 3.000 e 3.600 unidades.

Itens se custo Estimativa de 10.000 unid.


Farinha $ 3.100
Tomates $ 2.000
Mussarela $ 2.500
Fermento $ 1.500
Outros ingredientes $ 3.000
Pessoal de cozinha $ 4.000
Pessoal de entrega $ 2.000
Aluguel $ 1.500
Publicidade $ 1.000
Custo totais $ 20.600

O segundo passo é identificar quais são os custos fixos e os custos variáveis. O custo variável total de
cada item deverá ser dividido pela quantidade produzida para se determinar o custo variável unitário.

Assim, tem-se:

Itens Tipo de custo Custo Fixo Custo Variável unit.


Farinha Variável $ 0,31
Tomates Variável $ 0,20
Mussarela Variável $ 0,25
Fermento Variável $ 0,15
Outros Ingredientes Variável $ 0,30
Pessoal de cozinha Fixo $ 4.000
Pessoal de entrega Variável $ 0,20
Aluguel Fixo $ 1.500
Publicidade Fixo $ 1.000
Total $ 6.500 $ 1,41

A margem de contribuição por pizza de mussarela é calculada pela diferença entre preço unitário de
venda e o custo variável unitário (pv – cv)

Margem de Contribuição Unitária = $ 10 - $ 1,41


Margem de Contribuição Unitária = $ 8,59

O ponto de equilíbrio (PE) em unidades de pizza é determinado pela divisão dos custos fixos pela
margem de contribuição unitária:

CustoFixo
PE q=
M arg emdeContribuição

$6.500
 757 pizzas
PE q= $8,59

R = CT

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pv. q = cvu . q
10, x 757 = 1,41 x 757 + 6.500
7.570 = 1.067,37 + 6500
7.570 = 7.567,37

Assim para cobrir os custos e igualar o lucro a zero, deverão ser produzidas e vendidas ao menos 757
pizzas. Se vender mais, obtém lucro; vendendo menos que 757 unidades, tem prejuízo. Comprovando:

Unitário Quantidade do Peq Total R$


Receita de vendas $ 10,00 757u 7.570
Custos Variáveis $ 1,41 757u 1067,37
Margem de contribuição $ 8,59 6.502,63
Custos Fixos 6.500,00
Lucro operacional 2,63

Quantas pizzas deverão ser produzidas e vendidas por mês para gerar um lucro de $ 20.000?

Lucro Meta = $ 20.000

CustoFixo  LucroMeta
PE q =
M arg emdeContribuição

$6.500  $20.000
PE q =  3.085 pizzas
$8,59

Para gerar um lucro de $ 20.000, deverão ser produzidas e vendidas 3.085 pizzas por mês.

Demonstrando:

Unitário Quantidade Valor total R$


Receita de vendas R$ 10,00 3.085u 30.850
Custos Variáveis R$ 1,41 3.085u 4.349,85
Margem de Contribuição R$ 8,59 26500,15
Custo Fixo 6.500
Lucro Operacional 20.000,15

R = CT
pv. q = cvu . q
10, x 3085= 1,41 x 3.085+ (6.500 +20.000)
30.850 = 4.349,85 + 26500
30.850 = 30.849,85

Compreender a relação entre a produção e seus respectivos custos possibilita que os gestores
desenvolvam modelos de planejamento e executem a análise do ponto de equilíbrio. Tal análise é
importante para avaliar as alternativas da empresa às mudanças na lucratividade com as
mudanças nos níveis das atividades de produção e vendas

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2.1 Indicadores. 3 Análise de liquidez: análise do fluxo de caixa, análise do ciclo
operacional e análise do ciclo financeiro. 3.1 Indicadores. 4 Análise da estrutura
de capital e da solvência. 4.1 Indicadores e medidas de solvência. 5 Informações
extraídas das Notas Explicativas. 6 Análise horizontal e vertical. 6.1 Análise de
tendências. 6.2 Grupos de comparação. 7 Indicadores de mercado. 8 Limitações
da análise por indicadores. 9 Considerações de natureza não-financeira
(qualitativa).

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

A análise das demonstrações financeiras constitui um dos estudos mais importantes das Finanças
Corporativas, despertando enorme interesse tanto nos administradores internos da empresa como nos
diversos segmentos de analistas externos. É fundamental, para esse processo de análise, conhecer a
empresa, ou seja, seu mercado de atuação, seus concorrentes e as características do setor em que atua.
Para o administrador interno, a análise visa, basicamente uma avaliação de seu desempenho geral,
notadamente como forma de identificar os resultados (consequências) retrospectivos e prospectivos das
diversas decisões financeiras tomadas. Já para o analista externo, apresenta objetivos mais específicos
com relação à avaliação do desempenho da empresa, os quais variam segundo sua posição, de credor
– liquidez e capacidade de pagamento – ou investidor – retorno do investimento e criação de valor. É de
assinalar, ainda, que a análise externa, desenvolvida basicamente por meio das demonstrações
financeiras usualmente publicadas pela empresa traz dificuldades adicionais de avaliação, em função das
limitações de informações contidas nos relatórios publicados.

Aspectos Básicos:
A análise das demonstrações financeiras visa, fundamentalmente, ao estudo do desempenho
econômico-financeiro de uma empresa em determinado período passado, para diagnosticar sua posição
atual e produzir resultados que sirvam de base para a previsão de tendências futuras. Na realidade, o
que se pretende avaliar são os reflexos que as decisões financeiras tomadas por uma empresa
determinam sobre sua liquidez, estrutura patrimonial e rentabilidade.
Ainda que existam alguns critérios sofisticados, o uso de índices se constitui na técnica mais
comumente empregada nesse estudo. No entanto, algumas precauções devem ser tomadas.
Inicialmente, aponta-se que um simples índice, isolado de outros complementares ou que ilustram a causa
de seu comportamento, não fornece elementos suficientes para uma conclusão mais definitiva.
Um índice isolado dificilmente contribui com informações relevantes para o analista. Ressalta-se
também que, mesmo que se tenha mensurado um conjunto de índices complementares, é necessário
efetuar uma comparação temporal e setorial. Aquela envolve conhecer a evolução desses indicadores
nos últimos anos (normalmente de três a cinco anos) como forma de se avaliar, de maneira dinâmica, o
desempenho da empresa (por exemplo, se foi compatível com o planejado por sua direção) e as
tendências que servem de base para estudo prospectivo; a setorial se desenvolve por meio de um
confronto dos resultados da empresa com os de seus principais concorrentes e, também, com as médias
de mercado e de seu setor de atividade. Para esse estudo são utilizadas, normalmente, como fontes de
informações as principais publicações de índices setoriais disponíveis, como Melhores e Maiores, Estudos
Setoriais Serasa, Lista Platinum/Forbes, Conjuntura Econômica, Instituto Assaf, etc.
O enfoque segundo o qual a análise das demonstrações financeiras é desenvolvida pode variar
conforme o interesse do analista. Por exemplo, o administrador da empresa, ao medir periodicamente
seus resultados, procura avaliar, na realidade, o impacto determinado pelas decisões financeiras sobre o
desempenho global da empresa. Em princípio, a administração da empresa se mostra interessada
igualmente em todos os seus aspectos econômico-financeiros, como estrutura de capital, liquidez,
rentabilidade, endividamento, giro dos investimentos, evolução das vendas, margem de lucro, etc., sem
atribuir relevância maior ou menor a qualquer deles.
Para os acionistas atuais da empresa (ou interessados em investir em suas ações), o objetivo da
análise centra-se com maior nível de preferência sobre taxa de retorno e risco dos investimentos,
oportunidades de crescimento e desempenho de suas ações no mercado. Os investidores demonstram
interesse também no risco financeiro (definido pelo maior volume de dívida), como forma de melhor avaliar
a taxa de retorno exigida, e na liquidez que fornece a capacidade financeira da empresa em distribuir
dividendos.4

4
ASSAF NETO, Alexandre Finanças corporativas e valor – 5 ed – São Paulo, Altas 2010

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Análise Horizontal e Vertical
Uma das técnicas mais simples de aplicação e, ao mesmo tempo, mais importante no que se refere à
riqueza das informações geradas para a avaliação do desempenho empresarial, refere-se à análise
horizontal e vertical.
Foi comentado que a análise de uma empresa é desenvolvida por meio de comparações, sejam elas
efetuadas por índices passados ou mediante indicadores setoriais e de empresa concorrentes. A análise
comparativa produz melhores resultados quando desenvolvida com valores relacionáveis ou afins:
- sejam eles obtidos de uma mesma demonstração financeira como, por exemplo, relacionar lucro com
investimento, custos com vendas, capital de giro com ativo total, etc.;
- e também pela evolução dos diversos montantes patrimoniais e de resultados ao longo do tempo
como, por exemplo: crescimento das vendas e dos lucros, evolução do patrimônio líquido, etc. A análise
da evolução permite que sejam identificadas, inclusive, determinadas tendências futuras do
comportamento econômico-financeiro da empresa.

Dessa maneira, as comparações dos valores absolutos através do tempo (análise de suas evoluções)
e, entre si, relacionáveis na mesma demonstração são desenvolvidas, respectivamente, por análise
horizontal e vertical.

Análise horizontal (AH)


Consiste na demonstração financeira ao longo de diversos períodos, meses ou anos, por exemplo. A
partir dessa leitura, poderão retirar-se conclusões quanto à evolução da situação patrimonial da empresa
(quando se analisa o balanço) ou do seu desempenho (quando se analisa a demonstração de resultados).
Essa verificação se faz entre valores de uma mesma conta ou grupo de contas, evidenciando a evolução
desta por períodos.
Uma das maneiras de apurar os percentuais de evolução da Análise Horizontal é tomar como base um
exercício e calcular a evolução dos demais, sempre em relação ao exercício base. A outra maneira, e
também a mais usual na Análise horizontal, é tomar como base o exercício imediatamente anterior ao
que está sendo analisado. Esse método torna mais dinâmica a análise, possibilitando apurar a evolução
em menores períodos de tempo.
A relação existente entre o valor de uma conta contábil (ou grupo de contas) em determinada data e
seu valor obtido na data-base (ou ano-base) chamamos de Número-índice.

𝑽𝒂𝒍𝒐𝒓 𝒂𝒏𝒐 𝒔𝒆𝒈𝒖𝒊𝒏𝒕𝒆


𝑵ú𝒎𝒆𝒓𝒐 − í𝒏𝒅𝒊𝒄𝒆 = 𝑿 𝟏𝟎𝟎
𝑽𝒂𝒍𝒐𝒓 𝒂𝒏𝒐 − 𝒃𝒂𝒔𝒆

Essa análise permite que se avalie a evolução dos vários itens de cada demonstração financeira em
intervalos sequenciais de tempo. Por exemplo, as evoluções das vendas e dos lucros brutos de uma
empresa, verificadas nos últimos três anos, são facilmente avaliadas e interpretadas mediante o estudo
da análise horizontal aplicada às demonstrações de resultados referentes aos períodos considerados.

Exemplo – Análise Horizontal com Evolução Positiva


Considere a evolução das receitas de vendas e dos lucros brutos de uma empresa, conforme apurados
em suas demonstrações contábeis publicadas no encerramento dos exercícios de 2010, 2011 e 2012.
Pede-se analisar o crescimento horizontal.

31-12-2010 31-12-2011 31-12-2012


(R$ mil) (R$ mil) (R$ mil)
Receita de Vendas 8.105 9.894 12.310
Lucro Bruto 2.510 2.990 3.980
31-12-2010 AH 31-12-2011 AH 31-12-2012 AH
(R$ mil) (Nº Índice) (R$ mil) (Nº Índice) (R$ mil) (Nº Índice)
Rec. Vendas 8.105 100% 9.894 122,07% 12.310 151,88%
Lucro Bruto 2.510 100% 2.990 119,12% 3.980 158,57%

Tomando-se como base da análise a data de 31-12-2010, o faturamento cresceu 22,07% (122,07 –
100) em 2011 e 51,88% (151,88 – 100) em 2012, já o Lucro Bruto cresceu 19,12% (110,12 – 100) em
2011 e 58,57% (158,57 – 100) em 2012.

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Uma rápida análise baseada exclusivamente nesses valores indica que o desempenho da empresa,
no exercício encerrado em 31-12-2011, esteve aquém do apresentado em 31-12-2012. Efetivamente, o
resultado bruto não acompanhou a evolução verificada no faturamento no exercício de 2011, denotando-
se maior consumo dessas receitas pelos custos. Em outras palavras, as receitas cresceram mais do que
os lucros, sobressaindo-se um crescimento dos custos proporcionalmente maior que suas respectivas
receitas. Esta diferença absorveu uma parte do lucro bruto.
Em 2012, porém, a situação é inversa e ocorre uma evolução proporcionalmente maior do lucro bruto
em relação às vendas. A evolução desses valores, tomando por base 31-12-2011, ratifica essa colocação,
tendo o faturamento evoluído 24,42% (R$12.31/R$9.894 X 100 – 100) e o lucro bruto 33,11%
(R$3.980/R$2.990 X 100 – 100).

Situações críticas na análise horizontal


É interessante notar, ainda que na prática podem ser encontradas determinadas situações de evolução
horizontal que demandam cuidados adicionais para o cálculo dos números-índices e análise dos
resultados.
A primeira situação crítica se refere a uma redução (decréscimo) dos valores financeiros em avaliação.
O item anterior ilustrou um caso em que as receitas de vendas e o lucro bruto sofreram evolução positiva,
isto é, cresceram de um período para o outro. No entanto, é também comum verificar decréscimos nos
valores em análise, ocasionando um número-índice inferior a 100.

Exemplo – Análise Horizontal com Evolução Negativa:

31-12-2010 31-12-2011 31-12-2012


(R$ mil) (R$ mil) (R$ mil)
Fornecedores 30.010 28.220 29.300
31-12-2010 AH 31-12-2011 AH 31-12-2012 AH
(R$ mil) (Nº Índice) (R$ mil) (Nº Índice) (R$ mil) (Nº Índice)
Fornecedores 30.010 100% 28.220 94,04% 29.300 97,63%

O resultado obtido em 2011 ilustra que as dívidas representam 94,04% do montante apurado no
período anterior (ano base 2010) denotando-se, com isso, crescimento negativo, ou seja, decréscimo de
5,95% (94,04% - 100,00%). No exercício de 2012 essa involução foi ligeiramente menor e totalizou 2,37%
(100,00% - 97,63%), comparativamente ao ano-base de 2010.
Outra situação especial ocorre quando se defronta com valores negativos. Como o valor de base é
positivo, não existem maiores problemas para o cálculo do número-índice, facilmente obtido de acordo
com os critérios expostos. No entanto, sua interpretação pode gerar alguns inconvenientes,
principalmente dentro de uma análise rápida dos números-índices, pois o valor encontrado será também
negativo.

Exemplo – Análise Horizontal com Valores Negativos e Base Positiva


Suponha que o lucro líquido de uma empresa, em determinada data-base, tenha alcançado R$40 Mil
e que se verificou um prejuízo de R$1,2 Mil ao final do exercício seguinte. Dessa maneira, o número-
índice é negativo: [(- R$1,2 mil/ R$4,0 mil) x 100 = - 30,0], e indica, consequentemente, taxa de
crescimento horizontal de – 130,00%.

31-12-2010 AH 31-12-2011 AH 31-12-2012 AH


(R$ mil) (Nº Índice) (R$ mil) (Nº Índice) (R$ mil) (Nº Índice)
Resultado Líquido - 30.000 100% 60.000 - 200% - 90.000 300%

Para o exercício encerrado em 2011, apesar do número-índice ser negativo – 200% (R$60 mil/ - R$30
mil x 100), o exemplo descreve uma redução no valor do prejuízo líquido (-R$30 mil). Para o exercício de
2012 o número-índice é positivo, mas não se pode interpretar que houve um aumento de 300% no
resultado líquido do período. Em verdade, o que aumentou foi o prejuízo de 2010 para 2012, passando
de – R$30 Mil para – R$90,00 Mil.
Neste caso, para facilitar a interpretação, quando o valor inicial for negativo, deve-se adotar o número-
índice base -100%. Sendo assim o exemplo acima seria apresentado da seguinte forma.

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31-12- AH 31-12- AH 31-12- AH
2010 (Nº 2011 (Nº 2012 (Nº
(R$ mil) Índice) (R$ mil) Índice) (R$ mil) Índice)
Resultado Líquido - 30.000 - 100% 60.000 200% - 90.000 - 300%

Análise Vertical (AV)


A análise vertical, também denominada análise da estrutura, vai analisar as demonstrações financeiras
em proporção de uma determinada grandeza, facilitando a avaliação da estrutura das demonstrações
financeiras (Balanço Patrimonial e DRE) e a representatividade de cada conta em relação ao total do
Ativo e Passivo, bem como a participação de cada conta do Demonstrativo de resultado na formação do
lucro ou prejuízo do período analisado.
A análise vertical constitui identicamente um processo comparativo, sendo desenvolvida por meio de
comparações relativas entre valores afins ou relacionáveis identificados numa mesma demonstração
financeira; permite, mais efetivamente, que se conheçam todas as alterações ocorridas na estrutura dos
relatórios analisados, complementando-se, com isso, as conclusões obtidas pela análise horizontal
descrita anteriormente. Apresenta valores percentuais de cada conta e grupo de conta em relação a um
valor base: no caso do Balanço Patrimonial, esse valor base é o total do Ativo e/ou do Passivo; na DRE,
o valor base é o total da receita líquida.
O cálculo do percentual da participação relativa das contas ou grupo de contas do Ativo e/ou Passivo
obtém-se dividindo o valor de cada conta ou grupo de conta pelo valor total do Ativo e/ou do Passivo.

Exemplo – Análise Vertical (AV)


31-12-2010 AV 31-12-2011 AV 31-12-2012 AV
(R$) (%) (R$) (%) (R$) (%)
Ativo Circulante 3.909,00 54,66% 4.200,00 51,36% 4.210,00 44,72%
Realizável a LP 567,00 7,93% 678,00 8,29% 995,00 10,57%
Permanente 2.675,00 37,41% 3.300,00 40,35% 4.210,00 44,72%
Ativo/Passivo Total 7.151,00 100,00% 8.178,00 100,00% 9415,00 100,00%
Passivo Circulante 2.980,00 41,67% 3.189,00 38,99% 4.100,00 43,55%
Exigível a Longo Prazo 1.390,00 19,44% 1.569,00 19,19% 1.765,00 18,75%
Patrimônio Líquido 2781,00 38,89% 3.420,00 41,82% 3.550,00 37,71%

Partindo do ativo total da empresa em cada ano, observa-se um decréscimo (menor participação
relativa) gradativo dos investimentos de curto prazo (ativo circulante), os quais passaram de 54,66% em
2010, para 51,36% em 2011, e 44,72% em 2012. Nas aplicações de longo prazo (realizável e
permanente), ocorre a situação inversa – elas se elevam nos períodos considerados. Sendo evidenciada,
mediante esses resultados, a preferência (ou necessidade) da empresa por ativos de longo prazo
(imobilizações) em detrimento dos de curto prazo (liquidez).
Como contrapartida dessa situação, é de se esperar que a empresa tenha optado também por maior
participação de recursos permanentes em sua composição passiva como forma de financiar suas
aplicações mais elevadas em ativos de longo prazo. No entanto, ao se avaliar a estrutura (composição)
do passivo da empresa, denota-se evolução na participação em seu financiamento de curto prazo
(passivo circulante), o qual de 41,67% em 2010 passou a financiar 43,55% das aplicações totais
processadas no ativo em 2012.

Grupos de comparação
Usamos para efeito de comparação as análises vertical e horizontal.

- Análise Vertical de Balanço


Procura-se obter o percentual de cada verba ou de cada grupo de verbas, em relação ao valor global
do demonstrativo, ou, ainda, de cada verba em relação ao total do seu respectivo grupo. Trata-se de
discernir o ritmo de crescimento dos vários itens. A análise horizontal também é conhecida como análise
de tendência ou análise de evolução.
- Análise Horizontal de Balanço
Compara - em forma de percentual - o valor de determinada verba ou de determinado grupo de verbas
em relação ao(s) ano(s) anterior(es). Sua técnica é bastante simples, pois consiste em dividir todos os
elementos do ativo pelo valor do total desse mesmo ativo e todos os valores do passivo pelo total desse
passivo.

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Conclusões sobre o processo de análise horizontal e vertical
Em suma, o estudo da estrutura dos ativos (aplicações) e passivos (captação), assim como da
evolução patrimonial e de resultados ao longo do tempo, é de grande importância para o processo de
análise econômico-financeira de uma empresa. A aplicação da análise horizontal e vertical deve ser
considerada como um procedimento inicial de avaliação do desempenho da empresa, cuja confirmação
(ou não) se dará nas várias etapas posteriores da análise financeira.

Índices de Estrutura e Endividamento


As técnicas mais comumente empregadas nas análises de demonstrações financeiras se baseiam na
apuração de índices financeiros. Estes envolvem métodos de cálculos que consistem em relacionar
contas ou grupos de contas para analisar e monitorar o desempenho econômico-financeiro de uma
empresa. Constituem o primeiro passo para uma análise financeira da empresa.
Destinam-se a mostrar as relações entre as contas das demonstrações financeiras. Sua principal
característica é apresentar uma ampla visão da situação econômico-financeiro da empresa.
Quando usamos os índices, estamos utilizando tipos de medidas para apurar a situação econômica e
financeira da empresa, eles nos fornecem parâmetros para que possamos analisar, avaliar e elaborar um
diagnóstico preciso da situação em que aquela se encontra.
Devemos ter em mente que não adianta utilizar indiscriminadamente todos os índices, é preciso saber
qual ou quais utilizar. Uma boa análise não depende de quantidade de índices, mas da capacidade para
escolher os necessários, para identificar o objetivo da análise.

Participação de Capital de Terceiro (Endividamento)


Este índice analisa a estrutura de capital e o seu cálculo é obtido relacionando as origens de capitais
(fonte de recursos) entre si e com o Ativo Permanente. O resultado obtido demonstra o grau de
dependência da empresa em relação ao capital de terceiros e o grau de imobilização.
Como esse grupo de índices mostra a participação do capital de terceiros e a imobilização deste capital
e do próprio, quanto menor o resultado obtido com eles, melhor, pois isso indica menos capital de terceiros
e uma menor imobilização desses capitais.
O capital de terceiros pode ser obtido no Balanço Patrimonial pela seguinte fórmula:

𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒂𝒍 𝒅𝒆 𝒕𝒆𝒓𝒄𝒆𝒊𝒓𝒐𝒔 = 𝑷𝒂𝒔𝒔𝒊𝒗𝒐 𝑪𝒊𝒓𝒄𝒖𝒍𝒂𝒏𝒕𝒆 + 𝑬𝒙𝒊𝒈í𝒗𝒆𝒍 𝒂 𝒍𝒐𝒏𝒈𝒐 𝒑𝒓𝒂𝒛𝒐


Participação de capitais de terceiros (endividamento)

Fórmula:
𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠
𝑋 100
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙

Mostra também qual a participação de capital de terceiros no total dos recursos obtidos para o
financiamento do Ativo, isto é, indica o quanto aquele financia o Ativo da empresa. Por isso, quanto menor
ele for, melhor.

Exemplo:
2010 2011
Capital de terceiros 127.800,00 130.400,00
Passivo circulante 90.800,00 110.000,00
Exigível a longo prazo 37.000,00 20.400,00

Participação de capitais de terceiros (endividamento) – Índice 2010:

127.800,00
𝑋 100 = 38,22%
334.400,00

Participação de capitais de terceiros (endividamento) – Índice 2011:

130.0404,00
𝑋 100 = 32,42%
402.200,00

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Esses índices mostram que, em 2010, o capital de terceiros representou 38,22% do total dos recursos
investidos na empresa; em 2011, caiu para 32,42% do total dos recursos.

Importante - Este índice faz uma análise do ponto de vista estritamente financeiro (dinheiro),
mostrando o grau de dependência da empresa em relação a capitais de terceiros. Do ponto de vista
econômico (lucro), pode ser vantajoso para a empresa utilizar o capital de terceiros se os juros pagos por
esse capital forem menores que os recebidos pelas aplicações financeiras.

Relação Capital de Terceiros (CT) / Capital Próprio (CP)

Fórmula:
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝐸𝑥𝑖𝑔í𝑣𝑒𝑙 𝑎 𝐿𝑃.
𝑋 100
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

Este índice revela o nível de endividamento (passivos) da empresa em relação a seu financiamento
por meio de recursos próprios. Ou seja, para cada R$1,00 de capital próprio investido (patrimônio líquido)
quanto foi levantado de capital de terceiros (dívidas).

Exemplo:
2010 2011
Capital de terceiros 127.800,00 130.400,00
Passivo circulante 90.800,00 110.000,00
Exigível a longo prazo 37.000,00 20.400,00
Patrimônio Líquido 206.600,00 271.800,00

Relação Capital de Terceiros (CT) /Capital Próprio (CP) – Índice 2010:

127.800,00
= 0,62
206.600,00

Relação Capital de Terceiros (CT) /Capital Próprio (CP) – Índice 2011:

130.400,00
= 0,48
271.800,00

O cálculo desses índices demonstra que, em 2010, para cada R$1,00 de capital próprio investido,
foram levantados R$0,62 de dívidas; já em 2011, a captação de recursos de terceiros reduziu para R$0,48
de cada R$1,00 do patrimônio líquido.
Em princípio, um resultado superior a 1 denota maior grau de dependência financeira da empresa em
relação aos recursos de terceiros.

Relação Capital de Terceiros (CT)/Ativo Total (AT)

Fórmula:

𝑃𝐶 + 𝐸𝑋𝐿𝑃
𝑋 100
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙

Este índice mede a porcentagem dos recursos totais da empresa (ativo total) que se encontra
financiada por capital de terceiros. Ou seja, para cada R$1,00 de recurso investido pela empresa em seus
ativos, quanto provém de fontes de financiamento não próprias.

Exemplo:
2010 2011
Capital de terceiros 127.800,00 130.400,00
Passivo circulante 90.800,00 110.000,00
Exigível a longo prazo 37.000,00 20.400,00
Ativo Total 334.400 402.200

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Relação Capital de Terceiros (CT) /Ativo Total (AT) – Índice 2010:

127.800,00
𝑋 100 = 38,22%
334.400,00

Relação Capital de Terceiros (CT) /Ativo Total (AT) – Índice 2011:

130.400,00
𝑋 100 = 32,42%
402.200,00

Estes índices demonstram que, em 2010, a proporção dos ativos totais financiada mediante capital de
terceiros foi de 38,42%; em 2011, houve uma redução, resultando em 32,44% dos ativos totais financiados
por meio do capital de terceiros.
Quanto maior a relação CT/CP, mais elevada se apresenta a dependência financeira da empresa,
revelando uma participação maior de passivos financiando seus investimentos.

Composição do Endividamento

Fórmula:
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑋 100
𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑇𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠

Este índice mostra, do total de capital de terceiros, qual é o percentual das dívidas a curto prazo, que
estão representadas pelo Passivo Circulante, em outras palavras: do total que a empresa tomou de capital
de terceiros, qual o percentual de dívidas que vencem a curto prazo; logo, quanto menor ele for, melhor.

Exemplo:
2010 2011
Capital de terceiros 127.800,00 130.400,00
Passivo circulante 90.800,00 110.000,00
Exigível a longo prazo 37.000,00 20.400,00

Composição do endividamento – Índice 2010:

90.080,00
𝑋 100 = 71,05%
127.800,00

Composição do endividamento – Índice 2011:

110.000,00
𝑋 100 = 84,36%
130.400,00

Esses índices demonstram que, dos valores de capital de terceiros que a empresa havia tomado em
2010, a dívida a curto prazo representava 71,05%; no ano de 2011, esse percentual subiu para 84,36%,
mostrando que houve uma maior concentração da dívida a curto prazo.

Importante - Quando esse índice está elevado, dependendo do tipo de dívida a curto prazo, a empresa
deve ficar alerta, verificando se terá condições de honrar tais dívidas no prazo acordado.

Imobilização do Patrimônio Líquido

Fórmula:
𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 + 𝐼𝑚𝑜𝑏𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜 + 𝐼𝑛𝑡𝑎𝑛𝑔í𝑣𝑒𝑙
𝑋 100
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

Este índice mostra qual o percentual de comprometimento do capital próprio no Investimento,


Imobilizado e Intangível. O capital próprio corresponde ao valor que o acionista investiu na empresa e é
representado pelo Patrimônio Líquido; assim, quanto menor for o indicador, melhor.

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Exemplo:
2010 2011
Patrimônio Líquido 206.600,00 271.800,00
Investimentos 31.000,00 36.000,00
Imobilizado 115.400,00 122.700,00
Intangível 30.000,00 22.000,00
Total Recursos não Correntes 176.400,00 180.700,00

Imobilização do Patrimônio Líquido – Índice 2010:

176.400,00
𝑋 100 = 85,38%
206.600,00

Imobilização do Patrimônio Líquido – Índice 2011:

180.700,00
𝑋 100 = 66,48%
271.800,00

Estes índices demonstram que, em 2010, a empresa havia investido 85,38% do Patrimônio Líquido no
Investimento, Imobilizado e Intangível, deixando pouco mais de 14% investido no Ativo Circulante; já no
ano de 2011, esse percentual caiu para 66,48%, mostrando uma mudança na política da empresa.

Importante - Quando a empresa direciona grande parte dos recursos do Patrimônio Líquido para o
Investimento, Imobilizado e Intangível, em detrimento do Ativo Circulante, a consequência é a
necessidade de capital de terceiros para financiar o Ativo Circulante, que compreende as operações de
compra e venda da empresa. O recomendável seria que esses valores estivessem balanceados, evitando
que a empresa recorresse a bancos para o financiamento do Ativo Circulante.

Imobilização dos recursos não correntes


Fórmula:
𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 + 𝐼𝑚𝑜𝑏𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜 + 𝐼𝑛𝑡𝑎𝑛𝑔í𝑣𝑒𝑙
𝑋 100
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 + 𝐸𝑥𝑖𝑔í𝑣𝑒𝑙 𝑎 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑝𝑟𝑎𝑧𝑜

Este índice mostra a utilização de recursos não correntes na aquisição de Investimento, Imobilizado e
Intangível. Recursos não correntes são recursos a longo prazo, quer por meio do capital próprio
(Patrimônio Líquido), quer por meio do capital de terceiros (Exigível a Longo Prazo); assim, quanto menor
for esse índice, melhor.
Recursos correntes são as contas do Ativo Circulante e do Passivo Circulante, utilizados no dia a dia
da empresa; já os não correntes fazem parte das contas a Longo Prazo (Realizável a Longo Prazo,
Investimento, Imobilizado e Intangível, Exigível a Longo Prazo e Patrimônio Líquido).

Exemplo:
2010 2011
Patrimônio Líquido 206.600,00 271.800,00
Investimentos 31.000,00 36.000,00
Imobilizado 115.400,00 122.700,00
Intangível 30.000,00 22.000,00
Total Recursos não Correntes 176.400,00 180.700,00
Exigível a Longo Prazo 37.000,00 20.400,00

Imobilização dos recursos não correntes – Índice 2010:


176.000,00
𝑋 100 = 72,41%
37.000,00 + 206.600,00

Imobilização dos recursos não correntes – Índices 2011:

180.700,00
𝑋 100 = 61,84%
20.400,00 + 271.800,00

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O cálculo desses índices mostra que, em 2010, a empresa utilizou 72,41% dos recursos não correntes
no financiamento do Investimento, Imobilizado e Intangível; esse percentual caiu para 61,48% em 2011,
demonstrando que ela optou por direcionar uma menor quantidade desses recursos para o Ativo
Permanente e uma maior parcela para o Ativo Circulante.
Os bens que compõem o Investimento, Imobilizado e Intangível têm vida útil longa – podendo ser um
computador com dois anos de vida útil ou um prédio de 25 anos – assim, esse índice informa se a empresa
está financiando o Investimento, Imobilizado e Intangível com recursos a longo prazo compatíveis com a
duração do imobilizado, ou prazo suficiente para que a empresa tenha capacidade de, com os lucros de
suas operações, gerar recursos para liquidar esses financiamentos.

Importante - Em regra, esse índice não deve ser maior que 100%; ocorrendo isso, a empresa está
financiando o Investimento, Imobilizado e Intangível também com capital de terceiros a curto prazo, neste
caso, com o Passivo Circulante. Quando isso ocorre, há um desequilíbrio entre os prazos de
financiamento e o necessário para a geração de recursos para o pagamento do financiamento, existindo,
assim, grande possibilidade de a empresa ter problemas futuros com o saldo de caixa se não conseguir
compatibilizar a geração de recursos com o desembolso.

Índices de liquidez
Os Índices de Liquidez mostram a condição financeira da empresa, a curto (Liquidez Seca), médio
(Liquidez Corrente) e longo prazo (Liquidez Geral).
A liquidez de uma empresa é medida em termos de sua capacidade de saldar suas obrigações de
curto prazo à medida que se tornam devidas; diz respeito à solvência da posição financeira geral da
empresa – a facilidade com que pode pagar suas contas em dia. Como um precursor comum de
dificuldades financeiras é uma liquidez baixa ou em declínio, esses índices podem fornecer sinais
antecipados de problemas de fluxo de caixa e insolvência iminente do negócio.

Liquidez Seca
Fórmula:
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 − 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠
𝑋 100
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒

É reconhecido que os estoques, apesar de serem classificados como itens circulantes (curto prazo),
não apresentam normalmente liquidez compatível com o grupo patrimonial em que estão incluídos. Sua
realização é, na maioria das vezes, mais demorada e difícil que a dos demais elementos que compõem
o ativo circulante.
A Liquidez Seca leva em consideração todas as contam que podem ser convertidas em dinheiro com
relativa facilidade antes do prazo normal, se for necessário, mesmo que isso tenha um custo financeiro.

Exemplo:
2010 2011
Ativo Circulante 154.500,00 208.000,00
Estoques 47.300,00 44.000,00
Passivo Circulante 90.800,00 110.000,00

Liquidez Seca – Índice 2010:


154.000,00 − 47.300,00
= 1,18
90.800,00

Liquidez Seca – Índice 2011


208.000,00 − 44.000,00
= 1,49
110.000,00

A empresa, em 2010, tinha recursos a curto prazo no valor de R$1,18 para cada R$1,00 de dívida,
conseguindo pagar todas as suas dívidas somente com os recursos de rápida conversibilidade; em 2011,
houve uma considerável melhora no índice. Quanto maior o resultado desse indicador, melhor.
Tirar do cálculo de liquidez o valor de estoque elimina algumas variáveis que podem comprometer a
análise, que são os itens obsoletos e de baixa rotatividade. Não é o caso da Liquidez Corrente, que
embute o estoque no cálculo.

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Liquidez Corrente

Fórmula:
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒

Este índice é considerado por muitos autores como o melhor indicador da capacidade de pagamento
da empresa, pois mostra a capacidade de satisfazer suas obrigações a médio prazo de vencimento.
O índice de Liquidez Corrente mede a relação existente entre o ativo circulante e o passivo circulante,
ou seja, de cada R$1,00 aplicado em direitos circulantes (disponível, valores a receber e estoques),
quanto a empresa deve também a curto prazo (duplicatas a pagar, dividendos, impostos e contribuições
sociais, empréstimos a curto prazo, etc.).

Exemplo:
2010 2011
Ativo Circulante 154.500,00 208.000,00
Passivo Circulante 90.800,00 110.000,00

Liquidez Corrente – Índice 2010:


154.500,00
= 1,70
90.800,00

Liquidez Corrente – Índice 2011:


208.000,00
= 1,89
110.000,00

No resultado apresentado no Índice de Liquidez Corrente, podemos analisar que, em 2010, a empresa
possuía R$1,70 de recursos para cada R$1,00 de dívida, ocorrendo um melhora no indicador de 2011,
que subiu para R$1,89 de recursos para cada R$1,00 de dívida, mostrando que a empresa melhorou sua
gestão de caixa. Quanto maior for esse indicador, melhor.
Aceitar o índice como bom depende muito do setor em que a empresa opera: um Índice de Liquidez
baixo em uma empresa que presta serviços de utilidade pública é aceitável, mas em uma fábrica não
seria, porque o Fluxo de Caixa da primeira é mais previsível, sofrendo menos impacto da economia que
uma fábrica. Quanto mais previsível forem os Fluxos de Caixa de uma empresa, menor será o Índice de
Liquidez a curto prazo. Quanto mais alto for o índice, mais “folga” a empresa possuirá para gerenciar o
Fluxo de Caixa, podendo, assim, equilibrar as entradas e saídas, tendo maior segurança e fortalecendo
a situação financeira.

Liquidez Imediata
Fórmula:
𝐷𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒

A Liquidez Imediata, também conhecida como Liquidez Absoluta, compara os valores do subgrupo
Disponível (Caixa, Bancos Conta Movimento e Aplicações Financeiras de Curto Prazo) - pertencente ao
grupo do Ativo Circulante - com o total das dívidas ou compromissos que a empresa possui a curto prazo
(Passivo Circulante), ou seja, de cada R$1,00 aplicado no disponível, quanto a empresa deve também a
curto prazo (duplicatas a pagar, dividendos, impostos e contribuições sociais, empréstimos a curto prazo,
etc.).

Exemplo:
2010 2011
Disponibilidades 35.000,00 54.000,00
Passivo Circulante 90.800,00 110.000,00

Liquidez Imediata – Índice 2010:


35.000,00
= 0,39
90.800,00

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Liquidez Imediata – Índice 2011:
54.000,00
= 0,49
110.000,00

Nos índices apresentados, podemos interpretar que, em 2010, a empresa possuía, para cada R$1,00
de dívida a curto prazo, R$0,39 de suas disponibilidades imediatas; já em 2011, a ocorreu um aumento
para R$0,49 de disponibilidades imediatas para cada R$1,00 de dívida a curto prazo.

Liquidez Geral

Fórmula:
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝑅𝑒𝑎𝑙𝑖𝑧á𝑣𝑒𝑙 𝑎 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑝𝑟𝑎𝑧𝑜
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝐸𝑥𝑖𝑔í𝑣𝑒𝑙 𝑎 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑝𝑟𝑎𝑧𝑜

A Liquidez Geral retrata a saúde financeira de curto e longo prazo da empresa. Revela para cada
R$1,00 de dívida totais (circulantes e longo prazo), quanto a empresa registra de ativos de mesma
maturidade (circulante + realizável a longo prazo).
Da mesma forma que o observado nos demais indicadores de liquidez, a importância desse índice
para análise da folga financeira pode ser prejudicada se os prazos dos ativos e passivos, considerados
em seu cálculo, forem muito diferentes.

Exemplo:
2010 2011
Ativo Circulante 154.500,00 208.000,00
Realizável a Longo Prazo 3.500,00 13.500,00
Passivo Circulante 90.800,00 110.000,00
Exigível a Longo Prazo 37.000,00 20.400,00

Liquidez Geral – Índice 2010:


154.500,00 + 3.500,00
= 1,24
90.800,00 + 37.000,00

Liquidez Geral – Índice 2011:


208.000,00 + 13.500,00
= 1,70
110.000,00 + 20.400,00

Nos índices apresentados, podemos interpretar que, em 2010, a empresa possuía para cada R$1,00
de dívida, R$1,24 de recursos disponíveis para pagamento a curto e longo prazo; já em 2011, aumentou
sua Liquidez Geral, tendo para cada R$1,00 de dívida, R$1,70 de recursos disponíveis.

Importante - É recomentado que a análise da liquidez seja desenvolvida de maneira mais integrada,
associando-se todos os indicadores financeiros para obter uma melhor interpretação da folga financeira
da empresa.

Índices de Rentabilidade
Estes indicadores têm por objetivo avaliar os resultados auferidos por uma empresa em relação a
determinados parâmetros que melhor revelem suas dimensões. Uma análise baseada exclusivamente no
valor absoluto do lucro líquido, por exemplo, traz normalmente sério viés de interpretação, ao não refletir
se o resultado gerado no exercício foi condizente ou não com o montante de capital investido.
Por exemplo, um lucro de R$10 milhões é alto para um investimento de R$20 milhões, porém não se
apresenta tão elevado se o capital investido atingir R$200 milhões. Os resultados devem ser relativizados
para poderem ser mais bem avaliados.
As principais bases de comparação adotadas para o estudo dos resultados empresariais são o ativo
total, o patrimônio líquido e as receitas de vendas. Os resultados normalmente utilizados, por sua vez,
são o lucro operacional (lucro gerado pelos ativos) e o lucro líquido, todos estes resultados calculados
após o Imposto de Renda. É recomendado que os valores financeiros devam também estar expressos
em moeda de mesmo poder de compra.

. 25
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
Ressalta-se, ainda, que os analistas em geral dispensam grandes atenções aos indicadores de
rentabilidade, os quais costumam exercer, significativamente, influências sobre as decisões que envolvem
a empresa em análise, tomadas tanto no mercado de crédito como no mercado acionário.

Giro do ativo

Fórmula:
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎𝑠
𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 =
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙

O ativo total é considerado pela soma dos investimentos da empresa. Assim, esse indicador mede a
eficiência com a qual ela usa seus ativos para gerar vendas; quantas vezes o ativo gera um volume
suficiente de atividade, tendo em vista seu investimento total do ativo.

Exemplo:
2010 2011
Vendas Líquidas 597.000,00 664.300,00
Ativo Total 334.400,00 402.200,00

Giro do Ativo – Índice 2010


597.200,00
= 1,79
334.400,00

Giro do Ativo – Índice 2011:


664.300,00
= 1,65
402.200,00

Pelo cálculo acima podemos verificar que, em 2010, o volume de vendas renovou 1,79 vezes o Ativo
Total no ano; já em 2011, esse índice caiu para 1,65, evidenciando que o desempenho da empresa não
manteve o mesmo nível.
Isso pode ter ocorrido por alguns fatores, tais como retração do mercado, concorrência, estratégia da
empresa, etc. Quanto maior o resultado obtido com esse indicador, mais eficientemente os Ativos da
empresa têm sido usados.

Rentabilidade do Ativo (ROA)5

Fórmula:
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 (𝑙í𝑞. 𝐼𝑅)
𝑋 100
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙

Este índice demonstra o quanto a empresa conseguiu rentabilizar o seu ativo, qual foi o Lucro
Operacional Líquido de IR em relação ao Ativo Total. Trata-se de um indicador de desempenho que
mostra o quanto a empresa foi rentável em relação ao total dos seus recursos (Ativo).
O Lucro Operacional pertence aos proprietários do capital investido (credores e acionistas), sendo
composto do resultado dos acionistas (lucro líquido) mais a remuneração devida ao credores (despesas
financeiras).

Exemplo:
2010 2011
Ativo Total 334.400,00 402.200,00
Lucro Líquido 62.600,00 59.516,00
Despesas Financeiras 33.760,00 42.200,00

Rentabilidade do Ativo – Índice 2010:

96.360,00
𝑋 100 = 28,82%
334.400,00
5
ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Curso de Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 2009.

. 26
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
Rentabilidade do Ativo – Índice 2011:

101.716,00
𝑋 100 = 25,29%
402.200,00

Pode-se verificar que, em 2010, a rentabilidade do Ativo ficou em 28,82%, ocorrendo redução, em
2011, para 25,29%, o que demonstra que a empresa não foi eficiente em rentabilizar seus recursos e não
conseguiu gerar vendas nem lucro suficiente para tal.

Existem autores que tratam da Rentabilidade do Ativo (ROA) utilizando o Lucro Líquido ao invés do
Lucro Operacional Líquido de IR. Desta forma, teríamos6:

𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑋 100
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙

Exemplo:
2010 2011
Ativo Total 334.400,00 402.200,00
Lucro Líquido 62.600,00 59.516,00

Rentabilidade do Ativo – Índice 2010:

62.600,00
𝑋 100 = 18,72%
334.400,00

Rentabilidade do Ativo – Índice 2011:

59.516,00
𝑋 100 = 14,80%
402.200,00

Pode-se verificar que, em 2010, a rentabilidade do Ativo ficou em 18,72%, ocorrendo redução, em
2011, para 14,80%, o que demonstra que a empresa não foi eficiente em rentabilizar seus recursos e não
conseguiu gerar vendas nem lucro suficiente para tal. Nesse indicador, quanto maior o resultado, melhor.
O que podemos observar é que, utilizando o Lucro Operacional Líquido de IR, teremos um resultado
maior em termos percentuais com relação à utilização do Lucro Líquido.
Para que esses resultados possam ser mais significativos, é interessante que seja comparado com os
juros das operações financeiras realizadas para aquisição, manutenção ou qualquer outra situação
relativa aos ativos da empresa.

Rentabilidade do Patrimônio Líquido (ROE)

Fórmula:
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑀é𝑑𝑖𝑜

Este índice mensura o retorno dos recursos aplicados na empresa por seus proprietários (acionistas).
Em outras palavras, para cada R$1,00 de recursos próprios (patrimônio líquido) investido na empresa,
quanto os proprietários auferem de retorno.

Exemplo:
2010 2011
Patrimônio Líquido 206.600,00 271.800,00
Lucro Líquido 62.600,00 59.516,00

Por que a utilização do Patrimônio Líquido médio na fórmula?

6
AZEVEDO, M. C. Estrutura e Análise das Demonstrações Financeiras. Campinas, SP: Editora Alínea, 2015. p. 204.

. 27
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
Pelos conceitos da matemática financeira, uma renda (neste caso, o Lucro líquido) deve ser dividida
pelo Capital Inicial (patrimônio Líquido do início do ano), mas como o Patrimônio Líquido sofre
modificações no decorrer do ano em função de pagamentos de dividendos ou de alterações no valor do
Capital Social, foi convencionada a utilização do Patrimônio Líquido Médio, que é a somatória do
Patrimônio Líquido Inicial com o Patrimônio Líquido Final, cujo resultado divide-se por 2, ou seja:

𝑃𝐿 2010 + 𝑃𝐿 2011
𝑃𝐿𝑀 =
2

Rentabilidade do Patrimônio Líquido – Índice 2011:


59.516,00 59.516,00
𝑋 100 → 𝑋 100 = 24,88%
(206.600,00 + 271.800,00)/2 239.200,00

O percentual apurado indica que a empresa rentabilizou o capital social em 24,88% no ano de 2011.
Esse percentual deverá ser comparado com as taxas de outros rendimentos do mercado, como
aplicações financeiras, ações, dentre outros. Com essa comparação, os acionistas poderão avaliar se a
empresa oferece melhor rentabilidade e tomarem a decisão da continuidade do investimento. Nesse
indicador, quanto maior o resultado, melhor.

Índices de Lucratividade
É importante ressaltar a diferença entre Lucratividade e Rentabilidade, pois são muitos os casos em
que ele são tratado como sinônimos.

- Lucratividade (eficácia operacional) - Demonstra a capacidade que o gestor e o próprio patrimônio


possuem de produzir resultados ou atingir os objetivos.
- Rentabilidade (eficácia organizacional) - Demonstra a capacidade que a organização possui de
remunerar os capitais nela investidos.
Tais indicadores revelam, no conjunto, os efeitos das ações operacionais, isto é, das políticas
administrativas aplicadas ou exercidas sobre o patrimônio. Mostram também alguns fatores críticos de
sucesso do negócio, que podem despertar em vários agentes interesse pela organização.
- Uso dos Indicadores de Lucratividade

1. Fixar padrões de comportamento, ou parâmetros de benchmarking;


2. Elaborar orçamentos;
3. Avaliar os resultados das ações de uma gestão;
4. Avaliar as políticas de vendas, compras e investimentos;
5. Orientar todos os agentes interessados na empresa: investidores, financiadores, empregados,
concorrentes, poder público, etc.

Margem Líquida

Fórmula:
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑋 100
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎𝑠

Este índice demonstra o quanto a empresa obteve de Lucro Líquido em relação à receita líquida,
indicando também a capacidade de a empresa em gerar lucro.

Exemplo:
2010 2011
Vendas Líquidas 597.000,00 664.300,00
Lucro Líquido 62.600,00 59.516,00

Margem Líquida – Índice 2010:


62.600,00
𝑋 100 = 10,48%
597.000,00

. 28
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
Margem Líquida – Índice 2011:
59.516,00
𝑋 100 = 8,96%
664.300,00

Margem Operacional

Fórmula:
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙
𝑋 100
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎𝑠

Este índice demonstra o quanto a empresa obteve de Lucro Líquido em relação à receita líquida,
indicando também a capacidade de a empresa em gerar lucro.

Exemplo:
2010 2011
Vendas Líquidas 597.000,00 664.300,00
Lucro Operacional 87.400,00 83.700,00

Margem Operacional – Índice 2010:


87.400,00
𝑋 100 = 14,64%
597.000,00

Margem Operacional – Índice 2011:


83.700,00
𝑋 100 = 12,60%
664.300,00

O índice mostra que, em 2010, depois de descontados todos os custos e despesas, sobraram 14,64%
das vendas líquidas da empresa; já em 2011, esse índice reduziu para 12,60%. Esse indicador sinaliza
que ela tem que rever sua estratégia de lucro, verificar a causa da redução e corrigir o que for necessário.
Nesse indicador, quanto maior o resultado, melhor.

Margem de contribuição unitária


É composta pelos índices de Preço de Venda e Custo Variável Unitário, sendo a diferença entre eles:

𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜 𝑈𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑎 = 𝑃𝑉 − 𝐶𝑉𝑈

Preço de Venda (PV)

Fórmula:
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑖𝑠
𝑋 100
𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎

Custo de Venda Unitário (CVU)

Fórmula:
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑉𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑙 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎

Exemplo:

2011
Vendas Totais 3.124.810
Custo Variável Total 1.399.900
Quantidade Vendida 2.860

Preço de Venda – Índice 2011:


3.124.810
= 1.092,59
2.860

. 29
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
Custo Variável – Índice 2011:
1.399.900
= 489,48
2.860

Margem de Contribuição Unitária:


1.092,59 − 489,48 = 603,11

Ciclo Econômico, Operacional e Financeiro


Utilizadas para mensurar o tempo em que as atividades da empresa são desenvolvidas. De
fundamental importância no controle gerencial e gestão de negócios, refletem a cultura organizacional da
empresa, dentro do seu ramo de negócios. Seus valores dependem dos processos de produção,
capacidade de vendas e recebimentos de clientes. No caso do ciclo financeiro considera-se também o
pagamento a fornecedores.7

Exemplo:
Considere uma empresa onde as mercadorias permaneçam 42 dias em estoque, com uma média de
recebimento de clientes igual a 60 dias sendo o pagamento a fornecedores em 30 dias. Teremos os
seguintes valores para o cálculo dos ciclos como exemplo:
- Prazo Médio de Estocagem (PME) = 42 dias
- Prazo Médio de Contas a Receber (PMCR) = 60 dias
- Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores (PMPF) = 30 dias

Ciclo Econômico
O ciclo econômico é o tempo em que a mercadoria permanece em estoque. Vai desde a aquisição dos
produtos até o ato da venda, não levando em consideração o recebimento das mesmas (encaixe).

Fórmula:
Ciclo Econômico = Prazo Médio de Estocagem (PME)

Exemplo:
Ciclo Econômico = 42 dias
Ciclo Operacional
Compreende o período entre a data da compra até o recebimento de cliente. Caso a empresa trabalhe
somente com vendas à vista, o ciclo operacional tem o mesmo valor do ciclo econômico.

Fórmula:
Ciclo Operacional = Ciclo Econômico + Prazo Médio de Contas a Receber (PMCR)

Exemplo:
Ciclo Operacional = 42 dias + 60 dias
Ciclo Operacional = 102 dias
Ciclo Financeiro
Também conhecido como Ciclo de caixa é o tempo entre o pagamento a fornecedores e o recebimento
das vendas. Quanto maior o poder de negociação da empresa com fornecedores, menor o ciclo financeiro.

Fórmula:
Ciclo Financeiro = Ciclo Operacional - Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores (PMPF)

Exemplo:
Ciclo Financeiro = 102 dias - 30 dias
Ciclo Financeiro = 72 dias

Análise
É importante para a empresa, sempre buscar alternativas que resultem em ciclos financeiros
reduzidos, observando sempre as limitações do mercado e o setor econômico inserido.

7
http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/ciclos.htm

. 30
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
Com ciclos menores temos o aumento do giro de negócios, proporcionando maiores retornos sobre os
investimentos. No exemplo acima temos um ciclo financeiro de 72 dias, isso significa dizer que durante 1
ano (360 dias) a empresa gira 5 vezes. Observe que após o pagamento a fornecedores, a empresa
começa a financiar suas atividades com seu próprio capital de giro. Abaixo temos a diminuição do ciclo
financeiro estendendo o pagamento a fornecedores de x' para x''. Outras medidas seriam a antecipação
de vendas e de seus respectivos recebimentos.

Índices de Atividade
Os indicadores de atividade visam à mensuração das diversas durações de um “ciclo operacional”, o
qual envolve todas as fases operacionais típicas de uma empresa, que vão desde a aquisição de insumos
básicos ou mercadorias até o recebimento das vendas realizadas. Para a redução desse período e,
consequentemente, das necessidades de investimentos, as empresas se utilizam, normalmente, de
prazos para pagamentos de estoques adquiridos e de operações bancárias de desconto de duplicatas
representativas das vendas a crédito.
Dessa maneira, são determinadas a liquidez dos estoques, dos valores a receber de clientes e devidos
a fornecedores, assim como suas respectivas rotações (giros).

Prazo Médio de Estocagem (PME)

Fórmula:
𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑀é𝑑𝑖𝑜
𝑋 360
𝐶𝑀𝑉 𝑜𝑢 𝐶𝑃𝑉

Indica o tempo médio necessário para a completa renovação (venda) dos estoques da empresa. É
obtido admitindo demonstrações financeiras anuais.
Na fórmula, usa-se 360 para multiplicar o resultado da divisão do estoque médio pelo custo da
mercadoria ou do produto vendido, conforme a atividade da empresa, para fornecer o prazo médio de
estocagem em dias. Desejando-se saber em meses, basta multiplicar por 12. Essa observação é válida
para os demais prazos.
Um prazo maior de estocagem acarreta a necessidade de maiores investimentos no ativo, constituindo,
em consequência, um fator redutor do seu retorno, ou seja, quanto menor este, melhor.

Exemplo:
2010 2011
Estoque 47.300,00 44.000,00
Custo das Mercadorias Vendidas 333.040,00 362.000,00

Prazo Médio de Estocagem (PME) – Índice 2011:

(47.300,00 + 44.000,00) ÷ 2
𝑋 360 = 45 𝑑𝑖𝑎𝑠
362.000,000

. 31
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
O índice demonstra que foram necessários, em média, 45 dias para que o estoque da empresa fosse
totalmente renovado (vendido) em 2011, ou seja, interpreta-se que, em média, seus estoques são
vendidos a cada um mês e meio.

Ao se dividir 360 (ou 12, se o prazo de estocagem vier expresso em meses) pelo prazo de estocagem,
tem-se o giro (rotação) dos estoques, o que identifica o número de vezes que os estoques giraram
(renovaram-se) no ano considerado.
360
𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠 =
𝑃𝑀𝐸

No caso do exemplo acima, foi apurado um PME igual a 45 dias, determinando um giro de 8 vezes no
exercício (360/45). Em outras palavras, os estoques da empresa foram vendidos 8 vezes no exercício.

Prazo Médio de Cobrança (PMR)

Fórmula:

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑎 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟 𝑑𝑒 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝑎 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 (𝑀é𝑑𝑖𝑎)


𝑋 360
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝑎 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜

Inversamente ao PMPF, o Prazo Médio de Cobrança revela o tempo médio (meses ou dias) de que a
empresa dispõe para receber suas vendas realizadas a prazo.
Ressalta-se que a empresa deve abreviar, sempre que possível, o prazo de recebimento de suas
vendas. Com isso, pode manter recursos disponíveis para outras aplicações mais rentáveis por prazos
maiores rentabilidade. O custo de manter recursos aplicados em itens realizáveis pode ser identificado
pela taxa de juros cobrada pelo mercado em empréstimos para giro.

