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TEATRO PERIFÉRICO E UNIVERSIDADE:

sinais de uma epistemologia da margem no Rio de Janeiro1

University and peripheral theater:


signs of an epistemology from the margins in Rio de Janeiro

Rosyane Trotta
UNIRIO

Resumo: O artigo se propõe a examinar as conexões entre periferia e


universidade com o objetivo de refletir sobre as transformações a partir das
ações afirmativas, na cultura e na educação, e sobre a possibilidade de uma
epistemologia decolonial no campo do teatro. Tomamos como base de
observação dos conjuntos teatrais Cia Marginal, Grupo Atiro, e produções
acadêmicas da Escola de Teatro da UNIRIO que tratam do racismo
epistemológico.

Palavras-chave: Teatro de grupo; Racismo; Epistemologia.

Abstract: The article proposes to examine the connections between periphery


and university, to reflect on the transformations imposed by the affirmative
actions and to consider the possibility of a decolonial epistemology in the
theater field. As base of observation we analyze plays from the theatrical
ensembles Cia Marginal, Grupo Atiro, and a few academic productions at
UNIRIO School of Theater dealing with epistemological racism.

Keywords: Theater group; Racism; Epistemology.

1Pesquisa realizada com o auxílio do edital INOVA 2017, da Diretoria de Inovação Tecnológica, Social e Cultural da
UNIRIO.

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Rosyane Trotta

Antes de prosseguir, devemos policiada, a melhor atendida pelos serviços


relembrar que raças humanas não públicos, a que concentra a vida cultural da
existem do ponto de vista genético ou
biológico (PENA, 2005: 336). cidade. As unidades, instaladas na avenida
que leva à Praia Vermelha, estão a cem
Nos últimos anos, como professora da metros do acesso ao Pão de Açúcar, ponto
UNIRIO, venho sendo provocada pelas turístico entre os mais visitados do país.
mudanças que a abertura dos portões da Para chegar ao campus a partir das
academia trouxe para a Escola de Teatro. periferias, são necessários no mínimo dois
Tendo como objeto de pesquisa a meios de transporte, em um trajeto não
dramaturgia da cena, atuo junto a grupos inferior a uma hora e meia de duração. Já
em processos colaborativos. Nos últimos de Copacabana, é possível chegar em
anos, a formação de coletivos dentro da vinte minutos. Esse é apenas um elemento
universidade ou reunidos por artistas do quadro que fez com que a Escola de
graduados me aproximou do teatro das Teatro atendesse, desde sua fundação,
periferias, tanto como dramaturga quanto uma juventude oriunda das classes
como pesquisadora. Nesse artigo, procuro privilegiadas, descendente de artistas,
compartilhar algumas reflexões em torno intelectuais e profissionais liberais.
das provocações trazidas pelo movimento
decolonial. Até muito recentemente a dramaturgia
brasileira reproduzia, na distribuição de
No ano de 2017, o Centro de Letras e Artes papéis que oferecia aos atores, a pirâmide
da UNIRIO ganhou espaço nos jornais por social do país. Gerd Bornheim, que dedicou
manifestações de racismo, externadas de parte de sua produção à observação da
modo anônimo nas paredes da Escola de cena brasileira, afirmava, no final de
Teatro. As notícias, contudo, não década de 1970, que o teatro...
informavam sobre outras pichações que,
feitas durante a ocupação da universidade ... está embasado em toda uma
aparelhagem, desde a arquitetura
no ano anterior, faziam uma denúncia teatral até Tennessee Williams, que é
antecipada: “UNIRIO RACISTA”. Em uma pertinente a uma classe e não poderia
escola de arte, que enfrentou como pôde a ser generalizada: a burguesia, diz a
ditadura militar e ergueu seu currículo evidência, está longe de preencher as
condições fundamentais para
programático sobre teorias críticas de desempenhar o papel de uma classe
esquerda e obras de cunho libertário, a universal. (BORNHEIM, 1979, p. 137)
acusação pareceu fora de contexto, sem
bases reais. A que racismo se referiria? O filósofo tentava explicar porque a
popularização do teatro não podia ser
Os centros de Letras e Artes, Ciências obtida com o aumento das casas de
Humanas, Ciências Exatas e Tecnológicas, espetáculo, já que o exclusivismo da
assim como a reitoria e as pró-reitorias da atividade não estava em sua distribuição,
UNIRIO, estão situados na zona sul, a área como se acreditava, mas em sua produção.
mais privilegiada da cidade, a mais Fenômeno semelhante se verificava na

