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CURSO DE DIREITO
NOVA IGUAÇU
2019.1
O PAPEL DO JUDICIÁRIO FRENTE AOS ACORDOS DE TRANSAÇÃO PENAL DA
LEI 9099\95
RESUMO
O presente trabalho tem o proposito de relatar o papel do judiciário frente aos acordos de
transação penal da lei 9099\95, já que ocorrido uma infração de menor potencial ofensivo, o
MP ou ofendido pode ofertar a proposta para o suposto autor do fato. É importante ressaltar
que, o objetivo maior desse trabalho é demonstrar a intervenção judicial no acordo de transação
penal, antes de homologa-lo, cujo o conteúdo não seja proporcional ou razoável ao fato
ocorrido. Por isso, será desenvolvido do instituto da transação penal: a origem, o procedimento,
a sentença homologatória, se é vinculada ou discricionária e, se é dever do magistrado
homologar todo e qualquer acordo.
Palavras chave: Lei 9099\95. Transação Penal. Acordos inadequados. Controle Judicial.
SUMÁRIO
1. Introdução; 2. Desenvolvimento; 2.1. A implantação da transação penal no ordenamento
jurídico brasileiro; 2.1.1. Aspectos históricos; 2.1.2. Determinação da Constitucional para
criar o juizado especial criminal estadual; 2.1.3. Infrações de menor potencial ofensivo; 2.2.
Transação Penal; 2.2.1. Conceito; 2.2.2. Natureza jurídica; 2.2.3. Hipótese de cabimento;
2.2.4. Momento para a formulação da proposta; 2.3. Questões importantes referentes à decisão
homologatória do acordo; 2.3.1. Aspectos gerais sobre a homologação; 2.3.2. Natureza
jurídica da sentença homologatória da transação penal; 2.3.3. Controle judicial sobre o acordo
de transação penal; 2.4. Decisão judicial homologatória da proposta de transação penal: Ato
discricionário ou vinculado à proposta do promotor de justiça; 2.4.1. O que é ato vinculado;
2.4.2. O que é ato discricionário; 2.4.3. Sentenças homologatórias do acordo; 2.5. Aspectos
relevantes na legislação, na doutrina, em análise de casos concretos e na jurisprudência,
refletindo se é dever do magistrado homologar todo e qualquer acordo; 3. Conclusão; 4.
Referências.
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
Desde muito tempo, a sociedade brasileira vem almejando um sistema penal ágil e eficiente,
capaz de atender os delitos sociais do dia-a-dia, um sistema eficaz para resolver de maneira rápida as
infrações penais que infringem a população.
Na sociedade brasileira, pairava um clima de impunidade, gerado por um sistema processual
penal ineficiente, incapaz de acompanha o crescimento significativo de delitos. Esse sistema, então
vigente a época, era lento e ultrapassado, sendo motivo de muitas críticas por parte da sociedade, haja
vista a falta de agilidade para resolução dos crimes.
Para inibir o crescimento exagerado de infrações penais, os legisladores modificaram o código
penal, endurecendo a aplicação das sanções. Um exemplo marcante é a lei dos crimes hediondos e outras
leis.
Nesse sentido, no decorrer dos anos, foram várias as tentativas com o intuito de encontrar uma
solução, seja por meio de edições de leis como, por exemplo, a lei 1079/50 que tratou do julgamento
dos crimes de responsabilidade; a lei 5256/67, sobre prisão especial; a lei 1508/51, relatando o rito das
contravenções penais; a lei 4611/65, que tratava dos processos dos crimes culposos e também através
da modificação no próprio texto do código de processo penal. (pedrosa, 1997).
Embora as tentativas de resolver o problema da efetividade do processo penal, com o
incremento de leis ou mesmo com alterações em leis já vigentes, não houve resultado satisfatório.
Não obtendo resultado satisfatório, outra foi a maneira que o legislador encontrara a fim de
resolver e diminuir as infrações penais que vinham infringindo o cidadão, atendendo, assim, os anseios
da sociedade.
