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BRINQUEDOTECA:

A PRÁTICA DO CURSO
DE PEDAGOGIA

ETAPA 1
A BRINQUEDOTECA
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br

Curso Briquedoteca: A prática do curso de Pedagogia


Centro Universitário Leonardo da Vinci

Organização
Ana Clarisse Alencar Barbosa

Autoras
Ana Clarisse Alencar Barbosa
Patrícia Cesário Pereira Offial

Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch

Pró-Reitoria de Ensino de Graduação a Distância


Prof.ª Francieli Stano Torres

Pró-Reitor Operacional de Ensino de Graduação a Distância


Prof. Hermínio Kloch

Diagramação e Capa
Renan Willian Pacheco

Revisão
José Roberto Rodrigues
APRESENTAÇÃO

Nesta etapa iremos compreender como surgiu a ideia da brinquedoteca, trazendo a


parte histórica, bem como os objetivos dela. Neste contexto, abordaremos a brinquedoteca
como um espaço fundamental de desenvolvimento infantil e os diversos tipos de
brinquedoteca.
4 BRINQUEDOTECA: A PRÁTICA DO CURSO DE PEDAGOGIA

1 VISÃO HISTÓRICA DA BRINQUEDOTECA

De acordo com Azevedo (2010), a ideia da brinquedoteca surgiu no ano de


1934, por meio de uma situação ocorrida em uma escola municipal de Los Angeles. Na
ocasião, as crianças estavam roubando brinquedos em uma determinada loja. Ao saber
do ocorrido, o diretor da escola, entendendo que as crianças careciam de brinquedos,
resolveu criar um espaço lúdico na escola com empréstimos de brinquedos. Essa ideia
ainda acontece e é conhecida em Los Angeles pelo nome de Toy Loan.

FIGURA 1 - TOY LOAN

FONTE: Disponível em: <https://atheistsunited.org/toyloan>. Acesso em: 13


jul. 2017.

Este é um exemplo de que podemos transformar nossa realidade. Percebam


que o diretor procurou entender a situação, compreendendo a importância do uso do
brinquedo para o desenvolvimento da infância, assim, não foi atrás de culpados, mas
acolheu o problema e transformou-o em solução.

O que fez este diretor foi dar voz às crianças, seguindo a Pedagogia da Escuta, que
está pautada em compreender as crianças por meio de suas múltiplas linguagens. Nesse
contexto, ouví-las de maneiras variadas porporciona entendermos seus mecanismos
internos e externos, e as complexidades de cada cultura.

Boas ideias se espalham e se ressignificam, mas é necessário partir de alguém.


Desta ação inicial, de empréstimo de brinquedos, surgiu em Estocolmo/Suécia, em 1963,
a primeira Ludoteca, que tinha como propósito orientar os pais a lidarem com filhos que
apresentavam alguma deficiência. Lá eles aprendiam como estimular a aprendizagem
dos filhos, por meio de brinquedos e brincadeiras.

Acompanhe na linha do tempo como se desenvolveu a brinquedoteca pelo


mundo:

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QUADRO 1 - LINHA DO TEMPO BRINQUEDOTECA

FONTE: Adaptado de Azevedo (2010)

A brinquedoteca no Brasil tem um contexto diferente das ludotecas e Toys Libraries


pelo mundo. Essas possuem um caráter voltado ao empréstimo, enquanto que no Brasil
esse espaço tem o propósito do brincar.

Vejam as funções da brinquedoteca pelo mundo, segundo Azevedo (2010):


