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RESISTÊNCIA

País invadido, Paris ocupada, instalado o governo colaboracionista e títere de Vichy, a França
teve em seus filhos a força moral que lhe fora abatida a pólvora. Com recursos precários e
grupos que se organizaram sobretudo no campo, os franceses ofereceram heroica resistência.
No princípio era um balaio de gatos, sem coordenação alguma. O católico De Gaulle lograria unir
as facções e a resistência - com a Cruz de Lorena na bandeira da laica França,- cumpriria o
patriótico papel de restituir o país ao seu povo, amargurado desde o Segundo Armistício de
Compiègne. O primeiro armistício, como se sabe, deu-se em novembro de 1918, quando os
alemães foram humilhados num vagão de trem na floresta de Compiègne. Em 1940 os franceses
assinaram sua rendição no mesmo vagão. Era como se Abel agora matasse Caim.

À parte todas as misérias e monstruosidades das guerras, não há como negar virtudes ao
grande movimento dos partisans franceses. Milhares deles perderam a vida combatendo os
invasores nazistas. Em 1944, quando o governo de Pétain foi enfim encerrado, Paris teria se
salvado da destruição pela indisciplina de um oficial alemão, que não cumpriu a ordem de
arrasar a cidade se as tropas alemãs fossem forçadas a deixá-la.

Neste Brasil contemporâneo, decorridos sete meses da posse do novo presidente, seguimos sob
o mantra da esquerda, que pregou a Resistência. De mãos dadas. Que bonitinho! Utilizaram a
palavra que reside no imaginário de cada um para haurir de pronto algum prestígio. Trata-se de
uma licença nada poética, com a tentativa acanalhada de traçar um paralelo. Seria um discurso
apenas historicamente burro, não fosse a sordidez subjacente. A esquerda perdeu a eleição para
si mesma, vitimada pelo desmanche de suas bandeiras. O limite entre o senso crítico e a falta de
patriotismo foi ultrapassado, mas a falta de amor à pátria não deveria nos surpreender.

Acabo de ler “A Intentona Comunista de 1935”, do General José Campos de Aragão. O autor
recupera as origens do Partido Comunista Brasileiro num congresso realizado no Rio de Janeiro,
em março de 1922. Na agenda de discussões constava a análise das condições a serem
obedecidas para que o Partido se filiasse ao Comintern. A sexta condição é particularmente
elucidativa: “Todos os Partidos Comunistas devem renunciar não somente ao patriotismo, como
também ao pacifismo social, e demonstrar sistematicamente, aos proletários, que, sem a
derrubada do capitalismo, não haverá desarmamento e paz mundial”.

Esperar, portanto, que um comunista seja patriota é como esperar que as galinhas criem dentes.
No III Congresso do PCB, ocorrido entre os últimos dias de 1928 e os primeiros de 1929, numa
chácara em Niterói, a sexta diretiva traduz com muita transparência o compasso partidário:
“Cada membro do Partido deve considerar-se uma peça da máquina, que é o Partido,
executando a sua função em conexão com o funcionamento comum e geral da máquina”.

Em “O Cavaleiro da Esperança” Jorge Amado por assim dizer beatifica Prestes e demoniza
Getúlio Vargas. À época Amado era comunista e sua pena corria com tinta ideológica. O que se
passou na Praia Vermelha, em 1935, merece a leitura contemporânea, para que se analise de
forma menos imatura a história da Intentona, que se aproxima de seu centenário quando ainda e
mais uma vez nos encontramos na areia movediça das paixões ideológicas. A Índia acaba de
lançar um foguete para explorar o lado oculto da Lua e nós ficamos pra trás, com bandeiras
demagógicas de uma esquerda que deu de si. Será que não sairemos deste atraso?

Horas antes da eclosão da Intentona, o Capitão Agildo Barata, pai do humorista Agildo Ribeiro,
transitava pelo cassino dos oficiais, sem trair suas intenções. Como um dos líderes, após o início
do motim, Barata convocava os praças a lutarem por “Pão, Terra e Liberdade!”. Quanto aos
oficiais, daria “um prazo de vinte e quatro horas para aderirem ao movimento sob pena de serem
fuzilados”. Ficava assim consignada a delicadeza com que agem e agiam os comunistas, os
defensores das liberdades democráticas que logo tratam de abolir ou enfraquecer se chegarem
ao poder. O discurso é bonito, sua atualidade é mesmo responsabilidade da direita burra e dos
ladrões e traidores da pátria, mas o caminho da redenção não é marxismo, nem maoísmo, nem
gramscismo, ... Parecem plenos de boas intenções, mas o inferno está repleto delas.

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