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CURSO CARREIRA JURÍDICAS CERS 2018:

DIREITO PENAL – PROFESSOR ROGÉRIO SANCHES


APRESENTAÇÃO DA MATÉRIA:
Módulo I Módulo II
Teoria geral da norma Teoria geral da pena
Teoria do Crime Crimes em espécie

Bibliografia: Rogério Greco; Cesar Roberto Bittencurt; Livros do


Rogério Sanches - Manual com Código Penal comentado: Manual
de direito penal e Código penal para concursos, ambos da editora
Juspodivm. Coleção Revisaço – para exercícios.

Módulo I:
AULA 1:
PARTE GERAL – DIREITO PENAL:
Conceito de Direito Penal:
a) ASPECTO FORMAL/ ESTÁTICO: Direito penal é o conjunto de
normas que qualifica certos comportamentos humanos como
infrações penais, define os seus agentes e fixa sanções a serem-
lhes aplicadas.
b) ASPECTO MATERIAL: O direito penal refere-se a
comportamentos considerados altamente reprováveis ou
danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos
indispensáveis à própria conservação e progresso da sociedade.
c) ASPECTO SOCIOLÓGICO/ DINÂMICO (TJ/ PR): Direito penal
é mais um instrumento de controle social, visando assegurar a
necessária disciplina para a harmônica convivência dos
membros da sociedade.
Aprofundando o enfoque sociológico:
A manutenção da paz social demanda a existência de normas
destinadas a estabelecer diretrizes.
Quando violadas as regras de conduta, surge para o Estado o dever
de aplicar sanções (civis ou penais).
ATENÇÃO:
Nessa tarefa de controle social atuam vários ramos do Direito. O
direito penal é só um dos ramos. Todos os ramos (exs: direito civil,
penal, etc.) com a mesma finalidade, que é a de controle social.
E ao se violar uma regra, surge para o Estado o poder- dever de
aplicar sanções. Ele tem vários ramos que vão ajuda-lo nesse mister.
Quando ele usa o direito penal? Lembrando que o direito penal tem
a consequência mais drástica.
Ele usa o direito penal quando a conduta atenta contra bens jurídicos
especialmente tutelados, merece reação mais severa por parte do
Estado, valendo-se do Direito Penal.
IMPORTANTE:
O que diferencia a norma penal das demais é basicamente a espécie
de consequência jurídica. O direito penal responde com pena
privativa de liberdade, muitas das vezes. É claro que o Estado
somente irá usar essa norma poderosa chamado direito penal
quando estiver diante de relevante e intolerável lesão aos bens
jurídicos mais importantes e indispensáveis à convivência humana. –
Princípio da Intervenção mínima.
ATENÇÃO!
IMPORTANTE DIFERENCIAR (MP/MG):

DIREITO PENAL CRIMINOLOGIA POLÍTICA CRIMINAL


(ciência penal) (ciência penal)

Analisa os fatos Ciência empírica Trabalha as


humanos que estuda o crime, estratégias e meios do
indesejados, define o criminoso, a controle social da
quais devem ser vítima e o criminalidade.
rotulados como comportamento da
crimes ou sociedade.
contravenção,
anunciando as
penas.

Ocupa-se do crime Ocupa-se do crime Ocupa-se do crime


enquanto norma. enquanto fato. enquanto valor.
Exemplo: define Exemplo: quais Exemplo: estuda
como crime lesão fatores contribuem como diminuir a
no ambiente para a violência violência doméstica e
doméstico e familiar. doméstica e familiar. familiar.

Observa-se o principal diferencial indicativo dos objetos do Direito Penal, da Política


Criminal e da Criminologia. A Criminologia não se preocupa com o conteúdo normativo a ser
aplicado ao delinquente, mas estuda o delinquente como ser, assim como a vítima e o controle
social. Analisa os fatos praticados e suas consequências no sentido da busca de entendê-los
como fatores formadores do complexo criminal; não se atém à imputação da pena e à situação
derivada desta imputação. A norma merece desenvolvimento científico à parte. Aliás, dela
(norma penal) se ocupam o Direito Penal e a Política Criminal, em âmbitos diferenciados e
estranhos ao mundo dos fatos da Criminologia.

DIREITO PENAL: MISSÃO


Na atualidade, a doutrina divide a missão do Direito Penal em:
1- MISSÃO MEDIATA
2 – MISSÃO IMEDIATA
1- MISSÃO MEDIATA:
a) Controle Social
b) Limitação ao Poder de Punir do Estado
O direito penal quer controlar a sociedade com regras, e ao
mesmo tempo, o direito penal quer servir de limite ao poder de punir
do Estado. O direito penal coloca regras para o cidadão e também
para o Estado no momento de punir este cidadão quando ele violar a
regra. O direito penal é não somente, uma espada que te ameaça
com penas como também te traz garantias o dia em que o Estado
vier com a espada em sua direção.
OBS.: Se de um lado o Estado controla o cidadão, impondo-lhe
limites, de outro lado, é necessário também limitar seu próprio poder
de controle, evitando a hipertrofia da punição.
2- MISSÃO IMEDIATA:
A doutrina diverge: (MP/MG - 1ª fase)
1ª Corrente: A missão imediata do Direito penal é proteger bens
jurídicos (Roxin e o seu funcionalismo teleológico e moderado).
2ª Corrente: A missão imediata do direito penal é assegurar a
vigência da norma. ( Iacobis – e o seu funcionalismo sistêmico e
radical).

DIREITO PENAL: CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:


1- DIREITO PENAL SUBSTANTIVO x DIREITO PENAL
ADJETIVO
DIREITO PENAL DIREITO PENAL ADJETIVO
SUBSTANTIVO
Corresponde ao direito penal Corresponde ao direito
material, o direito dos crimes e processual penal (processo/
das penas. (crime/ pena). procedimento).

2- DIREITO PENAL OBJETIVO x DIREITO PENAL SUBJETIVO


(Magistratura de Santa Catarina):
DIREITO PENAL OBJETIVO DIREITO PENAL SUBJETIVO
Traduz o conjunto de leis Refere-se ao direito de punir do
penais em vigor no país. Estado.

O código penal é um direito


penal objetivo. Lei de drogas é
um direito penal objetivo. Lei dos
crimes ambientais também é.
A) Direito penal subjetivo
POSITIVO: traduz a
capacidade de criar e
executar normas penais.
Compete ao Estado.

B) Direito penal subjetivo


NEGATIVO: poder de
derrogar preceitos penais
ou restringir seu alcance.
Aqui compete ao Judiciário
no controle de
constitucionalidade.

Este direito de punir do Estado não é absoluto.


Livro sinopses:
Direito penal objetivo: constitui-se das normas penais
incriminadoras (definem as infrações penais e cominam as
sanções penais) e não-incriminadoras.

Direito penal subjetivo: é o direito de punir do Estado (jus


puniendi), ou seja, o direito do Estado de aplicar as normas
penais. O direito de punir possui 3 momentos: 1º) ameaça da
pena (pretensão intimidatória); 2º) aplicação da pena (pretensão
punitiva); 3º) execução da pena (pretensão executória). Até
mesmo na hipótese de ação penal privada o Estado não transfere
o jus puniendi à vítima, mas sim possibilita por parte desta o
exercício do jus accusationis.