África do Sul – toys libraries particulares em hospitais, universidades, e a
circulante direcionada ao estímulo às crianças com deficiência.
Argentina – assumiu modelo das lekoteks suecas (espaço lúdico para crianças
com deficiência).
Autrália – numa perspectiva de toys libraries, existem mais de seisssentas e as
itinerantes com recursos estatais e particulares envolvem hospitais, escolas, centros de
saúde, bibliotecas.
Bélgica – abarca uma centena de toys libraries.
Canadá – das trezentas que existem, metade está voltada ao atendimento às
necessidades especiais.
China – a primeira brinquedoteca surgiu em 1988, e atualmente há muitas delas.
Estados Unidos – as toys libraries foram criadas na época da recessão econômica
americana, e hoje emprestam uns 300 mil brinquedos por ano. As criculantes vão a
hospitais e creches que não possuem esse serviço. As adaptativas toys libraries fornecem
brinquedos para crianças que apresentam alguma deficiência, adaptando-se a elas.
Existem também setenta lekoteks.
Finlândia – também adotado o modelo sueco das lekoteks.
França – ludothèqueses, vinculadas ao Ministério da Educação. Possuem uma
associação que forma profissionais para atuar nas ludothèqueses.

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Grã-Bretanha – Recebem ajuda do goverdo da Escócia e Irlanda do Norte. Criaram


uma organização paralela chamada de Play Matters, que produz publicações de livros,
folhetos e um guia de brinquedos, o Good Toy Guide.
Itália – as ludothechas procuram resgatar a cultura lúdica e os valores humanos.
Mas são direcionadas a todas as idades.
Japão – a cada ano aumenta a quantidade de brinquedotecas. Recebem ajuda
de uma fundação para fazer pesquisa, publicar livros e folhetos a respeito. Há também
brinquedos para crianças com deficiência.
Noruega – as lekoteks são oferecidas pelo governo às ciranças com deficiência,
assim como para seus familiares.
Portugal – as ludotecas são como fontes de lazer comunitário, enfatizam o resgate
da cultura.
República da Irlanda – as toys libraries estão presentes e enriquecem a forma dos
pais brincarem com seus filhos.
Suécia – modelo lekoteks.
Suíça – modelo Ludothek com finalidade de lazer.
Brasil – iniciou com modelo Ludoteca em forma de rodízio e hoje tem o caráter
de favorecer a brincadeira nos espaços.

Cada país tem em seu contexto a ressignificação do projeto inicial que surgiu
na Inglaterra, com serviço de empréstimo, a Toy Loan, após isso surgiram as lekotek,
ludothechas, ludothéques, ludotecas, ludothek, brinquedotecas. Todos esses espaços
proporcionam à criança o acesso ao brinquedo para o brincar, porém cada país resgata
a cultura própria, conforme a seguir:

QUADRO 2 - TIPOS

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FONTE: Adaptado de Azevedo (2010)

Percebemos a diferença entre os espaços lúdicos de acordo com o entendimento de


cada cultura, de cada país. Se para uns é fundamental o brincar como para desenvolver
a cognição, para outros a importância se dá simplesmente pela necessidade lúdica da
criança e sua relação com o brinquedo.

1.2 FUNÇÃO DA BRINQUEDOTECA

Conforme o Referencial Curricular Nacional (1998), é através do brincar que a


criança desenvolve sua autonomia e identidade. Desta maneira, os profissionais podem
observar as experiências prévias das crianças e as reações tomadas frente a diversas
situações ocorridas durante as brincadeiras.

Brinquedoteca é um nome totalmente brasileiro, um espaço de valorização ao


ato do brincar propriamente dito. A criança ao brincar desenvolve sua espontaneidade,
afetividade, construindo sua identidade, por meio das relações, seja com brinquedo,
seja com outras crianças. Apesar de cada país trazer formas diferenciadas de espaço
para o brincar, segundo Negrine (1997, p. 87),

É possível que uma brinquedoteca tenha diferentes finalidades no âmbito


lúdico, por exemplo: brinquedotecas especializadas somente no empréstimo
de brinquedos; outras especializadas em atendimento de crianças na primeira
infância; outras no atendimento infantil e/ou de jovens adolescentes; embora
se possa ter aquela para adultos ou para terceira idade, desde que os espaços
de jogos estejam organizados de acordo com as necessidades dos usuários e
do contexto onde ela se situa.

