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ANNO I ABRIL NUMERO I

A Evolução Litteraria
Director Gerentej Alfredo F. Machado

Redactor Secretario: I,uiz M. Barbosa. Redactor Chefe: Eugénio Bethencourt.


EXPEDIENTE

ASSIGJVATUftAS
LOTERIA FEDERAL
EXTRAÇÕES DIARIAS
Anno.... . •••• S$o°°
Semestre 3$°°°

MADEIRAS
Numero avulso $5°°

* * *

Os Srs. advogados, médicos, etc., que figurarem


nas Indicações Úteis,' pagarão por mez 3$ooo, fi-
cando assim isentos da assignatura da Revista, que
lhes será reméttida gratuitamente,
Especialidade em madeiras
* * *
servidas para marcineiros e
carpinteiros.
Os originaes enviados não serão restituídas,
mesmo que não sejam publicados
* * *
TORNEADOS E MOLDURAS
Toda a correspondência deve ser.enderessada ao
POR PREÇOS RAZOÁVEIS
nosso companheiro de redacção — D. RUY — á
rua Treze de Maio 58. Tel. 3059.

* * *
A. SILVA &C.
Para annuncios, assignaturas e reclamações de-
vem, os interessados, procurar o nosso Redactor-
seeretario em nossa redacção. 8/, Senhor dos Passos, 87
* * * RIO

A redacção não se responsabilisa absolutamente


pelas opiniões de seus collaboradores.

* * * CARUTARIA PARIS
A nossa capa foi uma verdadeira surpreza para 'Assembléa, esquina do largo
o nosso Redactor-chefe que não pode vel-a senão
bontem. da Carioca
ANNO I ABRIU Numero I

A Evolução Litteraria
DIRECTOR G E R E N T E : A l f r e d o F. M a c h a d o

REDACTOR-SECRETARIO : L u i z FA. B a r b o s a , REDACTOR C H E F E : Eugénio Bethencourt.

0 NOSSO DIRECTOR HONORÁRIO é condecorado com as palmas da Academia de


França E' Professor jubilado da Escola Poly- ;
technica e da Academia de Bellas-Artes e director
do Archivo Publico Nacional.
Cheio da idéa de que o Brazil apresenta obje-
A homenagem prestada aos grandes beneme ctos magestosos e grandes, tomo solo virgem há
ritos, deixa sempre na senda do porvir o inapaga- pouco sahido das mãos da natureza, enriquecido de
ve. vinculo do exemplo frugifero queg|pasSando de preciosos thesouros, quiz Bethencourt da Silva
geração em geração, grava na memoria dos pósteros çrear um monumento também novo e brazileiro que
o valor do prestigio,v quando com elle impera a se proporcionasse aos grandes sentimentos, que dei-
força bemfazeja. xasse nas almas ^ dos pensadores o aspecto .deste
Bethencgurt da Silva engrandece portanto, a Paiz por tantos motivos, admirarei.
mediocridade das nossas inspirações e o seu nome, A em preza.'era fastidiosa decerto e a honra de
como bem disse Ruy Barbosa, « -pertence ao numero tental-a levou Bethencourt da Silva aos primeiros
dos benemeritos cuja condecoração incumbe á his- passos de tão difficultoso designio.
toria ».
Assim fundou Bethencourt da Silva em 23 de
Nasceu Francisco Joaquim Bethènpourt da
Novembro de 1856 a Sociedade Propagadora das
Silva em 8 de maio de 1830 a bordo do navio —
Bellas Artes, mantenedora do Zycêo de Artes e
0 Novo Commercianíe — quando navegava nas
Ofícios, templo d a instrucção e do trabalho, tam-
aguas do Cabo Frio em demanda ao porto do Rio
bém por elle fundado em 9 de Janeiro de 1858.
de Janeiro.
Foi assim que a civilisação de um Paiz se viu Brilhou ainda Bethencourt da Silva como
ampliada com mais um apostolo do seu progrésso. poeta e foi como poeta que recebeu de Mucio Tei-
Baptisado no Rio de Janeiro, onde tem vivido xeira, a phrase grandiosa e culta que patenteia o
até hoje, Bethencourt da Silva conquistou a custa - seu mérito e valor: « Falta-lhe só morrer para não
<le seus esforços' e sentimentos philanthropicos o ser um extranho entre os immortaes. »
nome que tão merecidamente lhe ássignalou á his- R.
toria
Aos 12 annos de edade, tenao concluido os
seus preparatórias, matriculou-se na aula de archi-
tectura da Academia de fíellas-Artes, da qual veiu
a. ser mais tàrde iIlustre professor.
PROEMIO
Teve por mestre o notável architecto francez; Para a phantasia dos moços o céo é sempre
Grandjean de Montigny, que sempre o apresentara
azul e o horizonte, côr de rosa.
como um : discípulo de talento raro e applicação
exemplar. A convicção de que o mundo é como devia sér ;
Conseguiu obter durante o ensino vários pré- o não como é, enche-lhes o coração de doces espe-
mios é menções honrosas, entrando em concurso ranças, affectose crenças benevolas, tão puras como
as illusões enthusiasticas de um espirito puro e
para ir completar os estudos em Roma.
alheio as ambições sociaes.
Em 1850 foi nomeado, por concurso, para o
logar de architecto das Obras Publicas \ em 1858 E, si a humanidade é como é e não como devia
conquistou a cadeira de lente adjuncto da aula de ser, cumpre tomar as illusões da juventude como
desenho da Escola Central (hoje Polytechnica), uma verdade, pois que essas illusões são o elemento
de que foi depois lente cathedratico. esperançoso da vida intellectual do homem
Occupou também o cargo de Architecto da A poesia e a arte idealisam a própria natureza
Casa Imperial, com as honras de official menor; e e, se assim não fosse, a photographia seria a
2 A EVOLUÇÃO LITTEUAUIA