CUIDADO! O DIREITO DE PUNIR ESTATAL NÃO É ABSOLUTO /


INCONDICIONADO / ILIMITADO: LIMITES DO DIREITO DE
PUNIR ESTATAL:
1 - Quanto ao MODO;
2 – Quanto ao ESPAÇO
3 – Quanto ao TEMPO
LIMITES DO DIREITO DE PUNIR ESTATAL:
1- Quanto ao MODO:
Quanto ao modo: o direito de punir deve respeitar direitos e garantias
fundamentais.
Como bem explica Canotilho, mesmo nos casos em que o legislador
se encontre constitucionalmente autorizado a editar normas
restritivas, permanecerá vinculado à salvaguarda do núcleo essencial
dos direitos, liberdades e garantias do homem e do cidadão.
2- Quanto ao ESPAÇO:
Em regra, aplica-se a lei penal aos fatos cometidos no território
nacional. – Art. 5 CP: Princípio da territorialidade.
“Art. 5º, C.P. - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções,
tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no
território nacional. ”
3- Quanto ao TEMPO:
O direito de punir não é eterno. Por isso o direito penal trabalha com
o instituto da PRESCRIÇÃO. Prescrição é o limite temporal ao direito
de punir.
Em resumo, como bem alerta, Paulo César Busato:
“o Estado não é absolutamente livre para fazer uso desse poder de
castigar através de emprego da lei. Sua tarefa legislativa, e de
aplicação da legislação, encontram-se limitadas por uma série de
balizas normativas formadas por postulados, princípios e regras, tais
como a legalidade, a necessidade, a imputação subjetiva, a
culpabilidade, a humanidade, a intervenção mínima, e todos os
demais direitos e garantias fundamentais como a dignidade da
pessoa humana e a necessidade de castigo”.
ATENÇÃO: O direito de punir é monopólio do Estado, ficando
proibida a justiça privada.
A justiça privada configura crime, do art. 345 CP.
“Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima,
salvo quando a lei o permite:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à
violência”.

Não cabe a legítima defesa como punição privada paralela à


punição estatal, pois a legítima defesa o Estado não está tolerando
você à aplicar pena à alguém, ele está tolerando você defender seu
interesse ameaçado ou colocado em risco por uma agressão injusta.
Portanto a legítima defesa não pode ser vista como uma tolerância
do Estado para que o particular aplique pena. A legítima defesa o
particular não está aplicando pena, e sim o particular está se
defendendo. Mesmo tendo ocorrido legítima defesa, aquele que
agrediu injustamente o seu bem jurídico vai sofrer a pena do Estado.
Não cabe como punição privada paralela à punição estatal em
crimes de ação penal de iniciativa privada, pois o Estado não
transfere o direito de punir pro particular. Ele só transfere o direito de
perseguir a pena. O direito de punir continua do Estado.
CUIDADO! Há um caso que o Estado tolera a punição privada
paralela à punição estatal:
ESTATUTO DO ÍNDIO (art. 57 da Lei nº 6001/73) “Art. 57. Será
tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as
instituições próprias, de sanções penais ou disciplinares contra os
seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante,
proibida em qualquer caso a pena de morte. ”
O TPI é exceção ao monopólio do direito de punir do Estado? Não.
O T.P.I (Tribunal Penal Internacional) não representa exceção à
exclusividade do direito de punir do Estado.
O art. 1 do Estatuto de Roma, que criou o TPI, deixa claro que o T.P.I
é complementar. – Principio da complementariedade.
“Estatuto de Roma - Artigo 1º - O Tribunal - É criado, pelo presente
instrumento, um Tribunal Penal Internacional ("o Tribunal"). O
Tribunal será uma instituição permanente, com jurisdição sobre as
pessoas responsáveis pelos crimes de maior gravidade com alcance
internacional, de acordo com o presente Estatuto, e será
complementar às jurisdições penais nacionais. A competência e
o funcionamento do Tribunal reger-se-ão pelo presente Estatuto. ”
O T.P.I será chamado à intervir somente se, e quando a justiça
repressiva interna falhar, se tornar omissa ou insuficiente.
O que significa criminalização primária? E secundária?
CRIMINALIZAÇÃO PRIMÁRIA: diz respeito ao poder de criar a lei
penal e introduzir no ordenamento jurídico a tipificação criminal de
determinada conduta.
CRIMINALIZAÇÃO SECUNDÁRIA: atrela-se ao poder estatal de
aplicar a lei penal introduzida no ordenamento, com a finalidade de
coibir determinados comportamentos anti-sociais.

3- DIREITO PENAL DE EMERGÊNCIA x DIREITO PENAL


PROMOCIONAL / POLÍTICO / DEMAGOGO
DIREITO PENAL DE DIREITO PENAL
EMERGÊNCIA PROMOCIONAL/ POLÍTICO/
DEMAGOGO
Atendendo as demandas de O Estado, visando a
criminalização, o Estado cria consecução dos seus objetivos
normas de repressão, políticos, emprega leis penais
ignorando garantias do cidadão.
desconsiderando o princípio da
intervenção mínima.
Finalidade: devolver o Finalidade: usar o direito penal
sentimento de tranquilidade para a transformação social.
para a sociedade.
Exemplo: Lei dos crimes Exemplo: Estado criando
hediondos (Lei nº 8.072/90) - contravenção penal de
sequestro do Abilio Diniz mendicância (revogada) para
(pressão da mídia). acabar com os mendigos ao
invés de melhorar políticas
públicas.

DIREITO PENAL SIMBÓLICO? A lei nasce sem qualquer eficácia


jurídica ou social. É aquela lei penal simbólica sem eficácia, e é sem
eficácia porque ignora direitos e garantias fundamentais ou porque
não tem aceitação da sociedade.
VELOCIDADES DO DIREITO PENAL:
Idealizadas por Silva Sánchez.
Trabalha com o tempo que o Estado leva para punir o autor de uma
infração penal mais ou menos severa.
Quanto mais grave a infração, mais severa a pena e mais
demorado deve ser o processo.
Quanto menos grave a infração, menos severa a pena e mais
célere pode ser o processo.
1ª. VELOCIDADE: Enfatiza infrações penais mais graves, punidas
com pena privativa de liberdade, exigindo procedimento mais
demorado, observando todas as garantias penais e processuais.
Crimes graves, penas privativas e procedimento mais demorado,
observando todas as garantias penais e processuais, nesse
procedimento eu posso ouvir mais testemunhas, nesse procedimento
tem prazos maiores, nesse procedimento eu tenho mais atos
processuais.
2ª. VELOCIDADE: Flexibiliza direitos e garantias fundamentais,
possibilitando punição mais célere, mas, em contrapartida, prevê
penas alternativas. Nessa velocidade os crimes são menos graves,
as penas são alternativas e por isso é admitido o procedimento mais
célere, flexibilizando direitos e garantias fundamentais. É um
procedimento com menos testemunhas, menos prazos, menos atos
processuais. Estou falando de um procedimento mais rápido porque
estou diante de um crime menos grave e que não corre risco de
prisão, e sim penas alternativas.
3ª. VELOCIDADE: Mescla a 1ª velocidade e a 2ª velocidade:
Defende a punição do criminoso com pena privativa de liberdade (1ª
velocidade).
Permite, para determinados crimes, a flexibilização de direitos e
garantias constitucionais (2ª velocidade).
Então eu tenho crimes graves, penas privativas e procedimento
célere, flexibilizando direitos e garantias fundamentais. Ex:
autorizando a apreensão de bens; venda antecipada de bens
produtos do crime antes mesmo do trânsito em julgado do processo
criminal. Então estou diante de procedimentos céleres, mesmo com
objeto crime grave sujeito à pena privativa.
VELOCIDADES DO DIREITO PENAL: Quadro Comparativo
1ª VELOCIDADE 2ª VELOCIDADE 3ª VELOCIDADE
Pena privativa de Penas alternativas. Pena privativa de
liberdade liberdade.
Procedimento Procedimento Procedimento
garantista. flexibilizado. flexibilizado.
Ex: CPP. Ex: Lei 9.099/95. Ex: Lei 13.260/16
(terrorismo).

Hoje temos doutrina anunciando a 4ª (quarta) velocidade do Direito Penal ou neopunitivismo, ligada ao
Direito Penal Internacional, mirando suas normas proibitivas contra aqueles que exercem (ou exerceram)
chefia de Estados e, nessa condição, violam (ou violaram) de forma grave tratados internacionais de tutela
de direitos humanos. Para tanto, foi criado, pelo Estatuto de Roma, o Tribunal Penal Internacional. Trata-
se da primeira instituição global permanente de justiça penal internacional, com competência para
processar e julgar crimes que violam as obrigações essenciais para a manutenção da paz e da segurança
da sociedade internacional em seu conjunto.