Conforme a citação, há diferentes espaços e diferentes finalidades, mas o que


não pode mudar é o foco lúdico. Brinquedoteca não é um local para desenvolver
tarefas ou algum comprometimento que não seja o brincar ou jogar. E nesse aspecto,
Negrine (1997) alerta para que os profissionais envolvidos com a brinquedoteca sejam

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preparados para executar tal tarefa não só como um motivador de brincadeiras, mas
como um observador atento a toda ação e comportamento no espaço. Para tanto, sugere
que este profissional tenha uma formação sustentada em três pilares:

QUADRO 3 – OS TRÊS PILARES


Deve focalizar fundamentalmente as principais teorias
que tratam do desenvolvimento e da aprendizagem; do
Formação teórica
jogo e do desenvolvimento; do tempo livre, da recreação
e do prazer, marcadas bem suas diferenças e em que
paradigmas se situam.
Deve oportunizar uma vivência concreta no âmbito lúdico,
ou seja, uma formação que complementa a formação
teórica, onde se constói pela vivência e não apenas pela
Formação pedagógica consciência. Se possível, em diferentes contextos, com
crianças, adolescentes e adultos. Isto significa alicerçar a
formação em uma postura pedagógica que dê sustentáculo
a toda reflexão teórica. Este pilar é um componente
inovador da formação.
O que se quer destacar nesta abordagem é uma
experimentação pela via corporal. Que oportunize
Formação pessoal vivências de sensibilização corporal na relação com objetos
e com seus iguais. Uma formação complementar que
utiliza a ação, pensamento e linguagem, como elemento
pedagógico, sem a preocupação com performance.
FONTE: Negrine (1997, p. 87)

A reflexão a partir da discussão da autora remete à aplicação desses profissionais


nos espaços lúdicos. Essa atuação leva a algumas questões quanto à sua função.

• Função Pedagógica: proporciona a seleção dos brinquedos apropriados.


• Função Social: facilita o acesso ao brinquedo e jogos para as crianças menos
favorecidas.
• Função Comunitária: favorece o brincar entre pares, desenvolvendo o respeito, ajuda
mútua, cooperação, interação.
• Função de Comunicação Familiar: levar o lúdico para o centro familiar.
• Função de Animador de bairro: promover o encontro entre crianças do mesmo bairro,
desenvolvendo a amizade e o companheirismo.

Nesse contexto, veremos o que ressalta cada autor sobre a função da brinquedoteca:

Para Santos (1997), compreende um espaço para o brincar, sem propósito, mas
valorizando a espontaneidade da criança que revela muito de seu contexto e cultura.

Cunha (1994) ressalta que a brinquedoteca deve estimular todos os sentidos da


criança por meio de uma variedade de brinquedos.

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Na visão de Kishimoto (2009), o espaço da brinquedoteca deve ser vivenciado


como animação da cultura, socialização, integração, favorecendo a construção das
representações infantis.

Para Silva (2001), a brinquedoteca é um espaço para o desenvolvimento das


habilidades, em que a criança, no contato com outras e com o brincar, poderá aperfeiçoar-
se e descobrir-se, no contato com brinquedos e resgatando as brincadeiras tradicionais.

Bomtempo (1998) alerta que brinquedoteca é local exclusivamente do brinquedo


e do brincar.

A ideia que cada autor expressa sobre a brinquedoteca ressalta a importância


que esse espaço tem na relação com o brincar livre, favorecendo a socialização,
autoconhecimento, distanciando-se de uma concepção escolarizada.

Vamos acompanhar uma entrevista de Kishimoto sobre algumas questões que


envolvem a brinquedoteca, que nos ajudam a esclarecer alguns equívocos na relação
com a prática:

Tizuko Kishimoto, da USP: brincar é diferente de aprender

Jornal do Professor – A senhora pode conceituar as palavras brinquedo e brincadeira?

JP – Qual é a importância de se utilizar brinquedos ou brincadeiras para o aprendizado


infantil?

TMK – Não se pode dizer que o brincar leva a qualquer tipo de aprendizagem. Brincar
é diferente de aprender. O brincar é importante por duas razões: para a criança, o
brincar é importante para a expressão de seus interesses e a comunicação com outros
e, para o adulto, o brincar é importante para observar o objeto ou situação de interesse
da criança e, posteriormente, planejar atividades que de fato representem situações
que envolvem a criança.

