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SINTAXE DO
PORTUGUÊS BRASILEIRO
Caro(a) Aluno(a),
Caro aluno, você já deve ter percebido que os discursos
são sequências lineares de morfemas e palavras e deve ter
concluído que as palavras não se alinham no discurso ao
acaso, ou seja, existem regras para ordená-las de modo que o
discurso faça sentido. Pois bem, é disso que trataremos neste
material didático, da sintaxe, disciplina que se ocupa com o
estudo das palavras agrupadas em segmentos que, por sua
vez, cumprem funções específicas no discurso e nas relações
entre os segmentos.
Ao estudar a língua, temos apenas os discursos como ponto
de partida, isso significa dizer que a gramática da língua não é
visível em si, então, as estruturas sintáticas não estão visíveis
para observação, mas há bons indícios de que o sistema de
regras que constitui a competência dos falantes é formado por
estruturas sintáticas. Uma primeira evidência disso está em
frases como:
Pedro encontrou a senha do cartão de crédito que ele tinha
perdido.
O exemplo dado apresenta uma ambiguidade sintática
(um dos fenômenos que serão tratados neste livro): afinal, Pedro
perdeu a senha ou o cartão? Podemos resolver a confusão com
o uso de parênteses. Observe:
Pedro encontrou a senha (do cartão de crédito que tinha per-
dido).
Pedro encontrou (a senha do cartão de crédito) que ele tinha
perdido.
O emprego de parênteses gera dois sentidos válidos para
a frase. Isso indica que a forma como agrupamos os itens da
frase influencia no seu sentido.
Diante de evidências como essa, somos levados a crer
que os falantes realmente segmentam as frases em partes,
relacionando cada parte com uma função sintática, tanto
quando geram frases como quando as interpretam. Assim,
temos que concordar que os falantes têm consciência intuitiva
dessas partes, tanto que em línguas como o latim, os falantes
empregavam diferentes formas dependendo da função sintá-
tica desempenhada pela palavra na frase. Esses segmentos se
organizam em uma estrutura sintática e é dessas estruturas
que vamos nos ocupar neste livro. Para isso, estruturamos esta
obra em quatro unidades:
A primeira delas tratará dos fundamentos da teoria
gramatical, ou seja, das principais noções de gramática
existentes em nosso meio, das diferentes abordagens para o
estudo da gramática e da concepção de gramática adotada
neste livro.
A segunda unidade deste livro tratará da constituição da
frase e da oração, isto é, da estrutura argumental, dos conceitos
de frase, oração e período, de sujeito, de predicado, de com-
plementos verbais (e transitividade verbal), de complemento
nominal, de agente da passiva, de adjunto adnominal, de ad-
junto adverbial, de aposto e de vocativo.
A terceira unidade tratará da sintaxe do período que
inclui as relações de sentido entre partes do texto, o período
composto por coordenação e o período composto por subor-
dinação.
A quarta unidade tratará da articulação dos termos da
oração, ou seja, discutirá questões de concordância verbal e
nominal e de regência.
Buscaremos, neste livro, apresentar os conceitos sintáticos
trazidos pela gramática normativa e a todo momento discutir
sobre eles criticamente à luz de gramáticas descritivas e, sem-
pre que possível, trazer resultados de pesquisas linguísticas
relacionadas aos temas em discussão.
Em alguns momentos você poderá se perguntar: “O que eu
vou fazer com esses conhecimentos quando eu for dar aulas de
português na educação básica?”. Essa pergunta será respondida
no guia de estudos de Prática de Ensino de Línguas e Literatura
III, já que não trataremos das questões práticas neste livro para
não nos alongarmos demasiadamente.
Desejamos a todos uma ótima leitura e boas reflexões.o
Sobre os autores
REVISÃO
Luiz Leandro Gomes de Lima
É professor colaborador de Linguística e Língua Portuguesa no curso de Letras da EaD-UFMS.
Possui graduação em Letras - Português e Inglês pela UFMS. Suas áreas de interesse são
Linguística Geral e Portuguesa e Ensino de Língua Portuguesa.
E-mail para contato: luizleandrog@gmail.com
Currículo Lattes: <http://lattes.cnpq.br/0511535528914245 >
sumário
Apresentação 3
Sofrendo a Gramática:
A Matéria que Ninguém Aprende 9
UNIDADE I
UNIDADE II
UNIDADE III
Sintaxe do Período
Referências 207
SOFRENDO A GRAMÁTICA:
A MATÉRIA QUE NINGUÉM APRENDE
•••
Unidade I
Unidade II
1
O asterisco marca que a oração é ruim (agramatical). No caso de (3d) a oração
pode ser boa se tiver leitura conotativa.
EaD • UFMS A Constituição
Fundamentosdada
Frase e da
Teoria Oração
Gramatical 29
Para pensar 1:
(16)Na cabeça, aquela bonita coroa.
A frase acima, retirada de Montello (apud CUNHA; CINTRA,
2001, p. 120) não tem nenhum verbo explícito. Nesse caso, diríamos
que essa frase não contém oração. No entanto, a vírgula está subs-
tituindo um verbo facilmente inferível: Na cabeça estava aquela bonita
coroa. Portanto, em uma oração, o verbo pode estar explícito ou im-
plícito. Veja mais exemplos:
(17) a. João foi ao shopping/ e Maria, à feira.
(a barra / marca o limite das orações)
b. Maria é esposa de Paulo; / Joana, de Pedro.
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
32
32 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
Para pensar 2:
Nos conceitos descritos acima, analisamos (13) e (15), repetidas
abaixo, como oração e frase respectivamente:
(13) a. Você quer mais bolo?
(15) b. Maria comeu todo o bolo.
Mas qual é a diferença entre elas, já que ambas são constituídas
por verbo (querer e comer) e veiculam uma informação? Nenhuma:
as duas devem ser consideradas frase e oração. No entanto, ainda en-
contramos gramáticas que fazem uma confusão entre o significado
de frase e oração. Algumas afirmam que nem toda frase é oração,
porque existem frases que não têm verbo – Que dia lindo! - e, nem
toda oração é frase pois há orações que têm verbo, mas têm sentido
incompleto - Queremos / que a justiça impere no Brasil.
O problema está em juntar dois conceitos que são baseados em
critérios distintos. Retome os conceitos de frase e oração descritos
acima e você verá que frase é uma unidade fundamental do discur-
so, enquanto que oração é uma unidade fundamental da gramática.
(AZEREDO, 2008).
Por fim, falta definir o conceito de período. Período é uma frase
que contém uma ou mais orações. Ele pode ser simples, quando pos-
sui uma só oração [João ama Maria], ou composto, quando é constitu-
ído de duas ou mais orações [João ama a Maria que trabalha na casa de
Pedro]. O estudo do período será discutido, em detalhes, na Unidade
3. Por hora, vamos retomar a oração, verificando as funções sintáti-
cas dos constituintes que a compõem.
2.2.1 Sujeito
Como vimos na seção (2.1), os predicados impõem algumas
restrições e/ou exigências a seus argumentos. Essas restrições defi-
nem a função sintática desses elementos.
Segundo estudo sobre o conceito de sujeito, feito por Antônio S.
C. da Cunha (2006), “as gramáticas tradicionais brasileiras utilizam-
-se de três critérios para a definição da função sintática de sujeito:
ora o critério semântico; ora o discursivo, ora o sintático”.
Pelo critério semântico, mais utilizado nas gramáticas antigas,
muito embora ainda encontremos tais definições nos livros didáti-
cos, “‘o sujeito é aquele que pratica a ação expressa pelo verbo da
oração’, identificando, dessa forma, o sujeito com o papel temáti-
co de agente” (CUNHA, 2006). Essa definição é ultrapassada, pois
é facilmente ‘derrubada’ com a comparação entre a forma ativa e
passiva de uma oração, “em que os termos têm a função sintática
alterada, mas mantêm a respectiva função semântica” (AZEREDO,
2008, p. 223):
EaD • UFMS A Constituição
Fundamentosdada
Frase e da
Teoria Oração
Gramatical 33
[Ani Carla7] Comentário: Mesmo com o ‘probleminha’ evidenciado por Cunha (2006), aci-
O que fizemos aqui é o que
deve ser feito em sala de ma, e de outros que serão descritos em detalhes no capítulo 3
aula: discutir os conceitos
apresentados nos livros e, deste livro, vamos manter que o critério para definir o sujeito
não apenas aceitá-los passi-
vamente. seja o sintático: o verbo mantém uma relação de concordância
com o sujeito. Vejamos como Cunha (2006) prossegue essa clas-
sificação:
2
A partir de agora, vamos chamar esse tipo de sujeito só de implícito para utilizar
apenas uma terminologia.
3
Curiosidade:
Você sabe por que as pessoas omitem o sujeito? Por causa do chamado Princípio da
economia linguística. Segundo esse princípio, “cada unidade de informação requer
apenas uma unidade de expressão […] No enunciado abaixo:
‘Houve ano em que estranhei tanto roxo e o pai logo me rebateu, deixando-me
perplexo’ (CONY, C.H, 1995:97), a forma verbal estranhei indica, pela desinência,
que seu sujeito é eu, a pessoa que fala. Por outro lado, em: ‘Cansado, eu dormia
logo, embalado pela certeza de que, nos próximos dias e noites, ficaria ao lado dele
ajudando-o nos balões...’ (CONY, C.H., 1995:99), dormia, que não é provido de
desinência de pessoa, recebe o sujeito eu.” (AZEREDO, 2008, p. 224-5)
EaD • UFMS A Constituição
Fundamentosdada
Frase e da
Teoria Oração
Gramatical 37
Atenção 1:
(31) Hoje é/são 20 de maio.
Qual das duas formas está correta? Por quê? Procure pesquisar
a resposta antes de prosseguir com a leitura do manual.
Resposta: Hoje é [dia] 20 de maio ou Hoje são 20 [dias do mês] de maio.
O que está entre colchetes são informações implícitas na frase.
Assim, como as duas leituras são possíveis, podemos utilizar o é ou
são. Esse fato ocorre na indicação de datas.