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Teatro periférico e universidade:
sinais de uma epistemologia da margem no Rio de Janeiro

educação: na mesma época, apenas 2% da homofobia, do racismo e do feminicídio,


da população brasileira ingressava na 2015) com o objetivo final de mudar o perfil
universidade. Embora na área da educação de uma sociedade cujo Congresso
a questão pareça mais ligada ao acesso – Nacional precisou debater a lei de cotas
número de vagas e distribuição geográfica por dez anos antes de aprova-la e onde o
das escolas – enquanto no teatro ela candidato à presidência melhor pontuado
compreende a representação social, o nas pesquisas de intenção de voto afirma
problema do acesso também está presente sua disposição em acabar com ela. A
no teatro, assim como a questão da fragilidade das ações governamentais de
representação está presente da relação de desenvolvimento social e humano em
ensino. nosso país permite constatar a existência
de uma parcela minoritária, mas
Em 1962, o Centro Popular de Cultura da economicamente poderosa, politicamente
UNE (CPC) produziu a peça “O auto dos influente e socialmente manipuladora, a
99%”, que tentava falar aos 99% de quem não interessam mudanças e, por
brasileiros excluídos da universidade – por isso, interessa manter a centralização.
acesso geográfico ou de disponibilidade de
vagas. Na peça, representa-se a história do O quadro retratado pelo CPC permanece
acesso à universidade por meio de títulos relativamente estável até 2012, quando a
(de cidadão português, na Colônia; de lei 12711 levou outro alunado para as salas
nobreza, após a Independência; de de graduação do ensino público federal. O
latifúndio, após a República; de ensino corpo docente permanece composto por
médio em escola particular, de preferência brancos, em proporção superior a 99%
estrangeira, no início do século XX). (CARVALHO, 2005), já que um professor
Depois, passa-se a retratar aulas de uma universitário leva dez anos para ser
universidade. Na aula de Economia, o formado – da graduação ao doutorado. Por
professor, que sai do sarcófago para mais que tenha sido empreendido um alto
lecionar, ensina: “O homem tem que lucrar. investimento para renovar o corpo docente,
Não importa sobre o que, nem sobre sua origem étnica e social não foi alterada
quem”. Sob forma de escárnio, os autores – o que colocou os novos alunos diante de
sugerem que a sala de aula era ocupada professores brancos. E das epistemologias
por filhos de empresários. do norte (SANTOS, 2009). A relação de
colonização parece, então, se perpetuar. O
Entre 2003 e 2015, diversas leis de conflito que emerge dentro da sala de aula
inclusão social entraram em vigor no Brasil não se alimenta de longínquas referências
(entre elas: consciência negra, 2003; Maria históricas de escravização: ele se alimenta
da Penha, 2006; propriedade da mulher cotidianamente da violência a que os
sobre o imóvel do programa Minha Casa jovens negros da periferia estão
Minha Vida, 2009; igualdade racial, 2010; submetidos. Os estudos do IBOPE e do
cotas na universidade, 2012; criminalização IPEA para o Atlas da Violência vem

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apontando de modo contínuo que essa imbecil que eu era! Agora eles
faixa geográfica e étnica da população tem estabeleceram uma nova classificação
desse tipo, e eu hoje estou entre
estatísticas de genocídio. E o genocídio, aqueles que têm valor inferior a zero.
como mostra Buenaventura de Souza Eu bem que mereci isso! (BRECHT,
Santos, costuma vir acompanhado “Terror e Miséria no Terceiro Reich”)
historicamente do epistemicídio: eliminam-
se tanto os povos quanto seus Embora o mundo ocidental tenha conferido
conhecimentos e práticas sociais ao holocausto que dizimou seis milhões de
(SANTOS, 1995: 328), tanto os corpos judeus o status de maior tragédia histórica
quanto sua subjetividade. Comprovada a da modernidade, a dizimação cotidiana
inexistência biológica da categoria de raça, com base na valoração do humano se
revela-se sua construção: verifica como produção contínua e
incontável de vítimas, sem guerra. O
Porém, mesmo não tendo o conceito elemento heterogêneo recebe “marcas de
de raças nenhum embasamento abjeção” (RISCADO, 2018) e, nesse
biológico, ele continua a ser utilizado, processo, a ciência confere objetividade à
enquanto construção social, como
forma de privilegiar e diferenciar normatização. (Importante considerar que a
culturas, línguas, crenças e grupos definição de homogeneidade não se define
diferentes, os quais, na maioria das por uma suposta maioria que, pela
vezes, têm também interesses expressão quantitativa, argumenta sua
econômicos muito diferentes (...).
(PENA, 2005, p. 336) prioridade; a noção de minoria também se
constitui pela construção ideológica da
Nos movimentos sociais contemporâneos, homogeneidade.)
especialmente os que se referem a etnia e
a gênero, as diferenças recusam a inclusão Michel Foucault, em “A arqueologia do
pela assimilação da semelhança e marcam saber”, diferencia saber e ciência. A
sua “desidentificação” (BUTLER, 2013). Os ciência, localizada no campo do saber, age
diversos movimentos da heterogeneidade sobre ele, “estrutura alguns de seus
se encontram na crítica à violência operada objetos, sistematiza algumas de suas
pela produção de homogeneidade e na enunciações, formaliza alguns de seus
afirmação de que, negados o saber, a conceitos e de suas estratégias”
cultura, o corpo, está se negando o direito (FOUCAULT, 2008: 207). O estudo sobre a
à humanidade. A judia Judith, personagem ciência, pelo viés foucaultiano, consiste na
de Brecht, só percebe esta operação análise das práticas discursivas que a
quando se torna seu alvo: originam e das relações entre elas, para
identificar as regularidades dos discursos
Nestes últimos tempos eu tenho científicos – e, por meio das recorrências,
pensado muito numa coisa que há identificar sua historicidade. A episteme
alguns anos você repetia sempre: que interroga a ciência, tomando-a como
havia indivíduos de valor e outros de
menor valor, e que, em caso de prática histórica que se constitui como
diabetes, uns teriam direito à insulina, produção de enunciados.
outros não... E eu concordava, de