Exemplo:
2010 2011
Duplicatas a Receber 67.200,00 98.000,00
Vendas a Prazo 597.200,00 664.300,00

Prazo Médio de Cobrança (PMR) – Índice 2011:

(67.200,00 + 98.000,00) ÷ 2
𝑋 360 = 45 𝑑𝑖𝑎𝑠
664.300,00

Este índice revela que em 2011 a empresa disponibilizou, em média, 45 dias para receber suas vendas
realizadas a prazo. Desta forma, ela possui um giro de 8 vezes (360/45) na realização de seus créditos
com clientes, em termos de caixa.

Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores (PMPF)

Fórmula:

𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 (𝑀é𝑑𝑖𝑎)
𝑋 360
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠 𝐴𝑛𝑢𝑎𝑖𝑠 𝑎 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜

Revela o tempo médio (expresso em meses ou dias) que a empresa tarda em pagar suas dívidas
(compras a prazo) de fornecedores. ´
De forma idêntica ao PME, dividindo 360 (ou 12) por esse prazo, tem-se o giro (rotação) das contas a
pagar. Ou seja, o número de vezes em que os passivos com fornecedores foram pagos no exercício.

Exemplo:
2010 2011
Fornecedores 90.800,00 110.000,00
Compras 381.200,00

. 32
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores (PMPF) – Índice 2011:

(90.080,00 + 110.000,00) ÷ 2
𝑋 360 = 94 𝑑𝑖𝑎𝑠
381.200,00

O índice demonstra que em 2011 a empresa utilizou, em média, 94 dias para pagar suas dívidas com
fornecedores. Interpreta-se, também, que a empresa tem um giro de contas a pagar a fornecedores de 4
vezes (360/4).

Ciclo Operacional – 2011:

𝑃𝑀𝐸 + 𝑃𝑀𝑅
45 + 45 = 90 𝑑𝑖𝑎𝑠

Ciclo Financeiro – 2011:

𝐶𝑖𝑐𝑙𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 − 𝑃𝑀𝑃𝐹


90 − 94 = −4 𝑑𝑖𝑎𝑠

Índices de Valor de Mercado


Estes indicadores objetivam avaliar os reflexos do desempenho da empresa sobre suas ações. São
de grande utilidade para os analistas de mercado e acionistas (potenciais e atuais), como parâmetros de
apoio às suas decisões de investimentos. De forma idêntica, as cotações de mercado são frequentemente
sensíveis aos resultados desses indicadores, podendo estabelecer, inclusive, tendências futuras sobre
sua maximização.

Lucro por Ação (LPA)

Fórmula:
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝐴çõ𝑒𝑠 𝐸𝑚𝑖𝑡𝑖𝑑𝑎𝑠

O índice ilustra o benefício (lucro) auferido por cada ação emitida pela empresa, ou seja, do total do
lucro líquido (após o Imposto de Renda) obtido em determinado período, quanto compete à cada ação.

Exemplo:
2010 2011
Lucro Líquido 138.000,00 221.000,00
Número de Ações Emitidas 76.244 76.262

Lucro por Ação (LPA) – Índice 2010:


221.000,00
= 1,81
76.244

Lucro por Ação (LPA) – Índice 2011:


221.000,00
= 2,90
76.262

Ressalta-se que o indicador não revela o quanto cada acionista irá, efetivamente, receber em função
do retorno produzido na aplicação de seus capitais. É melhor interpretado como o resultado líquido que
competiria à cada ação emitida na hipótese de ser integralmente distribuído.
Deve ser ressaltado que a distribuição dos resultados líquidos apurados é definida pela política de
dividendos adotada pela empresa.

Índice Preço/Lucro (P/L)


Fórmula:
𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑀𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝐴𝑞𝑢𝑖𝑠𝑖çã𝑜 𝑑𝑎 𝐴çã𝑜
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝐴çã𝑜 (𝐿𝑃𝐴)

. 33
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
O P/L é um quociente bastante tradicional do processo de análise de ações, sendo muito utilizado
pelos investidores. É calculado pela relação entre o preço de aquisição do título (valor do investimento
efetuado ou do mercado) e seu lucro unitário por ação anual (LPA).

Exemplo:
2010 2011
Preço de Mercado de Aquisição da Ação 30,50 32,25
Lucro por Ação (LPA) 1,81 2,90

Índice Preço/Lucro (P/L) – Índice 2010:


30,50
= 16,85
1,81

Índice Preço/Lucro (P/L) – Índice 2011:


32,25
= 11,1
2,90

Teoricamente, o P/L indica o número de anos (exercícios) que um investidor tardaria em recuperar o
capital aplicado na ação. No entanto, algumas restrições ao uso desse indicador devem ser levantadas.
Da mesma forma que o Lucro por Ação (LPA), o P/L é estático, ou seja, seu resultado é válido para a
data de sua apuração, não sendo necessariamente representativo para períodos futuros. Os valores
considerados em sua forma de cálculo assumem, normalmente, contínuas variações no tempo, que
deverão ser incorporadas em sua expressão de cálculo para torná-las mais dinâmicas às decisões
futuras.
Sabe-se que o LPA, por sua vez, não costuma ser integralmente distribuído. Dessa maneira, o índice
P/L de uma ação revelará, efetivamente, o número de períodos necessários para um investidor recuperar,
em termos de caixa, seu capital aplicado. O inverso do P/L, isto é, L/P, apura a taxa de lucratividade
esperada de uma ação.

Indicadores Economicos
8
Tomar decisões faz parte da rotina de todo empreendedor e ter em mãos os dados necessários para
fundamentar essas decisões pode ser muito útil – um passo em falso pode levar um negócio bem-
sucedido à falência. Entre as informações essenciais para tomar uma decisão assertiva estão
os indicadores econômicos revelando a situação macroeconômica de uma região, estado ou país e
apontando tendências. Entender e acompanhar esses dados pode ser o diferencial quando se trata de
tomar uma decisão ou planejar uma estratégia. Abaixo os indicadores econômicos mais utilizados:

PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) - Esse indicador sintetiza a situação da economia de um país.
Seu cálculo é trimestral e sua análise é feita comparando os resultados atuais a resultados anteriores.
Podemos dizer que o PIB é o resumo de toda a riqueza de uma nação em termos monetários na ocasião
em que foi medido. No Brasil, ele é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

TAXA DE DESEMPREGO - Outro índice calculado do pelo IBGE, esse indicador é gerado a partir de
dados obtidos pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Com os dados da pesquisa, divide-se o número
de pessoas desempregadas pelo número de pessoas empregadas (PEA). Multiplique o resultado por cem
e você terá o percentual da taxa de desemprego.

ÍNDICES DE PREÇOS - Os indicadores pertencentes à essa classificação têm como finalidade medir
a inflação. Há diferentes formas de medição e elas podem ser realizadas tanto pelo setor público quanto
pelo setor privado.

ÍNDICE GERAL DE PREÇOS – DISPONIBILIDADE INTERNA (IGP – DI) - Esse índice mede o
comportamento dos preços no mercado. Seu cálculo é feito calculando-se a média entre o Índice de
Preços no Atacado (IPA), índice de Preços ao Consumidor (IPC) e índice Nacional de Custo da
Construção (INCC). Criado na década de 40 e obtido por meio de uma amplitude muito grande de valores,
esse indicador tem sido criticado por não dar conta de alguns gargalos técnicos. O IGP-M é utilizado para

8
http://www.debit.com.br/blog/index.php/2016/03/02/saiba-o-que-sao-indicadores-economicos-e-por-que-voce-deve-acompanha-los/

. 34
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reajustar tarifas públicas, planos e seguros de saúde e contratos de aluguel. Ele é medido pela Fundação
Getúlio Vargas (FGV).

ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO (IPCA) - Esse índice mede a variação de preços e
o seu impacto nas compras das famílias brasileiras. A coleta dos dados é realizada em 10 regiões
metropolitanas: Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba,
Vitória e Porto Alegre, além de Brasília e os municípios de Goiânia e Campo Grande. A medida é adotada
pelo Banco Central como meio de fixação das metas de inflação.

SETOR EXTERNO - Os índices do setor externo medem a relação do país com o mercado externo.

ÍNDICE DE EXPORTAÇÕES - Calculado pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), esse índice
calcula os índices de valor ($), volume (Kg) e preço ($/Kg) das exportações brasileiras. Seus números
indicam o quanto o Brasil conseguiu vender para outros países.

SALDO DA BALANÇA COMERCIAL - É a subtração das exportações pelas importações. Para que a
balança comercial seja favorável, é necessário que as exportações superem as importações.

DÍVIDA EXTERNA - Indica os débitos do país. Para que um país se torne credor, as dívidas externas
contraídas devem ser menores do que as subsidiadas.

ÍNDICES FINANCEIROS - Os índices financeiros demonstram a capacidade de liquidez do mercado.


Eles indicam como o mercado tem se comportado no que diz respeito à disponibilidade do consumidor
em realizar compras.

TAXA SELIC - Essa taxa, que significa Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, refere-se aos
débitos e créditos de operações financeiras realizadas dentro do mercado bancário. Ou seja, a Selic é
uma taxa estipulada para empréstimos entre bancos. A meta Selic é determinada mensalmente pelo
Copom, Comitê de Política Monetária. A taxa Selic pode ser sentida de formas variadas no bolso do
contribuinte. Para quem investe em fundos DI, mudanças na taxa têm efeitos diretos e para quem tomou
dinheiro emprestado dos bancos, a influência da taxa tende a ser mais lenta.

POUPANÇA - Um dos investimentos mais populares no Brasil, a poupança é regulamentada pelo


Banco Central e sua remuneração básica é dada pela Taxa Referencial (TR) acrescida de 0,5%.
Conforme levantamento feito pelo Banco Central, em 2015 os valores retirados da poupança superam os
depósitos. Tal situação impacta os financiamentos imobiliários, pois conforme foi estipulado, os bancos
precisam destinar 65% dos saldos da poupança para o crédito imobiliário.

Caro(a) Candidato(a) abaixo traremos alguns indicadores solicitados, conforme edital.


9
Inflação - A previsão do mercado para a inflação em 2018, ficou em 3,53% (Dados da primeira semana de Abril
de 2018). Foi a décima queda seguida no indicador.
O percentual esperado pelos analistas continua abaixo da meta central que o Banco Central precisa perseguir
para a inflação neste ano, que é de 4,5%. Entretanto, está dentro do intervalo de tolerância previsto pelo sistema,
que considera que a meta terá sido cumprida pelo BC se o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficar
entre 3% e 6%.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva
ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic).

PIB e Juros - Para o resultado do PIB em 2018, os economistas dos bancos baixaram a previsão de
crescimento de 2,84% para 2,80%. Para o ano que vem, a expectativa do mercado para expansão da economia
continua em 3%.
O Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução
da economia. Em 2016, o PIB teve uma retração de 3,5%. Em 2017, cresceu 1% e encerrou a recessão no país.
Os analistas do mercado mantiveram em 6,25% ao ano sua previsão para a taxa básica de juros da economia,
a Selic, ao final de 2018. Atualmente, a taxa está em 6,5% ao ano.

9
https://g1.globo.com/economia/noticia/mercado-baixa-estimativa-de-inflacao-e-de-alta-do-pib-em-2018.ghtml

. 35
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
Câmbio, Balança e Investimento - Na edição da 1ª semana de Abril de 2018 do relatório Focus, a projeção do
mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2018 ficou estável em R$ 3,30 por dólar. Para o fechamento
de 2019, caiu de R$ 3,40 para R$ 3,39 por dólar.
A projeção do boletim Focus para o resultado da balança comercial (resultado do total de exportações menos as
importações), em 2018, continuou em US$ 55 bilhões de resultado positivo.
Para o ano que vem, a estimativa dos especialistas do mercado para o superávit permaneceu estável ao redor
de US$ 45 bilhões.
A previsão do relatório para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil, em 2018, permaneceu em
US$ 80 bilhões. Para 2019, a estimativa dos analistas ficou estável em US$ 80 bilhões.
10
Balanço de Pagamentos - O balanço de pagamentos é o registro estatístico de todas as transações
– fluxo de bens e direitos de valor econômico – entre os residentes de uma economia e o restante do
mundo, ocorridos em determinado período de tempo.
A série temporal de balanço de pagamentos do Brasil foi elaborada seguindo as diretrizes conceituais
estabelecidas na 5ª edição do Manual de Balanço de Pagamentos do Fundo Monetário Internacional -
FMI.

Questões

01. (GDF – Analista - IADES) A análise das demonstrações financeiras pode ser realizada por meio
de índices ou das análises vertical e horizontal. Acerca dessas diferentes técnicas de avaliação de
empresas, assinale a alternativa correta.
(A) A análise vertical/horizontal permite analisar uma demonstração financeira de forma detalhada,
identificando pontos específicos que representam problemas na empresa.
(B) Na comparação com a técnica de análise vertical/horizontal, a análise por meio de índices é mais
aprofundada e detalhada.
(C) As informações a respeito de margem de lucro e endividamento são obtidas por meio da análise
horizontal.
(D) A análise horizontal mostra o percentual de cada conta em relação ao grupo, evidenciando sua
importância no conjunto.
(E) A análise vertical fundamenta-se no cálculo das variações em relação a um ano-base, evidenciando
a evolução de cada conta das demonstrações financeiras.

02. (ANTAQ – Analista Administrativo – Ciências Contábeis – CESPE) Em relação aos


indicadores de liquidez, julgue os próximos itens. Os indicadores de liquidez são sinalizadores
dinâmicos da capacidade econômica dos negócios de uma empresa.
( ) Certo ( ) Errado

03. (SEFAZ-RJ – Analista de Controle Interno – CEPERJ) A relação existente entre as


disponibilidades da companhia e seu passivo circulante representa o índice do quocie nte de solvência
denominado:
(A) liquidez imediata
(B) liquidez seca
(C) liquidez corrente
(D) liquidez geral
(E) liquidez pura

04. (TCE-AP - Analista de Controle Externo - Orçamento e Finanças FCC) Utilize as contas
fornecidas a seguir e considere apenas duas casas decimais.

Contas Valor
Contas a Receber – curto Prazo R$ 30.000,00
Capital Social R$235.000,00
Empréstimos contraídos – curto Prazo R$ 50.000,00
Fornecedores R$ 35.000,00
Adiantamentos Fornecedores – Longo Prazo R$ 80.000,00
Empréstimos concedidos – Curto Prazo R$ 80.000,00

10
http://www4.bcb.gov.br/pec/series/port/metadados/mg152p.htm

. 36
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
Estoques R$120.000,00
Bancos R$ 40.000,00
Duplicatas Descontadas – Curto Prazo R$ 10.000,00
Receitas Diferidas – Curto Prazo R$ 40.000,00
Imobilizado R$ 20.000,00

Com base nos dados é correto afirmar que o índice de liquidez:


(A) geral é 2,64.
(B) seca é 1,35.
(C) Corrente é 2,00.
(D) absoluta é 1,74.
(E) Imediata é 0,80.

5. (TRE-PR – Analista – FCC) Considere o Balanço Patrimonial da empresa Gama S/A referente ao
exercício financeiro de X2:

Empresa Gama S/A


Balanço Patrimonial do Exercício findo em 31/12/x2
ATIVO 31/12/X2 PASSIVO 31/12/X2
ATIVO CIRCULANTE 7.200,00 PASSIVO CIRCULANTE 6.000,00

ATIVO NÃO CIRCULANTE 7.800,00 PASSIVO NÃO CIRCULANTE 4.000,00


Realizável a Longo Prazo 1.550,00
Investimentos 1.000,00
Imobilizado 3.750,00 PATIMÔNIO LÍQUIDO 5.000,00

TOTAL DO ATIVO 15.000,00 TOTAL DO PASSIVO + PL 15.000,00

(A) a dívida da empresa representa 200% do seu capital próprio


(B) o capital de terceiros representa mais de 70% das fontes de recursos da empresa
(C) o capital próprio é suficiente para cobrir os investimentos em ativos permanentes
(D) a maior parte da dívida da empresa tem vencimento de longo prazo
(E) o índice de imobilização do recursos não correntes é de 0,80

6. (SEFAZ-RJ - Analista de Controle Interno – CEPERJ) A relação entre o capital de terceiros e o


capital próprio de uma determinada empresa é igual a 1,25. Se sua situação líquida é de 113.760,00,
pode-se afirmar que a proporção do ativo total financiado por recursos de terceiros é de:
(A) 25%
(B) 56%
(C) 66%
(D) 75%
(E) 80%

7. (CIAAR - Oficial Temporário – Administração – CIAAR) As empresas A e B apresentaram os


seguintes dados extraídos de suas demonstrações contábeis ao final do exercício de 2011:

Empresa A Empresa B
Ativo circulante R$180.000,00 R$120.000,00
Ativo não circulante R$270.000,00 R$270.000,00
Ativo total R$450.000,00 R$390.000,00
Passivo circulante R$150.000,00 R$90.000,00
Passivo não circulante R$75.000,00 R$124.500,00
Vendas Líquidas R$540.000,00 R$450.000,00
Lucro Líquido R$81.000,00 R$90.000,00
Estoques R$50.000,00 R$45.000,00

. 37
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
A rentabilidade do ativo das empresas A e B foi respectivamente de:
(A) 5,56% e 4.33%.
(B) 18% e 23%.
(C) 83% e 87%.
(D) 120% e 115%.

8. (PC-MG - Perito Criminal – FUMARC) Ao final de um período de operações, uma determinada


empresa apresentou os saldos abaixo, relativos a algumas de suas contas:
Receita Líquida - R$80.000,00
Ativo Total - R$50.000,00
Margem Líquida - 8,00%
Giro do Ativo - 1,60.
Com base nesses dados, a rentabilidade do ativo total da empresa em questão é da ordem de:
(A) 16,00%.
(B) 12,80%.
(C) 6,25%.
(D) 5,00%.

09. (Departamento de Polícia Federal – CESPE) Em 02/12/2013, uma empresa contraiu, junto a
uma instituição financeira, empréstimo que deve ser integralmente pago em março de 2015, com juros de
2% ao mês.
Considerando essa situação, julgue os itens a seguir a respeito dos efeitos específicos da referida
transação nos índices de liquidez e de endividamento da empresa na data em que lhe foi transferido o
valor do empréstimo.
A relação capital de terceiros/capital próprio não sofreu alteração, ao passo que a participação das dívidas
de curto prazo no endividamento total teve uma redução.
(...) Certo (....) Errado

10. (PC-RJ – Perito Criminal – Contabilidade – IBFC) Com base nas informações abaixo, responda
às questões

As vendas líquidas da empresa somaram $ 65.000,00, sendo o custo das mercadorias vendidas e as
despesas operacionais no montante de $ 50.000,00. Os índices de Liquidez Geral e Liquidez Seca são,
respectivamente:
(A) 0,53 e 0,66.
(B) 1 e 0,64.
(C) 0,45 e 1.
(D) 0,25 e 2,1.
(E) 0,64 e 0,58.

11. (MPE-AP - Analista Ministerial – Administração – FCC) Na análise de demonstrações


financeiras, aquela de participação percentual ou de estrutura dos elementos dos Demonstrativos
Contábeis é à de:

. 38
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
(A) Indicadores Econômico-Financeiros.
(B) Análise Horizontal Real (AHR).
(C) Análise Horizontal (AH).
(D) Análise Prospectiva (AP).
(E) Análise Vertical (AV).

12. (PC-MG - Analista da Polícia Civil - Ciências Contábeis- FUMARC) A finalidade principal da
análise horizontal é verificar
(A) a evolução dos elementos que formam as demonstrações financeiras.
(B) o quociente dos elementos formadores das demonstrações financeiras.
(C) se a empresa obteve lucro satisfatório em relação às aplicações efetuadas.
(D) a participação percentual dos componentes das demonstrações financeiras.

13. (EBSERH – Analista Administrativo – Contabilidade – IBFC) Analise as Demonstrações


Contábeis abaixo de determinada Cia de Capital Aberto e responda a questão.

A Liquidez Seca no período foi de:


(A) 1,88 em 2.015 e 2,59 em 2.014
(B) 2,59 em 2.015 e 1,88 em 2.014
(C) 1,60 em 2.015 e 2,14 em 2.014
(D) 1,15 em 2.015 e 1,21 em 2.014
(E) 1,21 em 2.015 e 1,15 em 2.014

14. (ANAC – Especialista em Regulação de Aviação Civil – ESAF) Ao se proceder à análise das
demonstrações contábeis de uma determinada empresa, verificou-se que:
I. a participação de recursos de terceiros correspondia a 25% do Patrimônio Líquido.
II. o Ativo Circulante correspondia a 20% do Ativo Total.
III. o Passivo Circulante correspondia a 50% do Passivo Total da empresa.
Considerando-se as informações acima, podemos afirmar que o índice de Liquidez Corrente da
empresa era de:
(A) 1,0.
(B) 1,5.
(C) 2,0.
(D) 2,5.
(E) 1,8.

15. (CFC – 2º Exame Bacharel em Ciências Contábeis – CFC) Uma Sociedade Comercial informa
que o seu ciclo operacional é, em média, de 50 dias; o prazo médio de rotação de estoque é de 20 dias;
o prazo médio de recebimento é de 30 dias; e o prazo médio de pagamento dos fornecedores é de 15
dias.

. 39
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
Com base nos dados apresentados, assinale a opção CORRETA.
a) Como o ciclo operacional da empresa é, em média, de 50 dias, e o prazo médio de recebimento é
de 30 dias, a empresa permanece, em média, 20 dias sem cobertura de fontes operacionais.
b) Como o ciclo operacional da empresa é, em média, de 50 dias, o prazo médio de recebimento é
de 30 dias, e o prazo de pagamento de fornecedores é de 15 dias, a empresa permanece, em média, 5
dias sem cobertura de fontes operacionais
c) Como o prazo de rotação de estoque conjugado com o de recebimento das vendas ocorrerá, em
média, 35 dias depois do prazo médio de pagamento dos fornecedores, a empresa permanece, em média,
35 dias sem cobertura de fontes operacionais.
d) Como o prazo de rotação de estoque conjugado com o de recebimento das vendas ocorrerá, em
média, em 30 dias, e o prazo médio de pagamento de fornecedores é de 15 dias, a empresa permanece,
em média, 15 dias sem cobertura de fontes operacionais.

Gabarito
1. A / 2. Errado / 3. A / 4. C / 5. A / 6. B / 7. B / 8. B / 9. Errado /
10. E / 11. E / 12. A / 13. C / 14. C / 15. C

Respostas

1. Resposta: A.
Por serem análises que buscam verificar a evolução dos grupos de contas e contas contábeis, a análise
vertical e a horizontal permitem observações de pontos específicos que representam problemas na
empresa.

2. Resposta: Errado
Os indicadores de liquidez são sinalizadores estáticos da capacidade financeira dos negócios de uma
empresa, pois, são informações extraídas do balanço patrimonial, que é estático e financeiro.

3. Reposta: A.
Este quociente representa o valor de quanto dispomos imediatamente para saldar nossas dívidas de
curto prazo.
Liquidez imediata = Disponibilidades/Passivo circulante.

4. Resposta: C.
AC Ativo Circulante = 40+30+120+80= 270
PC Passivo Circulante= 50+35+10+40= 135
RLP Realizável a Longo Prazo= 80
ExLP Exigível a Longo Prazo = 0
Liquidez Geral = (AC + RLP) /(PC+ExLP) = (270+80) /135+0 = 350/135 = 2,592
Liquidez Seca = (AC - Estoques) /PC = (270-120) /135 = 150/135 = 1,11
Liquidez Corrente = AC/PC = 270/135 = 2
Liquidez Imediata/absoluta = Disponível/PC = 40/135 = 0,296 ou 0,3

5. Resposta: A.
𝑃𝐶 + 𝑃𝑁𝐶 10.000
= 𝑋 100 = 200%
𝑃𝐿 5.000
𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 + 𝐼𝑚𝑜𝑏. +𝐼𝑛𝑡𝑎𝑛𝑔í𝑣𝑒𝑙 6.250
= = 0,69
𝑃𝐿 + 𝐸𝑋𝐿𝑃 9.000

6. Resposta: B.

𝑃𝐶 + 𝐸𝐿𝑃 𝑃𝐶 + 𝐸𝐿𝑃
= = 1,25 → 113.760 𝑋 1,25 = 142.200 (𝐶𝑇)
𝑃𝐿 113.760

𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 + 𝑃𝐿 = 142.200 + 113.760 = 255.960 (𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜)

𝐶𝑇 142.200
𝑋 100 → = 56%
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 255.960

. 40
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7. Resposta: B.
Empresa A
ROA = Lucro Líquido / Ativo Total X 100%
ROA = 81.000 / 450.000 X 100%
ROA = 18%

Empresa B
ROA = Lucro Líquido / Ativo Total X 100%
ROA = 120.000 / 390.000 X 100%
ROA = 23 %

8. Resposta: B.
Para encontrarmos o Lucro Líquido, utilizaremos o cálculo da Margem Líquida:
ML Margem Líquida = Lucro Líquido / Vendas Líquidas = 0,08
Lucro Líquido / 80.000 =0,08
Lucro Líquido = 80.000 . 0,08
Lucro Líquido = 6.400

ROA Rentabilidade do Ativo = Lucro Líquido / Ativo Total X 100%


ROA = 6.400 / 50.000 X 100%
ROA = 0,128 X 100%
ROA = 12,8 %

09. Resposta: Errado.


Errada, pois a aquisição do empréstimo aumenta o valor do capital de terceiros.

10. Resposta: E
Liquidez Geral
Este índice leva em consideração a situação a longo prazo da empresa, incluindo no cálculo os direitos
e obrigações a longo prazo. Estes valores também são obtidos no balanço patrimonial.
Liquidez Geral = (Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo) / (Passivo Circulante + Passivo Não
Circulante)
LG=12200/19000=0,64

Liquidez Seca
Similar a liquidez corrente a liquidez Seca exclui do cálculo acima os estoques, por não apresentarem
liquidez compatível com o grupo patrimonial onde estão inseridos. O resultado deste índice será
invariavelmente menor ao de liquidez corrente, sendo cauteloso com relação ao estoque para a liquidação
de obrigações.
Liquidez Seca = (Ativo Circulante - Estoques) / Passivo Circulante
LS=(12200-1200)/19000=0,58

11. Resposta: E.
A análise vertical constitui, identicamente, um processo comparativo, sendo desenvolvida por meio de
comparações relativas entre valores afins ou relacionáveis identificados em uma mesma demonstração
financeira.

12. Resposta: A.
A análise horizontal consiste em verificar a evolução dos elementos do Balanço Patrimônio e da DRE
durante um determinado período. Essa verificação se faz entre valores de uma mesma conta ou grupo
de contas, evidenciando a evolução desta por períodos.
Umas das maneiras de apurar os percentuais de evolução da Análise Horizontal é tomar como base
um exercício e calcular a evolução dos demais, sempre em relação ao exercício base.

13. Resposta: C
O índice de liquidez seca mostra o quanto das dívidas de curto prazo podem ser pagas mediante itens
monetários de maior liquidez do ativo circulante. Logo,
Liquidez Seca = Ativo Circulante - Estoques - Despesa Antecipada / Pasivo Circulante

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14. Resposta: C.
Ativo (A) = Passivo (P) + Patrimônio líquido (PL)
Sendo o PL = 100, então o P = 25 (25%) e o ativo é: A = 25 + 100. A = 125
Como o AC corresponde a 20% do Ativo Total, temos que o AC = 25;
Como o PC corresponde a 50% do Passivo Total, temos que o PC = 12,5
Assim, LC = AC/PC. LC = 25/12,5 = 2,00

15. Resposta: C
Para resolver esta questão precisamos ter em mente os ciclos econômicos, operacionais e financeiros.
CICLO ECONÔMICO: PMRE (Prazo Médio de Renovação de Estoques)
CICLO OPERACIONAL: Ciclo Econômico + PMRV (Prazo Médio de Recebimento de Vendas)
CICLO FINANCEIRO: Ciclo Operacional - PMPC (Prazo Médio de Pagamento de Compras)
O enunciado já traz o valor do Ciclo Econômico, 20 dias. Também traz o valor do Ciclo Operacional,
50 dias.
Para encontrarmos o Ciclo Financeiro, basta extrairmos do Ciclo Operacional o montante de
dias referente ao pagamento das compras, que é 15 dias. Desta forma temos 50 dias – 15 dias, total do
nosso Ciclo Financeiro de 35 dias, ou seja, este é a quantidade de dias em que a empresa permanece
sem cobertura de fontes operacionais. Para a empresa não é algo muito bom.

10 Noções de Auditoria financeira (Normas Técnicas de Auditoria - NBC TA). 10.1


Estrutura conceitual. 10.2 Objetivos gerais da auditoria do auditor independente
e a condução da auditoria em conformidade com normas de auditoria.

NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE – NBC TA ESTRUTURA CONCEITUAL, DE 20 DE


NOVEMBRO DE 2015.11

Dá nova redação à NBC TA ESTRUTURA CONCEITUAL que dispõe sobre a estrutura conceitual para
trabalhos de asseguração.

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, considerando o processo de convergência das


Normas Brasileiras de Contabilidade aos padrões internacionais e que, mediante acordo firmado com a
Ifac, que autorizou, no Brasil, o CFC e o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) como
tradutores de suas normas e publicações, outorgando os direitos de realizar tradução, publicação e
distribuição das normas internacionais em formato eletrônico, no exercício de suas atribuições legais e
regimentais e com fundamento no disposto na alínea “f” do Art. 6º do Decreto-Lei n.º 9.295/1946, alterado
pela Lei n.º 12.249/2010, faz saber que foi aprovada em seu Plenário a seguinte Norma Brasileira de
Contabilidade (NBC), elaborada de acordo com a sua equivalente internacional “International Framework
for Assurance Engagements” da Ifac:

NBC TA ESTURUTURA CONCEITUAL – ESTRUTURA CONCEITUAL PARA TRABALHOS DE


ASSEGURAÇÃO

Introdução

1. Esta Estrutura Conceitual é emitida apenas com o intuito de facilitar o entendimento dos elementos
e objetivos dos trabalhos de asseguração e dos trabalhos aos quais as NBCs TA, NBCs TR e NBCs TO
(doravante referidas como Normas de Asseguração) se aplicam.

2. Esta estrutura não é uma norma e, por conseguinte, não estabelece nenhum requisito (nem
princípios básicos ou procedimentos essenciais) para a realização de auditorias, revisões ou outros
trabalhos de asseguração. Um relatório de asseguração não pode, portanto, afirmar que o trabalho foi
conduzido de acordo com esta estrutura, devendo se referir às normas de asseguração aplicáveis. As
normas de asseguração possuem objetivos, requerimentos, aplicações e outros materiais explicativos,
introduções e definições que são consistentes com esta estrutura e devem ser aplicados em auditorias,
revisões e outros trabalhos de asseguração.

11
http://www1.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2015/NBCTAESTRUTURACONCEITUAL - Acessado em 16.06.2018 as 12h52min

. 42
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
3. Esta estrutura fornece quadro de referência para:
(a) auditores independentes;
(b) outras pessoas envolvidas com trabalhos de asseguração, incluindo os usuários previstos de
relatório de asseguração e aqueles que contratam o auditor independente (parte contratante); e
(c) CFC ao emitir normas de asseguração e outras normas técnicas.

4. O que se segue é uma visão geral desta estrutura:


 Introdução: Esta estrutura trata dos trabalhos de asseguração executados por auditores
independentes.
 Descrição dos trabalhos de asseguração: Esta parte descreve os trabalhos de asseguração e
distingue o trabalho direto em relação ao trabalho de atestação, assim como o trabalho de asseguração
razoável e o trabalho de asseguração limitada.
 Abrangência da estrutura conceitual: Esta parte distingue trabalhos de asseguração de outros
trabalhos, como, por exemplo, trabalhos de consultoria.
 Precondições para trabalho de asseguração: Esta parte estabelece precondições para que o auditor
independente aceite trabalho de asseguração.
 Elementos de trabalho de asseguração: Esta parte identifica e discute os cinco elementos presentes
em trabalhos de asseguração: o relacionamento entre três partes, o objeto, os critérios, as evidências e
o relatório de asseguração. Ela explica, adicionalmente, as distinções importantes entre trabalhos de
asseguração razoável e trabalhos de asseguração limitada. Esta seção também discute, por exemplo, a
variação significativa no objeto dos trabalhos de asseguração, as características requeridas dos critérios
adequados, a função do risco e da relevância nos trabalhos de asseguração e como as conclusões são
expressas em trabalhos de asseguração razoável e trabalhos de asseguração limitada.
 Outros assuntos: Esta parte discute as responsabilidades de outras comunicações do auditor
independente que não estejam relacionadas com o seu relatório de asseguração, a documentação e as
implicações da associação do auditor com o objeto ou com a informação do objeto.

Princípios éticos e normas de controle de qualidade

5. O controle de qualidade em firmas que executam trabalhos de asseguração e a conformidade com


os princípios éticos, incluindo requerimentos de independência, é amplamente reconhecido como sendo
de interesse público e parte integrante dos trabalhos de asseguração de alta qualidade. Tais trabalhos
são realizados de acordo com as normas de asseguração, que possuem como premissa a base de que:
(a) os membros da equipe e o revisor de controle de qualidade (para aqueles trabalhos em que tal
revisão foi estabelecida) estão sujeitos às normas NBCs PG 100 – Aplicação Geral aos Profissionais da
Contabilidade e 200 – Contadores que Prestam Serviços (Contadores Externos) e NBCs PA 290 –
Independência – Trabalhos de Auditoria e Revisão e 291 – Independência – Outros Trabalhos de
Asseguração, relacionadas aos trabalhos de asseguração, ou requerimentos de lei ou regulamento, que
sejam, pelo menos, tão exigentes quanto às referidas NBCs; e
(b) o auditor independente é membro da firma que está sujeita à NBC PA 01 ou outros requerimentos
de lei ou regulamento sobre a responsabilidade da firma pelo seu sistema de controle de qualidade, que
seja, pelo menos, tão exigente quanto à referida NBC PA 01.

Código de ética e normas profissionais do CFC

6. A NBC PG 100 estabelece os seguintes princípios éticos que o auditor independente é requerido a
cumprir:
(a) integridade;
(b) objetividade;
(c) competência e zelo profissionais;
(d) sigilo profissional; e
(e) comportamento profissional.

7. A NBC PG 100 também fornece uma estrutura conceitual para ser aplicada pelos profissionais da
contabilidade para identificar ameaças ao cumprimento dos princípios éticos, avaliar a significância das
ameaças identificadas e, quando necessário, aplicar salvaguardas para eliminar as ameaças ou reduzi-
las a um nível aceitável.

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8. A NBC PG 200 descreve como os conceitos da NBC PG 100 se aplicam em certas situações para
profissionais da contabilidade que atuem como auditor independente, incluindo a independência. Essas
normas profissionais definem a independência como abrangendo tanto a independência de pensamento
quanto a independência na aparência. A independência garante a habilidade de formar uma conclusão
de asseguração sem ser afetado por influências que possam comprometer essa conclusão. A
independência aprimora a habilidade de agir com integridade, ser objetivo e de manter atitude de
ceticismo profissional.

NBC PA 01

9. A NBC PA 01 – Controle de Qualidade para Firmas (Pessoas Jurídicas e Físicas) de Auditores


Independentes trata das responsabilidades da firma em estabelecer e manter seu sistema de controle de
qualidade para trabalhos de asseguração. O cumprimento da NBC PA 01 requer, entre outras coisas, que
a firma estabeleça e mantenha um sistema de controle de qualidade. Esse sistema deve incluir políticas
e procedimentos que abordem cada um dos elementos a seguir mencionados e que documentem suas
políticas e procedimentos e que os comuniquem ao pessoal da firma, a saber:
(a) responsabilidades da liderança pela qualidade dentro da firma;
(b) exigências éticas relevantes;
(c) aceitação e continuidade de relacionamento com clientes e para trabalhos específicos;
(d) recursos humanos;
(e) execução do trabalho; e
(f) monitoramento.

Descrição dos trabalhos de asseguração

10. Trabalho de asseguração é o trabalho no qual o auditor independente visa obter evidências
apropriadas e suficientes para expressar sua conclusão, de forma a aumentar o grau de confiança dos
usuários previstos sobre o resultado da mensuração ou avaliação do objeto, de acordo com os critérios
que sejam aplicáveis.

11. O resultado da mensuração ou avaliação do objeto é a informação que resulta da aplicação do


critério ao objeto. Por exemplo:
 Demonstrações contábeis (resultado) resultam da mensuração da posição patrimonial e financeira
da entidade, do desempenho e dos fluxos de caixa (objeto) ao aplicar a estrutura de relatórios financeiros
aplicáveis (critério).
 Conclusão sobre a eficácia do controle interno (resultado) decorre da avaliação da eficácia do
processo de controle interno da entidade (objeto) ao aplicar os critérios aplicáveis.
 Mensurações de desempenho específicas à entidade (resultado) decorrem da mensuração de vários
aspectos de desempenho (objeto) ao aplicar as metodologias de mensuração aplicáveis (critério).
 Declaração de gases de efeito estufa (resultado) decorre da mensuração das emissões de gases de
efeito estufa da entidade (objeto) ao aplicar o reconhecimento, mensuração e apresentação de protocolos
(critério).
 Declaração sobre o cumprimento (resultado) decorre da avaliação do cumprimento da entidade
(objeto) com, por exemplo, lei ou regulamento (critério).
A expressão “informação do objeto” é usada para significar o resultado da mensuração ou avaliação
do objeto de acordo com os critérios. É sobre a informação do objeto que o auditor independente obtém
evidências apropriadas e suficientes para a base de sua conclusão.

Trabalho de atestação e trabalho direto

12. No trabalho de atestação, o profissional, que não seja o auditor independente, deve mensurar ou
avaliar o objeto de acordo com os critérios aplicáveis. O referido profissional também deve apresentar,
frequentemente, a informação resultante do objeto no relatório ou afirmação. Em alguns casos, contudo,
a informação do objeto pode ser apresentada pelo auditor independente no relatório de asseguração. A
conclusão do auditor deve mencionar se a informação do objeto está livre de distorções relevantes (ver
item 85).

13. No trabalho direto, o auditor deve mensurar ou avaliar o objeto de acordo com os critérios

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aplicáveis. Adicionalmente, o auditor deve aplicar as habilidades e técnicas de asseguração para obter
evidências apropriadas e suficientes sobre o resultado da mensuração ou avaliação do objeto, de acordo
com os critérios aplicáveis. O auditor independente pode obter essa evidência simultaneamente com a
mensuração ou avaliação do objeto, mas também pode obtê-la antes ou após tal mensuração ou
avaliação. No trabalho direto, a conclusão do auditor independente deve mencionar se o resultado
reportado da mensuração ou avaliação do objeto, de acordo com os critérios, é redigido nos termos do
objeto e dos critérios. Em alguns trabalhos diretos, a conclusão do auditor independente é a informação
do objeto ou é parte da informação do objeto (ver Apêndice 2).

Trabalho de asseguração razoável e trabalho de asseguração limitada

14. No trabalho de asseguração razoável, o auditor independente reduz o risco do trabalho para um
nível aceitavelmente baixo nas circunstâncias do trabalho como base para a sua conclusão. A conclusão
do auditor independente é expressa de forma que transmita a sua opinião sobre o resultado da
mensuração ou avaliação de determinado objeto de acordo com os critérios aplicáveis.

15. No trabalho de asseguração limitada, o auditor independente reduz o risco do trabalho para um
nível que é aceitável nas circunstâncias do trabalho, mas que ainda é maior do que para um trabalho de
asseguração razoável. Dessa forma, sua conclusão deve transmitir se, com base nos procedimentos
realizados e evidências obtidas, algum assunto chegou ao seu conhecimento de forma a levá-lo a
acreditar que a informação do objeto está relevantemente distorcida. A natureza, a época e a extensão
dos procedimentos executados no trabalho de asseguração limitada são restritos (menos extensos),
quando comparados com os que são necessários no trabalho de asseguração razoável, mas são
planejados para obter um nível de segurança que seja, no julgamento profissional do auditor
independente, significativo. Para que seja significativo, o nível de segurança obtido pelo auditor deve ser
capaz de aumentar a confiança dos usuários previstos sobre a informação do objeto em nível que seja
mais do que irrelevante.

16. Em toda a gama de trabalhos de asseguração limitada, o sentido de segurança significativa pode
variar de um nível que é logo acima de asseguração que seja capaz de aumentar a confiança dos usuários
previstos sobre a informação do objeto, em nível que seja claramente maior do que irrelevante, até um
nível que é logo abaixo da segurança razoável. O que é significativo em trabalho específico é o julgamento
dentro desse intervalo que depende das circunstâncias do trabalho, incluindo as necessidades de
informação pelos usuários previstos como grupo, critérios utilizados e o objeto do trabalho. Em alguns
casos, as consequências para os usuários previstos ao receberem um tipo de asseguração inapropriada
podem ser tão graves que o trabalho de asseguração razoável seja necessário para que o auditor
independente obtenha a segurança que é significativa nas circunstâncias.

Abrangência da estrutura conceitual

17. Nem todos os trabalhos realizados por auditores independentes são trabalhos de asseguração.
Outros trabalhos frequentemente realizados que não são de asseguração, como definido no item 10, não
são abrangidos por esta estrutura. Esses outros trabalhos incluem:
 trabalhos abrangidos pelas Normas de Serviços Correlatos (NBCs TSC, tais como procedimentos
previamente acordados e trabalhos de compilação);
 elaboração de declarações de imposto de renda em que nenhuma conclusão de asseguração é
expressa;
 trabalhos de consultoria (ou assessoria), tais como gerenciamento e consultorias tributárias. (*)
(*) Nos trabalhos de consultoria, o profissional aplica suas habilidades, seu conhecimento obtido em
treinamentos, observações, experiências e conhecimentos técnicos sobre o processo de consultoria.
Trabalhos de consultoria envolvem um processo analítico que tipicamente inclui alguma combinação das
atividades relacionadas com a definição de objetivos, a descoberta de fatos, as definições dos problemas
ou das oportunidades, a avaliação de alternativas, o desenvolvimento ou as recomendações, incluindo
ações, comunicação de resultados e, em alguns casos, a implementação do que foi recomendado e o
seu acompanhamento. Os relatórios (caso emitidos) geralmente são escritos em estilo narrativo (ou
“formato longo”). Geralmente o trabalho realizado é apenas para uso e benefício do cliente. A natureza e
o alcance do trabalho são determinados mediante acordo entre o profissional e o cliente. Qualquer serviço
que atenda às definições de trabalho de asseguração não é trabalho de consultoria, mas, sim, trabalho
de asseguração.

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18. O trabalho de asseguração pode ser parte de um trabalho maior, por exemplo, quando o trabalho
de consultoria para a aquisição de negócios inclui requerimento para obter asseguração acerca da
informação financeira histórica ou prospectiva. Em tais circunstâncias, esta estrutura é aplicável apenas
na parte do trabalho relacionada à asseguração.

19. Os trabalhos mencionados a seguir, que podem ser consistentes com a descrição no item 10, não
são considerados trabalhos de asseguração nos termos desta estrutura:
(a) trabalhos para prestar declarações em processos judiciais sobre contabilidade, auditoria,
tributação ou outros assuntos; e
(b) trabalhos que incluem opiniões, pontos de vista ou declarações profissionais dos quais o usuário
pode extrair alguma segurança, se todos os seguintes itens forem aplicáveis:
(i) essas opiniões, pontos de vistas ou declarações são meramente fortuitos para o trabalho como um
todo;
(ii) qualquer relatório por escrito deve ser emitido com uso expressamente restrito aos usuários
previstos especificados no relatório;
(iii) mediante acordo formal com os usuários previstos especificados, não se pretendendo que seja
trabalho de asseguração; e
(iv) o trabalho não seja relatado como trabalho de asseguração no relatório do auditor independente.

Relatório de trabalho que não é de asseguração

20. O auditor independente ao reportar sobre trabalho, que não é de asseguração no âmbito desta
estrutura, deve claramente distinguir esse relatório de relatório de asseguração. Para não confundir os
usuários, o relatório que não é de asseguração evita, por exemplo:
 mencionar adequação com esta estrutura ou norma de asseguração;
 usar inapropriadamente as palavras “asseguração,” “auditoria” ou “revisão”;
 incluir declaração que possa ser confundida com conclusão com base em evidências apropriadas
e suficientes que tenham sido desenvolvidas para aumentar o nível de confiança dos usuários previstos
sobre o resultado da mensuração ou avaliação do objeto de acordo com os critérios aplicáveis.

21. O auditor independente e a parte responsável podem concordar sobre a aplicação dos princípios
desta estrutura para o trabalho quando não existirem outros usuários previstos além da parte responsável,
desde que todos os outros requisitos aplicáveis das normas de asseguração sejam atendidos. Em tais
casos, o relatório do auditor independente inclui declaração restringindo o uso do relatório à parte
responsável.

Precondições para trabalho de asseguração

22. As seguintes precondições para trabalho de asseguração são relevantes para aceitação e
continuidade:
(a) as funções e as responsabilidades das partes apropriadas (ou seja, parte responsável,
mensurador ou avaliador e contratante, conforme apropriado) são adequadas às circunstâncias; e
(b) o trabalho apresenta todas as seguintes características:
(i) o objeto é apropriado;
(ii) os critérios que o auditor independente espera que sejam aplicados na elaboração da informação
do objeto são apropriados às circunstâncias do trabalho. Os critérios devem apresentar as características
descritas no item 44;
(iii) os critérios que o auditor independente espera que sejam aplicados na elaboração da informação
do objeto estarão disponíveis aos usuários previstos;
(iv) o auditor independente espera ser capaz de obter a evidência necessária para fundamentar a sua
conclusão;
(v) a conclusão do auditor independente, na forma apropriada tanto para o trabalho de asseguração
razoável quanto para o trabalho de asseguração limitada, será incluída no relatório; e
(vi) um propósito racional incluindo, no caso de trabalho de asseguração limitada, que o auditor
independente espera ser capaz de obter nível apropriado de segurança.

23. Os objetos de diferentes tipos de trabalhos de asseguração podem variar muito. Alguns objetos
podem requerer conhecimentos e habilidades especializados, além daqueles que o auditor independente
normalmente possui. É importante, contudo, que o auditor esteja convencido que a equipe que irá realizar

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o trabalho possua capacidade e competências apropriadas (ver também o item 31).

24. Quando um trabalho em potencial não pode ser aceito como trabalho de asseguração, a parte
contratante pode ser capaz de identificar um trabalho diferente que irá atender às necessidades dos
usuários previstos. Por exemplo:
(a) se os critérios que o auditor independente espera aplicar não são adequados, o trabalho de
asseguração que atenda às outras precondições do item 22 ainda pode ser realizado se:
(i) o auditor independente puder identificar um ou mais aspectos do objeto para o qual esses critérios
são adequados. Nesses casos, o auditor pode realizar o trabalho de asseguração em relação a esse
aspecto específico do objeto, e o relatório de asseguração deve esclarecer que o relatório não diz respeito
ao objeto original em sua totalidade; ou
(ii) critérios alternativos que são apropriados para o objeto podem ser selecionados ou desenvolvidos;
(b) a parte contratante pode requisitar um trabalho que não é de asseguração, tal como trabalho de
consultoria ou procedimentos previamente acordados.

25. Tendo sido aceito, não é apropriado alterar o trabalho de asseguração para um que não seja de
asseguração, ou o trabalho de asseguração razoável para um de asseguração limitada, sem a justificativa
razoável. Uma alteração nas circunstâncias que afetam os requerimentos dos usuários previstos, ou um
mal-entendido sobre a natureza do trabalho, pode justificar a solicitação de alteração no trabalho. Se tal
alteração for feita, as evidências que foram obtidas previamente não devem ser descartadas. A
impossibilidade de obter evidências apropriadas e suficientes para formar uma conclusão de asseguração
razoável não é razão aceitável para se alterar o trabalho de asseguração razoável para um trabalho de
asseguração limitada.

Elementos do trabalho de asseguração

26. Os seguintes elementos do trabalho de asseguração são discutidos nesta parte:


(a) relação de três partes envolvendo o auditor independente, a parte responsável e os usuários
previstos;
(b) objeto apropriado;
(c) critérios aplicáveis;
(d) evidências apropriadas e suficientes; e
(e) relatório de asseguração escrito no formato apropriado ao trabalho de asseguração razoável ou
de asseguração limitada.

Relacionamento entre três partes

27. Todos os trabalhos de asseguração possuem pelo menos três partes: o auditor independente, a
parte responsável e os usuários previstos. Dependendo das circunstâncias do trabalho, pode haver
também a função separada de mensurador ou avaliador, ou a parte contratante (ver também o Apêndice
3).

28. A parte responsável e os usuários previstos podem ser de entidades diferentes ou da mesma
entidade. Como exemplo do último caso, na estrutura de administração de dois níveis, o conselho de
administração pode buscar a asseguração sobre uma informação fornecida pela diretoria executiva da
entidade. O relacionamento entre a parte responsável e os usuários previstos deve ser visto dentro do
contexto de trabalho específico e pode variar das linhas tradicionalmente mais bem definidas de
responsabilidade. Por exemplo, a alta administração (usuário previsto) pode contratar o auditor
independente para realizar o trabalho de asseguração em aspecto específico das atividades da entidade
que são de responsabilidade imediata de nível mais baixo da administração (parte responsável), mas pela
qual a alta administração é, no fim, responsável.

Auditor independente

29. O “auditor independente” (pessoa física ou jurídica) é aquele que conduz o trabalho (geralmente
o sócio responsável pelo trabalho ou outros membros da equipe, ou, conforme adequado, a firma),
aplicando habilidades e técnicas de asseguração para obter segurança razoável ou limitada, conforme
adequado, sobre se a informação do objeto está livre de distorções relevantes. (*) No trabalho direto, o
auditor tanto mensura quanto avalia o objeto de acordo com os critérios e aplica as habilidades e técnicas

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de asseguração para obter segurança razoável ou limitada, conforme adequado, sobre se o resultado
dessa mensuração ou avaliação está livre de distorções relevantes.
(*) “Sócio encarregado do trabalho” e “firma” devem ser lidos, referindo-se aos seus equivalentes no setor
público, quando relevante.

30. Esta estrutura pode também ser utilizada por outros profissionais que não sejam auditores
independentes, todavia esses profissionais devem reconhecer que essas normas incluem requerimentos
que refletem as premissas nas normas profissionais e na NBC PA 01, ou outros requerimentos
profissionais, ou requerimentos em lei ou regulamento, que sejam, pelo menos, tão exigentes.

31. O trabalho não deve ser aceito se o conhecimento preliminar sobre as circunstâncias do trabalho
indicar que os requisitos éticos referentes à competência não serão cumpridos. Em alguns casos, esses
requisitos podem ser cumpridos pelo auditor independente ao utilizar o trabalho de especialista.

32. Adicionalmente, o auditor independente precisa se envolver de forma suficiente no trabalho do


especialista e de outros auditores para aceitar a responsabilidade pela conclusão da asseguração sobre
a informação do objeto e para obter a evidência necessária para concluir se o trabalho desse especialista
ou do outro auditor é apropriado para seus propósitos.

33. O auditor independente é o único responsável pela conclusão de asseguração emitida, e essa
responsabilidade não é reduzida pelo uso que ele faça de seu especialista ou de outros auditores. No
entanto, se o auditor independente, ao usar o trabalho de especialista, tendo seguido as normas
aplicáveis, concluir que o seu trabalho é adequado para os propósitos do auditor, este pode aceitar as
constatações ou conclusões do especialista como evidências adequadas.

Parte responsável

34. Parte responsável é a parte responsável pelo objeto. No trabalho de atestação, a parte
responsável geralmente também é o mensurador ou avaliador. A parte responsável pode ser, ou não, a
parte que contrata o auditor independente para realizar o trabalho de asseguração (parte contratante).

Usuários previstos

35. Os usuários previstos são os indivíduos, organizações ou grupos que o auditor independente espera
que utilizem o relatório de asseguração. A parte responsável pode ser um dos usuários previstos, mas não o
único.

36. Em alguns casos, pode haver usuários previstos além daqueles para quem o relatório de
asseguração é destinado. O auditor independente pode não ser capaz de identificar todos aqueles que
lerão o relatório de asseguração, especialmente se grande número de pessoas tiver acesso a ele. Em
tais casos, especialmente em que os possíveis usuários são propensos a possuir vasta gama de
interesses no objeto, os usuários previstos podem ser limitados aos principais interessados com
interesses relevantes e comuns. Os usuários previstos podem ser identificados de diferentes formas, por
exemplo, mediante acordo entre o auditor independente e a parte responsável ou a parte contratante, ou
por lei ou regulamento.

37. Usuários previstos ou seus representantes podem estar diretamente envolvidos com o auditor
independente e a parte responsável (e a parte contratante, caso seja diferente) em determinar os
requisitos do trabalho. Independente do envolvimento de outros, e diferentemente de trabalhos de
procedimentos previamente acordados (que envolve relatar fatos identificados com base nos
procedimentos acordados com a parte contratante e outra parte apropriada, em vez de uma conclusão):
(a) o auditor independente é responsável pela determinação da natureza, época e extensão dos
procedimentos; e
(b) o auditor independente pode precisar realizar procedimentos adicionais se chegarem ao seu
conhecimento informações que diferem, significativamente, daquelas que foram utilizadas na
determinação dos procedimentos planejados.

38. Em alguns casos, os usuários previstos (bancos e reguladores, por exemplo) impõem requisito ou
pedido às partes apropriadas para que o trabalho de asseguração seja realizado para propósito

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específico. Quando trabalhos usam critérios que foram desenvolvidos para um propósito específico, o
relatório de asseguração inclui declaração alertando aos leitores sobre esse fato. Adicionalmente, o
auditor independente pode considerar adequado indicar que o relatório de asseguração é destinado
apenas para usuários específicos. Dependendo das circunstâncias do trabalho, isso pode ser alcançado
ao restringir a distribuição ou uso do relatório de asseguração. Enquanto o relatório de asseguração possa
ser restrito quando for destinado apenas a usuários ou propósitos específicos, a ausência dessa restrição
não indica por si só que a responsabilidade legal é devida pelo auditor independente em relação àquele
usuário ou propósito. Se essa responsabilidade legal é devida dependerá da circunstância de cada caso.

Objeto

39. O objeto do trabalho de asseguração pode ter várias formas, tais como:
 histórico de desempenho ou condição financeira (por exemplo, histórico de posição financeira,
desempenho financeiro e fluxos de caixa) para o qual a informação do objeto pode ser o reconhecimento,
a mensuração, a apresentação e a divulgação representada nas demonstrações contábeis;
 condição ou desempenho financeiro futuro (por exemplo, posição financeira, desempenho financeiro
e fluxos de caixa prospectivos) para o qual a informação do objeto pode ser o reconhecimento, a
mensuração, a apresentação e a divulgação representada na projeção ou previsão financeira;
 condições ou desempenhos não financeiros (por exemplo, desempenho da entidade) para o qual as
informações do objeto podem ser os indicadores principais de eficácia e eficiência;
 características físicas (por exemplo, capacidade máxima de ocupação do prédio) para o qual a
informação do objeto pode ser documento de especificações;
 sistemas e processos (por exemplo, o controle interno ou o sistema de TI da entidade) para o qual a
informação do objeto deve ser declaração sobre sua efetividade;
 comportamento (por exemplo, governança corporativa, conformidade com regulamentações,
políticas de recursos humanos) para o qual a informação do objeto pode ser uma declaração de
conformidade ou declaração de efetividade.
O Apêndice 4 apresenta uma categorização da gama de possíveis objetos com alguns exemplos.