Atenção 2:
O verbo ser, impessoal, concorda com o predicativo, podendo
ficar no singular ou no plural, conforme o número do atributo:
EaD • UFMS A Constituição
Fundamentosdada
Frase e da
Teoria Oração
Gramatical 39
Para pensar 3:
(34) O dia amanhece com uma algazarra de pássaros.
Em (34), retirada de Azeredo (2008, p.232), temos claramente
um sujeito – dia. Segundo o dicionário Houaiss, este é um caso ex-
cepcional que ocorre com o verbo amanhecer.
• Expressões basta de, chega de, passa de:
(35) a. Chega de choro!
b. Basta de mentiras.
c. Já passa de duas da manhã.
Revisando:
Existem pelo menos três tipos de sujeito:
1. Sujeito determinado:
1.1 Simples: tem apenas um núcleo. Maria gosta de maçã.
1.2 Composto: tem dois ou mais núcleos. Maria e Paula gostam de
maçã.
1.3 Implícito: o sujeito é foneticamente apagado (implícito), mas
pela desinência do verbo ou pelo contexto conseguimos depreende-
-lo. João praticou tanto esporte que [ ] ficou doente.
2. Sujeito indeterminado: ocorre quando a desinência do verbo e
o contexto permitem reconhecer que exite um sujeito, mas não é
possível identificá-lo. [ ] Vive-se bem por aqui.
3. Sujeito inexistente: ocorre quando o sujeito não existe. Houve
poucas mortes este ano.
O sujeito inexistente ocorre com o verbo haver (com sentido de ocor-
rer, fazer, existir, realizar-se e acontecer); fazer, ser, estar (com sentido de
4
Cuidado com esses usos no sentido figurado: Amanheci indisposto hoje. (sujeito
desinencial = eu amanheci = acordei )
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
40
40 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
2.2.2 Predicado5
Tudo o que resta após separarmos o sujeito é o predicado. Ou
seja, o predicado é tudo aquilo que se declara a cerca do sujeito.
Numa sentença como João e Maria compraram um presente para Ana,
o sujeito é João e Maria (sujeito composto) e compraram um presente
para Ana é o predicado. Numa sentença como Choveu muito ontem
(sujeito inexistente) só temos o predicado Choveu muito ontem. De
acordo com Azeredo (2008, p. 199), tradicionalmente, temos três ti-
pos de predicado: predicado nominal, predicado verbal e predicado verbo-
-nominal.
A) Predicado Nominal: no predicado nominal, o núcleo é um
nome que exerce a função de predicativo do sujeito. O predicati-
vo do sujeito fornece uma característica, um atributo, um estado ao
sujeito e é conectado ao sujeito por meio de um verbo de ligação.
Cunha e Cintra (2001, p.132-134) elencam os seguintes estados que o
verbo de ligação pode desempenhar:
(36) a. João parecia feliz.(Aparência de estado)
b. João era herdeiro de tudo. (Estado permanente)
c. João esteve hospitalizado por um dia.(Estado transitório)
d. João ficou muito irritado ontem.(Mudança de estado)
e. Barbaças continuava alheado e sorridente.(Continuidade de estado)
Observe que na primeira oração, (36a), feliz é um atributo do
sujeito João. O sujeito João e o predicado nominal feliz estão conec-
tados pelo verbo de ligação parecer. Conforme já discutido na seção
(2.1), os verbos de ligação servem apenas para estabelecer a união
entre duas palavras (sujeito e predicado nominal). O verbo de li-
gação não traz, propriamente, uma ideia nova (apenas um estado
– permanente, transitório, etc.). Ou seja, ele funciona apenas como
elo entre o sujeito e o predicativo. Para comprovar esse fato, pro-
ceda com a elaboração de exemplos conforme feito na seção (2.1),
exemplos em (6) e (7).
5
A Gramática Tradicional considera o sujeito e o predicado como termos essenciais
da oração. No entanto, há casos, como visto anteriormente, em que a oração não
possui sujeito (cf. sujeito inexistente). Porém, se a oração é estruturada em torno
de um verbo e ele está contido no predicado, é impossível existir uma oração sem
predicado.
Ex.: Choveu muito em Campo Grande. (essa frase só possui predicado)
EaD • UFMS A Constituição
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Frase e da
Teoria Oração
Gramatical 41
Para pensar 4:
Você já deve ter ouvido a oração abaixo:
(45) Amar ao próximo
Pergunta: Que tipo de verbo é o verbo amar? É um verbo tran-
sitivo direto – precisa de alguém que ame (sujeito) e algo que seja
amado (objeto – sem preposição). Como já aprendemos, um verbo
transitivo direto exige um objeto direto como seu complemento. No
entanto, não é isso que observamos em (45), pois temos a preposição
‘a’ entre o verbo amar e o objeto o próximo. Assim, a esses objetos di-
retos que apresentam uma preposição dá-se o nome de objeto direto
preposicionado.
A diferença entre objeto indireto e objeto direto preposicionado
é que, no primeiro, a preposição é obrigatória. Veja outras orações: [Ani Carla10] Comentário:
Observe que aqui, o objeto
(46) a. Amar ao próximo. ( = Amar o próximo). direto foi deslocado para a
posição esquerda da sen-
tença.
b. A homem pobre, ninguém roube .
6
Os verbos de ligação estabelecem uma união entre duas palavras. Eles não trazem,
propriamente dito, uma ideia nova ao sujeito. Há verbos que ora são empregados
como de ligação, ora como significativos. Por isso, é importante prestar atenção ao
valor que o verbo apresenta no texto:
i. Joana estava triste X Joana estava em casa.
ii. Andei muito preocupado X Andei muito hoje.
(Verbos de ligação) (verbos significativos)
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
44
44 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
Para pensar 5:
Vimos que amar ao próximo e amar o próximo não têm diferença
de sentido. Agora, leia atentamente as sentenças abaixo:
(49) a. Comemos do bolo.
b. Comemos o bolo.
Há, claramente, uma diferença entre as duas orações acima
(além da diferença da presença ou não de preposição). Mas, qual é
essa diferença? Se você observou bem as frases acima, deve ter con-
seguido definir o valor semântico delas: (49a) significa que experi-
mentamos o bolo, comemos um pedaço do bolo (uma parte do bolo),
uma fatia, um pedaço; já em (49b), comemos o bolo todo.
O mesmo ocorre com os verbos beber (= beber todo o conteúdo e o
beber no sentido de experimentar, provar alguma bebida).
Atenção 1:
- Os pronomes pessoais oblíquos o, a, os, as (lo, la, los, las, no,
na, nos, nas) funcionam como objeto direto (completam o sentido do
verbo). Por exemplo, em: O trovão abalou a cidade, a expressão a cidade
pode ser substituída por um pronome: O trovão abalou-a.
• O pronome pessoal oblíquo lhe(s) funciona (sempre) como
objeto indireto.
(50) a. Respondi tudo ao delegado.
(quem responde, responde algo a alguém)
b. Respondi-lhe tudo.
Atenção 2:
Para classificar um verbo como transitivo direto ou transitivo
indireto, é necessário saber se ele realmente precisa de um comple-
mento. Na frase:
(51) Ele saiu com a namorada.
O verbo sair é intransitivo, apesar da existência da preposição,
já que a oração Ele saiu é perfeitamente possível no PB. A expres-
são sublinhada será adjunto adverbial de companhia, e não objeto
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Gramatical 45
Para pensar 6:
Se você está atento à matéria vista até aqui, deve ter se pergun-
tado: Qual é a diferença entre um objeto indireto e um complemento nomi-
nal, já que ambos completam alguma coisa e são iniciados por preposição?
A resposta é simples: o complemento nominal completa o sentido
de um Advérbio, Substantivo ou Adjetivo (ASA) e o objeto indireto
completa o sentido de um verbo transitivo indireto (VTI):
(55) a. João confia na justiça.
VTI OI
b. João tem confiança na justiça.
Subst. deverbal CN
Antes de prosseguir com a leitura desse material, leia o arti-
go Perspectivas Gerativas para a complementação nominal em português
brasileiro, de Tiago Moreira (2009). Referência e link de acesso es-
tão abaixo. Nesse artigo, o autor questiona o fato de na escola o
complemento nominal ser apresentado com um requisito básico:
presença de preposição (como afirmamos acima). Veja o que ele
afirma:
sujeito predicado
|
| verbo objeto direto
| | |
A inflação corrói os salários
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Gramatical 49
sujeito predicado
|
| verbo agente da passiva
| | |
Os salários são corroídos pela inflação
Observações:
1ª) Cumpre não esquecer que, na passagem de uma oração da voz
ativa para a passiva, ou vice-versa, o agente e o paciente continu-
am os mesmos; apenas desempenham função sintática diferente.
[Retome aqui a seção 2.1.1, que discute esse fato]
2ª) Na voz passiva pronominal, a língua moderna omite sempre
o agente:
Aumentou-se o salário dos gráficos.
Conteve-se a inflação em níveis razoáveis.
(CUNHA e CINTRA, 2001, p. 148-9)
Revisando:
• O sujeito na voz ativa sempre se transformará em agente da
passiva;
• O objeto direto da ativa sempre se transformará em sujeito pa-
ciente da ativa;
• O agente da passiva pode ou não aparecer expresso na voz pas-
siva analítica;
• Na voz passiva sintética, o agente não é mencionado.
Para pensar 7:
Você consegue criar um esquema para diferenciar Adjunto adno-
minal de Predicativo? Nas orações abaixo os adjetivos bonita e verme-
lha são adjunto adnominal ou predicativo?
(62) a. João acha Maria bonita.
b. João perdeu a caneta vermelha.