suprema aspiração do homem, pòrque é a copia da


natureza,, mas isenta dos accidentes da creação.
Para a arte "o tri folio é de três folhas, muito
Factos e Notas
embora a natureza apresente exemplos de tri folio,
'dê quatro e cinco folhas ! !.Y('KO D E A E T Ê S K OFFICÍOS
.. -Erguendo a fronte para ©.-Infinito,; o espirito
ilò poeta, devassando novas sendas, crenças nova?, Inauguroú-sé em 14 do mez passado a Biblio-
aspirações explendidas, vem representar no U.ni- theca Pofular d'éste estabelecimento de ensino.
-verso o supremo espirito cio Supremo Artista. A solemnidade foi presidida pelo Sr. Oscar
Deus, o foco de luz e de poesiájiarchetypo de T.opes., representante ; do Ministro do . Interior,
todas as produeções é, sem duvida. o phanal nlvi- fazendo o-diseurso ofticial o Sr. Frederico Silva.
nifente que a mocidade. èdufiaàa. busca, ver nas suas Dentre as ".muitas; pèssoas presentes notamos :
'çpnçépçoes, "como o emblema da verdade eterna. I)rs. Manoel Beiriz,; íTheOphilo^Pereira e Henrique
. Sem ft'|vs(>m perseverança, nada restará ao de' Araujo. , familiá;. Frederico Silva,; Srs. José da
homem, senão a pobreza da animalidade menos: Silva, Alvaro .Barros, Mariano de Castro, João
elevadaf;'que £ da lontra... Pereira Eéit% Steffano Cavallaro e o nosso Redactor
.í.A ernpreza. a que nos, propuzcmos sem ambi- Chefe. -
çõe') mercenárias, sem paixão; nem invejas, eviden- * * *
cia' uma aspiração, digna. do amparo dos homens
-doutos, ilos sacerdotes do culto sagrado, da. poesia e O corpo docente do Lycèo de Artes e Oflicios
da- arte! ;. convidou o Presidente da Republica; para presidente
.Não queremos obter'do futuro a nossa immor d:i Sociedade Propagadora das Bellas-Artes. S.
talkkjde;: não procuramos encontrar ao fim da jor- Exa. o Sr. Marechal Hermes-"aççeitou o convite,
nada apothcoses. soberbas : m a f i queremos luctar, elogiando os serviços prestados pelo I.yceo a classe
luctar pela arte e pela poesia e>, procurar no traba- pobre. -..'.
lho-que; nos ('-.peculiar, distracção e o descanço * * *

Jppiritual.
Anceiamos unir ao útil, o agrndavnl .;, visamos A Careta, a revista mais . sympathicá e mais
colorir, os espinhos da nossa vida com as Bôres odo- pnxuirada aos sabbados. oíferece hoje ao publico
ri feras de que osSivros ? âos mostram a essencia jjg mais um tnanigfieo numero, um numero que vae
almejamos ainda mais.: —' achar nas boas leituras fazer sucçesso.
* * *
um lenitivo não só intéfifètual, ,como também moral.
Pára isso, o qtiç: se torna, mister ? - Brasil A rtistico.
O esforço, , á bôa vontade, o critério justo,
E ' este o nome da .esplendorosa revista da
.imparcial e a coragem precisa 'para affrontar os
Soctèdade Propagadora das Bellas-Aries, que re-
males que se antepuserem, a conquista ; do nosso
appareceu soberba e invencível depois de quasi 20
ideal': ..
annos de inexistência.
K com o trabalho tudo se-pôde alcançar.
Os nossos sinceros parabéns.
O trabalho, álféja a gloria, esse esplendor,
pára. n%!. brilhante e fácil, porque, consiste na sym- * * *
pathiá ib franco apoio não só dos nossos confrades,-..;
como ainda <l!aquclles que, com sinceridade, sejam
A revista O Fon-Fon oíferece hoje ao nosso
nossos leitores.
povo o mais agradavel passa-tenipo ; emquarito que
.10' essa a gloria, a ambição, o thesouro inesti- g Revista da Semana sempre pretenciosa, procura
mável que nos aponta o porvir. quem a compre.
Trabalhemos portanto,, e o futuro nos será * * *
risonho, a justiça amparar-nos-á e a verdade nos
ha de'conduzir, como estrella magna, "pelo caminho
O Malho ;4fghoje está bom e interessante.
dq bem e da evolução.
R. * * *

A F.stação Theatral, também póde-'áè ler por-


Conversas... que satisfaz.
•-'- O que dizes do concurso da Estação Thèa-
tra\7 A Cremilda foi para a berlinda. Conversas...
— Não faz mal. O Rangel;-é candidato e vae Pois é o que tefaffirmo, meu caro; o Lycêo é
apresentar, em caricatura,. .uma bella mulher — A visto por um... oculo. Esburacaram as portas .das...
Inveja ! aulas femininas.
A EVOLUÇÃO TJTTERARIA 3

Homenagem aos Mestres


Onde o. corpo não vai,. projectasse o olhar, O D r a m a em tres actos. Acto p r i m e i r o :
.Onde pára o olhar, prosegaje o pensamento; Jairdim- Velho Castello illuminado ao f u n d o ,
Assim, n'esse constante, eterno caminhar, O cavaílèiro jura, um casto amor profundo,
Ascendemos do pó, momento por momento. • - È | â .casfellã resiste... Um f â m u l o . matreiro ~

Além da atmosphera e além do firmamento, Vem dizer que o toarão suspeita o cávalleiro...
Onde os astros, os sóes, não cessam de girar, Elle foge, jptía' 7 grita... — A p i t o ! — Acto segundo : .
H a de certo màis v i d a e muito mais alento Niim salão do ' Castello. O barão, iracundo.
Do que nesta prisão mephitica, sem ,àsi, Sabe de tudo... H o r r o r ! V i n g a n ç a ! — Acto terceiro :

E m casa . do galan, que, sentado, trabalha,


Pois bem, si não me ê dado em vigoroso adêj.o,
Entra ò barão, furioso, c diz «Morre, tyranno,
Subir, subir... subir aos mundos q u e não vejo,
Qúe ?ne .roubaste 'a honra, é me roubaste o amor ! »
Mas. que um não sei o que me diz que_ inda h e i . d e ver.,

O i mancebo - ; descobre o p e i t o : « U m a m e d a l h a !
..Quero despedaçar os . élos; da matéria-,
Quem t>*« deu? ! » —- « Minha mãe ! » ftí Meu filho !... »
Perder-me. pelo azul da vastidão etherea , ['('ae o panno...
E ser o que só é quem j á deixou de ser ! A' scena o auctor ! á, scena. o auctor ! á seena o a.uctor !