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Teatro periférico e universidade:
sinais de uma epistemologia da margem no Rio de Janeiro

Estudar o funcionamento ideológico de que inclui o histórico, particular e subjetivo,


uma ciência para fazê-lo aparecer e “para que possamos todos juntos falar de
para modificá-lo (...) é colocá-la
novamente em questão como um espaço, lugar e tempo específicos, de
formação discursiva; é estudar não as uma realidade e história específicas”
contradições formais de suas porque “a teoria é sempre localizada em
proposições, mas o sistema de algum lugar, sempre é escrita por alguém”
formação de seus objetos, tipos de
enunciação, conceitos e escolhas (KILOMBA, 2016: 32).
teóricas. É retomá-la como prática
entre outras práticas. (FOUCAULT, Assim procede a dissertação “Corpo Negro
2008, p. 208) Feminino: ressignificação em performances
de mulheres negras”, cujo Capítulo II
Dentro da universidade, especialmente de
consiste na análise do solo “Lotus”, de
uma escola de artes, a convivência entre
autoria da pesquisadora. Na introdução,
diferenças desiguais encontra um corpo
Danielle Anatólio, depois de relatar que foi
discente parcialmente formado pelos
a primeira estudante a ingressar no
movimentos sociais. A percepção de que o
Programa de Pós-Graduação em Artes
racismo está presente na epistemologia e
Cênicas pelo sistema de cotas, após
no espectro étnico-social do corpo docente
reinvindicação do cumprimento da lei,
configura um novo movimento estudantil.
descreve experiências de racismo sofridas
No final de 2017, na Escola de Teatro,
na universidade:
duas monografias de conclusão e um
projeto de mestrado se dedicam à A temática que agora pesquiso
abordagem do racismo, referenciando-se, ganhou força durante o processo
entre outros, na autora Grada Kilomba: seletivo para o Mestrado da UNIRIO –
Universidade Federal do Estado do
Rio de Janeiro –, quando percebi que,
Não há discursos neutros. Quando
dentro da universidade, meu corpo
acadêmicos brancos reivindicam um
recebia diferentes olhares de
discurso neutro e objetivo, eles não
estranhamento e isto, sem dúvidas,
reconhecem o fato de que eles
está relacionado à resistência que
também escrevem de um lugar
existe sobre a entrada de negros (as)
específico que, certamente, não é
através das políticas de ações
neutro, nem objetivo, nem universal,
afirmativas em espaços acadêmicos.
mas dominante. É um lugar de poder.
(ANATÓLIO, 2018, p. 20)
(KILOMBA, 2016, p. 32)

No espetáculo “Arame Farpado”,


O ensino do teatro na universidade,
enraizado no modelo ocidental europeu apresentado em 2017, na mesma Escola
de Teatro, alunos periféricos testemunham
branco burguês como parâmetro universal
a experiência de exclusão na universidade.
e critério para a produção de
Na dramaturgia, criada coletivamente,
conhecimento, começa a enfrentar
questionamentos. Ao universal, geral e atores e diretor tratam da falta de espaço
para a cultura popular, negra e brasileira,
objetivo, contrapõe-se uma epistemologia
ancestral e contemporânea, e evidenciam o

