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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO

DISCIPLINA: TEORIAS PSICANALÍTICAS


CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE
BACHARELADO EM PSICOLOGIA

INCEL: UMA VISÃO PSICANALÍTICA DO FENÔMENO

EDUARDA ALVES FERRASZ GOMINHO

Recife 2018
Diante de tantos temas interessantes para se analisar a luz da
psicanálise, abordamos aqui um fenômeno social que teve uma
recente mobilização mundial por conta de uma transgressão
cometida no Canadá: os Incels. Mas como chegamos a esse
assunto para a construção desse trabalho? Então, como introdução
trazemos o crime que apresenta o contexto dito. Alek Minassian,
homem heterossexual branco, de 25 anos, foi acusado por dez
homicídios e mais 13 tentativas de assassinato após atingir
pedestres de propósito ao subir num passeio movimentando
dirigindo uma van alugada, o episódio ficou conhecido por “Toronto
Van Attack” (Ataque de Van em Toronto). O ocorrido movimentou
bastante as redes sociais e televisas, pois, a princípio parecia ser
um ataque terrorista, mas depois de alguma pesquisa nas redes
sociais do próprio Alek, encontraram uma ligação com a
comunidade Incel. Assim, tal conexão foi feita por uma publicação
no Facebook, confirmada ser real, que dizia “A rebelião Incel já
começou! Vamos derrubar todos os Chads e Stacys! Um viva ao
Cavalheiro Supremo Elliot Rodger!".
No entanto, para compreender a grande problemática, é
preciso entender que comunidade é essa: o termo “incel” vem da
abreviação de celibato involuntário e é uma irmandade crescente
principalmente nos submundos da internet. Por definição, incel seria
quem está em uma “situação de não ter um relacionamento íntimo
ou não estar envolvido em relações sexuais por razões diversas
daqueles presentes no celibato ou na abstinência sexual. O termo é
usado especialmente para pessoas que, apesar das expectativas,
tiveram pouca ou nenhuma experiência sexual ou romântica. ”, mas
aqui abordaremos um público mais restrito de pessoas nessas
condições: uma sociedade virtual de incels a qual acredita que o
motivo desse celibato seria o fato das mulheres não darem
oportunidades a os incels de realizar uma atividade sexual,
disseminando uma ideologia misógina e violenta para contrapor
essa situação.
Perante esses ideais, os sites e fóruns de conversação já
foram fechados diversas vezes, mas sempre surgem novos lugares
onde esses homens podem discutir e fortalecer opiniões como a do
estupro não ser considerado crime, baseado no fato de que alguém
faminto por sexo só procura atender as suas necessidades básicas.
A verdade é que a revolta presente nessa comunidade não é contra
o sistema atual em relação ao que faz um homem ser desejado ou
não, mas sim, contra as mulheres que seriam supostamente
obrigadas a demonstrar permissão e aceitação aos pobres coitados
celibatos misóginos. Cabe também aqui analisar a mensagem
deixada por Alek no dia do atentado, a qual exalta Elliot Rodger
(personalidade extremamente popular e exaltada dentro da
comunidade radical de incels) , que foi o responsável pelo Massacre
de Isla Vista, o qual morreram 7 pessoas e outras 13 ficaram
feridas, e como justificativa temos um vídeo no YouTube o qual
além de discurso de ódio contra as mulheres que não retribuíram as
intenções de Elliot, apresenta um grande sofrimento por ser virgem
e não ter beijado aos 22 anos de idade. Além da citação ao “grande
cavalheiro supremo”, Minassian declara querer derrubar a todos ao
seu redor, utilizando nomes populares da cultura americana para
exemplificar.
Exposto aqui um pouco do que seria essa comunidade
específica Incel, composto majoritariamente por homens brancos
heterossexuais entre jovens e adultos de meia idade, podemos
analisar por que perpetua em cada integrante tanto discurso de ódio
às mulheres que um dia os rejeitaram e não ao padrão
contemporâneo do que é preciso para ser desejável. Dessa forma,
antes de mais nada, os participantes desse grupo são (em sua
grande maioria) pessoas de baixa autoestima, reprimidos pelo
padrão imposto pela sociedade do que é ser desejável e com
poucas habilidades de socialização e interação com indivíduos do
sexo oposto.
Para examinarmos essa ocorrência contemporânea de
misoginia e ódio radical diante da psicanalise, voltaremos um pouco
para o início da obra de Sigmund Freud: as histéricas. Em resumo,
Freud nos traz que a aparição dos sintomas da histeria está ligada a
algo de valor traumático referente ao desenvolvimento da
sexualidade na infância, isto é, um trauma real acontece na infância
e será recalcado, ficando preso no inconsciente e virando sintoma
no consciente, representado por fantasias/fantasmas, vale salientar
que esses fantasmas não eram produzidos só por lembranças reais
que se tornariam traumas, mas também por solicitações do corpo.
Dessa forma, o corpo solicita experiências que devem ser saciadas,
mas que mantem uma relação direta com o prazer em saciar, e
seriam as pulsões as responsáveis por traduzir uma solicitação do
corpo em uma solicitação psíquica, “Freud afirma também que a
repressão da satisfação infantil está na origem de fantasias
inconscientes e na base da constituição de sintomas. As fantasias
dos neuróticos são a evidência dessa sexualidade infantil perversa
que escapou à repressão. Todo o sintoma histérico é uma fantasia
sexual realizada. ”. Bem como vale ressaltar que estudos mais
atuais já esclarecem que o fato de que grande parte das histéricas
de Freud seriam mulheres insatisfeitas sexualmente e que eram
prescrevidas com exercícios relacionados a esse tema
(masturbação, atividade sexual com outro individuo, etc.).
Isto posto, acredito que possamos fazer uma comparação
despretensiosa entre as histéricas de Freud e os incels da
sociedade atual: esses indivíduos construíram seu desenvolvimento
psicossexual de forma que alguma lacuna/trauma se estabeleceu
em relação a sua energia libidinal e está se concentrará em
determinados sintomas no futuro. Da mesma forma que uma casa
construída sobre vários pilares, e um deles não for bem feito, em
breve encontraremos uma problemática por conta daquela parte
especifica que não foi bem consolidada. Assim sendo, o princípio de
prazer e de morte presente no ser humano, vai leva-lo a satisfações
que busquem “complementar” essa lacuna no desenvolvimento
psicossexual. Logo, os incels condensam sua energia para um ódio,
que para eles é bem racional, a mulheres que não retribuem seu
interesse, quando na verdade eles desenvolvem esse ódio para
suprir de alguma maneira a relação de inferioridade que sentem
diante do sexo oposto. Em estudos, vemos que o saudável não é
que o desejo proveniente das pulsões seja realizado, mas o
fantasma desse desejo é o que traz a saúde psíquica, e para os
incels o fantasma de uma inferioridade diante das mulheres tenta
adentrar ao consciente com uma formação de compromisso de que
estas não lhe merecem. O inconsciente burla a censura formando
um compromisso de ódio para ser aceito pelo consciente que
compreende essa requisição, mas o que fica no inconsciente é o
desejo de aceitação pelo sexo oposto que teve seu início/trauma
muito antes da compreensão de ter interesse sexual reciproco.
Dessa forma, evidenciamos mais uma vez a comparação
simples de dois eventos de sintomas patológicos diante de um
desenvolvimento psicossexual traumático, cabendo aqui avaliações
ainda maiores da sociedade incel misógina e radical presente na
contemporaneidade e uma maior relação de sintomas entre as
reações a essa problemática de ódio absoluto.

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