Nesse sentido, idealizou-se um sistema que fosse informal, célere, oral, objetivo, finalístico,
ou seja, um sistema consensual que resolvesse, mais rapidamente, os crimes que assolavam a sociedade.
Diante desse contexto, com o advento da globalização e tendo as mudanças realizadas no
sistema processual penal interno não surtido efeito, viu-se os legisladores pátrios nos institutos
conciliadores adotados nos estados unidos da América e na Europa, uma saída para dá uma solução mais
rápida para os delitos ocorridos no Brasil, provável gênese da transação penal. (kyle, 1° ed. Reimpressa
2011).
A Constituição Federal de 1988 deixou, de maneira expressa, uma ordem para que o legislador
infraconstitucional criasse um instrumento processual consensual focado na celeridade na resolução dos
delitos.
Assim prevê o artigo 98, I da CF/88:
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios e os Estados criarão:
Com isso, inspirado nos institutos conciliadores alienígenas e na justiça trabalhista brasileira,
mas com modelo e procedimento próprio, os legisladores criaram a lei 9099/95. (Lima, 2013).
Nesse sentido, diversos projetos foram apresentados a Câmara Dos Deputados Federais para
criar e regulamentar os juizados especiais criminais estaduais. Diante desse contexto, até mesmo, antes
da criação da lei federal 9099/95, alguns Estados, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraíba,
criaram seus juizados especiais, no entanto inconstitucional.
Contudo, para cumprir o mandamento da Constituição, deveria ser por meio de lei federal,
tendo em vista caber privativamente a União legislar em matéria penal e processual penal.
Depois de vários estudos e debates foi criada a lei federal 9099/95, através do projeto dos
Deputados Federais Michel Temer, na parte do Jecrin e do deputado Nelson Jobim com o Jec, sendo
unificados os dois projetos. (Assis, 2013).
Portanto, criou-se o juizado especial criminal, através da lei 9099/95, norteado, de acordo com
o artigo 2°, pelos princípios da oralidade, informalidade, economia processual, celeridade, oportunidade
ou discricionariedade regrada, autonomia da vontade, desnecessidade da pena de prisão e reparação dos
danos sofridos pela vítima, com competência para julgar as infrações de menor potencial ofensivo, isto
é, os crimes com pena máxima cominada não superior a dois anos, cumulada ou não com multa e as
contravenções penais, conforme artigo 61 da lei citada. (Assis, 2013).
As infrações de menor potencial ofensivo são definidas pela lei dos juizados especiais
criminais estaduais (lei 9099/95) no seu artigo 61: “Consideram-se infrações de menor potencial
ofensivo, para os efeitos desta lei, as contravenções penais e os crimes a que alei comine pena máxima
não superior a 1 (um) ano, excetuados casos em que a lei preveja procedimento especial”.
Contudo, o conceito de infrações de menor potencial ofensivo foi ampliado com a criação da
lei dos juizados especiais federais, lei 10259/01.
Assim diz o artigo 2° da referida lei:
Compete ao juizado especial federal criminal processar e julgar os feitos de
competência da justiça federal relativos as infrações de menor potencial
ofensivo.
Portanto, com a lei federal citada, ampliou-se a competência dos juizados especiais criminais
que, assim,
podem julgar, a partir desse momento, os crimes, até dois anos, cumulado ou não com multa.
De acordo com Ada Pelegrini Grinover (2000) A lei dos juizados especiais federais
(lei10259/2001) estendeu o conceito de infração de menor potencial ofensivo, causando efeito na lei
9099/95 de duas maneiras. Nesse diapasão ampliou a abrangência de infração de menor potencial
ofensivo para os crimes sujeitos a procedimento especial. Por outro lado, definiu como infração de
menor potencial ofensivo aquela com pena máxima cominada até dois anos.