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Rosyane Trotta

processo pelo qual uma determinada zero e sobre as quais se fazem os


racionalidade se sobrepõe a outras formas seguintes comentários:
de percepção, de pensamento, de
formulação, de narrativa, de linguagem, – Não saber que Jardim Palmares fica
como se sobrepõe ao corpo e demais em Paciência é muito complicado.
Você precisa sair da UNIRIO,
formas de conhecimento. A cena 15, expandir, não dá pra se fechar no
intitulada “Raincoast”, sintetiza algumas mundinho da universidade e achar que
questões de ordem ética e didática por é suficiente. Tem muito mais por aí
meio da caricatura de uma professora: afora. (...)
– Pelo amor de Deus. Na Maré tem
tudo, querido. Ciclovia, escola de
– A era vitoriana. A rainha Vitória dança, companhia de teatro e museu.
maravilhosa. Era a época dos figurinos Como este tipo de erro pode ainda
mais lindos, o seu reino tinha muita acontecer? Aqui é uma universidade
paz, não tinha confusão, não tinha federal. Quem paga é a população,
conflito, e não vai voltar nunca mais. então você deveria usar com
(...) Eu fui a Londres assistir uma peça sabedoria e não de qualquer jeito.
e caia uma chuva torrencial. E eu
estava com meu sapatinho todo feito a
mão. E eu não podia deixar molhar de
A plateia assovia e aplaude. Os raros
jeito nenhum. Não mesmo. Então eu professores presentes se constrangem.
fui na loja e comprei um raincoast. (...) Embora criado para um contexto muito
Saí maravilhosa pro Globe Theatre. específico, “Arame Farpado” foi
Cheguei seca. O sapato intacto.
Assisti uma peça maravilhosa. Isso é
selecionado para se apresentar no Festival
pra explicar pra vocês que é Cena Brasil Internacional e, em seguida, no
importantíssimo sair do Brasil. Vocês projeto de circulação Palco Giratório, do
têm que viajar (...), aprender outras Sesc de Santa Catarina – o que evidencia
culturas e trazer pra cá.
que a questão abordada não se restringe
ao contexto para o qual o espetáculo foi
A caricatura é explícita, sublinhando o criado. Na cena 16, intitulada “Nosso lugar
eurocentrismo, o aburguesamento, a de fala”, o ator João Pedro Zabeti se dirige
aculturação, em uma fala fútil que se ao professor:
pretende pedagógica. Na tentativa de fazer
uma analogia, invertendo o saber – Será que você não percebe o quanto
valorizado pelo conteúdo programático, a esse lugar me exclui? Você me exclui,
produção distribui aos espectadores, antes sua metodologia me exclui (...). Esse
tipo de avaliação é pautado no século
do início do espetáculo, uma prova de
XIX e a gente está no século XXI e eu
cinco questões de múltipla escolha para tô muito assustado. Muito assustado.
testar seus conhecimentos em cultura (...) Quando é que a gente vai
popular periférica. Depois da cena construir isso juntos?
“Raincoast”, projetam-se na parede ao
Depois, seguindo o mote da cena anterior,
fundo do palco algumas provas, dando
ele ensina ao professor algo que supõe que
preferência àquelas assinadas pelos
ele não sabe:
professores presentes, a maioria com nota

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Teatro periférico e universidade:
sinais de uma epistemologia da margem no Rio de Janeiro

– O mundo é muito maior do que a sua


ementa! O mundo é muito grande. A Em 2006, aos 16 anos, Wallace Lino
gente vive no planeta Terra. Dentro do participou da criação da Cia Marginal,
planeta Terra existe o Oriente e o
Ocidente, culturas completamente sediada na Favela da Maré, grupo em que
diferentes. Dentro do Ocidente existem atua até hoje. Em 2010, ingressou na
a América do Norte, a América Central UNIRIO e, em 2014, ministrando uma
e a América do Sul, culturas oficina pela Cia Marginal, reuniu os alunos
completamente diferentes também.
Dentro da América do Sul, existe o em torno de um projeto artístico do qual
Brasil, dentro do Brasil nós temos o emergiu o Grupo Atiro, tema de sua
Rio de Janeiro e, dentro do Rio de monografia de conclusão do Curso de
Janeiro, a gente tem o Rio de Janeiro,
Licenciatura em Teatro, “O teatro como
que, desculpa ser redundante,
também tem muitas culturas. Por canal de ruptura do silenciamento”:
exemplo, nós temos a Lidiane [atriz do
espetáculo], que mora em Palmares! (...) as condições em que os não
brancos foram inseridos na sociedade
contribuem para a formação das
Manifestações semelhantes, verbais, favelas do Rio de Janeiro. No entanto,
escritas ou cênicas, vem sendo recorrentes deste cenário, emergem experiências
na academia, em diversas oportunidades. como as do Grupo Atiro. Essas ações
Elas são acolhidas pela direção da escola, pulsam em todas as áreas periféricas
da cidade, espaços historicamente
têm pauta no teatro, acesso a acervos, marginalizados, que trazem em sua
equipamentos e técnicos, voz no colegiado, população herança da sobrevivência
além da participação de professores negra diante da cotidiana tentativa de
convidados para mesas de debate. Alguns extermínio da negritude neste país.
Apesar de a favela não ser composta
projetos de extensão lidam diretamente por negros em sua totalidade, a
com a questão, entre eles, Teatro na formação das favelas surge das
Prisão, Artes Cênicas em Extensão, Teatro ações, e da institucionalização do
em Comunidade, Intercâmbio UNIRIO. Em racismo no Brasil. (LINO, 2018, p. 28)
2018, a sexta edição do Festival Integrado
Ao tratar das recentes investigações do
de Teatro da UNIRIO2 (FITU), organizado e
teatro contemporâneo, a pesquisadora
realizado pelos alunos, teve como tema
Silvia Fernandes percebe que essas
Teatro e Periferia.
experiências “se processam numa relação
Teatro na periferia corpo a corpo com o real, entendido aqui
como a investigação das realidades sociais
Em qualquer utilização social da do outro e a interrogação dos muitos
expressão ‘raça’ deve sempre ficar territórios da alteridade e da exclusão
claro e transparente que ela não social no país” (FERNANDES, 2013: 6-7).
embute nenhuma divisão natural ou A pesquisadora se refere a um teatro que,
essencial da natureza humana.
(PENA, 2005: 336) para tratar da exclusão, necessita se
deslocar em direção ao outro. Refere-se,
2 Conf.: <www.youtube.com/watch?v=2VczEcuO8dc>. portanto, ao teatro que, gestado no seio