40. Os objetos possuem diferentes características, incluindo o grau ao qual a informação sobre eles
é qualitativa versus quantitativa, objetiva versus subjetiva, histórica versus prospectiva e se relacionam a
uma determinada data-base ou abrangem um período. Tais características afetam:
(a) a precisão na qual o objeto pode ser mensurado ou avaliado com base em critérios identificáveis;
e
(b) a persuasão da evidência disponível.
O relatório de asseguração pode apresentar características que são de relevância específica aos
usuários previstos.

41. A adequação do objeto independe do nível de asseguração, ou seja, se o objeto não for apropriado
para trabalho de asseguração razoável, ele também não é apropriado para trabalho de asseguração
limitada e vice-versa. Um objeto apropriado é identificável e capaz de mensuração ou avaliação
consistente com base em critérios identificados de forma que a informação do objeto resultante possa ser
sujeita a procedimentos para obter evidências apropriadas e suficientes para apoiar uma conclusão de
asseguração razoável ou limitada, conforme apropriado.

Critérios

42. Critérios são referências usadas para mensurar ou avaliar o objeto. Os critérios podem ser formais,
por exemplo, na elaboração das demonstrações contábeis; e os critérios podem ser as normas
internacionais de relatórios financeiros ou as normas internacionais de contabilidade do setor público. Ao
emitir relatório sobre a efetividade operacional dos controles internos, os critérios podem ser baseados
na estrutura estabelecida de controle interno ou objetivos de controles individuais, especialmente
desenvolvidos para o propósito; e ao emitir o relatório sobre a conformidade, os critérios podem ser
estabelecidos por leis e regulamentos ou contratos. Um exemplo de critério menos formal seria o código
de conduta desenvolvido internamente ou o nível de desempenho acordado (tal como o número de vezes
que se espera que um comitê específico se reúna no ano).

43. Critérios adequados são requeridos para mensuração ou avaliação razoável consistente com o

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objeto dentro do contexto do julgamento profissional. Sem a estrutura de referência fornecida pelos
critérios adequados, qualquer conclusão está sujeita a interpretação individual e a mal-entendidos.
Critérios adequados são sensíveis ao contexto, ou seja, relevantes para as circunstâncias do trabalho.
Para o mesmo objeto, podem existir critérios diferentes, que conduzirão à mensuração ou à avaliação
diferente. Por exemplo, um dos critérios que um mensurador ou avaliador pode escolher para mensuração
da satisfação do consumidor é o número de reclamações dos consumidores resolvidas de forma
satisfatória para o consumidor, enquanto outro mensurador ou avaliador pode escolher o número de
compras recorrentes nos três meses seguintes à compra inicial. Adicionalmente, os critérios podem ser
adequados para um conjunto específico de circunstâncias do trabalho. Por exemplo, reportar a governos
ou reguladores pode requerer o uso de um conjunto específico de critérios, mas esses critérios podem
não ser adequados para um grupo mais amplo de usuários.

44. Critérios adequados apresentam as seguintes características:


(a) Relevância: Critérios relevantes resultam na informação do objeto que auxilia a tomada de
decisões dos usuários previstos.
(b) Integralidade: Critérios são plenos quando a informação do objeto preparada de acordo com eles
não omite fatores relevantes que poderiam se esperar, razoavelmente, que afetem decisões dos usuários
previstos feitas com base nessa informação. Critérios plenos incluem, quando relevantes, referências
para apresentação e divulgação.
(c) Confiabilidade: Critérios confiáveis permitem a mensuração ou avaliação consistente de
determinado objeto, incluindo, se relevante, apresentação e divulgação, quando usadas em
circunstâncias similares por auditores independentes diferentes.
(d) Neutralidade: Critérios neutros resultam em informação do objeto que está livre de tendências
como apropriado nas circunstâncias do trabalho.
(e) Compreensibilidade: Critérios compreensíveis resultam em informação do objeto que pode ser
compreendida pelos usuários previstos.

45. Descrições vagas de expectativas ou julgamentos das experiências de indivíduo não constituem
critérios aceitáveis.

46. A importância relativa de cada uma das características acima ao avaliar a adequação dos critérios
para um trabalho específico é questão de julgamento profissional. A adequação dos critérios não é
influenciada pelo nível de asseguração, ou seja, se os critérios são inadequados para um trabalho de
asseguração razoável, eles também serão inadequados para um trabalho de asseguração limitada, e
vice-versa. Os critérios podem ser prescritos por leis e regulamentos ou emitidos por órgãos autorizados
ou reconhecidos que seguem o devido processo transparente (critério estabelecido). Outros critérios
podem ser desenvolvidos especificamente para o propósito de preparar a informação do objeto nas
circunstâncias específicas do trabalho. Se os critérios são estabelecidos ou desenvolvidos
especificamente, o procedimento necessário para avaliar a sua adequação para um trabalho específico
pode ser afetado, por exemplo, na ausência de indicações contrárias, presume-se que os critérios serão
adequados se forem relevantes para as necessidades de informação dos usuários previstos.

47. Os critérios precisam estar disponíveis para os usuários previstos para permitir que compreendam
como o objeto foi mensurado ou avaliado. Os critérios podem ser disponibilizados aos usuários previstos
em uma ou mais das seguintes formas:
(a) publicamente;
(b) por meio da inclusão, de forma clara, na apresentação da informação do objeto;
(c) por meio da inclusão, de forma clara, no relatório de asseguração;
(d) por entendimento geral, por exemplo, o critério de mensurar o tempo em horas e minutos.

48. Os critérios podem também ser disponibilizados apenas aos usuários previstos específicos, por
exemplo, os termos do contrato ou os critérios emitidos por associação setorial que esteja disponível
apenas aos seus membros por serem relevantes para propósitos específicos (ver o item 38).

49. Como parte do trabalho, o auditor independente estabelece se os critérios são adequados.

Evidências

50. Os trabalhos de asseguração são planejados e realizados com postura de ceticismo profissional

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para obter evidências apropriadas e suficientes no contexto do trabalho sobre o resultado obtido da
mensuração ou avaliação do objeto de acordo com os critérios. O julgamento profissional deve ser
exercido ao considerar a materialidade, o risco do trabalho, bem como a quantidade e a qualidade das
evidências disponíveis ao planejar e realizar o trabalho, especialmente, ao determinar a natureza, a época
e a extensão dos procedimentos.

Ceticismo profissional

51. O ceticismo profissional é a postura que inclui estar alerta a, por exemplo:
(a) evidência inconsistente com outras evidências obtidas;
(b) informações que geram dúvidas quanto à confiabilidade de documentos e respostas a indagações
que serão usadas como evidências;
(c) circunstâncias que sugerem a necessidade de procedimentos adicionais àqueles requeridos pelas
normas de asseguração; e
(d) condições que podem indicar distorções.

52. Manter o ceticismo profissional durante o trabalho é necessário, por exemplo, para reduzir o risco
de:
 negligenciar circunstâncias incomuns;
 generalização excessiva ao tirar conclusões a partir das observações; e
 usar premissas inapropriadas ao determinar a natureza, a época e a extensão dos procedimentos e
avaliar os seus resultados.

53. O ceticismo profissional é necessário para a avaliação crítica das evidências. Isso inclui questionar
as evidências inconsistentes e a confiabilidade de documentos e repostas a indagações. Também inclui
a consideração da suficiência e a adequação das evidências obtidas à luz das circunstâncias.

54. A menos que o trabalho envolva asseguração sobre a veracidade de documentos, registros e
documentos, podem ser aceitos como genuínos, a não ser que o auditor independente tenha razões para
acreditar o contrário. Mesmo assim, o auditor independente considera a confiabilidade da informação a
ser usada como evidência.

55. Não se pode esperar que o auditor independente desconsidere experiências passadas sobre a
honestidade e a integridade daqueles que fornecem evidências. Ainda assim, a crença de que aqueles
que fornecem evidências são honestos e íntegros não diminui a necessidade de o auditor manter o
ceticismo profissional.

Julgamento profissional

56. O julgamento profissional é essencial para a condução apropriada do trabalho de asseguração.


Isso porque a interpretação de requerimentos éticos e normas de asseguração relevantes e as decisões
necessárias durante o trabalho não podem ser tomadas sem a aplicação de treinamento, conhecimento
e experiência necessária aos fatos e circunstâncias. O julgamento profissional é necessário,
particularmente, para decisões sobre:
 a materialidade e o risco do trabalho;
 a natureza, a época e a extensão dos procedimentos usados para atender aos requerimentos das
normas de asseguração relevantes e obter evidências;
 avaliar se foram obtidas evidências apropriadas e suficientes e se algo mais precisa ser feito para
alcançar os objetivos das normas de asseguração aplicáveis. Especificamente, no caso de trabalho de
asseguração limitada, o julgamento profissional é requerido ao avaliar se um nível significativo de
asseguração foi obtido;
 no caso do trabalho direto, aplicação dos critérios ao objeto, e caso o auditor selecione ou desenvolva
o critério, a sua seleção ou seu desenvolvimento. No caso de trabalho de atestação, avaliar tais
julgamentos executados por terceiros;
 as conclusões apropriadas com base nas evidências obtidas.

57. A principal característica do julgamento profissional esperada do auditor independente é que ele
seja exercido por auditor cujo treinamento, conhecimento e experiência auxiliaram no desenvolvimento

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das competências necessárias para alcançar julgamentos razoáveis.

58. O exercício do julgamento profissional, em qualquer caso particular, é com base nos fatos e
circunstâncias que são conhecidos pelo auditor independente. A consulta em questões difíceis ou
controversas durante o curso do trabalho, quer dentro da equipe de trabalho, quer entre a equipe de
trabalho e outros com nível apropriado, dentro ou fora da firma, auxiliam o auditor independente a exercer
julgamentos razoáveis.

59. O julgamento profissional pode ser avaliado com base se o julgamento alcançado reflete a
aplicação competente da asseguração e princípios de mensuração ou avaliação e se é adequado à luz
dos, e consistente com, fatos e circunstâncias que eram conhecidos pelo auditor independente até a data
do relatório do auditor.

60. O julgamento profissional deve ser exercido durante todo o trabalho. O julgamento profissional
não deve ser usado como justificativa para decisões que não são, de outra forma, suportadas pelos fatos
e circunstâncias do trabalho ou por evidências apropriadas e suficientes.

Evidência suficiente e apropriada

61. A evidência suficiente e apropriada está correlacionada. A suficiência é a mensuração da


quantidade de evidências. A quantidade de evidência necessária é influenciada pelos riscos de a
informação do objeto ser distorcida de forma relevante (quanto maior forem os riscos, mais evidência será
necessária) e também pela qualidade dessas evidências (quanto melhor a qualidade, menos será
necessária). Obter mais evidências, contudo, pode não compensar a sua baixa qualidade (ver itens 81 e
82).

62. Adequação é a mensuração da qualidade da evidência, ou seja, sua relevância e confiabilidade


em fornecer fundamentação para a conclusão do auditor independente.

63. A confiabilidade da evidência é influenciada por sua fonte e sua natureza e depende das
circunstâncias particulares sob as quais são obtidas. Generalizações sobre a confiabilidade de vários
tipos de evidências podem ser feitas; contudo, tais generalizações estão sujeitas a exceções importantes.
Mesmo quando a evidência é obtida de fontes externas, podem existir circunstâncias que poderiam afetar
sua confiabilidade. Por exemplo, evidência obtida de fonte externa pode não ser confiável se a fonte não
for conhecida ou objetiva. Enquanto se reconhece que possam existir exceções, as seguintes
generalizações sobre a confiabilidade da evidência podem ser úteis:
 a evidência é mais confiável quando é obtida de fontes externas às partes apropriadas;
 a evidência que é gerada internamente é mais confiável quando os controles relacionados são
efetivos;
 a evidência obtida diretamente pelo auditor independente (por exemplo, na observação da
efetividade de controle) é mais confiável do que a evidência obtida indiretamente ou por dedução (por
exemplo, indagação sobre a efetividade do controle);
 a evidência formal é mais confiável, seja em papel, de forma eletrônica ou outra mídia (por exemplo,
a ata de reunião geralmente é mais confiável do que a representação verbal do que foi discutido).

64. Segurança maior é geralmente obtida de evidências consistentes de fontes ou de natureza


diferentes do que evidências consideradas individualmente. Adicionalmente, obter evidências de fontes
ou de natureza diferente pode tanto corroborar outras evidências quanto indicar que um item particular
da evidência não é confiável. Quando a evidência obtida de uma fonte é inconsistente com aquela obtida
de outra, será necessário determinar quais procedimentos adicionais devem ser executados para eliminar
a inconsistência.

65. A obtenção da evidência apropriada e suficiente é geralmente mais difícil na asseguração sobre a
informação do objeto, cobrindo um período de tempo, do que do objeto na data base. Adicionalmente, as
conclusões fornecidas sobre processos geralmente são limitadas ao período coberto pelo trabalho; o
auditor independente não fornece conclusão sobre se o processo irá continuar a funcionar no futuro de
modo especificado.

66. É uma questão de julgamento profissional se evidências apropriadas e suficientes foram obtidas

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para suportar a conclusão do auditor independente, o que envolve considerar a relação entre o custo e o
benefício da obtenção das evidências. O auditor utiliza o julgamento e exerce o ceticismo profissional ao
avaliar a quantidade e a qualidade das evidências e, portanto, sua suficiência e adequação para suportar
o relatório de asseguração.

Materialidade

67. A materialidade é relevante ao planejar e realizar o trabalho de asseguração para determinar a


natureza, a época e a extensão dos procedimentos, bem como para avaliar se a informação do objeto
está livre de distorções. Os julgamentos profissionais sobre materialidade são feitos à luz das
circunstâncias, mas não são influenciadas pelo nível de asseguração, ou seja, para os mesmos usuários
e propósitos previstos, a materialidade do trabalho de asseguração razoável é a mesma utilizada em
trabalho de asseguração limitada, considerando que ela é determinada com base nas necessidades de
informação dos usuários previstos.

68. Distorções, incluindo omissões, são consideradas relevantes se elas, individualmente ou em


conjunto, puderem, razoavelmente, influenciar as decisões relevantes dos usuários previstos tomadas
com base na informação do objeto. A consideração do auditor independente sobre a materialidade é um
assunto de julgamento profissional, e é influenciada pela percepção que o auditor possui sobre as
necessidades comuns de informação dos usuários previstos como um grupo. A menos que o trabalho
tenha sido desenvolvido para atender às necessidades de informações de usuários específicos, os
possíveis efeitos das distorções para os usuários específicos, cuja necessidade de informação possa
variar amplamente, não são geralmente considerados.

69. A materialidade é considerada no contexto dos fatores qualitativos e, quando aplicável, a fatores
quantitativos. Ao considerar a materialidade em trabalho específico, a importância relativa de fatores
quantitativos e qualitativos é assunto de julgamento profissional.

70. A materialidade se refere à informação coberta pelo relatório de asseguração do auditor


independente. Portanto, quando o trabalho cobrir alguns, mas não todos, os aspectos da informação do
objeto, a materialidade é considerada em relação apenas àquela parte da informação que é coberta pelo
trabalho.

Risco do trabalho

71. A informação do objeto pode não se relacionar adequadamente no contexto do objeto e dos
critérios, e pode, portanto, ser potencialmente distorcida de forma relevante. Isso ocorre quando a
informação não reflete apropriadamente a aplicação dos critérios para mensurar ou avaliar o objeto.

72. Risco do trabalho é o risco de o auditor independente expressar uma conclusão inadequada
quando a informação do objeto estiver distorcida de forma relevante. O risco do trabalho não se refere
nem inclui os riscos de negócio do auditor independente, tais como perdas em litígios, publicidade
adversa, ou outros eventos que surjam em conexão com a informação específica do objeto.

73. Eliminar totalmente o risco do trabalho é raramente alcançável ou possui um custo altíssimo em
relação ao benefício. Portanto, a “asseguração razoável” é menor do que asseguração absoluta, como
resultado de fatores, tais como:
 uso de testes seletivos;
 limitações inerentes ao controle interno;
 fato de que muitas das evidências disponíveis ao auditor independente são persuasivas, ao invés de
conclusivas;
 uso de julgamento profissional ao obter e avaliar as evidências e formar as conclusões com base
nessas evidências;
 em alguns casos, as características do objeto quando avaliadas ou mensuradas pelos critérios.

74. No geral, os riscos do trabalho podem estar representados pelos seguintes componentes, apesar
de que nem todos esses componentes estarão necessariamente presentes ou serão significativos para
todos os trabalhos de asseguração:

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(a) riscos, que não dependem diretamente do auditor independente, consistem em:
(i) risco inerente – a suscetibilidade da informação do objeto conter distorção relevante antes da
consideração de quaisquer controles aplicados pelas partes apropriadas; e
(ii) risco de controle – o risco de ocorrer distorção relevante na informação do objeto não seja evitado
por controle preventivo ou, detectado e corrigido, em tempo hábil, pelo controle interno implementado
pelas partes apropriadas; e
(b) riscos, que o auditor independente influencia diretamente, consistem em:
(i) risco de detecção – o risco dos procedimentos realizados pelo auditor independente não
detectarem distorção relevante; e
(ii) risco de mensuração ou avaliação – no caso de trabalho direto, o risco associado com a
mensuração ou avaliação que o auditor independente fizer do objeto pelos critérios.

75. O nível pelo qual cada um desses componentes é relevante para o trabalho é influenciado pelas
circunstâncias do trabalho, em particular. A consideração de riscos é assunto de julgamento profissional,
em vez de ser passível de mensuração precisa. As circunstâncias podem estar relacionadas com:
 A natureza do objeto e a sua informação. Por exemplo, o conceito de controle de risco pode ser mais
útil quando a informação do objeto for relativa à preparação da informação sobre o desempenho da
entidade quando ele for relativo à informação sobre a eficácia de controle ou a existência de condição
física.
 O tipo de trabalho de asseguração (razoável ou limitada) que está sendo executado. Por exemplo,
em trabalhos de asseguração limitada, o auditor independente pode, frequentemente, decidir obter
evidência por outros meios que não sejam testes de controle. Neste caso, a consideração do risco de
controle pode ser menos relevante do que em trabalhos de asseguração razoável sobre a mesma
informação do objeto.
 Se for trabalho direto ou trabalho de atestação. Enquanto o conceito de risco de controle é relevante
ao trabalho de atestação, o conceito mais amplo de risco de mensuração ou avaliação é mais relevante
para trabalho direto.

Natureza, época e extensão dos procedimentos

76. A combinação de procedimentos é tipicamente utilizada para obter tanto a asseguração razoável
como a asseguração limitada. Os procedimentos podem incluir:
 inspeção;
 observação;
 confirmação;
 recálculo;
 reexecução;
 procedimentos analíticos; e
 indagação.

A exata natureza, a época e a extensão dos procedimentos variam de um trabalho para outro. Em
teoria, para muitos trabalhos de asseguração, são possíveis variações infinitas dos procedimentos. Na
prática, contudo, elas são difíceis de comunicar de forma clara e inequívoca.

77. Para a compreensão do objeto e de outras circunstâncias, tanto os trabalhos de asseguração


razoável como de asseguração limitada requerem a aplicação de habilidades e técnicas, bem como a
obtenção de evidências apropriadas e suficientes como parte do processo de trabalho iterativo e
sistemático.

78. O trabalho de asseguração razoável deve considerar:


(a) identificar e avaliar o risco de distorção relevante na informação do objeto, com base na
compreensão da informação do objeto e de outras circunstâncias do trabalho;
(b) desenvolver e realizar procedimentos para responder aos ricos avaliados e obter asseguração
razoável para suportar a conclusão do auditor independente; e
(c) avaliar a suficiência e a adequação das evidências obtidas no contexto do trabalho e, se
necessário nas circunstâncias, tentar obter evidências adicionais.

79. A natureza, a época e a extensão dos procedimentos, para obterem evidências apropriadas e

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suficientes em trabalho de asseguração limitada, são, por definição, limitadas se comparados com os
necessários para o trabalho de asseguração razoável. Uma norma de asseguração específica para um
objeto pode estabelecer que, por exemplo, as evidências apropriadas e suficientes para um tipo específico
de trabalho de asseguração limitada são obtidas primariamente por meio de procedimentos analíticos e
indagações. Na ausência de normas de asseguração para objetos específicos para outros tipos de
asseguração limitada, os procedimentos analíticos e indagações podem variar com as circunstâncias do
trabalho, em particular, com o objeto e a necessidade de informações dos usuários previstos e da
contratante, incluindo restrições relevantes de tempo e custo. A determinação da natureza, da época e
da extensão dos procedimentos depende de julgamento profissional e varia de um trabalho para outro.

80. O trabalho de asseguração limitada deve considerar:


(a) identificar as áreas em que uma distorção relevante da informação do objeto é capaz de surgir, com
base na compreensão do objeto e outras circunstâncias do trabalho;
(b) desenvolver e realizar procedimentos para abordar essas áreas e obter a asseguração limitada
para suportar a conclusão do auditor independente; e
(c) desenvolver e executar procedimentos adicionais para obter evidências, se o auditor independente
tomar conhecimento de assuntos que o levem a acreditar que a informação do objeto possa estar
distorcida de forma relevante.

Quantidade e qualidade das evidências disponíveis

81. Normalmente, a evidência disponível é persuasiva em vez de conclusiva. A quantidade ou a


qualidade das evidências disponíveis são influenciadas por:
(a) características do objeto ou da informação. Por exemplo, evidências menos objetivas podem ser
esperadas quando a informação for prospectiva ao invés de histórica (ver o item 40); e
(b) outras circunstâncias, como quando as evidências que possam ser razoavelmente esperadas não
estiverem disponíveis devido, por exemplo, à data de nomeação do auditor independente, à política de
retenção de documentos da entidade, a sistemas de informação inadequados, ou à restrição imposta pela
parte responsável.

82. Uma conclusão não modificada não é apropriada tanto para o trabalho de asseguração razoável
como para o trabalho de asseguração limitada quando:
(a) as circunstâncias impedem que o auditor independente obtenha as evidências necessárias para
reduzir os riscos de trabalho ao nível apropriado; ou
(b) uma das partes envolvidas com o trabalho impõe uma restrição que impede o auditor
independente de obter as evidências necessárias para reduzir o risco de trabalho ao nível apropriado.

Relatório de asseguração

83. O auditor independente forma sua conclusão com base nas evidências obtidas e emite o relatório
escrito contendo uma expressão clara dessa conclusão de asseguração. As normas de asseguração
estabelecem elementos básicos para os relatórios de asseguração.

84. No trabalho de asseguração razoável, a conclusão do auditor independente é expressa na forma


positiva para transmitir a sua opinião sobre o resultado da mensuração ou avaliação do objeto.

85. Exemplos de conclusões emitidas de forma apropriada em trabalhos de asseguração razoável


incluem:
 quando expressas nos termos de determinado assunto e das normas, leis ou regulamentos
aplicáveis, “Em nossa opinião, a entidade cumpriu, em todos os aspectos relevantes, a lei XYZ”;
 quando expressas nos termos da informação do objeto e dos critérios aplicáveis “Em nossa opinião,
as demonstrações contábeis apresentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição
patrimonial e financeira da entidade em [data], o desempenho de suas operações e seus fluxos de caixa
para o exercício findo naquela data de acordo com a estrutura XYZ”; ou
 quando expressa nos termos de uma declaração feita pela parte responsável, “Em nossa opinião, a
declaração da [parte responsável] de que a entidade cumpriu com a lei XYZ está, em todos os aspectos
relevantes, adequadamente apresentada” ou “Em nossa opinião, a declaração da [parte responsável] de
que os principais indicadores de desempenho estão apresentados de acordo com os critérios XYZ está,
em todos os aspectos relevantes, adequadamente apresentada.” Por outro lado, no trabalho direto, a

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conclusão do auditor independente é escrita nos termos de determinado objeto e critérios.

86. No trabalho de asseguração limitada, a conclusão do auditor independente é expressa de forma


a transmitir se, com base no trabalho realizado, algum fato chegou ao seu conhecimento que o levasse a
acreditar que a informação do objeto esteja distorcida de forma relevante, como por exemplo, “Com base
nos procedimentos realizados e nas evidências obtidas, não temos conhecimento de nenhum fato que
nos leve a acreditar que a entidade não tenha cumprido, em todos os aspectos relevantes, com a lei
XYZ.”.

87. O auditor independente pode escolher o modelo de relatório de “forma curta” ou de “forma longa”
para facilitar a efetividade da comunicação com os usuários previstos. Relatórios de “forma curta”
geralmente incluem apenas os elementos básicos. Os relatórios de “forma longa” incluem outras
informações e explicações que não afetam a conclusão do auditor independente. Os relatórios em forma
longa podem descrever com detalhe os termos do trabalho, os critérios usados, as constatações relativas
aos aspectos específicos do trabalho, os detalhes sobre as qualificações e a experiência do auditor
independente e de outros envolvidos com o trabalho, a divulgação dos níveis de materialidade e, em
alguns casos, as recomendações. A inclusão de qualquer dessas informações depende da sua relevância
para os usuários previstos.

88. A conclusão do auditor independente é claramente separada das outras informações ou


explicações que não pretendem afetar a sua conclusão, incluindo quaisquer Ênfases, Outros Assuntos,
constatações relativas a aspectos específicos do trabalho, recomendações ou informações adicionais
incluídas no relatório de asseguração. A redação utilizada deixa bem claro que uma Ênfase, Outros
Assuntos, constatações, recomendações ou informações adicionais não pretendem afetar a conclusão
do auditor.

89. O auditor deve expressar uma conclusão modificada nas seguintes circunstâncias:
(a) quando, no julgamento profissional do auditor independente, existe uma limitação de escopo, cujo
efeito do assunto pode ser relevante. Em tais casos, o auditor independente expressa uma conclusão
com ressalva, ou se abstém de uma conclusão. Em alguns casos, o auditor pode considerar se retirar do
trabalho;
(b) quando, no julgamento profissional do auditor independente, a informação do objeto está
relevantemente distorcida. Em tais casos, o auditor expressa uma conclusão com ressalva ou adversa.
No caso de trabalho direto em que a informação do objeto é a conclusão do auditor independente, se ele
concluir que parte, ou todos os objetos, não está de acordo, em todos os aspectos relevantes, com os
critérios, tal conclusão também deve ser expressa com ressalvas (ou adversa, conforme o caso).

90. A conclusão com ressalvas é expressa quando os efeitos, ou possíveis efeitos, de um assunto das
distorções, individualmente ou em conjunto, são relevantes, mas não generalizados a ponto de requerer
uma conclusão adversa ou a abstenção de conclusão.

91. Se, após o trabalho ter sido aceito, for descoberto que uma ou mais precondições para o trabalho
de asseguração não estão presentes, o auditor independente discute a questão com as partes
apropriadas e estabelece:
(a) se o assunto pode ser resolvido de modo a satisfazer o auditor independente;
(b) se é apropriado dar continuidade ao trabalho; e
(c) em caso afirmativo, como comunicar o assunto no relatório de asseguração.

92. Se, após a aceitação do trabalho, for descoberto que parte ou todos os critérios são inadequados
ou que parte ou todos os objetos não são apropriados para o trabalho de asseguração, o auditor
independente pode considerar retirar-se do trabalho, caso seja possível de acordo com lei ou
regulamento. Se o auditor der continuidade ao trabalho, ele expressa:
(a) conclusão com ressalvas ou adversa dependendo de quanto o assunto for relevante e
generalizado, quando, no julgamento profissional do auditor, o critério inadequado ou objeto inapropriado
estiver propenso a induzir os usuários previstos ao erro; ou
(b) conclusão com ressalvas ou abstenção da conclusão, dependendo do julgamento profissional do
auditor independente de quanto o assunto for relevante e generalizado, em outros casos.

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Outras partes

Outras responsabilidades de comunicação

93. O auditor considera, nos termos do trabalho e de outras circunstâncias do trabalho, se algum
assunto que chegou ao seu conhecimento deve ser comunicado à parte responsável, ao mensurador ou
avaliador, à parte contratante, aos responsáveis pela governança ou a outros.

Documentação

94. A documentação do trabalho fornece o registro da base para o relatório de asseguração quando
preparada em tempo hábil e for apropriada e suficiente para permitir que um auditor independente
experiente, sem conexão prévia com o trabalho, compreenda:
(a) a natureza, a época e a extensão dos procedimentos realizados para cumprir com as normas de
asseguração relevantes e requerimentos de leis e regulamentos;
(b) o resultado dos procedimentos realizados e as evidências obtidas; e
(c) os assuntos relevantes que surgirem durante o trabalho, as conclusões alcançadas e os
julgamentos profissionais significativos exercidos para se chegar a tais conclusões.

95. A documentação do trabalho inclui como o auditor endereçou qualquer inconsistência entre as
informações por ele identificadas e a sua conclusão final relacionada com um assunto relevante.

Uso inapropriado do nome do auditor independente

96. O auditor independente está associado com o objeto ou com a informação do objeto relacionada,
quando o auditor reporta informações sobre o objeto ou consente com o uso de seu nome em conexão
profissional com esse objeto ou com a informação do objeto relacionada. Se o auditor não estiver
associado dessa maneira, terceiros não podem assumir a responsabilidade do auditor. Se o auditor
independente descobrir que uma parte está usando o seu nome indevidamente em associação com o
objeto ou com a informação do objeto relacionada, ele deve exigir que essa parte cesse essa ação. O
auditor também deve considerar quais outras ações podem ser necessárias, como informar quaisquer
terceiros conhecidos do uso inapropriado do seu nome ou procurar assistência legal.

Vigência

97. Esta norma entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos a partir de 1º de janeiro
de 2016, quando será revogada a Resolução CFC n.º 1.202/2009, publicada no D.O.U., Seção 1, de
3/12/2009.

Brasília, 20 de novembro de 2015.


Contador José Martonio Alves Coelho
Presidente

Apêndice 1 – não editado.


Apêndice 2 – Trabalho de atestação e trabalho direto
Este Apêndice destaca as diferenças entre um trabalho de atestação e um trabalho direto.

1. No trabalho de atestação, o mensurador ou o avaliador, que não é o auditor independente, mensura


ou avalia o objeto de acordo com critérios, resultando na informação do objeto. A informação do objeto
pode falhar em ser adequadamente expressa no contexto de determinado objeto e dos critérios, e pode,
portanto, ser distorcida, potencialmente, a uma extensão relevante. A função do auditor independente no
trabalho de atestação é obter evidências apropriadas e suficientes de forma a expressar uma conclusão
sobre se a informação do objeto, como preparada pelo mensurador ou avaliador, está livre de distorções
relevantes.

2. No trabalho direto, o auditor mensura ou avalia o objeto de acordo com critérios e apresenta a
informação do objeto resultante como parte, ou acompanhando o relatório de asseguração. A conclusão
do auditor no trabalho direto aborda o resultado relatado da mensuração ou avaliação de determinado
objeto de acordo com critérios. Em alguns trabalhos diretos, a conclusão do auditor é, ou é parte da, a

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informação do objeto. Dependendo do objeto:
(a) o resultado da mensuração ou avaliação no trabalho direto pode ser semelhante ao relatório ou
declaração preparada pelo mensurador ou avaliador em trabalho de atestação. Em outras circunstâncias,
contudo, o resultado, ou seja, a informação do objeto, pode ser refletido na descrição das constatações
e base para a conclusão do auditor em relatório de asseguração de formato longo; e
(b) o auditor independente pode usar dados coletados ou compilados por outros. Por exemplo, os
dados podem vir do sistema de informação mantido pela parte responsável.

3. Em adição à mensuração ou à avaliação de determinado objeto, em trabalho direto, o auditor


independente também aplica habilidades e técnicas de asseguração para obter evidências apropriadas e
suficientes de forma a expressar sua conclusão sobre se a informação do objeto está relevantemente
distorcida. O auditor pode obter evidências simultaneamente com a mensuração ou avaliação do objeto,
mas também pode obtê-la antes ou após tal mensuração ou avaliação.

4. O valor do trabalho direto se dá na combinação:


(a) da independência do auditor em relação ao objeto, ao contratante, aos usuários previstos e à parte
responsável, não obstante ele não seja independente da informação do objeto, porque o próprio auditor
a preparou; e
(b) das habilidades e técnicas aplicadas ao mensurar ou avaliar o objeto, que resultam na acumulação
de evidências que são de quantidade e qualidade semelhantes para um trabalho de atestação. É essa
obtenção de evidências apropriadas e suficientes que distingue um trabalho direto de uma mera
compilação. Para ilustrar este ponto, se o auditor independente estivesse compilando informação sobre
uma declaração de emissão de gases de efeito estufa da entidade, o auditor não iria, por exemplo, testar
a calibração dos dispositivos de monitoramento. No trabalho direto, contudo, o auditor independente iria,
onde relevante, calibrar os dispositivos como parte do processo de mensuração ou testar a calibração
dos dispositivos de monitoramento realizada por outros da mesma forma que iria proceder se o trabalho
fosse um trabalho de atestação.

Apêndice 3 – Partes do trabalho de asseguração

1. Todos os trabalhos de asseguração possuem, pelo menos, três partes: a parte responsável, o auditor
independente e os usuários previstos. Dependendo das circunstâncias do trabalho, pode haver também uma
função separada de mensurador ou avaliador, ou de parte contratante.

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2. O diagrama acima ilustra como as seguintes funções se relacionam ao trabalho de asseguração:
(a) a parte responsável é responsável pelo objeto;
(b) o mensurador ou o avaliador usa os critérios para mensurar ou avaliar o objeto, resultando na
informação do objeto;
(c) a parte contratante contrata os termos do trabalho com o auditor independente;
(d) o auditor independente obtém evidências apropriadas e suficientes de forma a poder expressar
uma conclusão desenvolvida para aumentar o grau de confiança dos usuários previstos, que não se
referem à parte responsável, sobre a informação do objeto;
(e) os usuários previstos tomam decisões com base na informação do objeto. Os usuários previstos
são indivíduos, organizações ou grupo de indivíduos e organizações que o auditor espera que utilizem o
relatório de asseguração.

3. As seguintes observações podem ser feitas sobre essas funções:


 todo trabalho de asseguração possui pelo menos uma parte responsável e usuários previstos, em
adição ao auditor independente;
 o auditor independente não pode ser a parte responsável, a contratante ou um usuário previsto;
 no trabalho direto, o auditor independente também é o mensurador ou o avaliador;
 no trabalho de atestação, a parte responsável ou outra pessoa, que não seja o auditor independente,
pode ser o mensurador ou o avaliador;
 quando o próprio auditor independente mensurou ou avaliou o objeto sem relação com os critérios,
o trabalho é direto. A característica desse trabalho não pode ser mudada para trabalho de atestação com
outra parte assumindo a responsabilidade da mensuração ou avaliação, como, por exemplo, mediante
uma declaração sobre informação do objeto anexada pela parte responsável, aceitando a
responsabilidade sobre ele;
 a parte responsável pode ser, também, a contratante;
 em muitos trabalhos de atestação, a parte responsável pode ser também o mensurador ou avaliador e a
parte contratante. Por exemplo, a entidade contrata o auditor independente para executar trabalho de
asseguração sobre o relatório que foi preparado para suas próprias práticas sustentáveis. Por outro lado,
existem situações em que a parte responsável é diferente do mensurador ou avaliador. Nesse caso, por
exemplo, o auditor é contratado para executar trabalho de asseguração sobre o relatório preparado por
organização governamental sobre as práticas de sustentabilidade da companhia;
 no trabalho de atestação, o mensurador ou o avaliador geralmente fornece ao auditor independente
uma representação escrita sobre a informação do objeto. Em alguns casos, o auditor pode não ser capaz
de obter tal representação, por exemplo, quando a contratante não é o mensurador ou o avaliador;
 a parte responsável pode ser um dos usuários previstos, mas não o único;
 a parte responsável, o mensurador ou o avaliador e os usuários previstos podem ser de entidades
diferentes ou da mesma entidade. Como exemplo do último caso, em entidade com estrutura de administração
de dois níveis, o conselho de administração pode querer obter asseguração sobre uma informação fornecida
pela diretoria executiva dessa entidade. A relação entre a parte responsável, o mensurador ou o avaliador e
os usuários previstos precisam ser observados dentro do contexto de cada trabalho específico e podem diferir
das linhas tradicionalmente definidas de responsabilidade. Por exemplo, a alta administração da entidade
(usuário previsto) pode contratar o auditor independente para executar trabalho de asseguração sobre um
aspecto específico das atividades da entidade que é de responsabilidade do nível imediatamente inferior de
administração (parte responsável) em relação à alta administração, todavia, em última instância, a alta
administração, que é a usuária prevista, é, também, a responsável final pela informação;
 uma parte contratante que não seja também uma parte responsável pode ser o usuário previsto.

4. A conclusão do auditor independente pode ser escrita nos termos:


 do objeto e dos critérios aplicáveis;
 da informação do objeto e dos critérios aplicáveis; ou
 de declaração feita pela parte apropriada.

5. O auditor e a parte responsável podem concordar em aplicar os princípios das NBCs TO para
trabalho nos quais não existam outros usuários previstos além da parte responsável, desde que todos os
outros requisitos das NBCs TO sejam cumpridos. Em tais casos, o relatório do auditor independente inclui
declaração restringido o uso do relatório apenas à parte responsável.

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Apêndice 4 – Categorização dos objetos em trabalhos de asseguração

A tabela abaixo mostra uma série de possíveis objetos em trabalhos de asseguração com alguns exemplos
de trabalhos. Algumas categorias não possuem exemplos, porque é improvável que trabalhos de asseguração
relacionados com essa informação sejam realizados nessas categorias. A categorização não é
necessariamente completa e as categorias não são necessariamente mutuamente exclusivas. Alguns objetos
ou informação do objeto podem possuir componentes em mais de uma categoria, por exemplo, relatório
integrado e relatório de responsabilidade social corporativa são propensos a ter tanto informações históricas
quanto voltadas para o futuro, assim como informações financeiras e informações não financeiras. Também,
em alguns casos, os exemplos são de informação do objeto; em outros casos, eles são o próprio objeto ou
meramente uma indicação do tipo de questão que a informação poderia auxiliar com o que for mais
significativo nas circunstâncias.

Informação
Informação sobre: Informação histórica
prospectiva
Demonstrações contábeis  Fluxo de caixa
Desempenho
elaboradas de acordo com previsto/projetado
Financeira
uma estrutura aceitável de  Posição financeira
Posição
relatórios financeiros prevista/projetada
 Declaração de emissão de
gases de efeito estufa  Reduções de emissão
 Relatório de sustentabilidade atribuídas à nova
 Indicadores chave de tecnologia, ou gases de
Desempenho/uso de desempenho efeito estufa a serem
recursos/ relação  Declaração sobre o efetivo capturados por plantio
custo x benefício uso de recursos de árvores
(value for money)  Declaração sobre a relação  Declaração de que
custo x benefício uma ação proposta
Não
financeira  Relatório de fornecerá benefício
responsabilidade social da maior do que seu custo
corporação
Descrição do
sistema/processo como
implementado em determinado
Condição momento
Características físicas, por
exemplo, o tamanho da
propriedade arrendada
Descrição do sistema de
Descrição
controle interno.
Desenvolvimento dos
Projeto de controles para uma controles propostos para
Sistema/ Projeto
organização de serviços um processo futuro de
processo
produção
Eficácia operacional dos
Operação/e
processos de contratação
desempenho
treinamento de empregados
Cumprimento pela entidade de
Cumprimento ou
convênios de empréstimo,
conformidade com
requisitos legais ou
regra
Aspectos regulamentários específicos
comporta- Comportamento Avaliação da eficácia do
mentais humano comitê de auditoria
Adequação do aplicativo (ou
Outros do pacote de software) à sua
finalidade

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NBC TA 200 (R1) – OBJETIVOS GERAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE E A CONDUÇÃO DA
AUDITORIA EM CONFORMIDADE COM NORMAS DE AUDITORIA

A letra R mais o número que identifica sua alteração (R1, R2, R3, ...) foram adicionados à sigla da
norma para identificarem o número da consolidação e facilitarem a pesquisa no site do CFC. A citação
desta norma em outras normas é identificada pela sua sigla sem referência a R1, R2, R3, pois essas
referências são sempre da norma em vigor, para que, em cada alteração da norma, não haja necessidade
de se ajustarem as citações em outras normas.

Introdução

Alcance

1. Esta Norma de Auditoria trata das responsabilidades gerais do auditor independente na condução
da auditoria de demonstrações contábeis em conformidade com as normas brasileiras e internacionais
de auditoria. Nesta Norma e em outras normas elas estão substancialmente apresentadas pela sua sigla
“NBC TA”. Especificamente, ela expõe os objetivos gerais do auditor independente e explica a natureza
e o alcance da auditoria para possibilitar ao auditor independente o cumprimento desses objetivos. Ela
também explica o alcance, a autoridade e a estrutura das NBCs TA e inclui requisitos estabelecendo as
responsabilidades gerais do auditor independente aplicáveis em todas as auditorias, inclusive a obrigação
de atender todas as NBCs TA. Doravante, o “auditor independente” é denominado o “auditor”.

2. As NBCs TA são escritas no contexto da auditoria de demonstrações contábeis executada por um


auditor. Elas devem ser adaptadas conforme necessário às circunstâncias, quando aplicadas a auditorias
de outras informações contábeis históricas. As NBCs TA não endereçam as responsabilidades do auditor
que possam existir numa legislação, regulamentação ou de outra forma, por exemplo, como em conexão
com uma oferta pública de títulos. Essas responsabilidades podem ser diferentes daquelas
estabelecidas pelas NBCs TA. Dessa forma, enquanto o auditor pode encontrar aspectos nas
NBCs TA que o apoiem nessas circunstâncias, é responsabilidade do auditor garantir
cumprimento de todas as obrigações legais, regulatórias e profissionais.

Auditoria de demonstrações contábeis

3. O objetivo da auditoria é aumentar o grau de confiança nas demonstrações contábeis por parte dos
usuários. Isso é alcançado mediante a expressão de uma opinião pelo auditor sobre se as demonstrações
contábeis foram elaboradas, em todos os aspectos relevantes, em conformidade com uma estrutura de
relatório financeiro aplicável. No caso da maioria das estruturas conceituais para fins gerais, essa opinião
expressa se as demonstrações contábeis estão apresentadas adequadamente, em todos os aspectos
relevantes, em conformidade com a estrutura de relatório financeiro. A auditoria conduzida em
conformidade com as normas de auditoria e exigências éticas relevantes capacita o auditor a formar essa
opinião (ver item A1).

4. As demonstrações contábeis sujeitas à auditoria são as da entidade, elaboradas pela sua


administração, com supervisão geral dos responsáveis pela governança. As NBCs TA não impõem
responsabilidades à administração ou aos responsáveis pela governança e não se sobrepõe às leis e
regulamentos que governam as suas responsabilidades. Contudo, a auditoria em conformidade com as
normas de auditoria é conduzida com base na premissa de que a administração e, quando apropriado,
os responsáveis pela governança têm conhecimento de certas responsabilidades que são fundamentais
para a condução da auditoria. A auditoria das demonstrações contábeis não exime dessas
responsabilidades a administração ou os responsáveis pela governança (ver itens A2 a A11).

5. Como base para a opinião do auditor, as NBCs TA exigem que ele obtenha segurança razoável de
que as demonstrações contábeis como um todo estão livres de distorção relevante, independentemente
se causadas por fraude ou erro. Asseguração razoável é um nível elevado de segurança. Esse nível é
conseguido quando o auditor obtém evidência de auditoria apropriada e suficiente para reduzir a um nível
aceitavelmente baixo o risco de auditoria (isto é, o risco de que o auditor expresse uma opinião
inadequada quando as demonstrações contábeis contiverem distorção relevante). Contudo, asseguração
razoável não é um nível absoluto de segurança porque há limitações inerentes em uma auditoria, as quais

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resultam do fato de que a maioria das evidências de auditoria em que o auditor baseia suas conclusões
e sua opinião, é persuasiva e não conclusiva (ver itens A28 a A52).

6. O conceito de materialidade é aplicado pelo auditor no planejamento e na execução da auditoria, e


na avaliação do efeito de distorções identificadas sobre a auditoria e de distorções não corrigidas, se
houver, sobre as demonstrações contábeis (NBC TA 320 – Materialidade no Planejamento e na Execução
da Auditoria, e NBC TA 450 – Avaliação das Distorções Identificadas durante a Auditoria). Em geral, as
distorções, inclusive as omissões, são consideradas relevantes se for razoável esperar que, individual ou
conjuntamente, elas influenciem as decisões econômicas dos usuários tomadas com base nas
demonstrações contábeis. Julgamentos sobre a materialidade são estabelecidos levando-se em
consideração as circunstâncias envolvidas e são afetadas pela percepção que o auditor tem das
necessidades dos usuários das demonstrações contábeis e pelo tamanho ou natureza de uma distorção,
ou por uma combinação de ambos. A opinião do auditor considera as demonstrações contábeis como um
todo e, portanto, o auditor não é responsável pela detecção de distorções que não sejam relevantes para
as demonstrações contábeis como um todo.

7. A estrutura das NBCs TA contempla uma introdução, os objetivos, os requisitos e uma seção
contendo aplicação e outros materiais explicativos que se destinam a dar suporte ao auditor na obtenção
de segurança razoável. Quando necessário, elas são complementadas com Apêndices. As NBCs TA
exigem que o auditor exerça o julgamento profissional e mantenha o ceticismo profissional ao longo de
todo o planejamento e na execução da auditoria e, entre outras coisas:
- Identifique e avalie os riscos de distorção relevante, independentemente se causados por fraude ou
erro, com base no entendimento da entidade e de seu ambiente, inclusive o controle interno da entidade.
- Obtenha evidência de auditoria apropriada e suficiente para concluir se existem distorções relevantes
por meio do planejamento e aplicação de respostas (procedimentos de auditoria) apropriadas aos riscos
avaliados.
- Forme uma opinião a respeito das demonstrações contábeis com base em conclusões obtidas das
evidências de auditoria obtidas.

8. A forma da opinião expressa pelo auditor depende da estrutura de relatório financeiro aplicável e de
lei ou regulamento aplicáveis (ver itens A12 e A13).

9. O auditor também pode ter outras responsabilidades de comunicação e de relatório, perante os


usuários, a administração, os responsáveis pela governança ou partes fora da entidade, a respeito dos
assuntos decorrentes da auditoria. Essas outras responsabilidades podem ser estabelecidas pelas NBCs
TA, por lei ou regulamento aplicável, como, por exemplo, NBC TA 260 – Comunicação com os
Responsáveis pela Governança, e item 43 da NBC TA 240 que trata da responsabilidade do auditor em
relação a fraude, no contexto da auditoria de demonstrações contábeis.

Data de vigência

10. Esta Norma é aplicável para auditorias de demonstrações contábeis para períodos iniciados em
ou após 1º de janeiro de 2010.

Objetivos gerais do auditor

11. Ao conduzir a auditoria de demonstrações contábeis, os objetivos gerais do auditor são:


(a) obter segurança razoável de que as demonstrações contábeis como um todo estão livres de
distorção relevante, independentemente se causadas por fraude ou erro, possibilitando assim que o
auditor expresse sua opinião sobre se as demonstrações contábeis foram elaboradas, em todos os
aspectos relevantes, em conformidade com a estrutura de relatório financeiro aplicável; e
(b) apresentar relatório sobre as demonstrações contábeis e comunicar-se como exigido pelas NBCs
TA, em conformidade com as constatações do auditor.

12. Em todos os casos em que não for possível obter segurança razoável e a opinião com ressalva no
relatório do auditor for insuficiente nas circunstâncias para atender aos usuários previstos das
demonstrações contábeis, as NBCs TA requerem que o auditor se abstenha de emitir sua opinião ou
renuncie ao trabalho, quando a renúncia for possível de acordo com lei ou regulamentação aplicável.

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Definições

13. Para fins das NBCs TA, os seguintes termos possuem os significados atribuídos a seguir:
(a) Estrutura de relatório financeiro aplicável é a estrutura de relatório financeiro adotada pela
administração e, quando apropriado, pelos responsáveis pela governança na elaboração das
demonstrações contábeis, que é aceitável em vista da natureza da entidade e do objetivo das
demonstrações contábeis ou que seja exigida por lei ou regulamento.
A expressão “estrutura de apresentação adequada” é utilizada para se referir a uma estrutura de
relatório financeiro que exige conformidade com as exigências dessa estrutura e:
(i) reconhece explícita ou implicitamente que, para conseguir a apresentação adequada das
demonstrações contábeis, pode ser necessário que a administração forneça divulgações além das
especificamente exigidas pela estrutura; ou
(ii) reconhece explicitamente que pode ser necessário que a administração se desvie de uma exigência
da estrutura para conseguir a apresentação adequada das demonstrações contábeis. Espera-se que tais
desvios sejam necessários apenas em circunstâncias extremamente raras.
A expressão “estrutura de conformidade” (compliance) é utilizada para se referir a uma estrutura de
relatório financeiro que exija a conformidade com as exigências dessa estrutura, mas não reconhece os
aspectos contidos em (i) e (ii) acima.
(b) Evidências de auditoria são as informações utilizadas pelo auditor para fundamentar suas
conclusões em que se baseia a sua opinião. As evidências de auditoria incluem informações contidas nos
registros contábeis subjacentes às demonstrações contábeis e outras informações. Para fins das NBCs
TA:
(i) a suficiência das evidências de auditoria é a medida da quantidade da evidência de auditoria. A
quantidade necessária da evidência de auditoria é afetada pela avaliação do auditor dos riscos de
distorção relevante e também pela qualidade de tal evidência;
(ii) a adequação da evidência de auditoria é a medida da qualidade da evidência de auditoria; isto é,
sua relevância e confiabilidade no fornecimento de suporte às conclusões em que se baseia a opinião do
auditor.
(c) Risco de auditoria é o risco de que o auditor expresse uma opinião de auditoria inadequada
quando as demonstrações contábeis contiverem distorção relevante. O risco de auditoria é uma função
dos riscos de distorção relevante e do risco de detecção.
(d) Auditor é usado em referência à pessoa ou pessoas que conduzem a auditoria, geralmente o sócio
do trabalho ou outros integrantes da equipe do trabalho, ou, como aplicável, à firma. Quando uma NBC
TA pretende expressamente que uma exigência ou responsabilidade seja cumprida pelo sócio do
trabalho, usa-se o termo “sócio do trabalho” ao invés de auditor. “Sócio do trabalho” e “firma” devem ser
lidos como se referindo a seus equivalentes no setor público, quando for relevante.
(e) Risco de detecção é o risco de que os procedimentos executados pelo auditor para reduzir o risco
de auditoria a um nível aceitavelmente baixo não detectem uma distorção existente que possa ser
relevante, individualmente ou em conjunto com outras distorções.
(f) Demonstrações contábeis são a representação estruturada de informações financeiras históricas,
incluindo divulgações, com a finalidade de informar os recursos econômicos ou as obrigações da entidade
em determinada data no tempo ou as mutações de tais recursos ou obrigações durante um período de
tempo em conformidade com a estrutura de relatório financeiro. O termo “demonstrações contábeis”
refere-se normalmente ao conjunto completo de demonstrações contábeis como determinado pela
estrutura de relatório financeiro aplicável, mas também pode referir-se a quadros isolados das
demonstrações contábeis. As divulgações compreendem informações explicativas ou descritivas,
elaboradas conforme requeridas, permitidas expressamente ou de outra forma pela estrutura de relatório
financeiro aplicável, incluídas nas demonstrações contábeis, ou nas notas explicativas, ou incorporadas
por referência cruzada (ver itens Al e A2). (Alterado pela NBC TA 200 (R1))
(g) Informação contábil histórica é a informação expressa em termos financeiros em relação a uma
entidade específica, derivada principalmente do sistema contábil da entidade, a respeito de eventos
econômicos ocorridos em períodos passados ou de condições ou circunstâncias econômicas em
determinada data no passado.
(h) Administração é a pessoa com responsabilidade executiva pela condução das operações da
entidade. Para algumas entidades, como no Brasil, a administração inclui alguns ou todos os
responsáveis pela governança, por exemplo, membros executivos de um conselho de governança, ou
sócio-diretor.
(i) Distorção é a diferença entre o valor, a classificação, a apresentação ou a divulgação de uma
demonstração contábil relatada e o valor, a classificação, a apresentação ou a divulgação que é exigida

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para que o item esteja de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável. As distorções podem
originar-se de erro ou fraude. Quando o auditor expressa uma opinião sobre se as demonstrações
contábeis foram apresentadas adequadamente, em todos os aspectos relevantes, as distorções também
incluem os ajustes de valor, classificação, apresentação ou divulgação que, no julgamento do auditor, são
necessários para que as demonstrações contábeis estejam apresentadas adequadamente, em todos os
aspectos relevantes.
(j) Premissa, relativa às responsabilidades da administração e, quando apropriado, dos responsáveis
pela governança, com base na qual a auditoria é conduzida – Que a administração e, quando apropriado,
os responsáveis pela governança, tenham conhecimento e entendido que eles têm as seguintes
responsabilidades, fundamentais para a condução da auditoria em conformidade com as normas de
auditoria. Isto é, a responsabilidade:
(i) pela elaboração das demonstrações contábeis em conformidade com a estrutura de relatório
financeiro aplicável, incluindo quando relevante sua apresentação adequada;
(ii) pelo controle interno que os administradores e, quando apropriado, os responsáveis pela
governança, determinam ser necessário para permitir a elaboração de demonstrações contábeis que
estejam livres de distorção relevante, independentemente se causada por fraude ou erro;
(iii) por fornecer ao auditor:
a. acesso às informações que os administradores e, quando apropriado, os responsáveis pela
governança, tenham conhecimento que sejam relevantes para a elaboração e apresentação das
demonstrações contábeis como registros, documentação e outros assuntos;
b. quaisquer informações adicionais que o auditor possa solicitar da administração e, quando
apropriado, dos responsáveis pela governança para o propósito da auditoria; e
c. acesso irrestrito àqueles dentro da entidade que o auditor determina ser necessário obter evidências
de auditoria.
No caso de uma estrutura de apresentação adequada, o item (i) acima pode ser redigido como “pela
elaboração e apresentação adequada das demonstrações contábeis em conformidade com a estrutura
de relatório financeiro”, ou “pela elaboração de demonstrações contábeis que propiciem uma visão
verdadeira e justa em conformidade com a estrutura de relatório financeiro”. Isso se aplica a todas as
referências à elaboração e apresentação das demonstrações contábeis nas normas de auditoria.
(k) Julgamento profissional é a aplicação do treinamento, conhecimento e experiência relevantes,
dentro do contexto fornecido pelas normas de auditoria, contábeis e éticas, na tomada de decisões
informadas a respeito dos cursos de ação apropriados nas circunstâncias do trabalho de auditoria.
(l) Ceticismo profissional é a postura que inclui uma mente questionadora e alerta para condições
que possam indicar possível distorção devido a erro ou fraude e uma avaliação crítica das evidências de
auditoria.
(m) Asseguração razoável é, no contexto da auditoria de demonstrações contábeis, um nível alto,
mas não absoluto, de segurança.
(n) Risco de distorção relevante é o risco de que as demonstrações contábeis contenham distorção
relevante antes da auditoria. Consiste em dois componentes, descritos a seguir no nível das afirmações:
(i) risco inerente é a suscetibilidade de uma afirmação a respeito de uma transação, saldo contábil ou
divulgação, a uma distorção que possa ser relevante, individualmente ou em conjunto com outras
distorções, antes da consideração de quaisquer controles relacionados;
(ii) risco de controle é o risco de que uma distorção que possa ocorrer em uma afirmação sobre uma
classe de transação, saldo contábil ou divulgação e que possa ser relevante, individualmente ou em
conjunto com outras distorções, não seja prevenida, detectada e corrigida tempestivamente pelo controle
interno da entidade.
(o) Responsável pela governança é a pessoa ou organização com a responsabilidade de
supervisionar de forma geral a direção estratégica da entidade e obrigações relacionadas com a
responsabilidade da entidade. Isso inclui a supervisão geral do processo de relatório financeiro. Para
algumas entidades, os responsáveis pela governança podem incluir empregados da administração, por
exemplo, membros executivos de conselho de governança de uma entidade do setor privado ou público,
ou sócio-diretor.