Cuidado, Silva Sanches não reconhece a 4ª velocidade.

SINOPSES DE CONCURSO- 4ª VELOCIDADE OU DIREITO PENAL DO NEOPUNITIVISMO:

Neopunitivismo é um termo cunhado por Daniel Pastor. Seria o modelo de sistema penal utilizado
pelo Tribunal Penal Internacional, com restrição e supressão de garantias penais e processuais penais
de réus que no passado ostentaram a função de chefes do estado e, como tal, violaram gravemente
tratados internacionais que tutelam direitos humanos.
FONTES DO DIREITO PENAL:
Fontes do direito penal significa: lugar de onde vem e como se
exterioriza o Direito Penal.
1- FONTE MATERIAL: estudo de onde vem o direito penal, “a
fábrica”.
2 – FONTE FORMAL: estudo como se propaga o direito penal,
como se exterioriza o direito penal.
1- FONTE MATERIAL (“fábrica”): é a fonte de produção da norma,
órgão encarregado de criar o Direito penal. Este órgão é a União, art.
22, inciso I, CF.
“Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito
civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho; ”
IMPORTANTE!
Lei complementar pode autorizar os Estados à legislar sobre Direito
Penal incriminador no seu âmbito. “Art. 22, parágrafo único. Lei
complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre
questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. ”
CUIDADO, somente os Estados, os municípios não!
2- FONTE FORMAL (“propagar o produto fabricado”): é o
instrumento de exteriorização do direito penal. É o modo como as
regras são reveladas. É a fonte de conhecimento ou cognição.
FONTE FORMAL FONTE FORMAL
( doutrina clássica) (doutrina moderna)
Imediata: LEI Imediatas:

1- Lei (é a única incriminadora);


2-CF;
3- tratados internacionais de
direitos humanos;
4-jurisprudência;
5- princípios;
6- atos administrativos
(principalmente complementando norma
penal em branco).

Mediatas: Mediata:
- costumes - doutrina
- Princípios gerais de direito

2- FONTES FORMAIS
a) Imediatas (de acordo com a doutrina moderna):
a.1) LEI: é uma fonte formal imediata, único instrumento capaz de
criar infrações penais e cominar sanções.
a.2) CONSTITUIÇÃO FEDERAL: é fonte formal imediata, não pode
criar crimes ou contravenções e não pode cominar sanções.
ATENÇÃO:
# Pergunta (fase oral MP/SP):
Se a C.F. é superior à lei, porque ela não pode criar infrações penais
ou cominar sanções?
Nucci diz que o processo rígido e moroso de alteração da CF é
incompatível com a agilidade que merecem as normas penais.
Muito embora não possa criar infrações penais ou cominar sanções,
a C.F. nos revela o Direito Penal estabelecendo patamares mínimos
(mandado constitucional de criminalização) abaixo dos quais a
intervenção penal não se pode reduzir.
EXEMPLOS DE MANDADOS CONSTITUCIONAIS DE
CRIMINALIZAÇÃO explícitos:
 “Art. 5º, XLII, CF - A prática do racismo constitui crime
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão
(patamares mínimos), nos termos da lei; (a lei é quem cria o
crime de racismo e comina a sua pena). ”
 “Art. 5º, XLIV, CF - Constitui crime inafiançável e imprescritível
(patamares mínimos) a ação de grupos armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático; ”
Existem mandados constitucionais de criminalização implícitos?
(MP/GO) De acordo com a maioria, existem mandados de
criminalização implícitos, com a finalidade de evitar intervenção ou
proteção insuficiente do Estado (imperativos de tutela). Ex: O
legislador não poderia retirar o crime de homicídio do ordenamento
jurídico, porque a C.F./88 garante o direito à vida.
Obs.: Com base nesse mandado implícito, questiona-se a legalidade
de projetos que buscam descriminalizar o aborto.
a.3) TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS:
-Fonte formal imediata.
-Podem ingressar no nosso ordenamento jurídico de 2 formas:
Eles podem ingressar com status de emenda, se aprovados com
quórum de emenda pelo Congresso OU, se aprovados com quórum
comum eles ingressam com status supralegal (inferior à
constituição, mas superior à Lei ordinária). Veja abaixo:

ATENÇÃO: respeitável corrente doutrinária se posiciona no


sentido de que os tratados, versando sobre direitos humanos (e
somente eles), uma vez subscritos pelo Brasil, se incorporam
automaticamente e possuem (sempre) caráter constitucional, a teor
do disposto nos §§ 1º e 2º, do art. 5º, da CF. (FLÁVIA PIOVESAN).
CUIDADO: Importante esclarecer que os tratados e
convenções não são instrumentos hábeis à criação de crimes ou
cominação de penas para o direito interno (apenas para o direito
internacional). Assim, antes do advento das Leis 12.694/12 e
12.850/13 (que definiram, sucessivamente, organização criminosa),
o STF manifestou-se pela inadmissibilidade da utilização do conceito
de organização criminosa dado pela Convenção de Palermo,
trancando a ação penal que deu origem à impetração, em face da
atipicidade da conduta (HC nº 96007).
Há quem sustente que a punição da conduta de desacato seja
incompatível com a legislação internacional de que o Brasil faz parte.
A Convenção Americana sobre os Direitos Humanos – à qual o
Brasil aderiu por meio do Decreto nº 678/92 – garante, no artigo 13,
a liberdade de pensamento e expressão, e a Comissão
Interamericana de Direitos Humanos já se manifestou no sentido de
que a legislação de desacato vigente no continente americano
contraria os termos da Convenção: “A ameaça de sofrer punições
penais por expressões, sobretudo nos casos em que elas
consistissem de opiniões críticas de funcionários ou pessoas
públicas, gera um efeito paralisante em quem quer expressar-se, que
pode traduzir-se em situações de auto-censura incompatíveis com
um sistema democrático”.
a.4) JURISPRUDÊNCIA:
- Fonte formal imediata.
-Revela direito penal, podendo inclusive ter caráter vinculante.
Não quer dizer que a jurisprudência precisa sempre ter caráter
vinculante para revelar o direito penal. Pois ela não precisa ter caráter
vinculante, ex: art. 71 CP – trata da continuidade delitiva.
Ex: “Art. 71 C.P. - Quando o agente, mediante mais de uma
ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e,
pelas condições de tempo (jurisprudência propõe 30 dias), lugar,
maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes
ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de
um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas,
aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. ” Ou seja,
entre o primeiro e o último crime não pode decorrer tempo superior à
30 dias.
a.5) PRINCÍPIOS:
- Fonte formal imediata;
- Não raras vezes, os tribunais absolvem ou reduzem penas
com fundamento em princípios.
-Exemplo: Princípio da Insignificância – uma causa de
atipicidade material.
a.6) ATOS ADMINISTRATIVOS:
- Fonte formal imediata quando complementam norma penal
em branco.
- Exemplo: Lei de drogas é complementada pela portaria 344/
98 da anvisa. Eu tenho um ato administrativo complementando
norma penal em branco e revelando o direito penal.

2- FONTE FORMAL
b) Mediata (de acordo com a doutrina moderna)
b.1) DOUTRINA
# E OS COSTUMES? Os costumes não aparecem nem como
fonte formal mediata, nem imediata. Os costumes são classificados
como fontes informais do direito penal, de acordo com a doutrina
moderna.
CARACTERÍSTICAS DA LEI PENAL:
(A) Exclusividade: somente a lei define infrações penais e
comina sanções.
(B) Imperatividade: a lei é imposta à todos
independentemente da vontade de cada um.
(C) Generalidade: Todos devem acatamento à lei penal,
mesmo os inimputáveis que estão sujeitos por exemplo à medida de
segurança.
(D) Impessoalidade: dirige-se abstratamente à fatos e não à
pessoas.