M u c i O I TEIXEIRA. ARTHUR AZEVEDO.

Noite de chuva tétrica e prèsaga. Fatigado viajor, que do deserto,


Da natureza ao intimo recesso Ledo, percorre o areal que o sol castiga,
Gritos de auguro vão, praga por praga, Busca um pouso na terra, onde se abriga,
Cortando a treva e o mattàgal espesso. Vendo as sombras da noite que vem perto.

Montes e valles, que a torrente alaga, Assim também, o minha doce amiga !
Venço e á alimaria o incerto passo apresso, Em meio ainda do percurso incerto,
Da ultima estrella á restea infima e vaga No teu regaço, para mim aberto,
ínvios caminhos, tremulo, atravesso. Fui repousar, exhausto de fadiga.

Tudo me envolve em tenebroso cerco... De uma planta fatal, que em meio á trilha
—- Da alma a vida me foge sonho a sonho, Em flores perfumosas se desata,
E a esperança de vel-a quasi perco. Bebe a morte o viajor que o somno pilha...

Mas numa volta, súbito, da estrada, Assim teu beijo a vida me arrebata,
Surge em auréola, seu perfil risonho, — Beijo qúe guarda como a mancènilha
Ao clarão da varanda illuminada ! O mesmo aroma que envenena e mata !

Emilio de Menezes. Osorio Duque Estrada.


4 A EVOLUÇÃO LITTERARIA

Evangelho dos... Caiporas

Nic-Carter. — Não publicamos artigo1- poli-


ticc.5 d i f a m a n t e s .
D. Hermes. — A sua nenia está bôasinha.
porém... fpi para a cesta.
Abel. — Pensa o cavalheiro que por ter assas-
sinado C a m , pode agora assassinar as regras da
grammatica?! Estude, estude e... appareça.
Bacharel Costa. — Recebemos o seu trabalho.
Então o senhor é .bacharel e não sabe que amor
tem um m Só? ! ! !...
Theo-philo. -- Os versos de Olavo Bilac são
muito-Conhecidos.:. O amiguinho tem muito azar !...
João Xingue»/. — - O seu Ninho Vasio ainda
está muito abatido... Esperemos a convalescença.
MendesiB^ÊO?, nossos pezames, Sr. Mendes !
Então si a Republica continuar em Portugal o Sr.
suicida se ? ! È'? pena que a sua penna se lembre de
cousas tão fúnebres !...
Helpisa. l j - A senhorita naturalmente .sonhava
quando;escreveu os seus versos... Pois é la possível
que alguém, ^acordado, compare a cauda do camel-
lião com o fluxo e refluxo dos ternos corações ' !...
Até na orthographia ? !...
Genius.
O fim do m u n d o
LUIZ MADUREIRA BARBOSA
Com justa satisfação illustramos as paginas da
nossa Revista com o retrato do nosso companheiro
de redacção, que hoje completa mais um anno de
Ninguém passa pelo que é, é sim pelo que
vida, fazendo votos sinceros para que esse auspi-
parece.
cioso dia se reproduza por longos annos, para feli-
Assim a natureza dotou a affarencia com um
cidade dos que lhe são caros e para o progresso do
eterno explendor, deixando o valor intrínseco no
nosso ideal.
seu ostracismo de sempre, porque não se pode pers-
Madureira Barbosa, - amante das lettras e crutar o intimo sentir do coração humano.
extremamente modesto, não procura nunca a recom-
E não é só no amor que a affarencia se evi-
pensa de seus estudos litterarios, mas os que o conhe-
dencia.
cem regosijam-se agora n'está significativa home-
Imaginemos um gago: não pôde ser official
nagem, n'esta justa sorpresa para elle que incansá-
nem orador, e, no emtanto, pôde possuir todos os
vel e perseverante tornou-se o baluarte das nossas
outros dotes, já para official, já para orador...
aspirações, conseguindo levar a effeito a idéa d'este
périodico que expomos a sympathia do povo gene- A macula esthetica, um habito mórbido lesam
roso e apto a auxiliar-nos em tão ardua quão espi- na lucta pela existencia.
nhosa missão. _
i í O dom de apresentação é tudo, o savoir vivre
dos francezes.
Os nossos parabéns ao dedicado collega e ».
Para o amor ha dous predicados indispensá-
sua Exma. Familia.
veis : a luxuria e á facilidade de mentir, de exage-
R. rar...
O coração amante não raciocina—é um hypno-
tisado que se curva á superioridade de uns olhos
Conversas... gigantes, magnéticos, que o abstrahem incessante-
— O ... Nianor então é deputado, hein? ! mente, a vontade!
— E ' verdade. E vae fazer um bello serviço na Quando o namorado diz a sua Helena: — ,
Camara... de ventilação... Amo-te — ella já o havia forçado a pronunciar a
5 A EVOLUÇÃO LlTTERARÍA