Requisitos

Requisitos éticos relacionados à auditoria de demonstrações contábeis

14. O auditor deve cumprir as exigências éticas relevantes, inclusive as pertinentes à independência,
no que se refere aos trabalhos de auditoria de demonstrações contábeis (ver itens A14 a A17).

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Ceticismo profissional

15. O auditor deve planejar e executar a auditoria com ceticismo profissional, reconhecendo que
podem existir circunstâncias que causam distorção relevante nas demonstrações contábeis (ver itens A18
a A22).

Julgamento profissional

16. O auditor deve exercer julgamento profissional ao planejar e executar a auditoria de demonstrações
contábeis (ver itens A23 a A27).

Evidência de auditoria apropriada e suficiente e risco de auditoria

17. Para obter segurança razoável, o auditor deve obter evidência de auditoria apropriada e suficiente
para reduzir o risco de auditoria a um nível baixo aceitável e, com isso, possibilitar a ele obter conclusões
razoáveis e nelas basear a sua opinião (ver itens A28 a A52).

Condução da auditoria em conformidade com NBCs TA

Conformidade com NBCs TA relevantes para a auditoria

18. O auditor deve observar todas as NBCs TA relevantes para a auditoria. Uma NBC TA é relevante
para a auditoria quando ela está em vigor e as circunstâncias tratadas nela existem na situação específica
(ver itens A55 a A59).

19. O auditor deve entender o texto inteiro de cada NBC TA, inclusive sua aplicação e outros materiais
explicativos para entender os seus objetivos e aplicar as suas exigências adequadamente (ver itens A60
a A68).

20. O auditor não deve declarar conformidade com as normas de auditoria (brasileiras e internacionais)
no seu relatório, a menos que ele tenha cumprido com as exigências desta Norma e de todas as demais
NBCs TA relevantes para a auditoria.

Objetivos declarados em NBCs TA individuais

21. Para atingir os objetivos gerais do auditor, ele deve utilizar os procedimentos estabelecidos nas
NBCs TA relevantes ao planejar e executar a auditoria, considerando as inter-relações entre as NBCs
TA, para (ver itens A69 a A71):
(a) determinar se são necessários quaisquer procedimentos de auditoria, além dos exigidos pelas
NBCs TA, na busca dos objetivos formulados nas NBCs TA (ver item A72); e
(b) avaliar se foi obtida evidência de auditoria apropriada e suficiente (ver item A73).

Conformidade com exigências relevantes

22. Observado o disposto no item 23, o auditor deve cumprir com cada exigência de uma NBC TA, a
menos que, nas circunstâncias da auditoria:
(a) a NBC TA inteira não seja relevante; ou
(b) a exigência não seja relevante por ser condicional e a condição não existir (ver itens A74 e A75).

23. Em circunstâncias excepcionais, o auditor pode julgar necessário não considerar uma exigência
relevante em uma NBC TA. Em tais circunstâncias, o auditor deve executar procedimentos de auditoria
alternativos para cumprir o objetivo dessa exigência. Espera-se que a necessidade do auditor não
considerar uma exigência relevante surja apenas quando a exigência for a execução de um procedimento
específico e, nas circunstâncias específicas da auditoria, esse procedimento seria ineficaz no
cumprimento do objetivo da exigência (ver item A74).

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Não cumprimento de um objetivo

24. Se um objetivo em uma NBC TA relevante não pode ser cumprido, o auditor deve avaliar se isso o
impede de cumprir os objetivos gerais de auditoria e se isso exige que ele, em conformidade com as
NBCs TA, modifique sua opinião ou renuncie ao trabalho (quando a renúncia é possível de acordo com
lei ou regulamento aplicável). A falha no cumprimento de um objetivo representa um assunto significativo,
que exige documentação em conformidade com a NBC TA 230 – Documentação de Auditoria (ver itens
A77 a A78). Para melhor entendimento das expressões “que o auditor modifique sua opinião” ou “emitir
uma opinião modificada” ver NBC TA 705 que trata da emissão de relatórios com modificações, que
significa emitir um relatório adverso ou com ressalva.

Em razão da inclusão dos itens A1 e A2, a numeração existente é renumerada em ordem sequencial,
ou seja, A1 para A3, A2 para A4, A3 para A5, e assim sucessivamente. Além disso, as referências em
outras normas também são ajustadas em função dessas alterações de numeração.

Em razão dessas alterações, as disposições não alteradas desta norma são mantidas e a sigla da NBC
TA 200, publicada no DOU, Seção 1, de 3/12/2009, passa a ser NBC TA 200 (R1).

As alterações desta norma entram em vigor na data de sua publicação, aplicando-se às auditorias de
demonstrações contábeis para períodos que se findam em, ou após, 31 de dezembro de 2016.
Brasília, 19 de agosto de 2016.
Contador José Martonio Alves Coelho
Presidente

Aplicação e outros materiais explicativos


Definições
Demonstrações contábeis (ver item 13(f))

A1. Algumas estruturas de relatórios financeiros podem referir-se aos recursos econômicos ou às
obrigações da entidade em outros termos. Por exemplo, eles podem ser denominados ativos e passivos
da entidade, e a diferença residual entre eles também pode ser denominada patrimônio ou patrimônio
líquido. (Incluído pela NBC TA 200 (R1))

A2. Informações explicativas ou descritivas que devem ser incluídas nas demonstrações contábeis de
acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável podem ser incorporadas nelas por referência
cruzada com informações em outro documento, como relatório da administração ou relatório de risco.
"Incorporadas nelas por referência cruzada" significa cruzar a referência das demonstrações contábeis
para outro documento, e não do outro documento para as demonstrações contábeis. Quando a estrutura
de relatório financeiro aplicável não proíbe expressamente o uso de referência cruzada ou quando as
informações explicativas ou descritivas podem ser encontradas, e as informações forem adequadamente
incluídas como referência cruzada, as informações devem fazer parte das demonstrações contábeis.
(Incluído pela NBC TA 200 (R1))

Auditoria de demonstrações contábeis

Alcance da auditoria (ver item 3)

A3. A opinião do auditor sobre as demonstrações contábeis trata de determinar se as demonstrações


contábeis são elaboradas, em todos os aspectos relevantes, em conformidade com a estrutura de
relatório financeiro aplicável. Tal opinião é comum a todas as auditorias de demonstrações contábeis. A
opinião do auditor, portanto, não assegura, por exemplo, a viabilidade futura da entidade nem a eficiência
ou eficácia com a qual a administração conduziu os negócios da entidade. Em algumas situações, porém,
lei e regulamento aplicáveis podem exigir que o auditor forneça opinião sobre outros assuntos específicos,
tais como a eficácia do controle interno ou a compatibilidade de um relatório separado da administração
junto com as demonstrações contábeis. Embora as NBCs TA incluam exigências e orientação em relação
a tais assuntos na medida em que sejam relevantes para a formação de uma opinião sobre as
demonstrações contábeis, seria exigido que o auditor empreendesse trabalho adicional se tivesse
responsabilidades adicionais no fornecimento de tais opiniões.

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Elaboração das demonstrações contábeis (ver item 4)

A4. Lei ou regulamento podem estabelecer as responsabilidades da administração e, quando


apropriado, dos responsáveis pela governança, em relação a relatórios financeiros. Entretanto, a
extensão dessas responsabilidades, ou a forma que elas são descritas, podem ser diferentes. Apesar
dessas diferenças, uma auditoria em conformidade com NBCs TA é conduzida com base na premissa de
que a administração e, quando apropriado, os responsáveis pela governança reconhecem e entendem
que eles têm essa responsabilidade:
(a) pela elaboração das demonstrações contábeis em conformidade com a estrutura de relatório
financeiro aplicável, incluindo quando relevante sua apresentação adequada;
(b) pelo controle interno que os administradores e, quando apropriado, os responsáveis pela
governança determinam ser necessário para permitir a elaboração de demonstrações contábeis que
estejam livres de distorção relevante, independentemente se causada por fraude ou erro; e
(c) por fornecer ao auditor:
(i) acesso a todas as informações, que a administração e, quando apropriado, os responsáveis pela
governança tenham conhecimento e que sejam relevantes para a elaboração e apresentação das
demonstrações contábeis tais como: registros e documentação, e outros assuntos;
(ii) informações adicionais que o auditor possa solicitar da administração e, quando apropriado, dos
responsáveis pela governança para a finalidade da auditoria; e
(iii) acesso irrestrito às pessoas da entidade, que o auditor determine ser necessário obter evidências
de auditoria.

A5. A elaboração das demonstrações contábeis, pela administração e, quando apropriado, pelos
responsáveis pela governança requer:
• a identificação da estrutura de relatório financeiro aplicável, no contexto de leis ou regulamentos
relevantes.
• a elaboração das demonstrações contábeis em conformidade com essa estrutura.
• a inclusão de descrição adequada dessa estrutura nas demonstrações contábeis.

A elaboração das demonstrações contábeis exige que a administração exerça julgamento ao fazer
estimativas contábeis que sejam razoáveis nas circunstâncias, assim como ao selecionar e ao aplicar
políticas contábeis apropriadas. Esses julgamentos são estabelecidos no contexto da estrutura de
relatório financeiro aplicável.

A6. As demonstrações contábeis podem ser elaboradas em conformidade com uma estrutura de
relatório financeiro para satisfazer:
• as necessidades de informação financeira comuns de um amplo leque de usuários (isto é,
“demonstrações contábeis para fins gerais”); ou
• as necessidades de informação financeira de usuários específicos (isto é, “demonstrações contábeis
para propósitos especiais”).

A7. A estrutura de relatório financeiro aplicável muitas vezes abrange normas de contabilidade
estabelecidas por organização normatizadora autorizada ou reconhecida ou por exigências legislativas
ou regulamentares. Em alguns casos, a estrutura de relatório financeiro pode abranger normas de
informação contábil estabelecidas por organização normatizadora autorizada ou reconhecida e
exigências legislativas ou regulamentares. Outras fontes podem fornecer orientação sobre a aplicação da
estrutura de relatório financeiro aplicável. Em alguns casos, a estrutura de relatório financeiro aplicável
pode abranger tais fontes ou pode até mesmo consistir nelas. Tais fontes podem incluir:
• o ambiente legal e ético, incluindo estatutos, regulamentos, veredictos e obrigações éticas
profissionais em relação a assuntos contábeis;
• interpretações contábeis publicadas de diferente autoridade emitidas por organizações
normatizadoras, profissionais ou reguladoras;
• pontos de vista publicados de diferentes autoridades sobre assuntos contábeis emergentes, emitidos
por organizações normatizadoras, profissionais ou reguladoras;
• práticas gerais e de setor amplamente reconhecidas e prevalecentes; e
• literatura contábil.

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Quando existem conflitos entre a estrutura de relatório financeiro aplicável e as fontes em que
orientação sobre sua aplicação pode ser obtida, ou entre as fontes que abrangem a estrutura de relatório
financeiro, a fonte com a mais alta autoridade prevalece.
No caso do Brasil, como definido no item 7 da NBC TG 26 – Apresentação das Demonstrações
Contábeis “práticas contábeis adotadas no Brasil” compreendem a legislação societária brasileira, as
Normas Brasileiras de Contabilidade, emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade, os
pronunciamentos, as interpretações e as orientações emitidos pelo CPC e homologados pelos órgãos
reguladores, e práticas adotadas pelas entidades em assuntos não regulados, desde que atendam à
Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis emitida pelo CFC
e, por conseguinte, em consonância com as normas contábeis internacionais.

A8. As exigências da estrutura de relatório financeiro aplicável determinam a forma e o conteúdo das
demonstrações contábeis. Embora a estrutura possa não especificar o modo de contabilização ou
divulgação de todas as transações ou eventos, ela geralmente incorpora princípios suficientemente
amplos, que podem servir como base para o desenvolvimento e aplicação de políticas contábeis
compatíveis com os conceitos subjacentes às exigências da estrutura.

A9. Algumas estruturas de relatório financeiro são estruturas de apresentação adequada, enquanto
outras são estruturas de conformidade. Estruturas de relatório financeiro que abrangem primariamente
as normas de contabilidade estabelecidas por organização com autoridade ou reconhecimento para
promulgar normas a serem usadas pelas entidades na elaboração de demonstrações contábeis para fins
gerais muitas vezes são estabelecidas para o cumprimento da apresentação adequada. Por exemplo, as
práticas contábeis adotadas no Brasil, emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade ou pelo Comitê
de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e aprovadas pelos reguladores específicos.

A10. As exigências da estrutura de relatório financeiro também determinam o que constitui conjunto
completo de demonstrações contábeis. No Brasil, as demonstrações contábeis destinam-se a fornecer
informações a respeito da posição patrimonial e financeira, desempenho e fluxos de caixa da entidade.
Para tais estruturas, o conjunto completo de demonstrações contábeis incluiria balanço patrimonial,
demonstração do resultado, demonstração das mutações do patrimônio liquido, demonstração dos fluxos
de caixa e respectivas notas explicativas. No Brasil, para as companhias abertas, inclui-se a
demonstração do valor adicionado. Para outras estruturas de relatório financeiro, uma demonstração
contábil isolada e as notas explicativas relacionadas podem constituir o conjunto completo de
demonstrações contábeis.

A11. A NBC TA 210 – Concordância com os Termos do Trabalho de Auditoria, item 6(a), estabelece
exigências e fornece orientação sobre como determinar a aceitabilidade da estrutura de relatório
financeiro aplicável. A NBC TA 800 – Considerações Especiais - Auditoria de Demonstrações Contábeis
Elaboradas de Acordo com Estruturas Conceituais de Contabilidade para Propósitos Especiais, trata de
considerações especiais quando as demonstrações contábeis são elaboradas em conformidade com uma
estrutura de fim especial.

A12. Em decorrência da importância da premissa para a condução da auditoria, exige-se que o auditor
obtenha a concordância da administração e, quando apropriado, dos responsáveis pela governança, de
que eles têm responsabilidades, expostas no item A2, como condição prévia para a aceitação do trabalho
de auditoria (NBC TA 210, item 6(b)).

Considerações específicas para auditoria no setor público

A13. Os mandatos de auditoria para auditoria de demonstrações contábeis de entidade do setor


público podem ser mais detalhados do que os de outras entidades. Como resultado, a premissa relativa
às responsabilidades da administração sobre a qual é conduzida a auditoria das demonstrações contábeis
do setor público pode incluir responsabilidades adicionais, tais como a responsabilidade pela execução
de transações e eventos em conformidade com a legislação, regulamentação ou outra autoridade (ver
item A57).

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Forma da opinião do auditor (ver item 8)

A14. A opinião expressa pelo auditor é se as demonstrações contábeis foram elaboradas, em todos
os aspectos relevantes, em conformidade com a estrutura de relatório financeiro aplicável. A forma da
opinião do auditor, porém, depende da estrutura de relatório financeiro aplicável e de lei ou regulamento,
que sejam aplicáveis. Grande parte das estruturas de relatório financeiro inclui exigências relativas à
apresentação das demonstrações contábeis. Para tais estruturas, a elaboração das demonstrações
contábeis em conformidade com a estrutura de relatório financeiro aplicável inclui a apresentação.

A15. Quando a estrutura de relatório financeiro é uma estrutura de apresentação adequada, como
geralmente ocorre no caso de demonstrações contábeis para fins gerais, a opinião exigida pelas NBCs
TA é se as demonstrações contábeis foram apresentadas adequadamente, em todos os aspectos
relevantes. Quando a estrutura de relatório financeira é uma estrutura de conformidade (compliance), a
opinião exigida é se as demonstrações contábeis foram elaboradas, em todos os aspectos relevantes,
em conformidade com a estrutura. A menos que haja declaração em contrário, as referências nas NBCs
TA à opinião do auditor abrangem ambas as formas de opinião.

Requisitos éticos relacionados à auditoria de demonstrações contábeis (ver item 14)

A16. O auditor está sujeito a exigências éticas relevantes, inclusive as relativas à independência, no
que diz respeito a trabalhos de auditoria de demonstrações contábeis. As exigências éticas relevantes
abrangem o Código de Ética Profissional do Contabilista, relacionados à auditoria de demonstrações
contábeis bem como as NBC PAs aplicáveis.

A17. Os princípios fundamentais de ética profissional relevantes para o auditor quando da condução
de auditoria de demonstrações contábeis estão implícitos no Código de Ética Profissional do Contabilista
e na NBC PA 01, que trata do controle de qualidade. Esses princípios estão em linha com os princípios
do Código de Ética do IFAC, cujo cumprimento é exigido dos auditores. Esses princípios são:
(a) Integridade;
(b) Objetividade;
(c) Competência e zelo profissional;
(d) Confidencialidade; e
(e) Comportamento (ou conduta) profissional.

O Código de Ética Profissional do Contabilista e as normas profissionais do CFC relacionadas mostram


como a estrutura conceitual deve ser aplicada em situações específicas. Fornecem exemplos de
salvaguardas que podem ser apropriadas para tratar das ameaças ao cumprimento dos princípios
fundamentais e fornece, também, exemplos de situações onde não há salvaguardas disponíveis para
tratar as ameaças.

A18. No caso de trabalho de auditoria ser de interesse público e, portanto, exigido pelo Código de Ética
Profissional do Contabilista e pelas normas profissionais do CFC, se exige que o auditor seja
independente da entidade sujeita a auditoria. O Código de Ética Profissional do Contabilista e as normas
profissionais descrevem a independência como abrangendo postura mental independente e
independência na aparência. A independência do auditor frente à entidade salvaguarda a capacidade do
auditor de formar opinião de auditoria sem ser afetado por influências que poderiam comprometer essa
opinião. A independência aprimora a capacidade do auditor de atuar com integridade, ser objetivo e
manter postura de ceticismo profissional.

A19. A NBC PA 01 trata das responsabilidades da firma (e dos auditores independentes pessoas
físicas) ao estabelecer e manter sistema de controle de qualidade para a execução de trabalhos de
auditoria ou revisão de informações históricas, outros trabalhos de asseguração (informações não
históricas) e serviços correlatos. A referida NBC PA, itens 20 a 24, apresenta as responsabilidades do
auditor (pessoa física ou jurídica) para o estabelecimento de políticas e procedimentos para lhe fornecer
segurança razoável de que a firma e seu pessoal cumprem com as exigências éticas relevantes, inclusive
as relacionadas com independência. A NBC TA 220 – Controle de Qualidade da Auditoria de
Demonstrações Contábeis, itens 9 a 11, apresenta as responsabilidades do sócio do trabalho no que diz
respeito às exigências éticas relevantes. Essas responsabilidades incluem alertas adicionais, por meio de
observação e indagações quando necessário para evidências de não cumprimento com requerimentos

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éticos relevantes por membros da equipe de trabalho, determinando a ação apropriada se vierem ao
conhecimento do sócio do trabalho assuntos que indiquem que membros da equipe do trabalho não
cumpriram com exigências éticas relevantes, e formar uma conclusão sobre a conformidade com as
exigências de independência que se aplicam ao trabalho de auditoria. A NBC TA 220 reconhece que a
equipe do trabalho tem direito de se valer dos sistemas de controle de qualidade da firma para cumprir
suas responsabilidades no que se refere a procedimentos de controle de qualidade aplicáveis ao trabalho
de auditoria individual, a menos que a informação fornecida pela firma ou outras partes sugira outra ação.

Ceticismo profissional

A20. O ceticismo profissional inclui estar alerta, por exemplo, a:


• evidências de auditoria que contradigam outras evidências obtidas;
• informações que coloquem em dúvida a confiabilidade dos documentos e respostas a indagações a
serem usadas como evidências de auditoria;
• condições que possam indicar possível fraude;
• circunstâncias que sugiram a necessidade de procedimentos de auditoria além dos exigidos pelas
NBCs TA.

A21. A manutenção do ceticismo profissional ao longo de toda a auditoria é necessária, por exemplo,
para que o auditor reduza os riscos de:
• ignorar circunstâncias não usuais;
• generalização excessiva ao tirar conclusões das observações de auditoria;
• uso inadequado de premissas ao determinar a natureza, a época e a extensão dos procedimentos
de auditoria e ao avaliar os resultados destes.

A22. O ceticismo profissional é necessário para a avaliação crítica das evidências de auditoria. Isso
inclui questionar evidências de auditoria contraditórias e a confiabilidade dos documentos e respostas a
indagações e outras informações obtidas junto à administração e aos responsáveis pela governança.
Também inclui a consideração da suficiência e adequação das evidências de auditoria obtidas
considerando as circunstâncias, por exemplo, no caso de existência de fatores de risco de fraude e um
documento individual, de natureza suscetível de fraude, for a única evidência que corrobore um valor
relevante da demonstração contábil.

A23. O auditor pode aceitar registros e documentos como genuínos, a menos que tenha razão para
crer no contrário. Contudo, exige-se que o auditor considere a confiabilidade das informações a serem
usadas como evidências de auditoria (NBC TA 500 – Evidência de Auditoria, itens 7 a 9). Em casos de
dúvida a respeito da confiabilidade das informações ou indicações de possível fraude (por exemplo, se
condições identificadas durante a auditoria fizerem o auditor crer que um documento pode não ser
autêntico ou que termos de documento podem ter sido falsificados), as normas de auditoria exigem que
o auditor faça investigações adicionais e determine que modificações ou adições aos procedimentos de
auditoria são necessários para solucionar o assunto (NBC TA 240, item 13; NBC TA 500, item 11; e NBC
TA 505 – Confirmações Externas, itens 10, 11 e 16).

A24. Não se pode esperar que o auditor desconsidere a experiência passada de honestidade e
integridade da administração da entidade e dos responsáveis pela governança. Contudo, a crença de que
a administração e os responsáveis pela governança são honestos e têm integridade não livra o auditor
da necessidade de manter o ceticismo profissional ou permitir que ele se satisfaça com evidências de
auditoria menos que persuasivas na obtenção de segurança razoável.

Julgamento profissional (ver item 16)

A25. O julgamento profissional é essencial para a condução apropriada da auditoria. Isso porque a
interpretação das exigências éticas e profissionais relevantes, das normas de auditoria e as decisões
informadas requeridas ao longo de toda a auditoria não podem ser feitas sem a aplicação do
conhecimento e experiência relevantes para os fatos e circunstâncias. O julgamento profissional é
necessário, em particular, nas decisões sobre:
• materialidade e risco de auditoria;
• a natureza, a época e a extensão dos procedimentos de auditoria aplicados para o cumprimento das
exigências das normas de auditoria e a coleta de evidências de auditoria;

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• avaliar se foi obtida evidência de auditoria suficiente e apropriada e se algo mais precisa ser feito
para que sejam cumpridos os objetivos das NBCs TA e, com isso, os objetivos gerais do auditor;
• avaliação das opiniões da administração na aplicação da estrutura de relatório financeiro aplicável
da entidade;
• extração de conclusões baseadas nas evidências de auditoria obtidas, por exemplo, pela avaliação
da razoabilidade das estimativas feitas pela administração na elaboração das demonstrações contábeis.

A26. A característica que distingue o julgamento profissional esperado do auditor é que esse
julgamento seja exercido por auditor, cujo treinamento, conhecimento e experiência tenham ajudado no
desenvolvimento das competências necessárias para estabelecer julgamentos razoáveis.

A27. O exercício do julgamento profissional em qualquer caso específico baseia-se nos fatos e
circunstâncias que são conhecidos pelo auditor. A consulta a respeito de assuntos difíceis ou
contenciosos durante o curso da auditoria, dentro da equipe do trabalho e entre a equipe do trabalho e
outros no nível apropriado, dentro ou fora da firma de auditoria, tal como exigido pela NBC TA 220, item
18, ajudam o auditor no exercício de julgamentos suportados e razoáveis.

A28. O julgamento profissional pode ser avaliado com base no fato de que o julgamento exercido
reflete uma aplicação competente ou não competente dos princípios de auditoria e contábeis e se ele é
apropriado considerando os fatos e circunstâncias conhecidos pelo auditor até a data do seu relatório de
auditoria e compatível com estes.

A29. O julgamento profissional precisa ser exercido ao longo de toda a auditoria. Ele também precisa
ser adequadamente documentado. Neste aspecto, exige-se que o auditor elabore documentação de
auditoria suficiente para possibilitar que outro auditor experiente, sem nenhuma ligação prévia com a
auditoria, entenda os julgamentos profissionais significativos exercidos para se atingir as conclusões
sobre assuntos significativos surgidos durante a auditoria (NBC TA 230, item 8). O julgamento profissional
não deve ser usado como justificativa para decisões que, de outra forma, não são sustentados pelos fatos
e circunstâncias do trabalho nem por evidência de auditoria apropriada e suficiente.

Evidência de auditoria e apropriada e suficiente e risco de auditoria (ver itens 5 e 17)

Suficiência e adequação da evidência de auditoria

A30. A evidência de auditoria é necessária para sustentar a opinião e o relatório do auditor. Ela é de
natureza cumulativa e primariamente obtida a partir de procedimentos de auditoria executados durante o
curso da auditoria. Contudo, também pode incluir informações obtidas de outras fontes, como auditorias
anteriores (contanto que o auditor tenha determinado se ocorreram mudanças desde a auditoria anterior
que possam afetar a sua relevância para a auditoria corrente, NBC TA 315, item 9) ou procedimentos de
controle de qualidade do auditor para aceitação e continuidade de clientes. Além de outras fontes dentro
e fora da entidade, os registros contábeis da entidade são uma fonte importante de evidência de auditoria.
Além disso, informações que possam ser usadas como evidências de auditoria podem ter sido elaboradas
por especialista empregado ou contratado pela entidade. As evidências de auditoria abrangem
informações que sustentam e corroboram as afirmações da administração e informações que contradizem
tais afirmações. Além disso, em alguns casos, a ausência de informações (por exemplo, a recusa da
administração de fornecer uma representação solicitada) é usada pelo auditor e, portanto, também
constitui evidência de auditoria. A maior parte do trabalho do auditor na formação de sua opinião consiste
na obtenção e avaliação da evidência de auditoria.

A31. A suficiência e adequação das evidências de auditoria estão inter-relacionadas. A suficiência é a


medida da quantidade de evidência de auditoria. A quantidade necessária de evidência de auditoria é
afetada pela avaliação pelo auditor dos riscos de distorção (quanto mais elevados os riscos avaliados,
maior a probabilidade de que seja necessária mais evidência de auditoria) e também pela qualidade de
tais evidências de auditoria (quanto melhor a qualidade, menos evidência pode ser necessária). A
obtenção de mais evidência de auditoria, porém, pode não compensar a sua má qualidade.

A32. A adequação é a medida da qualidade da evidência de auditoria, isto é, a sua relevância e


confiabilidade no suporte das conclusões em que se baseia a opinião do auditor. A confiabilidade da

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evidência é influenciada pela sua fonte e sua natureza e depende das circunstâncias individuais em que
são obtidas.

A33. Determinar se foi obtida evidência de auditoria apropriada e suficiente para a redução do risco de
auditoria a um nível aceitavelmente baixo, possibilitando assim ao auditor tirar conclusões para
fundamentar sua opinião, é uma questão de julgamento profissional. A NBC TA 500 e outras NBCs TA
relevantes estabelecem exigências adicionais e fornecem orientação adicional, aplicável durante toda a
auditoria, no que se refere às considerações do auditor na obtenção de evidência de auditoria apropriada
e suficiente.

Risco de auditoria

A34. O risco de auditoria é uma função dos riscos de distorção relevante e do risco de detecção. A
avaliação dos riscos baseia-se em procedimentos de auditoria para a obtenção de informações
necessárias para essa finalidade e evidências obtidas ao longo de toda a auditoria. A avaliação dos riscos
é antes uma questão de julgamento profissional que uma questão passível de mensuração precisa.

A35. Para fins das NBCs TA, o risco de auditoria não inclui o risco de que o auditor possa expressar
uma opinião de que as demonstrações contábeis contêm distorção relevante quando esse não é o caso.
Esse risco geralmente é insignificante. Além disso, o risco de auditoria é um termo técnico relacionado ao
processo de auditoria; ele não se refere aos riscos de negócio do auditor, tais como perda decorrente de
litígio, publicidade adversa ou outros eventos surgidos em conexão com a auditoria das demonstrações
contábeis.

Risco de distorção relevante

A36. Os riscos de distorção relevante podem existir em dois níveis:


 no nível geral da demonstração contábil; e
 no nível da afirmação para classes de transações, saldos contábeis e divulgações.

A37. Riscos de distorção relevante no nível geral da demonstração contábil referem-se aos riscos de
distorção relevante que se relacionam de forma disseminada às demonstrações contábeis como um todo
e que afetam potencialmente muitas afirmações.

A38. Os riscos de distorção relevante no nível da afirmação são avaliados para que se determine a
natureza, a época e a extensão dos procedimentos adicionais de auditoria necessários para a obtenção
de evidência de auditoria apropriada e suficiente. Essa evidência possibilita ao auditor expressar uma
opinião sobre as demonstrações contábeis em um nível aceitavelmente baixo de risco de auditoria. Os
auditores usam várias abordagens para cumprir o objetivo de avaliar os riscos de distorção relevante. Por
exemplo, o auditor pode fazer uso de um modelo que expresse a relação geral dos componentes do risco
de auditoria em termos matemáticos para chegar a um nível aceitável de risco de detecção. Alguns
auditores julgam tal modelo útil no planejamento de procedimentos de auditoria.

A39. Os riscos de distorção relevante no nível da afirmação consistem em dois componentes: risco
inerente e risco de controle. O risco inerente e o risco de controle são riscos da entidade; eles existem
independentemente da auditoria das demonstrações contábeis.

A40. O risco inerente é mais alto para algumas afirmações e classes relacionadas de transações,
saldos contábeis e divulgações do que para outras. Por exemplo, ele pode ser mais alto para cálculos
complexos ou contas compostas de valores derivados de estimativas contábeis sujeitas à incerteza
significativa de estimativa. Circunstâncias externas que dão origem a riscos de negócios também podem
influenciar o risco inerente. Por exemplo, desenvolvimentos tecnológicos podem tornar obsoleto um
produto específico, tornando assim o estoque mais suscetível de distorção em relação à superavaliação.
Fatores na entidade e no seu ambiente, relacionados às várias ou todas as classes de transações, saldos
contábeis ou divulgações também podem influenciar o risco inerente relacionado a uma afirmação
específica. Tais fatores podem incluir, por exemplo, falta de capital de giro suficiente para a continuidade
das operações ou um setor em declínio caracterizado por um grande número de falências.

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A41. O risco de controle é uma função da eficácia do desenho (controles estabelecidos), da
implementação e da manutenção do controle interno pela administração no tratamento dos riscos
identificados que ameaçam o cumprimento dos objetivos da entidade, que são relevantes para a
elaboração das demonstrações contábeis da entidade. Contudo, o controle interno, independentemente
da qualidade da sua estrutura e operação, pode reduzir, mas não eliminar, os riscos de distorção relevante
nas demonstrações contábeis, por causa das limitações inerentes ao controle interno. Essas limitações
incluem, por exemplo, a possibilidade de erros ou equívocos humanos, ou de controles contornados por
conluio ou burla inapropriada da administração. Portanto, algum risco de controle sempre existe. As NBCs
TA oferecem as condições nas quais existe a exigência, ou a possibilidade de escolha pelo auditor, de
testar a eficácia dos controles na determinação da natureza, época e extensão de procedimentos
substantivos a serem executados (NBC TA 330 – Resposta do Auditor aos Riscos Avaliados, itens 7 a
17).

A42. As NBCs TA geralmente não se referem ao risco inerente e ao risco de controle separadamente,
mas a uma avaliação combinada dos “riscos de distorção relevante”. Contudo, o auditor pode fazer
avaliações separadas ou combinadas do risco inerente e do risco de controle, dependendo das técnicas
de auditoria ou metodologias e considerações práticas. A avaliação dos riscos de distorção relevante
pode ser expressa em termos quantitativos, como porcentagens, ou em termos não quantitativos. De
qualquer forma, a necessidade de que o auditor faça avaliações apropriadas é mais importante do que
as diferentes abordagens pelas quais elas são feitas.

A43. A NBC TA 315 estabelece exigências e fornece orientação sobre a identificação e avaliação dos
riscos de distorção relevante nos níveis de demonstração contábil e de afirmação.

Risco de detecção

A44. Para um dado nível de risco de auditoria, o nível aceitável de risco de detecção tem uma relação
inversa com os riscos avaliados de distorção relevante no nível da afirmação. Por exemplo, quanto
maiores são os riscos de distorção relevante que o auditor acredita existir, menor é o risco de detecção
que pode ser aceito e, portanto, mais persuasivas são as evidências de auditoria exigidas.

A45. O risco de detecção se relaciona com a natureza, a época e a extensão dos procedimentos que
são determinados pelo auditor para reduzir o risco de auditoria a um nível baixo aceitável. Portanto, é
uma função da eficácia do procedimento de auditoria e de sua aplicação pelo auditor. Assuntos como:
• planejamento adequado;
• designação apropriada de pessoal para a equipe de trabalho;
• aplicação de ceticismo profissional; e
• supervisão e revisão do trabalho de auditoria executado, ajudam a aprimorar a eficácia do
procedimento de auditoria e de sua aplicação e reduzem a possibilidade de que o auditor possa selecionar
um procedimento de auditoria inadequado, aplicar erroneamente um procedimento de auditoria
apropriado ou interpretar erroneamente os resultados da auditoria.

A46. A NBC TA 300 e a NBC TA 330 estabelecem exigências e fornecem orientação sobre o
planejamento da auditoria das demonstrações contábeis e as respostas do auditor aos riscos avaliados.
O risco de detecção, porém, só pode ser reduzido, não eliminado, devido às limitações inerentes de uma
auditoria. Portanto, sempre existe risco de detecção.

Limitação inerente da auditoria

A47. O auditor não é obrigado e não pode reduzir o risco de auditoria a zero, e, portanto, não pode
obter segurança absoluta de que as demonstrações contábeis estão livres de distorção relevante devido
a fraude ou erro. Isso porque uma auditoria tem limitações inerentes, e, como resultado, a maior parte
das evidências de auditoria que propiciam ao auditor obter suas conclusões e nas quais baseia a sua
opinião são persuasivas ao invés de conclusivas. As limitações inerentes de uma auditoria originam-se
da:
• natureza das informações contábeis;
• natureza dos procedimentos de auditoria; e
• necessidade de que a auditoria seja conduzida dentro de um período de tempo razoável e a um custo
razoável.

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Natureza das informações contábeis

A48. A elaboração das demonstrações contábeis envolve o julgamento da administração na aplicação


das exigências da estrutura de relatório financeiro aplicável aos fatos e circunstâncias da entidade. Além
disso, muitas demonstrações contábeis envolvem decisões ou avaliações subjetivas ou um grau de
incerteza, e pode haver uma série de interpretações ou julgamentos aceitáveis que podem ser
estabelecidos. Consequentemente, alguns itens das demonstrações contábeis estão sujeitos a um nível
inerente de variabilidade que não pode ser eliminado pela aplicação de procedimentos adicionais de
auditoria. Este é o caso de certas estimativas contábeis. Contudo, as normas de auditoria exigem que o
auditor considere especificamente se as estimativas contábeis são razoáveis no contexto da estrutura de
relatório financeiro aplicável e divulgações relacionadas, e os aspectos qualitativos das práticas contábeis
da entidade, inclusive indicadores de possível tendência nos julgamentos da administração (NBC TA 540
– Auditoria de Estimativas Contábeis, Inclusive do Valor Justo, e Divulgações Relacionadas e a NBC TA
700 – Formação da Opinião e Emissão do Relatório do Auditor Independente sobre as Demonstrações
Contábeis, item 12).

Natureza dos procedimentos de auditoria

A49. Há limites práticos e legais à capacidade do auditor de obter evidências de auditoria. Por exemplo:
• Existe a possibilidade de que a administração ou outros possam não fornecer, intencionalmente ou
não, as informações completas que são relevantes para a elaboração das demonstrações contábeis ou
que tenham sido solicitadas pelo auditor. Portanto, o auditor não pode ter certeza da integridade da
informação, embora tenha executado os procedimentos de auditoria para obter certeza de que todas as
informações relevantes foram obtidas.
• A fraude pode envolver esquemas sofisticados e cuidadosamente organizados para sua ocultação.
Portanto, os procedimentos de auditoria aplicados para coletar evidências de auditoria podem ser
ineficazes para a detecção de distorção relevante que envolva, por exemplo, conluio para a falsificação
de documentação que possa fazer o auditor acreditar que a evidência de auditoria é válida quando ela
não é. O auditor não é treinado nem obrigado a ser especialista na verificação de autenticidade de
documentos.
• A auditoria não é uma investigação oficial de suposto delito. Portanto, o auditor não recebe poderes
legais específicos, tais como o poder de busca, que podem ser necessários para tal investigação.

Oportunidade das informações contábeis e o equilíbrio entre custo e benefício

A50. A dificuldade, falta de tempo ou custo envolvido não são, por si só, base válida para que o auditor
omita um procedimento de auditoria para o qual não há alternativa ou que deva ser satisfeito com
evidências de auditoria menos que persuasivas. O planejamento adequado ajuda a tornar suficientes o
tempo e os recursos disponíveis para a condução da auditoria. Apesar disso, a relevância da informação
e, por meio dela, o seu valor tende a diminuir ao longo do tempo, e há um equilíbrio a ser atingido entre
a confiabilidade das informações e o seu custo. Isso é reconhecido em certas estruturas de relatório
financeiro, como por exemplo, no Brasil, a “Estrutura para a Elaboração e Apresentação de
Demonstrações Contábeis” aprovada pelo CFC. Portanto, os usuários de demonstrações contábeis têm
a expectativa de que o auditor formará uma opinião sobre as demonstrações contábeis dentro de um
período de tempo e a custo razoáveis, reconhecendo que é impraticável tratar de todas as informações
que possam existir ou tratar cada assunto exaustivamente com base na premissa de que as informações
são erradas ou fraudulentas até prova em contrário.

A51. Consequentemente, é necessário que o auditor:


• planeje a auditoria de modo que ela seja executada de maneira eficaz;
• dirija o esforço de auditoria às áreas com maior expectativa de distorção relevante,
independentemente se causada por fraude ou a erro, com esforço correspondentemente menor dirigido
a outras áreas; e
• aplique testes e outros meios para examinar populações em busca de distorções.

A52. Considerando as abordagens descritas no item A49, as normas de auditoria contêm exigências
para o planejamento e execução da auditoria e exigem que o auditor, entre outras coisas:

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• identifique e avalie os riscos de distorção relevante nos níveis de demonstração contábil e afirmação
mediante a execução de procedimentos de avaliação de riscos e atividades relacionadas (NBC TA 315,
itens 5 a 10); e
• aplique testes e outros meios para examinar populações de uma maneira que forneça base razoável
para que o auditor tire conclusões a respeito da população (NBC TA 330, NBC TA 500, NBC TA 520 –
Procedimentos Analíticos, e NBC TA 530 – Amostragem em Auditoria).

Outros assuntos que afetam as limitações inerentes de uma auditoria

A53. No caso de certas afirmações ou objeto, os efeitos potenciais das limitações inerentes à
capacidade do auditor de detectar distorções relevantes são particularmente significativos. Tais
afirmações ou objeto incluem:
• Fraude, particularmente fraude que envolva a alta administração ou conluio. Ver NBC TA 240 para
discussão adicional.
• A existência e integridade de relações e transações com partes relacionadas. Ver NBC TA 550 –
Partes Relacionadas, para discussão adicional.
• A ocorrência de não conformidade com leis e regulamentos. Ver NBC TA 250 –Consideração de Leis
e Regulamentos na Auditoria de Demonstrações Contábeis, para discussão adicional.
• Eventos futuros ou condições adicionais que possam interromper a continuidade da entidade. Ver
NBC TA 570 – Continuidade Operacional, para discussão adicional.

NBCs TA relevantes que identificam procedimentos de auditoria específicos que ajudam na mitigação
dos efeitos das limitações inerentes.

A54. Em decorrência das limitações inerentes de uma auditoria, há um risco inevitável de que algumas
distorções relevantes das demonstrações contábeis não sejam detectadas, embora a auditoria seja
adequadamente planejada e executada em conformidade com as normas de auditoria. Portanto,
descoberta posterior de uma distorção relevante das demonstrações contábeis, resultante de fraude ou
erro, não indica por si só, uma falha na condução de uma auditoria em conformidade com as normas de
auditoria. Contudo, os limites inerentes de uma auditoria não são justificativas para que o auditor se
satisfaça com evidências de auditoria menos que persuasivas. Se o auditor executou ou não uma auditoria
em conformidade com as normas de auditoria é determinado pelos procedimentos de auditoria
executados nas circunstâncias, a suficiência e adequação das evidências de auditoria obtidas como
resultado desses procedimentos e a adequação do relatório do auditor com base na avaliação dessas
evidências considerando os objetivos gerais do auditor.

Condução da auditoria em conformidade com as normas de auditoria

Natureza das normas de auditoria (ver item 18)

A55. As NBCs TA, consideradas em conjunto, fornecem as normas para o trabalho do auditor no
cumprimento dos seus objetivos gerais. As NBCs TA tratam das responsabilidades gerais do auditor,
assim como das considerações adicionais do auditor, relevantes para a aplicação dessas
responsabilidades a tópicos específicos.

A56. O alcance, a data de vigência e qualquer limitação específica da aplicabilidade de uma norma
específica são apresentados claramente na NBC TA. Salvo indicação em contrário na NBC TA, o auditor
tem permissão para aplicar uma norma antes da data de vigência nela especificada.

A57. Ao executar uma auditoria, pode-se exigir que o auditor cumpra com exigências legais e
regulatórias, além das NBCs TA. As NBCs TA não passam por cima de lei ou regulamento que regem a
auditoria de demonstrações contábeis. Caso essa lei ou regulamento seja diferente das NBCs TA, a
auditoria conduzida apenas em conformidade com essa lei ou regulamento não cumpre automaticamente
com as normas de auditoria.

A58. O auditor também pode conduzir a auditoria em conformidade com as NBCs TA e requerimentos
adicionais de auditoria de um órgão regulador específico. Em tais casos, além da conformidade com cada
uma das NBCs TA relevantes para a auditoria, pode ser necessário que o auditor execute procedimentos
adicionais de auditoria para obter conformidade com as normas relevantes desse órgão regulador.

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Considerações específicas para auditoria de entidades do setor público

A59. As NBCs TA são relevantes para trabalhos no setor público. As responsabilidades do auditor do
setor público, porém, podem ser afetadas pelo contrato de auditoria, ou por obrigações sobre entidades
do setor público decorrentes de lei, regulamento ou outra autoridade (por exemplo, diretrizes ministeriais,
exigências de política governamental ou resoluções do legislativo), que podem ter um alcance mais amplo
do que a auditoria de demonstrações contábeis em conformidade com as normas de auditoria. Essas
responsabilidades adicionais não são discutidas nas NBCs TA. Elas podem ser discutidas em outros
pronunciamentos normatizadores de órgãos reguladores ou em orientação desenvolvida por esses
órgãos ou agências governamentais.

Conteúdo das NBCs TA (ver item 19)

A60. Além dos objetivos e requisitos (os requisitos são expressos nas NBCs TA com o uso de “deve”),
as NBCs TA contêm orientação relacionada com a forma de aplicação e outros materiais explicativos. Ela
também pode conter material introdutório que forneça contexto relevante para o entendimento adequado
da NBC TA e definições. O texto inteiro da NBC TA, portanto, é relevante para o entendimento dos
objetivos formulados em uma norma e a aplicação apropriada dos requisitos da NBC TA.

A61. Quando for necessário, a aplicação e outros materiais explicativos fornecem explicação adicional
dos requisitos de uma NBC TA e orientação para o seu cumprimento. Em particular, elas podem:
• explicar mais precisamente o que uma exigência significa ou se destina a cobrir;
• incluir exemplos de procedimentos que possam ser apropriados nas circunstâncias.

Embora tal orientação em si não imponha uma exigência, ela é relevante para a aplicação apropriada
dos requisitos da NBC TA. A aplicação e outros materiais explicativos também podem fornecer
informações de suporte sobre assuntos tratados em uma NBC TA.

A62. Os apêndices são parte da aplicação e outros materiais explicativos. A finalidade e uso pretendido
de um apêndice são explicados no corpo da NBC TA relacionada, no título ou na introdução do próprio
apêndice.

A63. O material introdutório pode incluir, conforme necessário, assuntos para explicar:
• a finalidade e alcance da NBC TA, inclusive a maneira como ela se relaciona com outras NBCs TA;
• o assunto da NBC TA;
• as respectivas responsabilidades do auditor e de outros em relação ao assunto da NBC TA;
• o contexto no qual se insere a NBC TA.

A64. Uma NBC TA pode incluir, em seção separada, sob o título “Definições”, uma descrição dos
significados atribuídos a certos termos para fins das NBCs TA. Elas são fornecidas para auxiliar na
aplicação e interpretação consistentes das NBCs TA, e não se destinam a passar por cima de definições
que possam ser estabelecidas para outras finalidades, seja em lei, regulamentação ou outros. Salvo
indicação em contrário, os termos devem ter os mesmos significados ao longo de todas as NBCs TA.
Também inclui descrições de outros termos encontrados nas NBCs TA para auxiliar na interpretação e
tradução comuns e consistentes.

A65. Quando apropriado, considerações adicionais específicas para auditorias de entidades de


pequeno porte e auditorias de entidades do setor público são incluídas na aplicação e outros materiais
explicativos de uma NBC TA. Essas considerações adicionais ajudam na aplicação dos requisitos da NBC
TA na auditoria de tais entidades. Contudo, elas não limitam nem reduzem a responsabilidade do auditor
de aplicar e cumprir com as exigências das NBCs TA.

Considerações específicas para entidade de pequeno porte

A66. Para fins de especificação das considerações adicionais para auditorias de entidades de pequeno
porte, uma “entidade de pequeno porte” refere-se à entidade que geralmente possui características
qualitativas como:

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(a) concentração de propriedade e administração em pequeno número de indivíduos (freqüentemente
um único indivíduo, uma pessoa natural ou outra empresa que controle a entidade, contanto que o
proprietário exiba as características qualitativas relevantes); e
(b) uma ou mais das seguintes situações:
(i) transações diretas ou não complicadas;
(ii) manutenção de registros simples;
(iii) poucas linhas de negócios e poucos produtos dentro das linhas de negócios;
(iv) poucos controles internos;
(v) poucos níveis de administração com responsabilidade por uma ampla série de controles; ou
(vi) poucos empregados, muitos deles com uma ampla série de funções.
Essas características qualitativas não são exaustivas, nem exclusivas de entidades de pequeno porte,
e essas entidades não exibem necessariamente todas elas.

A67. As considerações específicas para entidades de pequeno porte incluídas nas NBCs TA foram
desenvolvidas tendo em mente primariamente entidades não listadas em bolsa. Algumas das
considerações, porém, podem ser úteis em auditorias de entidades abertas de pequeno porte.

A68. As NBCs TA se referem ao proprietário de uma entidade de pequeno porte que está envolvido
no dia-a-dia da administração da entidade como “sócio-diretor” ou “sócio-gerente”.

Objetivos formulados em NBCs TA individuais (ver item 21)

A69. Cada NBC TA contém um ou mais objetivos que fornecem um vínculo entre as exigências e os
objetivos gerais do auditor. Os objetivos nas NBCs TA individuais servem para focar o auditor no resultado
desejado da NBC TA, ao mesmo tempo em que são específicos o suficiente para auxiliar o auditor a:
• entender o que precisa ser atingido e, quando necessário, o meio apropriado de fazê-lo; e
• decidir se algo mais precisa ser feito para que sejam cumpridos nas circunstâncias específicas da
auditoria.

A70. Os objetivos (contidos nas NBCs TA de forma individual) devem ser entendidos no contexto dos
objetivos gerais do auditor, formulados no item 11 desta Norma. Como no caso dos objetivos gerais do
auditor, a capacidade de cumprir um objetivo individual está igualmente sujeita às limitações inerentes da
auditoria.

A71. Ao usar os objetivos, exige-se que o auditor considere as inter-relações entre as NBCs TA. Isso
porque, como indicado no item A53, as NBCs TA tratam, em alguns casos, de responsabilidades gerais
e, em outras, da aplicação dessas responsabilidades a tópicos específicos. Por exemplo, esta Norma
exige que o auditor adote postura de ceticismo profissional; isso é necessário em todos os aspectos do
planejamento e execução de uma auditoria, mas não se repete como requisito de cada NBC TA. Em um
nível mais detalhado, a NBC TA 315 e a NBC TA 330 contêm, entre outros aspectos, objetivos e requisitos
que tratam das responsabilidades do auditor na identificação e avaliação dos riscos de distorção relevante
e pelo planejamento e execução de procedimentos adicionais de auditoria para responder aos riscos
avaliados, respectivamente. Esses objetivos e requisitos são aplicados ao longo de toda a auditoria. Por
exemplo, a NBC TA 540 pode se estender quanto à maneira como os objetivos e os requisitos das normas
como a NBC TA 315 e a NBC TA 330 devem ser aplicadas em relação ao tema da normas de auditoria,
mas não os repete. Assim, no cumprimento do objetivo formulado na NBC TA 540, o auditor considera os
objetivos e requisitos de outras NBCs TA relevantes.

Uso dos objetivos para determinar a necessidade de procedimentos adicionais de auditoria (ver item
21(a))

A72. Os requisitos das NBCs TA são planejados para possibilitar ao auditor cumprir os objetivos
especificados nas NBCs TA e, com isso, os objetivos gerais do auditor. Espera-se, portanto, a aplicação
apropriada dos requisitos das NBCs TA pelo auditor, para a obtenção de uma base suficiente para o
cumprimento dos objetivos pelo auditor. Contudo, como as circunstâncias dos trabalhos de auditoria
variam amplamente e todas as circunstâncias não podem ser antecipadas, o auditor é responsável pela
determinação dos procedimentos de auditoria necessários para satisfazer os requisitos das NBCs TA e
cumprir os objetivos. Nas circunstâncias do trabalho, pode haver assuntos específicos que exigem que o

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auditor execute procedimentos de auditoria, além daqueles exigidos pelas NBCs TA, para cumprir os
objetivos especificados nas NBCs TA.

Uso dos objetivos para avaliar se foi obtida evidência de auditoria apropriada e suficiente (ver item
21(b))

A73. Exige-se que o auditor use os objetivos para avaliar se foi obtida evidência de auditoria apropriada
e suficiente no contexto dos objetivos gerais do auditor. Se, como resultado, o auditor concluir que a
evidência de auditoria não é suficiente e apropriada, então, o auditor pode seguir uma ou mais das
seguintes abordagens, para cumprir a exigência do item 21(b):
• avaliar se foi, ou será, obtida evidência de auditoria relevante como resultado do cumprimento de
outras NBCs TA;
• estender o trabalho executado ao aplicar uma ou mais exigências; ou
• executar outros procedimentos julgados pelo auditor como necessários nas circunstâncias.

Quando nenhum dos procedimentos acima seja prático ou possível nas circunstâncias, o auditor não
será capaz de obter evidência de auditoria apropriada e suficiente e as NBCs TA exigem que ele
determine o efeito disso no seu relatório ou sobre a sua capacidade de completar o trabalho.

Conformidade com requisitos relevantes

Requisitos relevantes (ver item 22)

A74. Em alguns casos, uma NBC TA (e, portanto, todos os seus requisitos) pode não ser relevante
nas circunstâncias. Por exemplo, se a entidade não tem a função de auditoria interna, nenhum aspecto
da NBC TA 610 – Utilização do Trabalho de Auditoria Interna é relevante.

A75. Pode haver requisitos condicionais em uma NBC TA relevante. Tal requisito é relevante quando
as circunstâncias contempladas na exigência são aplicáveis e a condição existe. Em geral, a natureza
condicional da exigência será explícita ou implícita, por exemplo:
• O requisito de modificar a opinião do auditor se houver uma limitação de alcance (NBC TA 705 –
Modificações na Opinião do Auditor Independente) representa uma exigência condicional explícita.
• O requisito de comunicar aos responsáveis pela governança (NBC TA 265 – Comunicação de
Deficiências do Controle Interno), as deficiências significativas no controle interno identificadas durante a
auditoria, depende da existência dessas deficiências significativas serem identificadas. De forma similar,
a exigência de obtenção de evidência de auditoria apropriada e suficiente no que se refere à apresentação
e divulgação da informação de segmentos em conformidade com a estrutura de relatório financeiro
aplicável (NBC TA 501 – Evidência de Auditoria - Considerações Específicas para Itens Selecionados)
depende de ser tal divulgação permitida ou exigida pela estrutura. Elas representam exigências
condicionais implícitas.

Em alguns casos, o requisito pode ser expresso como sendo condicional a uma lei ou regulamentação
aplicável. Por exemplo, o auditor pode ser requerido a renunciar ao trabalho de auditoria, quando a
renúncia seja possível de acordo com a lei ou regulamentação aplicável, ou o auditor pode ser requerido
a fazer algo, exceto se proibido por lei ou regulamentação. A permissão legal ou regulatória ou proibição
pode ser explícita ou implícita.

Abandono de requisito (ver item 23)

A76. A NBC TA 230 estabelece requisitos de documentação nas circunstâncias excepcionais em que
o auditor afasta-se de um requisito relevante (NBC TA 230, item 12). As NBCs TA não requerem o
atendimento de exigência que não é relevante nas circunstâncias da auditoria.

Falha no cumprimento de um objetivo (ver item 24)

A77. A conclusão de que um objetivo foi cumprido ou não é um assunto que requer julgamento
profissional do auditor. Esse julgamento leva em conta os resultados dos procedimentos de auditoria
executados no cumprimento das exigências das NBCs TA, e a avaliação do auditor quanto à obtenção
ou não de evidência de auditoria apropriada e suficiente e se há algo mais que precisa ser feito nas

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circunstâncias específicas da auditoria para o cumprimento dos objetivos formulados nas NBCs TA.
Portanto, circunstâncias que podem dar origem a uma falha no cumprimento de um objetivo incluem
aquelas que:
• impedem o auditor de cumprir com requisitos relevantes de uma NBC TA;
• têm como resultado não ser praticável ou possível para o auditor executar os procedimentos
adicionais de auditoria ou obter evidências de auditoria adicionais, como determinado a partir do uso dos
objetivos, em conformidade com o item 21, por exemplo, devido à limitação nas evidências de auditoria
disponíveis.

A78. A documentação de auditoria que cumpre as exigências da NBC TA 230 e as exigências de


documentação específicas de outras NBCs TA relevantes fornecem evidências da base do auditor para
uma conclusão a respeito do cumprimento dos objetivos gerais do auditor. Embora seja desnecessário
que o auditor documente separadamente (em uma lista de verificação, por exemplo) o cumprimento de
objetivos individuais, a documentação de uma falha em cumprir um objetivo o ajuda a avaliar se tal falha
o impediu de cumprir os respectivos objetivos gerais de auditoria.

Questões

01. (TCE-RN – Auditor – CESPE) No que se refere às normas e procedimento de auditorias, julgue o
seguinte item.
As exigências relevantes expressas em NBC–TA são de cumprimento obrigatório por todo profissional
de auditoria.
( ) Certo ( ) Errado

02. (Prefeitura de Vassouras – RJ - Auditor de Tributos Fiscais – FUNCAB) Assinale a alternativa


correta.
(A) Nos trabalhos de auditoria, as circunstâncias são perfeitamente antecipadas, permitindo que o
auditor determine os procedimentos de auditoria necessários para satisfazer os requisitos das NBCTAs
e cumprir seus objetivos.
(B) O conceito de materialidade é aplicado pelo auditor no planejamento e na execução da auditoria,
e na avaliação do efeito de distorções identificadas sobre a auditoria e de distorções corrigidas nas
demonstrações contábeis.
(C) A responsabilidade do auditor do setor público não pode ser afetada pelo contrato de auditoria ou
por leis e regulamentos.
(D) A emissão da opinião do auditor sobre a conformidade das demonstrações contábeis em todos os
aspectos relevantes não aumenta o grau de confiança nas demonstrações contábeis por parte dos
usuários.
(E) Nas circunstâncias do trabalho, pode haver assuntos específicos que exigem que o auditor execute
procedimentos de auditoria, além daqueles exigidos pelas NBC TAs, para cumprir os objetivos
especificados nas NBCTAs.