CLASSIFICAÇÃO DA LEI PENAL


(A) Lei penal incriminadora: define as infrações penais e
cominam as sanções que lhes são inerentes.
Obs.: Em sua estrutura a lei incriminadora é composta de um
preceito primário e um secundário. No primário: tenho a definição da
conduta criminosa. No secundário: eu tenho a sanção penal
aplicável.
(B) Lei penal não incriminadora ou lei penal em sentido amplo:
também denominada lei penal em sentido amplo, não tem a
finalidade criar condutas puníveis nem de cominar sanções a elas
relativas, subdividindo-se em:
(i) permissiva (justificante ou exculpante);
(ii) explicativa ou interpretativa;
(iii) complementar e (iv) leis de extensão ou integrativas.
Será permissiva justificante a lei penal não incriminadora que
torna lícita determinadas condutas que, normalmente, estariam
sujeitas à reprimenda estatal. Exemplo: artigo 25 CP- legítima defesa
– tenho aqui uma norma permissiva justificante.
A lei penal não incriminadora explicativa ou interpretativa se
destina a esclarecer o conteúdo da norma. Exemplo: Artigo 327 CP
– que trata do conceito de funcionário público.
Será complementar a lei penal não incriminadora que tem a
função de delimitar a aplicação das leis incriminadoras. Exemplo: Art.
5 CP- ele estabelece as fronteiras de atuação da lei penal.
Por fim, a lei penal de extensão ou integrativa é aquela utilizada
para viabilizar a tipicidade de alguns fatos. Exemplo: art. 14, II CP e
art. 29 CP.
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL:
O ato de interpretar é necessariamente feito por um sujeito
que, empregando determinado modo, chega a um resultado.
INTERPRETAÇÃO:
1 – quanto ao sujeito
2 – quanto ao modo
3 – quanto ao resultado
1- Interpretação quanto ao SUJEITO (ou interpretação quanto
à ORIGEM):
a) Interpretação autêntica (ou legislativa): é aquela
fornecida pela própria lei. Exemplo: art. 327 CP.

“Art. 327, C.P. - Considera-se funcionário público, para os


efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem
trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou
conveniada para a execução de atividade típica da
Administração Pública.

A interpretação autêntica (ou legislativa), fornecida pela


própria lei, subdivide-se em:
(i) Contextual: editada conjuntamente com a norma penal
que conceitua.
(ii) Posterior: lei distinta e posterior conceitua o objeto da
interpretação.

b) Interpretação doutrinária (ou científica): é a interpretação


feita pelos estudiosos.

c) Interpretação jurisprudencial: dada pelos tribunais. Pode


ter caráter vinculante.

CUIDADO! Exposição de motivos do Código Penal: é


exemplo de interpretação DOUTRINÁRIA, feita pelos doutos
que trabalharam no projeto. Cuidado não é interpretação
autêntica ou jurisprudencial.

2- Interpretação quanto ao MODO:


a) Gramatical / Filológica (TJ/ MS) / Literal: considera o
sentido literal das palavras.

b) Teleológica: perquire a intenção objetivada na Lei. Ex:


estatuto do desarmamento art. 16, prevê sobre o porte e
posse de armas, porém o art. 16, § único: prevê condutas
assemelhadas, não necessariamente o porte ou a posse
de armas; será que o art. 16, § único é hediondo?
Segundo doutrinadores, entendem pela interpretação
teleológica: falando assim, não, a intenção do legislador
era tornar hediondo somente a posse ou o porte ilegal da
arma de uso proibido, não podemos abranger o parágrafo
único, neste caso eles estão fazendo uma interpretação
teleológica. Ex2: é crime o diretor do presídio deixar
entrar celular no presídio, mas e se for carregador, chip,
acessórios, neste caso tem doutrina, incluindo o STF e
STJ na jurisprudência, dizendo que numa interpretação
teleológica a intenção era não somente punir a entrada
do celular, mas também os acessórios que permitem o
uso desse tipo de aparelho.

c) Histórica: indaga a origem da Lei.

d) Sistemática: interpretação em conjunto com a legislação


em vigor e com os princípios gerais do Direito.

e) Progressiva (ou evolutiva): busca o significado legal de


acordo com o progresso da ciência.

3- Interpretação quanto ao RESULTADO


a) Declarativa / Declaratória: é aquela em que a letra da
lei corresponde exatamente aquilo que o legislador quis
dizer (nada suprimindo, nada adicionando).

b) Restritiva: aqui a interpretação reduz o alcance das


palavras da lei para corresponder à vontade do texto.

c) Extensiva (+ cai no concurso): amplia-se o alcance das


palavras para que corresponda à vontade do texto.

RELEMBRANDO AS ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO


INTERPRETAÇÃ INTERPRETAÇÃ INTERPRETAÇÃ
O QUANTO AO O QUANTO AO O QUANTO AO
SUJEITO MODO RESULTADO
1- Autêntica 1- Literal 1- Declarativa
2- Doutrinária 2- Teleológica 2- Restritiva
3- Jurisprudenc 3- Histórica 3- Extensiva
ial 4- Sistemática
5- Progressiva

ATENÇÃO! A doutrina cita, ainda, duas espécies de interpretação:


1- INTERPRETAÇÃO “SUI GENERIS”
Se subdivide em:
a) EXOFÓRICA:
b) ENDOFÓRICA

1- INTERPRETAÇÃO “SUI GENERIS”:


a) EXOFÓRICA: o significado da norma interpretada não está no
ordenamento normativo.
Exemplo: art. 20 C.P. (“tipo”) – quem define o que é tipo legal é a
doutrina – e não a lei. O significado de tipo não está no ordenamento
normativo, mas na doutrina.
“Art. 20 CP - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime
exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto
em lei. ”
b) ENDOFÓRICA: o texto normativo interpretado empresta o sentido
de outros textos do próprio ordenamento normativo (interpretação
muito utilizada nas normas penais em branco).
Exemplo: art. 237 C.P. – a expressão “impedimento para casamento”
é interpretada de acordo com o Código Civil. O significado está no
Código Civil, isto é, outro texto do próprio ordenamento normativo.
“Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência de
impedimento que lhe cause a nulidade absoluta:
Pena - detenção, de três meses a um ano. ”
No direito penal, você também vai encontrar a interpretação
conforme a Constituição. A constituição informa e conforma o
ordenamento infraconstitucional, e não poderia ser diferente no tema
direito penal.
Interpretação Extensiva:
Admite-se interpretação Extensiva contra o réu? É possível
interpretação extensiva em prejuízo do réu? Temos 3 correntes
discutindo esse assunto:
1ª Corrente (Nucci e Luiz Regis Prado): É indiferente se a
interpretação extensiva beneficia ou prejudica o réu (a tarefa do
intérprete é evitar injustiças). Luiz Regis Prado lembra que a
constituição federal não proíbe interpretação extensiva contra
o réu.
2ª Corrente (Adotar se for prestar para Defensoria Pública):
Socorrendo-se do Princípio do “in dubio pro reo”, não admite
interpretação extensiva contra o réu (na dúvida, o juiz deve
interpretar em seu benefício). Está corrente tem um aliado, que
é o Estatuto de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional,
art. 22, §2 diz que no caso de ambiguidade a norma será
interpretada à favor do réu, á favor da pessoa objeto de
inquérito, objeto de acusação formal ou condenada.
3ª Corrente (Zaffaroni): Em regra, não cabe interpretação
extensiva contra o réu, salvo quando interpretação diversa
resultar num escândalo por sua notória irracionalidade. Ex: art.
157, §2, I, CP prevê o roubo majorado pelo emprego de arma;
o que vem à ser arma? Uma primeira corrente entende que
arma abrange somente instrumentos fabricados com finalidade
bélica  interpretação restritiva. Já a segunda Corrente
entende que a expressão arma abrange qualquer instrumento
com ou sem finalidade bélica, servindo para o ataque 
Interpretação Extensiva, está 2ª corrente é a que prevalece no
STF e no STJ.
CUIDADO!!!! Não confunda INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA
com Interpretação Analógica:
Interpretação Analógica: é uma interpretação INTRALEGEM.
Onde o Código, atento ao Princípio da Legalidade, detalha todas
as situações que quer regular e, posteriormente, permite que
aquilo que a elas seja semelhante, passe também a ser abrangido
no dispositivo. Exemplos seguidos de encerramento genérico.
Ex1: art. 121, §2, I, III e IV CP  estes incisos trabalham com
interpretação analógica, ou seja, exemplos seguidos de
encerramento genérico. Portanto veja:
Art. 121, I: mediante paga promessa de recompensa (=
exemplos), ou por outro motivo torpe (= encerramento genérico).
III: com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura (=
exemplos) ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar
perigo comum (= encerramento genérico).
IV: à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação(= exemplos)
ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do
ofendido (= encerramento genérico).

