EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DO FORO
REGIONAL DO MÉIER
Processo No 0008413-04.2013.8.19.0208
MARIA JOSÉ VIEIRA PEREIRA e outros, devidamente
qualificados nos autos da AÇÃO REVISIONAL DE DÉBITO em face de CEDAE, vem, respeitosamente à presença de V. Exa., sob patrocínio da Defensoria Pública, interpor recurso de
APELAÇÃO
requerendo a remessa das razões à superior instancia.
Por oportuno, considerando a intimação pessoal da
Defensoria Pública em 20 de agosto de 2018, assim como a prerrogativa do prazo em dobro, tem-se por tempestivo o presente recurso.
Pede deferimento.
Rio de Janeiro, 19 de setembro de 2018.
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DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
COLENDA CÂMARA
Razões de apelação por: MARIA JOSÉ VIEIRA PEREIRA e outros
BREVE RELATO
A autora pretende a revisão de suas contas
de fornecimento de água em razão da existência de cobrança da tarifa de esgoto de forma desproporcional e sem a devida especificação do serviço (vide emenda à inicial no índex 35) requerendo que a concessionária ré se abstenha de suspender o serviço por dívida pretérita, assim como a devolução em dobro do valor pago a mais e compensação por danos morais com parcelamento da dívida eventualmente apurada, com fundamento no Princípio da Cooperação.
.....
DA SENTENÇA
O juízo de primeiro grau, ....
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DO DIREITO
DA COBRANÇA DA TARIFA DE ESGOTO
Quanto ao questionamento acerca dos valores
cobrados a título de serviços de esgoto não prestados, apesar de o STJ já ter consagrado jurisprudência no sentido de sua legitimidade, mesmo ausente tratamento final dos dejetos (REsp. 1339313/RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, publ: 21/10/2013), a cobrança por tais serviços em valor idêntico ao cobrado pelo fornecimento de água domiciliar, é incompatível com os princípios que norteiam o Código de Defesa do Consumidor, tais como a igualdade, a boa-fé e a igualdade nas contratações, isto porque o modo como a concessionária ré efetua a cobrança, não demonstra qualquer distinção entre os serviços prestados a uma só ou todas as atividades constantes do art. 9º, do Decreto nº 7.217/2010. A cobrança há de ser feita levando-se em consideração a proporcionalidade do serviço. Esse entendimento foi o defendido pelo Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, no seu voto vencido no REsp. 1339313/RJ, acima referido. Esse entendimento já vem sendo defendido, de forma brilhante e corajosa, por algumas Câmaras Cíveis do Egrégio TJERJ (Apelação 0022881-13.2012.8.19.0206, Rel. Des. Alcides da Fonseca Neto, julg: 26/03/2014; Apelação 0393162- 51.2012.8.19.0001, Rel. Des. Marcos Alcino Torres, julg: 18/02/2014; e Apelação 0044210-84.2012.8.19.0205, Rel. Jds. Des. Werson Rêgo, julg: 18/072014).
DA COMPENSAÇÃO DOS DANOS MORAIS
Não é de hoje que a nossa jurisprudência se
firmou no sentido de que a cobrança do serviço de esgoto sem a devida especificação e de forma desproporcional viola a Boa Fé, e, o pior, duplicando a conta da consumidora, tornando penoso o pagamento das contas. No entanto, a concessionária ré insiste em continuar a efetuar a cobrança ilegal e abusiva, lesando os consumidores. 4
Não fosse isso o bastante a IDOSA teve o serviço
suspenso por dívida pretérita, tendo o mesmo sido restabelecido através de tutela de urgência do juízo.
Presentes, portanto, os relevantes aspectos
subjetivo e objetivo da compensação dos danos morais posto que além da violação a direito da personalidade, consistente no pagamento de serviço sem discriminação e de forma desproporcional, há de se considerar o aspecto punitivo pedagógico a desestimular definitivamente as práticas ilícitas.
PREQUESTIONAMENTO
A apelante prequestiona os seguintes
dispositivos:
- art.14 e 22 do CDC que garante a reparação dos danos em
razão da má prestação do serviço;
- art. 51, IV do CDC em razão da prática abusiva no
fornecimento do serviço;
- art. 6º III, 30 e 31 do CDC em razão da violação ao dever
de informação e especificação correta e adequada da quantidade, características e preço do serviço;
- o art. 4º III em razão da violação ao Princípio da Boa
Fé;
- art. 1º, III da CRFB posto que a lesão a direito da
personalidade e à Boa Fé viola o Princípio da Dignidade da Pessoa humana, principalmente se considerarmos a essencialidade do serviço.
Em razão do exposto, requer o PROVIMENTO do
recurso, julgando procedente o pedido, no sentido de:
- declarar indevidas a cobrança de taxa de esgoto sem a
devida especificação, refaturando as contas relativas aos 5
dez últimos anos anteriores à propositura da demanda com a
devolução em dobro dos valores pagos a maior;
- a compensação dos danos morais em R$ 10.000,00,
observados os relevantes aspectos objetivo e subjetivos presentes;
- em homenagem ao princípio da cooperação, o parcelamento
de eventual dívida ainda existente após a revisão;
- a vossa manifestação acerca do prequestionamento;
- a condenação em custas e honorários a serem revertidos ao