Na atualidade, a concepção de educação vista como de melhor qualidade é a que


respeita os saberes e a experiência da criança e seja participativa. O professor não
educa sozinho. Pais, profissionais, outras crianças e a comunidade, todos fazem parte
deste conjunto de atores responsáveis pela educação. O primeiro passo da educação é
a descoberta do que a criança gosta, seus interesses, o que já sabe e o que gostaria de
saber. O brincar é excelente recurso para observação dos interesses e ações da criança.
Pelo brincar, a criança evidencia saberes e interesses, além de propiciar condições para
aprendizagens incidentais.

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JP – Quais os principais educadores ou pedagogos que se destacaram na área de


brinquedos educativos?

TMK – Froebel pensou nos brinquedos educativos, os “dons” para desenvolver as


atividades (ocupações) destinadas ao ensino dirigido pelas jardineiras. Médicos como
Itard, Seguín, Montessori e Decroly estudaram os brinquedos para educar especialmente
as crianças com necessidades especiais.

JP – As brinquedotecas são importantes? Por quê?

TMK – Brinquedotecas são equipamentos culturais importantes que devem permanecer


fora dos recintos escolares. A escola deve dispor de brinquedos em todas as salas sem
que se use a denominação “brinquedoteca”. Esse termo deve ficar restrito a equipamento
fora dos domínios escolares, destinado à educação informal, como existe em todos os
países.

JP – É importante que a escola ensine brincadeiras antigas e tradicionais? Por quê?

TMK – O brincar não é inato. Toda criança precisa aprender a brincar para se expressar
e se comunicar. Nos tempos atuais, pais não têm tempo para ensinar seus filhos e muitos
desconhecem as brincadeiras antigas e tradicionais. Cabe à escola e outros centros
culturais ensinar tais brincadeiras. Há um imenso repertório de cultura sobre o brincar,
representando a diversidade cultural do país, que não deve ser esquecida.
FONTE: Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/noticias.html?idEdicao=19&idCategor
ia=8>. Acesso em: 13 jul. 2017.

De acordo com Kishimoto (2009), a brinquedoteca, com este nome propriamente


dito, deve estar fora do ambiente escolar, pois tem a opinião de que os brinquedos
e brincadeiras devem estar presentes em sala de aula, para que a criança vivencie
diariamente, sem precisar um local determinado. Porém, para Bomtempo (1998), é na
brinquedoteca que os professores conseguem observar e conhecer a criança com mais
intensidade, explorando a vivência coletiva e a sua a relação com o brinquedo.

2 OS OBJETIVOS DA BRINQUEDOTECA

Os jogos e as brincadeiras exercem uma influência não só no campo afetivo da


criança, como também auxiliam na construção da comunicação e domínio da inteligência.
Nesse sentido, Santos (1997) salienta que as principais finalidades das práticas nas
brinquedotecas são:

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• Proporcionar um espaço onde a criança possa brincar sossegada, sem cobranças e


sem sentir que está atrapalhando ou perder tempo.

Nesse aspecto, deve-se ter o cuidado para que a brinquedoteca não sirva de
pretexto para o desenvolvimento de atividades que não sejam a lúdica. Sendo sempre
acompanhadas pela observação e análise do professor ou um profissional, que identifique
no brincar a oportunidade de a criança desenvolver-se em sua totalidade, considerando
seu intelectual, emocional e motor.

• Estimular o desenvolvimento de uma vida interior rica e da capacidade de concentração


e atenção.

A vida interior rica se refere à abundância de vivências lúdicas, de trocas de


experiência entre pares, de novos repertórios, expandindo a comunicação, a oralidade e a
formação do pensamento, que possibilitam uma perspectiva de mundo mais abrangente.
E quanto mais a criança envolve-se com um determinado jogo ou brincadeira, mais
poder de concentração ela irá desenvolver, favorecendo a segurança e a autoconfiança.

• Estimular a operatividade das crianças.

Ao dinamizar os espaços, valorizando a exploração de materiais e brinquedos


alternativos, estar-se-á promovendo a operatividade, em que a criança atribui sentido
e ressignifica sua ação ao brincar.