ANALOGIA: Não é forma de interpretação, mas de INTEGRAÇÃO.


OBS: A analogia pressupõe lacuna. A analogia parte-se do
pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada ao caso
concreto, motivo pelo qual é preciso socorrer-se de previsão legal
empregada à outra situação similar.
Pressupostos da ANALOGIA no direito penal:
a) Certeza de que sua aplicação será favorável ao réu. Ou seja, só
admito uma analogia “in bonam partem”.
b) Existência de efetiva lacuna a ser preenchida (temos que estar
diante de uma omissão involuntária do legislador).
Exemplo 1: Art. 181, I, CP:
“Art. 181 – É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos nesse
título, em prejuízo:
I- Do cônjuge, na constância da sociedade conjugal.

Fala do cônjuge, será então que abrange União estável? Sim. Pois
furto entre cônjuges, ou furto entre conviventes numa união estável
são situações semelhantes, é uma lacuna involuntária.
Exemplo 2: Furto, art.155, § 2 CP:
“Art. 155 – subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena- reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§2- Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode
substituir a pena de reclusão pela a de detenção, diminui-la de um a dois terços,
ou aplicar somente a pena de multa.

OBS: Perceba que também existem privilégios na apropriação


indébita (art.168 CP), no estelionato (art.171 CP), na receptação (180
CP). Portanto o privilégio do art. 155, aplica-se à estes outros 3 arts.
(168, 171 e 180 CP) por expressa disposição legal.
E no roubo (art. 157 CP) será que não é possível o privilégio? Há
uma lacuna, mas não é involuntária, portanto não admite-se o
privilégio, aqui estamos diante de um silêncio eloquente do
legislador, ou seja, propositalmente o legislador não quer abranger a
figura do privilégio no roubo.

Interpretação Interpretação Analogia


Extensiva Analógica
Forma de Forma de Forma de integração
interpretação interpretação
Existe norma para o Existe norma para o Não existe norma
caso concreto caso concreto para o caso concreto
Amplia-se o alcance Exemplos seguidos Cria-se nova norma
da palavra de encerramento a partir de outra (Só
genérico quando
FAVORÁVEL ao
réu).

-------------------------------//--------------------------------------------------
AULA 2:
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL:
4 grupos:
1º Princípios relacionados com a MISSÃO FUNDAMENTAL DO
DIREITO PENAL
2º Princípios relacionados com o FATO DO AGENTE
3º Princípios relacionados com o AGENTE DO FATO
4º Princípios relacionados com a PENA
1º Princípios 2º Princípios 3º Princípios 4º Princípios
relacionados com a relacionados com relacionados com o relacionados com
MISSÃO AGENTE DO FATO
FUNDAMENTAL DO
o FATO DO a PENA
DIREITO PENAL AGENTE

1.1 Princípio da 2.1 Princípio da 3.1 Princípio da 4.1 Princípio da


exclusiva proteção exteriorização ou responsabilidade dignidade da
dos bens jurídicos materialização do pessoal pessoa humana
fato
1.2 Princípio da 2.2 Princípio da 3.2 Princípio da 4.2 Princípio da
intervenção mínima legalidade responsabilidade individualização da
subjetiva pena
2.3 Princípio da 3.3 Princípio da 4.3 Princípio da
periculosidade/ culpabilidade proporcionalidade
lesividade
3.4 Princípios da 4.4 Princípio da
Isonomia pessoalidade
3.5 Princípio da 4.5 Princípio da
presunção de vedação do “bis in
inocência idem”

1º Princípios relacionados com a MISSÃO FUNDAMENTAL DO


DIREITO PENAL:
1.1 Princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos: O direito
penal deve servir apenas para proteger bens jurídicos
relevantes.

CONCEITO DE BEM JURÍDICO:


Bem jurídico é um ente material ou imaterial, haurido do
contexto social, de titularidade individual ou metaindividual,
reputado como essencial para a coexistência e o
desenvolvimento do homem em sociedade.

CONCLUSÃO: A criação de tipos penais deve ser pautada pela


proibição de comportamentos que de alguma forma exponham
a perigo ou lesionem valores concretos essenciais para o ser
humano, estabelecidos na figura do bem jurídico.
Cuidado o direito penal não deve tutelar determinada religião.
E sim o direito penal deve tutelar a liberdade de crença, para a
convivência do homem em sociedade de forma harmônica deve
ser garantido a este homem a liberdade de crença, e não impor
ao homem determinada religião.

O direito penal não deve impor determinada orientação sexual.


E sim o direito penal deve tutelar a liberdade da orientação
sexual, a livre escolha, punindo por exemplo a homofobia.

# Pergunta de concurso (MP/MG): O que é


ESPIRITUALIZAÇÃO DO DIREITO PENAL? Percebe-se uma
expansão da tutela penal, para abranger bens jurídicos de
caráter coletivo, transindividual, ensejando a denominada
ESPIRITUALIZAÇÃO/
LIQUEFAÇÃO/DESMATERIALIZAÇÃO/ DINAMIZAÇÃO DO
BEM JURÍDICO. Exemplo: direito penal tutelando o meio
ambiente.

1.2 Princípio da intervenção mínima:

Um esquema para entender: inúmeros são os fatos do meio


jurídico (aliás o direito penal só se preocupa com fatos), esses
fatos podem ser: HUMANOS OU DA NATUREZA, fatos da
natureza dos quais não participem o homem não interessam
para o direito penal. O direito penal só interessam fatos
humanos, que podem ser DESEJADOS ou INDESEJADOS
pelo meio social. O direito penal não está preocupado com os
fatos desejados. Somente com fatos humanos indesejados.

O direito penal é norteado pelo Princípio da Intervenção


Mínima, significa que o direito Penal tem como características:
a) SUBSIDIARIEDADE: Subsidiário significa que o direito
penal para intervir ele aguarda o fracasso dos demais
ramos.
b) FRAGMENTARIEDADE: fragmentário significa que o
direito penal só vai intervir se houver relevante lesão ou
perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
CONCEITO DO Princípio da INTERVENÇÃO MÍNIMA: O direito
penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, de modo
que sua intervenção fica condicionada ao fracasso das demais
esferas de controle (caráter subsidiário), observando somente os
casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado
(caráter fragmentário).
Caráter fragmentário e subsidiário, dependendo do doutrinador troca
um por outro. Mas a maioria da doutrina o conceito que prevalece é
este.
IMPORTANTE: O princípio da insignificância é desdobramento
lógico de qual característica da intervenção mínima? É
desdobramento lógico da fragmentariedade.

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ou Princípio da bagatela:


 É um princípio limitador do direito penal.