Consoante Tourinho filho (2000) Já é pacificado o entendimento de que são de competência
do juizado especial criminal dos estados e do D.F o processo e julgamento das contravenções e do crime
cuja pena máxima não seja superior a dois anos.
Há também o entendimento do fórum nacional de juizados especiais criminais (fonaje,
encontro 46): “A lei 10259/2001 ampliou a competência dos juizados especiais criminais dos estados e
do distrito federal para o julgamento de crimes com pena máxima comina até dois anos, com ou sem
cumulação de multa, independentemente do procedimento”.
Em suma, cabe expressar que a lei 9099/95 trouxe 04 institutos despenalizares para o sistema
processual brasileiro, quais sejam: a composição civil dos danos, a suspenção condicional do processo,
a representação nas lesões corporais culposas ou leves e a transação penal previstos nos artigos 60 e
seguintes da referida lei. Entretanto, a atenção desse trabalho volta-se para a análise do último instituto
conciliador citado.
2.2.1. CONCEITO
A transação penal consiste numa negociação mútua entre o suposto autor do fato e o Ministério
público no qual esta oferta à aplicação de sanção diversa da pena privativa de liberdade, desde que o
autuado preencha todos os requisitos objetivos e subjetivos determinado pela lei.
Nas palavras de Ada Pelegrini Grinover (1996, p. 64), a transação penal consiste em:
concessões mútuas entre as partes e os partícipes.
Segundo João Francisco de Assis (2011), a transação penal pode ser conceituada como:
´´O ato jurídico através do qual o Parquet e o autor, atendidos os requisitos legais, e na presença do
magistrado, acordam em concessões recíprocas para remir ou extinguir o conflito instaurado pela pratica de fato
típico, mediante o cumprimento de uma pena consensualmente ajustada, `` que não seja, frise-se, privativa de
liberdade.``
Nesse diapasão, entendido o conceito do instituto conciliador exposto, cumpre salientar que
a transação penal, ao contrário do processo penal tradicional em que objetiva a imposição de uma pena,
nesse procedimento consensual tem-se uma pena ajustada, ou seja, um acordo de vontades entre o órgão
acusador e o acusado, com a finalidade de afastar o processo penal condenatória.
Assim, depois de compreendido o conceito legal do instituto despenalizado, ora citado, deve-
se entender a natureza jurídica da transação penal.
A natureza jurídica da transação penal é mista alternativa já que comporta duas possibilidades
de efeitos, pois possui natureza processual, produzindo efeito direto na fase processual preliminar do
processo, extinguindo-o e também natureza penal, haja vista afastar a pretensão punitiva do Estado.
Por sua vez, Sergio Turra Sobrane (2001) ressalta a dupla natureza jurídica da transação penal,
em razão de apresentar característica ao mesmo tempo de direito processual quando por seu intermédio
é composto a lide e de direito material penal, uma vez que, por meio dela extingue-se a punibilidade do
fato típico e antijurídico.
Outros juristas preferem não dar nome específico para a natureza jurídica transação penal, mas
apenas relatar que ela é uma aplicação imediata de pena não privativa de liberdade.
Nesse sentido, cumprindo essa exigência legal, imposta pela lei, não sendo o caso de
arquivamento, isto é, ausência de tipicidade do fato ou outro motivo que impeça o oferecimento da
denúncia, como a prescrição ou inimputabilidade, o termo circunstanciado ou inquérito, e ainda não ser
hipótese de arquivamento do feito, o Parquet deverá propor, ao autuado, pena diversa da privativa de
liberdade.
É imprescindível dizer que, consoante o artigo 76, a transação penal é cabível nas ações penais
públicas incondicionadas como também na ação penal pública condicionada a representação, desde que
haja representação.
Por outro lado, é divergente a possibilidade do cabimento da transação penal nas ações penais
privadas.