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Rosyane Trotta

das classes socialmente privilegiadas, olha infância. A tetralogia foi criada através de
para fora. Grupos da periferia são, eles um processo de pesquisa que incluiu
próprios, a alteridade. debates e colaborações de diretores,
dramaturgos, pesquisadores, grupos,
coletivos e instituições. A cada espetáculo,
GRUPO ATIRO o grupo dedica um longo mergulho em
Início 2016 busca de uma dramaturgia própria,
Atores André Sousa, Bárbara Assis, buscando a correspondência entre tema e
Gabriel Affonso, Gabriel linguagem. O quadro “Família”, por
Horsth, João Paulo Rodrigues,
exemplo, tem atuação de três homens
Kamyla Galdeano, Marcos
negros amarrados entre si por cordas e
Diniz, Marllon Araújo, Matheus
Affonso, Paulo Victor Lino, cuja situação – a mãe sai do presídio e
Romário Mello, Sol Targino volta para casa onde moram seus dois
(12) filhos – se revela lentamente, em metáforas
Direção Wallace Lino e meias palavras, enquanto assistimos,
Abrigo Centro de Artes da Maré dentro do círculo formado pelas cadeiras
(CAM) e Redes de do público, a imagens de tensionamento da
Desenvolvimento da Maré corda nesses corpos atados. O espectador
Histórico Depois de um ano de oficina, ainda está em busca de um sentido que
criação e circulação do parece difuso quando o texto lança um
espetáculo “Vai”, baseado na dardo de humor crítico: “Depois passou
memória dos atores sobre a
uma mulher branca (risos; para uma
vinda de suas famílias do
pessoa branca da plateia) Ai, desculpa! Eu
Nordeste para o Rio de
Janeiro, o grupo estreia com não tenho problema com gente branca,
“Família”, primeiro quadro da inclusive tenho parentes na família que são
tetralogia “Agora sei o chão brancos.” Aos poucos, o texto ganha
que piso”. Em 2017, apresenta sentido direto:
o segundo quadro, “Obedeça”.
Em 2018, estreiam “Anticorpo” (para uma pessoa branca da plateia)
e “Corpo Minado”. Eu quero ver você ter classe com a
Temas Negritude, favela, polícia entrando na sua casa, dando
homoafetividade na cara do seu irmão, destruindo suas
coisas! Eu quero ver você não gritar
tendo que ir reconhecer o corpo do
O Grupo Atiro elaborou o projeto Agora Sei seu filho dentro de um valão. (...) Fé
eu tenho. Eu até sonho todo dia que
o Chão Que Piso, estruturado em quatro
um dia eu vou acordar num mundo
espetáculos independentes (sob os temas melhor, onde eu possa olhar as
sexualidade, família, trabalho e sonho), que pessoas de igual pra igual. Mas aí
tomam como fonte de pesquisa as quando eu acordo, eu percebo que até
a fé foi inventada como um jeito de
memórias e vivências dos atores e das
nos silenciar, porque nossa voz
atrizes para abordar as opressões a que incomoda muito mais que o tiro que
jovens favelados, negros, LGBTQ+, nos mata.
nordestinos, estão expostos desde a

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Teatro periférico e universidade:
sinais de uma epistemologia da margem no Rio de Janeiro