lisonja com a linguagem significativa do seu olhai


vaidoso.
C h r o n i c aT h e a t r a l
Assim, as alegrias do amor encontram-se nas
almas que o cultivam com indifferença e com volu-
bilidade. Companhia Lutz' Galhardo. — Está entre nós
Comprehenda um coração que o amor tem a a companhia portuguezá de operetás e revistas,
sinceridade dos lábios de uma creança e será feliz, Luiz' Galhardo.
e verá na desventura o prazer; no pranto o riso, Não podemos; dizer, que têm sido impecáveis
emfim : — a representação perfeita e hábil de uma ós seus artistas; porém merecem a nossa "critica por-
sensual comedia que nos distráe a insipidez da vida. que "áão,. sobretudo, modestos, e attenriosos. Armando
Alguém, ; nas, suás Leviandades de Clymene:, de Yasconceltos, Crfiuilda e Auzenda de Oliveira,
dizia : Grijó Gomes fazem à alegria do nosso povo todas
as noites. São os únicos, artistas da companhia-que
« Amar:.uma mulher eitel-a inteira : possuem valor. Olympio Nogueira, não é. máu, toda-
No coração, nos olhos e.tios braços ; via Brima pelo exagero. Os scenariós são de gosto e
Não consentir queininguém mais a queira muito effeito. O corpo de bailes detestável. A
Seguir-lhe sempre os passos; yrchestra supportáyel, mas;-;as coristas ..adversarias
ferozes -fia harmonia e da graça./ : ';
Possuil-a em corpo e alma: advinhar-lhe José Ricardo. — Da companhia portuguezá
A origem das tristezas e alegrias que se achá';actualmente no Recreio Dramático, _ é o
Exigir d'ella tudo : e tudo dar-lhe, único, artista veriâdeiro. Sua voz porém é insuppor-
Num ambiente de aromas e harmonias!.,.. » lavel... companheira inseparavel da Sra. Auzenda
(lo Apollo. •
E um curioso, ao ler tão bel los versos, retrucou : Levam Ultimamente a
Sra. Mercedes continua a deságradar-nòs o ouvido
« Amar uma mulher é phantasia cada vez maisíp Que lastima !...'
Inspiração do poeta...
Barbósa-Ruy.
E ' contemplar, tristezas e alegria,
N.'uma illusoria meta;
Possuil-a em corpo e alma, o quanto possa,
Até que ella se esqueça.., Entre marido e mulher:
Nunca pensar que essa mulher é nossa. Amanhã fazes ánnps, meu queridinho, vou com-;
Que o amor é chamma espessa4í.. » prar-te um presente.
Sim, filhinha', mas compra baratinho, porque o
Assim dizemos, nós homens, e J | mulheres;;: do.anno*passado ainda não consegui pagar...
fazem de nós o mesmo conceito.
Pará os namorados, tudo é prazer e tudo é * * . *

pezar ê, si o hymeneu os prende um dia, ou a


esposa constitue-stf adversaria da vida conjugal, ou Entii noivos: -
o marido vae procurar... alento, nos cinemathogra- Estás tào indifrerente hoje, Lálá...
phos, nos passeios a beira-mar... finalmente: nunca ;—• Nem por isso, Fifi !
se acha importuno, fora de. seu lar... .-— Diz-me, ao menos, uma palavra doce; -
E ' moda e a moda conduz á malicia. •—• Assucar...
Antigamente, olhar-se para um moça bonita c * * *

elegante,-, por natureza, era o cliic dos rapazes...;


Hoje, isso já é retrogrado: substituiram-lhe as Um pndre'é nomeado vigário de uma freguezia
Saias satis dessous, as blusas transparentes e amanhã r u r a i s , o seu primeiro cuidado, ao tomar posse, foi
(quem sabe? !) a senhorita smart, renderá culto ao examinar o livro dos casamentos.
templo de Vcsta e; voltaremos ao tempo (ias Phry- — Tenciona fazer alguma estatística ? pergun
ncas -e Lais\... tou-lhe alguém.
Depois, mais : tarde, encontrar nos-hemos nos — Sim, senhor ; desejo saber si se casam mais
dias de Adão e Eva y passaremos a viver no homens do que mulheres...
paraíso Celeste, onde, por culpa dos nossos pães
* * *
primeiros, não havendo serpente nem Fructo Pr o-
hibido, a sociedade se definhará pouco á pouco, até Conversas...
não existir nem mais um ser !
0 Mário, onde vae? !
E eis, então, o fim do mundo!...
Rio, 9x1. -— Não sei ...naturalmente fazer os exames de
Nahele. madureza no Gymnasio Petropolis!
6 A EVOLUÇÃO LITTERARIA

Ecce Homo

Trazendo á Natureza uma pujança brava


A doirada razão do viço e da á l e g r i a s Q
Dispersada por tudo, a Vida triumphava,
Emquanto o sol, por toda a esph.era, ria... ria..:

Ria de flôr em flôr; no insecto que passava,


R i a ; nas virações, no azul, na pedra fria,'
N o passaro gentil, na f u r n a esconsa e cara,
R i a ; por toda a parte, em s u m m â | ria,-., ria...

E o Rei da Creação, o Homem, pausado e lento,


Crâvou o olhar no céu, numa grande tristeza,
Que era a sombra talvez de um grande pensamento.

E, alto, na solidão, que'.;lhe, augmentava o porte,


Em meio ás expansões joviaes da Natureza,
Elle tinha na fronte a pallidéz da morte...

BAPTISTA CEPELLOS.

A INVEJA

De unhas, pretas, de olhar absconso c boCca hedionda


Procura a escuridão de corrupta pousada.
Que em détrictos lethaes e immundiciaS aronda,
A torpe. inveja, mãe do grime e ' da cilada.' .;'

Quando -tudo adormece a satanica' ronda


Começa-: e suja a flor, deixa a lymplia turbada,
Contra os astros impreca;:os4;ninhos esbarrondá
S- g o l f a espuma , e atira a babá'empeçonhada.; ,: v

Onde quer que-repouze u torva e má, pupilla


Amizades; destróe e a concordia aniquila :
Nem ha bem que ,não mate e mal que não a b o r d e !