• Favorecer o equilíbrio emocional.

É também na relação com o brinquedo e entre pares que a criança desenvolve


noção de limites, regras e respeito para com o outro; e no compasso das construções e
desconstruções que vivenciam no ato do brincar ou do jogo, precisam lidar com as mais
variadas emoções, sejam elas de satisfação ou descontentamento.

• Dar oportunidade à expansão de potencialidades.

Nesse sentido, a brinquedoteca tem que ser pensada como um espaço


favorecedor do desenvolvimento infantil, contribuindo para o processo das habilidades
e competências contempladas em todas as etapas do desenvolvimento infantil.

• Desenvolver a inteligência, criatividade e sociabilidade.

Ao valorizar a ludicidade como forma de expansão da cultura e troca de saberes,


estaremos fortalecendo os laços que integram a diversidade e inclusão. Permitindo os

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novos olhares, ampliando a sua percepção de mundo, integrando a uma rede de novos
saberes, contidos no brincar.

• Proporcionar acesso a um número maior de brinquedos, de experiência e de


descobertas.

A diversificação de brinquedos possibilita diferentes formas de brincar e


ressignificar o brinquedo. Quanto mais variado estiver o espaço da brinquedoteca,
com materiais alternativos e construtivos, mais propício ao estímulo da criatividade
e descobertas será. Contudo, essa diversificação deve abranger não só os brinquedos
atuais, como também os mais antigos, resgatando as brincadeiras tradicionais e os
saberes atrelados a ela.

• Dar oportunidade para que aprenda a jogar e participar.

O profissional que acompanha a brinquedoteca deve estar atento à participação


e envolvimento dos presentes, e caso perceber o afastamento de um dos integrantes,
deve mediar em prol da inclusão. Afinal, um ambiente coletivo, mesmo que lúdico,
pode apresentar também casos de discriminação e preconceito.

• Incentivar a valorização do brinquedo como atividade geradora do desenvolvimento


intelectual, emocional e social.

A principal atividade da criança no espaço da brinquedoteca é o brincar. Nesse


sentido, a atividade lúdica irá proporcionar as demais aprendizagens que se referem
ao seu desenvolvimento integral.

• Enriquecer o relacionamento entre crianças e suas famílias.

Uma criança respeitada em suas bases terá grandes chances de ser um adulto
mais feliz. Pesquisadores indicam que a maioria das frustrações ocorridas na fase adulta
provém de uma infância desrespeitada no seu direito de brincar. Nesse contexto, a
brinquedoteca proporciona o estreitamento de laços nas relações familiares, uma vez que
o brincar estimula o equilíbrio emocional, e o encontro de gerações por meio do lúdico.

• Valorizar os sentimentos afetivos, cultivando a sensibilidade.

O saber sensível é uma competência que se desenvolve no autoconhecimento


emocional. Nesse aspecto, a brinquedoteca cultiva em seu espaço os diferentes
sentimentos e manifestações de emoções, pois permite a espontaneidade da criança na
relação com o brincar.

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BRINQUEDOTECA: A PRÁTICA DO CURSO DE PEDAGOGIA 13

Sabemos que o principal objetivo da brinquedoteca é o desenvolvimento do


brincar propriamente dito. Mesmo que se ressignifique a cada contexto, suas bases são
a ludicidade. Pois, assim como a brinquedoteca é absorvida diferentemente em cada
país, o brincar também se expressa conforme a cada cultura.

Conheça agora como se divertem as crianças de outros países:

Japão: o jô-quem-pô é muito popular neste país. As crianças brincam


como aqui, fazendo gestos que representam papel, pedra ou tesoura.
A diferença é que lá do outro lado do mundo elas gritam "jan-ken-
pon!".

Alemanha: uma brincadeira que é muito popular entre as crianças


alemãs parece-se com o nosso esconde-esconde, mas ao avesso.
Neste jogo, apenas uma criança se esconde e todas as outras
procuram. Quem encontra a criança escondida fica junto com ela
no esconderijo, que vai se enchendo até sobrar uma só criança, que
será a próxima a se esconder.