A partir do tema “Família”, o que o grupo e, assim, como parâmetro artístico. O


revela são os problemas que dilaceram os grupo se formou a partir de uma oficina que
núcleos familiares, ou seja, as questões se estendeu por dois anos e encenou na
sociais, que não estão apenas na esfera do comunidade seus primeiros exercícios. Em
poder, mas ali mesmo, sentadas na plateia. 2006, ano em que se formaliza o grupo e
“Obedeça”, o segundo quadro da tetralogia, seu nome, Isabel Penoni, com formação
tem como eixo de linguagem um programa em teatro e em antropologia, começa a
de auditório infantil, com a participação de dirigir o primeiro espetáculo. Trata-se de
crianças em jogos de referência sexual. uma mulher branca, de classe média,
Mais uma vez, o grupo parte de um tema moradora da área geográfica mais
genérico para denunciar uma violência privilegiada da cidade, à frente de um
específica. Em uma das cenas, uma grupo composto por jovens negros que
menina brinca com a boneca usando-a cursam o ensino médio da rede pública,
como instrumento de moradores da Maré, de famílias com
prazer/poder/violência, e termina por dificuldades de pagar as contas da casa.
destroça-la. Os espetáculos são criados a partir da
investigação da realidade, da memória, da
Em relação à Cia Marginal, da qual subjetividade e da pesquisa de seus atores
descende, o Grupo Atiro apresenta uma sobre o lugar onde habitam. Penoni, ligada
continuidade e uma ruptura: continuidade a movimentos sociais, almeja para seus
do teatro enraizado em sua geografia e em pares a apropriação dos meios de
sua cultura, tendo na criação coletiva a produção do teatro:
modalidade chave para a construção da
cena e da dramaturgia; ruptura em relação Desde 2005, a Cia. Marginal vem
à noção de encenação e sua implicação promovendo ações de enfrentamento
à centralização da cultura no Rio de
para a estética da cena, a unidade da Janeiro, onde os equipamentos
linguagem e a homogeneização dos corpos culturais estão concentrados nas
– praticada pela Cia Marginal. Vamos então zonas centrais da cidade e os
examinar um pouco esse fenômeno teatral moradores de espaços populares são,
de maneira geral, excluídos desses
e o contexto político em que se engendrou. equipamentos, não apenas como
consumidores, mas também como
A Cia. Marginal, fundada em 2006, no produtores e difusores. (...) a Cia.
bairro da Nova Holanda, na Favela da Marginal pretende levar não apenas
um novo tipo de teatro e de ator para
Maré, sintetiza o fenômeno que ocorreu na os teatros da zona sul carioca, mas
cidade e, por sua singularidade e também um novo tipo de público, mais
pioneirismo, tanto estético quanto político, diverso e popular, contribuindo para a
deu origem a outras iniciativas, que a democratização do acesso à cultura
na cidade. (trecho do projeto
questionaram, como acontece sempre que submetido à Secretaria Municipal de
uma manifestação se estabelece como Cultura do Rio de Janeiro, em 2011)
representação cultural de um grupo social

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Rosyane Trotta

Entre 2007 e 2017, com a escrita contundente origina de uma definida política
dos projetos e o registro legal fornecido pela governamental. Da gestão petista no
ONG Redes de Desenvolvimento da Maré, o governo federal até as comissões de
grupo foi contemplado por doze editais, para avaliação de projetos, passando pelo
custeio de produção, circulação, pesquisa, Ministério, pela presidência do órgão de
formação e difusão. Os órgãos públicos de cultura, pela direção do setor de artes
cultura – secretarias do município e do estado, cênicas... há uma distância que só uma
FUNARTE e MinC – viabilizaram os projetos diretriz estruturada e formalizada poderia
do grupo. As empresas, públicas ou privadas, transpor para generalizar uma ideologia de
que patrocinam o teatro hegemônico, não fomento, o que não foi o caso. Quando a
tiveram nenhuma influência sobre seus Cia. Marginal recebe o prêmio para realizar
caminhos. seu espetáculo de estreia, outras 52
produções teatrais do estado também são
Fenômeno semelhante se repete, com menor agraciadas – e não há nada em comum
exuberância, em diversos grupos periféricos entre elas. Além disso, a dependência da
do estado. A Cia Código (município de Japeri, política pública por parte dos grupos
Baixada Fluminense, fundada em 2005) teve teatrais não se apresenta como dado novo:
como apoiador mais frequente em seus treze já em 1993, o ator e produtor Chico
anos de existência a Secretaria de Cultura do Pelúcio, do Grupo Galpão, informava, no 3º
Estado, e pontualmente a Petrobrás Encontro Brasileiro de Teatro de Grupo,
Distribuidora e o SESC. O Grupo Bonobando que mais de 60% dos custos de seu grupo
(bairro da Penha, zona norte do Rio de provinham das instituições públicas
Janeiro, fundado em 2014) nasce da (TROTTA, 1995).
residência artística subsidiada por edital da
Secretaria Municipal de Cultura, e, nos anos O que se apresenta como dado
seguintes, é contemplado com dois fomentos historicamente novo é a abertura inédita à
do mesmo órgão, para criação, montagem, produção periférica, com as mesmas
apresentação e, posteriormente, para a exigências a que todos os projetos devem
segunda temporada de seu primeiro se submeter; em outras palavras, não se
espetáculo. As ações do grupo estreante, que privilegiam extratos culturais (a não ser
promove a iniciação e o desenvolvimento aqueles que dominam a escrita de projeto –
técnico e artístico da equipe, a formação de o que, em um país com 50 milhões de
público, a descentralização da produção e da pessoas que não sabem ler e outros tantos
fruição teatral, se viabilizam pelo custeio direto que não sabem escrever, já é por si só uma
da administração pública. E, assim como na seleção3). Também vale notar que, mesmo
Cia Marginal, a diretora do Bonobando, o Prêmio Miriam Muniz, único edital que
Adriana Schneider Alcure, tem formação em mantém continuidade de 2006 a 2015,
antropologia e integra o quadro de docentes
da universidade. 3 Total da soma entre analfabetos e analfabetos
funcionais, segundo dados do Mapa do analfabetismo no
Seria ingênuo deduzir que o fomento do Brasil. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP). O estudo não inclui
poder público aos grupos periféricos se pesquisa sobre a escrita.