Alguns autores, com o dilema de ´´quem pode mais pode menos`` defende a possibilidade de
o querelante propor à transação penal, fazendo uma analogia à atividade do MP, com fundamento no
princípio da isonomia. (Assis, 2011, p. 80).
Favorável a corrente positiva, afirma, na sua obra conjunta, que a ação penal privada é
privativa do acusado. Nesse sentido: ´´a ele caberia transacionar em matéria penal, devendo o órgão
acusador, nesses casos, limitar-se a opinar. (Grinover, 1996, p. 124). Márcio Frankilin Nogueira (2003,
p. 167) afirma que: ´´parece mesmo possível ao juiz, por aplicação analógica, permitir a transação penal
nos crimes de ação penal privada. ``
Em posição contraria, encontra-se Pinho (1998 apud Kyle, 2011) que defende, a possibilidade
de apenas ser dado ao querelante o direito de propor a ação penal, ou seja, de exercer o ´´jus persequendi
judicio`` e ao Ministério público a função de oferecer a transação penal. Ainda entende o autor: ´´Isso
está fora de seu poder dispositivo do querelante. ``
Com todas as controvérsias doutrinárias, tem-se o entendimento consolidado da
jurisprudência, no sentido de aceitar a transação penal nas ações de natureza privada. Para ressaltar esse
entendimento, têm-se as decisões judiciais.
Vejamos o que diz o STJ:
PENAL E PROCESSUAL PENAL. AÇÃO PENAL
ORIGINÁRIA. QUEIXA. INJÚRIA. TRANSAÇÃO PENAL. AÇÃO PENAL
PRIVADA. POSSIBILIDADE. LEGITIMIDADE DO QUERELANTE.
JUSTA CAUSA EVIDENCIADA. RECEBIMENTO DA PEÇA
ACUSATÓRIA. I - A transação penal, assim como a suspensão condicional
do processo, não se trata de direito público subjetivo do acusado, mas sim de
poder-dever do Ministério Público (Precedentes desta e. Corte e do c. Supremo
Tribunal Federal). II - A jurisprudência dos Tribunais Superiores admite a
aplicação da transação penal às ações penais privadas. Nesse caso, a
legitimidade para formular a proposta é do ofendido, e o silêncio do querelante
não constitui óbice ao prosseguimento da ação penal. III - Isso porque, a
transação penal, quando aplicada nas ações penais privadas, assenta-se nos
princípios da disponibilidade e da oportunidade, o que significa que o seu
implemento requer o mútuo consentimento das partes. IV - Na injúria não se
imputa fato determinado, mas se formulam juízos de valor, exteriorizando-se
qualidades negativas ou defeitos que importem menoscabo, ultraje ou
vilipêndio de alguém. V - O exame das declarações proferidas pelo querelado
na reunião do Conselho Deliberativo evidenciam, em juízo de prelibação, que
houve, para além do mero animus criticandi, conduta que, aparentemente, se
amolda ao tipo inserto no art. 140 do Código Penal, o que, por conseguinte,
justifica o prosseguimento da ação penal. Queixa recebida.
(STJ - APn: 634 RJ 2010/0084218-7, Relator: Ministro FELIX
FISCHER, Data de Julgamento: 21/03/2012, CE - CORTE ESPECIAL, Data
de Publicação: DJe 03/04/2012).
propor o acordo de transação penal ocorre logo na audiência inaugural com a presença do
acusado e da vítima no juizado especial criminal, depois de tentar compor os danos civis. Não
sendo possível realizar o acordo na audiência preliminar, o juiz deverá designa-la para outro
Desse modo ressalta o artigo 76, $2° da lei 9099/95. Não se admitirá a proposta se ficar
comprovado:
Segundo Mirabete:
Para Tourinho filho: ´´nota-se que a aplicação da pena restritiva de direitos ou multa não
constará de certidão de antecedentes criminais, mesmo porque não se trata propriamente de uma decisão
condenatória, mas homologação de um acordo. `` (Tourinho filho, 2000, p. 119).