Itália: no jogo "mora", duas pessoas escondem as mãos atrás das


costas e ficam de frente uma para outra. Elas devem escolher uma
quantidade de dedos para mostrar, ao mesmo tempo em que tentam
imaginar quanto daria a soma de seus dedos com os do outro
jogador. Juntas, mostram os dedos e gritam o número que pensam
que é a soma. Quem acertar, vence.

Egito: em uma brincadeira típica deste país, as crianças


formam um círculo. Alguém inicia o jogo provocando o
companheiro do lado com cócegas, caretas, mímicas... Como
num telefone sem fio, os participantes vão provocando quem
está ao seu lado, e assim por diante. Quem fizer barulho, perde
o jogo e deve sair do círculo, até sobrar apenas o vencedor.

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Taiwan: num dos jogos preferidos das crianças deste país, a primeira
coisa a fazer é escolher quem é a galinha, a águia e os pintinhos. A águia
deve tentar pegar os pintinhos, enquanto a galinha tenta defendê-los.
O primeiro pintinho que for apanhado vira a águia na próxima rodada.

Colômbia: as crianças gostam de uma brincadeira que também


temos aqui. Alguém joga a bola para o alto e grita o nome de outra
criança. Esta deve tentar agarrar a bola o mais rápido possível,
enquanto o resto da garotada sai correndo. Assim que estiver com
a bola nas mãos, a criança grita "Pare!", e as outras devem parar de
correr. Aí a que está com a bola dá três passos até a criança mais
próxima e tenta acertá-la.
FONTE: Disponível em: <https://criancas.uol.com.br/especiais/ult2631u2.jhtm>. Acesso em: 20 jul.
2017.

Nessa perspectiva, a brinquedoteca deve manter seus fundamentos numa


concepção inclusiva em que valoriza as diferentes culturas e contextos por meio das
brincadeiras.

3 A BRINQUEDOTECA COMO ESPAÇO DE DESENVOLVIMENTO DA


CRIANÇA

A brincadeira contribui para o desenvolvimento infantil, onde o brinquedo infere


como um meio que influencia positivamente na capacidade cognitiva das crianças.
Vygostky (1998) pontua sobre a situação onde a criança se apropria do mundo real,
amplia seus conhecimentos, relaciona-se com os outros e sofistica culturalmente seus
entendimentos de mundo, quando interage com os brinquedos.

São momentos que constituem situações imaginárias, nos quais a criança consegue
interpretar diferentes papéis e situações, transcendendo seu comportamento cotidiano.
Ou seja, Vygotsky (1998, p. 127) aponta que “a criança vê um objeto, mas age de maneira
diferente em relação àquilo que vê. Assim, é alcançada uma condição em que a criança
começa a agir independentemente daquilo que vê”. Neste ínterim, a criança vivencia
outras situações que requerem diferentes formas de interpretar o mundo, outras
representações da realidade.

Nesse sentido, a criança, por meio da brincadeira, interpreta, aprende, elabora e


necessita resolver as diversas situações, algumas conflitantes, que vivencia no cotidiano.
Para conseguir resolver as inúmeras circunstâncias que surgirão durante as brincadeiras,
a criança fará uso de algumas capacidades, como a observação, a imitação e a imaginação.

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BRINQUEDOTECA: A PRÁTICA DO CURSO DE PEDAGOGIA 15

A imitação representativa como uma alternativa para aprender a vivenciar as regras e


normas da sociedade, além de aprender a reconhecer os limites que serão negociados
durante sua interação com os outros (VYGOTSKY, 1998).

FIGURA 2 - IMITAÇÃO REPRESENTATIVA

FONTE: Disponível em: <https://www.everydayfamily.com/blog/seven-signs-youre-


mom-of-a-toddler/>. Acesso em: 20 jun. 2017.

As atividades lúdicas contribuem no processo de desenvolvimento e


aprendizagem, principalmente as mediadas pelas práticas educativas, nos espaços da
brinquedoteca. Neste meio, podemos citar algumas funções significativas que podem
ser identificadas nas brinquedotecas.