De demencia tomada e de cólera extrema,


Escabuja e se fere, urra,, grita, blasphema,
Como serpe que em raiva a própria cauda morde.

GOULART DE ANDRADE.
A EVOLUÇÃO' LITTEEARIA 7

sempre agitadas do Prata, que vinham quebrar-se


Nas aguas do Prata em vagalhões enormes na encosta do navio. Toda a
madrugada passamos n'aquelle feliz e doce enlevo
na quietude do dezerto tombadilho, emquanto lá em
IMJfJRESSÕES D E V I A G E M baixo, no salão, era toda uma confuzão de corpos
que dançavam, embriagados pela harmonia dos
Quando o « Oyapoc », déscosendo-se do caes sons. pelos vapores do cham-pagne e pelo perfume
arrastado por dois rebocadores, atroou o espaço com que se evolava das carnes femeninas...
um apito grosso, forte e démorado a noite despia
lentamente aninhando sob as suas negras azas a Vinham os pirmeiros albores da manhã corando
opulenta e bella capitál argentina. Lá ficavam no a face do horizonte quando aportamos a Montevi-
porto, acenando-me com os. alvos lenços nos últimos déo. Era domingo de carnaval e toda a cidade,
adeuzes, quatro velhos amigos e cinco guapas rapa- aquella hora já fremia e palpitava n'uma alegria
rigas, companheiros inseparáveis das noites de imensa.
orgia no Cassino e nos tripots chics. Perto do caes um landau tirado por uma pare-
E lá de lonje, livre já dos rebocadores, ainda - lha de cavalos negros esperava a familia Sarmiento.
atirei um ultimo- olhar cheio dè saudades p a r a essa Eu a acompanhei até o carro, beijei as mimo-
encantadora cidade, onde em oito dias gozava mai« zas mãos da menina Sarmiento, e, quando este par-
que nos dezoito anos da minha existencia; iam apa tiu em vertiginosa carreira, ainda ouvi a sua vóz
recendo as primeiras luzes, e, na escuridão que meliflua e aveludade : a las onze en la calle dezocho
envolvia. Buenos-Ayres, pareciam primeiras estrelas e Julho) e perdeu-se por entre aquella multidão de'
fulgindo n'um céu de carvão pulverizado. carros que cruzavam, deixando-me no peito o gér-
Estava-se em Fevereiroy e o « Oyapoc » con- men de um sentimento inextinguível.
_duzia a mais fina flôr dà sociedade bonairense para
os magníficos banhos de Montevideo. / . Vittasbôas.
SOLILOQUIOS
Era todo um farfalhar de seda, um brilhar de
jóias caras, uma mistura de vozes de homens que
discutiam politica internacional e de mulheres que;
falavam em muzica, poezia, amôr, etc., naquelle
chie sotaque castelhano que prende a alma e fala ao
coração.
Servido o jantar, que só terminou lá pelas dez
Eu tenho um medo tremendo de passar por
horas, todo elle regado a champagne,a orquestra
um typo diffícil, contrario a todo o mundo, ávido de
mignon de bordo, fez ouvir uma dessas valsas senti-
singularidades.
mentais dè Strauss, que nos acordam as mais pris-
Mas também desconfio' loucamente da tal
cas saudades, e toda aquella multidão agitou-se,
rotina, do- sentimento commum, do amen incondi-
enchendo por completo o salão do vaporzinho. Ali
cional.
não se conhecia ninguém, mas todos eram Íntimos,
como si fossem velhos amigos. E ' por isso que não sei o qúe dizer quando
todos se põem a vivar, canonisar, endeusar a Sra.
A's duas-horas da madrugada, vinha do buf ei D. Izabel, como sendo a redemptora dos escravos.
onde acabava de saborear algumas fructas secas e Acho que nenhum elogio merece. O que ella
alguns goles de champagne, com a .filha do capi- fez foi 0 mais restricto dos seus deveres.
lista Sarmiento, única pessoa com quem dançara
Não fez favor algum nem áo Brazil, nem ao
toda a noite, quando esta convidou-me a ir respirar
mundo, nem aos fazendeiros, nem mesmo aos pobres,
no tombadilho. Fomos > estava deserto. As, mãos
negros. Fez ò que se teria feito sem ella, branda 1
geladas da linda bonairense apertavam as minhas de
menté, é verdade, mas egualmente. O mundo civi-
modo singular, os seus olhos grandes e negros
lisado arregalara os olhos sobre 0 Brazil ; a nodoa
tinham uma cintilação extranha e um ligeiro suor
«negra» maculava a limpidez dos nossos ceus ; a
lhe inundava o lábio superior. Sentamo-nos muito
humanidade, estremecia aos sons dos lamentos dos
unidos sobre um banco e ella começou a falar-me
escravos e ao sibilar feroz do chicote sobre a pelle
muito junto ao rosto, com uma voz meliflua e ave-
do negro. De todos os páizes civilisados só o Brazil
ludada, entretecendo as frazes com suspiros. Era
ainda apertava entre suas mãos os terríveis grilhões
toda uma declaração «louca, apaixonada, de um
da humilhação! E ' sabido que a Inglaterra aprisio-
amôr nascido n'aquella noite em o seu coraçãozinho
nou em aguas brazileiras, navios carregados de
de quinze annos. A'quellas frazes simples e verda-
escravos ; — outros envergonharam-se por nós !.;,
deiras, ditas com receio, só ençontrei uma resposta :
cobri os coralinos lábios que m'as'proferiram de Os negros, por sua parte, seriam, em breve,
beijos muitos, ardentes, sensuais, cujo ruido se per- bem capazes de se libertar por si, sem auxilio de
dia na escuridão da noite com o marulhar das aguas redemptoras piedosas.
8 A EVOLUÇÃO LITTERARIA