 É causa de atipicidade material (crime tem como primeiro


substrato o fato típico. O fato típico é composto de conduta/
resultado, nexo e tipicidade. A tipicidade é uma tipicidade
formal + material. Formal é operação de ajuste, fato e norma.
A tipicidade material é a relevância da lesão ou perigo de lesão.

 O princípio da insignificância exclui a tipicidade material.

 Em resumo: o princípio da insignificância pode ser entendido


como um instrumento de interpretação restritiva do tipo penal.
Sendo formalmente típica a conduta e relevante lesão, aplica-
se a norma penal, ao passo que, havendo somente a
subsunção legal, desacompanhada da tipicidade material, deve
ela ser afastada, pois que estará o fato atingido pela
atipicidade.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA DE ACORDO COM OS
TRIBUNAIS SUPERIORES (STF/ STJ):
Requisitos:
1- Ausência de periculosidade social da ação;
2- Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
3- Mínima ofensividade da conduta do agente;
4- Inexpressividade da lesão jurídica causada.
OBS: são todos requisitos objetivos.

OBSERVAÇÕES SOBRE O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA:


STF e STJ: para aplicação do princípio da insignificância, consideram
a capacidade econômica da vítima (STF- RHC 96813; STJ-Resp.
1.224.795).
“A verificação da lesividade mínima da conduta apta a torná-la
atípica, deve levar em consideração a importância do objeto material
subtraído, a condição econômica do sujeito passivo, assim como as
circunstâncias e o resultado do crime, a fim de determinar,
subjetivamente, se houve ou não relevante lesão ao bem jurídico
tutelado. ” (Resp. 1224795, Quinta Turma).
Aplica-se o princípio da insignificância caso o agente seja
reincidente, portador de maus antecedente ou criminoso habitual? Os
tribunais superiores de forma majoritária entendem que não se aplica
o princípio da insignificância para esses agentes.
Prevalece no STF e STJ ser incabível o princípio da insignificância
para o reincidente, portador de maus antecedentes, ou o criminoso
habitual. (STF- HC 115707, Segunda Turma; STJ- AgRg no AResp
334272, Quinta Turma).
Para Rogério Sanches, entende que esse posicionamento dos
Tribunais Superiores aparece como campo fértil para o direito penal
do autor. Ou seja, ela não concorda.
Aplica-se o princípio da insignificância para os crimes
cometidos com violência contra a pessoa?
Tem-se admitido o princípio nos crimes contra o patrimônio,
praticados sem violência ou grave ameaça à pessoa. O delito de
furto é exemplo clássico.
CUIDADO: Quando qualificado o furto, porém, tem julgado não
aplicando a insignificância, considerando ausente o reduzido grau de
reprovabilidade do comportamento do agente.
É possível aplicar o princípio da insignificância quando o bem jurídico
tutelado é transindividual, é metaindividual.
Aplica-se o princípio da insignificância para crimes que tutelam
bens difusos e coletivos?
Percebemos a tendência de parcela da doutrina em não admitir a
aplicação do princípio da insignificância quando o bem tutelado é
difuso ou coletivo.
Os tribunais superiores, ora adotam essa tese, ora ignoram, como se
percebe dos exemplos a seguir:
Ex1: STF e STJ negam o princípio nos crimes de estelionato
previdenciário, moeda falsa, posse de drogas para uso próprio,
tráfico de drogas e tráfico de armas. – Aqui temos bens
metaindividuais, razão pela qual STF e STJ NÃO aplicam o principio
da insignificância nesses casos.
Ex2: O STF, no entanto, admite o princípio da insignificância nos
crimes contra a administração Pública praticados por funcionário
público. STJ não admite (Súmula 599).
Ex3: O STF e o STJ admitem o princípio da insignificância nos crimes
contra a administração pública praticados por particulares (ex:
descaminho). STF e STJ R$ 20.000,00.
Ex4: O STF e STJ têm decisões admitindo o princípio da
insignificância nos crimes ambientais (há importante divergência
sobre o assunto).
O STF aplicou o princípio da insignificância para considerar a
inexistência de justa causa para a ação penal contra parlamentar
acusado de pesca ilegal, vez que sua conduta não foi capaz de
causar efetiva lesão ao meio ambiente: “ No caso, de acordo com o
relatório de fiscalização, a autoridade ambiental abordara o deputado
e outras duas pessoas em embarcação fundeada em área marítima
pertencente à unidade de conservação federal de proteção integral.
A Turma reputou não existir, no caso concreto, o requisito justa causa
a propiciar o prosseguimento da ação penal, especialmente pela
mínima ofensividade da conduta do agente, pela ausência de
periculosidade social da ação, pelo reduzido grau de reprovabilidade
do comportamento e pela inexpressividade da lesão jurídica
provocada. Assim, apesar de a conduta do denunciado amoldar-se à
tipicidade formal e subjetiva, não haveria a tipicidade material,
consistente na relevância penal da conduta e no resultado típico, em
razão da insignificância da lesão produzida no bem jurídico tutelado.
A jurisprudência seria no sentido da aplicabilidade do princípio da
insignificância aos crimes ambientais, tanto com relação aos de
perigo concreto- em que haveria dano efetivo ao bem jurídico
tutelado-, quanto aos de perigo abstrato, como no art. 34, “caput”, da
Lei 9.605/1998. ” (Inq 3788/DF, rel. Min. Carmén Lucia, 1º.3.2016).
Aplica-se o princípio da insignificância para os crimes cometidos no
ambiente doméstico e familiar contra a mulher?
O STF decidiu que o princípio da insignificância não se aplica a
crimes cometidos no contexto doméstico e familiar contra a mulher:
“Princípio da insignificância e violência doméstica. Inadmissível a
aplicação do princípio da insignificância aos delitos praticados em
situação de violência doméstica. Com base nessa orientação, a
Segunda Turma negou provimento a recurso ordinário em “habeas
corpus” no qual se pleiteava a incidência de tal princípio ao crime
de lesão corporal cometido no âmbito de violência doméstica contra
a mulher ( Lei 11.340/2006, Lei Maria da Penha)” (RHC 133043/ MT,
Segunda Turma, DJe 20/05/2016).
Na mesma linha vem seguindo o STJ: “ A jurisprudência desta Corte
Superior está consolidada no sentido de não admitir a aplicação dos
princípios da insignificância e da bagatela imprópria aos crimes e
contravenções praticados com violência ou grave ameaça contra a
mulher, no âmbito das relações domésticas, dada a relevância penal
da conduta, não implicando a reconciliação do casal atipicidade
material da conduta ou desnecessidade da pena. Precedentes” (HC
333.195/MS, Quinta Turma, DJe 26/04/2016).
Súmula 589 STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos
crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no
âmbito das relações domésticas.
Aplica-se o princípio da insignificância para atos infracionais?
Atos infracionais são fatos típicos e ilícitos praticados por menores
de 18 anos, são fatos que abstratamente correspondem à crimes
mas foram praticados por menores inimputáveis, estão sujeitos à
medida sócio-educativa.
Resposta: No caso dos atos infracionais, o Estado está obrigado a
aplicar as medidas previstas no ECA ao infrator menor, considerando
seu caráter educativo, preventivo ou protetivo.
Excepcionalmente, porém, diante de peculiaridade do caso
concreto, é possível incidir o princípio da insignificância, desde que
verificados os requisitos necessários para a configuração do delito de
bagatela.
ATENÇÃO: o STJ firmou a posição nesse sentido, reconhecendo
possível o princípio da insignificância nas condutas regidas pelo
Estatuto da Criança e do Adolescente (HC 225607/RS).
Ex: se aplica o princípio da insignificância para o maior, aplica para o
menor que está em concurso com este maior.
PRINCÍPIO DA intervenção mínima e da Insignificância NA
LAVAGEM DE CAPITAIS:
A Lei de lavagem foi alterada, e hoje é possível lavagem tendo como
crime antecedente qualquer infração que gere riqueza.
O princípio da intervenção mínima tem sido invocado no debate
sobre o alcance das disposições relativas á lavagem de dinheiro,
especialmente após alteração da Lei nº 9.613/98. Sabe-se que, em
sua redação original, o art. 1º da referida lei trazia um rol de crimes,
em geral graves, que poderiam ser considerados antecedentes à
lavagem. Uma vez em vigor a lei nº12.683/12, aboliu-se o rol
antecedente, razão por que qualquer infração penal da qual resultem
bens, direitos ou valores passíveis de ocultação ou de dissimulação
pode caracterizar a conduta pressuposta. É nesta circunstância que
a intervenção mínima ganha destaque, pois há apontamentos no
sentido de que deve ser observada a carga de gravidade da infração
penal anterior para que eventualmente se legitime a punição do
branqueamento de recursos dela advindos.
PRINCÍPIO DA BAGATELA/ DA INSIGNIFICÂNCIA X princípio da
bagatela imprópria:
PRINCÍPIO DA BAGATELA:
Princípio da bagatela própria
Princípio da bagatela
imprópria
Os fatos nascem irrelevantes Os fatos nascem relevantes,
para o Direito Penal. mas a pena diante do caso
concreto, não parece
necessária.
Causa de atipicidade material. Retrata a falta de interesse de
punir.
Ex: subtração de caneta bic. Ex: furtei seu relógio de ouro,
vou para minha casa me
arrependo, vou até você e
devolvo o relógio e me disponho
a pagar por efeitos morais em
você, sou primário, sem
antecedente, demonstro ter
arrependimento, o Código penal
trata este caso como
arrependimento posterior. Mas a
doutrina trata como princípio da
bagatela imprópria, pois a pena
não é necessária, já foi
restaurada a paz.