Desse modo, é importante frisa, que o acordo de transação penal, insculpido no artigo 76, caput
da lei 9099/95, se dá entre as partes envolvidas no acordo, ou seja, entre o Parquet e o autuado. Cabe
salientar que a vítima não é parte nas ações penais públicas, mas sim o órgão ministerial que é titular
exclusivo da ação penal pública, conforme o artigo 129, I da C.F. (Lima, 2013, p. 56).
Portanto, é importante frisa que, depois de analisar o conteúdo do acordo e o preenchimento
dos requisitos legais, o juiz dará sentença homologando-o.
É certo que aceita a proposta de transação penal e cumprido os requisitos determinados pela
lei, o juiz aplica, de imediato, a pena restritiva de direitos ou de multa, homologando em seguida o
acordo. No entanto, a natureza jurídica da sentença homologatória é um dos temas mais controvertido
dentro do instituto da transação penal.
João Francisco de Assis (2011, p. 95) afirma que ´´não se trata de sentença absolutória, pois
implica a imposição de uma sanção penal. ``
Segundo Mauricio Antônio Ribeiro Lopes (1998) a natureza da sentença que homologa a
transação penal é condenatória, em primeiro lugar, pois declara o autuado como autor daquele fato; em
consequência, imputa a ele a infração penal, e depois cria uma situação para as partes envolvidas que
até então não existia; e ao final impõe uma pena, que uma vez aceita, deverá ser executada de maneira
coercitivamente ou voluntaria.
Para Julio Fabrini Mirabete (2002) trata-se de uma sentença penal condenatória impropria.
Desse modo, argumenta o autor que a sentença tem caráter de condenação, pois privam os sujeitos
atingidos de bens jurídicos tutelados e impõe o pagamento de multa, haja vista que está só pode ser
imposta por meio de sanção através da condenação. Além disso, é considerada impropria porque não se
reconhece a culpabilidade e nem há os efeitos de uma sentença comum.
Já para Ada Pelegrini Grinover (2000) a sentença que homologa o acordo de transação penal
não pode ser considerada condenatória porque não há os efeitos da condenação criminal tradicional,
sendo registrada apenas para evitar novo benefício dentro dos próximos 05 anos e nem condenatória
impropria já que não há reincidência ou culpabilidade do autor do fato.
Assim, ainda segundo o autor, a sentença não é condenatória nem pouco absolutória, servindo
apenas como sentença homologatória da transação que acolhe ou não acolhe o pedido que ainda nem
foi formulado, mas uma sentença que põe fim ao litigio. Nesse sentido, essa decisão não impõe
diretamente uma sanção, mas sim homologa uma proposta ajustada consensualmente no acordo. Cabe
salientar que essa é a decisão da doutrina majoritária e também do S.T.F. (Assis, 2011, pag. 95, 96).
Portanto pode-se concluir que a sentença que homologa o acordo de transação penal faz coisa
julgada formal, tendo em vista que serve para marcar na folha criminal do acusado a fim de que o mesmo
não consiga o benefício nos próximos 05 anos, mas não faz coisa julgada material, uma vez que
descumprido o acordo, o processo continua e o M.P pode oferecer a ação penal, consoante entendimento
do julgado do STF no julgamento do Habeas Corpus 79572/GO, e relatoria do ministro Marco Aurélio.
Esse entendimento é importante, tenho em vista que gera consequências em caso de
descumprimento do acordo.
Desse modo, é possível notar, analisando esses dois parágrafos que a proposta depois de aceita
pelo acusado, passa pelo controle judicial, para que o magistrado possa analisar se estão presentes os
requisitos legais do parágrafo $2° do artigo citado e posteriormente possa homologa o acordo, tendo em
vista que a homologação não é ato automático e faltando um requisito essencial ou tipicidade do fato, o
juiz pode rejeita-lo.