Gabarito
01. Errado / 02. E /

Resposta

01. Resposta: ERRADO.


NBC TA 200, item 23. Em circunstâncias excepcionais, o auditor pode julgar necessário não
considerar uma exigência relevante em uma NBC TA. Em tais circunstâncias, o auditor deve executar
procedimentos de auditoria alternativos para cumprir o objetivo dessa exigência. Espera-se que a
necessidade do auditor não considerar uma exigência relevante surja apenas quando a exigência for a
execução de um procedimento específico e, nas circunstâncias específicas da auditoria, esse
procedimento seria ineficaz no cumprimento do objetivo da exigência (ver item A74).

02. Resposta: E.
NBC TA 200, item 23. Em circunstâncias excepcionais, o auditor pode julgar necessário não
considerar uma exigência relevante em uma NBC TA.

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11 Auditoria no Setor Público. 11.1 Finalidades e objetivos da Auditoria
Governamental. 11.2 Abrangência de atuação. 11.3 Formas e Tipos. 11.4 Normas
relativas à execução dos trabalhos. Normas de auditoria governamental (NAG)
aplicáveis ao controle externo. 11.5 Normas internacionais para o exercício
profissional da auditoria. 11.6 Normas da INTOSAI: código de ética e padrões de
auditoria.

AUDITORIA GOVERNAMENTAL12

A auditoria pode ser compreendida como um dos principais instrumentos de que o gestor dispõe para
assegurar a efetividade do controle, assumindo importância inconteste, notadamente no setor público,
tendo em vista a necessidade de aferir a fidedignidade da prestação de contas dos recursos aplicados.

Conceitos e Origem e Evolução


A auditoria é o exame analítico e pericial que segue o desenvolvimento das operações contábeis,
desde o início até o balanço. (Ferreira, 1982)
A auditoria também é conceituado como sendo o levantamento, estudo e avaliações sistemática das
transações, procedimentos, operações, rotinas e das demonstrações financeiras de uma entidade.
(Crepaldi, 2006, APUD Peter e Machado, 2014p.91).
Já para Audiba (1991), a Auditoria é uma atividade de avaliação independente e de assessoramento
da administração, voltada para o exame e a avaliação da adequação, eficiência e eficácia dos sistemas
de controle, bem como da qualidade do desempenho das áreas em relação às atribuições e aos plano,
metas objetivos e políticas definidos pelas organizações.
O termo “auditoria” tem origem no latim audire, que significa ouvir, provavelmente devido à prática de
prestar contas, verbalmente, realizada pelos funcionários dos imperadores romanos, que eram nomeados
para supervisionar os administradores das províncias. Entretanto, atribui-se a origem da atividade de
auditoria à Inglaterra, tendo em vista o intenso comércio desenvolvido naquele país no século XIV.
Consequentemente, o termo que melhor representa a origem etimológica da palavra é o verbo inglês to
audit – examinar, ajustar, corrigir, certificar.
De acordo com a enciclopédia Britânica, auditoria refez-se ao exame de registros e relatórios de uma
organização, realizado por especialistas distintos daqueles responsáveis pela produção destes
documentos, buscando determinar se foram elaborados de acordo com os Princípios Fundamentais de
Contabilidade e se retrataram, fielmente, a situação financeira e os resultados operacionais da
organização. Essa avaliação é utilizada por acionistas atuais e potenciais, bem como por bancos,
fornecedores, clientes e governo, dentre outros interessados. A auditoria realizada de forma independente
e imparcial adquiriu status profissional tornando-se, cada vez mais, requerida com o desenvolvimento de
grandes organizações, tendo em vista a separação entre a propriedade e o controle gerencial.
Observa-se que o termo auditoria esta fortemente imbricado à ciência contábil, sendo esta a forma
mais comumente utilizada, embora na atualidade diversos tipos de auditoria estejam consolidados ou em
fase de desenvolvimento.
De acordo com Crepadi (2006 APUD Peter e Machado, 2014p.92), documentos atestam que o termo
auditor originou-se no final do século XIII, na Inglaterra, sob o poder do Rei Eduardo, que mencionava o
termo auditor sempre que se referia ao exame das contas, alegando que, se estas não estivessem
corretas, iria punir os responsáveis. O Rei Eduardo outorgava direito aos barões para nomear seus
representantes oficiais, denominados auditores, cujas ações eram atestadas em documentos que
constituíram os primeiros relatórios de auditoria, denominados Probatur sobre as contas.
Desta forma, embora não se tenham registros preciso, alguns marcos históricos evidenciam a
existência de atividades relacionadas à auditoria, sempre ligada à origem da própria Contabilidade, Os
historiadores da Contabilidade apontam referencias bíblicas às práticas de auditoria, tais como:
conferência de ativos e segregação de funções. Além disso, há evidências de que o sistema de
Contabilidade do governo da China, durante a dinastia Zhao (1122-256 a.C), incluía auditorias de
departamentos oficiais.
Nos séculos V IV a.C, os romanos e os gregos planejavam, cuidadosamente, seus sistemas de
controle e confirmação, de modo a garantir a precisão dos respectivos relatórios. Nos países de língua
inglesa, os registros da Exchequers of England and Scotland (Tesouro Nacional da Inglaterra e Escócia)

12
Peter, M. G. Arrais; Machado, M. V. V. Manual de Auditoria Governamental. 2ª Ed. São Paulo: Atlas, 2014.
12
Brito; Claudinei. Fontenelle; Rodrigo. Auditoria Privada e Governamental: Teoria de forma objetiva e mais de 400 Questões Comentadas. – Niterói, RJ:
Impetus, 2015.

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de 1130 forneceram as primeiras referências escritas à auditoria, atribuindo-se a criação do cargo de
auditor do tesouro, a um período por volta do ano de 1314.
Ainda na Inglaterra, em 1880, foi criada a Associação dos Contadores Públicos Certificados (institute
of Chartered Accountants in England and Wales), surgindo, logo em seguida, em 1887, a Associação dos
contadores Públicos Certificados (AICPA), nos Estados Unidos.
Com o estabelecimento da Security and Exchange Commission (SEC) nos Estados Unidos, em 1934,
após o grande crash de 1929, a profissão de auditor assumiu maior importância, uma vez que as
empresas que negociavam ações na Bolsa de Valores foram obrigadas a utilizar a auditoria para dar
maior credibilidade das suas demonstrações financeiras aos interessados dentre estes os investidores.
No Brasil, a auditoria surgiu na época colonial quando o juiz era a pessoa de confiança do Rei de
Portugal, designado para conferir o recolhimento dos tributos ao tesouro, objetivando reprimir e punir
fraudes. Com a evolução do sistema capitalista, a expansão comercial e a globalização dos mercados
fizeram com que as empresas necessitassem de maiores montantes de recursos e buscassem em
terceiros, por meio de empréstimos de longo prazo e abertura do capital social a novos acionistas,
tornando-se imprescindível a “asseguração” da fidedignidade dos relatórios financeiros, por meio da
auditoria.

Podem ser citados como principais fatores que possibilitam o desenvolvimento da auditoria no Brasil,
os seguintes:
a) regulamentação da profissão de guardador de livros incluindo a função de auditor, por meio do
decreto n° 20.158/1931;
b) criação do curso de Ciências Contábeis, de nível superior, tornando a auditoria uma prerrogativa
daquele profissional, por meio da Lei n° 7.988/1945;
c) instalação de filiais e subsidiárias de firmas estrangeiras;
d) financiamento de empresas brasileiras por meio de entidades internacionais;
e) crescimento das empresas brasileiras e necessidade de descentralização e diversificação de suas
atividades econômicas;
f) evolução do mercado de capitais;
g) criação das normas de auditoria promulgadas pelo Banco Central do Brasil, em 1972;
h) criação da Comissão dos Valores Mobiliários;
i) edição da Lei das Sociedades Anônimas, em 1976.

De acordo com o ambiente em que será aplicada a auditoria poderá ser Governamental ou Não
Governamental (Privada).
A Auditoria Não Governamental – ou Privada, Independente, Empresarial, das Demonstrações
Contábeis, das Demonstrações Financeiras – é uma técnica contábil, constituída por um conjunto de
procedimentos técnicos sistematizados, para obtenção e avaliação de evidências sobre as informações
nas demonstrações contábeis de uma empresa.
Já a Auditoria Governamental – ou Pública, do Setor Público – é conforme disposto na Instrução
Normativa n° 101/2001, da Secretaria Federal de Controle Interno (da Controladoria Geral da União), o
conjunto de técnicas que visam a avaliação da gestão pública, pelos processos e resultados gerenciais,
e a aplicação de recursos públicos por entidades de direito público e privado, mediante a confrontação
entre uma situação encontrada com um determinado critério técnico, operacional ou legal. Tem por
objetivo primordial garantir resultados operacionais na gerência da coisa pública.
A Auditoria Governamental engloba todas as esferas de governo – federal, distrital, estadual e
municipal – e níveis de poder – Executivo, Legislativo e Judiciário – e, claro, alcança as pessoas jurídicas
de direito privado, caso se utilizem de recursos públicos.

No que se refere ao setor público, pode-se afirmar que a auditoria governamental contempla um campo
de especialização da auditoria, voltada para a Administração Pública (Direta e Indireta), compreendendo
a auditoria interna e externa, evolvendo diretamente o patrimônio ou interesse público, apresentando duas
vertentes:
a) Auditoria Tributária Fiscal: realizada pelo governo sobre o patrimônio privado com a finalidade de
identificar e corrigir as atitudes contributivas, principalmente nas áreas dos impostos, taxas e
contribuições (INSS, FGT, IR etc.).
b) Auditoria de Gestão Pública: realizada pelo Estado visando ao controle de sua gestão, observando
além dos princípios de auditoria geral àqueles que norteiam a Administração Pública: Moralidade,
Publicidade, Impessoalidade, Legalidade e Eficiência.

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A vertente da auditoria governamental abordada neste apostila é a de gestão pública, ou seja, uma
atividade de avaliação voltada ao exame, visando à comprovação da legalidade e legitimidade,
adequação dos sistemas de controles internos e dos resultados obtidos quanto aos aspectos da
economicidade, eficiência e eficácia da aplicação dos recursos público. Uma auditoria que busca corrigir
o desperdício, a improbidade, a negligência e a omissão, e ainda, principalmente, antecipando-se a essas
ocorrências, a garantia dos resultados pretendidos, destacando os impactos e os benefícios sociais
advindos.
Os atos e fatos da gestão pública trazem em si o dever de prestar contas em decorrência da
responsabilidade delegada (accountability) possuindo características próprias e condições peculiares que
os distinguem dos atos e fatos da gestão privada.

Os pressupostos dos atos e fatos da gestão pública que constituem a base normativa ou o critério
referencial desses atos são:
a) referências legais de qualquer nível hierárquico;
b) padrões de desempenhos esperados;
c) referências contratuais ou convencionais;
d) termo de ajustes e acordos;
e) objetivos e metas das políticas públicas;
f) finalidade institucional, os propósitos, as diretrizes e a missão de uma instituição.

Finalidade da Auditoria Governamental


A auditoria governamental tem como finalidade comprovar a legalidade e legitimidade e avaliar os
resultados, quanto à economicidade, eficiência e eficácia da gestão orçamentária, financeira e
patrimonial nas unidades da administração direta e entidades supervisionadas da Administração Pública,
bem como a aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado, dando suporte ao pleno
exercício da supervisão ministerial, considerando-se os seguintes aspectos:
a) Observância das legislações específicas e normas correlatas;
b) Execução dos programas de governo, dos contratos, convênios, acordos, ajustes e outros
instrumentos congêneres;
c) Cumprimento, pelos órgãos e entidades, dos princípios fundamentais de planejamento,
coordenação, descentralização, delegação de competência e controle;
d) Desembolso administrativo e operacional das unidades da administração direta e entidades
supervisionadas;
e) Controle e utilização dos bens e valores sob uso e guarda dos administradores ou gestores;
f) Exame e avaliação das transferências e a aplicação dos recursos orçamentários e financeiros das
unidades da Administração Direta e entidades supervisionadas; e
g) Verificação e avaliação dos sistemas de informação e a utilização dos recursos computacionais
das unidade da Administração Direta e entidades supervisionadas.

Os aspectos apresentados referem-se aos pontos essenciais a serem considerados no processo de


auditoria governamental, embora no plano e programa de auditoria outros pontos possam ser
acrescentados, de acordo com o objetivo e com o foco do trabalho.

Objetivos e Objeto da auditoria Governamental


A auditoria governamental tem por objetivo examinar a regularidade e avaliar a eficiência da gestão
administrativa e dos resultados alcançados, bem como apresentar subsídios para o aperfeiçoamento dos
procedimentos administrativos e controles internos das unidades da Administração Direta e Indireta.

Constituem objeto do exame de auditoria:


a) os sistemas administrativos e operacional de controle interno utilizados na gestão orçamentária,
financeira e patrimonial;
b) a execução dos planos, programas, projetos e atividades que envolvam recursos públicos;
c) a aplicação dos recursos transferidos pela União às entidades públicas ou privadas;
d) os contratos firmados por gestores públicos com entidades privadas para a prestação de serviços,
a execução de obras e o fornecimento de materiais;
e) os processos de licitação, sua dispensa ou inexigibilidade;
f) os instrumentos e sistemas de guarda e conservações dos bens e do patrimônio sob
responsabilidade das unidades da Administração Direta e entidades supervisionadas;

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g) os atos administrativos de que resultem direitos e obrigação para o Poder Público, em especial os
relacionados com a contratação de empréstimos internos ou externos e com a concessão de avais;
h) a arrecadação e restituição das receitas tributárias;
i) os sistemas eletrônicos de processamento de dados, suas entradas (inputs) e informações de saída
(outputs), objetivando constatar:
I. a segurança física do ambiente e das instalações do Centro de Processamento de Dados (CPD);
II. a segurança lógica e a confidencialidade nos sistemas (software)
III. a eficácia dos serviços prestados pela área de informática;
IV. a eficácia na utilização dos diversos computadores (hardware)
V. a verificação do cumprimento da legislação pertinente.

De acordo com os itens apresentados, verifica-se que a auditoria governamental tem objetivo bem
definido, sempre visando o correto e o regular uso dos recursos públicos. Quanto aos pontos específicos
a serem examinados, se referem aos itens críticos de controle, a partir dos quais pode ser definido um
maior ou menor aprofundamento dos trabalhos.

Tipos de Auditoria Governamental


Existem diversas classificações para a Auditoria, segundo a doutrina e os normativos em vigor.
Entretanto, em se tratando de auditoria governamental, geralmente é cobrada aquela constante na IN n°
01. Segundo essa norma, a auditoria classifica-se em:

Auditoria de Conformidade
A auditoria de conformidade é a avaliação13 independente para determinar se um dado objeto está em
conformidade com normas aplicáveis identificadas como critérios. As auditorias de conformidade são
realizadas para avaliar se atividades, transações financeiras e informações cumprem, em todos os
aspectos relevantes, as normas que regem a entidade auditada.
O objetivo da auditoria de conformidade na área pública é permitir que as Entidades Fiscalizadoras
Superiores (EFS) avaliem se as atividades das entidades públicas estão de acordo com as normas que
as regem. Sendo assim envolve relatar o grau em que a entidade auditada cumpre com os determinados
critérios estabelecidos.
O relatório pode variar entre curtas opiniões padronizadas até diversos formatos de conclusões,
apresentadas de forma curta ou de forma longa. A auditoria de conformidade pode ser relacionada com
a legalidade14 ou com a observância aos princípios gerais que regem a gestão financeira responsável e
a conduta de agentes públicos. Enquanto a legalidade é o foco principal da auditoria de conformidade, a
observância pode também ser um pertinente dado ao contexto do setor público, no qual existem certas
expectativas relacionadas à gestão financeira e à conduta dos agentes públicos.

Auditoria de Avaliação da Gestão Governamental


- Esse tipo de auditoria objetiva emitir opinião com vistas a certificar a regularidade das contas, verificar
a execução de contratos, acordos, convênios ou ajuste, a probidade na aplicação dos dinheiros públicos
e na guarda ou administração de valores e outros bens da União ou a ela confiados.
- Compreende, entre outros, os seguintes aspectos: exame das pelas que instruem os processos de
tomadas ou prestação de contas, exame da documentação comprobatória dos atos e fatos
administrativos; verificação do cumprimento da legislação pertinente; e avaliação dos resultados
operacionais e da execução dos programas de governo quanto à economicidade, eficiência e eficácia dos
mesmos.

Auditoria das Demonstrações Contábeis


Segundo a NBC T 11 – Normas de Auditoria Independente das Demonstrações Contábeis, a auditoria
das demonstrações contábeis constitui o conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo a
emissão de parecer sobre a sua adequação, consoante os Princípios Fundamentais de Contabilidade e
as Normas Brasileiras de Contabilidade e, no que for pertinente, a legislação específica.

Auditoria de Sistemas Contábeis Informatizados


Segundo a NBC T 11 – Normas de Auditoria Independente das Demonstrações Contábeis, o sistema
contábil e de controles internos compreende o plano de organização e o conjunto integrado de método e
procedimentos adotados pela entidade na proteção do seu patrimônio, promoção da confiabilidade e
13
As Normas Internacionais das Entidades Fiscalizadoras Superiores (ISSAI), ISSAI 400 - Tribunal de Contas da União - 2016
14
Objetivos formais como leis, regulamentos e acordos

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tempestividade dos seus registros e demonstrações contábeis, e da sua eficácia operacional, sendo
assim a auditoria garante que não haverá falhas ou alterações propositais. E mais, com a auditoria pode-
se saber se houve esta alteração em determinado período de tempo.

Auditoria de Acompanhamento da Gestão Governamental


- Realizada ao longo dos processos de gestão, como o objetivo de se atuar em tempo real sobre os
atos efeitos potenciais positivos e negativos de uma unidade ou entidade federal, evidenciando melhorias
e economias existentes no processo ou prevenindo gargalos ao desempenho da sua missão institucional.

Auditoria Contábil
- Compreende o exame dos registros e documentos e na coleta de informações e confirmações,
mediante procedimentos específicos, pertinentes ao controle do patrimônio de uma unidade, entidade ou
projeto.
- As auditorias contábeis objetivam obter elementos comprobatórios suficientes que permitam opinar
se os registro contábeis foram efetuados de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade e
se as demonstrações deles originárias refletem, adequadamente, em seu aspectos mais relevantes, a
situação econômico-financeira do patrimônio, os resultados do período administrativo examinado e as
demais situações nelas demonstradas.
- Tem por objeto, também, verificar a efetividade e a aplicação de recursos externos, oriundos de
agentes financeiros e organismos internacionais, por unidades ou entidades públicas executoras de
projetos celebrados com aqueles organismos com vistas e emitir opinião sobre a adequação e
fidedignidade das demonstrações financeiras.

Auditoria Operacional
- Consiste em avaliar as ações gerenciais e os procedimentos relacionados ao processo operacional,
ou parte dele, das unidades ou entidades da administração pública federal, programas de governo,
projetos, atividades, ou seguimentos destes, com a finalidade de emitir uma opinião sobre a gestão quanto
aos aspectos da eficiência, eficácia e economicidade, procurando auxiliar a administração na gerência e
nos resultados, por meio de recomendações que visem a aprimorar os procedimentos, melhorar o
controles e aumentar a responsabilidade gerencial.
- Este tipo de procedimento de auditoria consiste numa atividade de assessoramento ao gestor público,
com vistas a aprimorar as práticas dos atos e fatos administrativos, sendo desenvolvida de forma
tempestiva no contexto do setor público, atuando sobre a gestão, seus programas governamentais e
sistemas informatizados.

Auditoria Especial
- Objetiva o exame de fatos ou situações consideradas relevantes, de natureza incomum ou
extraordinária, sendo realizadas para atender determinação expressa de autoridade competente.
Classificam-se nesse tipo os demais trabalhos de auditoria não inseridos em outras classes de atividades.

Resumindo

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Formas de Execução
I. Direta – trata-se das atividades de auditoria executadas diretamente por servidores em exercício nos
órgãos e unidades do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal, sendo subdivididas em:
a) centralizada – executada exclusivamente por servidores em exercício no Órgão Central ou nos
setoriais do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal.
b) descentralizada - executada exclusivamente por servidores em exercício no Órgão Central ou nos
setoriais do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal.
c) integrada – executada conjuntamente por servidores em exercício nos Órgãos Central, setoriais,
unidades regionais e/ou setoriais do sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal.

II. Indireta – trata-se das atividades de auditoria executadas com a participação de servidores não
lotados nos órgãos e unidades do Sistema de Controle Interno (SCI) do Poder Executivo Federal, que
desempenham atividades de auditoria em quaisquer instituições da Administração Pública Federal ou
entidade privada.
a) compartilhada – coordenada pelo SCI do Poder Executivo Federal com o auxílio de
órgãos/instituições públicas ou privadas.
b) terceirizada – executada por instituições privadas, ou seja, pelas denominadas empresas de
auditoria externa.

III. simplificada – trata-se das atividades de auditoria realizadas, por servidores em exercício nos
Órgãos Central, setoriais, unidades regionais ou setoriais do SCI, sobre informações obtidas por meio de
exame de processos e por meio eletrônico, específico das unidades ou entidades federais, cujo custo-
benefício não justifica o deslocamento de uma equipe para o órgão. Essa forma de execução de auditoria
pressupõe a utilização de indicadores de desempenho que fundamentam a opinião do agente executor
das ações de controle.

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Resumindo, se os servidores do órgão ou unidade participam da auditoria diretamente, é direta. A partir
daí, se forem somente servidores dos órgãos, é centralizada; se forem servidores das unidades, é
descentralizada; se forem dos órgãos em conjunto com os das unidades, é integrada.
Se servidores que não pertencem aos órgãos/ unidades do Sistema participarem da auditoria, é
indireta. A partir daí, se é coordenada por servidor do Sistema, é compartilhada, se não tem a presença
do Sistema, terceirizada.
Caso se opte pela auditoria somente dos processos e por meio eletrônico, é simplificada –
normalmente devido à relação custo-benefício. Nessa forma de execução, é essencial a utilização de
Indicadores de Desempenho.
Para gravar: “D é CDI; I é CT, simplificada é para simplificar”

Finalizando, devemos lembrar que as formas de execução de uma fiscalização são as mesmas que
as formas de execução de uma auditoria, com execução da forma simplificada, que é utilizada apenas na
auditoria. Portanto, atenção! Não há fiscalização de forma simplificada.

Fiscalização e Controle
O controle na administração Pública deve observar, permanentemente, as ações tomadas pelos
responsáveis públicos durante a gestão, verificando a conformidade com as legislações pertinentes, bem
como com os princípios da Administração Pública, sendo sua função auxiliar a gestão da entidade através
de informações contábeis, orçamentárias, financeiras, patrimoniais e operacionais, mediante relatórios
para a tomada de decisões.
Os controles formais aplicados às entidades públicas decorrem de determinações constitucionais, leis
decretos e regulamentos que devem adaptar-se à evolução da própria Administração Pública, Passando
a adotar uma postura preventiva, com ênfase no controle a priori dos procedimentos, fundamentado no
paradigma da administração gerencial.
As atividades a cargo do Sistema de Controle Interno (SCI) do Poder Executivo Federal, que
desempenham atividades de controle em quaisquer instituições da Administração Pública Federal ou
entidade privada, são exercidas mediante a utilização de técnicas de controles próprias de trabalho, sendo
elas:
- auditoria;
- fiscalização.

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Como já visto, a auditoria é o conjunto de técnicas que visam a avaliação da gestão pública, onde se
compara o “que é” com o “que deveria ser”. A diferença entre um e outro serão evidências de auditoria,
que darão suporte às constatações do auditor.
Já a fiscalização é uma técnica que de controle que visa comprovar se o objetivo dos programas de
governo existe, se corresponde às especificações estabelecidas, se atende às necessidades para as
quais foi definido, se atende às necessidades para as quais foi definido, se guarda coerência com as
condições e características pretendidas e se os mecanismos de controle administrativo são eficientes.
O ato de fiscalizar é aplicação do conjunto de procedimentos capazes de permitir o exame dos atos
da administração pública, visando a avaliar as execuções de políticas públicas pelo produto, atuando
sobre os resultados efetivos dos programas do governo federal.

Normas Relativas à Execução dos Trabalhos


O servidor do SCI, no exercício de suas funções, terá livre acesso à todas as dependências do órgão
ou entidade examinado, assim como a documentos, valores e livros considerados indispensáveis ao
cumprimento de suas atribuições, não lhe podendo ser sonegado, sob qualquer pretexto, nenhum
processo, documento ou informação. O servidor, por sua vez, deve guardar o sigilo das informações às
quais tenha acesso no decorrer dos trabalhos.
Quando houver limitação da ação, o fato deverá ser comunicado, de imediato, por escrito, ao dirigente
do órgão ou entidade examinada, solicitando as providências necessárias.

Planejamento dos trabalhos


O trabalho realizado pelo Sistema de controle Interno do Poder Executivo Federal deve ser
adequadamente planejado, de acordo com os procedimentos a seguir.

I. Exame Preliminar – com o objetivo de obter os elementos necessários ao planejamento dos


trabalhos, o servidor do SCI deve examinar as informações constantes da ordem de serviço e dos planos
estratégico e operacional a que se vincula o objeto do controle.
Para tanto, deve considerar a legislação aplicável, normas e instruções vigentes, bem como os
resultados dos últimos trabalhos realizados e diligências pendentes de atendimento, quando for o caso.

II. Elaboração do programa de trabalho – o programa de trabalho consta da ordem de serviço


preparada pela área de controle que elabora o plano estratégico e operacional. A elaboração de um
adequado programa de trabalho exige:
a) a determinação precisa dos objetivos do exame, ou seja, a identificação sobre o que se deseja obter
com a auditoria e a fiscalização;
b) a identificação do universo a ser examinado;
c) a definição e o alcance dos procedimentos a serem utilizados;
d) a localização do objeto ou unidade examinada;
e) o estabelecimento das técnicas apropriadas;
f) a estimativa dos homens x horas necessários à execução dos trabalhos;
g) referência quanto ao uso de material e/ou documentos de exames prévios ou outras instruções
específicas.

Avaliação dos controles internos administrativos


Quando ficar identificado na ordem de serviço – OS – a necessidade de avaliação dos controles
internos administrativos, o servidor do SCI deve efetuar um adequado exame com vistas à avaliação da
capacidade e da efetividade dos SCI administrativos – contábil, financeiros, patrimonial, de pessoal, de
suprimentos de bens e serviços e operacional – das unidades da administração direta, indireta, projetos
e programas.

I. Capacidade dos sistemas de controle interno administrativo – avaliar os procedimentos, políticas e


registros que compõem os controles, com o objetivo de constatar se estes proporcionam razoável
segurança de que as atividades e operações se realizam, de forma a possibilitar o atingimento das metas,
em termos satisfatórios e economia, eficiência e eficácia.

II. Efetividade – realizar exame das operações que se processam no SCI administrativo, com o
propósito de verificar se procedimentos, políticas, mecanismos, registros e outros dados relevantes
funcionam de acordo com o previsto e se os objetivos de controle estão sendo atendidos, de forma
permanente, sem desvios.

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III. Exame dos objetivos de controle – as unidades e entidades adotam SCI administrativo que
compreendem um plano de organização e de todos os métodos e procedimentos, de forma ordenada,
para: proteger seus recursos; obter informações oportunas e confiáveis; e promover a eficiência
operacional, assegurar a observância das leis, normas e políticas vigentes, com o intuito de alcançar o
cumprimento das metas e objetivos estabelecidos.
Deverá, ainda:
a) certificar a existência e propriedade dos procedimentos e mecanismos de salvaguarda dos recursos
humanos, financeiros e materiais, assim como do devido uso e funcionamento dos mesmos;
b) constatar se os sistemas de registros incluem a totalidade das operações realizadas e se os métodos
e procedimentos utilizados permitem confiar se as informações financeiras e operacionais oriundas
daqueles refletem, adequadamente, a boa e regular utilização dos recursos, bem como o cumprimento
das metas e dos objetivos dos programas;
c) certificar a existência e a idoneidade dos critérios, para identificar, classificar e mensurar dados
relevantes das operações, verificando, igualmente, se estão sendo adotados parâmetros adequados para
avaliação da efetividade, eficiência, eficácia e economicidade dessas operações;
d) comprovar se os procedimentos estabelecidos asseguram, razoavelmente, o cumprimento das
diretrizes governamentais, das leis, regulamentos, normas e outras disposições de observância
obrigatória.

Prevenção de impropriedades e irregularidades


Os sistemas de controle interno administrativo, instituídos em uma unidade ou entidade, devem conter
procedimentos, mecanismos e diretrizes que prevejam ou minimizem o percentual de impropriedades ou
irregularidades. Um bom SCI administrativo reduz a probabilidade de ocorrer tais impropriedades ou
irregularidades, ainda que não possa evita-las totalmente.

Supervisão das atividades do SCI do Poder Executivo Federal


Toda atividade deve ser supervisionada pela chefia ou por servidor a quem a função for formalmente
delegada.
I. Responsabilidade de quem dirige a função – o titular da unidade do SCI deve supervisionar todas
as atividades que envolvem a execução do trabalho, podendo delegar parte das tarefas a superiores.
Para isso, deve estabelecer mecanismos e procedimentos adequados de modo a avaliar a atuação dos
supervisores, assegurando-se de que estes possuam conhecimentos técnicos e capacidade profissional
suficientes ao adequado cumprimento das atribuições que lhes são conferidas.

II. Supervisão das equipes de trabalho – o servidor do Sistema de Controle Interno do Poder
Executivo Federal, com atribuições de supervisão, com maior experiência, conhecimentos técnicos e
capacidade profissional, deve instruir e dirigir, adequadamente, seus subordinados, no que tange à
execução dos trabalhos e ao cumprimento das ordens de serviços, devendo, ainda, contribuir para o
desenvolvimento dos seus conhecimentos e capacidade profissional.

III. Intensidade de supervisão - o grau de intensidade da supervisão exercida sobre a equipe está
diretamente relacionada aos seguintes fatores: conhecimento e capacidade profissional dos membros da
equipe; o grau de dificuldade previsível dos trabalhos; e alcance de prováveis impropriedades ou
irregularidades a detectar no órgão ou entidade examinada. As evidências da supervisão exercida
deverão ficar registradas nos próprios papéis de trabalho.

IV. Áreas e enfoques da supervisão – a supervisão deve abranger a verificação:


a) do correto planejamento dos trabalhos de acordo com o solicitado na ordem de serviço;
b) da aplicação de procedimentos e técnicas para o atingimento de metas/objetivos previstos para a
execução dos trabalhos, de acordo com o programa fornecido;
c) da adequada formulação dos papéis de trabalho;
d) da necessária consistência das observações e conclusões;
e) da fiel observância dos objetivos estabelecidos na ordem de serviço;
f) do cumprimento das normas e dos procedimentos de aplicação geral.

Obtenção de evidências de acordo com a IN n°01/2001


Em atendimento aos objetivos da atividade, o servidor do SCI deve realizar na extensão indicada na
ordem de serviço, os testes ou provas adequadas nas circunstâncias, para obter evidências
qualitativamente aceitáveis que fundamentem, de forma objetiva, seu trabalho.

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I. Finalidade da evidência – consiste na obtenção suficiente de elementos para sustentar a emissão
de sua opinião, permitindo chegar a um grau razoável de convencimento da realidade dos fatos e
situações observadas, da veracidade da documentação examinada, da consistência da contabilização
dos fatos e fidedignidade das informações e registros gerenciais para fundamentar, solidamente, seu
trabalho. A validade do seu trabalho depende diretamente da qualidade das evidências que é considerada
satisfatória quando reúne as características de suficiência, adequação e pertinência.
a) Suficiência da evidência - ocorre quando, mediante a aplicação de testes que resultem na obtenção
de uma ou várias provas, o servidor do SCI é levado a um grau razoável de convencimento a respeito da
realidade ou veracidade dos fatos examinados.
b) adequação da evidência – entende-se como tal, quando os testes ou exames realizados são
apropriados à natureza e características dos fatos examinados.
c) Pertinência da evidência – a evidência é pertinente quando há coerência com as observações,
conclusões e recomendações eventualmente formuladas.

II. Critérios para obtenção da evidência – na obtenção da evidência, o servidor do SCI deve guiar-
se pelos critérios de importância relativa e de níveis de riscos prováveis. A importância relativa refere-se
ao significado da evidência no conjunto de informações e aos níveis de riscos prováveis, às probabilidades
de erro na obtenção e comprovação da evidência.

Impropriedades e irregularidades
O servidor do SCI, no decorrer de qualquer atividade, deve prestar especial atenção àquelas
transações ou situações que denotem indícios de irregularidades. Quando sejam obtidas evidências das
mesmas, deverá ser dado o devido tratamento, com vistas a permitir que os dirigentes possam adotar as
providências corretivas pertinentes, quando couber.

I. Caracterização de impropriedade e irregularidade – impropriedade – consiste em falhas de


natureza formal de que não resulte dano ao erário, porém evidencia-se a não observância aos princípios
de legalidade, legitimidade, eficiência, eficácia e economicidade. A irregularidade é caracterizada pela
não observância desses princípios, constatando a existência de desfalque, alcance, desvio de bens ou
outra irregularidade de que resulte prejuízo quantificável para o Erário.

II. Detecção de impropriedades e irregularidades – apesar de não ser o objetivo primordial das
atividades do SCI a busca de impropriedades ou irregularidades, o servidor deve estar consciente da
probabilidade de, no decorrer dos exames, observar tais ocorrências. Compete-lhes, assim, prestar
especial atenção às transações ou situações que apresentam indícios de irregularidades e, quando
obtidas evidências, comunicar o fato aos dirigentes para adoção das medidas corretivas cabíveis.
A aplicação dos procedimentos especificados na ordem de serviço não garante, necessariamente, a
detecção de toda impropriedade ou irregularidade. Portanto, a identificação posterior de situação
imprópria ou irregular, ocorrida no período submetido a exame, não significa que o trabalho tenha sido
inadequado.

III. Apuração de impropriedades e irregularidades – exige do servidor do SCI extrema prudência e


profissionalismo. Ao verificar a ocorrência de irregularidades, o servidor deve levar o assunto, por escrito,
ao conhecimento do dirigente da unidade ou entidade examinada, solicitando os esclarecimentos e as
justificativas pertinentes, quando isso não implicar risco pessoal, informar a ocorrência ao seu dirigente
que o orientará e adotará as providências necessárias.

Normas Brasileiras de Auditoria do Setor Público (NBASP)


As Normas Brasileiras de Auditoria do Setor Público – NBASP – Nível 115, são emitidas pelo Instituto
Rui Barbosa - IRB, do qual são membros o TCU e os demais tribunais de contas brasileiros e têm como
objetivo promover uma auditoria independente e eficaz e apoiar os tribunais de contas no desempenho
de suas atribuições constitucionais e legais, em benefício da sociedade.
Desenvolvidas com base nos níveis 1 e 2 das normas emitidas pela Organização Internacional de
Entidades Fiscalizadoras Superiores (INTOSAI), as NBASP tiveram como referência, também, as Normas
de Auditoria do Tribunal de Contas da União – NAT, as Normas de Auditoria Governamental – NAG e as
resoluções da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil – ATRICON.

15
https://portal.tcu.gov.br/fiscalizacao-e-controle/auditoria/normas-brasileiras-de-auditoria-do-setor-publico-nbasp/

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Em consequência, as NATs e as NAGs serão substituídas16 paulatinamente pelas NBASP e o controle
externo brasileiro passará a atuar em consonância com as melhores práticas internacionais.

NORMAS BRASILEIRAS DE AUDITORIA DO SETOR PÚBLICO (NBASP)17


Nível 1 - Princípios Basilares e
Pré-requisitos para o Funcionamento dos
Tribunais de Contas Brasileiros

NBASP 10 – INDEPENDÊNCIA DOS TRIBUNAIS DE CONTAS

INTRODUÇÃO
1. Normas e orientações profissionais são essenciais para a credibilidade, a qualidade e o
profissionalismo da auditoria do setor público. As Normas Brasileiras de Auditoria do Setor Público
(NBASPs), Nível 1, desenvolvidas e emitidas pelo Instituto Rui Barbosa (IRB), visam a realização de
auditorias independentes e eficazes pelos Tribunais de Contas brasileiros.

2. As NBASPs, Nível 1, abrangem os princípios basilares e os pré-requisitos para o adequado


funcionamento dos Tribunais de Contas, relacionados a independência, transparência e accountability,
ética e controle de qualidade, que são relevantes para todas as auditorias.

3. A NBASP 10 tem como objetivo definir, no nível institucional, os princípios relacionados ao pré-
requisito da independência e as diretrizes que devem reger a atuação independente dos Tribunais de
Contas.

4. A presente norma foi desenvolvida com base nas Normas Internacionais de Auditoria das Entidades
Fiscalizadoras Superiores (Issai) 1 e 10, da Organização Internacional de Entidades Fiscalizadoras
Superiores (INTOSAI), e também incorporou disposições, com elas consistentes, das Normas de
Auditoria do Tribunal de Contas da União (NAT), das Normas de Auditoria Governamental (NAG) e do
marco legal que rege a Administração Pública brasileira.

5. Os Tribunais de Contas somente podem desempenhar suas atribuições com objetividade quando
são independentes das entidades fiscalizadas e são protegidos contra influências externa. Em uma
democracia é indispensável que os Tribunais de Contas tenham independência garantida por lei e,
embora se reconheça que as instituições do Estado não possam ser totalmente independentes, os
Tribunais de Contas devem exercer sua independência funcional e organizacional no cumprimento de
suas competências constitucionais.

6. O auxílio prestado pelos Tribunais de Contas ao Poder Legislativo, conforme art. 71 da Constituição
Federal, não representa subordinação hierárquica. Os Tribunais de Contas exercem competências
próprias, atribuídas diretamente pela Constituição, independentes das funções dos órgãos legislativos, e
de suas decisões não cabem recursos ao Poder Legislativo.

7. Aindependência e autonomia dos Tribunais de Contas estão implícitas nas disposições


constitucionais que lhes asseguram a iniciativa exclusiva de projetos de lei para propor alterações e
revogações de dispositivos da sua Lei Orgânica, bem como para dispor sobre o seu quadro de pessoal e
a remuneração de seus membros.

8. A independência dos Tribunais de Contas se completa pela capacidade de se autogovernar, de


elaborar, segundo seus próprios desígnios, seu Regimento Interno e de estabelecer sua organização
interna, a competência e o funcionamento de suas unidades, prover e gerir seu quadro de servidores,
observadas apenas as diretrizes previstas na legislação.

9. Mediante a aplicação dos princípios relacionados ao pré-requisito da independência, os Tribunais


de Contas podem alcançar a independência por diferentes meios e utilizar diferentes garantias. Visando
ao cumprimento desses princípios, a NBASP 10 estabelece para cada um deles alguns requisitos que
devem ser observados.

16
https://www.irbcontas.org.br/site/index.php/2014-11-07-12-36-15/publicacoes/item/307-acesse-agora-as-normas-brasileiras-de-auditoria-do-setor-publico-
nbasp
17
Instituto Rui Barbosa

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PRINCÍPIOS
Princípio 1
Previsão legal da independência dos Tribunais de Contas, de seus membros e de seu quadro
funcional.

10. Os Tribunais de Contas devem fazer cumprir os dispositivos legais que garantam a sua efetiva
independência, de seus membros e de seus servidores, incluindo a estabilidade no cargo e a imunidade
legal no exercício normal de suas funções.

11. Os Tribunais de Contas devem fazer cumprir os dispositivos legais que definam critérios legais
objetivos e impessoais para o recrutamento, nomeação, remoção, avaliação e promoção dos servidores
dos Tribunais de Contas.

12. Os Tribunais de Contas devem promover, proteger e manter um quadro constitucional, legal ou
jurídico efetivo e apropriado quanto a sua independência.

Princípio 2
Mandato suficientemente amplo e discricionariedade no exercício das funções dos Tribunais
de Contas

13. Os Tribunais de Contas, no exercício de suas funções e responsabilidades, devem fazer uso de
suas competências e discricionariedade para contribuir para o aprimoramento da gestão dos recursos
públicos em benefício da sociedade.

14. Os Tribunais de Contas devem ter poderes para auditar:


a) o uso de dinheiro, recursos ou bens públicos por qualquer destinatário ou beneficiário,
independentemente de sua natureza jurídica;
b) a arrecadação de receitas devidas ao Governo ou às entidades públicas;
c) a legalidade e a regularidade das contas do Governo ou das entidades públicas;
d) a qualidade da gestão financeira e a elaboração de demonstrações financeiras;
e) a economicidade, eficiência e efetividade das operações do Governo ou das entidades públicas.

15. Os Tribunais de Contas, de acordo com sua competência constitucional e legal, devem exercer
liberdade para estabelecer prioridades, programar seu trabalho e adotar metodologias apropriadas às
auditorias a serem realizadas.

16. Os Tribunais de Contas, respeitando suas competências legais, devem ser independentes para:
a) selecionar temas de auditoria;
b) planejar, executar, produzir relatórios e monitorar deliberações;
c) decidir sobre sua organização e gestão;
d) promover a execução de sanções administrativas decorrentes de suas decisões;
e) atuar com outras entidades de fiscalização, governos ou outras partes interessadas objetivando a
melhoria no uso de recursos públicos.

Princípio 3
Acesso irrestrito a informações

17. Os Tribunais de Contas, no exercício de suas competências constitucionais, legais e regimentais,


não devem sofrer limitações quanto ao acesso a pessoas, propriedades e informações necessárias à
execução dos seus trabalhos, nem ser restringidos por nenhum tipo de sigilo, à obtenção e ao manuseio
de informações, documentos ou locais, independentemente da natureza das transações e das operações
examinadas, inclusive em sistemas eletrônicos de tecnologia da informação e comunicação.

Princípio 4
Independência dos Tribunais de Contas para o desempenho de suas competências

18. Os Tribunais de Contas não podem sofrer ingerência por parte da Administração Pública sobre o
desempenho das suas funções.

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19. Os Tribunais de Contas devem exercer suas atividades de auditoria de forma autônoma e
independente dos entes auditados, livre de interferência política, financeira, administrativa ou de
quaisquer outras.

20. Os Tribunais de Contas têm a responsabilidade de assegurar que se mantenha a independência


em todas as fases da auditoria.

21. Os Tribunais de Contas não podem ser obrigados a modificar ou se abster de realizar determinadas
auditorias, nem tampouco retirar ou alterar constatações, conclusões, determinações e recomendações.

22. Ao atender às solicitações para realizar trabalhos específicos, os Tribunais de Contas devem
manter independência para conduzir todas as suas atividades, não permitindo interferências na escolha
da equipe, das técnicas das ferramentas a serem aplicadas na execução dos exames, na contratação de
consultores e especialistas, na extensão dos procedimentos e na forma de comunicar os resultados.

Princípio 5
Prevenção ao conflito de interesses

23. Os Tribunais de Contas devem prevenir situações que possam afetar ou parecer afetar o
desempenho de suas funções com independência.

24. Os Tribunais de Contas devem garantir que seus membros e servidores não desenvolvam relação
próxima, ou que assim o pareça, com órgãos jurisdicionados e outros responsáveis pela guarda e
aplicação dos recursos públicos, em todos os níveis e esferas de governo, para que possam manter um
julgamento objetivo e independente.

25. Os membros e servidores dos Tribunais de Contas não podem exercer cargos em conselhos
diretores, administrativos, fiscais ou quaisquer outras atividades de gestão em entidades sob sua
jurisdição ou que possam comprometer sua independência.

26. Os membros e servidores dos Tribunais de Contas não devem ser influenciados pelas
organizações auditadas e não devem ser dependentes dessas organizações.

Princípio 6
Adoção de medidas pertinentes no caso de quaisquer questões que possam afetar ou que
afetaram sua independência

27. Os Tribunais de Contas devem adotar medidas cabíveis quando cerceados nas suas prerrogativas
constitucionais para o exercício pleno da auditoria do setor público.

Princípio 7
Direito e obrigação de informar sobre seu trabalho

28. Os Tribunais de Contas devem fazer uso dos seus direitos e obrigações para relatar seu trabalho
de forma independente.

29. Os Tribunais de Contas não podem ser impedidos de comunicar os resultados das atividades de
auditoria e devem informar, pelo menos uma vez por ano, esses resultados.

Princípio 8
Liberdade de decidir o conteúdo e o momento oportuno de publicação e divulgação de seus
relatórios de auditoria

30. Os Tribunais de Contas têm a liberdade de decidir o conteúdo de seus relatórios de auditoria.

31. Os Tribunais de Contas têm a liberdade de fazer observações e deliberar sobre determinações e
recomendações em seus relatórios de auditoria, levando em consideração, conforme o caso, os pontos
de vista da entidade auditada.

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32. Os Tribunais de Contas têm a liberdade de decidir sobre o momento oportuno de divulgação e
publicação de seus relatórios de auditoria, salvo quando houver exigências específicas prescritas em lei.

Princípio 9
Utilização de mecanismos eficazes de monitoramento das deliberações

33. Os Tribunais de Contas devem implantar um sistema de monitoramento com o objetivo de aferir o
grau de atendimento de suas determinações e recomendações e de assegurar que os órgãos e as
entidades auditadas sigam adequadamente suas deliberações.

34. Os Tribunais de Contas devem comunicar o grau de atendimento das deliberações monitoradas
ao Poder Legislativo ou às suas comissões, quando for o caso, e para o dirigente máximo da entidade
auditada.

Princípio 10
Cooperação interinstitucional sem prejuízo da independência e da autonomia

35. Os Tribunais de Contas podem, sem prejuízo de sua independência e autonomia, estabelecer
cooperação e colaboração com outros órgãos e entidades que tenham a competência ou o interesse em
promover a accountability pública.

36. A independência funcional dos Tribunais de Contas não impede que eles compartilhem, com os
demais órgãos e entidades da Administração Pública, informações e boas práticas.

37. Os Tribunais de Contas, ao realizarem parcerias ou atuarem em rede de controle, não devem
comprometer a sua autonomia nem se submeter à interferência de terceiros.

38. Os Tribunais de Contas podem articular esforços mediante o estabelecimento de compromissos e


de ações conjuntas com outros órgãos de fiscalização e controle, com o objetivo de viabilizar o apoio às
fiscalizações das instituições envolvidas, norteando-se pela confiança bem como pelo respeito à
independência de cada uma.

Princípio 11
Autonomia financeira e gerencial/administrativa e disponibilidade de recursos humanos,
materiais e monetários adequados

39. Os Tribunais de Contas devem possuir autonomia para estabelecer seus próprios serviços,
métodos, organização, orçamento, estrutura e funcionamento.

40. Os Tribunais de Contas devem dispor dos recursos humanos, materiais e financeiros necessários
para desempenhar suas tarefas.

41. Os Tribunais de Contas devem administrar seu orçamento com autonomia.

42. Os Tribunais de Contas devem comunicar ao Poder Legislativo qualquer restrição em matéria de
recursos ou quaisquer outras restrições, por parte do Poder Executivo, que possam cercear o exercício
de suas competências.

NBASP 12 – VALOR E BENEFÍCIOS DOS TRIBUNAIS DE CONTAS – FAZENDO A DIFERENÇA


NAVIDA DOS CIDADÃOS

INTRODUÇÃO
1. Normas e orientações profissionais são essenciais para a credibilidade, a qualidade e o
profissionalismo da auditoria do setor público. As Normas Brasileiras de Auditoria do
Setor Público (NBASPs), Nível 1, desenvolvidas e emitidas pelo Instituto Rui Barbosa (IRB), visam à
realização de auditorias independentes e eficazes pelos Tribunais de Contas brasileiros.

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2. As NBASPs, Nível 1, abrangem os princípios basilares e os pré-requisitos para o adequado
funcionamento dos Tribunais de Contas, relacionados a independência, transparência e accountability,
ética e controle de qualidade, que são relevantes para todas as auditorias.

3. A NBASP tem como objetivo contribuir com o aprimoramento dos Tribunais de Contas e estabelecer
um padrão nacional de atuação para comunicar e promover o valor e os benefícios que podem trazer
para a sociedade por meio das auditorias que realizam.

4. A presente norma foi desenvolvida com base nas Normas Internacionais deAuditoria das Entidades
Fiscalizadoras Superiores (ISSAI 12) da Organização Internacional das Entidades
Fiscalizadoras Superiores (INTOSAI), no marco legal que rege a administração pública brasileira, nas
Normas de Auditoria do Tribunal de Contas da União (NAT), nas Normas de Auditoria Governamental
(NAG) e nas Resoluções da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon).

5. A atuação em prol do interesse público enseja a responsabilidade dos Tribunais de Contas de


demonstrar a sua importância para os cidadãos, para o Legislativo e para os órgãos/ entidades
governamentais. Os Tribunais de Contas podem demonstrar sua relevância respondendo
apropriadamente às demandas e expectativas das partes interessadas e mantendo uma boa
comunicação no sentido de demonstrar como as auditorias realizadas proporcionam o aperfeiçoamento
da Administração Pública.

6. Para cumprirem sua missão constitucional e garantirem o seu valor, os Tribunais de Contas precisam
ser reconhecidos pela sua credibilidade, competência e independência, tornando-se, assim, um modelo
para a Administração Pública.

7. Os princípios e requisitos em torno da expectativa fundamental dos Tribunais de Contas de


demonstrarem o seu valor para a sociedade e de fazerem a diferença na vida dos cidadãos encontram-
se divididos pelas seguintes ações:
a) fortalecer a accountability, a transparência e a integridade dos órgãos/entidades governamentais;
b) demonstrar relevância contínua para os cidadãos, para o Legislativo e para outras partes
interessadas;
c) ser uma organização modelo, que lidera pelo exemplo.

FORTALECER A ACCOUNTABILITY, ATRANSPARÊNCIA E A INTEGRIDADE DOS


ÓRGÃOS/ENTIDADES GOVERNAMENTAIS

8. Os Tribunais de Contas exercem ação independente, por meio de auditorias, de formulação de


determinações e recomendações e de outras ações de controle externo, incluindo a aplicação de
sanções. A atuação dos Tribunais de Contas é instrumento da governança pública cujo objetivo é
assegurar a accountability pública, contribuindo para reduzir as incertezas sobre o que ocorre no interior
da administração pública, fornecendo à sociedade e ao Poder Legislativo uma razoável segurança de que
os recursos e poderes delegados aos administradores públicos estão sendo geridos mediante ações e
estratégias adequadas para alcançar os objetivos estabelecidos pelo poder público, de modo
transparente, em conformidade com os princípios de administração pública, as leis e os regulamentos
aplicáveis.

9. Os Tribunais de Contas têm a responsabilidade de assegurar que seja cumprido o dever de prestar
contas por parte de qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde,
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a Administração responda, ou
que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

10. Além disso, as ações de controle externo apoiam os responsáveis pela governança do setor público
no exercício de suas responsabilidades ao monitorar e reportar sobre as medidas adotadas para sanar
falhas, aperfeiçoar atividades e aproveitar oportunidades de melhoria, assim, completando o ciclo de
accountability.

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1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
Princípio 1
Salvaguarda da independência dos Tribunais de Contas

11. Os Tribunais de Contas devem realizar seus trabalhos observando o princípio da independência
de que trata a NBASP 10.

12. Os Tribunais de Contas devem buscar promover, proteger e manter um quadro constitucional, legal
e regulamentar adequado e efetivo para apoiar o exercício de suas funções.

13. Os Tribunais de Contas devem preservar a independência de seus membros e servidores, incluindo
as garantias legais necessárias ao exercício normal das suas funções.

14. Os Tribunais de Contas devem fazer uso de suas competências e discricionariedade no exercício
das suas funções e responsabilidades para melhorar a gestão dos recursos públicos.

15. Os Tribunais de Contas devem ter direitos irrestritos de acesso a todas as informações necessárias
para o bom desempenho de suas funções, inclusive direito de acesso aos sistemas eletrônicos de
tecnologia da informação e comunicação dos órgãos ou entidades auditadas.

16. Os Tribunais de contas devem usar os seus direitos e obrigações para relatar seu trabalho de
forma independente, decidindo livremente o conteúdo e o momento oportuno de divulgação dos seus
relatórios.

17. Os Tribunais de Contas devem possuir mecanismos adequados para o monitoramento de suas
deliberações.

18. Os Tribunais de Contas devem manter a autonomia financeira e gerencial ou administrativa e


recursos humanos, materiais e financeiros adequados.

19. Os Tribunais de Contas devem relatar todas questões que possam afetar sua capacidade de
realizar seu trabalho de acordo com as respectivas competências.

Princípio 2
Realização de auditorias objetivando verificar a boa e regular aplicação de recursos públicos,
responsabilizando os responsáveis quando necessário

20. Os Tribunais de Contas devem, de acordo com suas competências e padrões profissionais
aplicáveis, realizar auditorias financeira, operacional e de conformidade.

21. Os Tribunais de Contas devem examinar a fidedignidade dos demonstrativos contábeis e a eficácia
dos controles internos de órgãos e entidades, conforme disposições regulamentares

22. Os Tribunais de Contas devem avaliar o desempenho dos órgãos e entidades jurisdicionados,
assim como o dos sistemas, programas, projetos e atividades governamentais, quanto aos aspectos de
economicidade, eficiência, eficácia e efetividade dos atos praticados.

23. Os Tribunais de Contas devem examinar a legalidade e a legitimidade dos atos de gestão dos
responsáveis sujeitos a sua jurisdição.

24. Os Tribunais de Contas devem promover a instituição e o efetivo funcionamento dos sistemas de
controle interno das entidades fiscalizadas.

25. Os Tribunais de Contas devem aplicar aos responsáveis, em caso de irregularidade, as sanções
previstas em lei.

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Princípio 3
Habilitação dos responsáveis pela governança do setor público para que possam cumprir
suas responsabilidades e responder aos achados e recomendações da auditoria e adotar as
ações corretivas apropriadas

26. Os Tribunais de Contas devem assegurar uma boa comunicação com as entidades auditadas e
outras partes interessadas relacionadas, conforme o caso, e mantê-las bem informadas durante o
processo de auditoria sobre questões decorrentes do trabalho dos TCs.

27. Os Tribunais de Contas devem prestar as informações solicitadas pelo Legislativo sobre as
auditorias realizadas e sobre seus resultados.

28. Os Tribunais de Contas devem fornecer ao Legislativo e aos órgãos/entidades auditados


informações relevantes, objetivas e oportunas e com eles desenvolver um relacionamento próximo para
ajudá-los a entender melhor os relatórios e conclusões da auditoria e tomar as medidas apropriadas.

29. Os Tribunais de Contas devem permitir ao auditado examinar o relatório preliminar de auditoria
antes que ele seja tornado público, oportunizando ao gestor tomar conhecimento dos achados,
conclusões e propostas em seu contexto completo e por escrito, exceto nos casos nos quais, de forma
fundamentada, o exame prejudique o objetivo da fiscalização.

30. Os Tribunais de Contas devem procurar analisar o relatório de auditoria, identificar e discutir com
os principais interessados temas, achados comuns, tendências, causas raiz e recomendações de
auditoria, fornecer orientações e boas práticas e esclarecer como suas conclusões podem ser úteis para
a obtenção de um maior benefício com a observância das recomendações/determinações.