QUADRO 5 - FUNÇÕES IDENTIFICADAS NA BRINQUEDOTECA

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16 BRINQUEDOTECA: A PRÁTICA DO CURSO DE PEDAGOGIA

FONTE: Azevedo (2010)

Desta forma, podemos constatar que a brinquedoteca possibilita um espaço de


socialização das crianças, onde a brincadeira infere o aprendizado de regras e princípios
para a convivência social. Nas palavras de Bomtempo (1998, apud AZEVEDO, 2010, p.
60), “brincar exige uma dose grande de concentração durante muito tempo e desenvolve
o interesse, a imaginação e a iniciativa. É um dos processos educativos mais completos,
uma vez que envolve o emocional, o corporal e o intelectual da criança”.

Prossegue definindo a brinquedoteca como um dos espaços propícios da criança,


como um momento onde se consegue conhecer e observar suas ações de forma precisa.

FIGURA 3 - CRIANÇAS NA BRINQUEDOTECA

FONTE: Disponível em: <https://www.pinterest.com/hazen0055/cap%C3%ADtulo-6de-


ni%C3%B1o/>. Acesso em: 20 jun. 2017.

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BRINQUEDOTECA: A PRÁTICA DO CURSO DE PEDAGOGIA 17

Durante a ação do brincar, a criança consegue lidar com diversas situações


psicológicas, entre algumas a dor, a perda e o medo. Também interpretam e vivenciam
situações onde precisam ponderar entre o bem e o mal, atitudes passivas e agressivas.
São situações que permeiam a convivência social, vivenciadas pelas crianças de forma
lúdica, porém com intensidade para incitar o desenvolvendo do pensamento e situações
psicológicas (AZEVEDO, 2010).

As brinquedotecas se classificam de acordo com diferentes funções, como:


geográfica, tradições e cultura, sistema educacional, segundo os materiais e espaços,
valores, crenças e os serviços prestados. Azevedo (2010) aponta ainda sobre os tipos
mais comuns de brinquedoteca: de escolas, bairro, universidades, hospitais ou clínicas,
circulantes, bibliotecas, rodízios e temporais.

QUADRO 6 - TIPOS DE BRINQUEDOTECAS

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18 BRINQUEDOTECA: A PRÁTICA DO CURSO DE PEDAGOGIA

Fonte: Azevedo (2010, p. 56-57)

Podemos afirmar que a brinquedoteca se estrutura no espaço que propicia


momentos de interação entre as crianças, possibilitando, por meio das práticas lúdicas,
o desenvolvimento do imaginário. Propõe ainda condições favoráveis de aprendizagem
quando as crianças, por meio da imitação representativa, reconstroem significados
vivenciados no cotidiano.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, A. C. P. Brinquedoteca no diagnóstico e intervenção em dificuldades


escolares. 3. ed. Campinas: Editora Alínea. 2010.

BOMTEMPO, E. Brinquedoteca: o espaço e a criança. “Ideias para o cotidiano da


pré-escola”. São Paulo: Nobel, EDUSP, 1998.

CUNHA, N. H. da S. Brinquedo, desafio e descoberta: subsídios para utilização e


confecção de brinquedos. Rio de Janeiro: FAE, 1994. 427 p.

KISHIMOTO, T. M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez,


2009.

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BRINQUEDOTECA: A PRÁTICA DO CURSO DE PEDAGOGIA 19

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação


Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília:
MEC/SEF, 1998. 3 v.: il.

SANTOS, S. M. P. Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos. Petrópolis, RJ:


Vozes, 1997.

SILVA, C. R. C. A descrição das atividades dirigidas realizadas em ambiente lúdico.


Anais do II Congresso Norte-Nordeste de Psicologia. Salvador. 2001.

VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente. 6. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1998.

NEGRINE, A. Brinquedoteca: teoria e prática dilemas da formação do brinquedista.


In: SANTOS, S. M. P. Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos. Petrópolis, RJ:
Vozes, 1997.

Manual da Brinquedoteca. Uniasselvi, 2017.

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