CUIDADO: Não podemos confundir o Princípio da


Insignificância com o Princípio da adequação social:
Princípio da INSIGNIFICÂNCIA Princípio da adequação social
Ambos princípios limitam o Ambos princípios limitam o
direito penal. = direito penal. =
Irrelevância da lesão ao bem Aceitação da conduta pela
jurídico. sociedade.
Ex: fulano subtraiu uma caneta Ex: jogo do bicho.
bic.

O princípio da adequação social: apesar da conduta se ajustar ao tipo


penal, não será considerada materialmente típica se for socialmente
aceita.
2.PRINCÍPIO RELACIONADOS COM O FATO DO AGENTE:
2.1 Princípio da EXTERIORIZAÇÃO/ MATERIALIZAÇÃO DO
FATO: este princípio anuncia que o Estado só pode incriminar
condutas humanas voluntárias, isto é, FATOS. Por meio deste
princípio veda-se o direito penal do autor.
Atenção: veda-se o direito penal do autor: consistente na punição do
indivíduo baseada em seus pensamentos, desejos e estilo de vida.
Conclusão: A constituição federal de 1988 determina um direito penal
do fato. – Ex: art. 2, CP é uma reafirmação do direito penal do fato.
Se nós adotamos um direito penal do fato, como pode o juiz
considerar a reincidência, maus antecedentes, periculosidade do
agente, na fixação da pena? Será que não seria uma maneira de
burlar esse direito penal do fato? Não. O direito penal do autor é
aquele direito que criminaliza pensamentos e estilo de vida, desejo,
torna atípico. Quando o juiz considera a reincidência e maus
antecedentes ele não está tornando típico nada, ele está apenas
individualizando sanção penal.
O nosso ordenamento penal, de forma legítima, adotou o Direito
penal do fato, mas considera circunstâncias relacionadas ao
autor, especificamente quando da análise da pena. – para
obedecer um princípio constitucional que é o princípio da
individualização da pena. Isso não é um direito penal do autor.
Direito penal do autor seria tipificar como crime reincidência.
2.2 Princípio da LEGALIDADE:
Fica para a próxima aula.
2.3 Princípio da OFENSIVIDADE/ LESIVIDADE:
Exige que do fato praticado ocorra efetiva lesão ou perigo de lesão
ao bem jurídico tutelado.
 CRIME DE DANO: no crime de dano ocorre efetiva lesão ao
bem jurídico. Ex: homicídio.
 CRIME DE PERIGO: basta risco de lesão ao bem jurídico. Ex:
art. 132 CP- periclitação da vida e da saúde.

O crime de perigo se divide em:


a) PERIGO ABSTRATO: o risco de lesão é absolutamente
presumido por Lei.

b) PERIGO CONCRETO: o risco deve ser demonstrado.

Temos doutrina entendendo que o crime de perigo


abstrato é INCONSTITUCIONAL. Presumir prévia e
abstratamente o perigo significa, em última análise, que o
perigo não existe. O crime de perigo abstrato para esta corrente
viola o princípio da ofensividade e da ampla defesa, já que o
risco é absolutamente presumido, ou seja, você nem dá chance
de o réu fazer prova em sentido contrário.

Essa tese, no entanto, hoje não prevalece no STF.


Portanto o STF admite o crime de perigo abstrato. No HC
104.410, o Supremo decidiu que a criação de crimes de perigo
abstrato não representa, por si só, comportamento
inconstitucional, mas proteção eficiente do Estado.
Ex1: Embriaguez ao volante- STF decidiu que o ébrio
não precisa dirigir de forma anormal para configurar o crime-
bastando estar embriagado (crime de perigo abstrato).
Ex2: Arma desmuniciada- STF- jurisprudência atual-
crime de perigo abstrato- demanda efetiva proteção do Estado.
Veja, quando falamos em GARANTISMO, temos que
pensar no garantismo que busca proibir excessos (o
garantismo que busca impedir a hipertrofia da punição), e o
garantismo que busca impedir proteção deficiente
(garantismo que trabalha com o imperativo de tutela). As
garantias fundamentais servem para evitar excessos e também
para evitar a proteção deficiente do bem jurídico tutelado, assim
decidiu o STF no HC 104.110 RS.
3º- Princípio relacionados com o AGENTE DO FATO:
3.1 Princípio da RESPONSABILIDADE PESSOAL:
Proíbe-se o castigo pelo fato de outrem.
Está vedada a responsabilidade penal COLETIVA.
Este princípio explica, por exemplo, a obrigatoriedade de o Mp na
condenação individualizar as imputações. E também explica,
obrigatoriedade do juiz individualizar pena.
DESDOBRAMENTOS:
A) Obrigatoriedade da individualização da acusação: está
proibida a denúncia genérica, vaga ou evasiva, o acusador
deve individualizar comportamentos.

B) Obrigatoriedade da individualização da pena: Nos crimes


societários, crimes cometidos por ordem de diretorias, crimes
decididos em sede de diretorias, apropriação previdenciária
cometida por diretores de empresa, sonegação fiscal, estes
crimes societários fica muito difícil a acusação individualizar
comportamento, nestes crimes societários a jurisprudência é
menos rigorosa, nesses crimes societários a jurisprudência
vem admitindo uma denúncia com menos individualização de
comportamentos.

3.2 Princípio da responsabilidade SUBJETIVA:


Não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente,
ficando a sua responsabilidade condicionada à existência da
voluntariedade (dolo/culpa).
Em resumo, está proibida a responsabilidade penal OBJETIVA.

EXCEÇÃO: Se o examinador pedir exceção ao princípio da


responsabilidade subjetiva, ou seja, algum caso em que o
nosso ordenamento admite a responsabilidade objetiva,
exemplo: responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes
ambientais. Pessoa jurídica não tem dolo, não tem culpa.
Alguns até falam que é uma responsabilidade social. –ART.
225 CF.

3.3 Princípio da CULPABILIDADE:


Só pode o Estado impor pena ao agente imputável
(penalmente capaz), com potencial consciência da ilicitude
(possiblidade de conhecer o caráter ilícito do comportamento),
quando dele exigível conduta diversa.
O princípio da culpabilidade nada mais é do que a explicação
dos elementos da CULPABILIDADE terceiro substrato do
crime: 1. Agente Imputável; 2. Potencial consciência da
ilicitude; 3. Exigibilidade de conduta diversa.