O ato vinculado é baseado na lei, não podendo extrapolar os limites legais, pois exagerando,
acarreta-se em ilegalidade. Desse jeito, Para Maria Sylvia Zanella Di Prieto (2007) a atuação do agente
público consiste numa atuação modo, essa atividade do agente pode atingir vários aspectos. Assim, diz
vinculado a decisão baseada estritamente ao texto da lei, não dando, esta, opções de escolha para que se
possa atuar com liberdade.
´´Poder vinculado ou regrado é aquele que o direito positivo- alei- confere à Administração
pública para a prática de ato de sua competência determinando os elementos e requisitos necessários à
sua formalização. `` Afirma Hely Lopes Meirelles (2002, pag. 113).
Ainda segundo o professor, diz ato vinculado ou regrado porque o agente público político fica
adstrito, ou seja, preso ao texto da lei, podendo somente tomar decisões com base no texto da lei de
forma literal não tenho margem de decidir o princípio com base na sua convicção ou intuição. Além
disso, nesse tipo de decisão, o agente fica estrito aos limites da lei, não tendo uma mínima liberdade de
julgar fora dos parâmetros da lei, pois agindo de forma diferente o ato é nulo por não respeitar o direito
positivo.
Essa decisão vinculada se dá com base no princípio da legalidade em que impõe ao agente
quando for tomar uma decisão o dever de cumprir fielmente o que está previsto na lei, pois havendo de
alguma forma qualquer tipo de omissão a decisão é invalida.
Diante desse contexto, diversamente do que define o ato vinculado no qual o agente fica
adstrito na sua decisão ao texto legal, tem-se o ato discricionário baseado na decisão livre, com maior
poder de liberdade, ou seja, de acordo com a conveniência do a agente.
Maria Di Prieto afirma (2007, pag.197) que ´´ em outras hipóteses o regramento não atinge
todos os aspectos da atuação adm.; a lei deixa certa margem de liberdade de decisão diante do caso
concreto, de tal modo que a autoridade poderá optar por uma dentre várias soluções possíveis, todas
validas perante o direito. Nesses casos, o poder da administração. É discricionário, porque a adoção de
uma ou outra solução e feita segundo critérios de oportunidade, conveniência, justiça, equidade próprios
da autoridade, porque não definidos pelo legislador. ``
Por outro lado, Hely Lopes afirma: ´´poder discricionário é o que o direito concede a
administração pública, de modo explícito ou implícito, para a pratica de atos administrativos com a
liberdade na escolha de sua conveniência, oportunidade ou conteúdo. `` ( hely, 1990, p. 114).
Ainda segundo o autor, cabe salientar que a decisão discricionária não se confunde com a
decisão arbitraria já que aquela é uma determinação da lei para o administrador atuar dentro dos limites
estipulado, enquanto esta é caracterizada pelo excesso, pela decisão contaria ao texto da lei. (Meirelles,
1990, p. 115).
Assim, a atividade discricionária consiste na manifestação do agente livre de acordo com sua
conveniência no momento de decidir sobre algo.
Segundo Marcellus Polastri Lima (2013) aceita a proposta de transação penal pelo autor do
fato, se o juiz entender que a proposta do parquet foi muito elevada ou desproporcional ou não razoável,
em relação ao fato praticado e as condições do autor, o juiz de acordo com o §1° do artigo 76 pode
reduzir a pena de multa até a metade. (pag. 64 – marcellus). Já em relação a pena restritiva de direitos,
segundo o mesmo autor, não há a possibilidade de decisão discricionária, só em relação a pena de multa,
não sendo possível em relação a pena restritiva de direitos.
Ainda nessa linha de pensamento, segundo linda Dee Kyle (2011) a única oportunidade de o
juiz intervir na proposta de transação penal é a possibilidade do §1° do artigo 76 em que poderá reduzir
a multa até a metade. (Linda, pag.172), não havendo possibilidade em relação a pena restritiva de
direitos. ´´§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz``.