Princípio 4
Produção de relatórios sobre os resultados de auditoria e disponibilização ao público para
que tome ciência dos achados de auditoria e das responsabilidades dos gestores

31. Os Tribunais de Contas devem relatar informações objetivas, de forma simples e clara, usando
uma linguagem que seja compreendida por todas as partes interessadas.

32. Os Tribunais de Contas devem divulgar de forma ampla os relatórios de auditoria e os resultados
de suas ações, inclusive em meio eletrônico, exceto nos casos nos quais, justificadamente, o sigilo seja
necessário.

33. Os Tribunais de Contas devem facilitar o acesso aos seus relatórios de auditoria a todas partes
interessadas, usando ferramentas de comunicação apropriadas.

DEMONSTRAR RELEVÂNCIA PARA OS CIDADÃOS, PARA O LEGISLATIVO E PARA OUTRAS


PARTES INTERESSADAS

34. Os Tribunais de Contas demonstram sua relevância respondendo adequada e tempestivamente


aos interesses dos cidadãos, às expectativas das diferentes partes interessadas e aos riscos emergentes
decorrentes da variação do ambiente que envolve as organizações auditadas. Além disso, é essencial
que os Tribunais de Contas procurem demonstrar como suas auditorias agregam valor e contribuem para
a avaliação e aperfeiçoamento da Administração Pública.

Princípio 5
Sensibilidade a mudanças de ambiente e riscos emergentes

35. Os Tribunais de Contas devem, no desenvolvimento de seu programa de trabalho, responder,


conforme o caso, às principais questões que afetam a sociedade.

36. Os Tribunais de Contas devem avaliar a mudança no ambiente de auditoria e os riscos dele
emergentes e responde-los em tempo hábil, por exemplo, por meio da promoção de mecanismos que
abordem impropriedade financeira, fraude, corrupção, ineficácia e ineficiência.

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37. Os Tribunais de Contas devem se manter a par das questões relevantes que estão sendo debatidas
em foros nacionais e internacionais, e participar, conforme o caso.

38. Os Tribunais de Contas devem assegurar que as expectativas das partes interessadas e os riscos
emergentes sejam considerados nos planos estratégicos, de negócios e de auditorias, conforme o caso,
sem afetar sua independência.

39. Os Tribunais de Contas devem implementar medidas voltadas à gestão de informações


estratégicas, usando, por exemplo, ferramentas de inteligência e de tratamento de grandes massas de
dados com uso intensivo de tecnologia da informação.

Princípio 6
Comunicação efetiva com as partes interessadas

40. Os Tribunais de Contas devem promover, junto aos entes auditados, a compreensão de sua
função, objetivando a obtenção de informações espontâneas e fidedignas, bem como devem conduzir
discussões em uma atmosfera de respeito e compreensão mútuos.

41. Os Tribunais de Contas devem comunicar e sensibilizar as partes interessadas sobre a


necessidade de transparência e accountability do setor público.

42. Os Tribunais de contas devem interagir adequadamente com a mídia, de modo a facilitar a
comunicação com a sociedade.

43. Os Tribunais de Contas devem implementar ações de comunicação com o objetivo de cumprir os
princípios da publicidade e transparência, demonstrar a utilidade e a efetividade do controle externo e
fortalecer a imagem institucional.

44. Os Tribunais de Contas devem sistematizar sua jurisprudência tendo por objetivo a harmonização
e a transparência das suas decisões.

45. Os Tribunais de Contas devem divulgar as decisões e as pautas de julgamento como instrumento
de comunicação com o público externo de interesse e com a sociedade.

46. Os Tribunais de Contas devem fortalecer suas ouvidorias no sentido de torná-las efetivos
instrumentos de interação com a sociedade, favorecendo as ações de controle externo.

Princípio 7
Promoção de aperfeiçoamento da Administração Pública, sendo uma fonte confiável de
conhecimento e de orientação objetiva e independente

47. Os Tribunais de Contas devem alcançar e manter junto à sociedade, aos demais Poderes do
Estado e às entidades fiscalizadas, um elevado nível de credibilidade, confiança e respeito públicos,
transmitindo segurança por meio de atuação caracterizada pela objetividade, neutralidade, independência
e imparcialidade.

48. O trabalho dos Tribunais de Contas deve basear-se no julgamento profissional independente e em
uma análise sólida e profunda.

49. Os Tribunais de Contas devem contribuir para o debate sobre o aperfeiçoamento da Administração
Pública, sem comprometer sua independência.

50. Os Tribunais de Contas devem usar seu conhecimento e experiência para promover mudanças
benéficas na Administração Pública.

51. Os Tribunais de Contas podem cooperar com instituições acadêmicas, públicas ou privadas, e
manter relações formais com associações profissionais, desde que não comprometam a sua
independência, autonomia e objetividade.

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52. É recomendável que os Tribunais de Contas desenvolvam e regulamentem sistemática de
avaliação de desempenho institucional quanto ao exercício da auditoria do setor público, no intuito de
avaliar, periodicamente, se o Legislativo, os auditados e os cidadãos percebem que os Tribunais de
Contas são efetivos e contribuem para o aperfeiçoamento da Administração
Pública.

SER UMA ORGANIZAÇÃO MODELO, QUE LIDERA PELO EXEMPLO

53. Os Tribunais de Contas devem inspirar confiança. Sua credibilidade depende de serem vistos como
independentes, competentes e publicamente responsáveis por suas atuações. Para tornar isso possível,
os Tribunais de Contas precisam liderar sendo exemplo.

Princípio 8
Garantia de transparência e accountability dos Tribunais de Contas

54. Os Tribunais de Contas devem observar os ditames da NBASP 20 que trata da transparência e da
accountability dos Tribunais de Contas.

55. Os Tribunais de Contas devem exercer suas funções de forma a oferecer accountability,
transparência e boa governança pública.

56. Os Tribunais de Contas devem tornar públicos suas competências, suas responsabilidades, sua
missão e sua estratégia.

57. Os Tribunais de Contas devem usar, de acordo com suas circunstâncias, normas, processos e
métodos de auditoria que sejam objetivos e transparentes, bem como dar conhecimento às partes
interessadas sobre as normas e os métodos utilizados.

58. Os Tribunais de Contas devem gerenciar suas operações com economicidade, eficiência e
efetividade e em conformidade com as leis e regulamentos aplicáveis, e informar publicamente estas
questões, conforme o caso.

59. Os Tribunais de Contas devem estar sujeitos ao exame externo independente, a exemplo da
revisão por pares, e disponibilizar relatórios de auditoria e avaliação de suas atividades às partes
interessadas.

Princípio 9
Garantia de boa governança dos Tribunais de Contas

60. Os Tribunais de Contas devem observar os bons princípios de governança e reportar publicamente
sobre esse aspecto de forma apropriada.

61. Os Tribunais de Contas devem ter uma estrutura de gestão e apoio organizacional adequados que
propiciem um bom processo de governança e boas práticas de gestão.

62. Os Tribunais de Contas devem promover o aperfeiçoamento de seus sistemas de controle interno
como instrumento de melhoria da governança e da gestão de riscos.

63. Os Tribunais de Contas devem identificar, avaliar, responder e monitorar regularmente os riscos
organizacionais.

64. Os Tribunais de Contas devem fortalecer suas corregedorias no sentido de torná-las instrumentos
de eficiência, eficácia e efetividade das ações de controle externo.

65. Os Tribunais de Contas devem imprimir agilidade na apreciação e julgamento de processos de


auditoria, cumprindo prazos razoáveis.

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Princípio 10
Cumprimento de Código de Ética do Tribunal de Contas

66. Os Tribunais de Contas devem observar os preceitos da NBASP 30 que trata da gestão da ética
pelos TCs.

67. Os Tribunais de Contas devem criar ou aplicar um código de ética que seja consistente com suas
competências e adequado para suas circunstâncias.

68. Os Tribunais de Contas devem aplicar altos padrões de integridade e ética, expressos em código
de conduta.

69. Os Tribunais de Contas devem instituir políticas e processos adequados para garantir a
conscientização e adesão dos membros, servidores e contratados para as atividades de apoio aos
requisitos de código de conduta.

70. Os Tribunais de Contas devem aplicar seus valores fundamentais e seu compromisso para com a
ética profissional em todos os aspectos do seu trabalho, de modo a servir como exemplo.

Princípio 11
Busca de excelência e de qualidade do serviço

71. Os Tribunais de Contas devem observar os ditames da NBASP 40 que trata do controle de
qualidade para os Tribunais de Contas.

72. Os Tribunais de Contas devem assegurar que suas auditorias sejam realizadas em conformidade
com as NBASPs, com as normas da INTOSAI e demais normas técnicas e profissionais aplicáveis.

73. Os Tribunais de Contas devem realizar, periodicamente, uma avaliação do sistema de controle de
qualidade das suas auditorias, com vistas a avaliar a aderência às técnicas e normas profissionais.

74. Os Tribunais de Contas devem estabelecer normas específicas, manuais ou guias, para orientar
as tarefas de auditoria ou outras atividades assemelhadas.

75. Os Tribunais de Contas devem contar com métodos atualizados de auditoria.

76. Os Tribunais de Contas devem estar capacitados para realizar suas auditorias, em um prazo
determinado.

77. Os Tribunais de Contas devem designar, para executar as auditorias, profissionais que possuam,
em conjunto, a formação, a experiência, as habilidades e os conhecimentos técnicos necessários para
realizar as tarefas com eficiência e eficácia.

78. Os Tribunais de Contas devem acompanhar o cumprimento ou a implementação das deliberações


por eles proferidas e aferir os seus efeitos, possibilitando, assim, verificar se as ações adotadas têm
contribuído para o alcance dos resultados desejados, identificar/mensurar os benefícios aferidos com a
auditoria e dar retorno à sociedade.

79. Os Tribunais de Contas devem adotar, no que couber, o controle externo concomitante como
instrumento de efetividade de suas atribuições.

80. Os Tribunais de Contas devem adotar critérios objetivos de julgamento e uniformizar suas decisões
por meio de procedimentos próprios, previstos em suas leis orgânicas, ou providenciar a sua criação,
quando não instituídos.

81. Os Tribunais de Contas devem atuar proativamente nas questões de ampla repercussão e
interesse público por meio de orientações técnicas ou por deliberações do órgão colegiado com carácter
vinculante.

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Princípio 12
Construção de capacidade por meio de promoção de aprendizagem e de compartilhamento de
conhecimento

82. Os Tribunais de Contas devem promover o desenvolvimento profissional contínuo, que contribua
para a excelência do indivíduo, da equipe e da organização.

83. Os Tribunais de Contas devem ter uma estratégia de desenvolvimento profissional, incluindo a
formação baseada nos níveis mínimos de qualificação, experiência e competência necessários para
realizar auditoria.

84. Os Tribunais de Contas devem desenvolver e promover o aperfeiçoamento da legislação e dos


sistemas, ou ferramentas, que contribuam para o desenvolvimento profissional de seus servidores.

85. Os Tribunais de Contas devem garantir que seus servidores tenham as competências profissionais
e o apoio de colegas e da gestão para realizar seu trabalho.

86. Os Tribunais de Contas devem incentivar o intercâmbio de conhecimento e a capacitação de seus


servidores.

87. Os Tribunais de Contas devem aproveitar o trabalho de outros Tribunais de Contas, do Controle
Interno e da auditoria interna de entidades governamentais e, com eles e com outras instituições de
fiscalização e controle, construir redes para se manterem a par das questões emergentes e promoverem
o intercâmbio de conhecimento.

88. Os Tribunais de Contas devem promover ações no sentido de trocar experiências quanto ao
desenvolvimento/aperfeiçoamento de métodos e procedimentos de fiscalização.

NBASP 20 – TRANSPARÊNCIA E ACCOUNTABILITY


As Normas Brasileiras de Auditoria do Setor Público (NBASPs) são elaboradas e emitidas pelo
Instituto Rui Barbosa (IRB), com fundamento no art. 2º, inciso XV, do seu estatuto.

INTRODUÇÃO
1. Normas e orientações profissionais são essenciais para a credibilidade, a qualidade e o
profissionalismo da auditoria do setor público. As Normas Brasileiras de Auditoria do Setor Público
(NBASPs), Nível 1, desenvolvidas e emitidas pelo Instituto Rui Barbosa (IRB), visam à realização de
auditorias independentes e eficazes pelos Tribunais de Contas brasileiros.

2. As NBASPs, Nível 1, abrangem os princípios basilares e os requisitos para o adequado


funcionamento e a conduta profissional dos Tribunais de Contas, relacionados a independência,
transparência e accountability, ética e controle de qualidade, que são relevantes para todas as auditorias.

3. A NBASP 20 objetiva promover os princípios de transparência e de accountability nos Tribunais de


Contas, que devem atuar de forma exemplar, mediante a aplicação destes princípios em todos os seus
atos.

4. Esta Norma foi desenvolvida com base nas Normas Internacionais de Auditoria das Entidades
Fiscalizadoras Superiores (Issai 20) da Organização Internacional de Entidades Fiscalizadoras
Superiores (Intosai), no marco legal que rege a administração pública brasileira, nas Normas de Auditoria
do Tribunal de Contas da União (NAT), nas Normas de Auditoria
Governamental (NAG) e nas Resoluções da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do
Brasil (Atricon).

5. Os Tribunais de Contas devem divulgar as suas atribuições e os resultados das suas atividades
para a Administração e para o público em geral, ajudando-os a compreender as suas funções. Seus
processos de trabalho, atividades e produtos devem ser transparentes. Os Tribunais de Contas também
devem se comunicar claramente com a mídia e outras partes interessadas, e buscar ser reconhecidos na
esfera pública e na comunidade.

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6. Apresente norma encontra-se estruturada na forma de princípios e requisitos que buscam a
transparência e a accountability dos Tribunais de Contas.

PRINCÍPIOS
Princípio 1
Exercício das funções dos Tribunais de Contas no âmbito de um marco legal que preveja a
transparência e a accountability

7. Os Tribunais de Contas devem atuar sob normas a partir das quais seja possível responsabilizar
seus membros e servidores.

8. As normas devem incluir:


a) as competências para as auditorias, a jurisdição e as responsabilidades dos Tribunais de Contas;
b) as condições sobre a nomeação e o afastamento de membros e servidores dos Tribunais de Contas;
c) os requisitos de gestão operacional e financeira dos Tribunais de Contas;
d) a publicação oportuna dos relatórios de auditoria;
e) a supervisão das atividades dos Tribunais de Contas;
f) o equilíbrio entre o acesso do público à informação e a preservação do sigilo das evidências de
auditoria e de outras informações dos Tribunais de Contas.

Princípio 2
Publicidade de competências, responsabilidades, missão e planejamento

9. Os Tribunais de Contas devem tornar públicas suas competências, suas missões, sua organização,
sua estratégia e suas relações com as várias partes interessadas, incluindo os órgãos legislativos e
autoridades executivas.

10. Os Tribunais de Contas devem tornar públicas as condições de nomeação, eleição, reeleição,
aposentadoria e destituição dos seus membros e servidores.

11. É recomendável que os Tribunais de Contas divulguem ao público as informações básicas sobre
suas competências, suas responsabilidades, sua missão, sua estratégia e suas atividades em uma das
línguas oficiais da Intosai, além da língua portuguesa.

Princípio 3
Adoção de normas, processos e métodos de auditoria objetivos e transparentes

12. Os Tribunais de Contas devem adotar normas e metodologias que estejam em conformidade com
os princípios fundamentais de auditoria e elaborados de acordo com as Normas Brasileiras de Auditoria
do Setor Público.

13. Os Tribunais de Contas devem informar quais são essas normas e metodologias, e como as
cumprem.

14. Os Tribunais de Contas devem informar as atividades de auditoria que realizam no âmbito de sua
competência, com base em seus processos de avaliação de riscos e planejamento.

15. Os Tribunais de Contas devem informar às autoridades competentes quaisquer ilegalidades ou


irregularidades que apontem a existência de indícios de crimes de responsabilidade e improbidade
administrativa, entre outros praticados contra a Administração Pública.

16. Os Tribunais de Contas devem manter a entidade auditada informada sobre os objetivos, critérios,
metodologias e conclusões de suas auditorias, de modo que ela possa compreender a forma como o
controle externo pode contribuir para a melhoria da qualidade da gestão dos recursos públicos.

17. Os Tribunais de Contas devem adotar procedimentos de monitoramento das suas deliberações,
assegurado à entidade auditada o direito de fornecer informações sobre as medidas corretivas adotadas
ou sobre os motivos de não terem sido tomadas as ações corretivas.

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18. Os resultados das auditorias dos Tribunais de Contas devem estar sujeitos a comentários, e as
recomendações e determinações sujeitas a discussões e a respostas pela entidade auditada.

19. Os Tribunais de Contas devem implementar um sistema adequado de controle de qualidade sobre
suas atividades de auditoria e produção de relatórios, e submeter tal sistema a uma avaliação periódica
independente.

Princípio 4
Garantia de altos padrões de integridade e de ética por parte dos membros, servidores e
demais colaboradores

20. Os Tribunais de Contas devem ter regras ou códigos de ética, políticas e práticas que estejam
alinhados com as Normas Brasileiras de Auditoria do Setor Público, especialmente a
NBASP 30.

21. Os Tribunais de Contas devem prevenir conflitos internos de interesses, corrupção e outras
situações danosas ao patrimônio público, assegurando a transparência e a legalidade de seus próprios
atos.

22. Os Tribunais de Contas devem promover ativamente o comportamento ético em toda a


organização.

23. Os Tribunais de Contas devem divulgar as exigências éticas e as obrigações de seus membros,
servidores e outros colaboradores.

Princípio 5
Garantia de que os princípios de transparência e de accountability não sejam comprometidos
quando parte de suas atividades forem executadas por terceiros

24. Os Tribunais de Contas também devem garantir a observância dos princípios de transparência e
de accountability pelos contratados para atividades de apoio.

25. A execução de trabalhos especializados por contratados para atividades de apoio é de


responsabilidade dos Tribunais de Contas e está sujeita a políticas éticas (especialmente conflito de
interesses) e de garantia da integridade e independência.

Princípio 6
Gerenciamento das operações dos Tribunais de Contas com economicidade, eficiência e
eficácia, e em conformidade com as leis e regulamentos, e divulgação dos resultados atingidos

26. Os Tribunais de Contas devem empregar boas práticas de gestão, incluindo controles internos
adequados sobre suas operações. Isso pode incluir auditorias internas e outras medidas descritas na
Intosai Gov 9100.

27. Os Tribunais de Contas devem tornar públicas suas prestações de contas e sujeitá-las à análise
parlamentar ou à auditoria.

28. Os Tribunais de Contas devem avaliar e tornar públicas as informações sobre suas operações,
bem como sobre os resultados de auditorias e dos demais trabalhos de controle externo.

29. Os Tribunais de Contas devem tornar público seu orçamento e informar sobre a origem de seus
recursos financeiros e como esses recursos são utilizados.

30. Os Tribunais de Contas devem medir e tornar públicos os resultados sobre a eficiência e eficácia
no uso de seus recursos.

31. Os Tribunais de Contas devem utilizar indicadores de desempenho para avaliar o benefício de seus
trabalhos para o Poder Legislativo, os cidadãos e outras partes interessadas.

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32. Os Tribunais de Contas devem acompanhar a sua visibilidade pública, os resultados e o impacto
de suas ações mediante retroalimentação externa.

33. Os Tribunais de Contas devem possuir ouvidorias que garantam o amplo acesso do cidadão às
informações da própria gestão, favorecendo o controle social e a transparência de suas atividades.

34. Os Tribunais de Contas devem possuir área de comunicação social, com política de comunicação
aprovada, que assegure o alcance do objetivo de cumprir os princípios da publicidade e da transparência,
além de demonstrar a utilidade e a efetividade do controle externo e fortalecer a imagem institucional.

Princípio 7
Publicidade dos resultados das auditorias e das conclusões sobre as atividades gerais do
governo

35. Os Tribunais de Contas devem dar ampla divulgação do resultado de suas ações, inclusive em
meio eletrônico, ressalvadas as situações consideradas sigilosas por leis e regulamentos.

36. Os Tribunais de Contas devem tornar públicas as medidas e os resultados do monitoramento das
suas recomendações.

37. Os Tribunais de Contas devem tornar públicas as sanções e as penalidades impostas aos gestores
governamentais, assim como aos seus membros e servidores.

38. Os Tribunais de Contas devem manter um forte relacionamento com as comissões parlamentares
relevantes, para ajudá-las a compreender melhor os relatórios e as conclusões da auditoria e tomar as
medidas adequadas.

39. Os Tribunais de Contas podem comunicar os resultados de suas auditorias com variações na forma
e no conteúdo, dependendo dos destinatários e da finalidade da divulgação, bem como do público-alvo,
que deve ser informado a respeito, cabendo às normas específicas disporem acerca de comunicações
por outros meios, que não o relatório.

Princípio 8
Comunicação oportuna e ampla dos resultados das atividades de auditoria por intermédio da
mídia, de sites e de outros meios

40. Os relatórios de auditoria devem ter ampla divulgação, inclusive em meio eletrônico, sendo
obrigatoriamente publicados na página eletrônica do Tribunal de Contas.

41. Os Tribunais de Contas devem incentivar o interesse público e acadêmico sobre suas conclusões
mais importantes.

42. Os Tribunais de Contas devem iniciar, realizar auditorias e emitir os respectivos relatórios em tempo
hábil. A transparência e a accountability serão melhoradas se as auditorias e as informações fornecidas
forem tempestivas.

43. Os Tribunais de Contas devem tornar disponíveis e compreensíveis os relatórios de auditoria para
o grande público através de vários meios (resumos, gráficos, apresentações de vídeo e comunicados de
imprensa).

Princípio 9
Cumprimento das Normas Brasileiras de Auditoria do Setor Público e busca de aprendizagem
contínua, usando orientações ou conhecimentos de colaboradores externos

44. Os Tribunais de Contas podem recorrer a uma entidade externa independente a fim de avaliar suas
operações e seu atendimento às normas. Para isso, podem utilizar a revisão por pares.

45. Os Tribunais de Contas podem recorrer a especialistas externos para fornecer consultoria
independente em questões técnicas relacionadas à auditoria, caso não disponha em seus quadros de

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profissionais especializados ou suficientes, sempre observados os limites da objetividade, da
neutralidade, do sigilo e da independência nas auditorias. Nesses casos, os Tribunais de Contas
assumem a responsabilidade pelo trabalho entregue pelo especialista e pelas conclusões que dele
decorram.

46. Os Tribunais de Contas devem tornar públicos os resultados de revisões por pares e avaliações
externas independentes.

47. Os Tribunais de Contas devem promover a execução de trabalhos conjuntos de forma a aumentar
a eficácia do controle e estimular o desenvolvimento profissional.

48. O trabalho dos consultores e especialistas deve ser limitado ao escopo delineado por profissional
do Tribunal de Contas, responsável pelas auditorias, e suas conclusões devem ser reproduzidas no
relatório de auditoria, acompanhadas da opinião e dos comentários dos profissionais de auditoria.

NBASP 30 – GESTÃO DA ÉTICA PELOS TRIBUNAIS DE CONTAS

INTRODUÇÃO
1. Normas e orientações profissionais são essenciais para a credibilidade, a qualidade e o
profissionalismo da auditoria do setor público. As Normas Brasileiras de Auditoria do Setor Público
(NBASPs), Nível 1, desenvolvidas e emitidas pelo Instituto Rui Barbosa (IRB), visam à realização de
auditorias independentes e eficazes pelos Tribunais de Contas Brasileiros.

2. As NBASPs, Nível 1, abrangem os princípios fundadores e os pré-requisitos para o adequado


funcionamento e a conduta profissional dos Tribunais de Contas, relacionados a independência,
transparência e accountability, ética e controle de qualidade, que são relevantes para todas as auditorias.

3. A presente norma foi desenvolvida com base no projeto da Norma Internacional de Auditoria das
Entidades Fiscalizadoras Superiores (Issai) 30, da Organização Internacional das Entidades
Fiscalizadoras Superiores (Intosai), e também incorporou disposições, com elas consistentes, das
Normas de Auditoria do Tribunal de Contas da União (NAT), das Normas de Auditoria Governamental
(NAG) e do marco legal que rege a Administração Pública brasileira.

4. Há muitas expectativas em torno da atuação dos Tribunais de Contas, que devem contar com a
confiança das partes interessadas. A reputação de confiança e de credibilidade de seus trabalhos perante
a sociedade, ao Poder Legislativo, as partes responsáveis e aos demais usuários de suas informações
representa um propósito que deve ser perseguido e um risco que deve ser permanentemente gerenciado
em nível institucional nos Tribunais de Contas.

5. Os Tribunais de Contas precisam agir como instituições modelo e inspirar comportamento ético,
confiança e credibilidade. Como o comportamento ético é um componente essencial no estabelecimento
da confiança e reputação de uma entidade, a gestão da ética é um pré-requisito para o funcionamento
dos Tribunais de Contas.

6. ANBASP 30 – Gestão de Ética pelos Tribunais de Contas – estabelece um padrão nacional de


atuação, abordando as responsabilidades gerais dos Tribunais de Contas para promover o
comportamento ético como um componente essencial para sustentar a confiança e a credibilidade.

7. Aética de um Tribunal de Contas é, essencialmente, um reflexo da conduta de seus membros e


servidores, que devem seguir um conjunto de princípios e normas, consubstanciando um padrão de
comportamento irrepreensível. Embora o comportamento ético pessoal dependa da vontade de cada um,
ele também é influenciado pelo ambiente de trabalho. Portanto, independentemente do comprometimento
individual das pessoas em agir de acordo com princípios éticos, os Tribunais de Contas têm a
responsabilidade específica de promover e proteger a ética e os princípios éticos em todos os aspectos
da organização e de suas atividades.

8. O objetivo desta norma é apresentar um conjunto de princípios éticos e uma visão geral dos aspectos
básicos envolvidos na gestão de ética, descrever os requisitos e fornecer orientações adicionais para
auxiliar o cumprimento destes, tanto nos aspectos relacionados às responsabilidades dos Tribunais de

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Contas quanto na incorporação dos princípios e no direcionamento do comportamento ético pessoal no
trabalho cotidiano e nas situações específicas inerentes a uma entidade de auditoria pública.

9. Para facilitar a incorporação dos princípios e o direcionamento do comportamento ético, esta norma
contempla requisitos e orientações para a sua aplicação, como descritos a seguir.

10. Os requisitos, considerados como critérios para reconhecer instituições e comportamentos éticos,
devem ser cumpridos tanto pelos Tribunais de Contas quanto pelos seus membros e servidores. Ao
avaliá-los, deve-se considerar que, por serem requisitos éticos, muitos deles estão relacionados a
controles abstratos e, por isso, requerem a aplicação de métodos de avaliação específicos e adequados.

11. As orientações para aplicação, no âmbito dos Tribunais de Contas para seus membros e
servidores, têm como objetivo auxiliar no cumprimento dos requisitos. As orientações podem abordar
esclarecimentos sobre o significado dos requisitos, dos conceitos e das justificativas fundamentais; pontos
a serem considerados na implementação, nas sugestões de procedimentos para um determinado
requisito nos exemplos de boas práticas que podem ser adotadas.

PRINCÍPIOS ÉTICOS E GESTÃO DA ÉTICA

12. Nas atividades de auditoria pública, é esperado que o comportamento ético se baseie pelos menos
nos cinco princípios enunciados a seguir, com uma explicação resumida.
a) integridade – agir com integridade, boa-fé e em prol do interesse público;
b) independência e objetividade – fazer julgamentos de forma imparcial e isenta;
c) competência – manter conhecimentos e habilidades adequados à função;
d) comportamento profissional – agir de acordo com as normas profissionais aplicáveis e as mais
altas expectativas das partes interessadas;
e) confidencialidade – proteger adequadamente as informações.

13. A gestão de ética tem por objetivo fornecer uma razoável segurança de que, no trabalho cotidiano
e em situações específicas inerentes às atividades de auditoria pública, os princípios éticos serão
cumpridos, mediante um comportamento ético esperado e aceitável.

14. A gestão da ética envolve a identificação de riscos (também chamados de “ameaças” ou


“vulnerabilidades”), reais ou vislumbrados, que possam impactar a reputação de confiança e a
credibilidade dos trabalhos dos Tribunais de Contas, e a adoção de respostas mediante a implementação
de controles (também chamados de “salvaguardas”) para reduzir os riscos de desvios éticos a um nível
aceitável.

15. Riscos de não cumprimento dos princípios éticos podem surgir de diversas formas, incluindo, mas
não se limitando, aos decorrentes de:
a) interesses pessoais;
b) parcialidade inadequada de julgamentos feitos anteriormente pelo Tribunal de Contas;
c) defesa dos interesses de entidades fiscalizadas ou de outras partes;
d) relacionamentos próximos ou de longa data;
e) pressões externas de entidades fiscalizadas ou de outras partes.
16. Quando são identificados riscos que ameaçam qualquer um dos cinco princípios, é necessário
implementar controles a fim de reduzir o risco de comportamentos antiéticos a um nível aceitável. Esses
controles podem ser estabelecidos por leis, regulamentos ou por atos normativos do próprio Tribunal de
Contas.

17. A estrutura ou o sistema de gestão de ética a ser desenvolvido e mantido pelos Tribunais de Contas
é implementado com a adoção de estratégias, políticas e procedimentos apropriados e específicos para
direcionar, gerenciar e controlar o comportamento ético.

RESPONSABILIDADES DOS TRIBUNAIS DE CONTAS

18. A estrutura ou o sistema de gestão de ética fornece os fundamentos e os arranjos organizacionais


que direcionam o comportamento ético, incluindo a liderança, o código de ética, as orientações éticas e
os mecanismos de gestão e controle da ética, considerando os requisitos e orientações a seguir.

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Liderança
Requisitos institucionais:

19. A liderança dos Tribunais de Contas deve demonstrar consciência da dimensão ética, destacar sua
importância e promover uma cultura ética na organização.

20. A liderança dos Tribunais de Contas deve servir como modelo de conduta, por meio de suas ações
e exemplo, agindo de acordo com os princípios éticos.

Orientações para aplicação:


21. A construção de uma cultura ética em uma instituição começa pela sua liderança, que inclui a
Presidência, os membros do Tribunal e do Ministério Público e todos aqueles que exerçam cargos ou
funções que possam influenciar o comportamento de outras pessoas. A ética deve ser explicitada como
uma prioridade e, para enfatizar a importância de agir de acordo com os princípios éticos, são necessárias
mensagens claras, consistentes e frequentes, associadas a ações apropriadas.

Código de Ética
Requisitos institucionais:
22. Os Tribunais de Contas devem adotar e divulgar um Código de Ética elaborado de acordo com
esta norma.

Orientações para aplicação:


23. Um código de ética ou um código de conduta expressa os princípios éticos e define como o Tribunal
de Contas espera que seus membros, servidores e terceiros que com ele se relacionam ou atuam em seu
nome se comportem, orientando, assim, o comportamento individual. Também tem o papel de servir como
uma declaração profissional e de sustentar a imagem ética, interna e externamente.
24. A definição dessas expectativas em cada Tribunal de Contas deve considerar pelo menos os
seguintes elementos: declarações sobre os princípios norteadores da conduta, descrição dos
comportamentos esperados, casos concretos de dilemas éticos e situações delicadas, e disposições para
lidar com desvios de conduta.

25. A aceitação e a legitimidade do código são maiores se a sua elaboração ou o seu desenvolvimento
forem inclusivos e transparentes.

Orientação sobre ética


Requisitos institucionais:
26. Os Tribunais de Contas devem exigir que todos os seus membros e servidores ajam em
conformidade com o Código de Ética, bem como prover orientação e respaldo para influenciar a sua
compreensão. Os Tribunais de Contas devem exigir que qualquer parte contratada para realizar trabalhos
em seu nome se comprometa com os requisitos éticos por eles definidos.

Orientações para aplicação:


27. A compreensão do código é maior quando há estratégias claras de comunicação, com mensagens
educativas para os servidores sobre a promoção dos princípios, a abordagem de dilemas éticos etc. Essas
estratégias de comunicação podem incluir oficinas de trabalho, treinamentos e compromissos da
liderança.

28. É recomendável que os Tribunais de Contas criem uma Comissão de Ética com o objetivo de
implementar e gerir o Código de Ética, elaborado de acordo com esta NBASP.

29. Os Tribunais de Contas podem atribuir responsabilidades a comissões de ética, coordenadores de


integridade, oficiais de ética, consultores ou conselheiros a fim de oferecer aconselhamento a problemas
reais apontados por membros ou servidores, observada a confidencialidade para a aplicação efetiva
desse apoio.

30. É recomendável que os Tribunais de Contas mantenham canais formais para recepção,
encaminhamento e processamento de opiniões, sugestões, reclamações, críticas e denúncias sobre
transgressões éticas por parte dos seus servidores e/ou membros.

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Gestão e controle da ética
Requisitos institucionais:
31. Os Tribunais de Contas devem identificar e analisar riscos éticos ou ameaças à ética, e adotar
estratégias, políticas e procedimentos para mitigá-los e sustentar o comportamento ético.

32. Os Tribunais de Contas devem adotar políticas e procedimentos para identificar, investigar e tratar
qualquer violação aos princípios éticos.

33. Os Tribunais de Contas devem identificar potenciais conflitos entre os seus requisitos éticos e as
normas de órgãos profissionais aos quais pessoas do seu quadro possam pertencer e estabelecer
procedimentos para tratar esses conflitos.

Orientações para aplicação:


34. Incorporar a ética na gestão diária é essencial para reforçar os princípios. Isso inclui, entre outros
procedimentos, a aplicação do mérito à ética como um critério de recrutamento, avaliação de desempenho
e desenvolvimento profissional. Implica também reconhecer e recompensar o comportamento ético, e
ainda aplicar salvaguardas para riscos específicos, como aqueles decorrentes de conflitos de interesse,
questões de confidencialidade ou conflitos de requisitos.

35. Controles de monitoramento fazem parte da gestão da ética para auxiliar os Tribunais de Contas
a mitigar eventuais riscos. Como parte dos controles de monitoramento, podem ser adotadas medidas
como as seguintes:
a) manutenção de registros para rastrear interesses, presentes e atos de hospitalidade;
b) auto avaliações, revisões internas e externas que podem ser usadas regularmente, seja como
ferramentas de monitoramento, seja como um meio para analisar e identificar vulnerabilidades e
recomendar medidas para aperfeiçoar a gestão da ética e/ou como uma rotina para assegurar
accountability.Avaliações precisarão considerar que muitos requisitos éticos estão relacionados a
controles abstratos e, por isso, requerem a aplicação de métodos de avaliação específicos e adequados.
Ferramentas como a Intosaint (ferramenta de autoavaliação da integridade de Entidades Fiscalizadoras
Superiores), diretrizes de revisão por pares (peer review), pesquisas, questionários, entrevistas e opiniões
de clientes são ferramentas úteis para essas avaliações;
c) políticas claras sobre desvio de condutas éticas e denúncias, incluindo procedimentos para relatar
casos de desvio para fins de investigação e sanção.

36. As informações obtidas a partir dos procedimentos acima podem ser usadas em avaliações
periódicas com vistas à atualização e aperfeiçoamento das políticas de ética. Os Tribunais de Contas
podem informar sobre essas avaliações às partes interessadas.

PROMOÇÃO DOS PRINCÍPIOS E DO COMPORTAMENTO ÉTICO

Integridade
Requisitos institucionais:
37. Os Tribunais de Contas devem destacar, demonstrar e promover a integridade, estabelecendo e
mantendo sistemas de controle da ética de seus membros e servidores.

38. Os Tribunais de Contas devem respaldar o valor da integridade, que abarca respostas oportunas
e adequadas a violações de tal valor.

Orientações para aplicação:


39. Para promover a integridade, os Tribunais de Contas devem implementar e manter sistemas de
controle, que consistem em um conjunto equilibrado de medidas e controles.

40. Os Tribunais de Contas devem implementar ferramentas para controlar essas vulnerabilidades, na
forma de orientações claras, meios de monitoramento e declarações de interesses, atividades e/ou
presentes.

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Independência e objetividade
Requisitos institucionais:
41. Os Tribunais de Contas devem realizar suas atividades observando o pré-requisito da
independência de que trata a NBASP 10, adotando políticas que visem à criação de condições para o seu
funcionamento independente e objetivo no que tange às entidades auditadas, ao seu mandato, à sua
discricionariedade, aos seus relatórios e à sua autonomia administrativa.
Esta independência deve estar prevista em um ordenamento constitucional, jurídico ou regulatório
adequado e eficaz.

42. Os Tribunais de Contas devem estabelecer uma estrutura para identificar e aplicar controles para
mitigar as ameaças significativas à independência, bem como devem fornecer orientação e
direcionamento a seus servidores nesse sentido.

43. Os Tribunais de Contas devem adotar políticas para rodízio periódico de servidores,
particularmente em níveis hierárquicos mais altos do pessoal de auditoria e devem prover salvaguardas
apropriadas onde o rodízio não for viável.

Orientações para aplicação:


44. Para garantir a credibilidade do trabalho, o Tribunal de Contas deve observar as normas de
processo e as garantias processuais das partes, e as partes interessadas devem reconhecê-lo como uma
instituição justa e imparcial. Para isso, é essencial que os Tribunais de Contas e seus servidores sejam
independentes, atuem com imparcialidade e isenção, e que seus trabalhos sejam objetivos.

45. O valor da independência compreende a independência de fato e a independência aparente.


Independência de fato é a situação que permite o desempenho de atividades sem que estas sejam
afetadas por influências que comprometam o julgamento profissional, permitindo, assim, que um indivíduo
aja com integridade, objetividade e ceticismo profissional. Já a independência aparente é caracterizada
pela ausência de circunstâncias que fariam com que uma parte interessada, razoavelmente bem
informada, tendo conhecimento de informações relevantes, viesse a ter dúvidas razoáveis da integridade,
da objetividade ou do ceticismo profissional do(s) auditor(es), ou a concluir que esses princípios foram
comprometidos.

46. Os princípios fundamentais da independência dos Tribunais de Contas são descritos na NBASP
10. Para cada um desses princípios, é fundamental ter um ordenamento constitucional, jurídico ou
regulatório adequado e eficaz para apoiar o Tribunal de Contas em seus trabalhos de auditoria. Um
ordenamento adequado e eficaz ajuda a garantir que o Tribunal de Contas e os seus auditores estejam
livres de interferências na escolha das questões de auditoria, bem como no planejamento, programação,
execução, elaboração de relatórios e monitoramento das auditorias, no acesso a informações, na
aplicação das decisões e sanções, no conteúdo e na periodicidade dos relatórios de auditoria, bem como
na sua publicação, divulgação e disseminação. Para tanto, é fundamental que os Tribunais de Contas
possuam autonomia financeira, organizacional e administrativa.

47. Cada Tribunal de Contas é responsável por implementar salvaguardas à sua independência, tais
como:
a) declarações de interesses e de conflitos de interesses a fim de ajudar a identificar e mitigar ameaças
à independência;
b) medidas que ajudem a garantir que o pessoal de alto escalão exerça sua função de supervisão e
revisão de acordo com critérios profissionais rigorosos, definidos para excluir influências externas que
poderiam afetar a independência do Tribunal de Contas e de seus servidores;
c) políticas e procedimentos para tratar ameaças, como o afastamento de alguém que tenha conflito
de interesses de uma equipe de auditoria, ou a revisão de decisões significativas tomadas por esta pessoa
enquanto integrava a equipe;
d) políticas e normas para identificar e sanar situações em que um membro de equipe de auditoria
tenha trabalhado recentemente na entidade fiscalizada ou tenha auditado a mesma questão sob o manto
de outra organização;
e) um ambiente no qual o julgamento profissional objetivo não seja afetado por trabalhos realizados
anteriormente pelo Tribunal de Contas.

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48. De acordo com o mandato constitucional dos Tribunais de Contas brasileiros, um Tribunal não
pode recusar ou descontinuar um trabalho de auditoria. Assim, se não houver controles capazes de
eliminar ou reduzir uma ameaça à independência ou à objetividade a um nível aceitável, a liderança do
Tribunal de Contas deve considerar relatar tal ameaça no relatório de auditoria.

Competência
Requisitos institucionais:
49. Os Tribunais de Contas devem adotar políticas para assegurar que as auditorias sejam realizadas
por indivíduos ou equipes com conhecimentos e habilidades apropriados e adequados para concluí-las
com sucesso. Isso inclui os seguintes pontos:
a) implementar políticas de recrutamento de recursos humanos que se baseiam em critérios de
competência;
b) designar equipes de trabalho eficientes que coletivamente possua a qualificação e o conhecimento
necessários para cada atribuição;
c) proporcionar a seus servidores treinamento, suporte e supervisão adequados;
d) aplicar mecanismos para aperfeiçoar a difusão de conhecimento e o compartilhamento de
informações;
e) estar preparados para enfrentar novos desafios decorrentes de mudanças no ambiente do setor
público e/ou nas expectativas das partes interessadas.

50. A confiança e a credibilidade das partes interessadas nos julgamentos dos Tribunais de Contas
estão relacionadas com o trabalho profissional rigoroso que deve ser por eles desenvolvidos. Para
conquistar esse patamar, os Tribunais de Contas, seus membros e servidores precisam ter a necessária
competência. Neste aspecto, ser competente implica demonstrar e aplicar conhecimentos e habilidades
adequados para desempenhar as atividades, mantendo-se atualizado, conforme necessário, e agindo
com diligência e em conformidade com os padrões éticos, profissionais e de qualidade definidos e
esperados.
Orientações para aplicação:

51. A fim de garantir que as tarefas sejam desempenhadas por servidores devidamente qualificados,
que os recursos sejam gerenciados com eficácia e eficiência e que os servidores trabalhem em tarefas
para as quais eles tenham competência, os Tribunais de Contas têm a responsabilidade de:
a) identificar os conhecimentos, as habilidades e as atitudes que são necessários para o desempenho
de cada tipo de trabalho requerido pelo seu mandato;
b) recrutar profissionais que tenham o mais alto nível possível de tais qualificações e qualidades;
c) atribuir aos servidores tarefas específicas, de acordo com as suas capacidades identificadas.

52. Considerando a diversidade do trabalho de cada Tribunal de Contas, é importante que os Tribunais
identifiquem os conhecimentos necessários para cada tarefa a ser executada e que sejam definidas
equipes multidisciplinares, que coletivamente possuam o conhecimento requerido e as habilidades
necessárias ao trabalho da equipe.

53. Caso um servidor indique que sua competência é inadequada para o desempenho de uma tarefa
concreta, espera-se que a liderança do Tribunal de Contas supra essa lacuna. Em algumas auditorias,
por exemplo, auditorias de desempenho e investigações especiais, técnicas especializadas, métodos ou
habilidades de disciplinas não disponíveis dentro do Tribunal podem ser necessários. Nesses casos,
podem-se usar especialistas externos para prover conhecimentos ou desempenhar tarefas específicas.

54. É necessário manter e desenvolver a competência profissional para acompanhar os avanços


técnicos, profissionais e de negócios, bem como para responder a um ambiente em mudança permanente
e às crescentes expectativas das partes interessadas. O desenvolvimento das técnicas de TI, a evolução
das estruturas de gestão e de contabilidade do setor público são exemplos de setores que os Tribunais
de Contas e os auditores devem estar sempre a par dos novos conhecimentos.

55. Os Tribunais de Contas são responsáveis por criar um ambiente de aprendizagem contínua e por
dar condições que permitam aos indivíduos aplicar e desenvolver suas competências.
Esse apoio inclui as seguintes áreas:
a) estratégias e programas de treinamento iniciais e contínuos nas áreas mais importantes para o
desempenho dos Tribunais de Contas;

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b) elaboração e atualização contínua de manuais e orientações escritas;
c) mecanismos de treinamento, supervisão e aconselhamento;
d) sistemas de TI para compartilhar conhecimentos dentro dos Tribunais de Contas: intranets, pastas
documentais acessíveis e abertas a pesquisas e espaços de trabalho colaborativos;
e) acesso a bancos de dados externos, portais e plataformas ou comunidades de conhecimento;
f) estímulo e reconhecimento de talentos, habilidades, experiências, desempenhos, posturas e
abordagens de desenvolvimento profissional, como sistemas adequados de avaliação e gestão de
desempenho, planos de desenvolvimento profissional e critérios de promoção;
g) fomento e apoio a um ambiente de trabalho que valorize o trabalho em equipe, comunicação aberta,
talento, aprendizagem, compartilhamento de conhecimento e melhoria contínua.

Comportamento profissional
Requisitos institucionais:
56. A liderança dos Tribunais de Contas deve manter um ambiente de controle que promova a
aderência ao princípio do comportamento profissional. A liderança de um Tribunal influencia a cultura da
entidade pelo exemplo que representa. Portanto, a liderança dos Tribunais de Contas deve sempre
apresentar uma conduta que esteja de acordo com o comportamento profissional exemplar.
57. A liderança dos Tribunais de Contas deve implementar controles que fomentem os mais altos
padrões de comportamento profissional e para identificar atividades que sejam incompatíveis com esse
padrão.

58. A liderança dos Tribunais de Contas deve prover aos seus servidores orientações claras,
consistentes e frequentes, tais como políticas e procedimentos que promovam a aderência aos valores
de comportamento profissional.

Orientações para aplicação:


59. As partes interessadas esperam que a liderança e os servidores dos Tribunais de Contas
conduzam suas atividades com profissionalismo. A aderência ao princípio do comportamento profissional
significa sempre agir de acordo com as mais altas expectativas das partes interessadas.

60. A liderança e os servidores dos Tribunais de Contas devem compreender as expectativas das
partes interessadas e conduzir suas atividades de acordo com tais expectativas. Agir de acordo com o
princípio do comportamento profissional inclui abster-se de praticar qualquer ação que leve a um terceiro,
que seja objetivo e tenha conhecimento de todas as informações relevantes, a concluir que o trabalho é
profissionalmente deficiente. Inclui também cumprir todas as leis e regulamentos aplicáveis e abster-se
de praticar qualquer ação que possa desacreditar os Tribunais de Contas ou os profissionais de auditoria
em geral.

61. Controles para fomentar altos padrões de comportamento profissional podem incluir:
a) um código de conduta profissional;
b) uma função, dentro do Tribunal de Contas, que monitore o cumprimento das políticas e dos
procedimentos de ética e que ofereça aos servidores um canal para denunciar condutas antiéticas e
mecanismos para prover orientação sobre ética;
c) treinamentos e orientações para os servidores sobre os canais de denúncia de condutas antiéticas
e meios de orientações sobre ética;
d) controles que permitam à liderança do Tribunal de Contas identificar casos de comportamento que
sejam inconsistentes com os altos padrões de comportamento profissional, tais como: registro de
interesses e políticas sobre reclamações, suspeitas e denúncias;
e) procedimentos delineando medidas que podem ser tomadas caso as ações de um servidor destoem
de altos padrões de comportamento profissional.
62. Alguns integrantes do quadro de pessoal de um Tribunal de Contas podem ter a obrigação de
seguir padrões de conduta aprovados por organizações que definem diretrizes éticas para profissionais
que trabalham em contabilidade, recursos humanos, compras e licitações ou outros campos relevantes.
A liderança dos Tribunais de Contas deve estar atenta a quaisquer potenciais conflitos entre as
orientações éticas destas organizações e as dos Tribunais de Contas.

63. Para conseguirem estabelecer uma cultura em que os servidores sigam altos padrões de
comportamento profissional, é primordial que os líderes dos Tribunais de Contas também sigam tais

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padrões. A típica liderança pelo exemplo abrange sempre aderir a políticas e procedimentos
implementados nos Tribunais.

Confidencialidade
Requisitos institucionais:
64. Os Tribunais de Contas devem estabelecer um sistema adequado para a manutenção da
confidencialidade, que inclua os seguintes pontos:
a) definir normas claras e procedimentos razoáveis com o objetivo de manter a confidencialidade,
abrangendo informações contidas em documentação de auditoria e sistemas de TI, bem como
estabelecer como essas normas deverão ser cumpridas;
b) estabelecer regras claras para situações em que a exigência de confidencialidade deixa de ser
válida em razão de deveres legais específicos;
c) adotar medidas para que todas as partes contratadas para atuarem em seu nome estejam sujeitas
a acordos de confidencialidade;

d) dispor sobre as condições de segurança para guarda de documentos de auditoria e/ou retenção de
informações armazenadas em sistemas de TI durante os períodos especificados em leis, regulamentos,
normas ou orientações profissionais;
e) estabelecer normas de confidencialidade aplicáveis quando da realização de auditorias conjuntas
ou paralelas;
f) elaborar diretrizes para balancear de forma adequada a confidencialidade das auditorias com a
necessidade de transparência e accountability. Os Tribunais de Contas devem divulgar as conclusões e
recomendações resultantes de auditorias, salvo se forem consideradas confidenciais por leis e
regulamentos específicos. Tais diretrizes devem mencionar especificamente a comunicação com a mídia.

Orientações para aplicação:


65. A atividade de auditoria lida com o acesso a informações que são próprias e privativas das
entidades auditadas e que, se divulgadas, podem causar danos a tais entidades, ao Estado, à privacidade
ou ao interesse de indivíduos, assim como podem ser utilizadas para obtenção de vantagens pessoais.
Portanto, os Tribunais de Contas precisam proteger adequadamente as informações adquiridas e não
podem divulgá-las sem a devida e específica autorização, salvo se houver um direito ou dever legal ou
profissional para fazê-la.

66. Nas auditorias, os Tribunais de Contas estão expostos a riscos relacionados a violações de
confidencialidade que, não considerando o uso intencional de informações confidenciais, podem decorrer
de, por exemplo, falta de compreensão sobre o que deve ou não ser tratado como informação
confidencial, permissão a acesso não autorizado a informações confidenciais ou divulgação acidental de
informações confidenciais.

67. Violações à confidencialidade podem ocorrer em diversas circunstâncias:


a) uso intencional de informações confidenciais;
b) divulgação não intencional de informações confidenciais;
c) falta de compreensão sobre o que deve ou não ser considerado confidencial.

68. Estes são exemplos de controles/salvaguardas que os Tribunais de Contas podem utilizar para
prevenir riscos de violações da confidencialidade:
a) conscientização da importância da confidencialidade;
b) orientações claras sobre quais informações e documentos, e em que fase da auditoria, devem ser
tratados como confidenciais, podendo incluir um sistema de classificação e rotulagem de informações
confidenciais;
c) registro apropriado de um termo para a aplicação de regras de confidencialidade;
d) definição de procedimentos específicos para relatar suspeitas de violação de leis nos casos em que
o dever de sigilo profissional possa ser sobrepujado por outras responsabilidades jurídicas reguladas por
leis federais;
e) condições seguras de armazenamento de informações em qualquer meio (impresso, eletrônico,
áudio etc.);
f) especificação adequada de direitos de acesso a arquivos, sistemas de TI e áreas físicas;
g) aconselhamento sobre a aplicação de normas de confidencialidade e exigências legais relativas às
condições de divulgação;

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h) procedimentos de descarte de documentos em papel ou eliminação de informações em dispositivos
eletrônicos.

NBASP 40 – CONTROLE DE QUALIDADE DAS AUDITORIAS REALIZADAS PELOS TRIBUNAIS


DE CONTAS
As Normas Brasileiras deAuditoria do Setor Público (NBASPs) são elaboradas e emitidas pelo
Instituto Rui Barbosa (IRB).

INTRODUÇÃO
1. Normas e orientações profissionais são essenciais para a credibilidade, a qualidade e o
profissionalismo da auditoria do setor público. As Normas Brasileiras de Auditoria do Setor Público
(NBASPs), Nível 1, desenvolvidas e emitidas pelo Instituto Rui Barbosa (IRB), visam à realização de
auditorias independentes e eficazes pelos Tribunais de Contas Brasileiros.

2. As NBASPs, Nível 1, abrangem os princípios basilares e os pré-requisitos para o adequado


funcionamento dos Tribunais de Contas, relacionados a independência, transparência e accountability,
ética e controle de qualidade, que são relevantes para todas as auditorias.

3. A NBASP 40 tem como objetivo ajudar os Tribunais de Contas a instituir, estabelecer e manter um
sistema de controle da qualidade de suas auditorias apropriado às suas competências, de forma a
responder aos seus riscos de qualidade.

4. Esta norma foi baseada nas Normas Internacionais de Auditoria das Entidades Fiscalizadoras
Superiores (Issai) 40 da Organização Internacional das Entidades Fiscalizadoras Superiores (Intosai),
que por sua vez se fundamentou na Norma Internacional de Controle de Qualidade (ISQC-1) elaborada
pelo Conselho Internacional deAuditoria e Garantia (Iaasb) e publicada pela Federação Internacional de
Contadores (Ifac). Também foi inspirada nas Normas de Auditoria do Tribunal de Contas da União (NAT),
nas Normas de Auditoria Governamental (NAG) e nas Resoluções daAssociação dos Membros dos
Tribunais de Contas do Brasil (Atricon).

5. A implementação de um sistema de controle da qualidade das auditorias é essencial para que o


Tribunal de Contas mantenha a reputação, a credibilidade e a capacidade de exercer suas competências.

6. O sistema de controle da qualidade inclui o controle e a asseguração da qualidade do processo de


auditoria dos TCs.

7. O controle de qualidade do processo de auditoria compreende as medidas tomadas para assegurar


a alta qualidade de cada produto de auditoria. É executado como parte integrante do processo de
auditoria. Para que um sistema de controle de qualidade seja eficaz, precisa fazer parte da estratégia,
cultura, políticas e procedimentos de cada Tribunal de Contas. Assim, a qualidade deve estar incorporada
ao trabalho da entidade e à produção dos seus relatórios.

8. A asseguração da qualidade é uma avaliação periódica do processo de auditoria. É executada por


pessoas independentes, ou seja, que não participaram do processo de auditoria avaliado. O processo de
avaliação deve abranger o exame de uma amostra de auditorias concluídas que represente todo o
conjunto de auditorias realizadas em cada Tribunal de Contas.

9. Cada Tribunal de Contas implementará estas orientações em conformidade com sua competência,
sua estrutura, seus riscos e o tipo de trabalho que realiza.

10. A Issai 40 estabelece como elementos relevantes e que devem integrar um sistema de controle da
qualidade nas auditorias do setor público:
a) responsabilidades da liderança pela qualidade nos Tribunais de Contas;
b) exigências éticas relevantes;
c) condições para realização e continuidade dos trabalhos;
d) recursos humanos;
e) compromisso com o desempenho;
f) monitoramento.

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11. Os princípios e requisitos associados a cada um dos elementos do sistema de controle da
qualidade encontram-se detalhados a seguir.

ELEMENTOS DO SISTEMA
DE CONTROLE DA QUALIDADE
Elemento 1
Responsabilidades da Liderança pela Qualidade nos Tribunais de Contas
Princípio Estabelecimento de um sistema de controle da qualidade que abranja políticas e
procedimentos destinados a promover uma cultura que reconheça que a qualidade é essencial
para a realização dos trabalhos.

12. Os Tribunais de Contas devem empreender esforços para implantar uma cultura de
reconhecimento que recompense trabalhos de alta qualidade realizados na instituição. Para isso, devem
comunicar claramente, a partir da Presidência da instituição, a importância da qualidade em todos os
trabalhos. Esta cultura depende também de ações claras, consistentes e frequentes em todos os níveis
de gestão dos Tribunais de Contas.

13. Os Tribunais de Contas devem ter como estratégia reconhecer requisitos primordiais para alcançar
a qualidade em todos os trabalhos realizados de modo que considerações políticas, econômicas e outras
pautas não comprometam a qualidade dos trabalhos produzidos.

14. Os Tribunais de Contas devem garantir que as políticas e os procedimentos de controle da


qualidade sejam claramente comunicados a todas as suas equipes e aos contratados para atividades de
apoio.