13 de Maio! Francamente, é-dignc de astima A' cata dè recursos foi para a Amazónia terra
um povo que acha um titulo de gloria, o cumpri- de illusões, de riquezas fáceis e de sonhos doirados
mento de um dever quasi elementar ' que deslumbram a mente de muita gente tola e
Endeusar um acto, que pela necessidade intrín- muita 'gente sabida...
seca das leis spciaes, impunha-se já ha tauto tempo, Para lá partiu no « Planeta », a carroça mais
parece-me um absurdo tão grande que não louvo, ruim do « Lioy d », calhambeque mofento e caduco.
nem condemno; admiro-me com as turbas ! Como única bagagem levava uma mala de coiro crú,
com fechadura antiga, chamada de broca, e prega-
, Samuel Bruce.
ria doirada, traste .sertanejo da ultima metade do
'si-culo dezoito, forte, pesada e feia. Na tampa pre-
gara um rectângulo de papel almasso branco,-com
tres I.I.J, em letras maiusculas, muito negras e
ECHOS DE MARCO 5
muito fi^tozas.-
Pergu ít-i lhe ao embarque o que significavam
aquelias le.. as tào negral ;é tão orgulhosas. Respon-
deu-mt', enrolando o grosseiro cigarro, que eram as
A primeira idéa~ que nos occorre ao espirito, suas inieiaes, as primeiras letras do seu nome por
cifra-se nas eleições íederaes. extenso. '
Que balbiirdia j Que constrangimento K .Do teu nomél exclamei.
O dia; 3 de Março fôi o pavor , do povo, do Sim j-. que duvida ! Do meu nome por extenso !.
pacato povo carioca. • Do meu nomei Lixãndre Liveira Limai São, tres,
Parecia que um Nero áterrorig#á os habitantes I.I.J,, pòis não são? !
de uma nova Roma... Nessa mesma occasião dei-lhe o meu cartão de'
'Tudo fugia ao movimento da cidade; refugia- ulsita com o endereço: João do Norte, Barão de
ram se todos em casa.; as urnas limitaram se a uma Mesquita, 42 A.
vigésima parte dos seus admiradores de outrora... Y Pedi-lhe quèi me "escrevesse mandando noticias
* * * pSIlye de outros camaradas meus, rudes pioneiros
perdidos 11a selvatiqueza do Acre e do Juruá.
Depois succedem -se em nossa-lembrança as No iim de quatro mezes recebi uma carta com.
novas estações theatraes u a imprensa toda noticia, o catimbo longínquo de Pâfrío Alonso.,-Ao abril-a
Ora a cnegada. do sympaiiiico José Ricardo, ora. a «storei de riso. Ri 1 Ri loucamente, furiosamente !,... -
estreia, 310 A.polio, da EXIMIA Cremilda de Oliveira, Era dò Alexandre, e o sobreSorípto rezava assim:
artista de FÔLEGO, INTELJLIGENCIA e GRAÇA, que col- João do Norte, Barão de Mesquita AÁAA... Virei
loca os .amantes do palco 11 um frenesi constante, o êásèloppe: os AA não haviam cabido dum só
delicioso,,. lado; .rodearam pelo outro, em iinha, negros, rígi-
E o mez -se escapa, e o mez somme-se na dos, firmes, graves e mudos como soldados em
obscuridade do passado,- rápido como o pensamento parada.
humano, breve como a sinceridade feminina... Num canto uns ascendiam abeirando a carta.
Tive a pachorra de contal-os. Eram quarenta e
dois ! ! Quarenta e dois, Deus do céo! Nem urd de
mais, nem um de menos!,..

A João do Norte.

O Alexandre de Oliveira Lima foi uma das


creaturas mais tolas que'eu conheci ' e com quem Conversas...
privei. ;
Travei relações com elle numa fastidiosa c — Sabes ? ! O Dr. Justo Mendes de Moraes
longa viagem de caminho de ferro, ao atravessar o foi exonerado do cargo de promotor adjunto!...
comboio, ;por entre nuvens de pó. sob a ardência do Y— Que injustiça!!!...
sol, a vastidão erma dos sertões do norte.. . — Injustiça justa... pois elle não é Justo ?
Deus . lhe fale n'alma, ggpOis já passou desta
* * *
para. melhor nas fauces sinistras dum jacaré, no
torvo e volumoso Xingú. Conversas...
Por mais que houvesse vivido em um meio Este Pinto da Rocha é turuna! Pois não é que
adiantado e em boa convivência, nunca perdeu a o diabo do homem está convertendo, com os seus
estupidez nata que o caracterizara: era bruto como artigos no Diário de Noticias, as ideias do Com-
um jumento de carga, bruto como um gallego de mendador dó Lycêo ? !
carroça. — ? 1..,
A EVOLUÇÃO LlTTERARÍA 9

Para que os moços e as senhoritas possam


HELENE escrever, escrever a vontade, sem restrições, abri-
mos hoje essa secção litteraria com tres concursos:
Ainda existe, cruel, ainda em meu peito
Se nutre da paixão o fogo activo, OS NOSSOS CONCURSOS
Ainda contra teu gosto, por ti vivo,
Fazendo o sacrifício mais perfeito. CONCURSO N. 1

Ainda te adoro, ainda te respeito, (Para senhoritas)