A abordagem Gerativa tem um sistema bem simples para di-
ferenciar essas duas estruturas. Porém, para entender como é feita
essa distinção, primeiro temos que entender/saber quando uma se-
quência tem uma ou mais de uma estrutura. Essas informações vão
te ajudar a distinguir sentenças ambíguas (sentenças que têm mais
de um significado). Todo o material exposto no quadrinho abaixo foi
retirado, na íntegra, de Mioto (2009, p. 13-21):
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
52
52 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
Importante 3:
Além da diferença entre adjunto adnominal e predicativo, ou-
tra função sintática que é parecida com o adjunto adnominal é o
complemento nominal. Já diferenciamos essas funções, brevemente,
no início dessa seção. Porém, quando o Adjunto Adnominal (AA) e
o Complemento Nominal (CN) estão dentro do sujeito, a diferencia-
ção é um pouco mais hard:
(63) A crítica do professor foi injusta. (AA)
(64) A crítica ao professor foi injusta. (CN)
Na primeira sentença o nome está com sentido completo (A
crítica foi injusta), portanto, do professor é adjunto adnominal. Na se-
gunda sentença, o termo em negrito só pode ser um complemento
nominal, pois ao professor está completando o sentido do nome de-
verbal (crítica a quem?). Nesse caso, há uma explicação semântica:
em (1) o professor foi o agente da crítica, ele fez a crítica, praticou a
ação, sendo assim, do professor é AA. Em (2), o professor recebeu a
crítica, ele sofre a ação, portanto, complemento nominal. Outro caso:
(65) A construção do engenheiro foi rápida. (AA)
(66) A construção do edifício foi rápida. (CN)
Em (3), o engenheiro é o agente da ação (sentido ativo), portanto,
adjunto adnominal. Em (4), o edifício é o alvo da ação (sentido passi-
vo), portanto complemento nominal (em (4), construção é visto como
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Frase e da
Teoria Oração
Gramatical 57
- de negação:
- de tempo:
Procure em uma gramática por exemplos que tenham cada um
desses adjuntos adverbiais para preencher esse quadro.
A função sintática adjunto adverbial ganha destaque nos estudos
gerativistas (Gramatica Internalizada). Kessler (s/d, p. 36) descreve
brilhantemente o motivo:
EXERCÍCIO:
Qual a função sintática dos termos sublinhados abaixo?
(a) Espero que vocês viajem à Bahia conosco.
(b) Cancelaram nossa viagem à Bahia.
Solução: (a) adjunto adverbial de lugar (viajem = verbo)
(b) complemento nominal (viagem = substantivo)
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Gramatical 59
2.2.8 Aposto
O aposto é o termo que se junta a outro para explicá-lo ou espe-
cificá-lo melhor. Segundo os gramáticos tradicionais Cunha e Cintra
(2001, p. 157) “o aposto tem o valor sintático do termo a que se refe-
re”. Assim, na sentença abaixo (63a), Florianópolis é aposto do sujeito
A ilha da magia e, por isso, pode substituí-la, como mostra (63b):
(72) a. A ilha da magia, Florianópolis, é bela.
b. Florianópolis é bela.
O aposto pode ter valor explicativo, especificativo, enumerativo, re-
capitulativo e distributivo:
A) Explicativo: aquele que explica ou identifica o termo ante-
rior:
(73) Cecília Meireles, poeta modernista brasileira,
assimilou influências do simbolismo.
B) Especificativo: individualiza/especifica um substantivo com
sentido genérico. Ele se difere dos outros por não ser marcado por
sinais de pontuação (vírgula ou dois-pontos):
(74) a. Meu irmão Paulo acaba de chegar.
b. A cidade de Lisboa; o mês de agosto;
o poeta Olavo Bilac, etc.
Há uma diferença semântica entre ser explicativo e especificativo.
O especificado restringe algo entre vários. Por exemplo: Meu irmão
Paulo acaba de chegar – sem vírgulas significa que eu tenho vários
irmãos, mas quero especificar qual deles acabou de chegar (no caso,
Paulo) – aposto especificativo; com vírgulas – Meu irmão, Paulo, aca-
ba de chegar – significa que eu tenho apenas um irmão e esse irmão
acaba de chegar (por isso, o Paulo, fica entre vírgulas) – aposto espe-
cificativo.
Importante 4:
O aposto pode vir expresso por uma oração subordinada (apos-
to oracional).
(78) a. Tenho um grande desejo: que sejas feliz. (:isso)
b. Os computadores, que são modernos, custam caro.
Na unidade 3, veremos uma diferença semântica e sintática de
sentenças como (70) repetidas abaixo:
(79) a. Os computadores, que são modernos, custam caro.
b. Os computadores que são modernos custam caro.
A diferença entre as sentenças acima é o uso da vírgula, à se-
melhança da diferença semântica feita nos apostos explicativos e
especificativo: em (70a), todos os computadores são caros (sem exceção).
Nesse caso, o que está entre vírgulas tem a função sintática de apos-
to. Já em (47b) a oração inteira tem o sentido semântico de que Só os
computadores que são modernos são caros (existem outros computadores
baratos e, portanto, não modernos). Nesse caso, a oração que são moder-
nos é um adjunto do nome, ou seja, tem função sintática de Adjunto
Adnominal.
Os exemplos de (64), (65) e (70) reforçam o fato de que colocar
ou não a vírgula muda tudo, conforme mostra a campanha feita pela
produtora Visorama, em 2008, em comemoração aos 100 anos da
Associação Brasileira de Imprensa (vídeo disponível no site: <http://
www.visorama.tv/?p=365#more-365>):
EaD • UFMS A Constituição
Fundamentosdada
Frase e da
Teoria Oração
Gramatical 61
2.2.9 Vocativo
O vocativo não tem relação sintática com outro termo da ora-
ção. Não pertence, portanto, nem ao sujeito, nem ao predicado. É
o termo usado para chamar/invocar/interpelar pessoas, coisas per-
sonificadas ou animais. Por seu caráter, geralmente se relaciona à
segunda pessoa do discurso.
(80) a. João, vá pagar suas contas! Vá, João, pagar suas contas!
Vá pagar suas contas, João!
b. Meu amigo, Maria, é muito maluco.
(Estou falando com a Maria, dizendo a Maria que meu
amigo é maluco).
c. Compreendeu, minha senhora?
(estou falando com a senhora).
O vocativo pode vir antecedido por interjeições de apelo, tais
como ó, olá, eh!, etc.
(81) a. Ó Senhor, iluminai todos os homens honestos!
b. Olá, professora, preciso falar com a senhora.
Pelo fato de o vocativo não ter relação sintática com as outras
estruturas da frase, os gramáticos tradicionais o chamam de termo
independente.
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
62
62 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
Unidade III
SINTAXE DO PERÍODO
EaD • UFMS Fundamentos Sintaxe
da TeoriadoGramatical
Período 65
Unidade III
sintaxe do período
Dica:
Morfologicamente, o termo sindeto significa conjunção. Observe
que o termo Assindética tem um ‘a’ na frente do sindeto. Esse ‘a’ sig-
nifica negação. Por isso, assindética quer dizer oração sem conjunção.
A) Conclusivas
As orações coordenadas conclusivas exprimem uma conti-
nuação lógica do raciocínio iniciado na oração anterior. Ou seja, têm
valores próprios de conclusão, finalização ou fechamento com base
em argumentos apresentados em enunciados anteriores. As conjun-
ções que se prestam a isso são:
B) Aditivas
As orações coordenadas sindéticas aditivas têm valor se-
mântico de adição, soma, acréscimo. Sua função é somar argumentos a
favor da mesma conclusão.
e, nem (e não), não só... mas também, mas ainda, ainda, como
também, como, ademais, outrossim, além disso, etc.
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da TeoriadoGramatical
Período 71
C) Adversativas
As orações coordenadas adversativas têm valor semântico
de oposição, adversidade, ressalva, etc. Nessas orações, há sempre uma
mudança na direção argumentativa, ou seja, há um contraste entre
dois fatos ou ideias.
(88)
D) Alternativas
As orações coordenadas sindéticas alternativas introduzem
argumentos alternativos para conclusões diferentes ou opostas. Eles
são empregados para dar realce a todas as alternativas do enunciado
e têm valor semântico de alternativa, exclusão ou escolha.
ou...ou; ora...ora; já...já; seja... seja; quer... quer, não ... nem etc.
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
72
72 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
E) Explicativas
Orações coordenadas sindéticas explicativas são introduzi-
das pelas conjunções:
A oração que deve ser observada em (9) é: Sorte sua, porque ve-
remos a professora todos dos dias. A oração sublinhada é a oração coor-
denada sindética explicativa. Observe que modificamos um pouco a
frase para poder delimitar a oração explicativa.
Importante 1:
A conjunção pois pode aparecer com valor explicativo ou conclusivo
(91) a. Os alunos estudaram muito, pois queriam passar.
(= porque – valor de explicação) explicativa.
b. Erramos o caminho. [Precisamos, pois, voltar].
Or. Coor. Assind. (= portanto – valor conclusivo)
Obs.: sempre que você tentar trocar o pois pelo porque e não der
certo, é porque ele tem valor de conclusão.
Importante 2:
A conjunção e (aditiva) pode aparecer com valor adversativo
(caso tenha valor de mas)
EaD • UFMS Fundamentos Sintaxe
da TeoriadoGramatical
Período 73
Importante 3:
A conjunção mas (adversativa) pode aparecer com valor aditivo
(adição).
(92) Era uma menina linda, mas principalmente simples.
Além de ser linda, a menina era também simples. Ou seja, esse
mas não tem valor de oposição, mas de adição (está adicionando
mais uma informação).
Esses três “Importante (1) (2) (3)” demonstram claramente que
não adianta decorar as conjunções e aplicá-las sistematicamente em
qualquer frase. O contexto em que cada conjunção é aplicada é o que
realmente determina o sentido das orações.
Importante 4:
Nas orações subordinadas adjetivas, o pronome relativo pode
aparecer precedido de preposição, desde que o verbo ou o nome da
oração em que ele se encontra assim o exija:
(112) a. Este é o autor de que eu mais gosto.
b. As pessoas com quem trabalho são ótimas.
A explicação para essas preposições (de e com) é facílima. Se
você separar as orações você verá o motivo:
(113) a. Este é o autor./Eu gosto do autor.
b. As pessoas são ótimas./Trabalho com as pessoas.