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Teatro periférico e universidade:
sinais de uma epistemologia da margem no Rio de Janeiro

sofre com os cortes de orçamento: se em hegemonia se encontram: de um lado, ele


2006, ano de maior destinação está à margem da centralidade cultural e,
orçamentária, ele contemplou 323 projetos de outro, não se espelha no centro e se
no país, no ano seguinte esse número caiu coloca como outra via. No campo da
para pouco mais da metade. Interrompida a cultura e das artes, o uso do termo
gestão petista, no ano de 2015 apenas 53 “periférico”, que inicialmente se refere à
projetos foram contemplados. Por isso, é margem geográfica das cidades, ao
possível afirmar que, mesmo o patrocínio subúrbio, vem sendo questionado, como se
da administração pública, os grupos contradissesse Milton Santos (em sua
periféricos se mantêm fora da hegemonia noção de que o centro do mundo está em
cultural. todo lugar), quando, pelo contrário, o termo
busca a realização política e cultural da
A noção de contra hegemonia – conceito proposição do geógrafo brasileiro. Uma
atribuído equivocadamente a Gramsci por manifestação cultural só pode ser contra
Raimond Williams (SOUZA, 2013) – hegemônica se, além de não se pretender
fundamenta hoje o trabalho de central, recusa a noção de hegemonia. E
organizações não-governamentais, redes isso só é possível se ela se referenciar,
transnacionais e movimentos periféricos como diz Santos, no mundo que seus olhos
que se contrapõem ao conceito alcançam – nas ruas, e não nas telas. A
hegemônico de político pelo investimento potência dos grupos periféricos aparece
em poderes locais (EVANS, 2009), hoje ligada ao propósito de não se espelhar
promovendo a multiplicação do no centro culturalmente hegemônico, mas,
conhecimento de tal modo que o poder se pelo contrário, de investir na singularidade
dissemine. Esse movimento, que envolve a de seus componentes, na memória do seu
representação política tanto de segmentos território, na reflexão sobre os elementos
sociais identificados por gênero, etnia, históricos da cisão entre centro e periferia.
religião, quanto de produtores rurais de
bases ecológicas, trabalhadores e Diversos grupos dos subúrbios e arredores
microempreendedores organizados, atinge da cidade vem se desenvolvendo a partir
os setores da cultura. Podemos observar de conexões e parcerias com
esse princípio na área da produção, sob a universidades, organizações não
diretriz da sustentabilidade e do governamentais e apoio financeiro de
financiamento comunitário, na área da órgãos de cultura, colocando em pauta a
organização, através da autogestão, e na tensão entre a centralidade e seu entorno.
criação, pela diluição de fronteiras artísticas Podemos chamar esse teatro de periférico,
decorrente de processos horizontais de tendo em mente essa tensão, ou seja,
concepção. entendendo que o próprio termo coloca em
questão a centralização geográfica,
No teatro de que estamos tratando neste cultural, social e política.
artigo, as noções de periferia e de contra