3.4 Princípio da ISONOMIA:

“Art. 5º, ‘caput’, CF: Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes: ”
É importante perceber que a isonomia anunciada na nossa
bíblia política, não é uma isonomia formal, mas sim substancial.
Isonomia Substancial (e não formal): deve-se tratar de forma
igual o que é igual, e desigualmente o que é desigual. E foi com
o fundamento da isonomia substancial que o STF afirmou teses
alegando inconstitucionalidade da lei Maria da penha. Portanto
a mulher não é igual ao homem.
OBS: interessante lembrar que as medidas protetivas previstas
na Lei Maria da penha, podem ser aplicadas para o homem,
para o homem vulnerável no ambiente doméstico e familiar- art.
313, III, CPP: criança, adolescente, enfermo ou pessoa
portadora de deficiência.

3.4 Princípio da PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA:

Convenção Americana de Direitos Humanos- art. 8, §2: “toda


pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma a
sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada a sua
culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena
igualdade, às seguintes garantias mínimas: ”

A CF não seguiu a Convenção Americana.

Art. 5, LVII, CF- “Ninguém será considerado culpado até o


trânsito em julgado de sentença penal condenatória; ”

- Adota o princípio da presunção de inocência ou da não culpa?


Há várias correntes, veja:

-Concurso da Defensoria Pública: não trabalha com o princípio


da presunção de não culpa (só com o princípio da presunção
de inocência).

-Demais concursos: trabalham com os princípios como


SINÔNIMOS (presunção de inocência ou não culpa).

DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE


INOCÊNCIA:
a) Qualquer restrição à liberdade do investigado ou acusado
somente se admite após a condenação definitiva.
A prisão provisória é cabível quando imprescindível.

“Art. 312 CPP: A prisão preventiva poderá ser decretada


como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por
conveniência (quando imprescindível para) da instrução
criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando
houver prova da existência do crime e indício suficiente de
autoria. (Redação dada pela Lei nº12.403, de 2011). ”

Cuidado há doutrinadores que criticam este artigo, pois


ninguém pode ser preso quando conveniente para instrução,
e sim quando imprescindível para instrução.

b) Cumpre à acusação o dever de demonstrar a


responsabilidade do réu. E não o réu comprovar a sua
inocência.
c) A condenação deve derivar da certeza do julgador (“in dubio
pro reo”).

Princípio da presunção de inocência e a possibilidade de execução


penal provisória:
No julgamento do HC 126.292/ SP, o STF, modificando
orientação antes firmada, considerou possível o início da
execução da pena após o recurso em segunda instância.

Antes, no HC 84.078/ MG, o tribunal havia considerado


impossível que se executasse a pena antes do trânsito em
julgado da sentença condenatória e estabeleceu a
possibilidade de encarceramento apenas se verificada a
necessidade de que isso ocorresse por meio de cautelar
(prisão preventiva). À época, asseverou o tribunal, para além
do princípio da presunção de inocência, que “A ampla
defesa, não se a pode visualizar de modo restrito. Engloba
todas as fases processuais, inclusive as recursais de
natureza extraordinária. Por isso a execução da sentença
após o julgamento do recurso de apelação significa,
também, restrição do direito de defesa, caracterizando
desequilíbrio entre a pretensão estatal de aplicar a pena e o
direito, do acusado, de elidir essa pretensão”.
No novo julgamento (HC 82.692), considerou-se que a
prisão após apreciação de recurso pela segunda instância
não desobedece a postulados constitucionais- nem mesmo
ao da presunção de inocência- porque, a essa altura, o
agente teve plena oportunidade de se defender por meio do
devido processo legal desde a primeira instância.
Uma vez julgada a apelação e estabelecida a condenação
(situação que gera inclusive a suspensão dos direitos
políticos em virtude das disposições da LC nº 135/2010),
exaure-se a possibilidade de discutir o fato e a prova, razão
pela qual a presunção se inverte. Não é possível, após o
pronunciamento do órgão colegiado, que o princípio da
presunção de inocência seja utilizado como instrumento
para obstar indefinidamente a execução penal. Considerou-
se, ainda, a respeito da possibilidade de que haja equívoco
inclusive no julgamento de segunda instância, que há
medidas cautelares e o habeas corpus, expedientes aptos a
fazer cessar eventual constrangimento ilegal.
O tema voltou à pauta do tribunal por meio das ADC 43 e
44, nas quais se pretendia a declaração de
constitucionalidade do art. 283 do CPP, segundo a qual
“Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente, em decorrência da sentença condenatória
transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do
processo, em virtude de prisão temporária ou prisão
preventiva”. Pretendia-se, com isso, evitar os efeitos da
decisão tomada no habeas corpus já citado, ou seja, que a
prisão se tornasse possível após o julgamento de recursos
em segunda instância.
O objetivo não foi todavia alcançado, pois o STF conferiu ao
art.283 do CPP interpretação conforme para afastar aquela
segundo a qual o dispositivo legal obstaria o início da
execução da pena assim que esgotadas as instâncias
ordinárias.

1) Considerou-se que a presunção de inocência tem sentido


dinâmico, modificando-se conforme se avança a marcha
processual.
Depois do julgamento em 2ª instância, a presunção não
é mais de inocência, mas de não culpa.
O julgamento em 2º grau esgota a análise fática e
probatória.
2) Além disso, deve-se refletir a respeito do conceito de
trânsito em julgado do processo penal, que o Código de
Processo Penal não estabelece.
Não se deve emprestar o conceito de trânsito em julgado
do CPC para o CPP, pois no CPP a revisão criminal está
no capitulo dos recursos e não tem prazo. Logo, o trânsito
em julgado não teria prazo. Diferente do CPC que a ação
rescisória tem prazo.

3) Impedir a execução imediata exigindo que se esgotem


também os recursos constitucionais impõe diversos
efeitos deletérios:
a) Incentiva a seletividade penal
b) incentiva a proliferação de recursos constitucionais
protelatórios.
c) agrava o descrédito que a sociedade nutre pelo
sistema penal.
ATENÇÃO:
 Decisão condenatória de 1º grau  tribunal
confirma  cabe execução provisória.
 Decisão absolutória de 1º grau  tribunal reforma
a absolvição, condenando  cabe execução
provisória.
 Eu não preciso ter convergência das duas
instâncias para que haja execução provisória, isso
é dispensável.
OBSERVAÇÃO: É dispensável a convergência das
duas instâncias, ou seja, ainda que tenha havido
absolvição em primeira instância o provimento da
apelação interposta pelo Ministério Público autoriza a
execução imediata da pena. Não há risco, em
qualquer dessas situações, porque o réu sempre tem
a seu dispor o habeas corpus e as medidas cautelares.
E no caso de foro por prerrogativa de função?
Pessoas que são processadas originariamente no
Tribunal, basta um julgamento para se admitir a
execução penal provisória ou nesses casos devemos
aguardar o julgamento dos recursos constitucionais?
No caso de foro por prerrogativa de função, a
execução penal provisória já começa após o
julgamento do Tribunal, não precisa ter duplo grau de
jurisdição, independentemente de recurso
constitucional. Pois com o julgamento do tribunal já se
esgota a análise fática e probatória.
Depois do julgamento de tribunal, Embargos de
declaração e Embargos infringentes, impedem a
execução penal provisória. Só é cabível a execução
depois de esgotados todos os recursos daquele
tribunal.

4º Princípios relacionados com a PENA: (estudado no módulo II)


4.1 Princípio da DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA;
4.2 Princípio da INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA;
4.3 Princípio da PROPORCIONALIDADE;
4.4 Princípio da PESSOALIDADE;
4.5 Princípio da VEDAÇÃO DO “BIS IN IDEM”.
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AULA 3: Princípio da LEGALIDADE

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