Afirmamos anteriormente que o termo relativizado (aquele que
é repetido nas duas orações) é transformado em um pronome rela-
tivo (em (32), que e quem respectivamente). Você deve se lembrar,
também, de que o termo relativizado é formado pelo artigo (o, as) e
pelo substantivo (autor, pessoas). Portanto, teremos:
[Ani Carla22] Comentário: A
preposição do é a junção da (114) a. Este é o autor./Eu gosto do autor.
preposição de + artigo o.
b. As pessoas são ótimas./Trabalho com as pessoas.
a’. Este é o autor./Eu gosto de que.
b’. As pessoas são ótimas./Trabalho com quem.
Outro fato afirmado anteriormente é que o pronome relativo
(que, quem) fica sempre adjacente (= ao lado) do termo que é relati-
vizado (autor, pessoas). Assim, teremos o movimento dos pronomes
relativos para perto do termo relativizado:
(115) a. Este é o autor./Eu gosto do autor.
b. As pessoas são ótimas./Trabalho com as pessoas.
a’. Este é o autor./Eu gosto de que.
b’. As pessoas são ótimas./Trabalho com quem.
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da TeoriadoGramatical
Período 79
b) objetiva indireta;
c) completiva nominal;
d) apositiva;
e) predicativa;
f) subjetiva.
Você deve recordar que todas essas funções sintáticas foram
apresentadas, com detalhes, no capítulo 2. Portanto, antes de pros-
seguir com a leitura deste capítulo 3, releia o capítulo 2, que trata
dos termos da oração. Os conceitos descritos lá são imprescindíveis
para o entendimento desta seção.
A) Objetiva direta:
Quando exercem a função sintática de objeto direto (OD) do
verbo da oração matriz. Por isso elas se estruturam na forma:
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
80
80 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
B) Objetiva indireta
Quando a oração subordinada substantiva exerce a função
sintática de Objeto Indireto (OI). A oração se estrutura da seguinte
forma:
Sujeito + Verbo Transitivo Indireto + preposição + que
Suj. + VTI + preposição + que
+ objeto indireto (OI)- f. sintática.
(121) Necessito de [que me compreendas].
Necessito disso.
(Teste para saber se é de fato subordinada substantiva).
VTI prep. OI
Portanto, a oração entre colchetes em (41) acima é uma oração
subordinada substantiva objetiva indireta.
C) Completiva nominal
Ocorre quando a oração subordinada substantiva exerce a
função sintática de Complemento Nominal de um termo da oração
principal. A oração se estrutura da seguinte forma:
Nome (substantivo) + preposição + que
+ Complemento Nominal (CN)
– função sintática
(122) João tem necessidade [de que ela volte].
João tem necessidade disso. (teste que comprova que é uma su-
bordinada substantiva)
Suj. VTD OD (nome) CN
Assim, a oração de que ela volte é chamada de oração subordinada
substantiva completiva nominal.
D) Apositiva
São as orações subordinadas substantivas que funcionam
como aposto de um termo da oração principal. Elas se estruturam
da seguinte forma:
: (dois-pontos) + que/se
apositiva - função sintática
(123) Ainda há um mistério: se ele é o assassino.
: esse - teste que comprova ser uma subordinada subst.
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
82
82 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
A sentença que vem logo após os dois pontos é uma oração su-
bordinada substantiva apositiva.
E) Predicativa
São aquelas que funcionam como predicativo da oração princi-
pal. Elas têm o seguinte esquema prático:
Verbo de Ligação (VL) + que/se
(124) A verdade é [que tudo na vida passa].
VL que
A verdade é isso
A oração entre colchetes é uma oração subordinada substantiva
predicativa.
F) Subjetiva
É toda oração que funciona como sujeito da oração principal.
Nesse caso, o verbo da oração principal sempre fica na terceira pes-
soa do singular. Os principais casos de oração principal são:
1º caso: verbo de ligação + predicativo + QUE
(É preciso..., É bom..., É melhor..., Está comprovado..., Parece
certo..., Fica evidente..., etc.)
(125) É importante [que João estude mais].
É importante isso ou Isso é importante.
No teste, as orações subjetivas são as únicas que podem ir para
frente, justamente porque são sujeito. Assim, a oração entre colche-
tes de (45) é uma oração subordinada substantiva subjetiva.
[Ani Carla25] Comentário:
Passiva sintética = verbo+SE
2º caso: verbo na voz passiva sintética ou analítica + que / se
Passiva analítica =
verbo+particípio (-ado, (Sabe-se..., Comenta-se..., Dir-se-ia.., Foi anunciado..., Foi
-ido). Caso tenha dúvidas,
retome a seção (2.1.5). dito..., etc.)
(126) Sabe-se [que a gratidão transforma o homem].
(verbo na passiva sintética)
Sabe-se isso ou Isso é sabido.
Portanto, a oração entre colchetes de (46) é uma subordinada
substantiva subjetiva.
(127) Foi dito [que o presidente não resolveria isso].
(verbo na passiva analítica)
Foi dito isso ou Isso foi dito.
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da TeoriadoGramatical
Período 83
Importante 5:
Além das conjunções integrantes QUE (nas afirmações certas)
e SE (nas afirmações incertas, hipotéticas), a oração subordinada
substantiva pode ser introduzida por pronomes indefinidos ou ad-
vérbios interrogativos, sobretudo nas frases interrogativas indiretas:
(129) Ninguém sabe...
VTD
onde fica o teatro.
como a máquina funciona.
quanto custa o remédio.
quando entra em vigor a nova lei.
qual é o assunto da palestra.
quem é o culpado.
Todas as orações (onde fica o teatro, como a máquina funciona, quan-
to custa o remédio, quando entra em vigor a nova lei, qual é o assunto da
palestra, quem é o culpado) podem ser substituídas por isso – Ninguém
sabe isso. Assim, não há duvida de que essas orações, mesmo não
sendo iniciadas pelo que ou se, são, de fato, orações subordinadas
substantivas. Outros exemplos:
(130) a. Você sabe [quem fez isto]?
b. Gostaria de saber [qual de vocês me traiu].
c. Ignora-se [quantos são os responsáveis].
d. Perguntaram-lhe [onde esteve].
e. Não sei [quando voltarei].
f. Você entendeu [como me senti]?
Importante 6:
Apesar de a Gramática Normativa não fazer referência, po-
dem ser incluídas como orações subordinadas substantivas aquelas
que funcionam como agente da passiva iniciadas por de ou por
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
84
84 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
A) Causais
Exprimem ideia de causa do fato expresso na oração prin-
cipal. As conjunções que podem iniciar essas orações são: porque,
porquanto, uma vez que, visto que, já que, como etc.
(133) a. Não foi à aula porque estava doente.
b. Já que estudou muito, suas chances são enormes.
Da mesma forma que vimos nas sentenças anteriores, a ora-
ção que está sublinhada é a que estamos analisando aqui. Então, a
EaD • UFMS Fundamentos Sintaxe
da TeoriadoGramatical
Período 85
B) Consecutivas
Exprimem consequência do fato expresso na oração princi-
pal. São iniciadas pelas seguintes conjunções: que (precedido de ‘tal’,
‘tão’, ‘tanto’, ‘tamanho’), de forma que, de modo que, de sorte que etc.
(134) Correu tanto que ficou sem ar.
[Ani Carla26] Comentário: A
Oração subordinada adverbial consecutiva conjunção que acompanha
a consequência do fato ex-
presso na oração principal.
Pense assim: consequência – ficou sem ar – Por quê? Por causa
da corrida.
Atenção:
C) Conformativas
Expressam a ideia de concordância (conformidade) entre o fato
dito na oração subordinada e o expresso na oração matriz. São intro-
duzidas pelas conjunções: conforme, segundo etc.
(138) João procedeu como Maria ordenou.
Oração matriz / Oração subordinada adverbial conformativa.
D) Condicionais
Exprimem uma situação de condição (uma condição neces-
sária ou não à ocorrência da ação indicada pelo verbo da oração
matriz). As principais conjunções utilizadas são: se, caso, contanto
que, senão, desde que, uma vez que etc.
(139) Se chover, não vou a aula amanhã.
E) Comparativas
Exprimem uma ideia de comparação com a ideia expressa na ora-
ção matriz. Conjunções: como, assim como, tanto quanto, que, do que etc.
(140) a. Maria é mais alta do que João.
b. Comeu como um faminto.
Observe que as conjunções que e do que, a exemplo de (60a), são
sempre precedidas por tão, menos, melhor, pior, mais, maior, menor que
ficam na oração matriz.
F) Concessivas
Exprimem uma concessão, ou seja, admitem uma contra-
dição (concessão) a um fato expresso pelo verbo da oração matriz.
Conjunções: embora, ainda que, sempre que, nem que, por mais que etc.
(141) Por mais que chova, vou à aula amanhã.
G) Proporcionais
Exprimem ideia de proporção ou fato simultâneo ao expresso
na oração principal. São encabeçadas/iniciadas pelas conjunções: à
medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais (ou menos), tan-
to mais (ou menos) etc.
(142) a. Quanto mais se estuda,
mais se aprende.
b. À medida que estudava,
mais aprendia.
EaD • UFMS Fundamentos Sintaxe
da TeoriadoGramatical
Período 87
H) Temporais
Exprimem ideia do tempo em que ocorre o fato expresso na
oração principal. As conjunções que podem iniciar essa oração são:
quando, enquanto, logo que, até que, antes que, depois que, desde que, assim
que, sempre que etc.
(143) João saiu quando Pedro chegou.
Da mesma forma que as sentenças anteriores, a oração que está
sublinhada é a que estamos analisando aqui. Então, a referida ora-
ção é oração subordinada adverbial temporal. A primeira oração é a ora-
ção matriz. Observe que o quando sempre exprime tempo, pois pode
ser substituído por no momento em que (ou seja, tem ideia de tempo).
Veja outro exemplo e tente analisá-lo:
(144) João ficou lendo até que seu filho chegasse.
I) Finais
Têm ideia de finalidade, intenção em relação ao fato expres-
so na oração principal. Conjunções utilizadas comumente: a fim de
que, para que, que e porque (= para que) etc.
(145) a. Se dedicou o ano todo
a fim de que fosse aprovada.
b. Foi a festa
para que fizesse novos amigos.
Oração principal
Oração subordinada adverbial final.