Vendo em ti de meus males o motivo, O que é o amor ? ! As melhores respostas entra-
Porém o coração, de: amor captivo, rão em sorteio, sendo o premio de io$ooo.
No captiveiro vive satisfeito. Recebemos soluções até 15 de Junho proximo
vindouro •
Se ás vezes contra ti queixumes solto,
Do que fiz insensato então me admiro,, CURCUSO N. 2
E aos meus antigos sentimentos volto... •(Para homens)
Só por ti vivo, só por ti respiro; . Qual será o predicado mais necessário, mais
Sahirá com minh'alma, em pranto envolto indispensável á existência humana?
Teu nome unido ao ultimo suspiro!... As condições desté concurso sãó idênticas as
do antecedente.
CONCURSO N. 3
(Para meninos e meninas).
O que é ser bom filho!...
Postaes de theatro Recebemos respostas até o dia 30 de Maiò.
A melhor resposta será publicada em nossa Revista,
conquistando o seu auctor um exemplar do apreciado
.4— Contos Pátrios |J- de Olavo Bilac.
A Republica de Portugal, são pronubòs auspi-
cios de, uma. aliança entre o Brazil e a -primeira com- Dr. K. C. T .
panhia portuguezá do mundo...
Galhardo a
* PELO MARGONI
Para uma artista ser perfeita,, impeccavel, é
mister que conheça o chic dos esgares e compro-
meta—se com um homem só...
Cremilda. Fortaleza, 1. — Cahiu, apodrecido, um fiapo
da barba do Sr. Accioly. Grande consternação na
Uma bôa voz agrada e deleita, mas uma gar- cidade.
ganta torta atormenta e entristece os bolsos do espe- Rio, 4. — O Deputado Bethencourt Filho, por
ctador... desgostos politicos, tentou raspar as costellstas.
Auzenda. Causou profundo pezar aos eleitores democratas/
esse rasgo de... desespero...
Quan<i> se ama, podem os jornaes falar e cri- Rio, 5. — O Intendente Ernesto Garcez pro-
ticar, descompor e ridicularisar... O coração não nunciou em praça publica um intelligente discurso,
esfria... terminando a sua peça oratoria com a generosa
Rangel. phrase: « Como é para o bem do povo e felicidade
Está conforme. geral da Nação », declaro que sou, d'ora avante.
Augusto Vasconcellos. O distincto intendente foi
S. Antonio das 4. verdades. muito applaudido e o Sr. Nicanor prometteu assi :
gnalal-o á historia por tão brilhante resolução.
Petropolis, 6. — Está em estado comatoso a
Conversas... residencia dos Presidentes da nossa Republica.
Onde éstão os civilistas ? !... Attesta o seu medico assistente que a desventurada
— Em casa, meu amigo. Nem todos podem ir Senhora morrerá de thraumatismo moral, enfermi-
a... Europa. dade oriunda do máu trato que lhe dispensou o
esposo do presente quatrienio...
y ?i
10 A EVOLUÇÃO LITTERARIA

Petropolis, 6 — Sepultou-se hoje o chapéu Trajava então um rico terno de elegante


marron do poeta Luciano. Ao enterramento de tão frack, botinas de verniz,!, tendo a mão esquerda
illustre personagem compareceram todas as chape- uma. bella granada cercada dum chuveiro de bri-
larias petropolitanas. lhantes que attrahiam os olhares alheios quando
Petropolis, 7Í|j|f Grande sortimento de doces levava a mão a altura da vista para firmar o
está sendo vendido por uma sogra áos alumnos do monoculo.
G. P. Dinheiro a vista e concurrencia considerável. A sua entrada causou pouca curiosidade, por-
Onde está o Ministro ? ! que procurou mesmo occultar-se.
Telegràphista. Logo após, porém, á execução de uma valsa
AUSENCIA elle atravessava o salão em busca de Rulita.
N'esta occasião não houve um olhar que não
seguisse. eSse prototypo de homem ideal, que'
occupando-se da encantadora Rulita, parecia menos-
prezar os demais.
O baile prolongou se até n manhã seguinte.
Vicejando pelas suas dezenas de annos, appli- Carlinhos promettera a Rulita seguil-a num
cara exclusivamente ao estudo o seu tempo, o Car- amor infindo;; que duraria até a morte.
linhos, como era conhecido. Dispuzeram os seus comprimissos _ n'uma
Mancebo, de aspecto pedantesco, de altitude cadêa de inflexíveis élos e, para expansão de seus
austera, mas obececado por sentimentos voluptuosos. sentimentos, reuniam-sè todas ás tardes, onde pas-
N'esta adolescência, já merecia, dentro de suas savam horas e horas esquecidas á falar nas imagens
áttribuições, acreditados conceitos, Fez-se Cirur que Cnfido apresenta para deleitar os corações que
gião-Dentista e cursava, ao mesmo tempo, Phar- se amam.
macia e Direito. Assim, cada dia que se passava, perpetuavam
. . .Certa vez, o Carlinhos, plaçidamente notara ao se as suas amizades, arçhetypos dos nobres senti-
seu pensamento uma tristeza profunda, quando, de mentos.
súbito, uma voz eloquente sorprehendeu-lhe daquelle O. mundo, a vida, Mara olles. eram os effluvíos
incommodo lethargo. do affecto que os alimentava e nada mais.
Era d'uma loira , menina,, dè: olhos somnam- Mas, como ao riso succede a dôr, veiu o sór-
bulos, de faces aveludadas com um roseo attra- dido momerito escurecer os ideaes sonhados...
hente, realçando-lhe o bellò de Seus carmineós Um < lia. Rulita estreitando se nos braços de
lábios. Carlinhos deixou escapar de seus olhos o pranto de
Carlinhos ficou marmorisado, num êxtase con- quem soffre, divulgando-lhe que motivos imperiosos
templativo ante a imagem de uma mulher esbelta, obrigavam seu Pae a partir^*dentro de 24 horas,
perfumosa e com feições de boneca. para o sul.
Ê o Ínclito Carlinhos, sceptico que era, dessa Deixava então, dizia ella v em suas mãos o seu
vez, comsigo mesmo, não patenteara a duvida de retrato;
seguir entusiasticamente o curso de ousado con- Poucas horas lhe faltavam. Tão cedo não pode-
quêrant. ria vel-o.
Essa deidade era uma visita de sua irmã, qu° Na manhã seguinte dirigiu-se Carlinhos ao
a recebia, então á sala da frente. cáès é alli se deteve durante longo tempo, até que
O salão já se achava repleto, quando Carli- sentiu aquella ave do oceano, buscando as plagas do
nhos, entre esgares, recebia angelicamente uma além é martyrisando o seu terno coração que, em
apresentação paradisíaca. amargos prantos, osculava frenético, o retrato dé
Tornou-se, sem duvida, o protogonista da sua diva, sua relíquia, sonhos de seus clias-
palestra e excusado será analysar-tó; a impressão
notável que causou a fecunda substancia de suas 3" - 9 f I -
palavras, pregadas num tom solemne e altiloquo. Acilio Borges de Araujo.
Aquella visita encerrava um motivo:
Era oriunda de um convite para um baile fami-
liar solemnisando um baptisado a se realisar tres
E ' com intimo prazer que' recommendamos ao
dias depois.
publico os Drs. Açylino de. Lima. e Sebastião
Foi um dia de esplendor e a noite ainda mais
bella se tornou. Tamanqueira. Estes distinctos médicos dão cônsul
tas na acreditada pharmacia do humanitario phar-
A família de Carlinhos já procurara Rulita,
maceutico Gaspar Augusto da Fonseca, á rua
que era a única pessoa da casa com quem. dispunha
Archias Cordeiro, 462 (Todos os Santos).
de conhecimento; mas este se deixou para mais
tarde, querendo ser o ultimo á apresentar-se.
A HVOLUÇÂO LITTERARIA 11