127
Rosyane Trotta

A (sic) diferença do ator do campo do trabalho da Cia Marginal. Do projeto de


hegemônico que pode ocupar um difusão pedagógica realizado pela Cia
espaço quase exclusivamente
dedicado à representação de Marginal em 2014, Trocas Marginais, nasce
personagens, o ator periférico está o Grupo Atiro, que, no ano seguinte, recebe
chamado a ser um agente cultural de apoio da Secretaria Municipal de Cultura
outra ordem porque é praticamente para seu espetáculo de estreia. Constituiu-
impossível sobreviver exclusivamente
como ator. (CARREIRA, 2006, p. 53) se nesse processo histórico uma pequena
rede teatral cujos participantes – artistas,
O trecho acima afere que todo ator deseja técnicos, teóricos, espectadores – acabam
ser intérprete e que, aos que não podem de ingressar no mundo do teatro.
alcançar esse sonho universal, resta o
trabalho cultural. O autor desconsidera que: Planos de democratização da cultura,
a delimitação do campo do artista de teatro quase que invariavelmente ao longo da
em torno da representação consiste em nossa história, são tentativas de
uma limitação de sua área de atuação transformar a classe popular em
potencial, sendo uma restrição ao artista e consumidora da cultura dominante. O que
à sua liberdade; esse ator restringido não se transformou, nos anos mais recentes da
tem a opção de ir além da interpretação história do teatro, foi que a recíproca se
uma vez que, no campo do mercado tornou verdadeira: grupos periféricos,
cultural hegemônico, as funções são depois de formar um público novo e
estratificadas e imiscíveis; o jovem da próprio, levaram a classe elitizada do teatro
periferia pode ser atraído para o teatro por a consumir sua produção. Gerd Bornheim
encontrar no grupo o acolhimento de suas constataria então que existem hoje, nas
ansiedades, a possibilidade de criação e periferias, teatros populares, tanto nos seus
autoria; o ator negro pode não se interessar modos e meios de produção quanto em
pela atuação junto à hegemonia do campo sua fruição, cuja linguagem e temática
profissional porque não quer interpretar o agregam novos contornos ao conceito.
bandido ou o serviçal, papéis mais Mas, claro, sempre suscetíveis a mudanças
comumente delegados a ele. políticas que, de uma hora para outra,
podem não apenas retirar-lhes o apoio
Além da periódica realização de eventos de como lhes promover uma caçada.
troca artística e pedagógica, abertos à
comunidade da Maré, a Cia Marginal Os grupos, espetáculos e artistas-
mantém a prática de incluir no orçamento, pesquisadores abordados neste artigo –
sempre que estreia em áreas privilegiadas como metonímia de um fenômeno que
da cidade, o transporte de seu público, da conecta periferia e universidade em
Maré até o local de apresentação. Quando consequência das ações afirmativas na
vinte jovens da Maré se inscreveram na cultura e na educação – revelam uma
oficina de Wallace Lino, sua motivação não prática decolonial em que o atuante reúne
foi a televisão nem as grandes produções arte e vida em seu empreendimento,
teatrais: foi a linguagem e a projeção local tomando suas próprias referências como
objeto artístico e/ou acadêmico. A

128
Teatro periférico e universidade:
sinais de uma epistemologia da margem no Rio de Janeiro

decolonialidade aparece, nos casos performances de mulheres negras. 159f.


observados, como reconhecimento da Dissertação (Mestrado em Artes Cênicas).
opressão, ruptura do silêncio e escrita de Programa de Pós-Graduação em Artes
si. Arriscamos dizer que a possibilidade de Cênicas. Universidade Federal do Estado
fortalecimento do indivíduo e de seu grupo do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.
social se mostra talvez mais efetiva quando Orientação Laura Erber. 2018.
se dá, como nesses casos, pelo BENTO, Berenice. Transviad@s: gênero,
enfrentamento das questões e pela sexualidade e direitos humanos.
identificação dos modos de subalternização Salvador: EDUFBA, 2017.
no presente. A academia, como o teatro, se
constitui potencialmente como lugar para o BORNHEIM, Gerd. Sobre o teatro popular.
exercício do diálogo e da cooperação In: Encontros com a civilização
mútua, para o avanço de uma reflexão brasileira, n.10. Rio de Janeiro, Civilização
mais profunda em relação à violência – Brasileira, 1979.
desde aquela vivenciada diariamente pelos BUTLER, Judith. Corpos que pesam: sobre
moradores de favelas até a violência os limites discursivos do sexo. In: LOURO,
subjetiva da desqualificação do Guacira Lopes (org). Corpo educado:
conhecimento do outro. Se a noção de pedagogias da sexualidade. Belo
“epistemologia da margem” (BENTO, 2017) Horizonte: Autêntica, 2013.
refuta a existência de uma identidade
CARREIRA, André Luiz Antunes Netto.
comum entre os grupos excluídos,
Formação de ator e teatro de grupo:
defendendo, ao contrário, a especificidade
periferia e busca de identidade. In: MALUF,
da diferença para a revelação da
Diab Sheila e AQUINO Ricardo Bigi de
multiplicidade das identidades
(orgs). Dramaturgia em cena. Maceió:
marginalizadas, a evidência dessas
EDUFAL, 2006.
identidades depende da construção de
redes, da efetivação de trocas. Nesse CARVALHO, José Jorge. Inclusão étnica
sentido, pode-se pensar em uma e racial no Brasil. São Paulo: Attar, 2005.
epistemologia decolonial no âmbito dos EVANS, P. Será possível uma globalização
coletivos de produção artística, de sua alternativa? Revista Periferia. Programa
formação, do compartilhamento de seus de Pós-Graduação em Educação, Cultura e
processos e da formação de seu público. Comunicação em Periferias Urbanas,
Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
Recebido em: 05/09/2018 v.1, n.1, jan-jun 2009.
Aceito em 10/10/2018 FERNANDES, Sílvia. Experiências do real
no teatro. Sala Preta. São Paulo:
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Universidade de São Paulo, v. 13, n. 2,
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feminino: ressignificação em

129
Rosyane Trotta

FLORENTINO, Adilson. Teatro, epistemologia SANTOS, Boaventura de Sousa;


e educação: crônica de um estatuto em MENESES, Maria Paula (orgs.).
construção. Revista OuvirOUver. Uberlândia: Epistemologias do Sul. Coimbra:
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