Unidade IV
ARTICULAÇÃO
DOS TERMOS DA ORAÇÃO
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
90
90 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
EaD • UFMS Articulação dos da
Fundamentos Termos
Teoriada Oração
Gramatical 91
Unidade IV
Atenção!
Recentemente (maio de 2011), esse assunto foi motivo de muita
discussão e polêmica e teve repercussão na mídia nacional: no livro
Por uma vida melhor, destinado à Educação de Jovens e Adultos, no
tópico denominado “concordância entre palavras”, contido no ca-
pítulo 1 “Escrever é diferente de falar”, discute-se a existência de
variedades do português falado, nos quais admite-se que substan-
tivos e adjetivos não sejam flexionados para concordar com um arti-
go no plural. “Essa relação ocorre na norma culta. Muitas vezes, na
norma popular, a concordância acontece de maneira diferente. Veja:
“Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado.”
(AGUIAR et al, 2011, 15)
Pronto, a partir deste trecho recortado do livro, o mundo caiu so-
bre a cabeça dos autores, do MEC, do governo ou de qualquer pessoa
que tentasse defender essa ideia. Mas vejam bem, os autores escrevem
exatamente o que o gramático e linguista Mario Perini disse na sua
Gramática do Português Brasileiro que está citado no quadro acima (am-
bos partem da Gramática Descritiva para fazer esses apontamentos).
O que isso quer dizer? Ao que tudo indica, a pessoa que levou a frase
isolada para a mídia não leu o resto do livro. Na verdade, não leu se-
quer o resto da página, pois na mesma página os autores completam a
explanação: “na norma culta, o verbo concorda, ao mesmo tempo, em
número (singular – plural) e em pessoa (1ª –2ª – 3ª) com o ser envolvi-
do na ação que ele indica” (AGUIAR et al, 2011, 15).
1
Vais é usado por muitos falantes em certas áreas do Sul e Nordeste; ides está to-
talmente extinta.
2
Mas todas as variedades do PB têm alguma concordância verbal, porque nenhuma
aceita *eu chegou ou *ela cheguei.
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
94
94 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
[...] Sabemos que se pode dizer [3], mas não [4] e [5]:
[3] O Marcio chegou de Salvador.
[4] * O Marcio cheguei de Salvador.
[5] * Eu chegou de Salvador.
Qual e o mecanismo responsável por isso? Tradicionalmente,
como sabemos, se vê aí uma regra que “adapta” o verbo aos traços
de pessoa e número do SN precedente, o sujeito. Mas essa explica-
ção se choca com uma série de problemas.
[Ani Carla32] Comentário:
Aqui, temos um caso de su- O primeiro deles é a existência de frases como
jeito implícito (desinencial
ou oculto) por ser facilmente
recuperável pela desinência
[6] Cheguei de Salvador.
do verbo, lembra? Se não
recordar, retome o capítulo A que termo da oração é que o verbo estaria se adaptando?
2 deste livro, na seção sobre
sujeito. Não pode ser de Salvador, e não há mais nenhum sintagma na ora-
ção além desse e do próprio verbo. A saída tradicional é postular
um “sujeito oculto”, um eu que estaria na oração apenas para efei-
to de disparar a concordância. Essa solução é muito suspeita: cria-
-se um sintagma (abstrato) para dar conta da concordância, mas
que não pode aparecer, e por isso é depois eliminado. O problema
é que não há evidência de que tal sintagma realmente exista ali
– note-se que estamos falando de um sintagma, isto é, uma sequ-
ência de uma ou mais palavras, não de uma unidade puramente
semântica.
É verdade que ao ouvir [6] entende-se que quem chegou de
Salvador fui “eu”; mas isso se deve, evidentemente, a terminação
verbal, que não é ambígua. Isto é, não há necessidade de postular
o sujeito oculto para dar conta desse elemento semântico. Con-
clui-se que o sujeito oculto foi criado apenas para salvar a hipóte-
se de que a forma do verbo depende de concordância com um su-
jeito. Se admitirmos que a terminação nos indica adequadamente
o Tema de chegou – o que é inevitável – não há necessidade do
[Ani Carla33] Comentário: sujeito oculto. Escapamos igualmente da necessidade de explicar
Para entender efetivamente
essa parte, retome o concei- por que ele não está presente na oração [6].
to de sujeito apresentado no
capítulo 2 (seção 2.1.1).
Outro problema com a análise tradicional é semântico: to-
mando as frases
[6] Cheguei de Salvador.
[7] Eu cheguei de Salvador
é necessário reconhecer que [7] é redundante em um ponto
em que [6] não é: em [7] o Tema de cheguei é representado duas
vezes, a saber (a) pelo sujeito, e (b) pe1a terminação verbal. Já em
[6] o Tema só é representado uma vez, pela terminação.
Isso é um fato passível até de comprovação experimental: a
frase [7] é mais fácil de entender em más condições de transmis-
EaD • UFMS Articulação dos da
Fundamentos Termos
Teoriada Oração
Gramatical 97
A concordância verbal no PB
No PB, o filtro é bem mais reduzido do que no português es-
crito, por causa de fenômenos como a eliminação histórica da se-
gunda pessoa gramatical. Mesmo nas variedades que preservam
o uso do pronome tu, a forma verbal é muitas vezes a de terceira
pessoa, que assim vai se firmando como uma espécie de forma
não marcada; frases como [15] são correntes nessas áreas:
[15] Tu gosta de camarão?
Outros falantes, em geral mais escolarizados, mantêm a for-
ma de segunda pessoa e dizem
[16] Tu gostas de camarão?
Para esses, naturalmente, o filtro é mais exigente, e marca
[15] como inaceitável3.
3
Não creio que seja literalmente inaceitável, mesmo para quem dia [16] consistente-
mente. Aqui precisaríamos de uma noção mais sofisticada de “(in)aceitabilidade”:
para esses falantes, frases como [15] seriam aceitáveis (pois certamente as ouvem
todo o tempo, sem estranheza), mas eles mesmos não as produzem.
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
100
100 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
4
O estudo clássico sobre o assunto é o de Lemle e Naro (1977)
5
Estou descrevendo um processo histórico que se verificou em Minas durante a
minha vida e que pude observar em primeira mão.
EaD • UFMS Articulação dos da
Fundamentos Termos
Teoriada Oração 101
Gramatical
Suj. verbo
Suj.
Suj
EaD • UFMS Articulação dos da
Fundamentos Termos
Teoriada Oração 103
Gramatical
A) Expressões partitivas:
Quando o sujeito é formado por uma expressão partitiva (parte
de, uma porção de, o grosso de, metade de, a maioria de, a maior
parte de, grande parte de...) seguida de um substantivo ou pronome
no plural, o verbo pode ficar no singular ou no plural. Ex:
(152) A maioria dos alunos aprovou/aprovaram a ideia.
(153) Metade dos candidatos não apresentou/apresentaram ne-
nhum projeto interessante.
Essa mesma fórmula pode se aplicar aos casos dos coletivos,
quando especificados. Ex:
(154) Um bando de vândalos destruiu/destruíram a praça pública.
Obs.: nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a unidade
do conjunto; já a forma plural confere destaque aos elementos que
formam esse conjunto.
B) Quantidades aproximadas:
Quando o sujeito é formado por expressão que indica quanti-
dade aproximada (cerca de, mais de, menos de, perto de...) seguida
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
104
104 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
C) Expressão fracionária:
No caso de expressão fracionária, a gramática tradicional reco-
menda que o verbo concorde com o numerador da fração, ou seja,
com o número que vem acima do traço da fração. Ex:
(159) ¾ do planeta agradecem.
D) Nomes “especiais”:
Quando se trata de nomes que só existem no plural, a concor-
dância deve ser feita levando-se em conta a ausência ou presença de
artigo. Sem artigo, o verbo deve ficar no singular. Quando há artigo
no plural, o verbo deve ficar o plural. Ex:
Artigo no plural verbo no plural
E) Pronomes:
Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou indefinido
plural (quais, quantos, alguns, poucos, muitos, quaisquer, vários)
seguido por “de nós” ou “de vós”, o verbo pode concordar com o
primeiro pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o pronome
pessoal. Ex:
(165) Quais de nós são/somos capazes?
(166) Alguns de vós sabiam/sabíeis do acontecido?
(167) Vários de nós propuseram/propusemos projetos interessantes.
Obs.: veja que a opção por uma ou outra forma indica a inclusão
ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz ou escreve
(168) Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fizemos
esta pessoa está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não
ocorre quando alguém diz ou escreve
(169) Alguns de nós sabiam de tudo e nada fizeram.
frase que soa como uma denúncia.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver no sin-
gular, o verbo ficará no singular. Ex:
(170) Qual de nós é capaz?
(171) Algum de vós fez isso.
G) Pronome relativo:
Quando o sujeito é o pronome relativo “que”, a concordância em
número e pessoa é feita com o antecedente do pronome. Ex:
(178) Fui eu que paguei a conta do restaurante hoje.
(179) Fomos nós que pintamos a parede do escritório.
(180) És tu que me fazes ver o quanto sou importante.
(181) Ainda existem mulheres que ficam em casa esperando o
marido chegar.
Com a expressão “um dos que”, o verbo deve assumir a forma
plural. Ex:
(182) Pelé foi um dos jogadores que mais encantaram os poetas
brasileiros.
(183) Se você é um dos que admiram o escritor Luiz Fernando Ve-
ríssimo, certamente lerá seu novo livro.
Atenção:
Na linguagem coloquial, normalmente tendemos a usar a
concordância no singular. O que se ouve efetivamente são cons-
truções como:
“Ele foi um dos deputados que mais lutou para a aprovação
da emenda”.
Ao compararmos com um caso em que se use um adjetivo,
temos:
“Ela é uma das alunas mais brilhante da sala.”
De acordo com as gramáticas tradicionais, a construção no
singular é inadequada. Assim, as formas aceitáveis são:
“Das alunas mais brilhantes da sala, ela é uma.” Ou “Ela é
uma das alunas mais brilhantes da sala”.
“Dos deputados que mais lutaram pela aprovação da emen-
da, ele é um”. “Ele foi um dos deputados que mais lutaram para a
aprovação da emenda”.
(Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint51.
php. Acessado em: 6 de julho de 2011)
EaD • UFMS Articulação dos da
Fundamentos Termos
Teoriada Oração 107
Gramatical
Verbo no singular
Substantivo plural (não determinado porque não tem nenhum
artigo, pronome ou numeral o acompanhando)
Se for antecedido por determinante (um artigo, um pronome, ou
um numeral no plural), o verbo ficará no plural. Ex:
(190) Minhas férias são sempre para viajar.
Verbo no plural
Substantivo no plural
Pronome possessivo no plural (determinante)
Verbo no plural
Artigo definido (os = determinante)
+ substantivo no plural
I) Pronome de Tratamento:
Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o verbo fica na
3ª pessoa do singular ou plural, dependendo da forma como aparece
o pronome, ou seja, se o pronome aparecer no singular o verbo vai
para o singular, se o pronome aparecer no plural o verbo vai para o
plural. Ex:
(193) Vossa Excelência é advogado?
(194) Vossas Excelências vão abandonar o cargo?
(195) A senhorita quer café?
(196) As senhoritas querem café?
J) Verbos diferenciados:
A concordância dos verbos “bater”, “dar” e “soar” se dá de
acordo com o numeral. Ex:
(197) Deu uma hora no meu relógio.
(198) Deram cinco horas no relógio da TV.
Obs.: caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino, torre,
etc., o verbo concordará com esse sujeito. Ex:
(199) O relógio da igreja matriz dá nove horas.
(200) Os sinos da igreja matriz deram nove horas.
K) Verbos impessoais:
Esses verbos que, de acordo com a gramática tradicional, não se
referem a nenhum sujeito (são os casos de sujeito inexistente vistos
na seção 2.1.1), são usados sempre na 3ª pessoa do singular. São con-
siderados verbos impessoais:
• Haver no sentido de ocorrer, fazer, existir, realizar-se, acontecer
(O FERA - retome os exemplos na seção 2.1.1).
• Fazer, Ser e Estar indicando tempo, hora, data ou fenômeno
da natureza;
EaD • UFMS Articulação dos da
Fundamentos Termos
Teoriada Oração 109
Gramatical
Objeto direto
Objeto direto
L) Sujeito Composto:
Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo, devemos
fazer a concordância no plural. Ex:
(207) Pai e filho conversavam muito sobre todos os assuntos.
Sujeito (eles)
(208) Pais e filhos devem conversar muito sobre todos os assuntos.
Sujeito (eles)
Nos sujeitos compostos formados por pessoas gramaticais dife-
rentes devemos fazer a concordância da seguinte forma: a primeira
pessoa do plural prevalece sobre a segunda pessoa, que por sua vez,
prevalece sobre a terceira. Ex:
(209) Teus irmãos, tu e eu tomaremos a atitude certa.
(elas)
(214) Faltou coragem e competência.
(ela)
Quando há ideia de reciprocidade, a concordância é feita obri-
gatoriamente no plural. Ex:
(215) Abraçaram-se vencedor e vencido.
O vencedor abraçou e vencido e vice-versa.
(216) Ofenderam-se o jogador e o árbitro.
O jogador ofendeu o árbitro e vice-versa.
Casos Particulares:
Quando o sujeito composto é formado por núcleos sinônimos
ou quase sinônimos, podemos colocar o verbo no plural ou no sin-
gular. Ex:
EaD • UFMS Articulação dos da
Fundamentos Termos
Teoriada Oração 111
Gramatical
Palavras sinônimas
Quando o sujeito composto é formado por núcleos dispostos
em gradação, podemos deixar o verbo no plural ou concordar com
o último núcleo do sujeito. Ex:
(219) Contigo, uma hora, um minuto, um segundo me satisfazem/satisfaz.
N) O Verbo “Ser”:
O verbo ser merece destaque quando se discute a concor-
dância verbal, pois há casos em que esse verbo concorda com o
sujeito da oração, há casos em que concorda com o predicativo
e há casos, ainda, em que ele pode concordar tanto com o su-
jeito como com o predicativo, a depender do termo que se quer
destacar.
O verbo ser concordará com o predicativo do sujeito quando:
a) o sujeito for representado pelos pronomes – isto, isso, aquilo,
tudo, o – e o predicativo estiver no plural, ou seja, a combinação
é verbo ser + sujeito constituído por pronome interrogativo,
indefinido ou demonstrativo. Ex:
(249) Isso são lembranças inesquecíveis.
(250) Aquilo eram problemas gravíssimos.
(251) O que eu admiro em você são os seus cabelos compridos.
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
116
116 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
Saiba que:
Na indicação de dia, o verbo ser admite as seguintes concordâncias:
1) No singular: Concorda com a palavra explícita dia.
Por Exemplo: Hoje é dia quatro de março.
2) No plural: Concorda com o numeral, sem a palavra explícita dia.
Por Exemplo: Hoje são quatro de março.
3) No singular: Concorda com a ideia implícita de dia.
Por Exemplo: Hoje é quatro de março.
(Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint57.php.
Acessado em 06 de julho de 2011)
6
Para ser mais exato, essa propriedade é de todos os itens que podem ser termo de
um SN e não referenciais; assim, vale para os artigos (o,um), possessivos, quantifi-
cadores etc.
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
132
132 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
7
Mas note-se que são todos referentes aos dois sexos; aparentemente não existem
itens masculinos que se refiram necessariamente a criaturas do sexo feminino, ou
vice-versa.
EaD • UFMS Articulação dos da
Fundamentos Termos
Teoriada Oração 133
Gramatical
Número
Singular e plural
O número (singular, plural) funciona até certo ponto de ma-
neira paralela ao gênero. Mas também há diferenças.
Um nominal usado referencialmente tem número; mas aqui
as coisas são mais complicadas do que no caso do gênero. Primei-
ro, em geral não se pode dizer que um nominal é singular ou plu-
ral, porque a imensa maioria tem os dois números; há exceções,
como férias, que só pode ser plural, e ouro, que é sempre singular,
mas são relativamente poucas.
Depois, o número não é semanticamente neutro: há uma re-
lação, embora não simples, entre o número e a quantidade de ele-
mentos a que se faz referência. Em geral, o plural se refere a mais
de um elemento: xícaras, e o singular a apenas um: xícara. Isso vale
mesmo para os coletivos, porque embora bando se refira a mais de
um pássaro, não é sinônimo de pássaros: trata-se de um conjunto de
pássaros organizados de certo modo, nem que seja por estarem
todos juntos. Mas férias e costas (parte do corpo) são sempre plu-
rais, e se referem a uma coisa só8. De qualquer forma, o número
não é uma categoria tão arbitrária quanto o gênero. Embora seja
necessário distinguir número gramatical de quantidade, há uma
correlação inegável entre as duas coisas.
A concordância de número no PB
No padrão escrito, a concordância de número se faz da mes-
ma maneira que a de gênero, isto é, o núcleo determina o número
dos modificadores, determinantes, quantificadores e outros ele-
mentos não nucleares:
[11] O livro/ os livros
[12] Essa menina despenteada/ essas meninas despenteadas.
No entanto, o PB trata essa regra de maneira diferente da lín-
gua escrita. A marca de plural, a saber, o sufixo –s (e suas variantes
alomórficas), o mais das vezes, ocorre apenas no primeiro elemen-
to do SN, quando este é um determinante, um quantificador ou
um possessivo (ou seja, os elementos pré-nucleares, exceto o mo-
dificador). Assim, ambas as formas dadas abaixo são aceitáveis:
[13] Os livros/os livro.
[14] Essas meninas despenteadas/essas menina despenteada.
[15] Meus filhos/meus filho.
8
Outros, como óculos, embora dados como plurais nas gramáticas, são regulares no
PB: o seu óculos está na mesa.
EaD • UFMS Articulação dos da
Fundamentos Termos
Teoriada Oração 135
Gramatical
10
Como atesta o Cuitelinnho: as garça dá meia volta e senta na beira da praia.
11
Existe também a pronúncia sem abertura, ou seja, idêntica ao singular: [] etc.
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
136
136 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
12
Não é coincidência os adjetivos virem no dicionário na forma masculina: bom, e
não boa – é a forma não marcada, ou seja, básica, que aparece ali.
EaD • UFMS Articulação dos da
Fundamentos Termos
Teoriada Oração 139
Gramatical
Casos especiais
Quando o adjetivo se refere a vários substantivos, a concordância
pode variar e a flexão se dá nos seguintes casos:
Sujeito composto
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
142
142 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
Dúvidas freqüentes:
Obrigado(a)
Menos
Advérbio de intensidade
(invariável)
De olho na fala: falantes de uma variedade linguística de
menor prestígio costumam estabelecer a concordância de gêne-
ro entre o termo menos e o substantivo ou adjetivo ao qual está
associado. É muito comum ouvirmos, por exemplo, algo como
Tinha menas pessoas no jogo ontem do que no da semana passada.
Como vimos, essa é uma concordância vetada pela Gramática
Normativa.
Recentemente, porém, passou-se a utilizar na modalidade
culta coloquial o termo menas com um valor irônico ou jocoso. Esse
uso, inspirado nas construções descritas acima, ocorre sempre que
desejamos reprovar o comportamento exagerado de alguém. É
importante notar que esse é um fenômeno exclusivo da fala e que
o termo aparece isolado, sem modificar adjetivos ou substantivos,
usado com valor de interjeição. É o que ocorre, por exemplo, na
tira abaixo.
Mesmo/próprio
Substantivo pronome
(fem. Plural) (Fem. Plural)
EaD • UFMS Articulação dos da
Fundamentos Termos
Teoriada Oração 145
Gramatical
Meio
[1] Meia caneca de café, meio ovo e uma torrada dura é o suficiente
para passar a manhã.
Numeral Numeral
Adjetivo Adjetivo
(feminino) (Masculino)
Quando modifica um adjetivo, sua função é de advérbio e,
nesse caso, é invariável. Ex:
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
146
146 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
Advérbio Adjetivo
(invariável) (feminino)
[3] Eu estou meio cansada.