15. Os Tribunais de Contas devem assegurar que haja recursos suficientes para manter o sistema de
controle da qualidade.

16. A Presidência dos Tribunais de Contas deve assumir responsabilidade pela implantação e
manutenção de sistema de controle da qualidade que assegure a qualidade de todo o trabalho realizado.

Elemento 2
Exigências Éticas Relevantes Princípio Formulação de políticas e procedimentos para
fornecer segurança razoável de que todos os seus membros e servidores bem como contratados
para atividades de apoio cumpram exigências éticas relevantes na realização dos trabalhos.

17. Os Tribunais de Contas devem observar os ditames da NBASP 30, que trata da Gestão da Ética
pelos Tribunais de Contas.

18. Os Tribunais de Contas devem ressaltar a importância de serem observadas as exigências éticas
relevantes.

19. Os membros e servidores dos Tribunais de Contas e todos os contratados para atividades de apoio
devem demonstrar um comportamento ético adequado.

20. A Presidência e os demais níveis de gestão do Tribunal de Contas devem dar o exemplo de
comportamento ético adequado.

21. As exigências éticas relevantes devem observar os requisitos relacionados à ética previstos no
marco legal e regulatório que regem as atividades dos Tribunais de Contas.

22. Os Tribunais de Contas devem assegurar a existência de políticas e procedimentos que reforcem
os princípios fundamentais de ética profissional da NBASP 30 e nas normas e regulamentos aplicáveis,
que incluam:
a) integridade;
b) independência e objetividade;
c) competência;
d) comportamento profissional;
e) confidencialidade.

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23. Os Tribunais de Contas devem assegurar-se de que todos os contratados para atividades de apoio
estejam sujeitos a acordos de confidencialidade adequados.

24. Os Tribunais de Contas devem fazer uso de declarações escritas de seus servidores para confirmar
o cumprimento das exigências éticas.

25. Os Tribunais de Contas devem assegurar-se da existência de políticas e procedimentos para


notificar imediatamente ao órgão responsável pelas atividades de correição sobre o descumprimento de
requisitos éticos.

26. Os Tribunais de Contas devem assegurar a existência de políticas e procedimentos que


mantenham a independência de seus membros, seus servidores e quaisquer pessoas contratadas para
atividades de apoio.

27. Os Tribunais de Contas devem assegurar a existência de políticas e procedimentos que destaquem
a importância do rodízio de pessoal chave nas auditorias, quando apropriado, de modo a reduzir o risco
de comprometimento da independência e da objetividade, dentre outras medidas.

Elemento 3
Condições para realização e continuidade dos trabalhos Princípio Estabelecimento de
políticas e procedimentos projetados para fornecer segurança razoável de que as auditorias
somente serão realizadas quando os auditores:
a) forem competentes para executar os trabalhos e possuírem habilidades, tempo e recursos;
b) conseguirem cumprir as exigências éticas relevantes;
c) considerarem as condições relativas à integridade da entidade auditada e como tratar os
riscos à qualidade que possam surgir.

28. Os Tribunais de Contas devem considerar os riscos para a qualidade que surgem na realização de
auditorias.

29. Os Tribunais de Contas devem considerar, nas programações anuais e nos programas de trabalho,
os recursos que dispõem para executar suas atividades no nível de qualidade desejado, estabelecendo
um sistema que priorize sua utilização.

30. Os Tribunais de Contas devem ter procedimentos para assegurar que os riscos para a qualidade,
por insuficiência de recursos, sejam levados ao conhecimento da sua Presidência e, quando apropriado,
ao Poder Legislativo.

31. Os Tribunais de Contas devem considerar se há um risco material para a independência e, quando
identificado, reconhecer, documentar e tratar os riscos.

32. Os Tribunais de Contas devem assegurar que os procedimentos de gerenciamento sejam


apropriados para mitigar os riscos na realização da auditoria. A resposta aos riscos pode incluir:
a) determinar cuidadosamente o escopo da auditoria;
b) designar servidores mais experientes;
c) realizar adequado controle da qualidade da auditoria antes da publicação do relatório.

Elemento 4
Recursos Humanos
Princípio Estabelecimento de políticas e procedimentos destinados a fornecer segurança
razoável de que têm pessoal suficiente, competente, capaz e comprometido com os princípios
éticos para:
a) executar trabalhos de acordo com as normas profissionais, a legislação e as exigências
regulamentares correspondentes;
b) permitir aos Tribunais de Contas que emitam relatórios adequados às circunstâncias.

33. Os Tribunais de Contas podem utilizar diferentes fontes para garantir que seus servidores tenham
as habilidades e a experiência necessárias para executar os vários trabalhos, quer pela equipe, quer por
contratados para atividades de apoio.

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34. Os Tribunais de Contas devem assegurar que as responsabilidades estejam claramente
designadas em todos os seus trabalhos.

35. Os Tribunais de Contas devem garantir que suas equipes tenham as competências coletivas
necessárias para a realização de seus trabalhos.

36. Os Tribunais de Contas devem reconhecer que, em certas circunstâncias, os seus servidores e,
quando for o caso, o pessoal contratado para atividades de apoio, podem ter obrigação de cumprir as
normas da categoria profissional da qual fazem parte, além dos requisitos da própria instituição.

37. Os Tribunais de Contas devem assegurar que as políticas e os procedimentos de gestão de


pessoas contemplem:
a) competências necessárias ao pessoal recrutado;
b) avaliação de desempenho;
c) desenvolvimento profissional;
d) competências pessoais, técnicas e gerenciais;
e) tempo suficiente para realização das tarefas com o padrão de qualidade exigido;
f) plano de carreira;
g) política de promoção;
h) remuneração;
i) estimativa das necessidades do pessoal.
38. Os Tribunais de Contas devem promover a aprendizagem e a formação de todos os membros e
servidores para facilitar o desenvolvimento profissional e a capacitação adequada ao estágio atual da
profissão.

39. Os Tribunais de Contas devem assegurar que os servidores e o pessoal contratado para atividades
de apoio tenham o conhecimento adequado do setor público em que operam e uma boa compreensão
das auditorias que precisam executar.

40. Os Tribunais de Contas devem assegurar que a qualidade e os princípios éticos sejam os principais
condutores das avaliações de desempenho dos servidores e do pessoal contratado para atividades de
apoio.

Elemento 5
Compromisso com o desempenho Princípio Estabelecimento de políticas e procedimentos
destinados a fornecer segurança razoável de que as auditorias e outros trabalhos estão sendo
realizados de acordo com as normas profissionais e as exigências legais e regulamentares
aplicáveis, e que emitem relatório apropriado às circunstâncias. Essas políticas e procedimentos
devem incluir:
a) questões relevantes que promovam a qualidade do trabalho realizado;
b) responsabilidades de supervisão;
c) responsabilidades de revisão.

41. Os Tribunais de Contas devem assegurar a existência de políticas, procedimentos e ferramentas,


tais como metodologias de auditoria, para realizar os vários trabalhos de sua responsabilidade, incluindo
os trabalhos específicos realizados por contratados para atividades de apoio.

42. Os Tribunais de Contas devem estabelecer políticas e procedimentos que incentivem a alta
qualidade e desencorajem ou previnam a má qualidade, incluindo a criação de um ambiente que promova
o uso adequado de juízo profissional e a melhoria da qualidade.

43. Os Tribunais de Contas devem garantir que todo trabalho seja objeto de revisão, preservada a
independência da conclusão técnica do auditor, como forma de contribuir para a qualidade e promover a
aprendizagem e o desenvolvimento dos seus servidores.

44. Os Tribunais de Contas devem garantir que os recursos adequados, inclusive a opinião de
especialistas, sejam utilizados para resolver questões difíceis ou controversas.

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45. Os Tribunais de Contas devem assegurar que as normas sejam seguidas em todos os trabalhos
realizados e garantir que eventuais razões pela inobservância sejam devidamente documentadas e
aprovadas.

46. Os Tribunais de Contas devem assegurar que as divergências de entendimento na equipe ou com
especialistas sejam claramente documentadas e resolvidas antes que o relatório seja emitido.

47. Os Tribunais de Contas devem assegurar que todas as inconsistências identificadas pelo controle
de qualidade sejam satisfatoriamente solucionadas antes da emissão do relatório de auditoria.

48. Os Tribunais de Contas devem garantir a existência de procedimentos para a autorização da


emissão de relatórios, em especial dos trabalhos complexos e muito importantes, exigindo controle de
qualidade intensivo antes de serem emitidos.

49. Os Tribunais de Contas devem seguir de forma consistente os procedimentos específicos de


evidenciação.

50. Os Tribunais de Contas devem ter por objetivo finalizar as auditorias tempestivamente,
considerando que a importância das constatações pode diminuir em decorrência de eventuais atrasos.

51. Os Tribunais de Contas devem assegurar que todo trabalho realizado seja documentado
tempestivamente, principalmente, os papéis de trabalho da auditoria.

52. Os Tribunais de Contas devem assegurar a propriedade e a posse de toda a documentação de


auditoria, a exemplo dos papéis de trabalho, independentemente de ter sido realizada pela equipe de
servidores ou por contratados para atividades de apoio.

53. Os Tribunais de Contas devem assegurar que foram seguidos os procedimentos adequados para
conferir os achados e as conclusões da auditoria e para garantir que aqueles que forem diretamente
afetados pelo trabalho tenham a oportunidade de comentar os resultados antes da sua finalização.

54. Os Tribunais de Contas devem assegurar que toda a documentação seja mantida nos prazos
previstos nas leis, nos regulamentos e nas normas.

55. Os Tribunais de Contas devem procurar um equilíbrio entre o sigilo de documentos e informações
e a necessidade de transparência e prestação de contas.

56. Os Tribunais de Contas devem estabelecer procedimentos transparentes para lidar com os pedidos
de informação de acordo com as leis em sua jurisdição.

Elemento 6
Monitoramento
Princípio Estabelecimento de um processo de monitoramento - asseguração da qualidade –
projetado para fornecer segurança razoável de que as políticas e os procedimentos relacionados
com o controle de qualidade são relevantes, adequados e operam de maneira efetiva.

57. O monitoramento – asseguração de qualidade – deve abranger a avaliação contínua do controle


de qualidade dos Tribunais de Contas, incluindo a revisão de uma amostra de auditorias concluídas. A
avaliação deve ser conduzida por profissionais com experiência e autoridade suficientes e apropriadas
para assumirem essa responsabilidade, bem como não envolvidos na realização das auditorias e na
execução dos controles pertinentes.

58. Os Tribunais de Contas devem adotar providência para que os resultados da asseguração da
qualidade sejam relatados à presidência dos TCs em tempo hábil para que possam tomar medidas
apropriadas.
59. Os Tribunais de Contas devem considerar envolver-se entre si, quando apropriado, para
realizarem, de forma periódica, revisões independentes do controle de qualidade, em geral, por meio de
revisão por pares. Os revisores devem elaborar relatórios e emitir pareceres sobre aspectos operacionais
e de conformidade e, se necessário, apresentar recomendações para melhorias.

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1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
60. Os Tribunais de Contas devem considerar outros meios de asseguração da qualidade das
auditorias realizadas, que podem incluir, mas não se limitarem a:
a) revisão acadêmica independente;
b) acompanhamento da implementação das recomendações quanto à asseguração da qualidade;
c) comentários das organizações auditadas (por exemplo, questionários preenchidos pelo
jurisdicionado);
d) pesquisas com partes interessadas, a exemplo de representantes da sociedade, dos Poderes
Legislativo e Executivo e do Ministério Público.

61. Os Tribunais de Contas devem assegurar a existência de procedimentos adequados para resolver
reclamações e questionamentos sobre a qualidade das auditorias.

NBC – Normais Brasileiras de Contabilidade18


As Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC)19 constituem-se num conjunto de regras e
procedimentos de conduta que devem ser observados como requisitos para o exercício da profissão
contábil, bem como os conceitos doutrinários, princípios, estrutura técnica e procedimentos a serem
aplicados na realização dos trabalhos previstos nas normas aprovadas por resolução emitidas pelo CFC.
As NBCs editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) devem seguir os mesmos padrões
de elaboração e estilo utilizados nas normas internacionais e compreendem as Normas propriamente
ditas, as Interpretações Técnicas e os Comunicados Técnicos.
As normas classificam-se em Profissionais e Técnicas e estabelecem preceitos de conduta profissional
e padrões e procedimentos técnicos necessários para o adequado exercício profissional.

As Normas foram renumeradas, de acordo com a Resolução do CFC nº. 1.329/11, para se ajustarem
a nova estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs) na forma aprovada pela Resolução
CFC nº. 1.328/11. As Normas cuja numeração ainda obedecem a Resolução CFC nº. 751/93 (NBC P ou
NBC T), serão revisadas e reeditadas adotando-se a nova estrutura de numeração das NBCs.

Caro(a) Candidato(a), o material de Normas Brasileiras de Contabilidade é extenso e aqui trouxemos


apenas as normas relacionadas ao Setor Público e Auditoria Pública. Todas as normas aqui citadas estão
disponíveis com a resolução completa no site do Conselho Federal de Contabilidade – www.cfc.org.br.

NBC TSP – do Setor Público


Correlação
NBC Resolução CFC Nome da Norma IFAC
NBC TSP Estrutura Conceitual para Elaboração e
Conceptual
ESTRUTURA DOU 04/10/16 Divulgação de Informação Contábil de Propósito
Framework
CONCEITUAL Geral pelas Entidades do Setor Público
NBC TSP 01 DOU 28/10/16 Receita de Transação sem Contraprestação IPSAS 23
NBC TSP 02 DOU 28/10/16 Receita de Transação com Contraprestação IPSAS 9
Provisões, Passivos Contingentes e Ativos
NBC TSP 03 DOU 28/10/16 IPSAS 19
Contingentes
NBC TSP 04 DOU 06/12/16 Estoques IPSAS 12
Contratos de Concessão de Serviços Públicos:
NBC TSP 05 DOU 06/12/16 IPSAS 32
Concedente
NBC TSP 06 DOU 28/9/17 Propriedade para Investimento IPSAS 16
NBC TSP 07 DOU 28/9/17 Ativo Imobilizado IPSAS 17
NBC TSP 08 DOU 28/9/17 Ativo Intangível IPSAS 31
Redução ao Valor Recuperável de Ativo Não
NBC TSP 09 DOU 28/9/17 IPSAS 21
Gerador de Caixa
Redução ao Valor Recuperável de Ativo
NBC TSP 10 DOU 28/9/17 IPSAS 26
Gerador de Caixa
NBC T 16.6 R1 DOU 31/10/14 Demonstrações Contábeis não há
NBC T 16.7 1.134/08 Consolidação das Demonstrações Contábeis não há
NBC T 16.8 1.135/08 Controle Interno não há

18
http://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/
19
http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/normascontabilidade.htm

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Depreciação, Amortização e
NBC T 16.9 1.136/08 não há
Exaustão (revogada a partir de 1º/1/19)
Avaliação e Mensuração de Ativos e Passivos
NBC T 16.10 1.137/08 em Entidades do Setor Público (revogada a não há
partir de 1º/1/19)
Sistema de Informação de Custos do Setor
NBC T 16.11 1.366/11 não há
Público

NBC TA – de Auditoria Independente de Informação Contábil Histórica


Correlação
Resolução
NBC Nome da Norma IFAC IBRACON
CFC
ESTRUTURA Estrutura Conceitual para Trabalhos de
DOU 25/11/15 Framework não há
CONCEITUAL Asseguração
Objetivos Gerais do Auditor Independente e
NBC TA 200
DOU 05/09/16 a Condução da Auditoria em Conformidade ISA 200 não há
(R1)
com Normas de Auditoria
NBC TA 210 Concordância com os Termos do Trabalho
DOU 05/09/16 ISA 210 não há
(R1) de Auditoria
NBC TA Controle de Qualidade da Auditoria de
DOU 05/09/16 ISA 220 não há
220(R2) Demonstrações Contábeis
NBC TA 230
DOU 05/09/16 Documentação de Auditoria ISA 230 não há
(R1)
Responsabilidade do Auditor em Relação a
NBC TA 240
DOU 05/09/16 Fraude, no Contexto da Auditoria de ISA 240 não há
(R1)
Demonstrações Contábeis
Consideração de Leis e Regulamentos na
NBC TA 250 1.208/09 ISA 250 não há
Auditoria de Demonstrações Contábeis
NBC TA Comunicação com os Responsáveis pela
DOU 04/07/16 ISA 260 não há
260(R2) Governança
Comunicação de Deficiências de Controle
NBC TA 265 1.210/09 ISA 265 não há
Interno
NBC TA 300 Planejamento da Auditoria de
DOU 05/09/16 ISA 300 não há
(R1) Demonstrações Contábeis
Identificação e Avaliação dos Riscos de
NBC TA 315 Distorção Relevante por meio do
DOU 05/09/16 ISA 315 não há
(R1) Entendimento da Entidade e do seu
Ambiente
NBC TA 320 Materialidade no Planejamento e na
DOU 05/09/16 ISA 320 não há
(R1) Execução da Auditoria
NBC TA 330
DOU 05/09/16 Resposta do Auditor aos Riscos Avaliados ISA 330 não há
(R1)
Considerações de Auditoria para a Entidade
NBC TA 402 1.215/09 que Utiliza Organização Prestadora de ISA 402 não há
Serviços
NBC TA 450 Avaliação das Distorções Identificadas
DOU 05/09/16 ISA 450 não há
(R1) durante a Auditoria
NBC TA 500
DOU 05/09/16 Evidência de Auditoria ISA 500 não há
(R1)
Evidência de Auditoria – Considerações
NBC TA 501 1.218/09 ISA 501 não há
Específicas para Itens Selecionados
NBC TA 505 1.219/09 Confirmações Externas ISA 505 não há
NBC TA 510
DOU 05/09/16 Trabalhos Iniciais – Saldos Iniciais ISA 510 não há
(R1)
NBC TA 520 1.221/09 Procedimentos Analíticos ISA 520 não há
NBC TA 530 1.222/09 Amostragem em Auditoria ISA 530 não há
NBC TA 540 Auditoria de Estimativas Contábeis, Inclusive
DOU 05/09/16 ISA 540 não há
(R1) do Valor Justo, e Divulgações Relacionadas

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NBC TA 550 1.224/09 Partes Relacionadas ISA 550 não há
NBC TA 560
DOU 05/09/16 Eventos Subsequentes ISA 560 não há
(R1)
NBC TA 570 DOU 04/07/16 Continuidade Operacional ISA 570 não há
NBC TA 580
DOU 05/09/16 Representações Formais ISA 580 não há
(R1)
Considerações Especiais – Auditorias de
NBC TA 600 Demonstrações Contábeis de Grupos,
DOU 05/09/16 ISA 600 não há
(R1) Incluindo o Trabalho dos Auditores dos
Componentes
NBC TA 610 DOU 29/01/14 Utilização do Trabalho de Auditoria Interna ISA 610 não há
NBC TA 620 1.230/09 Utilização do Trabalho de Especialistas ISA 620 não há
Formação da Opinião e Emissão do
NBC TA 700 DOU 04/07/16 Relatório do Auditor Independente sobre as ISA 700 não há
Demonstrações Contábeis
Comunicação dos Principais Assuntos de
NBC TA 701 DOU 04/07/16 Auditoria no Relatório do Auditor ISA 701 não há
Independente.
Modificações na Opinião do Auditor
NBC TA 705 DOU 04/07/16 ISA 705 não há
Independente
Parágrafos de Ênfase e Parágrafos de
NBC TA 706 DOU 04/07/16 Outros Assuntos no Relatório do Auditor ISA 706 não há
Independente
Informações Comparativas – Valores
NBC TA 710
DOU 05/09/16 Correspondentes e Demonstrações ISA 710 não há
(R1)
Contábeis Comparativas
Responsabilidade do Auditor em Relação a
NBC TA 720 DOU 05/09/16 ISA 720 não há
Outras Informações
Considerações Especiais – Auditorias de
Demonstrações Contábeis Elaboradas de
NBC TA 800 DOU 22/02/17 ISA 800 não há
Acordo com Estruturas Conceituais de
Contabilidade para Propósitos Especiais
Considerações Especiais – Auditoria de
Quadros Isolados das Demonstrações
NBC TA 805 DOU 22/02/17 ISA 805 não há
Contábeis e de Elementos, Contas ou Itens
Específicos das Demonstrações Contábeis
Trabalhos para a Emissão de Relatório
NBC TA 810 DOU 22/02/17 sobre Demonstrações Contábeis ISA 810 não há
Condensadas

Nova Resolução
Nome do Comunicado IFAC IBRACON
Numeração CFC
Emissão do Relatório do Auditor Independente
DOU CT 04/10
CTA 02 sobre Demonstrações Contábeis Individuais e não há
09/03/15 (R2)
Consolidadas
Emissão do Relatório do Auditor Independente
sobre Demonstrações Contábeis Individuais e
CTA 03 1.321/11 Consolidadas de Instituições Financeiras e não há CT 05/10
Demais Instituições Autorizadas a Funcionar pelo
Banco Central do Brasil (BCB)
Emissão do Relatório do Auditor Independente
sobre Demonstrações Contábeis Individuais e
CTA 04 1.322/11 não há CT 06/10
Consolidadas de Entidades Supervisionadas pela
Superintendência de Seguros Privados (SUSEP)
Emissão do Relatório do Auditor Independente
CTA 05 1.331/11 sobre Demonstrações Contábeis de Fundos de não há CT 01/11
Investimento

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Emissão do Relatório do Auditor Independente
sobre Demonstrações Contábeis de Companhias
CTA 06 1.332/11 não há CT 02/11
Abertas, conforme facultado pela Deliberação
CVM n.º 656/11
Emissão do Relatório do Auditor Independente
sobre Demonstrações Contábeis Individuais e
CTA 07 1.333/11 não há CT 03/11
Consolidadas de Entidades Supervisionadas pela
ANS
Emissão do Relatório do Auditor Independente
DOU
CTA 08 sobre Demonstrações Contábeis das Entidades não há CT 02/13
31/07/13
Fechadas de Previdência Complementar (EFPC)
Emissão do Relatório do Auditor Independente
CTA 09 1.335/11 sobre Demonstrações Contábeis de Entidades de não há CT 05/11
Incorporação Imobiliária
Emissão de Relatórios de Revisão das
CTA 11 1.338/11 não há CT 07/11
Informações Trimestrais do ano de 2010
Emissão do Relatório do Auditor Independente
CTA 12 1.387/12 sobre as Demonstrações Contábeis de Grupo não há CT 01/12
Econômico
Emissão do Relatório do Auditor Independente
sobre as Demonstrações Contábeis Individuais e
CTA 13 1.388/12 não há CT 02/12
Consolidadas de Entidades Supervisionadas pela
ANS
Emissão do Relatório do Auditor Independente
sobre Demonstrações Contábeis de Instituições
CTA 14 1.393/12 Autorizadas a Funcionar pelo BCB, em não há CT 03/12
decorrência da opção facultada para diferimento
do resultado líquido negativo
Emissão de Relatório de Auditoria sobre as
Demonstrações Contábeis Intermediárias
CTA 15 1.405/12 Individuais de Entidades Supervisionadas pela não há CT 06/12
SUSEP, referentes ao semestre findo em 30 de
junho de 2012
Emissão de Relatório de Auditoria sobre a Base
de Contribuições dos Agentes Financeiros ao
CTA 16 1.410/12 não há CT 09/12
Fundo de Compensação de Variações Salariais
(FCVS)
Emissão do Relatório do Auditor Independente
sobre as Demonstrações Contábeis Individuais e
DOU
CTA 17 Consolidadas em decorrência de alterações não há CT 01/13
31/07/13
introduzidas para o Teste de Adequação de
Passivos pela SUSEP
Emissão do Relatório do Auditor Independente e
DOU procedimentos de auditoria requeridos quando da
CTA 18 não há CT 03/13
31/07/13 reapresentação de demonstrações contábeis ou
informações intermediárias
Orientação aos auditores independentes sobre o
entendimento a respeito dos procedimentos
DOU
CTA 19 adotados, ou a serem adotados, pela não há CT 02/14
25/02/14
administração das entidades na avaliação dos
assuntos contidos na Medida Provisória 627/13
Orientação aos auditores independentes sobre os
padrões técnicos e profissionais a serem
CTA DOU observados para emissão de laudo de avaliação CT
não há
20(R1) 03/10/14 dos ativos líquidos a valor contábil ou dos ativos 03/14(R1)
líquidos contábeis ajustados a preços de
mercado.

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Orientação para emissão de relatório do auditor
independente sobre as Demonstrações
Contábeis Consolidadas do Conglomerado
Prudencial das instituições financeiras e demais
DOU instituições autorizadas a funcionar pelo Banco
CTA 21 não há CT 04/14
11/06/14 Central do Brasil, exceto cooperativas de crédito,
a que se refere a Resolução n.º 4.280 do
Conselho Monetário Nacional (CMN), de 31 de
outubro de 2013 e regulamentações
complementares
DOU Procedimentos de auditoria a serem
CTA 22 não há CT 05/14
28/01/15 considerados para aplicação do CTG 08
Dispõe sobre procedimentos que devem ser
observados quando o auditor independente for
DOU
CTA 23 contratado para emitir Carta-Conforto em não há CT 01/15
22/05/15
conexão com processo de oferta de títulos e
valores mobiliários
Emissão de relatório de auditoria sobre as
DOU Demonstrações Contábeis Regulatórias (DCRs),
CTA 24 não há CT 02/16
28/10/16 elaboradas de acordo com o Manual de
Contabilidade do Setor Elétrico (MCSE).
DOU Orientação para a Emissão do Novo Modelo de
CTA 25 não há CT 01/1
22/02/17 Relatório do Auditor Independente

NBC TR – de Revisão de Informação Contábil Histórica


Correlação
Resolução
NBC Nome da Norma IFAC IBRACON
CFC
NBC TR Trabalhos de Revisão de Demonstrações
DOU 30/10/13 ISRE 2400 não há
2400 Contábeis
NBC TR Revisão de Informações Intermediárias Executada
1.274/10 ISRE 2410 não há
2410 pelo Auditor da Entidade
Emissão de Relatório de Revisão das Informações
CTR 01 1.345/11 não há 08/nov
Trimestrais (ITR)
Emissão de Relatório de Revisão das Informações
CTR 02 1.353/11 Trimestrais (IFT e ITR) de instituições autorizadas não há 09/nov
a funcionar pelo Banco Central do Brasil

Normas Internacionais de Auditoria20


As Normas Internacionais das Entidades Fiscalizadoras Superiores (ISSAI), desenvolvidos pela
Organização Internacional das Entidades Fiscalizadoras Superiores (INTOSAI), visam promover a
realização de auditorias independentes e eficazes pelas Entidades Fiscalizadoras Superiores (EFS).
As ISSAI abrangem os requisitos da auditoria do setor público no nível organizacional (EFS), enquanto
no nível dos trabalhos de auditoria, visam apoiar os membros da INTOSAI no desenvolvimento de suas
próprias abordagens profissionais, de acordo com seus mandatos e com leis e regulamentos nacionais.
O marco referencial de Normas Profissionais da INTOSAI tem quatro níveis.
O nível 1 contém os princípios fundamentais da estrutura. O nível 2 (ISSAI 10-99) estabelece pré-
requisitos para o funcionamento adequado e a conduta profissional das EFS, como independência,
transparência e accountability, ética e controle de qualidade, que são relevantes para todas as auditorias
das EFS. Os níveis 3 e 4 tratam da realização de cada tipo de auditoria e incluem princípios profissionais
geralmente reconhecidos que dão suporte a auditoria eficaz e independente das entidades do setor
público.
Os Princípios Fundamentais de Auditoria no nível 3 (ISSAI 100-999) decorrem e foram elaborados a
partir da ISSAI 1 – A Declaração de Lima e das ISSAI de nível 2, e fornecem uma estrutura normativa de
referência internacional definindo a auditoria do setor público.
O nível 4 traduz os Princípios Fundamentais de Auditoria em diretrizes operacionais mais específicas
e detalhadas que podem ser usadas diariamente na realização de auditorias e também como normas de
20
https://portal.tcu.gov.br/fiscalizacao-e-controle/auditoria/normas-internacionais/

. 121
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
auditoria, quando normas nacionais de auditoria não tenham sido desenvolvidas. Este nível engloba as
Diretrizes Gerais de Auditoria (ISSAI 1000- 4999), que estabelecem os requisitos para auditorias
financeiras, operacionais e de conformidade.

Nível 1
ISSAI 1 - Declaração de Lima

Nível 2
ISSAI 10 - Declaração do México sobre Independência das EFS
ISSAI 11 - Diretrizes e Boas Práticas da INTOSAI relacionadas com a independência das EFS
ISSAI 12 - Valor e Benefício das EFS
ISSAI 20 - Princípios de Transparência e Accountability
ISSAI 21 - Princípios de Transparência e Accontability - Boas Práticas
ISSAI 30 - Código de Ética
ISSAI 40 - Controle de qualidade para as EFS

Nível 3
ISSAI 100 - Princípios Fundamentais de Auditoria do Setor Público
ISSAI 200 - Princípios Fundamentais de Auditoria Financeira
ISSAI 300 - Princípios Fundamentais de Auditoria Operacional
ISSAI 400 - Princípios Fundamentais de Auditoria de Conformidade

Nível 4
ISSAI 3000 - Norma para Auditoria Operacional
ISSAI 3100 - Orientações sobre Conceitos Centrais para Auditoria Operacional
ISSAI 4000 - Norma para Auditoria de Conformidade

Questões

01. (AL-AM – Analista – ISAE) A respeito da finalidade da auditoria governamental, assinale a


afirmativa correta.
(A) Comprovar a legalidade e a legitimidade dos atos e fatos administrativos e avaliar os resultados
alcançados quanto aos aspectos de eficiência, eficácia e economicidade da gestão orçamentária,
financeira, patrimonial, operacional, contábil e finalística das unidades e das entidades da administração
pública.
(B) Comprovar a legalidade, legitimidade e economicidade dos atos praticados pelos agentes da
administração pública, nas esferas do governo federal, estadual e municipal sob a ótica da auditoria
independente, observando a conformidade das normas aprovadas pelo Tribunal de Contas da União.
(C) Examinar a regularidade e avaliar a eficiência e eficácia da gestão administrativa e dos resultados
alcançados nas ações do governo, bem como verificar os processos de tomada de contas, em especial
aqueles que versarem sobre atos que demandem ações que exijam a intervenção do Ministério Público
Federal
(D) Apresentar subsídios para o aperfeiçoamento dos procedimentos administrativos e gerenciais e
dos controles internos administrativos dos órgãos da Administração Direta e entidades da Administração
Indireta nas esferas de governo federal, estadual e municipal, seguindo especificamente as orientações
do Conselho Federal de Contabilidade
(E) Apurar os atos e fatos inquinados de ilegais ou de irregulares, praticados por agentes públicos ou
privados, na utilização de recursos públicos federais, estaduais e municipais e, quando for o caso,
denunciar ao Poder Legislativo para que sejam tomadas as medidas administrativas pertinentes pelo
Tribunal de Contas, com vistas ao ressarcimento dos danos.

02 (PREVIC - Analista Administrativo – Contabilidade – CESPE) Julgue os próximos itens,


referentes aos diversos aspectos do trabalho de auditoria no setor público.
A finalidade básica da auditoria é encontrar erros e fraudes nos demonstrativos contábeis examinados.
( ) Certo ( ) Errado

03. (Seplag – SSA – Cesgranrio) Constituem objeto do exame de auditoria governamental, EXCETO:
(A) a execução dos planos, programas, projetos e atividades que envolvem recursos públicos;

. 122
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
(B) os contratos firmados por gestores públicos com entidades privadas para prestação de serviços,
execução de obras e fornecimento de materiais;
(C) os contratos firmados entre entidades privadas em negócio em que não há participação de entes
públicos;
(D) os instrumentos e sistemas de guarda e conservação dos bens e do patrimônio sob
responsabilidade das unidades da administração direta e entidades supervisionadas;
(E) os sistemas administrativos e operacionais de controle interno utilizados na gestão orçamentária,
financeira e patrimonial de órgãos públicos.

04. (TRT 12ª Região – FCC) Uma auditoria realizada com o objetivo de examinar se os recursos estão
sendo usados eficientemente em um programa da área da saúde é denominada de auditoria:
(A) de conformidade;
(B) contábil;
(C) operacional;
(D) de regularidade;
(E) de legalidade.

05. (CNJ – CESPE) A auditoria que tem como objetivo específico o melhoramento das operações
examinadas, consubstanciada na análise da eficiência, eficácia e economicidade da ação administrativa,
é denominada auditoria de gestão.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito
01. A / 02. Errado / 03. C / 04. C / 05. Errado

Comentários

01. Resposta: A.
A auditoria governamental tem como finalidade comprovar a legalidade e legitimidade e avaliar os
resultados, quanto à economicidade, eficiência e eficácia da gestão orçamentária, financeira e patrimonial
nas unidades da administração direta e entidades supervisionadas da Administração Pública, bem como
a aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado, dando suporte ao pleno exercício da
supervisão ministerial, considerando-se os seguintes aspectos:
a) Observância das legislações específicas e normas correlatas;
b) Execução dos programas de governo, dos contratos, convênios, acordos, ajustes e outros
instrumentos congêneres;
c) Cumprimento, pelos órgãos e entidades, dos princípios fundamentais de planejamento,
coordenação, descentralização, delegação de competência e controle;
d) Desembolso administrativo e operacional das unidades da administração direta e entidades
supervisionadas;
e) Controle e utilização dos bens e valores sob uso e guarda dos administradores ou gestores;
f) Exame e avaliação das transferências e a aplicação dos recursos orçamentários e financeiros das
unidades da Administração Direta e entidades supervisionadas; e
g) Verificação e avaliação dos sistemas de informação e a utilização dos recursos computacionais
das unidade da Administração Direta e entidades supervisionadas.

02. Resposta: Errado.


O objetivo da auditoria não é encontrar erros e fraudes e sim comprovar a legalidade e legitimidade e
avaliar os resultados, quanto à economicidade, eficiência e eficácia da gestão orçamentária, financeira e
patrimonial nas unidades da administração direta e entidades supervisionadas da Administração Pública

03. Resposta: C.
A letra C está incorreta. Imagine que nós (professores) temos uma empresa privada e você (aluno)
tem outra. Nós firmamos uma negociação, seja de venda de produtos, prestação de serviços etc. não há
participação de nenhum ente público. Será que esse contrato estaria dentro da abrangência, do objeto de
exame de uma auditoria governamental? Com certeza não faria sentido. Para que uma empresa privada
possa ser submetida a uma auditoria governamental deve haver uma relação entre ela e os entes
públicos.

. 123
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
04. Resposta: C.
A auditoria que tem como objetivo verificar a eficiência de um programa é denominada auditoria
operacional.
Deve-se ter cuidado com as nomenclaturas, pois para o TCU esse tipo de auditoria também pode ser
chamado de avaliação de programas ou auditoria de desempenho, enquanto para o CGU é apenas uma
auditoria operacional.

05. Resposta: Errado.


Quando aparecem essas três palavras (eficiência, economicidade e eficácia), fiquem atentos. Estamos
falando de auditoria operacional.

12 Documentação de auditoria. 13 Planejamento da auditoria de demonstrações


contábeis.

ANÁLISE DOCUMENTAL

Uma das técnicas (procedimentos) mais utilizados, sendo muitas vezes, por falta de conhecimento
daqueles que executam o trabalho, confundida com o próprio trabalho.
No exame documental, a equipe deverá observar se as transações realizadas estão devidamente
documentadas, se a documentação que suporta a operação contém indícios de inidoneidade, se a
transação e a documentação suporte forem realizadas por pessoas responsáveis e se a operação
realizada é adequada em função das atividades do órgão/entidade.
Trata-se de técnica voltada para comprovação das transações que, por exigências legais, comerciais
ou de controle, são evidenciadas por documentos comprobatórios dessas transações. Esse exame deve
atender às seguintes condições:
- autenticidade: constatar se a documentação é fidedigna e merece crédito;
- normalidade: constatar que a transação refere-se à operação normal e de acordo com os objetivos
da empresa (auditado);
- aprovação: verificação de que a operação e os documentos foram aprovados por pessoas
autorizadas;
- registro: comprovar que o registro das operações foi adequado, a documentação é hábil e houve
correspondência contábil, fiscal etc.

De acordo com a NBC TA 500, a inspeção de registros e documentos envolve o exame de registros
ou documentos, internos ou externos, em forma de papel, em forma eletrônica ou em outras mídias, ou o
exame físico de um ativo (que é a mesma coisa que inspeção física).
Fornece evidência de auditoria com graus variáveis de confiabilidade, dependendo de sua natureza e
fonte e, no caso de registros internos e documentos, da eficácia dos controles sobre a sua produção.

Exemplo de inspeção utilizada como teste: inspeção de registros em busca de evidência de


autorização para determinada transação ocorrida.
Ainda conforme a NBC TA 500, alguns documentos representam evidência de auditoria direta da
existência de um ativo, por exemplo, um documento que constitui pode não fornecer necessariamente
evidência de auditoria sobre propriedade ou valor.
Além disso, a inspeção de um contrato executado pode fornecer evidência de auditoria relevante para
a aplicação de políticas contábeis da entidade, tais como reconhecimento de receita.
A inspeção de ativos tangíveis pode fornecer evidência de auditoria confiável quanto à sua existência,
mas não necessariamente quanto aos direitos e obrigações da entidade ou à avaliação dos ativos.

INSPEÇÃO FÍSICA
Constatação “in loco”, que deverá fornecer à equipe a certeza da existência, ou não, do objeto ou item
verificado. Também chamada “exames físicos”, deve atender às seguintes características:
- existência física: comprovação visual da existência do item;
- autenticidade: discernimento da fidedignidade do item;
- quantidade: apuração adequada da quantidade real física;
- qualidade: comprovação visual ou laboratorial de que o objeto examinado permanece em perfeitas
condições de uso.

. 124
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
Deve-se ressaltar que o exame físico não existe por si só. Trata-se de uma técnica complementar que
permite ao auditor verificar se há correspondência nos registros do órgão/entidade, servindo para
determinar se os registros estão corretos e os valores são adequados em função da qualidade do item
examinado.

Planejamento da Auditoria21
Processo de Auditoria
Entender o fluxo de uma auditoria é essencial para eliminar algumas alternativas de questões que não
fazem o menor sentido.

O nosso objetivo é explicar essa primeira fase. Entretanto, conforme veremos o planejamento não é
uma fase isolada e estará presente ao longo de toda a auditoria. O planejamento é a função administrativa
que determina antecipadamente quais os objetivos a serem atingidos e como se deve fase para alcança-
los. Ele define onde se pretende chegar, o que deve ser feito, quando, como e em que sequência.
É uma etapa fundamental para o sucesso da fiscalização, sendo imprescindível que seja alocado o
tempo adequado para sua realização. A tentativa de reduzir o tempo destinado ao planejamento muitas
vezes redunda em problema na execução da fiscalização, que poderão provocar acréscimo no tempo
total de realização, além de repercussões negativas em sua qualidade.
Todo trabalho de auditoria deve ser planejado, com o detalhamento que for possível, de acordo com o
tempo disponível e com o objetivo determinado.
Um planejamento incompleto, além de normalmente aumentar o custo do trabalho, dificulta sua
execução, pois gera problemas operacionais e administrativos para os auditores, que acabam por
descobrir, na prática, que diversas atividades poderiam ter sido realizada na sede, em vez de ocuparem
o precioso tempo de campo da equipe.
Ou seja, planejar é pensar o modo se realizar a auditoria, de acordo com os meio disponíveis, em
tempo, pessoal, recursos financeiros, a fim de se alcançarem os objetivos definidos para o trabalho.
Em suma, na fase de planejamento, a equipe de auditoria deve realizar os seguintes procedimento:
- obter detalhamento sobre a auditoria, atendendo ao princípio do custo-benefício.
- obter o máximo de informações sobre a empresa a ser auditada;
- discutir o escopo, os procedimentos e as técnicas;
- testar a documentação a ser utilizada.

Não se pode auditar com eficiência aquilo que não se conhece. Conhecer o objetivo da auditoria é um
dos passos mais importantes do processo, a fim de se definir o escopo da auditoria e os procedimentos
e técnicas a serem utilizados.
Importante: Escopo é a profundidade e amplitude do trabalho para alcançar o objetivo da auditoria, e
é definido em função do tempo e dos recursos humanos e materiais disponíveis.
O escopo da auditoria deve ser estabelecido de modo suficiente a satisfazer os objetivos do trabalho.

21
Brito; Claudinei. Fontenelle; Rodrigo. Auditoria Privada e Governamental: Teoria de forma objetiva e mais de 400 Questões Comentadas. – Niterói, RJ:
Impetus, 2015.

. 125
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
Outro ponto interessante é a discussão entre os membros da equipe e com o supervisor. O
planejamento é um trabalho em equipe, pois se cada auditor utilizar sua experiência e se sentir parte do
processo, as chances de sucesso serão sempre maiores.

Algumas considerações iniciais sobre o planejamento:


1 – é a primeira fase de um trabalho de auditoria;
2 – não se encerra com o início dos trabalhos de campo;
3 – é flexível.

Estratégia Global
O processo de definição da estratégia global auxilia o auditor a determinar, dependendo da conclusão
dos procedimentos de avaliação de risco, temas como:
- os recursos a serem alocados em áreas de auditoria específicas, tais como membros da equipe com
experiência adequada para áreas de alto riacho ou o envolvimento de especialistas em temas complexos;
- o recursos a alocar a área de auditoria específicas, tais como o número de membros da equipe
alocados para observar as contagens de estoque em locais relevantes, a extensão da revisão do trabalho
de outros auditores no caso de auditoria de grupo de empresas ou o orçamento de horas de auditoria a
serem alocadas nas áreas de alto risco;
- quando esses recursos devem ser alocados, por exemplo, se em etapa intermediária de auditoria ou
em determinada data-base de corte;
- como esses recursos são gerenciados, direcionados e supervisionados, por exemplo, para quando
estão previstas as reuniões preparatórias e de atualização, em campo ou fora dele) e se devem ser
realizadas revisões de controle de qualidade do trabalho.
Uma vez definida a estratégia global de auditoria, pode ser desenvolvido plano de auditoria para tratar
dos diversos temas identificados na estratégia global de auditoria, levando-se em conta a necessidade
de atingir os objetivos da auditoria por meio do uso eficiente dos recursos do auditor.
A definição da estratégia global de auditoria e o plano de auditoria detalhado não são necessariamente
processo isolados ou sequenciais, estando intimamente relacionados, uma vez que as mudanças em um
podem resultar em mudanças no outro.

Plano de Auditoria
O plano de auditoria é mais detalhado que a estratégia global de auditoria, visto que inclui a natureza,
a época e a extensão dos procedimentos de auditoria a serem realizados pelos membros da equipe de
trabalho.
O planejamento desses procedimentos ocorre no decurso da auditoria, à medida que o plano de
auditoria para o trabalho é desenvolvido.
O auditor pode iniciar a execução de procedimentos adicionais para alguns tipos de operações, saldos
de conta e divulgação antes de planejar todos os procedimentos.

Mudanças nas decisões de planejamento durante o processo de auditoria


Em decorrência de imprevistos, mudanças nas condições ou na evidência de auditora obtida na
aplicação de procedimentos, o auditor pode ter de modificar a estratégia global e o plano de auditoria e,
portanto, a natureza, a época e a extensão dos procedimentos, considerando a revisão dos riscos
avaliados.
Pode ser o caso de informação identificada pelo auditor que difere significativamente da informação
disponível quando o auditor planejou os procedimentos de auditoria.
Por exemplo, evidência de auditoria obtida por meio da aplicação de procedimentos substantivos
(sobre o sistema contábil) pode ser contraditória à evidência de auditoria obtida por meio de testes de
controle (sobre os controles internos).

. 126
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
Direcionamento, supervisão e revisão
A natureza, a época e a extensão do direcionamento e da supervisão dos membros da equipe e a
revisão do seu trabalho podem variar dependendo de diversos fatores, incluindo:
- o porte e a complexidade da entidade;
- a área da auditoria;
- os riscos de distorções relevantes (por exemplo, um aumento no risco de distorções para um dada
área de auditoria costuma exigir um correspondente aumento na extensão e no direcionamento e
supervisão tempestiva por parte dos membros da equipe e uma revisão mais detalhada do seu trabalho);
- a capacidade e a competência dos membros da equipe de auditoria.

Programa de Auditoria
O programa de auditoria constitui-se no desenvolvimento do Plano de Auditoria, executado
previamente aos trabalhos de campo, embasado em objetivos definidos e nas informações disponíveis
sobre as atividades da entidade auditada. É o plano de ação detalhado, destinado a orientar
adequadamente o trabalho do auditor, permitindo-lhe, ainda, complementá-lo quando circunstâncias
imprevistas o recomendarem.
O programa de auditoria deverá contemplar todas as informações disponíveis e necessárias ao
desenvolvimento de cada trabalho a ser realizado, com vistas a determinar a extensão e a profundidade
deste, considerando a legislação específica, o resultado das auditorias anteriores, normas próprias da
entidade a ser auditada etc. Deverá ser estruturado de forma a que possa ser:
- Específico: preparado, para cada trabalho de auditoria, quando as atividades apresentarem
frequentes alterações de objetivos, procedimentos ou controles internos; e
- Padronizado: destinado à aplicação em trabalhos locais ou em épocas diferentes, com pequenas
alterações, prestando-se a atividades que não se alterem ao longo do tempo, ou a situações que
contenham dados e informações similares. Objetiva padronizar os procedimentos da auditoria de uma
mesma unidade.

Ou seja, deve ser desenvolvido e documentado um plano para cada trabalho de auditoria, que
evidenciará o objetivo, o escopo, o prazo e a alocação de recursos. Os auditores devem desenvolver
programas de auditoria que alcancem os objetivos de auditoria e tais programas, e seus eventuais ajustes,
devem ser registrados e aprovados antes do início da execução.
Os programas de auditoria devem estabelecer os procedimentos para identificar, analisar, avaliar e
registrar informações durante o desenvolvimento dos trabalhos de auditoria e devem ser executados de
modo suficiente para alcançara os objetivos da auditoria.

Questões

01. (TCE-PI – FCC) O planejamento da auditoria é a fase na qual são fixadas as ações a serem
executadas no trabalho de campo. Entre os principais conceitos sobre os quais está fundamentada esta
atividade figura a:
(A) objetividade;
(B) publicidade;
(C) legalidade;
(D) relevância;
(E) impessoalidade.

02. (ASLEPE – FCC) Em relação ao Planejamento de Auditoria, considere.


I. No início dos seus trabalhos, o auditor deve considerar se existe uniformidade nas práticas contábeis
adotas pela entidade.
II. Na determinação dos fatos relevantes que serão examinados, não cabe ao auditor determinar a
partir de que valor estes fatos serão considerados.
III. o Planejamento da Auditoria é um processo que se inicia logo após a contratação dos serviços.

Está correto o que se afirma APENS em:


(A) I e III;
(B) III;
(C) II e III;
(D) I;
(E) II.

. 127
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
03. (CVM – ESAF) A respeito de planejamento na realização de auditoria é correto afirmar:
(A) é a fase inicial dos trabalhos e deve ser concluída antes que as equipes específicas e/ou
especializadas iniciem suas avaliações.
(B) constitui-se nos trabalhos iniciais de coleta de informações a respeito da entidade a ser auditada e
dos mecanismos de controle existentes;
(C) não é uma fase isolada da auditoria, mas um processo contínuo e iterativo, que muitas vezes
começa logo após (ou em conexão com) a conclusão da auditoria anterior, continuando até a conclusão
do trabalho de auditoria atual;
(D) a fase em que participa, além da equipe de auditoria, toda a área de gestão e governança da
entidade, em especial, a área responsável pela elaboração das demonstrações contábeis;
(E) consiste em definir as estratégias gerais e o plano de trabalho antes do início de qualquer atividade
de avaliação e revisão das demonstrações.

Gabarito
01. D / 02. D / 03. C

Comentários

01. Resposta: D.
O auditor independente trabalha com aspectos relevantes. Dessa forma, a única alternativa plausível
seria a letra D.
Cuidado para não confundir com os princípios éticos que devem ser seguidos pelo auditor. Nesse
caso, objetividade estaria correto.
O auditor deve ser impessoal e trabalhar dentro da legalidade, obviamente, mas essas não são
características do planejamento de auditoria.
Por fim, o planejamento de auditoria é um documento reservado, que no caso da auditoria
independente só diz respeito ao próprio auditor.

02. Resposta: D.
Item I – A verificação da uniformidade nas práticas contábeis é um dos pontos relevantes a serem
verificados no início dos trabalhos de auditoria, para garantir a comparabilidade das informações.
Item II – Está errado apenas devido à palavra NÂO. Cabe sim ao auditor essa determinação.
Item III – Considera-se que o planejamento de auditoria é iniciado no primeiro contato com o cliente,
antes mesmo da assinatura do contrato, quando são executadas as atividades preliminares.

03. Resposta: C.
O planejamento em auditoria não é imutável e muito menos uma fase isolada. Trata-se de um processo
contínuo e iterativo, que pode começar logo após a conclusão da auditoria anterior e se estender até a
conclusão do trabalho de auditoria atual.
As letras A e E são falsas, pois como vimos, o planejamento não se encerra na fase inicial dos
trabalhos. A letra B restringe planejamento à fase inicial de coleta de informações e, por isso está
incorreta. A alternativa D está errada, já que o responsável pelo planejamento é o auditor.

14 Resposta do auditor aos riscos avaliados.

PARECERE E RELATÓRIO DE AUDITORIA22

Segundo Ribeiro e Ribeiro (2012 apud BRITO e RODRIGO, 2015), Relatório de Auditoria é: “Um
documento por meio do qual o auditor expressa, claramente, por escrito, sua opinião sobre as
demonstrações contábeis com base na avaliação das conclusões atingidas pela evidência de auditoria".

Nele, é descrita, também, a base que o auditor utilizou para emitir sua opinião.
A NBC TA 20 estabelece que são objetivos gerais do auditor, ao conduzir a auditoria de demonstrações
contábeis:
22
Brito; Claudinei. Fontenelle; Rodrigo. Auditoria Privada e Governamental: Teoria de forma objetiva e mais de 400 Questões Comentadas. – Niterói, RJ: Impetus,
2015.

. 128
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
- obter segurança razoável de que as demonstrações contábeis como um todo estão livres de
distorções relevantes, independentemente de se causadas por fraude ou erro, possibilitando assim que
o auditor expresse sua opinião sobre se as demonstrações contábeis foram elaboradas, em todos os
aspectos relevantes, em conformidade com a estrutura de relatório financeiro aplicável;
- apresentar relatório sobre as demonstrações contábeis e comunicar-se como exigido pelas NBC TAs,
em conformidade com as constatações do auditor.
Ou seja, a NBC TA 200 exige que o auditor obtenha segurança razoável de que as demonstrações
contábeis como um todo estão livres de distorção relevante independentemente de se causadas por
fraude ou erro, e que apresente relatório sobre essas demonstrações.

Asseguração razoável é um nível elevado de segurança. Esse nível é conseguido quando o auditor
obtém evidência apropriada e suficiente para reduzi a um nível aceitavelmente baixo o risco de auditoria
(isto é, o risco que o auditor expressa uma opinião inadequada quando as demonstrações contábeis
contiverem distorções relevante).

As seguintes norma são relevantes no estudo dos relatório do auditor independente, porque tratam de
como a forma e o conteúdo do relatório de auditoria são afetados quando o auditor expressa uma opinião
modificada ou inclui um parágrafo de ênfase ou de outros assuntos:
- NBC TA 700 – formação de opinião e emissão do relatório do auditor independente sobre as
demonstrações contábeis;
- NBC TA 705 – modificações na opinião do auditor independente,
- NBC TA 706 – parágrafo de ênfase e parágrafo de outros assuntos no relatório do auditor
independente.

A observância da principal delas, a NBC TA 700, propicia a consistência no relatório do auditor


independente e credibilidade no mercado global.
Os objetivos do auditor na elaboração de seu relatório são:
- formar uma opinião sobre as demonstrações contábeis com base na avaliação das conclusões
atingidas pela evidência de auditoria obtida;
- expressar claramente essa opinião por meio de relatório de auditoria por escrito que também
descreve a base a referida opinião.

A opinião do auditor deve informar se as demonstrações contábeis são elaboradas, em todo os


aspectos relevantes, de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável. Essa avaliação deve
incluir a consideração dos aspectos qualitativos da práticas contábeis da entidade, incluindo indicadores
de possível tendenciosidade nos julgamentos da administração.
Para formar essa opinião, o auditor deve concluir se obteve segurança razoável sobre se as
demonstrações contábeis tomadas em conjunto não apresentam distorções relevantes,
independentemente de se causadas por fraude ou erro.
Essa opinião deve levar em consideração:
1 – a conclusão do auditor sobre se foi obtida evidência de auditoria apropriada e suficiente;
2 – a conclusão do auditor sobre se as distorções não corrigidas são relevantes, individualmente ou
em conjunto.

O auditor deve avaliar se as demonstrações contábeis são elaboradas, em todos os aspectos


relevantes, de acordo com os requisitos da estrutura de relatório financeiro aplicável.
O auditor, especificamente, deve avaliar se:
- as demonstrações contábeis divulgam adequadamente as práticas contábeis selecionadas e
aplicadas;
- as práticas contábeis selecionas e aplicadas são consistentes com a estrutura de relatório financeiro
aplicável e são apropriadas;
- as estimativas contábeis feitas pela administração são razoáveis;
- as informações apresentadas nas demonstrações contábeis são relevantes, confiáveis, comparáveis
e compreensíveis;
- as demonstrações fornecem divulgação adequadas para permitir que os usuários entendam o efeito
de transações e eventos relevantes;
- a terminologia usada nas demonstrações contábeis, incluindo o título de cada demonstração, é
apropriada.

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A avaliação do auditor sobre se as demonstrações contábeis propiciam uma apresentação adequada
deve incluir considerações sobre:
- a apresentação geral, a estrutura e o conteúdo das demonstrações contábeis;
- se as demonstrações contábeis, incluindo as notas explicativas, representam transações e eventos
subjacentes de modo a alcançar uma apresentação adequada.

Tipos de Relatório
Como consequência das situações encontradas nos trabalhos de auditoria, o auditor independente
poderá expressar os seguintes tipos de opinião:
- opinião sem ressalva;
- opinião com ressalva;
- opinião adversa;
- opinião com abstenção de opinião.

Neste ponto, cabe destacar uma diferença entre as formas de opinião do auditor independente e o
governamental. Aquele emita uma opinião sem ressalvas, com ressalvas ou irregular. Não há o que se
falar em abstenção de opinião no certificado de auditoria governamental, nem em opinião irregular no
caso de auditoria independente.

Opinião sem ressalva (não modificada)


O auditor deve expressar uma opinião não modificada quando concluir que as demonstrações
contábeis são elaboradas, em todos os aspectos relevantes, de acordo com a a estrutura de relatório
financeiro aplicável, e que essas demonstrações, tomadas em conjunto, estão livres de distorções
relevantes, não importando se causadas por fraude ou erro.
De acordo com a NBC TA 705, que trata da opinião modificada do auditor independente, o relatório do
auditor que contém opinião sem ressalva (sem modificações) é considerado relatório “limpo”.
O auditor deve modificar a opinião no seu relatório de auditoria se:
a) concluir, com base em evidência de auditoria obtida, que as demonstrações contábeis tomadas em
conjunto apresentam distorções relevantes; ou
b) não conseguir obter evidência de auditoria apropriada e suficiente para concluir se as
demonstrações contábeis tomadas em conjunto não apresentam distorções relevantes.
Se as demonstrações contábeis elaboradas de acordo com os requisitos de um estrutura de
apresentação adequada não atingem uma apresentação adequada, o auditor deve discutir o assunto com
a administração e, dependendo dos requisitos da estrutura de relatório financeiro aplicável e como o
assunto é resolvido deve determinar se é necessário modificar a opinião no seu relatório de auditoria.
Emitir uma opinião modificada significa emitir uma opinião diferente daquela que normalmente é
apresentada em um relatório considerado “limpo”, ou seja, emitir uma opinião com ressalva, uma opinião
adversa ou uma opinião com abstenção de opinião.