PASSA TEMPO
ALMANAK DOS THEATROS
E ' de lastimar que não possamos inaugurar
esta secção, imparcial e franca, com a apresentação Um premio ao maior decifrador.
de uma companhia nacional. * * *

Infelizmente não temos ainda quem se inte-


resse pelos artistas, brazileiros, dentre os quaès. os Charadas novíssimas
melhores, -por amor ao estornago, viram-se forçados
a incorporar-se nas companhias portuguezas. 2 — 1 — 0 adverbio e a contracção formam
* * * appellido.
1—2—A quarta nação dá gravetos.

Actualmente estão, entre nós, tres companhias : V. G. P.


duas portuguezas e uma italiana.
* * *
Vamos vel-as, aqui, tal qual são.
Theatro Apollo : Charadas casaes
Temos ultimamente nesse theatro a companhia
de Luiz Galhardo companhia portugueza de 2 Nos pés tenho a terra.
operetas è revistas, que evolue dia a dia, graças ao CARMEN.
esforço de seu emprezario e a bôa vontade dos Está conforme.
artistas. Xisto.
Galhardo apresentou ao publico até h o j e : REGULAMENTO
Amor de Príncipe, Viuva Alegre, Conde de
Luxemburgo, Princeza dos Dollares, Sonho de
Valsa. -Viuva Triste e Dansarina Descalça onde
ápparecem, aos amantes do A poli o, Maria Ghezzi
e o tenor brazileiro Roberto Ferri. Entre outros
altistas que fazem parte d'esta companhia, podemos As soluções devem ser escriptas dum só lado
notar Olympio Nogueira, Gomes, Grijó, Armando 'do papel e acompanhado do peseudonymo do cha-
de Vasconcellos, Cremilda e Auzenda de Oliveira. radista.
Os trabalhos charadistícos podem ser confec-
Theatro Recreio: cionados por qualquer diccionario, uma vez que o
A companhia: José Ricardo, portugueza tam- seu auctor o cite.
bém, de operetas e revistas, está entre nós e, cremos, O praso para as soluções termina em 25 de
tem sido muito concorrida. Junho de 19x1.
Occupa logar saliente n'essa empreza a nossa Para obter-se inscripções nessa secção é mistei
o verdadeiro nome e a residencia do candidato.
patrícia Abigail Maia e os seus únicos artistas bons
são: José Ricardo e Mattos. Tem gosto, comtudo, XISTO.
na montagem das peças e orchestra afinada, o que
não acontece, infelizmente, no Apollo.
Palace-Theatre : Conversas...
A companhia Vitale tem feito verdadeiros suc- — Fostes ao Derby ?
cessos e conquistado as mais expontâneas ovações. — F u i e ganhei...
Pensamos, porém, que a companhia não tem artis- H j i § Meus parabéns êntão.
tas senão em voz, relativamente ás outras. — Qual parabéns, ganhei experiencia e pó
A PITTA
pelas ventas !...
* * *

Definitivamente os brazileiros nasceram para


poetas. A nossa Revista nem estava no prélo e já
Leiam O S É C U L O .
uma enxurrada de. versos estreavam a cesta da nossa
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faz brotar novos cabellos» Comjèrsas...


impede a sua queda, faz Mas, meu Arthur, esquecia-me%ei;pergun-
vir uma barba forte e sadia tár-feV teus tido noticias do tua. sogra?
e faz desapparecer completa- Tenho s i m ^ i filha, ainda hontem, recebeu
mente a caspa e quaesquer uma carta d ella dizèndo-lhe que o seu estado é
parasitas da cabeça e da barba. deplorável • de.... .
' — De ?!...
— De "saúde, meu amigo !
B i t t t i i i Sltitoil
RUA l.° de MARÇO, 17, antigo 9
ÍNDICE
Rio de Janeiro DA.

-fr Eíolução Litteraria


OFFICINA DE GRAVURA o nósso Director honorário — R.

Aã©Mm@ Marques : — PBoemicaSB Rs


V - Factos e Nota? — R.
49 _ Homenagens ao Mestre <.,(4 sonetos em uma
^ só folha). — R . -...
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'6° — Evangelho dos Caiporas—Genius.
m O fl íhMrtHM) yo Fim do Mundo - N a t r e l e .
8? _ Chronica Theatral — R .
o? —Ecce Homo e Inveja.
10o — Nas aguas do Prata - J . V i l l a s B ô a s .
Casa Mendonça ; X I o _ goiiioquios—Samuel B r u c e .
12? — Ecbes de Março — R.
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