Ressalte-se que esse artigo garante ao magistrado a possibilidade de analisar somente o
controle da legalidade da proposta, ou seja, deverá compreender se o autor do fato preenche os requisitos
do $2° do artigo 76.
Nesse diapasão, pelo lado da pena restritiva de direitos com base nesse parágrafo, pode-se
notar que a decisão do juiz só poderá ser vinculada, tendo em vista que não poderá fazer juízo de valor
ou julgar de maneira discricionária, de acordo a doutrina majoritária, mas sim só fazer o controle da
legalidade, ou seja, observar se o acusado cumpre todos os requisitos objetivos e subjetivos exigidos
pelo parágrafo 2°.
Entretanto, divergindo desse entendimento, Ronaldo Pedrosa (1997, p. 78,79) afirma: ´´o
magistrado, evidentemente, não é um mero chancelado da vontade as partes. `` A proposta do M.P,
aceita pelo autor do fato e seu defensor, é ato de postulação, e não de causação. ``
Ainda segundo o autor: ´´ Logo, não está vinculada a imediata homologação, embora adstrito
aos limites eventualmente entabulados pelos contentores.
De acordo com o entendimento do professor, lendo com atenção o $3° ao artigo 76, é possível
identificar que o magistrado exercerá o controle sobre o processo, cabendo-lhe fazer o controle judicial
da legalidade como também se há tentativa de fraudar a lei ou se proposta é desproporcional ou não é
razoável ao fato cometido pelo autuado.
No entanto, vigora o entendimento da doutrina que a decisão homologatória do acordo é ato
vinculado, em relação à pena restritiva de direito, e discricionário, pelo lado da pena de multa, previsto
inclusive na própria lei.
Assim, a decisão que homologa o acordo de transação penal é uma decisão mista, ou seja,
discricionária quando se tratar de pena de multa, tendo em vista poder o juiz reduzir até a metade a multa
e vinculada quando se tratar de pena restritiva de direitos. A doutrina não é clara quanto a isso. Portanto,
já era possível o juiz agir de acordo com a sua conveniência a respeito da pena de multa, uma vez que
não achando proporcional a multa aplicada pelo M.P, em relação ao fato cometido pelo autuado, poderia
reduzir o valor até a metade.
A legislação foi omissa quanto à possibilidade de o magistrado intervir e modifica o conteúdo
da pena restritiva de direito quando não for razoável ou proporcional à conduta do acusado. Mas cabe
salientar que a doutrina majoritária entende não ser possível que o juiz altere o conteúdo da proposta da
pena restritiva de direito. O que o magistrado pode fazer e apenas dá um novo destino para as medidas
aplicadas. Assim, segundo o fórum nacional de juizados especiais no enunciado77, o juiz tem a
possibilidade de alterar a destinação das medidas penais indicadas na proposta de transação penal.
Passados da análise do questionamento sobre a decisão que homologa o acordo, é importante
identificar, se dever de o magistrado homologar todo e qualquer acordo de transação penal.
Diante dessa homologação, cumpre frisar, mais uma vez, que o magistrado não é obrigado
a homologar todo e qualquer acordo, tendo, assim, uma decisão discricionária, acatando só as
propostas que são razoáveis e proporcionais ao fato praticado pelo autuado.
Para a resolução desse caso em tela, o mais viável seria que o juiz homologasse apenas
a pena de multa, pois a perda do bem, embora permitida no ordenamento jurídico, nesta ocasião
não é razoável ou proporcional para o suposto autor do fato, tendo em vista também que viola
direitos fundamentais.
Desse modo, assim, caso o magistrado não concorde com a proposta imposta pelo MP,
já que não é possível alterar o conteúdo da proposta, caberá abrir vista para o procurador de
justiça para fazer outra porta de transação penal, de acordo com o artigo 28 do CPP.
Para melhor salientar têm-se as decisões judiciais:
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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