Opinião com ressalva


A opinião com ressalva é, segundo a NBC TA 705, expressa quando:
a) o auditor, tendo obtido evidência de auditoria e suficiente, conclui que as distorções, individualmente
ou em conjunto, são relevantes, mas não generalizadas nas demonstrações contábeis; ou
b) o auditor não consegue obter evidência apropriada e suficiente d auditoria para suportar sua opinião,
mas conclui que os possíveis efeitos de distorções não detectadas, se houver, sobre as demonstrações
contábeis, poderiam ser relevantes, mas não generalizados.
Ou seja, é o tipo de opinião apropriada nos casos em que o auditor obteve evidência e constata a
existência de distorção relevante nas demonstrações contábeis (embora não generalizadas), ou quando
há impossibilidade do auditor em obter evidência de auditoria suficiente e adequada.
Generalizando é o termo usado, no contexto de distorções, para descrever os efeitos disseminados de
distorções sobre as demonstrações contábeis ou os possíveis efeitos de distorções sobre as
demonstrações contábeis que não são detectados, se houver, devido à impossibilidade de obter evidência
de auditoria apropriada e suficiente.
Efeitos generalizados sobre as demonstrações contábeis são aqueles que, no julgamento do auditor:
(i) não estão restritos aos elementos, contas ou itens específicos das demonstrações contábeis;
(II) s estivem restritos, representam ou poderiam representar uma parcela substancial das
demonstrações contábeis pelos usuários.

Exemplo de Opinião com ressalva, na NBC TA 705:

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Em nossa opinião, exceto pelos efeitos do assunto descrito no parágrafo Base para opinião com
ressalva, as demonstrações contábeis referidas apresentam adequadamente, em todo os aspectos
relevantes, a posição patrimonial e financeira adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a
posição patrimonial e financeira da Companhia ABC em 31 de dezembro de 20X1, o desempenho de
suas operações e seus fluxos de caixa para o exercício findo naquela data, de acordo com as práticas
contábeis adotadas no Brasil.

Opinião adversa
Opinião apropriada quando o auditor encontra distorções relevantes nas demonstrações contábeis, e
essas distorções são consideradas generalizadas.
Segundo a NBC TA 705:
“O auditor deve expressar uma opinião adversa quando, tendo obtido evidência de auditoria apropriada
e suficiente, conclui que as distorções, individualmente ou em conjunto, são relevantes e generalizadas
para as demonstrações contábeis.”

Exemplo de Opinião adversa, na NBC TA 705


Em nossa opinião, devido à importância do assunto discutido no parágrafo Base para opinião adversa,
as demonstrações contábeis consolidadas não apresentam adequadamente a posição patrimonial e
financeira consolidada da Companhia ABC e suas controladas em 31 de dezembro de 20X1, o
desempenho consolidado das suas operações e os fluxos de caixa consolidados para o exercício findo
em 31 de dezembro de 20x1 d acordo com as normas internacionais de relatório financeiro.

Abstenção de opinião
Segundo a NBC TA 705, o auditor deve abster-se de expressar uma opinião quando são consegue
obter evidência de auditoria apropriada e suficiente para suportar sua opinião e ele concluir que os
possíveis efeitos de distorções não detectadas, se houver, sobre as demonstrações contábeis poderiam
ser relevantes e generalizados.
Outro motivo para a abstenção d opinião ocorre quando, em circunstâncias extremamente raras
envolve diversas incertezas, o auditor conclui que, cada uma das incertezas, não é possível expressar
uma opinião sobre as demonstrações contábeis devido à possível interação das incertezas e seu possível
efeito cumulativo sobre essas demonstrações contábeis.
Em relação a limitações ao trabalho do auditor, a NBC TA 705 prescreve que se depois de aceitar o
trabalho, o auditor tomar conhecimento de que a administração impôs uma limitação ao alcance da
auditoria que tem, segundo ele, probabilidade d resultar na necessidade de expressar uma opinião com
ressalva ou abster-se de expressar uma opinião sobre as demonstrações contábeis, o auditor deve
solicitar que a administração retire a limitação.
No caso de a administração se recursar a retirar a imitação, o auditor deve comunicar o assunto aos
responsáveis pela governança, a menos que todos aqueles responsáveis pela governança estejam
envolvidos na administração da entidade, assim como determinar se é possível executar procedimentos
alternativos para obter evidência d auditoria apropriada e suficiente.
Se o auditor não conseguir obter evidência apropriada e suficiente de auditoria, deve determinar as
implicações como segue:
a) se concluir que os possíveis efeitos de distorções não detectadas, se houver, sobre as
demonstrações contábeis poderiam ser relevantes, mas n~~ao generalizados, o auditor deve emitir uma
opinião com ressalva; ou
b) se concluir que os possíveis efeitos de distorções não detectadas, se houver, sobre as
demonstrações contábeis poderiam ser relevantes e generalizados de modo que uma ressalva na opinião
seria não adequada para comunicar gravidade da situação, o auditor deve:
- renunciar ao trabalho de auditoria, quando possível, de acordo com as leis ou regulamentos
aplicáveis; ou
- se a renúncia ao trabalho de auditoria antes da emissão do seu relatório de auditoria independente
não for possível, abster-se de expressar uma opinião sobre as demonstrações contábeis.

Exemplo de Abstenção de opinião, na NBC TA 705


Devido à relevância do assunto descrito no parágrafo Base para abstenção de opinião, não nos foi
possível obter evidência de auditoria apropriada e suficiente para fundamentar nossa opinião de auditoria.
Consequentemente, não expressamos uma opinião sobre as demonstrações contábeis referidas.

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Questões

01. (Copergás – PEP - Analista Contador - FCC) Na auditoria independente das demonstrações
contábeis do exercício de 2015 de determinada empresa estatal do Governo do Estado, o auditor
constatou que na conta de “Duplicatas a Receber”, há uma diferença de R$ 2.596.000,00 a maior no
saldo contábil. A diferença refere-se a duas duplicatas pagas, mediante cheques, por determinado cliente
no mês de dezembro e depositado no mês fevereiro do ano subsequente. Em seu julgamento o Auditor
considerou que as demonstrações contábeis apresentam distorções relevantes, mas não generalizadas.
Assim, segundo as NBC 705, deve o Auditor
(A) emitir uma opinião adversa.
(B) abster-se de emitir uma opinião.
(C) emitir uma opinião pela regularidade, com recomendação.
(D) emitir uma opinião com ressalva.
(E) considerar o saldo da conta “Duplicatas a Receber” irregular no exercício de 2015.

2- (IPERON-RO – Analista de Previdência – Auditor – IBADE) De acordo com a NBC TA 705,


quando o auditor obtém evidência de auditoria apropriada e suficiente para concluir que as distorções,
individualmente ou em conjunto, são relevantes, mas não generalizadas nas demonstrações contábeis,
o seu relatório deve conter um parecer de:
(A) Negativa de opinião.
(B) Opinião adversa.
(C) Abstenção de opinião.
(D) Opinião com ressalva.
(E) Ausência de modificação de opinião.

Gabarito
01. D / 02. D

Comentários

01. Resposta: D.
Com base na NBC TA 705
Opinião sem ressalva/ não modificada:
Com ou sem evidência
Sem distorção relevante
Opinião com ressalva:
Com ou sem evidência
Com distorção relevante
Sem efeito generalizado
Opinião adversa:
Com evidência
Com distorção relevante
Com efeito generalizado
Opinião com abstenção de opinião:
Sem evidência
Com distorção relevante
Com efeito generalizado

02. Resposta: D
A opinião com ressalva é, segundo a NBC TA 705, expressa quando:
a) o auditor, tendo obtido evidência de auditoria e suficiente, conclui que as distorções, individualmente
ou em conjunto, são relevantes, mas não generalizadas nas demonstrações contábeis; ou
b) o auditor não consegue obter evidência apropriada e suficiente d auditoria para suportar sua opinião,
mas conclui que os possíveis efeitos de distorções não detectadas, se houver, sobre as demonstrações
contábeis, poderiam ser relevantes, mas não generalizados.
Ou seja, é o tipo de opinião apropriada nos casos em que o auditor obteve evidência e constata a
existência de distorção relevante nas demonstrações contábeis (embora não generalizadas), ou quando
há impossibilidade do auditor em obter evidência de auditoria suficiente e adequada.

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Generalizando é o termo usado, no contexto de distorções, para descrever os efeitos disseminados de
distorções sobre as demonstrações contábeis ou os possíveis efeitos de distorções sobre as
demonstrações contábeis que não são detectados, se houver, devido à impossibilidade de obter evidência
de auditoria apropriada e suficiente.

15 Evidência de auditoria. 16 Formação da opinião e emissão do relatório de


auditoria.

Caro(a) Candidato(a) o material de 16 Formação da opinião e emissão do relatório de auditoria, já foi


objeto de estudo no Tópico: “14 Resposta do auditor aos riscos avaliados”.

EVIDÊNCIAS EM AUDITORIA23

Evidência, em auditoria, é a convicção razoável de que todos os dados contábeis expressados nas
contas anuais estão suportados no tempo e contidos pelos fatos econômicos e circunstâncias realmente
ocorridas.
Ou seja, a opinião emitida por profissional capacitado deve ser fundamentada em evidência
correspondente e que sirva como base apropriada para a mesma.
A palavra evidência descreve o espaço completo das coisas, tais como documentos, informações,
suposições, conclusões e cálculos sobre os quais o auditor avalia se as contas mostram a imagem fiel do
patrimônio. Isto é, a evidência é o conjunto de fatores apresentados ao conhecimento de uma pessoa
com o propósito de lhe permitir decidir sobre uma questão que esteja em discussão.
Importante dizer que Técnica de Auditoria é o conjunto de processos e ferramentas operacionais de
que se serve o controle para a obtenção de evidências, as quais devem ser suficientes, adequadas,
relevantes e úteis para conclusão dos trabalhos.

Qualidade da evidência, de acordo com o conceito, deve ser “relevante e de boa qualidade”.
A qualidade de uma evidência está condicionada fundamentalmente pelas circunstâncias em que foi
obtida, como por exemplo:
- Fontes externas proporcionam maior confiança que as internas, um extrato bancário. Por ser emitido
por banco, fonte externa, é mais confiável que o razão da empresa.
- Aquela evidência surgida de sistema com controle interno confiável, é melhor que a que surge de
outro não confiável, ou não analisado.
- Aquele conhecimento obtido de forma pessoal e direto, tais como exames físicos, inspeções,
cálculos, é mais persuasivo que aquele obtido de forma indireta.

A qualidade da evidência é também condicionada pela proximidade entre a evidência e aquilo que está
sendo evidenciado, sendo que por este critério, podemos classificá-la em:
Evidência natural, que é definida como a coisa ou o fato em si mesmo. A sua força de convencimento
radica na facilidade de compreensão de existência das coisas pela percepção dos sentidos. As técnicas
de inspeção e observação obtêm este tipo de evidência.
Evidência criada, que é aquela que não existe no mundo real e é necessária uma ação mental mais
elaborada para ser obtida; elas descrevem o fato, mas não é o fato em si mesmo; como exemplo deste
tipo de evidência podemos citar a evidência de entrega de materiais vendidos obtida através da análise
de uma nota de entrega.
Evidência derivada de argumentação racional, que é aquela obtida mediante análise aplicada à
evidência natural ou criada, com a finalidade de obter conclusões sobre os fatos; as observações de fatos
lógicos e verdadeiros ajudam através de interpretação adequada a chegar a certas conclusões.
Amostragens estatísticas produzem este tipo de evidência, sendo que este tipo de evidência é majoritária
na base da opinião do auditor.

Outro fator condicionante da qualidade da evidência é a direção (ou trajetória) da correspondência


entre a evidência e o que está sendo evidenciado podendo ser considerados três tipos, a saber:
Evidência direta, considerada primária quando implique em exame exaustivo de todos os fatos
contábeis. De modo geral substitui a evidência natural quando esta não está disponível, e é considerada

23
http://www.portaldeauditoria.com.br/sobreauditoria/teoria-da-evidencia-e-da-importancia-da-auditoria.asp

. 133
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
a maior evidência que existe, porém está limitada pelo tempo e por seu custo, assim como pela dificuldade
de se obter evidência física de muitos fatos que já ocorreram, e secundária nos demais casos tais como
copias de documentos, recibos bancários etc.
Evidência indireta ou circunstancial, que se apresenta quando não há suporte direto para um fato
e sua existência deve ser provada mediante outros fatos, como por exemplo, se o sistema de controle
interno é considerado bom, então a informação corrente emanada desse sistema também é boa.

Por outro lado a fonte geradora da evidência também contribui para a sua confiabilidade, desta feita
temos que existem aqueles processos que em grande medida estão sob controle do auditor, dando a este
uma alta possibilidade de avaliação e contendo uma baixa probabilidade de manipulação; aqueles
processos que estão em grande medida sob controle dos diretores, naturalmente apresentam alta
probabilidade de manipulação e média possibilidade de avaliação por parte do auditor; existem também
aqueles processos que estão sob controle de terceiros que possuem probabilidade média de manipulação
e baixa possibilidade de avaliação por auditor.
Classificação conjunta. O auditor frequentemente escolherá evidências naturais primarias e de fontes
sob seu controle. Conclui-se que a evidência criada consubstancia grande parte da opinião do auditor e,
portanto implica em importante grau de dedução.

Evidência Suficiente
A evidência que se pretende obter, não pode ser absoluta, mas suficiente e adequada. Ou seja, os
elementos que consubstanciam a opinião do auditor devem ser certos, claros e fornecer-lhe material
suficiente para que a evidência seja suficiente, isto é, que como resultante da prova, o auditor adquira a
“certeza moral” da comprovação dos fatos que estão sendo analisados.

Na decisão sobre a quantidade de evidência a ser obtida, devem ser consideradas algumas
circunstâncias, a saber:
O custo: isto pressupõe avaliação da utilidade que seria obtida com a obtenção de determinada
evidência;
A importância relativa (ou relevância): que se refere ao grau de influência do fato no grupo em que
está classificado, bem como no total da informação;
Risco provável: que supõe a avaliação do erro possível inerente à análise de um fato e à obtenção
de evidência deficiente e incompleta;
Autenticidade: quando é verdadeira em todas suas características;
Verificável: ou seja, que permite que dois ou mais auditores concluam a mesma coisa separadamente;
Neutralidade: isto é, que esteja livre de prejuízos.

Acreditamos ser importante apresentar a Resolução que trata da norma específica sobre a Evidência
de Auditoria – NBC TA 500 (R1)

NBC TA 500 (R1) – Evidência de Auditoria24

Introdução

Alcance
1. Esta Norma define o que constitui evidência de auditoria na auditoria de demonstrações contábeis
e trata da responsabilidade do auditor na definição e execução de procedimentos de auditoria para a
obtenção de evidência de auditoria apropriada e suficiente que permita a obtenção de conclusões
razoáveis para fundamentar a opinião do auditor.

2. Esta Norma é aplicável a toda evidência de auditoria obtida durante a auditoria. Outras normas de
auditoria tratam de:
(a) aspectos específicos da auditoria como na NBC TA 315;
(b) evidência de auditoria a ser obtida em relação a um tópico específico (NBC TA 570);
(c) procedimentos específicos para a obtenção de evidência de auditoria (NBC TA 520); e
(d) a avaliação se foi obtida evidência de auditoria apropriada e suficiente (NBC TA 200 e NBC TA
330).

24
http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/NBCTA500(R1)

. 134
1486905 E-book gerado especialmente para ROGERIO CAVALCANTI TRINDADE
Data de vigência
3. Esta Norma é aplicável a auditoria de demonstrações contábeis para períodos iniciados em ou após
1º de janeiro de 2010.

Objetivo
4. O objetivo do auditor é definir e executar procedimentos de auditoria que permitam ao auditor
conseguir evidência de auditoria apropriada e suficiente que lhe possibilitem obter conclusões razoáveis
para fundamentar a sua opinião.

Definições
5. Para os fins das normas de auditoria, os termos a seguir têm os significados atribuídos abaixo:
(a) Registros contábeis compreendem os registros de lançamentos contábeis e sua documentação-
suporte (cheques e registros de transferências eletrônicas de fundos, faturas, contratos); os livros diário,
razões geral e auxiliares, as reclassificações nas demonstrações contábeis não refletidas no diário e as
planilhas de trabalho, que suportem as alocações de custos, cálculos, conciliações e divulgações.
(b) Adequação da evidência de auditoria é a medida da qualidade da evidência de auditoria, isto é, a
sua relevância e confiabilidade para suportar as conclusões em que se fundamenta a opinião do auditor.
(c) Evidência de auditoria compreende as informações utilizadas pelo auditor para chegar às
conclusões em que se fundamentam a sua opinião. A evidência de auditoria inclui as informações contidas
nos registros contábeis que suportam as demonstrações contábeis e informações obtidas de outras
fontes. (Alterado pela NBC TA 500 (R1))
(d) Especialista da administração é uma pessoa ou organização com especialização em uma área,
que não contabilidade ou auditoria, cujo trabalho naquela área de especialização é utilizado pela entidade
para ajudá-la na elaboração das demonstrações contábeis.
(e) Suficiência da evidência de auditoria é a medida da quantidade da evidência de auditoria. A
quantidade necessária da evidência de auditoria é afetada pela avaliação do auditor dos riscos de
distorção relevante e também pela qualidade da evidência de auditoria.

Requisitos

Evidência de auditoria apropriada e suficiente


6. O auditor deve definir e executar procedimentos de auditoria que sejam apropriados às
circunstâncias com o objetivo de obter evidência de auditoria apropriada e suficiente (ver itens A1 a A25).

Informações a serem utilizadas como evidência de auditoria


7. Ao estabelecer e executar procedimentos de auditoria, o auditor deve considerar a relevância e
confiabilidade das informações a serem utilizadas como evidência de auditoria (ver itens A26 a A33).

8. Se as informações a serem utilizadas como evidência de auditoria forem elaboradas com a utilização
de um especialista da administração, o auditor deve, na medida necessária, levando em conta a
importância do trabalho desse especialista para os propósitos do auditor (ver itens A34 a A36):
(a) avaliar a competência, habilidades e objetividade do especialista (ver itens A37 a A43);
(b) obter entendimento do trabalho do especialista (ver itens A44 a A47); e
(c) avaliar a adequação do trabalho desse especialista como evidência de auditoria para a afirmação
relevante (ver item A48).

9. Ao usar informações apresentadas pela entidade, o auditor deve avaliar se as informações são
suficientemente confiáveis para os seus propósitos, incluindo, como necessário nas circunstâncias:
(a) obter evidência de auditoria sobre a exatidão e integridade das informações (ver itens A49 e A50);
e
(b) avaliar se as informações são suficientemente precisas e detalhadas para os fins da auditoria (ver
item A51).

Seleção dos itens para testes para obtenção da evidência de auditoria


10. Ao definir os testes de controles e os testes de detalhes, o auditor deve determinar meios para
selecionar itens a serem testados que sejam eficazes para o cumprimento dos procedimentos de auditoria
(ver itens A52 a A56).

. 135
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Inconsistência ou dúvidas quanto à confiabilidade da evidência de auditoria
11. Se:
(a) a evidência de auditoria obtida em uma fonte é inconsistente com a obtida em outra; ou
(b) o auditor tem dúvidas quanto à confiabilidade das informações a serem utilizadas como evidência
de auditoria, ele deve determinar quais modificações ou acréscimos aos procedimentos de auditoria são
necessários para solucionar o assunto e deve considerar o efeito desse assunto, se houver, sobre outros
aspectos da auditoria.

Aplicação e outros materiais explicativos

Evidência de auditoria apropriada e suficiente


A1. A evidência de auditoria é necessária para fundamentar a opinião e o relatório do auditor. Ela tem
natureza cumulativa e é obtida principalmente a partir dos procedimentos de auditoria realizados durante
o curso do trabalho. Contudo, ela também pode incluir informações obtidas de outras fontes, como
auditorias anteriores (contanto que o auditor tenha determinado se ocorreram mudanças desde a auditoria
anterior que possam afetar sua relevância para a atual auditoria – ver NBC TA 315, item 9) ou
procedimentos de controle de qualidade da firma de auditoria para aceitação e continuidade de clientes.
Além de outras fontes, dentro e fora da entidade, os seus registros contábeis são importantes fontes de
evidência de auditoria. Além disso, informações que podem ser utilizadas como evidência de auditoria
podem ter sido elaboradas com a utilização do trabalho de especialista da administração. A evidência de
auditoria abrange informações que suportam e corroboram as afirmações da administração e qualquer
informação que contradiga tais afirmações. Além disso, em alguns casos, a ausência de informações (por
exemplo, a recusa da administração em fornecer uma representação solicitada) é utilizada pelo auditor e,
portanto, também constitui evidência de auditoria.

A2. A maior parte do trabalho do auditor para formar sua opinião consiste na obtenção e avaliação da
evidência de auditoria. Os procedimentos de auditoria para obter evidência de auditoria podem incluir a
inspeção, observação, confirmação, recálculo, reexecução e procedimentos analíticos, muitas vezes em
combinação, além da indagação. Embora a indagação possa fornecer importante evidência de auditoria
e possa produzir evidência de distorção, a indagação, sozinha, geralmente não fornece evidência de
auditoria suficiente da ausência de distorção relevante no nível da afirmação nem da eficácia operacional
dos controles.

A3. Como explicado na NBC TA 200, item 5, obtém-se segurança razoável quando o auditor obtiver
evidência de auditoria apropriada e suficiente para a redução do risco de auditoria (isto é, o risco de que
o auditor expresse uma opinião não apropriada quando as demonstrações contábeis apresentam
distorção relevante) a um nível aceitavelmente baixo.

A4. A suficiência e adequação da evidência de auditoria estão inter-relacionadas. A suficiência é a


medida da quantidade de evidência de auditoria. A quantidade da evidência de auditoria necessária é
afetada pela avaliação do auditor dos riscos de distorção (quanto mais elevados os riscos avaliados,
maior a probabilidade de que seja exigida mais evidência de auditoria) e também pela qualidade de tal
evidência de auditoria (quanto maior a qualidade, menos evidência pode ser exigida). A obtenção de mais
evidência de auditoria, porém, não compensa a sua má qualidade.

A5. Adequação é a medida da qualidade da evidência de auditoria, isto é, sua relevância e sua
confiabilidade para fornecer suporte às conclusões em que se fundamenta a opinião do auditor. A
confiabilidade da evidência é influenciada pela sua fonte e sua natureza e depende das circunstâncias
individuais em que é obtida.

A6. A NBC TA 330, item 28, exige que o auditor conclua se foi obtida evidência de auditoria apropriada
e suficiente. É questão de julgamento profissional determinar se foi obtida evidência de auditoria
apropriada e suficiente para reduzir o risco de auditoria a um nível aceitavelmente baixo e, com isso,
possibilitar ao auditor atingir conclusões razoáveis que fundamentem sua opinião. A NBC TA 200 contém
a discussão de assuntos, como a natureza dos procedimentos de auditoria, a tempestividade dos
relatórios financeiros e a relação entre benefício e custo, que são fatores relevantes quando o auditor
exerce o julgamento profissional e determina se foi obtida evidência de auditoria apropriada e suficiente.

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Fontes da evidência de auditoria
A7. Alguma evidência de auditoria é obtida pela execução de procedimentos de auditoria para testar
os registros contábeis, por exemplo, por meio de análise e revisão, re-execução dos procedimentos
seguidos no processo de elaboração das demonstrações contábeis e conciliação de tipos e aplicações
relacionadas das mesmas informações. Pela execução de tais procedimentos de auditoria, o auditor pode
determinar que os registros contábeis são internamente consistentes e estão de acordo com as
demonstrações contábeis.

A8. Geralmente obtém-se mais segurança com evidência de auditoria consistente obtida a partir de
fontes diferentes ou de natureza diferente do que a partir de itens de evidência de auditoria considerados
individualmente. Por exemplo, informações corroborativas obtidas de uma fonte independente da
entidade podem aumentar a segurança que o auditor obtém da evidência de auditoria gerada
internamente, tais como a evidência existente em registros contábeis, minutas de reuniões ou
representação da administração.

A9. Entre as informações de fontes independentes da entidade que o auditor pode usar como
evidência de auditoria podem estar confirmações de terceiros, relatórios de analistas e dados
comparáveis sobre concorrentes (dados referenciais para benchmarking).

Procedimentos de auditoria para obtenção de evidência de auditoria


A10. Como exigido e explicado adicionalmente pela NBC TA 315 e pela NBC TA 330, a evidência de
auditoria para a obtenção de conclusões para fundamentar a opinião do auditor é conseguida pela
execução de:
(a) procedimentos de avaliação de riscos; e
(b) procedimentos adicionais de auditoria, que abrangem:
(i) testes de controles, quando exigidos pelas normas de auditoria ou quando o auditor assim escolheu;
e
(ii) procedimentos substantivos, inclusive testes de detalhes e procedimentos analíticos substantivos.

A11. Os procedimentos de auditoria descritos nos itens A14 a A25 abaixo podem ser utilizados como
procedimentos de avaliação de riscos, testes de controles ou procedimentos substantivos, dependendo
do contexto em que sejam aplicados pelo auditor. Como explicado na NBC TA 330, item A35, a evidência
de auditoria obtida de auditorias anteriores pode, em certas circunstâncias, fornecer evidência de auditoria
apropriada quando o auditor executa procedimentos de auditoria para estabelecer que a evidência de
auditoria continue relevante.

A12. A natureza e a época dos procedimentos de auditoria a serem utilizados podem ser afetadas pelo
fato de que alguns dados contábeis e outras informações podem estar disponíveis apenas em forma
eletrônica ou apenas em certos pontos ou períodos no tempo. Por exemplo, documentos de fonte, tais
como ordens de compra e faturas, podem existir apenas em forma eletrônica quando a entidade utiliza
comércio eletrônico ou podem ser descartados após a leitura ótica quando a entidade utiliza sistemas de
processamento de imagem para facilitar o armazenamento e referência.

A13. Certas informações eletrônicas podem não ser recuperáveis após um período de tempo
especificado, por exemplo, se os arquivos forem modificados e se não houver cópias de segurança
(backup). Portanto, o auditor pode julgar necessário, como resultado das políticas de retenção de
informação da entidade, solicitar a retenção de algumas informações para sua revisão ou executar
procedimentos de auditoria em um tempo em que a informação esteja disponível.

Inspeção
A14. A inspeção envolve o exame de registros ou documentos, internos ou externos, em forma de
papel, em forma eletrônica ou em outras mídias, ou o exame físico de um ativo. A inspeção de registros
e documentos fornece evidência de auditoria com graus variáveis de confiabilidade, dependendo de sua
natureza e fonte e, no caso de registros internos e documentos, da eficácia dos controles sobre a sua
produção. Um exemplo de inspeção utilizada como teste é a inspeção de registros em busca de evidência
de autorização.

A15. Alguns documentos representam evidência de auditoria direta da existência de um ativo, por
exemplo, um documento que constitui um instrumento financeiro, como uma ação ou título. A inspeção

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de tais documentos pode não fornecer necessariamente evidência de auditoria sobre propriedade ou
valor. Além disso, a inspeção de um contrato executado pode fornecer evidência de auditoria relevante
para a aplicação de políticas contábeis da entidade, tais como reconhecimento de receita.

A16. A inspeção de ativos tangíveis pode fornecer evidência de auditoria confiável quanto à sua
existência, mas não necessariamente quanto aos direitos e obrigações da entidade ou à avaliação dos
ativos. A inspeção de itens individuais do estoque pode acompanhar a observação da contagem do
estoque.

Observação
A17. A observação consiste no exame d processo ou procedimento executado por outros, por exemplo,
a observação pelo auditor da contagem do estoque pelos empregados da entidade ou da execução de
atividades de controle. A observação fornece evidência de auditoria a respeito da execução de processo
ou procedimento, mas é limitada ao ponto no tempo em que a observação ocorre e pelo fato de que o ato
de ser observado pode afetar a maneira como o processo ou procedimento é executado. Ver NBC TA
501 – Evidência de Auditoria – Considerações Específicas para Itens Selecionados para orientação
adicional sobre a observação da contagem de estoque.

Confirmação externa
A18. Uma confirmação externa representa evidência de auditoria obtida pelo auditor como resposta
escrita de terceiro (a parte que confirma) ao auditor, em forma escrita, eletrônica ou em outra mídia. Os
procedimentos de confirmação externa frequentemente são relevantes no tratamento de afirmações
associadas a certos saldos contábeis e seus elementos. Contudo, as confirmações externas não precisam
se restringir apenas a saldos contábeis. Por exemplo, o auditor pode solicitar confirmação de termos de
contratos ou transações da entidade com terceiros; a solicitação de confirmação pode ser planejada para
perguntar se foram efetuadas quaisquer modificações no contrato e, em caso afirmativo, quais são os
detalhes relevantes. Os procedimentos de confirmação externa também são utilizados para a obtenção
de evidência de auditoria a respeito da ausência de certas condições, por exemplo, a ausência de acordo
paralelo (side agreement) que possa influenciar o reconhecimento da receita. Ver NBC TA 505 para
orientação adicional.

Recálculo
A19. O recálculo consiste na verificação da exatidão matemática de documentos ou registros. O
recálculo pode ser realizado manual ou eletronicamente.

Reexecução
A20. A reexecução envolve a execução independente pelo auditor de procedimentos ou controles que
foram originalmente realizados como parte do controle interno da entidade.

Procedimentos analíticos
A21. Os procedimentos analíticos consistem em avaliação das informações feitas por meio de estudo
das relações plausíveis entre dados financeiros e não financeiros. Os procedimentos analíticos incluem
também a investigação de flutuações e relações identificadas que sejam inconsistentes com outras
informações relevantes ou que se desviem significativamente dos valores previstos. Ver NBC TA 520
para orientação adicional.

Indagação
A22. A indagação consiste na busca de informações junto a pessoas com conhecimento, financeiro e
não financeiro, dentro ou fora da entidade. A indagação é utilizada extensamente em toda a auditoria,
além de outros procedimentos de auditoria. As indagações podem incluir desde indagações escritas
formais até indagações orais informais. A avaliação das respostas às indagações é parte integral do
processo de indagação.

A23. As respostas às indagações podem fornecer ao auditor informações não obtidas anteriormente
ou evidência de auditoria comprobatória. Alternativamente, as respostas podem fornecer informações
significativamente divergentes das informações que o auditor obteve, por exemplo, informações
referentes à possibilidade da administração burlar os controles. Em alguns casos, as respostas às
indagações fornecem uma base para que o auditor modifique ou realize procedimentos de auditoria
adicionais.

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A24. Embora a corroboração da evidência obtida por meio da indagação muitas vezes seja de
particular importância, no caso de indagações sobre a intenção da administração, a informação disponível
para suportar a intenção da administração pode ser limitada. Nesses casos, o entendimento do histórico
da administração na realização de intenções por ela formuladas, das razões por ela alegadas para
escolher determinado curso de ação, e sua capacidade de seguir um curso de ação específico, podem
fornecer informações relevantes para corroborar a evidência obtida por meio de indagação.

A25. No que diz respeito a alguns assuntos, o auditor pode considerar necessário obter representações
formais da administração e, quando apropriado, dos responsáveis pela governança, para confirmar
respostas a indagações verbais. Ver NBC TA 580 para orientação adicional.

Informações a serem utilizadas como evidência de auditoria

Relevância e confiabilidade (ver item 7)


A26. Como observado no item A1, embora a evidência de auditoria seja principalmente obtida a partir
de procedimentos de auditoria realizados durante o curso do trabalho, ela também pode incluir
informações obtidas de outras fontes, por exemplo, auditorias anteriores, em certas circunstâncias, e
procedimentos de controle de qualidade da firma de auditoria para aceitação e continuidade de clientes.
A qualidade de toda evidência de auditoria é afetada pela relevância e confiabilidade das informações em
que ela se baseia.

Relevância
A27. A relevância trata da ligação lógica ou influência sobre a finalidade do procedimento de auditoria
e, quando apropriado, a afirmação em consideração. A relevância das informações a serem utilizadas
como evidência de auditoria pode ser afetada pela direção do teste. Por exemplo, se a finalidade de um
procedimento de auditoria é testar para verificar se há superavaliação na existência ou valorização das
contas a pagar, testar as contas a pagar registradas pode ser um procedimento de auditoria relevante.
Por outro lado, para testar se há subavaliação na existência ou valorização das contas a pagar, testar as
contas a pagar registradas não seria relevante, mas testar informações como desembolsos
subsequentes, faturas não pagas, faturas de fornecedores e exceções apontadas nos relatórios de
recebimento de mercadorias podem ser relevantes.

A28. Um dado conjunto de procedimentos de auditoria pode fornecer evidência relevante para certas
afirmações, mas não para outras. Por exemplo, a inspeção de documentos relacionados com a cobrança
de contas a receber após o fim do período pode fornecer evidência de auditoria referente à existência e
valorização, mas não necessariamente ao corte. Similarmente, a obtenção de evidência de auditoria
referente a uma afirmação específica, por exemplo, a existência de estoque, não substitui a obtenção de
evidência de auditoria referente a outra afirmação, por exemplo, a valorização desse estoque. Por outro
lado, evidência de auditoria de diferentes fontes ou de diferente natureza pode ser relevante para a
mesma afirmação.

A29. Os testes de controle são definidos para avaliar a eficácia operacional dos controles na
prevenção, detecção e correção de distorções relevantes no nível da afirmação. A definição de testes de
controles para obtenção de evidência de auditoria inclui a identificação de condições (características ou
atributos) que indiquem a realização de controle, e condições de desvio que indiquem desvios da
execução apropriada. A presença ou ausência dessas condições pode então ser testada pelo auditor.

A30. Os procedimentos são definidos para detectar distorções relevantes no nível da afirmação. Eles
compreendem testes de detalhes e procedimentos analíticos substantivos. A definição de procedimentos
substantivos inclui a identificação de condições relevantes para o propósito do teste que constituem uma
distorção na afirmação relevante.

Confiabilidade
A31. A confiabilidade das informações a serem utilizadas como evidência de auditoria e, portanto, da
própria auditoria, é influenciada pela sua fonte e sua natureza, e as circunstâncias nas quais são obtidas,
incluindo os controles sobre sua elaboração e manutenção, quando relevante. Portanto, generalizações
sobre a confiabilidade de vários tipos de evidência de auditoria estão sujeitas a importantes exceções.
Mesmo quando as informações a serem utilizadas como evidência de auditoria são obtidas de fontes
externas à entidade, podem existir circunstâncias que podem afetar a sua confiabilidade. Por exemplo,

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informações obtidas de fonte externa independente podem não ser confiáveis se a fonte não tiver
conhecimento ou se for possível que especialista da administração não tenha objetividade. Embora
reconhecendo que podem existir exceções, as seguintes generalizações sobre a confiabilidade da
evidência de auditoria podem ser úteis:
- a confiabilidade da evidência de auditoria é maior quando ela é obtida de fontes independentes fora
da entidade;
- a confiabilidade da evidência de auditoria gerada internamente é maior quando os controles
relacionados, incluindo os controles sobre sua elaboração e manutenção, impostos pela entidade, são
efetivos;
- a evidência de auditoria obtida diretamente pelo auditor (por exemplo, a observação da aplicação de
um controle) é mais confiável do que a evidência de auditoria obtida indiretamente ou por inferência (por
exemplo, indagação a respeito da aplicação de controle);
- a evidência de auditoria em forma de documentos, em papel, mídia eletrônica ou de outro tipo, é mais
confiável do que a evidência obtida verbalmente (por exemplo, uma ata de reunião elaborada
tempestivamente é mais confiável do que uma representação verbal subsequente dos assuntos
discutidos);
- a evidência de auditoria fornecida por documentos originais é mais confiável do que a evidência de
auditoria fornecida por fotocópias ou fac-símiles ou por documentos que foram filmados, digitalizados ou
transpostos de outra maneira para forma eletrônica, cuja confiabilidade pode depender dos controles
sobre sua elaboração e manutenção.

A32. A NBC TA 520, item 5(a), fornece orientação adicional sobre a confiabilidade dos dados utilizados
para fins de definição de procedimentos analíticos como procedimentos substantivos.

A33. A NBC TA 240, item 13, trata das circunstâncias em que o auditor tem razão para crer que um
documento pode não ser autêntico ou pode ter sido modificado sem que essa modificação tenha sido
divulgada ao auditor.

Confiabilidade das informações apresentadas por especialista da administração (ver item 8)


A34. A elaboração das demonstrações contábeis da entidade pode exigir conhecimento especializado
em outro campo que não a contabilidade ou a auditoria, como cálculos atuariais, avaliações ou dados de
engenharia. A entidade pode empregar ou contratar especialistas desses campos para obter o
conhecimento especializado necessário para a elaboração das demonstrações contábeis. Deixar de fazê-
lo quando tal conhecimento especializado é necessário aumenta os riscos de distorção relevante.

A35. Quando as informações a serem utilizadas como evidência de auditoria foram elaboradas com o
uso do trabalho do especialista da administração, aplica-se a exigência do item 8 desta Norma. Por
exemplo, um indivíduo ou organização pode possuir conhecimento especializado na aplicação de
modelos para estimar o valor justo de títulos mobiliários para os quais não há mercado observável. Se o
indivíduo ou organização aplica esse conhecimento especializado em uma estimativa que a entidade
utiliza na elaboração das suas demonstrações contábeis, o indivíduo ou organização é um especialista
da administração e aplica-se o item 8. Se, por outro lado, esse indivíduo ou organização meramente
fornece dados de preço referentes a transações privadas não disponíveis de outra maneira para a
entidade e que esta utiliza nos seus métodos de estimativa, tais informações, se utilizadas como evidência
de auditoria, estão sujeitas ao item 7 desta Norma, mas não se trata de uso, pela entidade, de especialista
da administração.

A36. A natureza, época e extensão dos procedimentos de auditoria em relação à exigência do item 8
desta Norma, podem ser afetados por assuntos como:
- a natureza e complexidade do assunto relacionado ao especialista da administração;
- os riscos de distorção relevante no assunto;
- a disponibilidade de fontes alternativas de evidência de auditoria;
- a natureza, alcance e objetivos do trabalho do especialista da administração;
- se o especialista da administração é empregado pela entidade ou é parte contratada por ela para
fornecer serviços relevantes;
- a extensão em que a administração pode exercer controle ou influência sobre o trabalho do
especialista da administração;
- se o especialista da administração está sujeito a padrões de desempenho técnico ou outras
exigências profissionais ou da indústria;

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- a natureza e extensão de quaisquer controles dentro da entidade sobre o trabalho do especialista da
administração;
- o conhecimento e experiência do auditor sobre a área de atuação do especialista da administração;
- a experiência prévia do auditor com o trabalho desse especialista.

Competência, habilidade e objetividade de um especialista da administração (ver item 8(a))


A37. A competência relaciona-se com a natureza e nível de conhecimento na área de atuação do
especialista da administração. As habilidades relacionam-se com a capacidade do especialista da
administração para exercer essa competência nas circunstâncias. Fatores que influenciam as habilidades
podem incluir, por exemplo, o local geográfico e a disponibilidade de tempo e recursos. A objetividade
relaciona-se com os possíveis efeitos que tendenciosidades, conflitos de interesse ou influência que
outros possam ter sobre o julgamento profissional ou de negócios do especialista da administração. A
competência, habilidades e objetividade de especialista da administração e quaisquer controles da
entidade sobre o trabalho desse especialista são fatores importantes em relação à confiabilidade de
qualquer informação apresentada por um especialista da administração.

A38. Informações referentes à competência, habilidades e objetividade de um especialista da


administração podem vir de uma variedade de fontes, como:
- experiência pessoal com trabalho anterior do especialista;
- discussões com esse especialista;
- discussões com outros que estejam familiarizados com o trabalho desse especialista;
- conhecimento das qualificações desse especialista, filiação a qual órgão profissional ou associação
de classe, licença para a prática ou outras formas de reconhecimento externo;
- dissertações publicadas ou livros escritos por esse especialista;
- um especialista do auditor, se aplicável, que auxilie o auditor na obtenção de evidência de auditoria
apropriada e suficiente referente às informações apresentadas pelo especialista da administração.

A39. Assuntos relevantes para a avaliação da competência, habilidades e objetividade de um


especialista da administração incluem determinar se o trabalho desse especialista está sujeito a padrões
de desempenho técnico, outros requisitos profissionais ou de indústria, por exemplo, padrões éticos e
outros requisitos de filiação a órgão profissional ou associação de classe, padrões de credenciamento de
órgão licenciador, assim como, exigências impostas por lei ou regulamento.

A40. Outros assuntos que podem ser relevantes incluem:


- a relevância da competência do especialista da administração para o assunto para o qual o trabalho
desse especialista será utilizado, incluindo áreas de especialização no campo desse especialista. Por
exemplo, um atuário específico pode se especializar em seguros de propriedade e acidentes, mas ter
conhecimento especializado limitado no que se refere a cálculos de pensão;
- a competência do especialista da administração no que se refere a exigências contábeis relevantes,
por exemplo, conhecimento de premissas e métodos, inclusive modelos, quando aplicável, que sejam
compatíveis com a estrutura de relatório financeiro aplicável;
- se eventos inesperados, mudanças nas condições ou a evidência de auditoria obtida dos resultados
dos procedimentos de auditoria indicam que pode ser necessário reconsiderar a avaliação inicial da
competência, habilidades e objetividade do especialista da administração à medida que a auditoria
avança.

A41. Uma ampla gama de situações pode ameaçar a objetividade, por exemplo, ameaças de interesse
próprio, de defesa dos interesses da entidade, de familiaridade, de auto-revisão e de intimidação.
Salvaguardas podem reduzir tais ameaças e podem ser criadas por estruturas externas (por exemplo, a
profissão do especialista da administração, legislação ou regulamentação) ou pelo ambiente de trabalho
do especialista da administração (por exemplo, políticas e procedimentos de controle de qualidade).

A42. Embora salvaguardas não possam eliminar todas as ameaças à objetividade do especialista da
administração, ameaças como a de intimidação podem ter menos importância para um especialista
contratado pela entidade do que para um especialista empregado pela entidade, e a eficácia de
salvaguardas como políticas e procedimentos de controle pode ser maior. Como a ameaça à objetividade
criada pelo fato de ser empregado da entidade sempre estará presente, normalmente não se pode
considerar mais provável que um especialista empregado pela entidade seja mais objetivo do que outros
empregados da entidade.

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A43. Na avaliação da objetividade de especialista contratado pela entidade, pode ser relevante discutir
com a administração e o especialista, quaisquer interesses e relacionamentos que possam criar ameaças
à objetividade do especialista e quaisquer salvaguardas aplicáveis, inclusive quaisquer exigências
profissionais que se apliquem ao especialista e avaliar se as salvaguardas são apropriadas. Interesses e
relacionamentos criadores de ameaças podem incluir:
- interesses financeiros;
- relacionamentos comerciais e pessoais;
- prestação de outros serviços.

Obtenção de entendimento do trabalho do especialista da administração (ver item 8(b))


A44. O entendimento do trabalho do especialista da administração inclui o entendimento da área de
especialização relevante. O entendimento da área de especialização relevante pode ser obtido em
conjunto com a determinação de se o auditor possui conhecimento especializado para avaliar o trabalho
do especialista da administração ou se o auditor precisa de especialista para essa finalidade (ver NBC
TA 620).

A45. Aspectos da área de atuação do especialista da administração relevantes para o entendimento


do auditor podem incluir:
- se a área do especialista tem setores de especialização que sejam relevantes para a auditoria;
- se são aplicáveis padrões profissionais ou de outro tipo e exigências regulatórias ou jurídicas;
- quais premissas e métodos são utilizados pelo especialista da administração e se eles são
geralmente aceitos na área do especialista e apropriados para fins de demonstrações contábeis;
- a natureza dos dados internos e externos ou das informações que o especialista do auditor utiliza.

A46. No caso de especialista da administração contratado pela entidade, geralmente há uma carta de
contratação ou outra forma escrita de acordo entre a entidade e esse especialista. A avaliação desse
acordo durante a obtenção do entendimento do trabalho do especialista da administração pode ajudar o
auditor a determinar, para fins de auditoria, a adequação dos seguintes aspectos:
- a natureza, alcance e objetivos do trabalho desse especialista;
- as respectivas funções e responsabilidades da administração e desse especialista; e
- a natureza, época e extensão da comunicação entre a administração e esse especialista, inclusive a
forma de qualquer relatório a ser fornecido por esse especialista.

A47. No caso de especialista da administração empregado pela entidade, é menos provável que exista
um acordo escrito desse tipo. As indagações junto ao especialista e outros membros da administração
podem ser a forma mais apropriada de obtenção do entendimento necessário ao auditor.

Avaliação da adequação do trabalho do especialista da administração (ver item 8(c))


A48. Considerações durante a avaliação do trabalho do especialista da administração como evidência
de auditoria para a afirmação relevante podem incluir:
- a relevância e razoabilidade das constatações ou conclusões desse especialista, sua consistência
com outras evidências de auditoria, e se elas foram apropriadamente refletidas nas demonstrações
contábeis;
- se o trabalho desse especialista envolve a utilização de premissas e métodos significativos, a
relevância e razoabilidade dessas premissas e métodos; e
- se o trabalho desse especialista envolve uso significativo de dados-fonte, a relevância, integridade e
exatidão desses dados-fonte.

Informações apresentadas pela entidade e utilizadas para as finalidades do auditor (ver item
9(a) e (b))
A49. Para que o auditor obtenha evidência de auditoria confiável, as informações apresentadas pela
entidade que sejam utilizadas para a execução dos procedimentos de auditoria precisam ser
suficientemente completas e exatas. Por exemplo, a eficácia de auditar a receita pela aplicação de preços-
padrão a registros de volume de vendas é afetada pela exatidão da informação de preços e a integridade
e exatidão dos dados de volume de vendas. Similarmente, se o auditor pretende testar uma população
(por exemplo, pagamentos) para verificar certa característica (por exemplo, autorização), os resultados
do teste serão menos confiáveis se a população, na qual os itens selecionados para teste, não estiver
completa.

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A50. A obtenção de evidência de auditoria a respeito da exatidão e integridade de tais informações
pode ser realizada conjuntamente com o procedimento efetivo de auditoria aplicado às informações,
quando a obtenção de tal evidência for parte integrante do procedimento de auditoria em si. Em outras
situações, o auditor pode ter obtido evidência de auditoria da exatidão e integridade de tais informações
testando controles sobre a elaboração e manutenção de tais informações. Em algumas situações, porém,
o auditor pode determinar que procedimentos adicionais de auditoria são necessários.

A51. Em alguns casos, o auditor pode pretender utilizar informações apresentadas pela entidade para
outros fins de auditoria. Por exemplo, o auditor pode pretender utilizar medidas de desempenho da
entidade para fins de procedimentos analíticos ou utilizar informações da entidade apresentadas para
atividades de monitoramento, tais como relatório de auditoria interna. Em tais casos, a adequação da
evidência de auditoria obtida é afetada pelo fato de as informações serem ou não suficientemente precisas
ou detalhadas para as finalidades do auditor. Por exemplo, medidas de desempenho utilizadas pela
administração podem não ser precisas o suficiente para a detecção de distorções relevantes.

Seleção de itens para testes para obtenção de evidência de auditoria (ver item 10)
A52. Um teste eficaz fornece evidência de auditoria apropriada na medida em que, considerada com
outra evidência de auditoria obtida ou a ser obtida, será suficiente para as finalidades do auditor. Ao
selecionar itens a serem testados, o item 7 exige que o auditor determine a relevância e confiabilidade
das informações a serem utilizadas como evidência de auditoria; outro aspecto da eficácia (suficiência) é
uma consideração importante na seleção de itens a serem testados. Os meios à disposição do auditor
para a seleção de itens a serem testados são:
(a) seleção de todos os itens (exame de 100%);
(b) seleção de itens específicos; e
(c) amostragem de auditoria.
A aplicação de qualquer um desses meios ou de uma combinação deles pode ser apropriada
dependendo das circunstâncias específicas, por exemplo, os riscos de distorção relevante relacionados
à afirmação que está sendo testada, e a praticidade e eficiência dos diferentes meios.

Seleção de todos os itens


A53. O auditor pode decidir que será mais apropriado examinar toda a população de itens que
constituem uma classe de transações ou saldo contábil (ou um estrato dentro dessa população). É
improvável um exame de 100% no caso de testes de controles; contudo, é mais comum para testes de
detalhes. Um exame de 100% pode ser apropriado quando, por exemplo:
- a população constitui um número pequeno de itens de grande valor;
- há um risco significativo e outros meios não fornecem evidência de auditoria apropriada e suficiente;
ou
- a natureza repetitiva de um cálculo ou outro processo executado automaticamente por sistema de
informação torna um exame de 100% eficiente quanto aos custos.

Seleção de itens específicos


A54. O auditor pode decidir selecionar itens específicos de uma população. Ao tomar essa decisão,
fatores que podem ser relevantes incluem o entendimento da entidade pelo auditor, os riscos avaliados
de distorção relevante e as características da população que está sendo testada. A seleção com base em
julgamento de itens específicos está sujeita ao risco de não amostragem. Itens específicos selecionados
podem incluir:
- valor alto ou itens-chave. O auditor pode decidir selecionar itens específicos dentro de uma população
porque eles têm valor elevado ou exibem alguma característica, por exemplo, itens suspeitos, não usuais,
particularmente propensos a risco ou que tenham histórico de erro;
- todos os itens acima de certo valor. O auditor pode decidir examinar itens cujos valores registrados
excedam certo valor, de modo a verificar uma grande proporção do valor total de uma classe de
transações ou saldo contábil;
- itens para obtenção de informação. O auditor pode examinar itens para obter informações sobre
assuntos como a natureza da entidade ou a natureza de transações.

A55. Embora o exame seletivo de itens específicos de uma classe de transações ou saldo contábil
frequentemente seja um meio eficiente de obter evidência de auditoria, não constitui amostragem em
auditoria. Os resultados de procedimentos de auditoria aplicados a itens selecionados dessa maneira não

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podem ser projetados para a população inteira; portanto, o exame seletivo de itens específicos não
fornece evidência de auditoria referente ao restante da população.

Amostragem em auditoria
A56. A amostragem em auditoria destina-se a possibilitar conclusões a serem tiradas de uma
população inteira com base no teste de amostragem extraída dela. A amostragem em auditoria é discutida
na NBC TA 530.

Inconsistência ou dúvidas quanto à confiabilidade da evidência de auditoria (ver item 11)


A57. A obtenção de evidência de auditoria de fontes diferentes ou de natureza diferente pode indicar
que um item individual da evidência de auditoria não é confiável, como quando a evidência de auditoria
obtida em uma fonte é incompatível com a evidência obtida em outra. Pode ser esse o caso, por exemplo,
quando respostas a indagações junto à administração, auditoria interna e outros são inconsistentes ou
quando respostas a indagações feitas aos responsáveis pela governança para corroborar as respostas
às indagações feitas à administração forem inconsistentes com a resposta da administração. A NBC TA
230, item 11, inclui uma exigência de documentação específica se o auditor identificou informação que
seja incompatível com a conclusão final do auditor referente a um assunto significativo

Questões

01. (TCE-CE - Analista de Controle Externo-Auditoria Governamental – FCC) Os elementos de


convicção dos trabalhos efetuados pelo profissional de auditoria governamental, devidamente
documentados, e que devem ser adequados, relevantes e razoáveis para fundamentar a opinião e as
conclusões, segundo as Normas de Auditoria − aplicáveis ao controle externo, são denominados de
(A) relatórios de auditoria.
(B) achados de auditoria.
(C) procedimentos de auditoria.
(D) evidências de auditoria.
(E) certificados de auditoria.

02. (TCE-PI - Auditor Fiscal de Controle Externo – FCC) Em relação às evidências de auditoria é
correto afirmar que
(A) a suficiência da evidência é a medida da sua qualidade.
(B) a adequação da evidência é a medida da sua quantidade.
(C) a adequação da evidência é a medida da sua qualidade.
(D) evidências obtidas de fontes externas e internas são igualmente confiáveis.
(E) evidências documentais e orais são igualmente confiáveis.

03. (Copergás – PE - Analista Contador – FCC) Na auditoria realizada nas demonstrações contábeis
da Companhia de Abastecimento de Alimentos Sólidos do Estado, referente ao exercício de 2015, o
Auditor independente utilizou informações para fundamentar suas conclusões. Segundo as Normas
Brasileiras de Contabilidade relacionadas à Auditoria – NBC TAs, tais informações são denominadas de
(A) testes de observância.
(B) parecer de auditoria.
(C) achados de auditoria.
(D) evidências de auditoria.
(E) papéis de trabalho.

04. (DPE-RSP - Analista – Contabilidade – FCC) Para obtenção de evidências, as quais devem ser
suficientes, adequadas, relevantes e úteis para conclusão dos trabalhos, o sistema de Controle Interno
Federal se serve de um conjunto de processos e ferramentas operacionais denominado de
(A) técnicas de auditoria.
(B) normas de auditoria.
(C) programas de auditoria.
(D) princípios de auditoria.
(E) certificados de auditoria.

05. (AL-AM – Analista – ISAE) A respeito das evidências de auditoria, assinale a afirmativa incorreta.

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(A) Compreendem as informações utilizadas pelo auditor para fundamentar as conclusões em que se
baseia a sua opinião.
(B) Incluem informações contidas nos registros contábeis subjacentes às demonstrações contábeis e
outras informações.
(C) Abrangem informações que sustentam e corroboram as afirmações da administração e
informações que contradizem tais afirmações.
(D) Comprovam que a confiabilidade da evidência é influenciada pela sua fonte e sua natureza e
depende das circunstâncias individuais em que é obtida.
(E) Correspondem ao risco de que o auditor expresse uma opinião inadequada quando as
demonstrações contábeis contiverem distorção relevante.

Gabaritos
01. D / 02. C / 03. D / 04. A / 05. E

Comentários

01. Resposta: D
Evidências de Auditoria são elementos de convicção dos trabalhos efetuados pelo profissional de
auditoria governamental, devidamente documentados, e que devem ser adequadas, relevantes e
razoáveis para fundamentar a opinião e as conclusões.

02. Resposta: C
Segunda a NBC TA 200, item 42. Suficiência é a medida da QUANTIDADE da evidência. Adequação
é a medida da QUALIDADE da evidência; isto é, a sua relevância e a sua confiabilidade.

03. Resposta: D
De acordo com a NBC TA 500 – 5. Evidência de auditoria compreende as informações utilizadas pelo
auditor para chegar às conclusões em que se fundamentam a sua opinião. A evidência de auditoria inclui
as informações contidas nos registros contábeis que suportam as demonstrações contábeis e outras
informações.

04. Resposta: A
Técnica de Auditoria é o conjunto de processos e ferramentas operacionais de que se serve o controle
para a obtenção de evidências, as quais devem ser suficientes, adequadas, relevantes e úteis para
conclusão dos trabalhos.

05. Resposta: E
De acordo com NBC TA 200, os seguintes termos possuem os significados atribuídos a seguir:
Evidências de auditoria são as informações utilizadas pelo auditor para fundamentar suas conclusões
em que se baseia a sua opinião. As evidências de auditoria incluem informações contidas nos registros
contábeis subjacentes às demonstrações contábeis e outras informações.
Risco de auditoria é o risco de que o auditor expresse uma opinião de auditoria inadequada quando
as demonstrações contábeis contiverem distorção relevante. O risco de auditoria é uma função dos riscos
de distorção relevante e do risco de detecção.

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