[4] Ela é meio louquinha.
[5] Joana está meio gordinha.
[6] Você é meio baixinha.
Bastante
Adjetivo Substantivo
(plural) (plural)
Quando modifica um adjetivo, sua função é de advérbio sendo,
portanto, invariável. Ex:
[2] Achei bastante difíceis aquelas provas.
Advérbio Adjetivo
(invariável) (feminino, plural)
Anexo/incluso
Substantivo Adjetivo
(feminino, singular) (feminino, singular)
EaD • UFMS Articulação dos da
Fundamentos Termos
Teoriada Oração 147
Gramatical
Substantivo Adjetivo
(Masculino, plural) (Masculino, plural)
Adjetivo Substantivo
(masculino, singular) (núcleo do sujeito)
(feminino, singular)
O mesmo acontece no caso abaixo:
4.2 A Regência
O que é regência?
Podemos verificar nesta tira que quando o personagem Estra-
nho corrige a fala de Hagar, está destacando a necessidade da pre-
sença de uma preposição “de” entre a expressão “estar a fim” e seu
complemento.
É bom lembrar que a construção usada por Hagar “sempre con-
[Leandro39] Comentário: A
sigo o que estou a fim” é comum na oralidade, em registros menos rigor, não há erro nessa frase.
formais da língua. Sendo assim, não usar a preposição que deveria, A regência de “conseguir” é
direta, então “consigo o que
de acordo com a gramática normativa, anteceder o pronome relativo estou a fim” está certo. Já se
quisermos colocar “consigo
não chega a ser considerado um “erro de gramática”. Na verdade, aquilo que estou a sim”, aí
sim haveria um problema
muitas pessoas não são capazes de perceber essas variações de re- pelo desrespeito à regência
da expressão “estar a fim”.
gência, pois se trata de uma estrutura típica da fala. Entretanto, na
escrita formal, espera-se que as relações entre as palavras obedeçam
a critérios de subordinação entre os termos. São esses critérios que
definem o conceito gramatical de regência.
Vejamos a definição de regência trazida pela Gramática Descri-
tiva do Português (PERINI, 2009):
O fenômeno da regência
As estruturas sintáticas se compõem de constituintes orga-
nizados em orações segundo certos princípios. Um desses princí-
pios é o de que cada constituinte tem uma função sintática dentro
da oração ou do sintagma a que pertence [...] vimos que cada fun-
ção é definida por um tipo de comportamento sintático particular
– assim, um sujeito se comporta sintaticamente de maneira dife-
rente de um adjunto adverbial, por exemplo.
Agora vamos abordar outro aspecto da organização sintática
das orações, que diz respeito, grosso modo, à propriedade de muitos
itens léxicos de estipular certos traços da estrutura em que ocor-
rem. Assim, por exemplo, se construirmos uma oração cujo NdP
(núcleo do predicado) é desempenhado pelo verbo gostar, teremos
de incluir também um adjunto circunstancial precedido da prepo-
sição de. A ausência de tal preposição com o complemento causa
inaceitabilidade:
(1) a. Todo gato gosta de sardinha.
b. * Todo gato gosta sardinha.
Esse fenômeno é tradicionalmente expresso dizendo-se que o
verbo gostar exige a presença de de antes de seu complemento.
Essa relação é assimétrica, pois evidentemente não se pode-
ria dizer que a preposição é que exige o verbo, já que de ocorre em
muitas construções sem gostar. Diremos, então, que o verbo gostar,
na frase (1 a), rege o complemento (no sentido de que faz exi-
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
158
158 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
13
Anexo a este livro há uma lista de regências de alguns verbos e nomes para ser
consultada, em caso de dúvidas.
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
162
162 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
REGÊNCIA VERBAL
Termo Regente: VERBO
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os
verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e objetos
indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais).
O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa capa-
cidade expressiva, pois oferece oportunidade de conhecermos as
diversas significações que um verbo pode assumir com a simples
mudança ou retirada de uma preposição. Observe:
A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, contentar.
A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar agrado ou
prazer”, satisfazer.
Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agradar
a alguém”.
Saiba que:
O conhecimento do uso adequado das preposições é um dos
aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e também
nominal). As preposições são capazes de modificar completa-
mente o sentido do que se está sendo dito. Veja os exemplos:
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô.
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo
caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração “Che-
guei no metrô”, popularmente usada a fim de indicar o lugar a
que se vai, possui, no padrão culto da língua, sentido diferente.
Aliás, é muito comum existirem divergências entre a regência
coloquial, cotidiana de alguns verbos, e a regência culta.
a) Chegar, Ir
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais de
lugar. Na língua culta, as preposições usadas para indicar destino
ou direção são: a, para. Exemplos:
Fui ao teatro.
Adjunto Adverbial de Lugar
Ricardo foi para a Espanha.
Adjunto Adverbial de Lugar
Obs.: “Ir para algum lugar” enfatiza a direção, a partida.” Ir
a algum lugar” sugere também o retorno.
Importante: reserva-se o uso de “em” para indicação de
tempo ou meio. Veja:
Cheguei a Roma em outubro.
Adjunto Adverbial de Tempo
Chegamos no trem das dez.
Adjunto Adverbial de Meio
b) Comparecer
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por em ou
a. Por Exemplo:
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último
jogo.
Verbos Transitivos Diretos
Os verbos transitivos diretos são complementados por
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição para
o estabelecimento da relação de regência. Ao empregar esses
verbos, devemos lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os, as
atuam como objetos diretos. Esses pronomes podem assumir as
formas lo, los, la, las (após formas verbais terminadas em -r, -s
ou -z) ou no, na, nos, nas (após formas verbais terminadas em
sons nasais), enquanto lhe e lhes são, quando complementos
verbais, objetos indiretos.
São verbos transitivos diretos, dentre outros:
abandonar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acu-
sar, admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar,
castigar, condenar, conhecer, conservar,convidar, defender, eleger,
estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger,
respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como o
verbo amar:
EaD • UFMS Articulação dos da
Fundamentos Termos
Teoriada Oração 165
Gramatical
Consentir
Os deputados consentiram a adoção de novas medidas econô-
micas. / Os deputados consentiram na adoção de novas medidas
econômicas.
Deparar
Deparamos uma bela paisagem em nossa trilha. / Deparamos
com uma bela paisagem em nossa trilha.
Gozar
Gozava boa saúde. / Gozava de boa saúde.
Necessitar
Necessitamos algumas horas para preparar a apresentação.
/ Necessitamos de algumas horas para preparar a apresentação.
Preceder
Intensas manifestações precederam a mudança de regime./
Intensas manifestações precederam à mudança de regime.
Presidir
Ninguém presidia o encontro. / Ninguém presidia ao encontro.
Renunciar
Não renuncie o motivo de sua luta. / Não renuncie ao motivo
de sua luta.
Satisfazer
Era difícil conseguir satisfazê-la. / Era difícil conseguir satis-
fazer-lhe.
Versar
Sua palestra versou o estilo dos modernistas. / Sua palestra
versou sobre o estilo dos modernistas.
Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados de
um objeto direto e um indireto. Merecem destaque, nesse grupo:
Agradecer, Perdoar e Pagar
São verbos que apresentam objeto direto relacionado a coisas
e objeto indireto relacionado a pessoas. Veja os exemplos:
Agradeço aos ouvintes a audiência.
Objeto Indireto Objeto Direto
Cristo ensina que é preciso perdoar o pecado ao pecador.
Objeto Direto Objeto Indireto
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
168
168 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
Saiba que:
Com os verbos agradecer, perdoar e pagar a pessoa deve
sempre aparecer como objeto indireto, mesmo que na frase não
haja objeto direto. Veja os exemplos:
A empresa não paga aos funcionários desde setembro.
Já perdoei aos que me acusaram.
Agradeço aos eleitores que confiaram em mim.
Informar
Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto indireto
ao se referir a pessoas, ou vice-versa. Por Exemplo:
Informe os novos preços aos clientes.
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
preços)
Na utilização de pronomes como complementos, veja as
construções:
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre eles)
Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para os
seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
Comparar
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as prepo-
sições “a” ou “com” para introduzir o complemento indireto. Por
Exemplo:
Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança.
EaD • UFMS Articulação dos da
Fundamentos Termos
Teoriada Oração 169
Gramatical
Pedir
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma de
oração subordinada substantiva) e indireto de pessoa. Por Exemplo:
Pedi – lhe favores.
Objeto Indireto Objeto Direto
Pedi– lhe que mantivesse em silêncio.
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva
Objetiva Direta
Saiba que:
1) A construção “pedir para”, muito comum na linguagem
cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No
entanto, é considerada correta quando a palavra licença estiver
subentendida. Por Exemplo:
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz uma
oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo (para
ir entregar-lhe os catálogos em casa).
2) A construção “dizer para”, também muito usada popu-
larmente, é igualmente considerada incorreta.
Preferir
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indireto
introduzido pela preposição “a”. Por Exemplo:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Prefiro trem a ônibus.
Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes, um
milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existente no
próprio verbo (pre).
Mudança de Transitividade versus Mudança de Signifi-
cado
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade,
apresentam mudança de significado. O conhecimento das diferen-
tes regências desses verbos é um recurso linguístico muito impor-
tante, pois além de permitir a correta interpretação de passagens
escritas, oferece possibilidades expressivas a quem fala ou escreve.
Dentre os principais, estão:
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
170
170 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
Agradar
1) Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos,
acariciar. Por Exemplo:
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada
quando o revê.
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Cláudia
não perde oportunidade de agradá-lo.
2) Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado
a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido pela
preposição “a”. Por Exemplo:
O cantor não agradou aos presentes.
O cantor não lhes agradou.
Aspirar
1) Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o
ar), inalar. Por Exemplo:
Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
2) Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter como
ambição. Por Exemplo:
Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspirávamos a elas)
Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa,
mas coisa, não se usam as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes”
e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela (s)”. Veja o exemplo:
Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela)
Assistir
1) Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar
assistência a, auxiliar. Por Exemplo:
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
2) Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar,
estar presente, caber, pertencer. Exemplos:
Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões.
Essa lei assiste ao inquilino.
Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é intran-
sitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar intro-
duzido pela preposição “em”. Por Exemplo:
Assistimos numa conturbada cidade.
EaD • UFMS Articulação dos da
Fundamentos Termos
Teoriada Oração 171
Gramatical
Chamar
1) Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, solicitar
a atenção ou a presença de. Por exemplo:
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá-la.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
2) Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apresentar
objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo preposicionado
ou não. Exemplos:
A torcida chamou o jogador mercenário.
A torcida chamou ao jogador mercenário.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
Custar
1) Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor
ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial. Por exemplo:
Frutas e verduras não deveriam custar muito.
2) No sentido de ser difícil, penoso pode ser intransitivo ou
transitivo indireto. Por exemplo:
Muito custa viver tão longe da família.
Verbo Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
Intransitivo Reduzida de Infinitivo
Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela atitude.
Objeto Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
Indireto Reduzida de Infinitivo
Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por pessoa.
Observe o exemplo abaixo:
Custei para entender o problema.
Forma correta: Custou-me entender o problema.
Implicar
1) Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
a) Dar a entender, fazer supor, pressupor. Por exemplo:
Suas atitudes implicavam um firme propósito.
b) Ter como consequência, trazer como consequência, acarretar,
provocar. Por exemplo:
Liberdade de escolha implica amadurecimento político de
um povo.
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
172
172 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
Como você deve ter percebido, muitos dos verbos cujas regên-
cias estão prescritas acima nós não conhecemos e/ou não usamos no
dia-a-dia, o que pode gerar uma certa estranheza diante de algumas
frases. O mesmo acontece diante do sentido de alguns verbos que,
muitas vezes, são arcaicos. Por exemplo: quem de vocês conhecia o
sentido de “morar” do verbo assistir? Provavelmente muito poucos.
Mas isso é normal em qualquer língua, algumas palavras vão caindo
em desuso de acordo com a necessidade da sociedade enquanto outras
vão surgindo e adquirindo novos sentidos.
TRANSITIVIDADE VERBAL
Crítica da classificação tradicional
Tradicionalmente, os verbos se distinguem em cinco tipos, de
acordo com sua transitividade, a saber: verbos transitivos diretos,
transitivos indiretos, transitivos diretos e indiretos, intransitivos e
de ligação. Conforme veremos, a classificação tradicional repousa
sobre um equívoco fundamental e, consequentemente, não pode
ser mantida. Será necessário propor um novo sistema.
A noção tradicional de verbo “transitivo” em oposição a “in-
transitivo” se define assim: um verbo é “transitivo” quando exige
a presença de um objeto direto em sua oração; e é “intransitivo”
quando recusa a presença de objeto direto. A definição é suficien-
temente clara, e dela decorre que sempre que houver em uma
oração um verbo transitivo, essa oração deve ter objeto direto; e
sempre que houver um verbo intransitivo, a oração não pode ter
objeto direto. Note-se que o sistema não prevê lugar para verbos
que possam ter OD ou não, à vontade; logo, é de se presumir que
tais verbos não existam.
Na prática, porém, a definição não é respeitada. Classifica-se
o verbo comer como “transitivo”, porque aparece com OD em
(6) Meu gato já comeu todo o mingau.
Mas comer, como vimos, aparece igualmente sem OD:
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
174
174 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
Sintaxe ou semântica?
Há ainda uma diferença muito importante entre a concepção
de transitividade aqui apresentada e a que se encontra nas gra-
máticas usuais. A ideia tradicional de transitividade é predomi-
nantemente semântica; procura-se justificar exigências e recusas
em termos do significado de cada verbo. Uma passagem típica é
a seguinte: “[os verbos transitivos], para poderem formar o pre-
dicado, têm necessidade de um complemento (= objeto) que lhes
integra o significado”. [Kury, 1972, p. 31]
Em outro local, o mesmo autor afirma que a predicação (=
transitividade) é um “fato sintático” (p. 30); mas creio que para
ele o termo “sintático” não exclui fatores ligados ao significado,
de modo que não há necessariamente contradição entre essas
duas passagens. Mas, se delinearmos “sintaxe” e “semântica” da
maneira como se faz neste trabalho (e na linguística moderna em
geral), teremos de dizer que a maioria dos gramáticos coloca os
fenômenos de transitividade no domínio da semântica. Isso equi-
vale à hipótese de que as possibilidades de ocorrência dos diver-
sos complementos de um verbo seriam previsíveis, pelo menos
em grande parte, a partir da semântica desse verbo. Consequen-
temente, seria redundante formular essas possibilidades dentro
da sintaxe.
A concepção de transitividade aqui adotada é puramente sin-
tática: lança mão das funções sintáticas “objeto direto”, “adjunto
circunstancial”, “complemento do predicado” e “predicativo” [...]
e marca cada verbo sem referir-se a traços de seu significado. No
entanto, isso não significa que a transitividade de um verbo não
possua correlato semântico algum; pode-se argumentar que, se
comer admite objeto direto, isso é derivado do fato de que expri-
me uma ação que envolve um paciente (uma “coisa comida”). Eu
colocaria a questão nos seguintes termos: não há dúvida de que
existe certo grau de correlação entre, de um lado, as exigências e
recusas feitas pelos verbos quanto à ocorrência de complemen-
tos e, de outro lado, os traços semânticos desses verbos. Mas essa
EaD • UFMS Articulação dos da
Fundamentos Termos
Teoriada Oração 181
Gramatical
Previsão de ocorrência
Há ainda uma pergunta a ser respondida a respeito da transi-
tividade verbal: a transitividade será suficiente para prever quan-
do um verbo aparecerá com ou sem algum complemento, ou para
explicar por que ocorreu ou não? Creio que algumas pessoas ten-
EaD • UFMS Articulação dos da
Fundamentos Termos
Teoriada Oração 183
Gramatical
Substantivo (OD)
Termo regente
Oração subordinada
Substantiva completiva nominal
Termo regido
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
186
186 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
REGÊNCIA NOMINAL
Regência Nominal é o nome da relação existente entre um
nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por
esse nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposi-
ção. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que
vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos
de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses
casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo:
Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem
complementos introduzidos pela preposição “a”. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.
EaD • UFMS Articulação dos da
Fundamentos Termos
Teoriada Oração 187
Gramatical
Respeito a, com,
Capacidade de, para Impaciência com
para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de
Advérbios
Longe de
Perto de
TRANSITIVIDADE NOMINAL
Ainda não foi realizado, que eu saiba, um estudo detalha-
do da transitividade nominal, comparável aos que existem para
a transitividade verbal. Assim, não será possível oferecer gene-
ralizações e levantamentos estatísticos como os que acabamos de
ver para os verbos. Vou, portanto, apenas definir e exemplificar o
fenômeno.
A análise tradicional não limita a transitividade aos verbos;
considera-se que também certas palavras de outras classes – subs-
tantivos, adjetivos e advérbios – podem exigir, ou recusar, a pre-
sença de certos termos. Esses termos se analisam tradicionalmen-
te como “complementos nominais”; para nós, serão modificadores,
complementos do sintagma adjetivo ou complementos do sintag-
ma adverbial, segundo o caso. Exemplos clássicos são:
crença em duendes;
favorável ao réu;
favoravelmente ao réu.
A ideia tradicional é que o complemento “completa o sen-
tido” do substantivo, adjetivo ou advérbio da mesma forma que
um objeto, por exemplo, “completa o sentido” de um verbo. Fala-
-se, por isso, de “palavras de predicação incompleta”, que exigi-
riam um complemento para que seu significado fosse completo.
Essa análise é passível das mesmas objeções feitas a respei-
to dos complementos verbais. Na maioria dos casos, as palavras
ditas “de predicação incompleta” podem perfeitamente aparecer
sem complemento, em situações não anafóricas, o que mostra que
não “exigem” complementação:
EaD • UFMS Articulação dos da
Fundamentos Termos
Teoriada Oração 189
Gramatical
Infinitivo
Nos casos vistos acima, a subordinada é sempre introduzida
por um elemento (em geral que, mas às vezes também se), deno-
minado complementizador. Há ainda subordinadas sem comple-
mentizador explícito: o verbo nesses casos fica no infinitivo ou no
gerúndio. Vamos considerar aqui apenas o infinitivo.
A ocorrência de subordinadas no infinitivo é em parte regida
por condições semelhantes às que regem o subjuntivo ou o indi-
cativo. Assim, há verbos que aceitam complemento no infinitivo:
(51) Lelé demonstrou estar em boas condições físicas.
e há outros (bem menos numerosos) que não o aceitam:
(52) a. Lelé mentiu que estava em boas condições físicas.
b. * Lelé mentiu estar em boas condições físicas.
Também algumas preposições admitem infinitivo:
(53) Fiquei escondido até você chegar.
(54) Vou embora para você ficar mais feliz.
Essas preposições, como vimos nos exemplos (43) a (45), tam-
bém podem ocorrer com o complementizador que. Algumas, en-
tretanto, só aceitam infinitivo:
(55) a. Conversaremos após a aula acabar.
b. * Conversaremos após que a aula acabe.
Não se conhecem casos de advérbios que exijam infinitivo.
Na exposição que se segue, consideraremos as condições sob
as quais os verbos se constroem com subjuntivo, indicativo ou in-
finitivo. A descrição é bastante preliminar, mas creio que cobre a
maioria dos casos, podendo servir de base para um levantamento
mais amplo.
ANEXO
Bechara (2009, p. 572-581)
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
198
198 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
EaD • UFMS Fundamentos Sintaxe
da TeoriadoGramatical
Período 199
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
200
200 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
EaD • UFMS Fundamentos Sintaxe
da TeoriadoGramatical
Período 201
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
202
202 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
EaD • UFMS Fundamentos Sintaxe
da TeoriadoGramatical
Período 203
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
204
204 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
EaD • UFMS Fundamentos Sintaxe
da TeoriadoGramatical
Período 205
LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
206
206 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS
EaD • UFMS Fundamentos Sintaxe
da TeoriadoGramatical
Período 207
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LETRAS - LÍNGUA PORTUGUESA III:
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208 SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EaD • UFMS